Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
25/6/94 – Sábado – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 25/6/94 — Sábado
O “esqueleto” da RCR presente na alma infantil do Senhor Doutor Plinio * “Eu percebia que quanto mais a coisa afundava no passado, mas tinha consonância comigo e que quanto mais ela ia para frente, menos ela tinha consonância comigo” * A clarividência a respeito do processo revolucionário * A evolução constante a partir do Bem Absoluto rumo às últimas radicalidades do mal * A sucessão anárquica de estados de espírito * Apesar de todas as belezas da praia, a ida à Santos produzia um efeito no sentido de anti-distinção * Um isolamento que era um verdadeiro martírio * Uma atitude de salão dentro d’água, para ser fiel a si mesmo * Em vista do Fundador, a Providência não permitiu que um núcleo de nossa alma fosse atingido pela Revolução * A recusa ao convite da Providência de conhecermos inteiramente ao Fundador, fez com que o núcleo bom de nossa alma ficasse com uma possibilidade de crescimento limitada
(Sr. Gonzalo: É extraordinário estar com o senhor aqui. Há três semanas que não estou com o senhor aqui.)
Três semanas!, por que isso?
(Sr. Gonzalo: Duas estava doente, e uma semana de italianos.
Ah, você esteve doente duas semanas, é verdade.
Mas então, qual é o nosso tema hoje. Acho melhor entrarmos diretamente no tema, não é?
(Sr. Gonzalo: [Resumo das reuniões anteriores]
Nós queríamos pedir ao senhor se o senhor pudesse dar outros casos, outros exemplos de como desde muito menino, se foram dando coisas assim [como o Sr. Horácio vai narrar].)
* Os primeiros encantos pela Idade Média
(Sr. Horácio B.: Há uns vinte anos atrás numa reunião para os argentinos, o senhor nos contava como é que o senhor tinha imaginado a Idade Média, antes de conhecer a Idade Média. Então dizia que olhava para os primos e via que os primos eram muito agitados. Depois o senhor olhava para os tios e via que era a mesma coisa, mas menos agitados que os primos. Depois o senhor olhou para a sua avó e também viu a mesma coisa, mas menos que seus tios. E o senhor olhava para a Senhora Dona Lucilia e via que ela era perfeitamente equilibrada. Então o senhor pensou: “não será que houve uma época da história em que todas as pessoas eram como mamãe?, santas, nobres, calmas como mamãe?” O senhor disse que era muito pequeno quando pensou isso. E foi quando o senhor viu aquela moça com o chapéu cone na cabeça, num carnaval, que o senhor perguntou ao Sr. seu pai o que é que era e que o Sr. seu pai disse: “ah, Idade Média”.
— Ah não será dessa época que eu imaginava que isso vem.)
Foi.
(Sr. Horácio B.: Mas foi muito antes que alguém tivesse dito para o senhor.)
Sim.
(Sr. Gonzalo: Esse fato ilustra tanto o processo humano da inocência do senhor como é, que o pedido é se, nessa linha, o senhor não podia contar outros fatos de como se foram formando mundos assim, desde tão menino. […])
* Na inocência da alma muitíssimas coisas estão presentes, que a perda da inocência faz com que saia da alma
Eu posso dizer nesse sentido o seguinte: que atrás disso entra uma observação, atrás da qual observação tem uma teoria. Mas naturalmente eu não era capaz, como menino, de dar a observação, mas na inocência da alma muitíssimas coisas estão presentes, que a perda da inocência faz com que saia da alma. Mas que quando a alma conserva a inocência, aquelas coisas se conservam também magnificamente.
Meu Paulo Henrique, você não está muito sem luz, não?
(Sr. Paulo Henrique: Está perfeito, senhor.)
Está bem? Porque eu podia mandar pôr um abat-jour.
(Sr. Paulo Henrique: Não, não se preocupe senhor, está perfeitamente bem assim.)
Mas afinal de contas acontece o seguinte, que essa sucessão de graus de agitação — e a palavra agitação, aliás, não exprime inteiramente, nem é necessário que exprima, o que eu notava — que à medida que se recuava no passado iam sendo mais tênues, e chegava um momento em que de nenhum modo existiam, essa idéia de uma sucessão de eras, ou sucessão de épocas em que cada época era a época anterior menos algo. Em relação a ela mesma ela era a época anterior menos algo. Mas a época que viria depois era a própria época mais algo.
Não sei se exprimo bem, mas era necessariamente assim.
* O “esqueleto” da RCR presente na alma infantil do Senhor Doutor Plinio
Isso me levava, naturalmente, à idéia que haveria um momento final em que alguma coisa desapareceria completamente, e que daria numa trombada monumental.
Quando, à força de extenuação, de queda sucessiva, em última análise, se desse um ponto onde não houvesse mais nada de bom para transmitir, em que tudo fosse completamente mau… porque então a coisa girava em sentido oposto. Se o mundo pudesse sobreviver à morte disto, que era a morte dele mesmo, ele iria gerando uma coisa cada vez pior.
Então era alguma coisa ruim mais algo, mais algo, mais algo, e chegaria a uma coisa tão má que a coisa estalava por si.
