Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) – 3/9/94 – Sábado – p. 9 de 9

Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 3/9/94 — Sábado

O ponto de partida de toda perversão e o de toda conversão é a sensação da incompatibilidade de sua própria natureza com o estado onde se está; a metáfora do sapato ortopédico * O modo pelo qual a Providência intervém junto ao homem para lhe facilitar misericordiosamente a luta é dar, de vez em quando, uma consolação; o exemplo das últimas reuniões * O Livro do Senhor Doutor Plinio sobre a Nobreza torna possível à nobreza reverter a situação anterior ao “ralliement” * Uma recusa formal em receber o espírito do Fundador * Como trabalhar a parcela da opinião pública que está se abrindo para a TFP? Aspectos delicados * Se a nobreza não quiser se modelar pela doutrina exposta no Livro do Senhor Doutor Plinio sobre a Nobreza, eles entrarão no ralo da História como água suja * Uma metamorfose muito preciosa que alimenta muitas esperanças

(Sr. Gonzalo: O senhor estava, ontem e hoje — em todas reuniões que o senhor tem feito, nós estávamos nos perguntando se não há uma graça especial para o senhor de tal maneira manifestar coisas lindíssimas, mostrar a alma do senhor do modo que o senhor fez ontem, hoje e em todas as reuniões sobre o livro da nobreza em geral.)

O tema facilita muito a expansão. Porque o tema é o que pode haver de interessante.

(Sr. Gonzalo: […] Quando o senhor falou do decrescimento das esquerdas, o senhor disse que a título de hipótese, podia haver uma ação de Nossa Senhora imperiosa para fazê-los recuar.)

Podia haver.

(Sr. Gonzalo: Então, o demônio não podendo jogar-se diretamente contra Nossa Senhora, ele daria uma volta e faria um imenso movimento falsa-direita.)

Sim.

(Sr. Gonzalo: […] Então seria se o senhor pudesse tratar dessa ação de Nossa Senhora, a relação com o senhor, com o livro, etc. […] O modo [do senhor ter fé] é diferente. Eles seriam gente que têm fé?)

Eles não sabem no que eles acreditam.

(Sr. Gonzalo: A fé do senhor é uma fé diferente que teve todo o mundo. […] Então o senhor podia tratar do livro e dessa ação imperiosa de Nossa Senhora, e continuar tratando desse aspecto vitrálico da alma do senhor e da inocência. […])

* O sentimento de saciedade está na essência do ódio revolucionário

Esse alemãozinho que esteve aqui, Helmut, trouxe um livro de fotografias, etc., da cidade alemã de Regensburg. Regensburg todos vocês sabem que está para Munich um pouco como, por exemplo, o ABC está para São Paulo. Quer dizer, não chega soldar-se na mesma cidade, mas é quase a mesma coisa. Mas Munich muito mais importante. Regensburg menos. É uma cidade que tem, entretanto, muitos monumentos medievais, e coisas do tempo da Idade Média, alguma coisa talvez vinda ainda do tempo dos romanos, etc., e que é muito bonita, muito agradável de ver.

Mas a gente olhando aquelas coisas se dá conta mais facilmente do ódio que aquelas coisas despertavam nos post-medievais. Mas é uma coisa horrorosa, é que os últimos desta ordem de coisas, odiaram essas coisas e as destruíram com verdadeira indignação, com verdadeiro furor. E aí o ódio começou por um sentimento de saciedade, porque estavam fartos daquilo e queriam uma outra coisa. E daí desenrolou-se o processo revolucionário.

O que é que era esse ódio? O que é que levou as pessoas a esse ódio?

* O ponto de partida de toda perversão e o de toda conversão é a sensação da incompatibilidade de sua própria natureza com o estado onde se está; a metáfora do sapato ortopédico

Eu tenho a impressão de que é o seguinte: a virtude, portanto, o estado de graça, a reta ordenação da pessoa… Não há meio termo possível: esta reta ordenação ou a gente a ama ou a gente a odeia. Porque ela é tal que quando a gente está com a alma reta, a gente admira, mas quando a nossa alma está torta, a pessoa fica desesperada com aquilo e odeia, sente-se mal, etc.

