Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
10/7/93 – Sábado – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 10/7/93 — Sábado
A TFP poderia ser comparada a um arquipélago com vegetação podre em cada ilha e posta num mar espumante, e o que nós precisamos, propriamente, é de um pentecostes interno * Se Nossa Senhora observasse certas leis conosco, há muito tempo a TFP estaria desfeita * Enquanto a pessoa não recusa o Thau, Nossa Senhora mantém um nexo que A impede de o jogar fora, exceto em certos casos em que o indivíduo leva a coisa tão longe, que aí acabou * “Todo mundo me odeia, e se não fosse genericamente a TFP, eu não teria interlocutores” * “Eu lhes quero bem porque encontro em vocês, vamos dizer que seja um farrapo, de um tecido de ouro de preço inapreciável” * Globalmente falando, as nações da Europa são amadas por Nossa Senhora como Ela ama a TFP
(Sr. Gonzalo: [Faz uma introdução à pergunta descrevendo o caso de Ester com Assuero narrado nas Sagradas Escrituras.]
(Sr. Gonzalo: Ninguém podia entrar na tenda de Assuero a certas horas, mesmo a rainha. Era morto quem entrasse. Mas Ester entrou na tenda e disse a Assuero: “Senhor, eu sei que eu posso ser morta por vós porque eu estou entrando numa hora que não se entra aqui, mas eu venho implorar pelo povo judeu”.
E que o rei disse: “Para vós não há lei”.
E o senhor disse que isso se aplicava muito para a TFP. Então nós conversamos sobre a Senhora Dona Lucilia e estávamos pensando o seguinte: que ela tem muita entrada na tenda do senhor…)
Na minha? Ahahahah!
(Sr. Gonzalo: Ela tem todas as entradas…)
Não, ela é dona da tenda. Ahahahah!
(Sr. Gonzalo: Eu não sei quem era Assuero, de maneira que não posso dizer que o senhor…)
Era rei dos persas.
(Sr. Gonzalo: É um fato muito eloqüente. Ela fazendo um pedido, para ela não tem lei. […] O senhor não poderia tratar um pouquinho dela nessa perspectiva, dela rompendo as leis da misericórdia nesse mar de nervosismo, infestações, etc., e como agarrando-nos a ela, ela nos leva ao senhor e se pode passar por cima dessa história? Não sei se está claro o pedido.)
Está muito claro. Está perfeitamente claro.
* “Eu acho que dos títulos de Nossa Senhora, um dos mais alentadores para nós, é Ela ser Onipotência Suplicante”
Quer dizer o seguinte, as leis de que se trata aí são regras de procedimento razoáveis, normais, etc., etc., mas não são regras que se impõem, absolutamente, como leis imperativas. De maneira que Nossa Senhora tem liberdade de passar sobre essas leis quando Ela quiser. Por que?
Porque Ela é a Onipotência Suplicante. Eu acho que dos títulos de Nossa Senhora, um dos mais alentadores para nós é Ela ser Onipotência Suplicante, quer dizer, Ela pode tudo, daí vem onipotência. Agora, suplicante por que?
Porque a súplica que Ela faz é onipotente. E como Ela, pela súplica, é onipotente, Ela está por cima de tudo. Ela só não está por cima da diferença entre o bem e o mal. Isso não. O resto é totalmente assim pelo imensíssimo que Ela foi unida a Nosso Senhor e com o que os dois se amaram e se amam no Céu.
* Se Nossa Senhora observasse certas leis conosco, há muito tempo a TFP estaria desfeita
E isso redunda em resultado para nós, e evidentemente dentro da TFP. Quer dizer o seguinte, se Nossa Senhora observar certas leis conosco, há muito tempo a TFP estava desfeita. A TFP vive do fato de Nossa Senhora resolver:
“Está bom, eles merecem serem esmagados, merecem não ser tomados em nenhuma consideração, mas eu quero fazer assim.”
Agora, por que é que isso é a vitória sobre o demônio?