Eu não sei se você percebe que o esqueleto da RCR, o esqueleto mais profundo da RCR está presente aí.
* A representação nos móveis, do estado de espírito das gerações
Mas eu notava muito isso pelo seguinte… aliás, na maior parte desses móveis vocês notam isso, e depois todo o mundo, em todas as casas era assim. Mas você podia encontrar numa casa, objetos de épocas diversas mas que se harmonizavam e se contradiziam uns aos outros exatamente por causa dessa sucessão.
Então você toma por exemplo, aqui esse vaso que pertenceu ao imperador, esse vaso de alabastro. É um vaso sério, um vaso pesadão, de linha simples, quase elementares, normal, mas sério, e que teria sua presença numa sala séria. Essa sala, os móveis que estão nessa sala são menos sérios do que o vaso, e são móveis muito mais recentes do que o vaso.
Mas essa escrivaninha aqui, por exemplo, é de um natural sério também, mas menos sério do que o vaso do imperador.
Não sei se eu devo descrever bem?
Há uma certa harmonia entre essa escrivaninha e aquele dunquerque ali, aquele espelho. É meio Ancien Régime francês. Isso é Luís XVI, isso seria Luís XV, Luís XIV uma coisa assim, mas tem uma certa continuidade.
* “Eu percebia que quanto mais a coisa afundava no passado, mas tinha consonância comigo e que quanto mais ela ia para frente, menos ela tinha consonância comigo”
Eu percebia que quanto mais a coisa afundava no passado, mas tinha consonância comigo e que quanto mais ela ia para frente, menos ela tinha consonância comigo. De maneira que na generalidade desses móveis, de um modo geral, eu percebia mais vários graus do consonância do que vários graus de dissonância, se bem que a noção da dissonância estivesse presente. Mas a questão é que em relação ao que Hollywood emanava, Hollywood era algo que era contra tudo isso, era o anti-isto. E eu nesse sentido me sentia anti-Hollywood. Mas Hollywood representava uma situação em que tudo isto estava morto, em que começava uma era negativa. E que, portanto, era de temer ou era de esperar que viesse um estralo quando Hollywood tivesse dado todos seus frutos. Viesse um estralo que era a liquidação de Hollywood. Porque enquanto isto aqui, no tempo que isto estava no auge era uma coisa positiva, a vida era a ordem, era a coisa como deve ser, de um lado. De outro lado o resto era negativo.
Até Hollywood isso eram coisas positivas que iam morrendo, mas que enquanto não morriam tinham uma vida digna de apreço. Mas, pelo contrário, a partir de Hollywood era uma morte casa vez mais morte. Mas não havia mais restos bons em Hollywood, tinha tudo desaparecido, era só o mal quase que em estado puro. Mas em todo caso, como o mal é insondável, ele, nos estados sucessivos que ele tinha, ele era pior a perder de vista.
* A clarividência a respeito do processo revolucionário
Então certas incompreensões que eu tinha em relação a mais ou menos tudo que me cercava, porque eu percebia que todas essas coisas que mais ou menos estão aqui nessa sala, essas coisas todas as pessoas de cada época tomavam como se isto [fosse] um estado de transição que iria parar agora e que, de fato, vinham de uma longa evolução, mas que já tinha atingido um estado de desordem tal, de caos tal, que não podia ir mais para frente.
Então, por exemplo, as saias. Eu conheci senhoras ainda usando saia até o tornozelo. Mas aparecia um pouquinho do tornozelo.
Mamãe me contou depois — isso é um tempo que eu não peguei, mas que ela pegou — que quando os bondes foram inaugurados aqui em São Paulo, não era feio usar bonde, nos primeiros anos as senhoras e as famílias de qualquer categoria boa podiam andar de bonde perfeitamente. E que o bonde pegava aqui a rua Sebastião Pereira, Palmeiras, onde tem a igreja de Santa Cecília, etc., e ia andando, andando, atravessava o viaduto e ia parar na praça Antônio Prado.
Você sabe qual é a Antônio Prado?
(Sr. Gonzalo: Sim.)
E que os moços se reuniam lá onde estava os bondes, os moços dados a elegantes ia ver descer do bonde as moças dadas a elegantes porque elas para poderem descer aqueles estribos do bonde, eram obrigadas a levantar um pouco a saia, e aparecia então um pouco do tornozelo, e que para verem esse pouco de tornozelo que habitualmente a saia cobria, eles iam lá e depois iam comentando entre si como é que seria a moça, vamos dizer, até o joelho. E que isso era um deleite, etc.
E eu me punha nessa posição: “Mamãe não está percebendo o que é que tem dentro disso, mas isso vai dar lugar numa saia até aqui em cima”.
* A evolução constante a partir do Bem Absoluto rumo às últimas radicalidades do mal
Eu percebi que todas as senhoras, ou quase todas as do tempo dela, foram pensando sucessivamente em cada etapa, que aquilo tinha parado ali. E essa ilusão era uma espécie de traição que elas faziam à essa visão de continuidade, que eu achava que todo o mundo tinha, mas que as pessoas desse tempo não queriam ter.
