Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
3/7/93 – Sábado – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 3/7/93 — Sábado
O processo satânico da miragem da felicidade para a miragem da desgraça * O demônio faz da razão um elemento para ver o erro, com o intuito de levar as criaturas à adoração dele * Pressões nervosas, apreensões, sustos, esperanças imoderadas levam o homem à uma situação mórbida, próxima da gagueira que o prepara para a aparição do demônio * A única solução é a confiança na Providência * A vida normal, como eu a conheci outrora, deixou completamente de existir * Em certo momento, aparece uma tal sobrecarga de desgraças capitaneando tudo, que se tem a impressão de que uma força maléfica, una, executa um plano malfazejo para esmagar a todos * Definhando o “verum” e o “bonum”, o “pulchrum” tem que acabar morrendo, e diante da ausência do “pulchrum” o demônio é natural * Desde a sua mocidade o Senhor Doutor Plinio tinha a convicção interior de que era nobre devido à superioridade natural em relação aos outros
* Cumprimentos
(…)
… foi a tal ponto que eu olhei para você, não estava lembrado das coisas — olhei agora aqui: que coisa curiosa, o que é que se passou com ele que está diferente? Para melhor. Para melhor.
(Sr. Guerreiro: σtimo. Eu me sinto mais leve. Uma coisa discreta, não é nada assim…)
Não abandone a receita.
(Sr. Guerreiro: A receita é do senhor. Agradeço imensamente ao senhor.)
Nossa Senhora o ajude, meu filho.
Já falei com você, não é meu filho?
Meu Horácio!, é melhor não chegar perto meu filho.
Vamos rezar três Ave Marias…
Ave Maria…
Benedictio…
Há tempo não estamos assim au grand complet com o nosso Edwaldo e todos.
(Sr. P. Roberto: Ele estava lembrando que desde fevereiro ele saiu.)
Coisa boa! Que vidão, hein! Ahahahah!
(Sr. Gonzalo: Fazem falta as reuniões semanais. Se sabe que não pode fazer MNF, mas que faz falta, faz falta.)
Ah faz, isso eu sou o primeiro a sentir.
Temos que… Nossa Senhora nos pede que ofereçamos esse sacrifício a Ela. Não tem remédio.
(Sr. Guerreiro: Eu falei do pe. Gervásio que realmente esteve lá, mas eu tinha pedido ao senhor certas graças, e o senhor tomou certas iniciativas, que eu quero agradecer especialmente ao senhor, porque se não fossem elas, percebo que esses benefícios não teriam vindo.)
Meu filho, eu quero crer.
* Anúncios fúnebres de “La Nación”
Então, qual é o tema?
(Cel. Poli: Tem três assuntos, senhor.)
Quais são.
(Cel. Poli: O senhor mandou trazer para a Conversa de Sábado à Noite uma folha do “La Nación” com avisos fúnebres. E tem alguns anúncios muito interessantes. São duas personalidades que morreram.)
Para o Horácio é inteiramente habituais…
(Cel. Poli: Um é Natali de Montalamber, e outro é a senhora [inaudível]. Não sei como o senhor quer que faz.)
É isso, mas é outra coisa também. São os nomes das pessoas…
(Sr. Gonzalo: São os empregados da fazenda…)
Exatamente, as entidades que mandam rezar missa de sétimo dia. Leia um pouquinho.
(Cel. Poli: De Montalamber, Natali. QED (Que em paz descanse). Faleceu em 30/5 em [inaudível] França. Diego Amaral, Pilar [inaudível] do Amaral, [inaudível] participe do falecimento e ruegan uña oración en su memoria. [Lê uma série de nomes inaudíveis.])
É bonito a gente vê quantas pessoas pedem oficialmente, manda rezar missa e convidam, etc., como se fossem outras tantas famílias daquele que morreu, e que formam assim uma espécie conglomerado de “famílias” em volta de uma pessoa. Dá uma certa idéia de grupos corporativos antigos, uma coisa assim.
(Sr. Gonzalo: Tem uma muito bonita: “O pessoal de São Jacinto”. São Jacinto era a fazenda dele. Então devem ser todos inquilinos, todos colonos, todos administradores. Isso é muito bonito, porque é uma coisa meio feudal.)
Muito bonito.
(Cel. Poli: [Continua a leitura dos nomes entre os quais nomes de nobres]
Isso é [inaudível] napoleônica.
(Cel. Poli: [Continua a leitura dos nomes] São Jacinto, SAAG…)
(Sr. Gonzalo: São Jacinto é a fazenda dele.)
Mas diz-se só São Jacinto e já se entende que é a fazenda?
(Sr. Gonzalo: São Jacinto, S.A.)
Sei.
(Cel. Poli: [Continua a leitura])
(Sr. Gonzalo: Essas são algumas que o senhor viu naquele álbum da fazendas argentinas.)
Exatamente.
(Cel. Poli: “Os amigos do seu filho, Pierre, Joaquim, [inaudível] e senhora, tal, tal…)
Os amigos do filho?! Formam outro grupo que também mandam celebrar missa.
(Cel. Poli: [Continua a leitura.] Su consuegro Filipe La Rivière, [inaudível])
Horácio, o que é “consuegro”?
(Sr. Gonzalo: É irmão do sogro eu creio.)
(Sr. Horácio B.: Por exemplo, o pai do marido é consuegro do pai da mulher.)
Sim é. Mas isso é considerado um parentesco lá?
(Sr. Horácio B.: Não, não.)
É uma relação apenas.
(Sr. P. Roberto: Como concunhado.)
Mas o concunhado aqui no Brasil, é considerado um parente. Mas lá o “consuegro” eles não consideram parente. É uma relação.
(Cel. Poli: Sobre o Montalember tem 22 anúncios.)
É, mas é muito bonito tudo isso.
(Sr. P. Roberto: Aqui no Brasil não chega a esse número de modo nenhum.)
Nunca, nunca, nunca. Aqui no Brasil, o que eu conheço; morre um sujeito, a mulher dele e os filhos, os pais, os irmãos mandam celebrar, mas todos juntos uma mesma missa. E acabou-se.
(Sr. Guerreiro: Quando é empresa aparece mais.)
Aqui quando é empresa aparece mais, e aí podem várias empresas, cada uma por sua conta, mandar celebrar uma missa e publicar no jornal também uma missa. Mas grupos de amigos, amigos de filhos, etc., nem passa pela cabeça.
(Sr. Paulo Henrique: No caso aqui de empresa é por interesse. Na verdade não há esse enfeudamento familiar. A relação aí é comercial.)
É, é isso.
(Cel. Poli: Tem 16 anúncios da duquesa.)
Agora, o que é muitíssimo bonito também, são os nomes. Quer dizer, duque de [Ligne?], duque de Chevreusse… são nomes históricos que remontam… duque de Chaunni, por exemplo são nomes que se encontram em Saint-Simon correntemente, é farelo de todo dia.
(Cel. Poli: Luart também?)
Não, isso é menos conhecido. Luart? Como é que escreve?
(Cel. Poli: Luart. Condessa de Luart de Montalamber.)
Quer dizer, vê-se que é uma família nobre, mas não é uma grande família como Chevreusse, nem de longe.
(Sr. Gonzalo: Tem umas famílias alemãs também.)
Me pareceu ouvir uma consonância… Bem, é só para verem um pouquinho…. Aliás, para o Êremo do Vínculo Profético amanhã à noite vale a pena levar também.
