Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
13/8/94 – Sábado – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 13/8/94 — Sábado
A gênese, no SDP, da segurança doutrinária, da investida, às vezes, encarniçada contra o adversário, e coisas que do ponto de vista polêmico são verdadeiras peripécias * As fortificações ideológicas com que o SDP doutrinariamente esgana os adversários * Na última Reunião de Recortes, “se eu não justificasse continuamente com raciocínios, AEa la» castelo medieval tudo quanto eu estava dizendo, caía a casa” * “Naturalmente em mim há uma alternação espontânea de apetências do espírito” * Nada se faz sem a razão, e a razão não faz nada sem as labaredas * “A explicitação é muitas vezes uma labareda posta em termos inteligíveis para um espírito que não seja o meu” * A aversão à “Bagarre” é a negação ao convite à aventura das labaredas * No começo da vocação, o sujeito estava enfarado da cadeira e querendo voar; depois que ele voou, ele mediu o perigo e quer voltar para a cadeira * O sentir o terremoto junto a si, faz renascer na pessoa o desejo de voar * Quanto tempo levou para os da primeira leva amadurecessem até desejar a “Sempre Viva”? Quanto tempo eles ficaram dentro?
Meu Coronel!
Está de pé? Está de pé o meu Longinos?
(Sr. Gonzalo: Sempre de pé.)
Sempre em pé, hein!
Que Nossa Senhora o ajude, meu filho.
No que é que estávamos na última reunião.
(Sr. Gonzalo: Estávamos na graça mística. Não sei se o senhor quer continuar nessa reunião ou se quer variar um pouquinho…)
Vocês o que querem?
(Sr. Gonzalo: Não é uma coisa contrária, até pelo contrário, é uma ilustração das últimas reuniões que nós queríamos perguntar o senhor. […] Eu vou resumir a coisa senão fica muito longo. […] Coronel, não sei se dá para gravar ou não…)
(Sr. Gonzalo: […] Não sei se o senhor teria alguma coisa a dizer nessa linha, porque todos ficamos muito tocados com a reunião de ontem e de hoje, com a manifestação do senhor a propósito da reunião.)
(…)
* A gênese, no Senhor Doutor Plinio, da segurança doutrinária, da investida, às vezes, encarniçada contra o adversário, e coisas que do ponto de vista polêmico são verdadeiras peripécias
A minha preocupação se voltou muito com uma insistência cada vez maior para os estudos históricos. Porque na História fôra realidade, aquilo que nos meus pressentimentos não era um sonho, mas era mais do que um sonho, era uma concepção metafísica com apoios sobrenaturais, mas que na História tinha o alimento que na realidade em torno de mim negava completamente. Daí o desenvolvimento muito grande, nas minhas reflexões, das considerações históricas; daí a RCR; um pouco remotamente até o livro da Nobreza nasce daí. Muita leitura de vida de Santos; muita leitura, além de História, de coisas de Direito Natural, sociologia, etc., para dar um embasamento no passado e na doutrina, um embasamento racional que confirmasse aquelas labaredas.
Quer dizer, daí veio a segurança doutrinária que você conhece. A investida, às vezes, encarniçada contra o adversário, e coisas que do ponto de vista polêmico são verdadeiras peripécias.
(Sr. Guerreiro: Peripécias que ninguém fez.)
Ah não, tem coisas do outro mundo.
(Sr. Guerreiro: Quer dizer, que toda essa parte muito cuidadosamente, digamos assim, racionalista do senhor, é no fundo uma espécie de química que o senhor teve que fazer a contragosto.)
Uma espécie de quê?
(Sr. Guerreiro: De química que o senhor teve que preparar.)
É.
(Sr. Guerreiro: Teve que preparar meio a contragosto para quem gosta de química e não gosta da metafísica e do maravilhoso.)
* Não se pode compreender o Senhor Doutor Plinio se não se procura ver nele o homem de Fé
É isso, exatamente. Mas…, mas, vamos ver tudo isso certo. Sobretudo que fundamento isso tem na Fé. Porque sem a fé não tem nada feito.