Para dar uma comparação muito prosaica — é realmente muito prosaica, mas é a única coisa que me ocorre aqui — você imagina uma pessoa que, por exemplo, deve usar um sapato ortopédico porque as condições do pé obrigam a isso. A pessoa usa o sapato e vai arrastando a vida como pode. Mas acontece que se em determinado momento a pessoa endireita o pé dentro do sapato ortopédico, aquilo que parecia um auxílio para a liberdade do homem, que é o sapato ortopédico, para ele poder mover-se, passa parecer uma prisão, e ele fica indignado com aquilo que antes lhe parecia muito útil.

Quando o indivíduo deixa o estado de graça, cai no estado de pecado, ele, em geral, tem uma sensação da falsa libertação, de falsa cura, e daí o sentir que os Mandamentos, sobretudo as três virtudes teologais e as quatro cardeais, passam a dar a ele uma impressão de uma coisa ortopédica de que ele não precisa mais, porque ele acabou descobrindo dentro de si uma pseudo-ordem, uma pseudo-naturalidade, um pseudo-bem-estar junto do pecado, e ele perdeu a noção do pecado como uma fonte de mal-estar, como uma coisa errada, etc., e só se sente bem dentro do pecado que é para ele libertador.

Agora, daí vem que, por exemplo, a Idade Média com tudo quanto ela tinha, para um homem que vive em estado de pecado, aquilo tudo são coisas, se você quiser ortopsíquicas, porque conduzem a alma, com aquilo que a alma tem de errado, a entrar dentro de uma forma e dentro de um modo de ser que não é um modo de ser espontâneo dos vícios dela. E então cria-se uma sensação de oposição que é uma oposição que pode chegar a ser [uma] oposição de morte. Como pode chegar a um ódio de morte um indivíduo que se cura do pé, mas que é obrigado por um terceiro a usar o sapato ortopédico. Quer dizer, ser obrigado durante anos, acaba ficando louco.

Daí o sentido profundo do liberalismo revolucionário. É uma ilusão originária que o homem tem a respeito de si mesmo de que se ele se largar, aí ele encontra a distensão, o bem-estar, o alívio que a virtude não lhe permitia.

E daí o fato de que são dois movimentos em sentido contrário. O fato oposto: quando o indivíduo está num estado de pecado mortal habitual e se converte, ele tem uma sensação de que se libertou porque deixou o pecado.

Quer dizer, que quando ele deixa o estado de virtude para passar para o pecado, ele tem uma sensação de libertação. Quando ele deixa o estado de pecado para passar para a virtude, ele tem outra sensação de libertação.

Quando ele deixa o pecado é porque ao cabo de algum tempo o pecado começou lhe parecer o sapato ortopédico inadequado. O ponto de partida de toda perversão e o de toda conversão é a sensação da incompatibilidade de sua própria natureza com o estado onde se está.

Quer dizer, é uma explicação muito prosaica mas que tem a vantagem de esclarecer a coisa em duas palavras, porque isso mais ou menos toda criatura humana sente.

Você toma, por exemplo, nos dias de hoje, uma moça que vive castamente está facilmente sujeita à impressão de que essas moças que ela vê passar aqui pela rua, que vivem em estado de pecado, são verdadeiramente livres. Enquanto ela está presa por um princípio que lhe tolhe a expansão de uma porção de ímpetos que se ela largasse daria a impressão de liberação. Mas se uma mulher é uma prostituta e é perdoada pelos seus e admitida na casa paterna: “uuffff! que alívio!” A parábola do filho pródigo do Evangelho tem muito disso.

E isso explica o ódio então que os maus têm de nós, e explica a confiança e a benevolência que têm em relação a nós os bons. E explica muito do jogo Revolução e Contra-Revolução, etc.