Mamãe tinha em boa dose, mas não tinha na dose polêmica em que isso se ia formando no meu espírito. Ela via algum mal que havia nisso, mas como eram saias ainda até aqui, até aqui, isso ia. Mas eu percebia que isso era uma ilusão, essa saia nunca ia parar aí, nunca.
Ela em outras coisas percebia que isso era assim, mas nisso não; ou percebia muito mal, muito fugazmente que era isso assim.
E eu percebia que tudo era uma espécie de evolução constante a partir de um Bem Absoluto ou uma ordem humana que era o reflexo do Bem Absoluto que é Deus, para uma ordem humana que era a contradição completa do Bem Absoluto e que era o mal absoluto — não há mal absoluto, mas entendam em que sentido eu estou tomando a palavra — e que era na realidade mais próximo de uma idéia que alguém pudesse formar-se do mal absoluto: era evidentemente o demônio.
Então, posto o demônio nessa posição, a gente compreende bem toda a luta e compreende como é que em determinado momento, durante uma aula de ginástica no bambuzal do colégio São Luís, me aparecia firme, de repente, a idéia da Revolução e da Contra-Revolução.
* Discernindo a conaturalidade com a Revolução, no modo pelo qual os meninos calçavam e tiravam a chanca de futebol
Como também, por exemplo, a chanca de futebol. Eu sabia muito bem, precisaria ser um cretino para não ver isso, que aquela chanca de futebol era um sapato, calçado, que eles usavam para jogar futebol, e que aquele calçado só tinha esse uso. Eles na minha presença tiravam o sapato e punham calçados, às vezes conversando comigo. Eu não podia ter ilusão de que aquilo não era um calçado provisório. Mas era um calçado provisório com uma brutalidade… a chanca do futebol tem em si uma brutalidade — ao menos tinha no meu tempo…
Enquanto estavam com aquela chanca, aquela chanca brutalizava a alma dos meninos um tanto, forçando-os a andarem um pouco mais depressa no caminho da Revolução. E cada jogada de futebol eles se apresentavam mais marcadamente assim.
De outro lado, quando eles tiravam a chanca e punham esses sapatos — sapato não mudou muito de forma — esses sapatos tinham linhas mais delicadas que têm os sapatos de hoje, eram meio afrancesados, no estilo francês.
Ah…, eles punham a chanca com uma certa euforia; tiravam com um pouquinho de pesar e punham esse sapato com um pouco de pesar também. De maneira que é porque eles sentiam que a alma deles se brutalizavam um tanto no futebol, um jogo bruto, e que na chanca que era uma espécie de símbolo do futebol se brutalizava ainda mais, e que eles gostavam de sentir o processo de brutalização crescer dentro deles e que os padres do colégio não percebiam nada disso.
De maneira que um mesmo menino poderia, por exemplo, deixar a aula onde ele estava com esse tipo de sapatos, entrava o recreio, então punham a chanca de futebol e jogavam. Depois saíam e eles punham o outro sapato normal para aula. E vamos dizer, se era o mês de Maria, podiam ir para a capela. Na capela tinha uma imagem meio milagrosa de Nossa Senhora do Bom Conselho. Essa imagem ficava no retábulo do autor-mor, e todos iam cantando umas canções — não era música sacra, mas música religiosa. Era uma música que eu não sei se vocês chegaram a ouvir mas cuja letra era: “Ide, vamos todos, vamos todos a Maria, vamos todos a Maria, vamos todos à porfia, porque Ela é nossa amável Mãe”. Essas palavras dão idéia do meio açucarado, meio…
(Cel. Poli: Eu peguei ainda essa música.)
Pegou essa música, não é?
Eu tinha idéia que alguns de vocês que tivessem sido alunos dos jesuítas — eu sei que você foi — pegavam isso, porque era coisa da Companhia de Jesus.
* A sucessão anárquica de estados de espírito
O resto eu me esqueci. Eu me lembro só dessa música. Mas a música produzia um estado de espírito açucarado e doce que é o contrário da chanca, que levava o menino a provisoriamente imergir naquele ambiente de novo. Mas a passagem subconsciente de um ambiente para outro… subconsciente, mas entenda, era uma coisa que em parte era subconsciente [consciente] porque o menino queria, porque ele estava inteiramente entregue àquilo e gostando daquilo assim. Mas que insinuava, no fundo, que não tinha importância nenhuma esses sentires internos, que isso era inteiramente irrelevante, só um sujeito meio détraqué é que pensava tanto a respeito disso. E que o próprio mesmo era da mente humana estar se modificando sempre assim à toda hora. Era próprio da mente humana.
Levava uma espécie de mente sem mente, que era pior do que tudo. Essa sucessão anárquica criava uma situação pior do que tudo. E desfechava neste ponto, que em última análise o caos hollywoodiano com a sucessão precipitada de modalidades, de sub-estilos e coisas assim que havia no Hollywood, a correria contínua da res hollywoodiana, etc., etc., era o ideal de uma processividade que no passado fora lenta demais. Então era preciso se jogar no hollywoodismo desenfreadamente.