(Sr. P. Roberto: Mas sempre deixando uma porta aberta para quem quisesse ver a labareda visse.)
Sim.
(Sr. P. Roberto: Tem muita gente que não gosta de ver.)
É, mas eu também não encontrei muita gente que quisesse ver.
Você vê com o pessoal que eu comecei a encontrar depois de trinta e tantos anos de procura…
(…)
Mas eu me pus a estudar direito natural, me pus a estudar encíclicas, me pus a estudar História sempre, e com isso fui vendo com encantos como é que essas coisas se justificavam, como é que se explicavam, etc.
* Uma vez que algo tem um fundamento racional, conheçamo-lo e joguemos na polêmica diretamente com todas as pontas dentro
Basta dizer a você que o ambiente em São Paulo era de tal ignorância a respeito de certos pontos de doutrina social católica, que quando eu fui ler o Taparelli d’Azeglio que me apresentavam como sendo o que havia de melhor — é um bom livro, tem alguma fassurada, mas é um bom tratado — quando eu fui ver o Taparelli, e que vi a justificativa da propriedade privada, eu simplesmente tive cem “flashes” consecutivos, porque eu não imaginava que alguém tivesse, jamais na vida, cogitado de dar uma justificação ao direito de propriedade.
(Sr. Gonzalo: Porque era evidente que o direito de propriedade não precisava de justificação.)
Mas é uma bobagem, uma vez que tem um fundamento racional, conheçamo-lo e joguemos na polêmica diretamente com todas as pontas dentro, é evidente.
* As fortificações ideológicas com que o Senhor Doutor Plinio doutrinariamente esgana os adversários
E daí veio um misto que dá na produção de hoje em dia. Quer dizer, você encontra, às vezes, labaredas e, às vezes, fortificações ideológicas, doutrinárias, mas parecidas com fortificações medievais: torre com ameias, com barbacãs, com donjon, com aquele valo que circundava os castelos, com a ponte levadiça, com tudo!, que são minhas argumentações para pegar o adversário e esganar. Doutrinariamente esganá-lo. E obrigá-lo a ficar quieto. Que é o resultado das polêmicas todas em que me tenho metido, ou que os outros me têm metido. Acaba sempre, pela graça de Nossa Senhora, obrigado a ficar quieto.
(Sr. P. Roberto: A Providência teria querido que o senhor não seguisse essas vozes para que o senhor pudesse formar essas muralhas todas?)
* “As vozes ou as labaredas foram conservadas na íntegra, mas não são objeto corrente da minha expressão”
É possível. Eu não tenho certeza disto, mas o fato é que foi como a coisa se passou, porque eu não vi outro jeito. E fica difícil a vocês. Se eu pedisse nessa emergência, a um de vocês um conselho, ficaria difícil dar, porque é uma conjuntura muito embrulhada. Então as vozes ou as labaredas foram conservadas na íntegra, mas não são objeto corrente da minha expressão.
(Sr. Gonzalo: Aí é que está.)
Eu estou pondo o dedo no ponto sensível. Não são objeto corrente de minha exposição ou de minha reflexão alto.
(Sr. P. Roberto: De vez em quando sai uma.)
* Um ambiente em que não seria possível falar em convocação de cruzada
De vez em quando sai uma. Mas poderia ser muito mais. Mas aqui seria preciso que houvesse da parte daqueles a quem eu me dirijo que eles estivessem postos no quadro, que houvesse um cenário, e que houvesse da parte deles uma receptividade que desse ocasião para que uma labareda dessa fosse apresentada.
É uma das “n” benemerências do João, estar nisso: os “óóós” aquela coisa toda…
Ainda hoje o Luizinho… acabou a reunião, e ele como de costume foi para a minha cabine. E lá começamos a conversar e eu disse a ele…
Ele me disse que a reunião tinha estado muito boa, etc. Eu disse:
— Luizinho, agora você se ponha bem nesta posição: se houvesse apenas gente como vocês e com o modo de ser de vocês, você já imaginou esse auditório cheio de gente como vocês, se podia sair essa reunião?