* O modo pelo qual a Providência intervém junto ao homem para lhe facilitar misericordiosamente a luta é dar, de vez em quando, uma consolação; o exemplo das últimas reuniões

Agora, o modo pelo qual a Providência intervém junto ao homem para lhe facilitar misericordiosamente a luta é dar, de vez em quando, uma consolação. Porque na hora da consolação o indivíduo percebe que na vida sobrenatural há uma série de alegrias e de graças que excedem completamente essas alegrias que andam por aí por fora. Então, na hora da consolação a pessoa tem uma espécie de satisfação.

E, pelo contrário, quando a Providência não dá essa consolação, a pessoa toma todas as coisas de um modo diferente e com a tendência a tomar de um modo errado.

Isso se relaciona com o que você perguntava a respeito das últimas reuniões.

Eu percebo bem que isto vem num crescendo, que realmente há mais ou menos um ano, uma certa disposição de alma da minha parte em sentir que se me abrir de terminada maneira, para determinados efeitos, eu não vou encontrar aquilo que o Fedeli chamava “a gravidade tão tranqüila e aprazível de nossas reuniões” e que era no fundo uma dormideira medonha, mas que vou encontrar uma certa vida, vou encontrar uma satisfação que é assim polifásica: o que eu digo cai sobre uma série de pessoas que se entusiasmam e que se iluminam com o que eu disse, e essa iluminação passa deles para os outros, de maneira que há um acender de luzes no auditório que vem assim em ziguezague, mais ou menos como certas jogadas de bola de bilhar, bate aqui para a bola acertar lá.

E assim eu venho notando que à medida que eles correspondem mais, as graças que eu recebo são também maiores. E que com esse aumentar de graças é uma espécie de espiral boa, a coisa vai subindo e vai contagiando e tomando as pessoas, etc.

(Sr. Guerreiro: Isso de um ano para cá, mais ou menos?)

De um ano para cá, mais ou menos.

(Sr. Paulo Henrique: Coincide com o lançamento do Livro.)

É mais ou menos com o lançamento do Livro.

* A surpresa do Senhor Doutor Plinio em relação à boa acolhida do auditório aos comentário de seu Livro sobre a Nobreza

Eu fiquei pasmo quando eu verifiquei a atmosfera de boa vontade em relação ao livro que fazia com que houvesse clima para eu pensar em talvez fazer uns comentários sobre o livro depois de lançado, fazer comentários no auditório. Porque a frieza do auditório com os livros que eu tenho publicado é tão compacta, tão asfáltica que os senhores não têm uma idéia de um livro que eu tenha comentado metodicamente assim com o meu auditório.

(Cel. Poli: E como que o auditório espicha os comentários.)

É, eles querem espichar. Só falta dizer.

(…)

(Sr. Gonzalo: E isso seria a ordem de Nossa Senhora, senhor?)

Isso, exatamente.

(Sr. Gonzalo: Que boniiiito! E para o mundo todo?)

Parece que para o mundo tudo.,

(Sr. Gonzalo: Fabuloooso!)

(Cel. Poli: E o que tem levado Nossa Senhora a isso?)

Meu filho, deve-se achar que é a multiplicação dos peixes e dos pães que começa.

(Sr. Gonzalo: Maraviilha!)

Deve-se…

(Sr. Paulo Henrique: […inaudível] do senhor que começa.)

Isso…

(Cel. Poli: Valeria a pena saber se tem algum outro motivo que possa estar presente.)

Sim.

(Cel. Poli: Esse já é um motivo suficiente, existe esse motivo, por que não é esse o motivo?)

* O Livro do Senhor Doutor Plinio sobre a Nobreza torna possível à nobreza reverter a situação anterior ao “ralliement”

Não há nenhum fato natural que explique isso. Não há nenhum fato político, cultural, etc., que leve a isso, nem entre nós e nem fora.