Agora, o que tem é o seguinte: que não seria possível a vocês me entenderem com uma simples explanação que eu estou fazendo, se vocês não tivessem passado por coisas análogas, e que o que eu estou descrevendo levantem em vocês recordações com as quais vocês se identificam, ora num ponto, hora no outro…
(Sr. Gonzalo: Umas coisas erradas que eu me identifico totalmente.)
Você se identifica inteiramente.
(Sr. Gonzalo: É uma tragédia, mas é isso mesmo.)
É isso. É o que querem, a Revolução quer isso, o demônio quer isso.
Então tudo isso ia criando uma idéia do mal para o qual se caminha e a necessidade de passar uma brecada e a gente se lançar no bem.
Então vocês estão vendo com uma amplitude de horizontes muito grande, muito maior do que está no livro, o fenômeno Revolução e Contra-Revolução.
* O estado de espírito praiano
Eu me espantava dessa atitude. Por exemplo, em Santos. Eu já disse a vocês que Santos naquele tempo não era a Santos de hoje, a Santos do populino, era a Santos da aristocracia. Dividia com Guarujá. E que tinha um hotel lá chamado Parque Balneário Hotel, que era junto ao mar, um grande hotel, etc., meio dado a palácio assim, uma coisa desse gênero, em que nós íamos passar os dias piores do inverno, íamos passar lá em Santos.
Então havia o mar, havia a praia, depois havia toda uma séria de casas, de residências, mas feitas para o mar, para o ambiente marítimo, mas ficava meio subentendido que embora o mar fosse muito bonito e em certos momentos até majestoso, a praia com aquele quase prateado, aquela cor que vai do bege ao prateado que tem na praia, e passando pelo branco e tudo mais, a espuma branca das ondas, o estilo dos ventos na praia, etc., davam uma nota de alegria juvenil, de contentamento e de euforia, de gosto da natureza e não da sala, não do salão, não da coisa aristocrática e elevada.
* Apesar de todas as belezas da praia, a ida à Santos produzia um efeito no sentido de anti-distinção
Então famílias que tinham casas esplêndidas em São Paulo, e que tinham a possibilidade de construir outras casas igualmente esplêndidas em Santos, não construíam. Talvez isso fosse assim em Viña…
(Sr. Gonzalo: “Igualito”.)
E, pelo contrário, construíam casinhas ligeiras estilo bangalô, aquelas coisas horrorosas.
(Sr. Gonzalo: A categoria entrava em férias também.)
A categoria entrava em férias, é exatamente isso.
Então mesmo as casas dentro, os objetos e tudo, eram todos bons, mas de uma categoria intencionalmente menor. E as pessoas mesmo, por exemplo, um rapaz que estivesse na casa dele podia usar tênis na casa inteiramente à vontade que não estranharia. Chamavam mesmo o tênis de sapato de praia, porque para ir para a praia muita gente punha o sapato de tênis.
(Sr. Guerreiro: Eu ainda peguei isso.)
Você pegou ainda, meu filho?
(Sr. Guerreiro: Em menino.)
Em menino, é em menino.
A ida à praia, apesar de todas as belezas da praia, produzia um efeito que era meio parecido com a da chanca de futebol, num gênero diferente. É um gênero muito diferente. Mas tinha uma certa analogia no sentido de anti-distinção.
(Sr. Gonzalo: Libertário.)
É, exatamente, libertário. Isso.
(Sr. Gonzalo: Tudo está permitido.)
Isso.
* Um exemplo típico do relaxamento do espírito humano, na praia
E o próprio espírito humano, com a mesma notícia internacional, vamos dizer o quê? Foi assassinado…
Eu me lembro uma notícia que vocês não pegaram — enfim, muito menos importante, mas vou dar essa porque é a que me ocorre — é o assassinato do rei Alexandre, da Iugoslávia, com o presidente Barthou, da França, que o tinha ido esperar no sul da França. Eles desceram em algum porto daqueles do sul da França, desceram… o rei vinha de couraçado da Iugoslávia para a França em uma visita oficial. E o Barthou, que era o presidente, foi recebê-lo lá.
E um desses… chamavam-se ustachi, eu não sei por que, eram uma espécie de terroristas iugoslavos. Esses terroristas alcançaram o rei ali e deram uns tiros no rei, e por espírito de praia, se quiserem, mataram o Barthou também. E foram alguns mortos por uns guardas a cavalo que acompanhavam o rei e o Barthou, e que ainda — hoje já não existem nem de longe — escoltavam o carro de qualquer chefe de estado. De maneira que quando chegaram aqueles atiradores perto, [e que] eles começaram a dar tiros, os soldados de cavalaria começaram a bater — não tinham armas de foto — com sabres na cabeça, e no pescoço, nas mãos desses sujeitos, e eles ficaram todo escangalhados e não puderam levar o morticínio mais longe. Por exemplo, não mataram o chauffer, não mataram outros.
Isso causou uma sensação muito grande na Sãopaulinho. Mas em Santos… naturalmente, eles já percebiam a mesma coisa, mas praianamente tomado. Praianamente tomado.