(Sr. Guerreiro: Saía oposição grossa.)
Isso. Sai tédio, sono, gente que levanta para ir fumar um pouco lá fora e voltar. Enquanto estão fumando fora, conversam, dão risada que repercute dentro da sala. Depois voltam, antes de sentar um faz um adeuzinho para outro e indica a porta por onde vão sair da próxima vez, etc.
Agora, é possível falar de convocação de cruzada num ambiente desse?
(Sr. Gonzalo: E o Sr. João teve que mandar calar as pessoas. Ele mandou uma palavra de ordem para que todo o mundo ficasse quieto. “A las” tantas depois da reunião não teve mais “óóo!” nem “fenomenais”, não sei se o senhor notou.)
Não, não notei.
Ele mandou calar porque as pessoas estava conversando?
(Sr. Gonzalo: Não, não, porque estava dando problema em alguns que o senhor imagina quem seriam. Uma coisa “de lo último”.)
Mas é isso.
De maneira que…
(Sr. Gonzalo: Isso é uma abertura da labareda.)
* Na última Reunião de Recortes, “se eu não justificasse continuamente com raciocínios, AEa la» castelo medieval tudo quanto eu estava dizendo, caía a casa”
Pois é. Mas que não pode ser a jato contínuo porque se eu não justificasse continuamente com raciocínios, etc., a la castelo medieval tudo quanto eu estava dizendo, caía a casa.
(Sr. Guerreiro: Eu posso fazer uma pergunta sobre toda essa problemática?)
(Sr. Gonzalo: Mas o senhor vai seguir falando?)
(Sr. Guerreiro: O senhor ia continuar falar, não é?)
Não, diga o que você quer e depois eu falo.
(Sr. Guerreiro: […] O senhor naturalmente falando, o senhor seria homem de dar muito mais importâncias às labaredas do que toda essa parte, digamos assim, essa carpintaria de pegar os tijolinhos ir mondando e mostrar que a coisa tem fundamento. Ou, pergunto, como é que normalmente, posto o espírito do senhor como é, como é que é feito o espírito do senhor naturalmente? A alma do senhor está muito mais inclinada para essas labaredas ou ela está inclinada para as labaredas, mas também tem outra parte que necessariamente pela sua própria natureza o senhor é tendente a fazer esses raciocínios? Ou faz porque há necessidade para outros, porque não vêem? Como é que isso é naturalmente no senhor?)
* “Naturalmente em mim há uma alternação espontânea de apetências do espírito”
Naturalmente em mim há uma alternação espontânea de apetências do espírito.
(Sr. Guerreiro: Independente do público.)
Independente de qualquer público.
Alternações em que — não é fácil exprimir, mas eu vou tentar exprimir — aparece em certo momento, depois de muito apreciar e contemplar as labaredas, aparece uma pergunta que é a seguinte: “isto aqui posto como está, é uma imaginação ou é uma realidade? Se for uma realidade precisa ter uma justificação racional”. E nasce então uma espécie de lumen raciocinante que procura fazer a projeção, no raciocínio, do que a labareda apresentou.
(Sr. P. Roberto: [Justitia et pax osculates sunt?])
* Nada se faz sem a razão, e a razão não faz nada sem as labaredas
[“Justitia et pax, osculates sunt?]. Perfeitamente. E daí vem então longos raciocínios pró e não, sim e não, etc., para conservar a labareda, mas para a pôr à prova, porque nada se faz sem a razão, e a razão não faz nada sem as labaredas.
(Sr. Guerreiro: Pelo que o senhor está explicando me ficou um pouco a impressão seguinte: uma coisa é a razão silogística, mas outra coisa é a razão inocente, impecável da alma que se move para as labaredas e que tem uma lógica interna profunda. Agora, como a pessoa não vê esta lógica, não precisa de uma demonstração para os outros, por isso que eu fiz a pergunta. Mas no senhor, como é que o senhor definiria esse equilíbrio?)