Porque o demônio chegou a triunfar dentro do caminho das leis. Quer dizer, se as leis fossem seguidas ele triunfaria. Mas ele só não triunfa porque ele faz um trabalho medonho para triunfar dentro do caminho das leis… Ela toca uma resistência contra ele e ele triunfa. E ele pensa que então agora triunfou. Ela vai e diz:
— “Olha aqui, não vale! Não ficou valendo.”
— “Mas como!? Onde é que se viu uma coisa dessa?”
— “Não está valendo, cale a boca!” E está acabado. “E agora vá embora.”
E ele é obrigado a obedecer absolutamente ao que Ela mandar. E ele vai embora.
(Sr. Gonzalo: […] Essa misericórdia que teria para todos os homens Ela tem a título especial para a Contra-Revolução, etc., etc., não é para qualquer um.)
Não, não, eu ia dizer exatamente isso daqui a pouco.
* Enquanto a pessoa não recusa o Thau, Nossa Senhora mantém um nexo que A impede de o jogar fora, exceto em certos casos em que o indivíduo leva a coisa tão longe, que aí acabou
É que isso é de tal maneira arbitrário que daria, no fundo, numa desordem se fosse regra geral ou se fosse uma coisa freqüente. Só pode ser uma coisa muito rara, porque do contrário daria num…. seria uma convulsão. E só não é uma convulsão, porque para uns poucos a quem Ela deu o thau, enquanto eles não recusaram o thau, Ela mantém um nexo, uma ligação que impede de Ela o jogar fora. Ela mantém por causa disso. Ela dá o thau e porque dá o thau Ela resolve conservar o indivíduo contra toda eira ou beira. Exceto em certos casos em que o indivíduo leva a coisa tão longe que aí a coisa acabou. E aí também acabou, acabou.
(Sr. Gonzalo: Acabou como nunca acabou, não é?)
Exatamente. Aí pode acontecer.
Mas eu já tenho visto pessoas se aproximarem de um desfecho terrível do modo mais impressionante, raspar no desfecho e saírem ilesos, porque Ela, por um desejo d’Ela, declarou: “Este aqui eu conservo. Eu conservo, eu mantenho e está acabado”.
Às vezes você vê o indivíduo, até certo ponto, pecar contra o próprio thau levado pelos desvarios que nós todos conhecemos, ele peca contra o próprio thau. Mas Nossa Senhora ainda leva a misericórdia até esse ponto. Ela diz: “Você pecou contra o thau, agora eu vou perdoar esse pecado contra o thau e vou conservar o thau. Em vez de tirar, eu vou conservar o thau. Mas eu não permito, etc., etc.”.
Um exemplo disso é o índio Coromoto. Até onde Ela levou a misericórdia com ele, é uma coisa inimaginável! Mas levou! O resultado: o Coromoto salvou-se.
* Globalmente falando, as nações da Europa são amadas por Nossa Senhora como Ela ama a TFP
Agora, isso são certas almas para quem Ela faz isto.
E exatamente a minha esperança nesse livro na Europa — livro da Nobreza — é que, globalmente falando, as nações da Europa são como que uma TFP, são amadas como Nossa Senhora ama a TFP. Apesar delas fazerem [de] tudo, essas nações da Europa são amadas por Ela. E me parece notar que apesar das piores coisas ainda existem uns restos de sementes, uns restos de coisas assim que Nossa Senhora conserva para na última hora fazer vencer.
(Sr. Gonzalo: Isso Ela faz assim porque o senhor espera. Porque se o senhor desesperasse de uma alma, a alma está perdida na hora. O senhor espera, espera, trabalhou pelas nações, e isso tem que mover a Nossa Senhora.)
Você veja por exemplo, aqui entre nós, não vou falar… (…)
(Sr. F. Antúnez: …. quase que absurda.E na nossa vida quotidiana, etc., etc., infidelidades para com o senhor… também há uma misericórdia sem regras. Agora, isso deve ter alguma razão de ser, alguma base, algum fundamento em algo.)