* Se a nobreza do Senhor Doutor Plinio provém somente do fato de ser Cavaleiro da Grã-Cruz da Ordem Constantiniana
Depois, o que mais tem?
(Sr. Guerreiro: Tem um assunto que o sr. Horácio preparou…)
Diga, meu Horácio.
(Sr. Horácio B.: Eu preparei isso, porque como essa semana foram entregadas as comendas para o senhor, há pessoas que podem achar que o senhor pelo fato de receber essa comenda, como que o senhor é um novo nobre…)
(Sr. Gonzalo: Nobilitado pelas tretas do sr. João Clá.)
Ahahahah!
(Sr. Horácio B.: Mesmo o senhor disse que a comenda confere nobreza. Agora, me disseram que não, que isso não confere nobreza, senão que reconhece nobreza, que é outra coisa.)
Há comendas que confere a nobreza a quem não é nobre.
(Sr. Horácio B.: Mas no caso do senhor, reconhece a nobreza que o senhor tem.)
O que tem é o seguinte: é que não sendo a condição de nobre oficial no Brasil, não se pode exigir que uma Ordem reconheça à gente a condição de nobre. Mas a gente não deve dizer que é nobre porque tem a comenda, esse é o grande erro. Que constitui um novo nobre. Isso é horrível. Essa comenda tem o erro de conferir a condição de nobre.
Aliás, eu tenho aqui o documento, você pediu ao Amadeu ou não?
(Cel. Poli: Tem aqui as comendas.)
Mas um canudo com o documento dentro, não tem?
(Sr. Gonzalo: Foi lido no Santo do Dia.)
Eu não tive tempo de verificar…
(Sr. Gonzalo: Foi.)
Não, isso, eu tenho certeza que foi lido, mas eu julguei que entre o que eu tinha lido e que eu tenho aqui em casa e o Santo do Dia que foi lido, há umas pequenas diferenças de expressão — você podia bater e pedir ao Amadeu — que diz exatamente, ou eu estou muito enganado, ou diz exatamente [inaudível] que eu posso passar a considerar-me nobre. O que eu considero da parte da Ordem Constantiniana um desaforo. Porque eles não sabem se eu sou ou não sou nobre. Mas vai ver que é um sistema italiano tradicional para dar a comenda a pessoas que ao mesmo tempo eles querem elevar à nobreza. É possível isso.
(Sr. Gonzalo: Podia acontecer isso teoricamente.)
Podia acontecer.
(Sr. Gonzalo: Não era nobre, mas passou a ser nobre porque foi reconhecido por uma Ordem Militar.)
Isso é.
(Sr. Guerreiro: […] Pelo trabalho do sr. Horácio a gente vê quais são as origens do sr.)
Não tem dúvida, e eu acho que isso tem muito mais valor do que a comenda.
(Sr. Guerreiro: Isto de si é muito mais importante para a História e para nós do que a própria comenda.)
Em princípio é sempre mais importante o nobre nascido da natureza e da ordem natural das coisas do que o nobre nascido de decreto, ainda que seja decreto real.
(Sr. Horácio B.: A nobreza do senhor transcende enormemente àquela de sangue como aquela conferida…)
(Sr. Gonzalo: Tinha muita gente que achava que o Santo do Dia de sexta foi muito bom para o senhor porque o senhor tinha recebido esse título. Mas de fato o grande dia não foi para o senhor, mas foi para a Ordem.)
Ahahahahah!
* “É desaforo da Ordem de dizer que me conferia título de nobreza, porque tinha obrigação de perguntar bem direito quem eu era antes de me conferir o título”
O Eça de Queiroz tem um trecho muito interessante de um nobre meio decaído que morava numa torre, etc., e que — é mais ou menos assim o caso — fizeram muita pressão para ele se candidatar a deputado. E ele achou que não tinha prestígio eleitoral para isso, etc., mas afinal de contas candidatou-se e foi eleito com uma maioria esmagadora por causa do prestígio dele como senhor da torre de tal. E que ele teve surpresa na noite do dia em que chegou a ele notícia de que ele estava eleito deputado, começaram a ver em todas as montanhas vizinhas dos vilarejos iluminação pública que era a população do lugar, feudal ainda, ligadas a eles por vínculos afetivos de origem feudal que se regozijavam porque o senhor feudal…
E depois chegou então uma notícia que o rei contente com a vitória dele, mandava oferecer a ele o título de conde de não sei o quê. E ele ficou indignado, e disse: “quem é o rei para me dar um título? Então também eu dou um título para ele, porque a minha família tomou conta deste lugar aqui antes da família dele ser de reis de Portugal”. E sai uma descompostura muito bonita.
No caso, eu falei que é desaforo da Ordem de dizer que me conferia título de nobreza porque tinha obrigação de perguntar bem direito quem eu era antes de me conferir o título. Aí é que está.
Mas leia um pouco?
Paulo Roberto, leia um pouquinho.
(Sr. P. Roberto: Eu tinha traduzido.)
É um latim facílimo, aliás.
“Fernando de Bourbon, duque de Castro, pela Graça de Deus e por direito hereditário, Grão-mestre segundo a regra de São Basílio, da Ordem de Cavalaria e da Ínclita religião militar Constantiniana de São Jorge, nós, Grão-mestre, pelo supremo direito que possuímos, o qual recebemos de nossos predecessores e que exercemos desde os mais antigos tempos com o consentimento e o reconhecimento dos povos, e sobretudo o estabelecimento e a confirmação perpétua da autoridade dos Sumos Pontífices e da Igreja Romana, a Vós, Nobre Plinio Corrêa de Oliveira…
(Sr. P. Roberto: Ele chama o senhor de nobre aqui.)
Porque já era membro da Ordem. Há uns vinte ou trinta anos que eu sou membro da Ordem, de um grau menos elevado.
(Sr. P. Roberto: Aqui eles dizem que o senhor é nobre.)
Nobre Plinio Corrêa de Oliveira mediante este diploma sábia e prudentemente nomeamos e declaramos Cavaleiro da Grã-Cruz da Graça da nossa Ínclita e Sagrada Ordem Militar Constantiniana de São Jorge, segundo a regra de São Basílio, com todos os direitos, honras e deveres atinentes à referida Ordem Militar.
(Sr. P. Roberto: Aqui é meio difícil porque o verbo fica lá no fim.)
É, latim tem isso.
(Sr. P. Roberto: Mas pelo que estou entendendo, ele já reconhece o senhor como nobre e dá ao senhor o título da Grã-Cruz.)
Leia aí um pouquinho em latim, quem sabe se a quatro mãos fazemos a tradução.
Nobre Plinio Corrêa de Oliveira mediante este diploma sábia e prudentemente nomeamos e declaramos Cavaleiro da Grã-Cruz da Graça da nossa Ínclita e Sagrada Ordem Militar Constantiniana de São Jorge, segundo a regra de São Basílio, com todos os direitos, honras e deveres atinentes à referida Ordem Militar.
Com a obrigação e sob a condição, entretanto, de que só podereis usar a cruz e portar as outras insígnias se diante de nós ou diante de outros por nós expressamente delegado para isso, emitirdes a profissão regular de fé estabelecida pela Santa Romana Igreja.
(Sr. P. Roberto: O senhor quer que continue?)
Termine já de uma vez. Tem muita coisa?