* “A explicitação é muitas vezes uma labareda posta em termos inteligíveis para um espírito que não seja o meu”
É uma alternação. Eu usei há pouco. De vez em quando meu espírito apetece sumamente o ver isto posto em silogismos, e há momentos em que a explicitação que é alguma coisa que não é o silogismo, mas que tem muito que ver com a labareda, a explicitação é muitas vezes uma labareda posta em termos inteligíveis para um espírito que não seja o meu. Passa de solilóquio para instrumento apto para um diálogo, no sentido próprio da palavra diálogo, no sentido bom.
Então impressões que seria impossível dizer — me desculpem falar como eu estou falando, mas vocês estão pedindo — mas seria impossível utilizar sem um vocabulário muito amplo, dominado com destreza, de maneira que o meu interlocutor não presencie a cena aborrecida de eu parar a minha discussão para procurar uma palavra. Mas ter todo o meu vocabulário inteiramente ágil, à mão, para dizer aquilo que eu quiser dizer. E compreender a técnica da explicitação como é, de maneira que a explicitação muitas vezes é relâmpago.
Tudo isso faz parte de todo um aparelhamento psicológico que eu tive que ir preparando com o tempo, e com as apetências do meu espírito. Porque muitas vezes a explicitação que sai não é feita para meu interlocutor, mas foi feita para mim, e ficou na minha memória e dou ao interlocutor.
(Sr. Gonzalo: O senhor faria entre isso e a pergunta inicial da reunião um nexo? […] O que o senhor teria para dizer sobre isso, além. Porque a gente vê que a labareda é o ponto fundamental da coisa.)
É.
(Sr. Gonzalo: Depois as outras coisas são para justificar isso. […] Eu tinha perguntado se essa manifestação que a gente vê desse senhorio e dessa posse dos planos de Deus em uma pessoa, o que o senhor teria para dizer disso? E parece que isso está enormemente ligado com essas vozes primeiras e com essas labaredas.)
É.
(Sr. Gonzalo: […] O Grand-Retour é ver ao senhor como que diretamente, digamos.)
Sim.
(Sr. Gonzalo: O que o senhor diria do futuro, de manifestações nessa linha por onde a labareda vá tomando mais conta. […] O que o senhor teria a dizer nesse sentido?)
(…)
… você é alguma coisa e entre nessa aventura.
(Sr. Gonzalo: Que coisa bonita! Aventura das labaredas.)
* A mais belas das aventuras: a aventura das labaredas
Aventura das labaredas.
Onde não está garantido a você, que você terá em relação a este homem como a qualquer outro, a independência que você tem na sua pequena fortaleza [inaudível].
Isso eu vi em gente, mas muito miúda.
Quer dizer: “Eu aqui estou firme, estou sentado nessa cadeira, você me convida para subir num planador — desses que têm hoje em dia, não sei bem como é que chama isso — e ir para o alto. Eu vejo você que se mete numa coisa dessas e sobe, e vem um vento vai para cá, vai outro vento vai para lá, etc. Eu acho muito apetecível, mas e o tombo? Se parar de ventar como é que é? Eu vou trocar isto, uma cátedra firmada no vento, eu vou trocá-la por uma cadeira com quatro pernas num prédio sólido onde eu não tenho nada a temer?”
Porque em última análise não tem dúvida nenhuma que esse convite, humanamente falando, é um convite para uma aventura. Aliás, nunca escondi isto.
(Sr. P. Roberto: A mais bela aventura.)
É a mais bela das aventuras, mas ela é uma aventura.
(Sr. Gonzalo: A única aventura certa.)
Única aventura certa.
* A aversão à “Bagarre” é a negação ao convite à aventura das labaredas
Daí também você compreende — eu não diria isso em reunião, porque agastaria muito — o seguinte: o não gosto da Bagarre, porque a Bagarre é o renversement dessas solidezes, e o lançamento do mundo inteiro na aventura. Ora, feito o lançamento na aventura, o que é feito de mim? Então não é melhor eu contestar esta aventura de frente?