Isso modelava as almas de um modo tão profundo que é difícil a gente encontrar palavras para explicar isso.
* Uma travessura que seria inaceitável em São Paulo, mas que em Santos passava
Eu me lembro, por exemplo, dessa coisas característica: minha avó tinha um primo-irmão dela, que até tinha querido casar com ela. Mas minha avó com o tempo ficou muito gorda, muito mais gorda do que está lá naquele quadro onde ela já está gorda. E ela foi — estávamos em Santos, e esse primo dela tinha casa em Santos, mas casa exatamente como eu estou descrevendo.
Não sei por que a escada que tinha do lado de fora… era uma casa dessas térreas, mas com porão muito alto. E então do andar onde ficavam os donos da casa para o nível da rua, havia uma escada de mármore ordinário, muito alta, com um corrimão de metal qualquer, não me lembro bem como era.
Esse primo era baixinho e minha avó era alta. E ela fez questão de ir visitá-lo. Ele recebeu a visita com muito gosto.
Uma filha desse primo me contava, muitos anos depois, que quando tinha chegado na hora de vovó ir embora, ela disse que ia descer, e voltou-se para o pai dessa prima, o dono da casa, e disse: “fulano…”
(…)
Eles chegavam até a beira da escada, tinha uma parentela, entre as quais nós também, no jardim jogando, etc. — como era em geral nessas casas, iam muito ao jardim, era ambiente de jardim — todo o mundo ficou com susto que ela, de repente, caísse e levasse Totozinho. Os descendentes dela, mais interessados nela. Os descendentes de Totozinho com medo que ela caísse em cima do Totozinho e esmagasse o Totozinho.
Então começaram:
— Não, não desçam, o que é isso? Eu ajudo.
Não houve meio, Totozinho não se flectiu…
Eu não sei como é que vovó tomou o negócio. O que eu sei é que ele ficou do lado do corrimão e ela ficou do lado oposto ao corrimão. Portanto, ela só tinha como apoio o Totozinho. Desceu uma escada enorme, tranqüila, serena. E Totozinho sorrindo para todo o mundo. Ele estava encantado com a travessura que ele estava fazendo.
Mas isto era feito assim por causa do ambiente praiano. Em São Paulo ele não faria isso, mas lá em Santos permitia.
* A atmosfera das praias acabou sendo uma atmosfera de Revolução
Então a atmosfera das praias acabou sendo uma atmosfera de Revolução.
(Sr. Paulo Henrique: O Rio de Janeiro tomou muito esse ar.)
Muito. A capital. A capital federal.
(Sr. Guerreiro: E era uma capital desse estado de espírito.)
Tinha muito desse estado de espírito. Tinha umas casas muito bonitas, até apalaciadas, mas tinha um mundo de casas desse gênero.
Eu me lembro [que] a embaixada argentina, exatamente, tinha pertencido à uma família rica que depois tinha construído uma casa ainda melhor. Então alugou ou vendeu essa para a embaixada argentina. Mas a embaixada argentina estava… O Mario Amadeu, sogro do Cosmim, comprou ou alugou essa casa para a embaixada argentina. Era uma bonita casa, séria. Mas havia um mundo de cacarecada como eu estou dizendo.
Não sei se meu caro Paulo Roberto que é fluminense, não é carioca, mas em todo caso se sente assim tocado com essa charge contra o Rio. Mas o fato é como ela aparece, pelo menos para olhos paulistas.
(Sr. P. Roberto: Eu conheci essa casa.)
É bonita, não é?
(Sr. P. Roberto: Muito bonita.)
Derrubaram depois para fazer algum apartamento, uma porcaria qualquer.
(Sr. Paulo Henrique: Aqui está o contraste, São Paulo não era praiana e Santos praiana.)
(Sr. Gonzalo: Aqui é muito mais interessante o fenômeno.)
Sim, porque em São Paulo é o contraste que diz o Paulo Henrique.
* Todo mundo se sentia aliviado ao deixar os ambientes aristocráticos para ir ao litoral
Mas isso é para a gente compreender o seguinte: é que na praia todo o mundo achava que devia ser praia. Mas depois quando subia, retomava com uma certa naturalidade, um tanto nostálgica, retomava o ambiente paulista.
Mas quando chegava de novo a vez de ir para Santos, era como um alívio. Ninguém se sentia aliviado deixando Santos. Mas todo o mundo se sentia aliviado deixando São Paulo.
Com Viña deveria ser mais ou menos isso.
(Sr. Gonzalo: Igual, exatamente.)
Você está vendo duas cidades distintas; uma dos bordos do Atlântico, outra dos bordos do Pacífico, portanto, em duas faces diferentes do continente, etc. Mas eu vou descrevendo o que eu vi…
(Sr. Gonzalo: Totalmente…)
Olha lá, totalmente. Vocês vêem o advérbio como é. Quer dizer, é e é a mais não poder de ser.
Eu creio que já contei a vocês, e nesse caso eu os dispenso de ouvirem, os primeiros banhos de mar que houve na Europa lançados pela duquesa de Berry, a nora do rei Carlos X da França. Não sei se já ouviram isso.