(Sr. P. Roberto: Tem um pouquinho.)
“Assim mandamos e prescrevemos a todos e a cada um dos cavaleiros de nossa Ordem que vos reconheçam exatamente como nesse diploma vos declaramos. E para que por todos seja considerado como inteiramente fidedigno, mandamos expedir esse diploma o qual reconhecido por nós e pelo respeitadíssimo e excelentíssimo grão-chanceler de nossa Ordem, e munido com o nosso selo, mandamos declarar.
“Nápoles, 11 de abril de 1993.
Fernando, Grão-Mestre.”
Isso é uma coisa de chancelaria.
(Sr. P. Roberto: Aí vem assinado pelo…)
Mas é só um decreto desse que tem, ou tem mais?
(Cel. Poli: O canudo só tinha esse.)
Só tinha esse.
(Sr. Paulo Henrique: Isso veio acompanhado de uma carta, creio que do De Mattei ou do Coda Nunziante que davam umas tantas explicações que já foi lida aqui.)
(Sr. Horácio B.: Eu entraria rapidamente na leitura, porque tem outro tema a reunião hoje.)
* Traços genealógicos do Senhor Doutor Plinio
Mas diga então, meu filho.
(Sr. Horácio B.: Do lado paterno do senhor, a família mais nobre da qual o senhor descende e que temos conhecimento, é evidentemente a família Rego Barros. O primeiro que veio aqui foi Luis do Rego Barreto. O sogro dele era também de família nobre, era Arnaldo de Holanda, filho de um barão alemão chamado Henrique de [Raiburgo?] que consta ser parente próximo do imperador Carlos V da Alemanha.)
Oh!
(Sr. Horácio B.: Evidentemente, tem que ser pelo lado Habsburgo, não vai ser pelo lado da mãe que era de família espanhola. Mas temos que averiguar por quem é parente próximo.
O senhor sabe que a nobreza da família de [Serra de Menezes?] descendem diretamente dos condes de Altamira e que tem toda uma nobreza provada. Descendem também dos Albuquerques.
Pelo lado materno tem uma muito boa quantidade de nobres do qual o senhor descende. Eu dividi em três tipos de nobreza. Um é a nobreza propriamente dita, com provas irrefutáveis e atestados de tabeliães da nobreza. O primeiro de todos é o Baltazar de Morais de Antas que nós vimos na reunião anterior a genealogia dele que chega até Carlos Magno. Tem outro que é Antônio Rodrigues de Alvarenga. Não sei se o senhor acha que tem sonoridade…)
Alvarenga eu não gosto muito não. Depende muito aí de gosto pessoal.
(Sr. Horácio B.: Na Câmara municipal de São Paulo, consta nos autos que provam a sua nobreza. Pedro Leme provem de antiga e nobre famílias dos Lemes de Flandres. O capitão Sebastião de Freitas era cavaleiro fidalgo da Casa Real portuguesa. Henrique da Cunha pertencia à ilustre casa dos Cunhas aos quais procede em linha reta masculina do rei D. [Suela?] II, rei de León, Astúrias e Galícia. Se se confirma isso, por esse lado também se chegaria a Carlos Magno.
Jorge Moreira, de conhecida nobreza, foi capitão-mor de São Paulo. Capitão Sebastião da Fonseca e Pinto, também de qualificada nobreza. João do Prado, natural da província do Alentejo, de nobreza aí muito conhecida. Ele é a origem de todos os Prados de São Paulo.
João de Santa Maria, pai do João do Prado, era nobre e secretário de d. Francisco de Souza governador geral do Brasil.
João Maciel também de reconhecida nobreza. Cornélio de [inaudível], nobre flamengo. Baltazar de Godói, nobre castelhano. Francisco Martins Bonilha, natural de Castela, tem sua nobreza provada. Martin Fernandez Tenório de Aguillar, de nobilíssima família espanhola.
Não sei se o senhor acha bonito esse nome?
Muito bonito!
(Sr. Horácio B.: Pedro de Caraça, filho de Pedro de Caraça e Catarina de Arai, famílias nobilíssimas espanholas. Josepe de Camargo de nobre ascendência castelhanas.
Esses são os que têm nobreza [inaudível]. Depois conferia a nobreza o fato de ser cavaleiro da Ordem de Cristo. O senhor tem três ascendentes que foram cavaleiros. Cavaleiros Domingos Ruiz, cognominado o Carvoeiro por ser natural…)
Esse Carvoeiro é muito conhecido.
(Sr. Horácio B.: Por ser natural da freguesia de Santa Maria da Carvoeira. Ele foi quem doou os terrenos do Mosteiro da Luz.)
Ah sei!
(Sr. Horácio B.: Cavaleiro Antônio Raposo natural de Lisboa, pai do coronel Antônio Raposo do [Carro?] também ascendente do senhor. Cavaleiro João Maciel Valente, filho do nobre João Maciel. Teve as rédeas do governo de São Paulo.
E o terceiro tipo de nobreza dos antepassados do senhor, é um privilégio exclusivo que o rei deu aos juízes ordinários e vereadores de São Paulo. Eles gostavam muito de fazer Bandeiras, eram muito aventureiros os paulista e o rei não conseguia ter pessoas aqui em São Paulo, fixas, estáveis, então teve que inventar de dar um privilégio de nobreza para fixá-los.)
(Sr. Guerreiro: É interessante isso.)
Muito!
(Sr. Guerreiro: É muito interessante o espírito paulista antigo.)
Antigo, porque o moderno, eu não daria esse trabalho ao meu rei nem um pouco, porque detesto viajar.
(Sr. Guerreiro: Mas era uma espécie de espírito de conquista.)
É, é sim. Eram Bandeiras, espírito de bandeirantes.
(Sr. Horácio B.: Outros que foram nobilitados foram Antônio Rodrigues, que foi juiz ordinário e vereador, e Braz Peres casado com uma Leme, foi governador de São Paulo. É provável que pelo fato de ser governador, ou era nobre ou tenha sido nobilitado…)
Provavelmente.
(Sr. Horácio B.: Esses são os nobres dos quais o senhor descende pelo lado materno.)
Sabe que para mim a grande surpresa é o lado materno. Porque do lado paterno, uma idéia vaga de alguma coisa eu tinha. Mas do lado materno, absolutamente não. Eles de vez em quando diziam que tinham uma ascendência portuguesa muito boa, etc., etc., mas não falava dessa nobreza da terra, eles até ignoravam que existisse.
(Sr. Gonzalo: Mas essa não é nobreza da terra, é titular mesmo.)
Não, não.
(Sr. Horácio B.: Tituladas no sentido de que eles eram nobres de origem. Mas não tinham títulos. Eram propriamente nobres da terras, eles tinham sesmarias… Eu estou fazendo a história de cada um deles.)
Oh, que empreendimento… ahahah!, extraordinário. Mas eu fico muito contente de saber, prezando como prezo a nobreza.
Agora, também por uma outra razão: porque de um momento para outro tudo pode acontecer, pode acontecer também que para receber o título de membros honoris causa de alguma associação de nobreza da Europa, queiram me conferir, mas com a condição que eu prove que sou nobre. Isso pode dar-se.
(Sr. Horácio B.: [inaudível] pode dizer: este senhor escreveu um livro muito bom sobre a nobreza, mas cadê a nobreza dele?)
É isso.
Não, eu responderia isso: para escrever sobre a nobreza não precisa ser nobre, acontece que eu sou.