A resposta de inúmeros foi essa: eu não recuso o convite à aventura, mas na medida que eu suba, eu quero ter um carretel preso em terra firme, de maneira que quando eu quiser, eu encurtando o carretel, eu desço. Eu quero sair de dentro desse seu submarino a qualquer hora. Se você não me der as possibilidades para isso, nós não temos jogo feito.
(Sr. Gonzalo: É isso mesmo.)
Então a aversão à Bagarre é a negação disso.
(Sr. P. Roberto: Aversão à “Bagarre” e ao senhor.)
E a mim! porque eu estou convidando para isso.
Então eu faço, por exemplo, numa noite, uma reunião cheia de labaredas, a gente dirá: “O sujeito fica arrancado de vez”. É o contrário: ele vai voltar para casa, vai dormir, e quando ele acordar, outros sons de sino se terão feito ouvir no sono dele. E ele acorda de manhã, olha e diz: “Que bonito esse meu quintal! Que agradável esse meu fundo de jardim! Que gostosinha esta casinha onde eu sou o reizinho”.
* O papel do raciocínio como sustentação para as almas terra-a-terra
Tanto mais que esses anões, menos olham para cima do que olham para baixo, e se sentem muitas vezes no respectivo bairro, os chefetes e não querem reconhecer que chefete de bairro não é ser chefe.
Eu continuo claro?
Então o sujeito abre a janela, vê em torno de si, tem um passarinho na árvore que faz “piu, piuuuu!” O sujeito diz: “aannn! Que planador é esse?”
Eu estou de cima chamando: “vem cá, há lindos panoramas aqui!”
O sujeito diz: “como é gostosa a minha cadeira!”
E aí o jeito que tem é o raciocínio. Porque aí você pega e diz: “Olha aqui, eu vou mostrar com razões isto, aquilo, aquilo, aquilo outro”. O sujeito não capitula inteiramente, mas não se desgarra inteiramente, e fica esperando o dia do Grand-Retour.
(Sr. Gonzalo: O senhor raciocina aí para que a pessoa não se vá. Nós necessitamos de raciocínio. Mas com isso não está resolvido o caso, está prolongada a espera.)
Isso.
(Sr. Gonzalo: Mas o caso ficará só resolvido quando haja essa fé total na missão do senhor.)
Isso.
(Sr. Gonzalo: O Grand-Retour seria isso então?)
Isso.
* No começo da vocação, o sujeito estava enfarado da cadeira e querendo voar; depois que ele voou, ele mediu o perigo e quer voltar para a cadeira
Mas por que retour?
É porque no começo da vocação, o sujeito estava enfarado da cadeira e querendo voar. Depois que ele voou, ele mediu o perigo e ele quer voltar para a cadeira. Então retour às labaredas do começo da vocação.
(Sr. Gonzalo: Nós estávamos conversando que a reunião de ontem tinha muito das graças de 67 para nós.)
O Fernando Antúnez chegou a me dizer isso. Lembrava das graças [inaudível].
(Sr. Gonzalo: Uma pessoa que entrasse no auditório e visse o senhor falando, diria: “eu daqui saio consagrado a Nossa Senhora imediatamente, acabou todo o resto, porque isso é uma evidência!” A gente vê que a coisa vai por aí.)
Isso. E sem esse demônio que deita essa garra, que eu estou explicitando e tanto quanto me é dado ver, não há aqui na sala quem negue.
(Sr. Gonzalo: Isso é a todo o dia e a toda a hora nos está puxando para baixo. E como o senhor vê que isso se vai resolver? É o Grand-Retour, mas é com um exorcismo… porque é uma ação do demônio mesmo, consentida. Entra muito o demônio.)
Entra, mas é das tais coisas, o moço bom do Evangelho também deve ter tido, é certo que teve, uma ação do demônio na hora. Ele primeiro viu Nosso Senhor, ficou deslumbrado: “Magister bonum, bom Mestre, o que fazer para conseguir a vida eterna?”