(Sr. Gonzalo: O senhor contou.
Não sei se interromperia… porque isso é uma coisa muitíssimo importante, mas há algo no que acontecia no senhor nisso tudo. […] Não sei se o senhor poderia descrever um pouco mais como aquilo repercutia no senhor para ir formando isso. […] Devia um pouco talvez…)
Não, porque eu estava apenas preparando o terreno para dar isto, mas posso tratar imediatamente.
(Sr. Gonzalo: Não, como o senhor queira.)
Posso tratar imediatamente.
* A inocência aliada à inconformidade contra a Revolução
Quer dizer, como é que eu me sentia diante disso?
Eu sentia que nativamente — eu não sabia que era graça batismal — mas nativamente, é como eu pensava, toda a minha alma era voltada para tudo quanto estava sendo deixado. E que, pelo contrário, tudo quanto para onde estava se entrando era uma coisa que era contrária a toda minha ordem boa e a todo meu interior bom que eu sentia que era muito bom.
Ainda há pouco eu estive no quarto de mamãe e estava vendo uma fotografia, que vocês já devem ter visto lá, de Rosée e minha quando éramos pequenos. Eu estava olhando e pensando: eu era um menino muito bonzinho, mas muito bonzinho, mas no qual se pode discernir a presença de tudo que eu estou falando.
Quer dizer tudo que eu estou dizendo aqui, embrionariamente estava presente lá. Não estava ali em estado de combate, mas estava num estado que se fosse mexer saía encrenca. E saiu. Mexeram, saiu encrenca. [vira a fita]
E então eu tinha a idéia de que era preciso fazer reverter todo o movimento da História.
Agora, como é que isso [se] formava no meu espírito?
Eu ia vendo essas oposições, ia vendo uma ordenação dentro dessas oposições, ia vendo a minha oposição a tudo isso e meu isolamento completo em relação a todo o mundo a respeito disso.
* Um isolamento que era um verdadeiro martírio
Então aceitar este isolamento e praticar de cada vez, enquanto todos estavam, por exemplo, descendo para Santos, eu estava no mesmo vagão — porque se ia para Santos de trem naquele tempo —pullman, uns vagões deliciosos, eu estava descendo com aquela folia toda, meio preso dentro do vagão como o pássaro dentro da gaiola. Mas fingindo de alegre, e amável, etc., porque tinha que ser.
Eu interiormente praticar um ato de análise e de censura e de repúdio a tudo quanto havia ali de ruim, e de adesão ao pouquinho que ainda havia de vivo e bom. Por exemplo, o Pullman. Pullman muito tradicional, muito antigo, bonito, etc. Então viva isto e aquilo que resta no pullman. E o horror à primeira classe, porque o pullman não era primeira classe, o pullman era uma super primeira classe que havia. Mas horror à primeira classe que era bem inferior. Então segunda classe nem havia, esses trens eram trens de luxo e nem havia.
* “De toda esta gente que vai se divertir, só um está vertendo sangue da alma dentro desse vagão”
Mas eu me lembro bem, por exemplo, uma noite — já era noite — descendo com toda a minha família de pullman para Santos. E vendo certas coisas se jogarem…
(…)
“… isolado, o mais infeliz de todo o mundo que está dentro desse vagão, porque eu tenho que guardar todas as aparências da felicidade, eu sou moço e o que se espera de mim é que eu seja alegre e que dê uma impressão que não estou fazendo guerra a tudo isso. Então tenho que estar alegre de uma alegria sadia, mas não pode ser a alegria deles. Eles sentem isso e fica uma coisa meio assim, mas afinal não sai uma guerra — eu queria evitar essa guerra.
“Mas de fato o esforço que eu tenho que fazer para rejeitar tudo isso, para analisar tudo isto, para sair daqui tão bom como era quando entrei, e com tudo em mim preservado, faz de mim um pobre infeliz. Eu sou o infeliz. De toda esta gente que vai se divertir, só um está vertendo sangue da alma dentro desse vagão. Este um sou eu que estou com 17, com 18 anos. Quer dizer, na flor da idade — naquele tempo era a flor da idade isso.
“Mas tenho que agüentar porque se não for isto eu tenho que aderir, e aderindo eu renuncio, no fundo, à Idade Média”.
Mas não sei se vocês percebem que havia um verdadeiro martírio dentro disso.
* Uma atmosfera de desabafo, onde tudo era um arrancar-se do antigo
Bem, voltando por um instante a Santos. Eu me lembro disso: que naquele casario com aquelas casas bangalôs aquilo tudo, havia pelo meio, uma igreja de capuchinhos dando diretamente para o mar, em falso gótico. Mas o falso gótico tem um pouco da beleza do gótico. No meio de tudo, quebrando aquilo tudo, uma igrejinha com um campanário muito alto, muito pontudo, ogivas e arrebentando com tudo. A gente tinha impressão que aquelas casinhas todas não viam aquilo e que aquela igreja no meio daquela cacarecada bangalô, era um pouquinho um símbolo do que eu era no meio daquela gente bangalô.