Me parece que aí seria propriamente a resposta veraz.
(Sr. Gonzalo: Para maior ódio ainda.)
Ah, maior ódio!
(Sr. Horácio B.: Uma coisa que me pareceu muito bonita, é que um relato de aval de Dr. Expedito Corrêa de Oliveira que foi aquele que veio aqui e esteve com o senhor…)
Um deputado, não é? Ex-deputado.
(Sr. Horácio B.: Ex-deputado. Ele contava que há 50 anos atrás uma pessoa da família Corrêa de Oliveira de Pernambuco escreveu uma carta para um Corrêa de Oliveira de Portugal. “Olha, faz cem anos que não temos relação, nós gostaríamos de saber como é a família de Portugal, se é uma família que tem destaque, porque aqui nós tivemos ministro do Império, tal e tal. E começou a comentar como era a família.
Então o poeta da Rainha, Antônio Corrêa de Oliveira, respondeu dizendo: olha, nós aqui também somos uma família de muito destaque, por exemplo agora temos um ministro da Saúde, mas o que nos honra mais a este ramo da família Corrêa de Oliveira português, é nossa fidelidade aos princípios que nós sempre sustentamos, nós somos católicos e monarquistas.)
Bonito, isso é bonito. Muito bonito.
(Sr. Horácio B.: Isso já é nobreza…)
É nobreza de alma.
(Sr. Gonzalo: Esse é o que foram visitar outro dia?)
(Sr. Horácio B.: Não, foi o neto desse.)
(Sr. Gonzalo: Recebeu muito bem.)
Foi, recebeu muito. Tinha uma confraria de pessoas em Fátima que faziam serviço de levar doentes…
(Sr. Gonzalo: Servitas.)
Servitas, é isso. Exatamente. E era mal tratado pelo chefe lá do santuário porque enchia demais de nobres a confraria.
(Sr. Gonzalo: A senhora dele saiu porque foi maltratada.)
Saiu.
(Sr. Guerreiro: Isso é muito interessante.)
Muito, muito. Fico muito agradecido ao meu Horácio.
(Sr. Horácio B.: O senhor está precisando de alegria, eu queria dar pelo menos essa pequena alegria ao senhor.)
Pois é, mas é realmente uma boa alegria.
* Desde a sua mocidade o Senhor Doutor Plinio tinha a convicção interior de que era nobre devido à superioridade natural em relação aos outros
Sendo mais que… Eu vou confessar o seguinte: que quando era mais moço, às vezes, me passava pela cabeça — eu não tinha esses dados, não tinha o jeito nem a paciência nem nada para montar isto, de maneira que nunca montei, nem sabia como montar. Basta dizer a você que eu nem sei manusear o Silva Leme. O Silva Leme que o Paulo manuseava na perfeição, eu não sabia nem manusear. Sabia que a minha família materna estava no Silva Leme, é só o que eu sabia.
Mas de vez em quando me vinha à cabeça isso: eu serei nobre ou não, da parte dos Corrêas do Oliveira e dos Ribeiros dos Santos de Portugal?
E me vinha essa resposta interna: eu não sei se sou nobre ou não, mas o que eu me sinto é nobre. Uma espécie de convicção interior.
E se me provassem que eu era plebeu, eu amaria a nobreza com o mesmo amor, mas, mas, alguma coisa em mim se entristecia. Portanto, alguma coisa em mim se alegra. É evidente.
(Sr. Gonzalo: E como o senhor sentia isso?)
Não sei, alguma coisa…
(Sr. Gonzalo: Era de muito menino?)
Muito, não posso dizer… doze, treze, quatorze anos assim. Portanto, a adolescência, quase. Quer dizer, com treze, quatorze anos começa a ser adolescente aqui. Um pouco antes, com doze anos… Agora, por quê?
Eu sentia uma espécie de superioridade de direito natural sob uma porção de outros colegas. Agora, por quê? De que jeito? Eu também não sei. Mas eu me sentia na obrigação de fazer sentir isto. E que se eu não fizesse sentir, eu cometeria um como que pecado.
De maneira que vem muito a propósito essa documentação.
(Sr. Paulo Henrique: E em muito boa hora.)
“Quae sera tamem”, como diria o Tiradentes. “Ainda que tardiamente”, porque tomar conhecimento disso aos 84 anos…. ahahahah! Passou muito tempo, mas confirma uma velha esperança.
Muito obrigado!
(Sr. Gonzalo: Para quem vai viver muitíssimos anos….)
Esses muitíssimos anos… [vira a fita]
Onde estão as comendas?
Vocês olharam bem à vontade ou não?
(Sr. Gonzalo: Eu as vi em São Bento. Ficaram muito bonitas.)
Eu achei que ficaram muito bonitas.
Se algum de vocês quisesse acender a luz aqui em cima…
(Sr. Horácio B.: Se bem que o Sr. comentava que a flâmula que o senhor levava no peito seja muito mais importante do que essa.)
Ah, isso não tem comparação. Isso não tem comparação.
Essa é a principal, mas eu não sei bem onde é que se usa isso.
(Sr. Gonzalo: Segundo diz o sr. Mario, se usaria…)
Ah, o Mario é grande experiente disso. [inaudível] Horácio é também, não é?
(Sr. Horácio B.: Não, não.)
(Sr. Gonzalo: Esta aqui, me disse o sr. Mario que se usa mais ou menos aqui, mas na casaca. Creio que não se usa nunca com a que vai com a faixa.)
A faixa tem uma seda muito bonita, não sei se notaram, um gorgorão muito bonito.
(Sr. Gonzalo: Creio que se usa uma ou outra. E depois tem a pequenininha que é quando a pessoa quer…)
Substitui o distintivo, não é?
(Sr. Gonzalo: Pelo que eu entendi, é quando uma pessoa tem muitas condecorações, então não pode pôr muitas [inaudível], então coloca várias pequenininhas aqui.)
É, é isso.
(Sr. Gonzalo: Os embaixadores usam… Isso é o que o sr. Mario me explicou.)
(Sr. Paulo Henrique: No total são três peças?)
Uma peça, duas, três, quatro peças, não é?
(Sr. Gonzalo: São três. A que o senhor tem na mão, esta na faixa e esta é a terceira.)
Onde é a coroa que tem aí?
(Sr. Gonzalo: Aqui em cima.)
Deixa eu ver.
Ah sei! Sei. Uma coroa real.
Isso aí é para o Mario…
(Sr. Gonzalo: Explicar assim de olho fechado.)
É isso, ahahahaha!
Agora, me diga uma coisa — segura aqui um pouquinho, faz favor —, isto aqui o que é que é?
(Sr. Gonzalo: Esta aqui é a pequena. Ficou muito boa, porque esta não é a original que mandaram ao senhor. Essa é que foi feita na Espanha.)
Foi é.
(Sr. Gonzalo: O sr. João mandou fazer na Espanha.)
Exatamente. O original fizeram também?
(Sr. Paulo Henrique: Todas foram feitas originais segundo o mesmo modelo.)
Eu não sei onde é que se coloca, se é aí? Qual foi a peça que caiu?
(Sr. Paulo Henrique: É um suportezinho igual a esse aqui.)
Não é peça, portanto. É uma peça da caixa.
(Sr. Paulo Henrique: Inclusive o tecido também acho que mudaram. Acho que não era esse.)