Resposta: “Vem e siga-Me.”
(Sr. Gonzalo: E aí não deu um raciocínio.)
Não.
(Sr. Gonzalo: Deu a presença d’Ele.)
A presença d’Ele, mas… o que era a presença d’Ele?.
(Sr. Gonzalo: Isso o senhor ver que se exorciza? Como se anda por aí para tirar esse demônio? Porque o negócio é realmente desesperante.)
O mais desesperante do demônio é o seguinte:
Você me dirá: “Mas por que o senhor está nos dizendo isso só agora? Se o senhor nos dissesse isso antes nós poderíamos tomar diante disso uma atitude generosa”.
É o contrário, não chegando a hora, dito isto, o sujeito diria: “Olha, ele tem razão, eu estou oscilando continuamente, esta oscilação não pode continuar, e eu tenho que optar”.
Optando assim, opta pela porcaria.
(Sr. Gonzalo: Está muito claro.)
* O sentir o terremoto junto a si, faz renascer na pessoa o desejo de voar
Você me dirá: “Mas por que o senhor acha que agora nós estamos em condições de ouvir isso?”
Eu digo: “É muito simples, é porque o mundo atual está se esvaindo, e todo o mundo sente que o terremoto já atingiu o quarteirão vizinho, e que na próxima vez o terremoto atingiu aqui, e que essa cadeira pode virar comigo, então quem sabe se não é melhor o planador”.
(Sr. Gonzalo: Não é por amor.)
Não.
Quer dizer, isso é a exposição com uma franqueza afetuosa de pai para filho, a exposição da realidade. A realidade não é outra senão essa a que eu estou aludindo.
(Sr. Gonzalo: É tremendamente assim.)
Então, os enjolrinhas, todos, vão ter que passar por aí, por essa provação.
* Uma geração que já nasceu sem a noção da cadeira segura
E o que eu acho extraordinário é que eu não sinto sinal, graças a Nossa Senhora, eu não sinto sinal de que os enjolras do São Bento e do Praesto Sum, salvo os que apostatarem, ou apostataram, nos que ficam este jogo tem uma garra tão grande. E me pergunto, mas sem ter uma certeza, se realmente não será o fato de que esses já nascem sem a noção da cadeira segura.
(Sr. Horácio B.: Uma bênção.)
É uma bênção.
(Cel. Poli: É uma bênção, mas também eles não têm umas tantas escoras.)
Como umas tantas escoras?
(Cel. Poli: A gente vê que eles estando na linha boa eles vão longe, mas um pouquinho que derrape vão logo embora.)
Ah sim. Isso é verdade.
(Sr. Gonzalo: Mas isso é um “enredo”, a gente tirando os olhos do senhor, está perdido mesmo.)
(Sr. Guerreiro: Eles são também uma geração em que a Senhora Dona Lucilia teve um papel muito maior na vida deles do que na nossa geração.)
Também, não tem dúvida.
(Sr. Guerreiro: Nós por canalhice não fomos fiéis ao senhor. Mas a gente vê que ela, por uma espécie de misericórdia, que é uma misericórdia de Nossa Senhora levada ao ponto extremo, ela os pega e como que essas inseguranças, ela com a bondade dela, com a presença dela, afaga a alma e dá uma confiabilidade. E nós devíamos ter feito isso com o senhor.)
É, mas nós não quisemos isso.
(Sr. F. Antunez: Tivemos todas as graças da “Sempre Viva”.)
(Sr. Guerreiro: Pois é.)
(Sr. F. Antunez: Que era isso num calor…)
* O desejo de toda uma geração de ser recebida na “Sempre Viva”
Por exemplo, a “Sempre Viva”. Que evolução foi necessária para que nós chegássemos até a “Sempre Viva”.
Hoje, quando eu estava indo para fazer uma visita ao Santíssimo e depois tomar o automóvel e vir para cá, um canadensezinho, se não me engano é aquele canadense que foi preso na Argentina.