Fora, eu percebo uma coisa diferente do que se dá entre nós num ponto. É que a maior parte dos [susteiners?] nossos são pessoas de nobreza, e essas pessoas percebem que o Livro traz a ela o direito de reclamar em benefício da classe deles o apoio da Igreja. Que com aquele livro na mão elas vão começar a discutir com o padre que é democrata cristão, ou com o professor democrata cristão do Institute Catholique, ou da Universidade Católica, ou qualquer coisa assim, e que isto vai dar a elas a ocasião de esmagarem o padre, empurrar o padre contra a parede. Mas empurrado o padre contra a parede, eles levantam a cabeça. Aqui está a questão. Porque com a situação criada pelo ralliement eles não eram nada mais, estavam esvaziados.

Por que é que estava esvaziados?

Porque as bases naturais da nobreza são os católicos. Não é dos anticatólicos que se vai esperar que vão servir de base para a nobreza. São os católicos.

Alguém dirá: “mas na Inglaterra, por exemplo, tem uma nobreza muito organizada, muito nutrida com muita capacidade de sobrevivência e é um país protestante”.

Eu diria: “é verdade, mas é o que restava a eles de católico que dá esta base. Por causa disso, porque eles não foram sensíveis ao ralliement, porque para eles aquilo tudo era outra religião”.

(Sr. Gonzalo: Se salvaram…)

Se salvaram por estarem fora da arca da salvação.

(Sr. P. Roberto: Como na Alemanha um pouco também.)

Também, meu filho, mas muito!

Você veja, por exemplo, o pretendente Hohenzollern ao trono do kaiser é um moço…

(Sr. Gonzalo: O senhor viu a foto dele?)

Vi. E achei muito boa.

(Sr. Gonzalo: O senhor acha boa? Eu ia trazer hoje para cá.)

Mas traga porque sempre vale a pena a gente ver.

(Sr. Gonzalo: O senhor acha que o rapaz tem Thau?)

Eu precisaria ver melhor.

(Sr. Gonzalo: Que pena, eu tinha em cima da mesa para trazer.)

Mas você pode trazer da próxima vez, qualquer coisa.

O pai deve ser um evangélico uma coisa assim, um luterano. A mãe é IO. Você vê, um monstro! Desse conúbio de monstros, do monstro que casou com a monstra, sai um filho que parece que tem muito Thau.

(Sr. Gonzalo: Magniiifico!)

É muito interessante.

(Sr. Gonzalo: Muuuito! Fabuloso!)

(Sr. Guerreiro: Mas isso tudo remete um pouco para uma intervenção de Nossa Senhora.)

Ah é!

(Sr. Gonzalo: E castigo também da Igreja.)

Também, uma coisa horrorosa. Horrorosa.

(Sr. Gonzalo: Mas que é merecido.)

Merecidíssimo!

(Cel. Poli: Outro ponto de interferência de Nossa Senhora, é como o nome do senhor está circulando muito mais do que circulava antes e já há um bom número de pessoas que simpatizam com o senhor.)

É verdade.

(Cel. Poli: Eu passei 35 anos no quartel nunca ninguém perguntou pelo senhor. Agora, quando eu vou lá vários me perguntam: “E o Doutor Plinio como é que vai?”)

É, mas realmente isso existe.

(Cel. Poli: Quando perguntavam era: “que idade tem?”)

É, não morreu ainda? O que é isso?”

(Cel. Poli: Agora que o senhor tem mais idade…)

Ahahahah!

(Cel. Poli: Não perguntam.)

É isso.

(Sr. Gonzalo: O senhor poderia tratar um pouco mais sobre essa questão toda de como o senhor vê a graça operando por aí.)

* Uma das coisas terríveis do “ralliement” é ter acabado completamente com a esperança, a maior parte da nobreza não esperava senão a hora de morrer; o exemplo da alta sociedade paulista

Entra aí, meu filho, exatamente a consolação. A consolação que teve o filho pródigo quando ele chegou em casa. Quer dizer, é uma coisa vinda do Céu, mas que lhe faz ver reflexos celestes nas coisas terrenas.