Mudaram. Não era! Era uma porcaria. Essa seda é uma seda que se preza a si própria.
(Sr. P. Roberto: Essa se sente nobre mesmo.)
Essa se sente nobre.
(Sr. Horácio B.: E a cor o senhor gosta?)
Não muito. Em si, para condecoração fica bem. É um pouco clarinha.
(Sr. Gonzalo: Mais ou menos como a das congregações…)
Não, essa não é, era azul. E aqui eu vejo verde.
(Sr. Gonzalo: Sim.)
Agora, sabe que sobre cores assim, as vistas divergem muito. Às vezes pessoas, todas com a vista normal, vão, um acha verde, outro acha azul, etc.
(Sr. Horácio B.: Todos achamos verde, senhor.)
Ahahahah!
Bem, podemos fechar então.
O nome da loja não figura na caixa?
(Sr. Gonzalo: Figura sim.)
Agora, você dizem em castelhano, “condecoração”, não é?
(Sr. Gonzalo: Sim. “Condecoration”.)
Agora, eu não sei por que é que é esse “con”. Nós também usamos “condecoração”. Os franceses dizem “decoration”.
(Sr. Gonzalo: Os franceses usam “condecoration”.)
Não, “decoration”, ele é decoré na Legion d’honneur. Não é “condecoré”.
Bem, então vamos adiante, meu caros.
(Sr. Gonzalo: O sr. Guerreiro tem o assunto.)
Então diga, meu Guerreiro.
(Sr. Guerreiro: Na reunião passada, o senhor tratou de uma problemática impressionante. A propósito do quadro presente, o senhor fez uma previsão de que o que eles têm em vista, é daqui para frente, colocar o conjunto da humanidade num sistema de tensões que leve as pessoas a um estado de pré-ruptura nervosa, em que por conjunto de pressões bem estudadas, a lógica iria desaparecer e as pessoas que quisessem analisar tudo de acordo com a lógica, ficariam numa situação muito difícil, porque como ninguém mais está analisando, todo o mundo está vivendo numa pasmaceira, numa despreocupação com relação a isso, quem quisesse fazer isso entraria numa tensão muito grande.
E o senhor então dizia que eles têm em vista cada vez mais, com a questão da 4ª Revolução, fazer soprar sobre os homens, fantasmagorias do demônio em que as pessoas seriam então levadas a achar que aquilo seria, no fundo, a verdade. Quando para sermos fiéis, nós deveríamos continuar inteiramente lógicos mesmo que tivéssemos que sustentar a cana de irrisão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E que esta era a condição para que nós não fôssemos tragados por este mundo novo que vai nascendo.
O senhor dizia que isto não se sai e não se atravessa sem uma graça insigne, e que a condição para isso seria uma união com a Causa, muito grande.
Dado o extremo da gravidade da previsão que o senhor fazia, todos nós estamos desejosos que o senhor continuasse a aprofundar esse assunto. Porque assim como o senhor previu a queda do lumen rationis, o caos… esta previsão faz parte da questão do caos, mas é um novo aprofundamento com o elemento das fantasmagorias que o demônio vai começar a implantar aqui, lá, e acolá para compor a vida quotidiana dos homens.
É tão extraordinário essa situação, que como o senhor vê, não se pode tratar de outro assunto a não ser desse. Como é que o senhor gostaria de dar continuidade à análise de toda essa problemática?)
(Sr. P. Roberto: O senhor dizia que essa tensão nervosa provocaria uma perda da matização das coisas e que isso levaria à uma dificuldade de compreender as coisas, compreender ao senhor, e de estar em consonância com o senhor, por causa dessa tensão nervosa que levaria a isso. Me parece que isso é um dado importante também. Então, se nós não tivermos essa consonância com o senhor, nós não seremos capazes de nos defendermos diante dessa situação toda que está se criando atualmente.)
Ah, eu não creio mesmo.
(Sr. P. Roberto: E por isso que nós queríamos que o senhor desenvolvesse isso para que nós tivéssemos esse meio de defesa.)
* O demônio faz da razão um elemento para ver o erro e não a verdade, com o intuito de levar as criaturas à adoração dele
A questão se põe da seguinte maneira.
Há um fato que para o demônio é um fato irrefragável, ele não pode evitar: é que Deus continue a criar homens e que os homens que Ele crie, pelo fato de serem homens, são seres racionais. E que esses seres racionais têm um movimento natural para fazer uso da razão e servir-se dela para tudo quanto vocês sabem.
Agora, o demônio não pode impedir que Deus crie o homem, não pode impedir que criado o homem, ele procure fazer uso de seu caráter racional para os fins próprios naturais da razão, e portanto para viciar toda a existência das criaturas, e para levar as criaturas à ele e a adoração dele — que é sempre a meta: é levar para a adoração dele — ele é obrigado a fazer da razão um elemento para o indivíduo ver o erro e não ver a verdade. O que ele obtém exatamente através das pressões de toda ordem, que fazem com que as pessoas já hoje vejam a verdade muito incompletamente.
Quer dizer, nós não devemos nos fazer muita ilusão a esse respeito. A maior parte das pessoas hoje, vê a verdade, mas não vê a verdade com toda objetividade, toda clareza e toda a distinção que há entre as coisas, etc., mas vêem um pot-pourri meio… uma espécie de [pizzas di trè fromaggi?] em que os queijos de várias natureza se misturam para formar um conjunto, aliás, delicioso. E aí pelo contrário, um conjunto péssimo.
* Ver a verdade como há cem anos atrás, poucas pessoas vêem
Mas a pessoa ver a verdade como via, por exemplo, há cem anos atrás, são poucas as pessoas que vêem.
O que é que é aí a verdade?
É antes de tudo a verdade a respeito das verdades necessárias para salvação, as verdades de caráter natural, e de caráter sobrenatural. As de caráter natural, ele conhece pela razão. Mas pela Revelação e pela graça, ele conhece outras verdades na mesma ordem. Isso forma um conjunto para a ótica do homem de fé.
Esse conjunto, ele vê assim variadamente, não vê com a segurança de outrora. A gente vê isso pelo fato de haver tão pouca gente com certeza daquilo que afirma. A gente pergunta qualquer coisa a qualquer pessoa hoje: “ahn, anh! quer dizer, teteté” e saiu uma coisa que é um misto de verdade, no que for muito óbvio, e de pastasciutta em todas as outras conclusões.
Não sei se acham que estou exagerando? Mas é inteiramente assim.
* Pressões nervosas, apreensões, sustos, esperanças imoderadas levam o homem à uma situação mórbida, próxima da gagueira que o prepara para a aparição do demônio
Agora, naturalmente, ele não seria ele se ele não introduzisse por meio das pressões nervosas, apreensões, sustos, também esperanças imoderadas, e com isso figuras e fantasias já inteiramente falsas tendentes ao delírio e provocadas pelo desejo, pela apetência das coisas que o sujeito quer e pelo horror, pela fobia de outras que ele teme e que obrigam o homem a viver numa situação completamente falseada e penosa.
Do penoso ao mórbido existe um passo. A gente obrigando um homem, muito longamente, a viver numa situação penosa, em que ele exagera para si mesmo os perigos em que está sujeito, mas também exagera as possibilidades agradáveis que ele pode encontrar no caminho, fica gagá, necessariamente.