(Sr. Gonzalo: É ele mesmo.)
É ele mesmo?
Estava na porta de entrada daquele pavilhão do Praesto Sum onde está a capela, estava com uma almofada, uma coisa na mão para eu depositar ali o chapéu e passar.
E ele na passagem me disse que queria me dizer uma coisa. Parece-me que era aniversário dele.
(Sr. Gonzalo: Era aniversário sim. Ele queria pedir três coisas para o senhor.)
É, três coisas, exatamente.
Uma delas era de entrar na “Sempre Viva”. Mas ele fez uma ressalva qualquer, da qual eu não me lembro, mas que dava a entender que não era para já, mas que ele queria ter uma promessa de que eu concordaria de futuro que ele entrasse para a “Sempre Viva”. Era uma coisa mais ou menos assim.
Agora, eu vi que o movimento de alma com que ele estava fazendo isso é bom, mas que isso não quer dizer muito porque aquele menino tem bons movimento de alma a jato contínuo, e vejamos… E em conseqüência eu fiz o seguinte raciocínio — eu disse, eu vou fazer uma coisa porque eu não quero que ele possa dizer a nenhum título que eu o recebi na “Sempre Viva”.
Ele me pediu um nome. Eu disse: “Como é que você chama?” Ele parece que chamava Marc. Ele é do Canadá inglês. [vira a fita] … e depois eu preciso fazer a verdade ser conforme ao que é nosso interesse afirmar e não o contrário, mentir para justificar uma coisa que não devia ter feito. E se eu não quero receber, eu não posso receber para depois dizer para todo o mundo que não recebi. Eu tenho que não receber.
Então eu fiz o seguinte raciocínio, que corresponde à minha intenção e até eu digo a vocês para vocês conservarem na memória e dando-se o caso me lembrarem, porque isso é capaz de escapar de minha memória. Mas eu fiz o seguinte: “Eu vou dar a ele o nome de Lúcio, válido para o caso dele algum dia vir a entrar, mas que é uma homenagem que eu presto ao Lúcio Chao que deixou um nome… vamos dizer, a cátedra vazia. Então fica o chapéu do menino ocupando a cadeira vazia. Ninguém entrou”.
Não sei se está claro o… não é um artifício, é a jogada.
Mas do contrário, essa meninada toda pediria isso.
* Quanto tempo levou para os da primeira leva amadurecessem até desejar a “Sempre Viva”? Quanto tempo eles ficaram dentro?
Quanto tempo levou para os da primeira leva amadurecesse até desejar a “Sempre Viva”? Quanto tempo levou? Quanto tempo eles ficaram dentro? A “Sempre Viva” está no cemitério morta.
Bem, meus caros, eu sou obrigado a consultar o relógio. Que horas são?
(Sr. F. Antunez: Três e quinze.)
(Sr. Gonzalo: […] O senhor acha que nós seguiremos nessa gangorra até vir o Grand-Retour, é isso?)
É isso mas não é só isso. Vocês evidentemente não ficam confirmados em graça, [inaudível]. Mas é uma coisa diferente. Nesta reunião aqui, vocês fizeram inclinar a agulha da balança um pouco mais para o lado bom do que estava. Isso é inegável. E isso lhes ajuda, mas vocês ficam com mais responsabilidades diante de Nossa Senhora.
(…)
“… só por isso. Você depois pode ser que se salve, mas você fica 400 anos longe de Deus. Durante 400 anos não tem remédio, não tem doença, não tem nada, eu garanto tudo”. Quantos homens atingiriam um ano. É de ficar louco!
Enfim, meu filho…
(Sr. Horácio B.: Peça muito a Senhora Dona Lucilia para que pelo menos ela quebre as pernas de nossas cadeiras e nós fiquemos unidos ao senhor.)
Isso, meu filho, não tem dúvida.
(Sr. Horácio B.: Pelos seus filhos da Argentina, Uruguai e Paraguai e Sr. Eugênio Mayor.)
Pois não, meu filho.
(…)
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