* “Todo mundo me odeia, e se não fosse genericamente a TFP, eu não teria interlocutores”
Para lhe dizer a coisa bem direita é o seguinte, todo mundo me odeia, e nisso há um pecado. E há um determinado pecado que constitui uma espécie de câncer, um quisto, a partir do qual as outras coisas se irradiam. Aqueles que estando comigo me amam, praticam essa virtude oposta. [inaudível]. E põem nisso uma fidelidade que Nossa Senhora ama muito. Porque é isso.
Você pega, por exemplo, essa roda aqui, se não fosse essa roda — se [não?] fosse genericamente a TFP — mas essa roda aqui, por exemplo, eu não teria interlocutores em São Paulo. Porque não adianta vir com história de dizer que eu converso bem, que isso, que aquilo, porque eles não querem saber disto, eles querem a imoralidade, eles querem o demônio, e não encontrando isso eles não amam.
(Sr. F. Antúnez: A roda em si, é uma roda de molambos, de farrapos de gente, etc., etc., e o senhor ainda se deita sobre isso…)
Sim, porque um farrapo vivo de gente, é gente. Não tem conversa.
Você veja por exemplo, esse [casal?] que eu falava há pouco. É uma coisa tão frágil que por um triz não vira farrapo. Mas a que altura estão?
(Sr. P. Roberto: Esse fundamento em [regras?] não é o que o senhor tem por nós também? Não de nós em relação ao senhor, mas o senhor nos sustentando. Como aquela frase de Nosso Senhor: “Não fostes vós que me escolheste, mas eu que vos escolhi”.)
Sim.
(Sr. P. Roberto: Se não fosse o senhor nos querer bem, nós nos dispersaríamos.)
* “Eu lhes quero bem porque encontro em vocês, vamos dizer que seja um farrapo, de um tecido de ouro de preço inapreciável”
Sim, mas por que é que eu lhes quero bem? Porque encontro em vocês, vamos dizer que seja um farrapo, de um tecido de ouro de preço inapreciável.
(Sr. Gonzalo: Que por sua vez vem do senhor. É uma coisa muito misteriosa.)
No fundo está Nossa Senhora, não é?. No fundo está Nossa Senhora.
(Sr. Gonzalo: E como isso dá esperança. Cultivar isso, conversar sobre isso, tratar com o senhor assim, como dá ânimo!, e como não havendo isso a vida fica muito amarga.)
Muito amarga!
(Sr. Paulo Henrique: Não teria nem sentido, senhor, seria uma anti-axiologia que nós viveríamos, e não sei se suportaríamos a vida.)
Eu também não sei se suportariam. Eu sei dizer que para mim seria uma vida de uma tristeza tal que tudo que eu suporto é menor do que seria isto.
(Sr. Guerreiro: Há uns seis meses eu estava acompanhado a minha FMR e encontrei em Curitiba um fulano que foi meu amigo, que é direitista, colaborador da TFP, dá um muito bom donativo. Relativamente aos que dão donativo, ele dá um bom donativo. Ele ficou rico, muito rico, eles têm hoje uma empresa que vendem por ano mais de cem milhões de dólares. E de repente ele veio assim, eu vi o tipo alto, forte. Não é fino. Mas um homem que está nessa situação. Ele e o irmão é que tocam a empresa. Mas eu olhei para ele, ele bem disposto, mas eu vi: “Esse fulano é uma besta quadrada — pensei comigo — porque a vida dele está resumida na empresa, na família, e nuns restos de simpatia por nós. Não quis entrar na TFP.” Então vendo aquilo eu pensava comigo o seguinte: “Em que desgraça ele está e em que alegria eu estou.”)
Pois é!
(Sr. Guerreiro: Porque aquele homem está numa desgraça. Ele e o irmão têm cem milhões de dólares que vendem por ano, mas no olhar dele eu via quais eram os horizontes que ele tinha da vida e que é, provavelmente, um farrapo de [inaudível])
É isso.
(Sr. Guerreiro: Quer dizer, farrapo por farrapo…)
Aí é que está.
(Sr. Guerreiro: É melhor sermos farrapos no céu…)
Oóóóh! Que diferença!
(Sr. Guerreiro: E depois quem é que não virou esses farrapos aí fora.)