Agora, aí é a hora do demônio, porque são as fantasmagorias e nas fantasmagorias ele acaba aparecendo, oferecendo ou negando. E acaba sendo o grande deus — não é Deus, ele se apresenta como demônio — mas o onipotente que pode dar ou negar, pôr e dispor.
(Sr. Gonzalo: Mas quando a pessoa está assim em estado de…)
Trepidação.
(Sr. Gonzalo: Aí apareceria.)
Aparece.
(Sr. Paulo Henrique: E é exatamente a hora mais difícil a pessoa ter uma espécie de auto-controle diante dessas fantasmagorias.)
* Exemplificação da tese: tensões em torno do caso do Dr. Murillo
Você veja, por exemplo… o Edwaldo conhece isso mais de perto porque esteve mais com interessado que é o nosso caro Murillo. Se vocês vão ver no vai-e-vem do tratamento do Murillo que hipóteses ele teve que enfrentar, quer dizer, ele percebeu que se supunha que ele estivesse com câncer, que se supunha que ele estivesse com tal e tal outra doença, doenças extremamentes graves, que passaram durante quatro, cinco dias como hipóteses que se punham diante dele. Ainda mais ele, médico, tendo, portanto, feito estudos que o habilitam a dar corpo a uma hipótese dessa natureza, etc., vocês já pensaram as torcidas pelas quais, forçosamente, ele tem que ter passado?
(Sr. Gonzalo: O sr. Ramon me disse que foi muito violento.)
Disse isso.
(Sr. Gonzalo: Ah sim. Disse que chora. Quando se encontra com membros do Grupo, tem momentos de emoção… Está no hospital só… e a falta de diagnóstico também. Porque já faz parte da gagueira que os médicos demorem uma semana para dar um diagnóstico. […] Ele muito magrinho, com poucos recursos para reagir…)
Não tem, de si não é uma pessoa forte.
* Outro exemplo: um sujeito que fosse réu de crime de morte
Imagine, por exemplo, um sujeito que nas condições do Murillo, tivesse sofrendo um processo em que ele fosse réu de crime de morte. E durante o tratamento de uma doença, ele saberia que no dia tanto, às tantas horas, deve ser lançada uma sentença em que talvez ele seja condenado à morte. E ele, nesse dia, sabe que, ao hospital, essa sentença deve chegar entre cinco e sete da noite. Um pouco antes de cinco, se ele for muito calmo, um pouco antes de cinco, ele começa a ficar nervoso e interpretar todo passo que vem chegando, interpretar toda pessoa que faz pressão sobre o trinco para entrar, quem é, quem não é, etc., etc.
Se é alguém do Grupo, se não foi mandado por mim para comunicar a ele que ele está condenado à morte.
Uma pessoa que vai receber o resultado de uma biópsia está nessa situação.
(Sr. Gonzalo: A carta que o senhor lhe mandou, várias pessoas disseram que depois que ele recebeu essa carta, que ele sentia que viveria, mas que antes de receber a carta ele estava achando que podia morrer. Mas é impressionante a força de gerar vida que o senhor tem. A carta é tão bonita, que depois dessa, foi que ele disse: “Não, agora eu sinto que vou viver”.
É uma coisa extraordinária! Os médicos podem dizer o que quiserem, mas o problema está no senhor.
* As miríades de situações desestabilizantes da vida contemporânea
Agora, a questão é a seguinte: situações dessas quantas há na vida contemporânea? A todo momento, a todo propósito, etc., etc.
Um membro do Grupo me contou que tem um parente — eu naturalmente não posso dizer quem é — um parente extremamente rico e que tem várias indústrias, e que foi visitá-lo lá no êremo dele — um sujeito ateu hein! — foi visitá-lo no êremo dele para declarar que ele, industrial, estava muito comprometido, porque tinha ido a fiscalização nas indústrias dele, que são numa fazenda e juntas, próximas umas das outras no próprio território da fazenda. E que levantaram contra ele vários processos de denúncias de prisão por violação de tais e tais regras, etc., coisas que ele nem sabia que existiam.
Ele então teve que tratar em comissões constituídas por meninotes que nem sabiam bem do que é que se tratava, porque eram comissõezinhas mas que decidiam assim soberanamente da vida de um homem. Mas que afinal de contas, ele ficava louco com isso, que ele não agüentava mais, que ele queria abrir-se com esse parente, etc., etc.
O parente foi muito misericordioso procurou animar o homem. Mas para quantas pessoas uma coisa dessa acontece na vida hoje em dia?
Uma outra pessoa — essa aí é de minha família —, é uma banalidade, um rapazinho de 15 anos que, pelo que diz a família, não tem o hábito de embriagar-se mas que numa véspera de feriado foi a uma festa e nessa festa, com amigos e tal, tal, embriagou-se. Então saiu guiando o automóvel e meteu-se a andar em toda pressa pela Rebouças. Aconteceu o que se podia imaginar: meteu o carro contra um poste e o poste se abateu inteiro sobre o carro. O resultado o carro virou sucata e o sujeito virou sucata também. Sucata humana. Foi levado para o hospital das clínicas porque tem uma pessoa da família que é muito influente nesse hospital e conseguiu um lugar para ele lá. E está entre a vida e a morte, entre, digamos, a loucura e a estabilidade, etc., etc. Pode passar, isto aí vamos dizer, mais um mês, durante esse mês como é que ficam as oscilações da família?
Agora, se o sujeito sara, sai à noite de casa, o problema: ele não vai repetir o que já fez?
Porque não adianta querer que não, essa pergunta se põe. E depois quantos pais existem por aí que são pais que temem que os filhos de droguem.
(Cel. Poli: Acho que não há um que não tema.)
Não há, não pode haver, a menos que esse um seja gagá.
Eu estive pensando nisso quando morreu o Castilho.
O pai dele dizia, aliás chorando, que não tinha mais o filho para esperar à tarde na janela. Porque aos sábados, ele ficava com medo por causa do trajeto de Jazna Gora para cá, muito grande, qualquer atrasozinho do filho, ele começava a ficar com medo e ficar olhando na janela e esperando o filho chegar. Isso que era para ele um tormento, a ausência disso era um tormento ainda muito maior, porque foi se embora o filho… Quando ele via que o filho ia chegando, grande sossego por algumas horas e ia jantar com o filho.
Agora, esse conjunto de coisas já estabelece um regime de incerteza de que as pessoas não têm noção. Porque desastre de automóvel não é muito menos provável do que o drogar-se.
(Sr. Guerreiro: E o Aids.)
* A única solução é a confiança na Providência, do contrário é insuportável
E o Aids. Vem o Aids em cena, que já é uma outra coisa de que falávamos hoje no almoço. Quer dizer, quantos perigos rodeiam uma pessoa hoje! Já esse sistema existe, e o único jeito que tem de evitar de ser devorado por isso, é não pensar. Porque não tem outra coisa. Para nós, é a confiança na Providência. Mas para quem não crer na Providência, é literalmente insuportável.
* Exemplo: a vida solitária de Da. Maria Alice
Eu vejo isso com a minha sobrinha. Minha sobrinha é divorciada. E tinha a mãe dela que morreu. O filho dela, um rapaz de uns trinta e tantos anos, chega domingo sai e deserta a casa, vai não sei para onde. Ninguém sabe para onde.