Chegava domingo, missa. Eu não tinha o hábito de comungar todos os dias. Eu comungava relativamente pouco. Mas ia à missa, não perdia nenhuma missa, graças a Deus. Mas ia então à missa do meio dia que era a missa elegante, porque não se podia ir a outra missa. Ficava esquisito, tinha-se que ir à missa elegante. E eu ia. Chegava lá, eu via o pessoal todo, momentaneamente entrando dentro do gótico, entrando dentro da missa. Quando chegava a hora dos coroinhas tocarem a sineta, todo o mundo se ajoelhando: “Sanctus, Sanctus, Sanctus! “ e aquilo tudo, batendo no peito, etc. Mas com os automóveis todos parados perto da Igreja. Porque o pessoal ia de automóvel. Quando era a debandada da missa, era a correria. Entravam devagar; saíam na correria para a praia que estava logo em frente. Para os automóveis, para fazerem um giro de automóvel pela praia antes do almoço, tomando vento, tomando o ar marítimo, e todos dando risada, e contentes, etc., à espera do almoço.
É uma atmosfera de desabafo e tudo, tudo, tudo era um arrancar-se do antigo.
(Sr. Gonzalo: E o senhor gostando muito do mar.)
Muito, enormemente.
(Sr. Gonzalo: Então é toda uma situação muito difícil.)
Eu precisava ter uma seriedade do outro mundo.
(Sr. Gonzalo: O senhor tomava o mar metafisicamente, mas não é o modo…)
* Uma atitude de salão dentro d’água, para ser fiel a si mesmo
Ah não. Mas tinha que tomar banho de mar com eles. E no mar, no banho de mar e na roda deles. Porque esse pessoal é todo muito gregário, você entra numa roda e fica meio pertencente àquele roda. E a roda é você.
Então, no mar, vários grupos, você tem que ir para a roda que pertence. E ali tem que conversar com eles, é tudo muito engraçado: “ahahahah!” etc.
Mas eu mantendo uma atmosfera de participação na alegria marítima, mas não permitindo nenhuma forma de liberdades que eles gostavam.
Por exemplo, um rapaz — não faziam isso entre rapazes e moças, havia mais educação ainda —, por exemplo, todos dentro d’água, passava outro, ele pegava uma espécie de punhado por assim dizer de água, e jogava na cara do outro. E o outro também pegava e fazia o mesmo. Começava uma luta simulada, que não era luta, era uma brincadeira. Mas eu não podia permitir que fizessem uma coisa assim comigo. Eu tinha que manter uma atitude de salão dentro d’água, para ser fiel a mim mesmo.
Bom, mas isso formava a vida de um peso como eu creio que dificilmente vocês podem imaginar.
(Sr. Gonzalo: É um martírio.)
É um martírio.
* Dois gêneros de isolamento
Agora, a coisa curiosa, eu não sei explicar isso, mas algumas vezes eu tive que descer para Santos por razão de saúde; eu tinha umas gripes e mamãe me mandava à casa de uma tia que morava em Santos porque o marido dela trabalhava em Santos, e morava num bangalô, mas muito confortável, e era fora da estação. Então Santos era habitado só pelos santistas. E os santistas muito mais apagados, muito menos seguros de si, etc., do que o paulista. Então aquilo tinha uma tristeza, e Santos ficava numa tristeza tal que eu tinha vontade de voltar para São Paulo. Era uma coisa… eu não sei como explicar essa tristeza de Santos.
(Sr. Gonzalo: Acho que todo balneário quando não é a época que a gente melhor vai, aquilo fica uma tristeza.)
Fica não é? Em Viña era isso?
(Sr. Gonzalo: Viña no inverno era meio tristonha.)
Não, não se vai lá, eu ia por razão de saúde.
(Sr. Paulo Henrique: O normal era que quando o senhor fosse num período que não fosse período de banhos, o senhor pudesse ter um pouco mais de condições de contemplar o mar, sem os estorvos daquele clima de festa…)
De oposição.
(Sr. Paulo Henrique: Por isso eu coloco a questão, porque o senhor disse que tinha vontade de voltar.)
Sim, porque aqueles lugares ficavam meio vazios…
(Sr. Gonzalo: Ficavam meio de segunda.)
Isso, de segunda. E [o que] eu sentia aí mais era o seguinte: o quanto eu estava isolado, porque no meio deles eu estava isolado contra uma onda. Agora, aí eu estava isolado dentro do zero.
Eu me lembro, por exemplo, o Parque Balneário tinha um bar muito bom, esse bar funcionava o ano inteiro. Eu estava em casa de minha tia, a dois passos do Parque Balneário, eu ia a pé e ia comer alguma coisa nesse bar. Mas como eu estava descansando, eu ia devagar e mandava vir alguma coisa, o barman servia muito devagar. Eu mandava preparar uns sanduíches de língua que vinham em lata, mas língua européia, deliciosa, não sei de que nação era, mas era uma delícia. Mandava preparar dois, três sanduíches de língua e um chope, por exemplo. Ficava sentado numa mesa. O bar muito bonito, muito agradável, inteiramente só. E o garçom olhando para mim, como quem dizia: “que esquisito esse rapaz estar aqui agora. Não é a hora dele, não é nada”. E eu ficava meio assim meio — para me lembrar do meu F. Antúnez —passer solitarius in tecto.