Aí é que está. Não pode deixar de ser que tenha que haver uma amargura, decepção, desilusão, tudo, de todo jeito.
(Dr. Edwaldo: Daí a eutanásia moral.)
É, eutanásia moral.
Está bem, mexemos nisso quanto quisermos, resta de pé que, do lado moral, mesmo nós temos um bastião ou uma torre que está de pé no meio do bombardeio.
(Sr. Gonzalo: […] O senhor não vê, realmente, uma ação da Senhora Dona Lucilia especial em fortificar esse resto de fio de ouro que fica em nossas almas? […] Tudo indicaria que isso deveria fortificar-se mais…)
Muito mais.
(Sr. Gonzalo: […] O senhor não vê no horizonte, como o senhor está vendo nos povos da Europa, alguma ação dela nas almas? Como seria esse operar?)
* A TFP poderia ser comparada a um arquipélago com vegetação podre em cada ilha e posta num mar espumante, e o que nós precisamos, propriamente, é de um pentecostes interno
Quer dizer, eu tenho muita dificuldade nisso, porque o que você nota na TFP é o seguinte: que ela poderia ser comparada a um arquipélago com vegetação podre em cada ilha e posta num mar espumante, etc., de maneira que é o auge da coisa desordenada. E que nós seríamos levados a pensar o seguinte:
“Esta bom, mas nessas almas existe tal lado bom e esse lado bom pode processivamente melhorar de tal lado assim. E se, portanto, se der esse processo nós temos que a batalha está ganha.”
E não me parece que isso seja provável, me parece que é uma coisa assim tipo do caminho de Damasco: conversões súbitas, até espantosas, em que as pessoas viram inteiramente. E uma espécie de pentecostes interna. Do que nós precisamos, propriamente, é de um pentecostes interno. Aí a coisa vai.
Agora, quando virá? Quando será? Pode ser amanhã, eu não tenho idéia.
(Sr. Gonzalo: O fato é que cultivar essa certeza dessa misericórdia…)
Ah, isso é capital.
(Sr. Gonzalo: De fato nós não temos nenhuma condição de viver pela via normal.)
Não. Não tem.
(Sr. Gonzalo: E viver dessa esperança. Por exemplo, os povos. Por exemplo, para Portugal, saber que o senhor tem essa esperança, se Portugal pudesse falar ou pensar, teria uma alegria extraordinária no noite de hoje.)
Isso, exatamente.
(Sr. Gonzalo: E isso se trata de fazer entre nós.)
Exatamente, é isso. E às vezes com altos e baixos inesperáveis.
(Sr. Paulo Henrique: Desde quando o conhecemos, algo na nossa alma, pelo fato de Nossa Senhora nos ter dado o thau, isso ficou marcado. Porque uma vez que nós o conhecemos — é uma coisa geral nos membros do Grupo — essa esperança de que esse novo pentecostes viria.)
Foi.
(Sr. Paulo Henrique: Caso contrário eu tenho impressão de que nós não perseveraríamos e não teríamos esse vínculo com o senhor.)
Não.
(Sr. Paulo Henrique: Uma vez que isso já existe num homem, e como que fomos chamados a ser um com ele, nesse sentido essa esperança do Grand-Retour, graças a Nossa Senhora se mantém em nossa alma.)
Exatamente.
(Sr. Paulo Henrique: É o que nos faz estar aqui.)
Sim.
(Sr. Paulo Henrique: Porque caso contrário nós teríamos desgarrado disso por…)
Não se sabe o quê, qualquer bagatela. E a bagatela mais ordinária seria aquela que mais nos levaria a nos entregarmos. É uma coisa impressionante.
Meus caros, eu estou muito cansado.
(Sr. Paulo Henrique: Foi muito preciosa a reunião.)
(Sr. Gonzalo: Foi extraordinária.)
Vocês não podem fazer idéia de como eu estou cansado.
(Cel. Poli: Reunião super abençoada.)
Graças a Nossa Senhora.
Vamos rezar, meus filhos.
Há momentos minha Mãe…
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