Ela fica sozinha em casa e sabendo que rationabiliter não pode esperar telefonema, nem que seja procurada a partir de tantas horas que é a hora em que as amigas dela vão jantar fora, até tantas outras horas, ela pede para não telefonarem para ela no domingo, e não passarem pela casa dela para entregar nada, ainda que seja um doce, porque se ela for sozinha abrir a porta, pode ser assassinada.
(Sr. Guerreiro: E tal e qual.)
Mas é isso, não tem conversa. De tal maneira que eu respeito esses horários dela, e telefono em geral no domingo, mas sempre passada uma determinada hora. Porque ninguém sabe realmente o que passa pela cabeça de uma pessoa assim. Numa casa grande, espaçosa, que as criadas deixaram modelarmente arranjada antes de sair, com tudo à vontade para ela, mas…
Aos domingos acontecem que as amiga delas saem, e a gente vê que ela não quer sair para ficar em casa para receber o filho caso o filho apareça. E então fica aquela solidão à espera de quem não aparece. Não faz uma vida alegre!
(Sr. Guerreiro: Está bem descrito e bem apresentado o problema.)
Então isso são gradações. Isto pode ser comparado à posição de uma pessoa que o dia inteiro não pode ficar com o corpo numa posição normal. Ou ela fica em pé num pé só, só no pé direito, ou só no pé esquerdo, ou tem que se deitar só de um lado mas por muito pouco tempo, variando…. O que ela não pode fazer é [ficar] na posição normal. Ela tem que trocar de anomalias o dia inteiro. Isto é o dia de repouso.
Isto é ou não é a situação de uma porção de gente? É.
(Sr. Gonzalo: Todo o mundo está assim.)
Todo o mundo está assim.
(Sr. P. Roberto: Mesmo pessoas de classe baixa também, porque podem ser assassinadas…)
* A vida normal, como eu a conheci outrora, deixou completamente de existir
A qualquer momento… as pessoas ricas podem ser assassinadas. Por exemplo, quando vão à festa, etc., etc., têm a ingenuidade, as senhoras, de ir com as jóias em bolsinhas que levam na mão para o ladrão não perceber onde é que estão as jóias. O ladrão…. ahahah! Nem vou comentar.
Mas tudo isso é o tempo inteiro assim. De maneira que a vida normal como eu a conheci outrora, ela deixou completamente de existir. Completamente.
A partir do momento que ela deixou de existir, as tensões na apreensão do continuamente anormal, tem que acabar produzindo o anormal.
Daí um estado de espírito que já não é —a la longue, não é imediato isso — capaz de fazer outra coisa senão estar pensando que coisa anormal pode estar acontecendo. E a partir desse momento… também tem outra coisa, se a pessoa pudesse, pelo menos, ter esperança do anormal bom também, então vai tirar uma loteria, vai herdar não sei o quê, vai acontecer não sei o quê… Mas a questão é que os jornais apresentam, sem dizer, uma axiologia em que nunca mais acontece nada de bom a ninguém, só acontecem coisas desastradas.
(Sr. Paulo Henrique: Em cartas do pessoal que corresponde com “O Amanhã dos nossos filhos” que dizem que até os programas inócuos, que nunca se dá uma notícia boa, sempre catástrofes, etc. E a pessoa assiste aquilo e fica deprimida.)
Você está vendo? É expressão muito freqüente daquilo que nós estamos dizendo.
* Em certo momento, aparece uma tal sobrecarga de desgraças capitaneando tudo, que se tem a impressão de que uma força maléfica, una, executa um plano malfazejo para esmagar a todos
Agora, ainda mais todo o mundo percebe que entrou uma rotação errada em todas as [ruagens?] essenciais, por onde todas as rodinhas menores começam a funcionar erradamente também. E que a engrenagem inteira está gravemente doente.
A idéia de uma engrenagem enferma é o símbolo adequado dessa situação. Então são as coisas assim, por exemplo, não há um de vocês — e eu não estou fora desses —, que ouvindo contar o que está acontecendo com o Murillo não passe pela cabeça: “isso pode acontecer comigo também”. Não há um.
Se este tiver uma saúde boa, ainda passa. Mas se ele tiver uma saúde sujeita à dores giróvagas: ora aqui, ora aqui, e depois acontece não sei o quê, coisinhas sem importância, ele passa o dia inteiro se auto-clinicando, se auto-imaginando… o que é forçoso.
Então, em certo momento, aparece uma tal sobrecarga de desgraças capitaneando tudo, que se tem a impressão de que uma força maléfica, una, executa um plano malfazejo para esmagar a todos. E isto gera a seguinte pergunta:
“O força maléfica, que queres de mim para escapara a isto?”
(Dr. Edwaldo: Ainda mais que a Igreja se transformou em “estrutura”.
Pois é.
(Dr. Edwaldo: A pessoa não tem apoio nenhum.)
Nenhum! Nenhum, nenhum.
(Sr. Guerreiro: É essa pergunta que vai nascer no subconsciente de muita gente.)
A saída é, evidentemente, em primeira linha, questão de macumba, etc., etc., para ver se escapa. Porque a Igreja tem carismas, ninguém dissemina a fé nesses carismas; a Igreja nos fala da Providência, ninguém nos fala da Providência; e quando a Igreja nos fala da Providência muito raramente, é sempre aconselhando a curvar a cabeça diante da desgraça e aceitar a desgraça que vem. É ótima e indispensável, contanto que venha também, nesta, naquela ou naquela outra hipótese, a esperança de um auxílio, porque esse auxílio está na linha da Providência. A linha da Providência dá esse auxílio, se alegra em prestar esse auxílio. Nós sabemos, inúmeras vezes, que pedindo, a Providência dá.
* O processo satânico da miragem da felicidade para a miragem da desgraça
Ainda outro dia um desses rapazes da Colômbia que está aqui me dizia que lá nas Lajas — você talvez tenha visto isso — têm uma sala só de ex-votos, de graças que a pessoa recebeu. Em Aparecida parece que tem também. Cabeça de cera, braço de cera, muletas, olho de vidro… homem!, quanta coisa pode haver, que tem ali que são as misérias dos homens e que Nossa Senhora maternamente interveio e libertou o homem daquilo.
Nunca aparece isso dentro da atual economia. Mais ainda, passou-se de um extremo a outro. Eu conheci aquilo que se poderia chamar religião milagreira, em que só se deitava atenção na religião para efeitos de obter milagres e de obter graças, e o resto não se prestava atenção. Era no tempo da Bagarre Azul, do happy end, o demônio queria perder todo o mundo com a miragem da felicidade, e então conseguia que também a religião fosse utilizada para essa quimera. Quando ele quis mudar a coisa para a miragem da desgraça, também desapareceu a esperança do milagre e começa a aparecer essa chuva de desgraças.
(Dr. Edwaldo: Lá no sul, os jornais noticiaram uma mulher casada, jovem ainda, estava esperando criança e ficou com receio de que acontecesse algo ao filho, ficou com essa preocupação constante. Então foi consultar a um feiticeiro abertamente satanista. Então ele disse: “para seu filho nascer em condições normais, é preciso que você ofereça ao demônio um adulto e uma criança”. E ela foi então visitar uma senhora amiga dela que tinha uma criança pequena de três ou quatro anos e matou a senhora e a criança.)
Nossa Senhora!
Mas você está vendo, o caso já roça pela loucura.
(Cel. Poli: Não estão sendo tão raros casos desses.)
Não, não, o perigo é o nosso caso. Esse sim é muito perigoso.