Esse é o desfecho da reunião que você estava pedindo.
(Sr. Gonzalo: Isso é propriamente o ato de virtude imenso que o senhor fez. […] Como é que o senhor ver que se possa dar uma restauração disso [em nossas almas], sem a qual nós não perseveramos e não cumprimos a vocação.)
* Em vista do Fundador, a Providência não permitiu que um núcleo de nossa alma fosse atingido pela Revolução
É claro.
Vocês dizem-me muito, cada um a respeito de si mesmo, coisas no estilo do que você está dizendo, e fazem muito bem, porque é verdade e convém que digam. Mas eu creio que vocês não percebem que no meio disso tudo ficou na cabeça de vocês, um núcleo, na alma, que a Providência não permitiu que fosse atingido, esse núcleo não é nada fácil de ser descrito. Mas é uma coisa que com um olhar assim eu percebo. E que contém potencialmente tudo que eu falei de bom.
O que é isso aí?
(Sr. Guerreiro: É na bomba de gasolina.)
Não é o nosso mundo.
Mas você veja o contraste entre essa roda e isso. Essa bomba de gasolina… São dois mundos!
(Cel. Poli: Opostos.)
Oposto.
Bom, mas afinal, vamos deixar de lado isso.
Cada um de vocês eu conheci na aurora do próprio thau e posso dizer que não teria querido aceitá-los na TFP se não fosse perceber esse núcleo que existe. Porque é propriamente o desdobrar-se desse núcleo que constitui a essência do progresso. Mas a questão é que quando eu os conheci, em cada um isso estava muito já, vamos dizer fechando, se franzindo. Embora houvesse por alguns lados coisas boas. E depois o núcleo era bom. Mas percebia-se que se vocês naquela ocasião…
* A recusa ao convite da Providência de conhecermos inteiramente ao Fundador, fez com que o núcleo bom de nossa alma ficasse com uma possibilidade de crescimento limitada
Vocês naquela ocasião tiveram o convite da Providência para me conhecerem inteiramente, mas recusaram. E nesta recusa o núcleo continua existir, não diminuiu, mas ficou com possibilidade de crescimento limitada. E tratar-se-ia de voltar àquele ponto. E eu pensava nisto — eu pensei em várias coisas quando eu ditei a Oração da Restauração — mas eu pensava sobretudo nesse núcleo em relação a cada um. Em cada um eu me lembro bem como era esse núcleo. Mas como ao longo desses anos algo nesse núcleo foi crescendo, mas algo continuou a ir murchando. De maneira que estamos na situação que estamos agora.
(Sr. Gonzalo: É tremendamente aflitivo.)
Muito. Você tem razão, é terrivelmente aflitivo.
(Sr. Gonzalo: A vida espiritual é alimentar isso.)
Agora, a questão é a seguinte: é vocês recitarem com empenho a Oração da Restauração pedindo que Nossa Senhora faça isso. Compreender que isto aí é um Opus Mariae, tem que ser uma coisa feita por Nossa Senhora. O Grand-Retour é isso.
(Cel. Poli: Temos uma medianeira muito adequada para isso.)
Muito adequada.
Mas meus caros, eu infelizmente preciso saber da hora; que horas são?
(Sr. Paulo Henrique: Três e vinte cinco, senhor.)
Oooh!
(Sr. Gonzalo: Só o senhor tratar disso, a gente sente algo do revigoramento disso.)
Sim, é.
(Sr. Gonzalo: Quando o senhor trata, a gente sente que um encanto nesse núcleo volta.)
É sim, mas tem que voltar muito mais.
(Sr. Gonzalo: Mas é um caminho.)
* Uma atitude que representaria a ruína espiritual dos membros do Grupo
Ah, é um caminho. É um caminho e de tal maneira que se vocês, por exemplo, viessem aqui dizer: “Doutor Plinio, nós lamentamos, mas temos que dizer que essa é a última reunião, porque estivemos conversando entre nós, e achamos que mais vale a pena dissolver esse nosso grupo”.
(Cel. Poli: “Mais vale a pena fazer uma adoração ao Santíssimo nessa hora”.)
É, por exemplo. “Mais vale a pena, tem outríssima expressão, o senhor é um homem orgulhoso, ruim, e eu vejo que o senhor não acha isto, mas nós sabemos que nada é comparável com o Santíssimo, como disse tal Santo…”
E depois, de fato, nada é comparável.
(Sr. Gonzalo: Não tem discussão, ou entendeu ou não adianta.)
É isso.
Então, se vocês fizessem isso, vocês baixavam imediatamente não sei para que ponto.
(Sr. P. Roberto: Para Santos vazia.)
Para Santos vazia. Para uma coisa desse gênero.
Meu filhos, eu infelizmente tenho que ir descansar…
(Sr. Gonzalo: Se o senhor pudesse pedir agora à noite que nos traga o “Grand-Retour”…)
É o caso, é claro. Vamos rezar já.
Há momentos…
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