E a aristocracia é uma coisa terrena, mas para uma alma iluminada pela graça, ela percebe em que sentido é que aquilo tem um reflexo do Céu. E tudo isso dá às almas uma esperança que eles tinham perdido. Uma das coisas terríveis do ralliement é que tinha acabado completamente com a esperança, a maior parte da nobreza não esperava senão a hora de morrer.

Eu vejo aqui, por exemplo, com as boas famílias de São Paulo. Elas estão, elas não se deixaram impressionar pelo meu Livro em nada. Elas estão à espera da hora de morrer.

O [Minocarta?] está publicando uma revista do qual o primeiro exemplar deve ter saído hoje, que é sobre a alta sociedade de São Paulo. Então no primeiro número já trata dessa alta sociedade. É tudo nouveau-riche que a gente não sabe quem é. E ele dificilmente colocará um nome tradicional no meio desses. Mas esses nomes pisados, jogados de lado, não choram a sua própria perda porque se sentem livres do sapato ortopédico. É terrível mas é exatamente assim.

Você ia dizer alguma coisa, meu Paulo Roberto?

(Sr. P. Roberto: A se desenvolver essa graça como ela deveria… o senhor disse que há uma abertura para a organicidade e não para a nobreza…)

Mais não, eu disse uma coisa um pouco diferente: que há abertura para aristocracia menor do que para organicidade.

(Sr. P. Roberto: E é uma coisa paralela também com o senhor. Porque as pessoas se abrem, mas não se abrem naquele grau que se deveria abrir.)

Não.

* Uma recusa formal em receber o espírito do Fundador

(Sr. P. Roberto: Como seria essa evolução dessa graça se ela chegasse até o que deveria ser?)

Essa é uma bonita pergunta a que não é fácil responder.

Seria preciso que de algum modo…

Vejam como essas coisas são sutis. Ao mesmo tempo pode-se dizer que isso não existe em nada e que existe realmente até certo ponto. Seria preciso que vendo aos meus filhos, se percebesse logo que o pai sou eu.

(Sr. Gonzalo: Que boniiiito!)

Algo disso existe. Quer dizer, às vezes o sujeito andando de costas na rua, um outro diz: “aquele é da TFP”. Quer dizer, algo disse existe mas em proporção muito insuficientes. Muitíssimo insuficiente e depois podadas pelo próprio indivíduo que não é isto em grau maior porque não quer. Há uma formal recusa. Esse é que é o negócio.

(Sr. P. Roberto: Estando a Contra-Revolução não fazendo a Contra-Revolução.)

Isso, exatamente. É uma aberração.

* Como trabalhar a parcela da opinião pública que está se abrindo para a TFP? Aspectos delicados

Agora, no que é que nós estamos nessa matéria?

Eu estou envolto nessa porcaria desse caso do Rio Grande do Sul que tem os efeitos que vocês conhecem. Mas vamos supor que o caso do Rio Grande do Sul desapareça e que eu fique livre nos meus movimentos.

(Sr. Gonzalo: Nossa Senhora!)

Uma graça única.

(Sr. Gonzalo: Dia e noite a gente pede isso.)

Ah, dia e noite.

Mas o que é que aconteceria?

É que eu não vejo outro modo senão o seguinte: uma tournée pela Europa fazendo algumas conferências nos lugares a onde o Livro já foi lançado.

Agora, a questão é a seguinte: para quê?

Vamos admitir que essas conferências produzissem todo o fruto que a gente deseja. Essas pessoas ficariam entusiasmadas e tomariam atitude de adesão. Mas como reunir essas pessoas depois numa organização, numa associação em que elas não começassem imediatamente a ter briguinhas, questões de precedência, etc., que daria um trabalho insuportável.

(Sr. Guerreiro: E ficar discutindo a sua situação dentro dessa… […inaudível])

De nenhum modo.

Quer dizer, se ter uma TFP ou digamos, ter 25 TFPs dá o trabalho que dá, agora imagine que nós tivéssemos unidades nobiliárquicas em todos os países da Europa e em alguns lugares dos Estados Unidos, seria preciso montar um ministério. E com resultados duvidosos porque dava em briga, havia infiltração maçônica inevitável. Depois outra coisa, essa gente é parentosa a mais não poder. Então, “por que é que não deixa entrar o meu primo o Barão tal?”

(Cel. Poli: “Só porque é protestante?”)

É, “só por que é protestante? Saiba que ele é melhor do que o meu marido que é católico, mas que me dá um trabalho louco!”

(…)

* Se a nobreza não quiser se modelar pela doutrina exposta no Livro do Senhor Doutor Plinio sobre a Nobreza, eles entrarão no ralo da História como água suja

(Sr. Guerreiro: Ou eles olham para todo o horizonte do senhor, ou então vamos ficar no meio de uma coleção de curiosidades antropológicas do passado.)

É evidente.

(Sr. Guerreiro: A gente os vê por aqui, […inaudível], mas se não seguirem ao senhor dão umas porcarias tremendas.)

Isso é…

(Sr. Guerreiro: Se eles não se abrirem inteiramente ao senhor, eles voltam à situação que estavam antes de conhecerem ao senhor, para desaparecer de uma vez da História.)

Isso. No ralo da História, eles entram como água suja.

(Sr. Guerreiro: E a gente vê que o senhor colocou “nobreza e elites tradicionais análogas” porque o senhor não exclui aí […inaudível] menos antigo, mas que tem nobreza, tem categoria, etc., mas com um certo dinamismo que o senhor quer aproveitar.)

Mas é evidente! E por causa disso que a qualificação está bem estudada. São elites, mas elites tradicionais, análogas! Pronto, acabou.

(Sr. Gonzalo: […] Mas a graça para o qual o senhor está convidando é para participar do flash que o senhor tem com essa hierarquia.)

Sim.

(Sr. Gonzalo: Eu pergunto se é isso.)

Isso.

(Sr. Gonzalo: … [vira a fita])

Está muito clara a questão.

(…)

(Sr. F. Antúnez: O senhor deu os efeitos da graça, agora o senhor poderia dar a substância dessa graça?)

* Uma metamorfose muito preciosa que alimenta muitas esperanças

A substância você discerne através do mais profundo desses efeitos que é o seguinte: quando uma alma se deu — não é preciso ser um dar-se inteiro — seriamente a essa graça, essa alma que era um monolito revolucionário, o monolito nela se desfaz, e ficam restos da Revolução. Isso é uma metamorfose muito preciosa.

(Sr. Guerreiro: O “desplomamiento”.)

É, desplomamiento. O que deixa a esperança que vindo um Papa lo que se dice, que ele possa fazer coisas impensáveis.

(Sr. Guerreiro: Para o senhor a questão nuclear é a Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana…)

Ah, é claro.

(Sr. Guerreiro: E todos os corolários sociais que ela engendrou durante os dois mil anos de existência.)

Exatamente.

(Sr. Guerreiro: Porque é a fonte suprema de todo bem e de toda excelência.)

Claro. E de toda virtude.

(Sr. Guerreiro: Não ia fazer um livro só para a nobreza para ficar aí parado.)

E eu não vejo outro caminho a não ser este. Pode ser que haja, e que Nossa Senhora guarde outra coisa. Eu não estou dizendo que não há senão isto, eu estou dizendo outra coisa: “eu não vejo senão isto”. Mas Nossa Senhora que é Rainha pode fazer alguma coisa muito acima disso.

(Sr. Guerreiro: Mas é bom também que o senhor vê as coisas dentro desta perspectiva.)

Sim, isso sim.

(Sr. Gonzalo: Senhor, eu posso fazer uma pergunta?)

Diga, meu filho.

(Sr. Gonzalo: Acho melhor não gravar porque…)

(…)

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