(Sr. Gonzalo: Mais ou menos em 1938 o senhor escreveu um artigo no “Legionário” em que o senhor prevê que vai chegar um tempo em que o destinos das crianças do Brasil vão ficar nas mãos dos macumbeiros.)
Mas é isso.
(Sr. Gonzalo: O senhor baseava num fato que ocorreu na Austrália, do primeiro homem que matou ao seu filho menino, que constou nas história dos jornais. A partir desse fato o senhor disse que chegaria o momento em que os macumbeiros seriam os donos da vida e da morte das crianças.)
Mas é evidente.
(Sr. Gonzalo: Evidente agora.)
Ah, naquele tempo ninguém deu crédito ao que eu dizia. Quando eu escrevi, eu já sabia que não iam dar crédito.
* Os limites entre a terra e a ordem preternatural vão ficando indecisos
Agora, para ir para frente.
Eu creio que depois disto, desta extrema tensão, etc., etc., o demônio, se puder, obterá de Nossa Senhora a possibilidade de vir com freqüência e de ser o animador das macumbas, das coisas desse gênero para fazer as coisas andarem.
Cada vez mais vai escapando do horror, da desgraça, um certo número de pessoas que se dêem a ele, mas que naturalmente nesta vida já vão ter um inferno. E então os limites entre a terra e a ordem preternatural vão ficando indecisos. Quer dizer, tanto, tanto, depende de um fator preternatural qualquer coisa, que já não se sabe bem onde é que começa uma coisa, e onde é que acaba outra. É o reino do demônio já instalado.
(Sr. P. Roberto: Houve um caso durante a campanha da Lituânia, perto da estação Roosevelt, um lugar horrível, em que tem meninos que ficam roubando as pessoas à noite. Então eles contaram às pessoas da campanha, que à noite…)
Isto aqui em São Paulo?
(Sr. P. Roberto: Aqui em São Paulo. Sim, ali no Braz. Então eles contaram que tinham um menino que era um pouco menos pior do que os outros, que dizia que um ser assim com as orelhas pontudas… [muda a fita])
… para quantos na estação Roosevelt e para quantos na estação da Luz e daí para fora? Aqui, na hora em que estamos falando. Começa a ficar normal.
O problema para o qual eu creio que não há tempo de nós tratarmos hoje… que horas são?
(Sr. Guerreiro: Dez para às três.)
Dez para às três?
(Sr. Gonzalo: O senhor está cansado.)
Não, não, até às três horas eu posso ir bem.
* Essa situação se desenvolverá até esse extremo para vir a “Bagarre”? Ou a “Bagarre” vai interromper à certa altura, o curso desse processo?
O problema é o seguinte: isso se desenvolverá até esse extremo para vir a Bagarre? Ou a Bagarre vai interromper à certa altura, o curso desse processo?
Quer dizer, que virá a Bagarre não tem dúvida. Que essa Bagarre vai ser uma punição, não tem dúvida. Mas esse processo irá até o fim para que os homens depois fiquem sabendo, etc., etc., uma coisa mais ou menos como o dilúvio, uma coisa assim, ou não é assim, e em certo momento vem uma ruptura?
(Cel. Poli: O senhor pergunta ou afirma?)
Eu estou perguntando.
(Sr. Guerreiro: E o que o senhor responderia a essa pergunta?)
Eu diria que pela lógica, eu seria levado a achar que o processo vai até o fim, mas que a minha fé me leva achar que não. Mas que há uma solução mista em que é uma coisa que vem bem antes do fim, mas que é como se o processo tivesse chegado até o fim.
(Sr. Gonzalo: Uma preciptação.)
Uma preciptação.
(Cel. Poli: O senhor diz pela fé ou pelo discernimento.)
Vamos dizer, minhas melhores apetências, minhas melhores esperanças caminham todas nesse sentido. Tudo quanto há de bom em mim floresce quando eu penso que vai ser como eu estou dizendo. E quando eu penso de outra maneira, se resseca e [se estanca?].
(Sr. Guerreiro: O senhor podia explicar um pouco mais isso? Por que não seria, digamos, divinamente pedagógico que as coisas caminhassem na linha da surra do preternatural para que as pessoas tivessem noção que realmente por causa da apostasia chegou ao que chegou?)
Meu filho, eu acho o seguinte: se no tempo da Bagarre Azul, vocês tivessem acreditado no que nós estamos dizendo, porque mais ou menos isso é um desenvolvimento do que era dito no tempo da Bagarre Azul. Imaginando vocês no tempo da Bagarre Azul que a humanidade chegasse ao estado que chegou agora, vocês achariam que isso tudo estalaria. Você veja só a imoralidade — para não ir em outra coisa — a imoralidade chegou a um ponto…
(Cel. Poli: É impressionante.)
Mas é uma coisa… não se pode mais falar de imoralidade, porque não há mais moral. Em nenhum sentido da palavra há mais moral.
(Sr. Paulo Henrique: Entre os aderentes que temos, exatamente nós estamos lutando contra a imoralidade na televisão, e desta última vez mandamos uma carta para essas pessoas que já nos escrevem, portanto, se pressupõe que têm alguma afinidade conosco, e alguém apareceu com um trecho do Eça do Queiroz que faz uma bonita referência ao brasileiro, sobretudo à bondade do brasileiro. […] Nós recebemos quatro cartas de mulheres protestando contra essa frase machista do Eça de Queiroz. E nos censurando, porque os homens são inteligentes e as mulheres belas. E ambos têm a melhor das virtudes, a bondade. Porque nós estamos fazendo uma separação, se os homens são inteligentes, as mulheres são burras? Uma coisa que nunca podia imaginar que isso poderia acontecer com um público nosso. […] O senhor vê a que ponto chegou…)
De não saber o que dizer.
* Chegou-se hoje em dia a tal ponto que a virtude é tida como nada
E depois chegou a um tal ponto em que a virtude é tida como nada, e portanto, aquela que está mais aquinhoada porque é a mais virtuosa, é mais virtuosa do que o homem, essa é tida como desfavorecida. É o que se entende.
Agora, eu pergunto a vocês o seguinte: daqui a cinco anos, se não vier até lá a Bagarre, em que pé estará a imoralidade? Não se pode…
(Sr. Guerreiro: A imoralidade chegou a um ponto tal que a gente tem impressão que ao lado da imoralidade cresceu um outro problema que é uma afinidade das pessoas com o horrendo, com o mau gosto, e que aí é que a gente percebe uma ponta muito grossa para o preternatural. A imoralidade é como uma espécie de lagarta que, de repente, nasce nelas umas asas negras e começa então a ter outros movimentos.)
* Definhando o “verum” e o “bonum”, o “pulchrum” tem que acabar morrendo, e diante da ausência do “pulchrum” o demônio é natural
É que definhando o transcendental verum, o transcendental bonum, o pulchrum tem que acabar morrendo. E diante da ausência do pulchrum o demônio é natural.
Aliás, eu estava pensando muito nisso na…. Não sei se vocês tiveram a atenção chamada para isso, lembrem-se aquela fita a respeito da ECO-92, aquela mulher que foi governadora de Estado nos Estados Unidos, vocês viram aquilo ou não?
Uma mulher nojentíssima! De uma gordurama repelente, de um aspecto de uma pessoa que parecia uma leitoa, ela não tinha maneira de sentar-se, maneira de falar, a gente punha em dúvida se ela tinha tomado banho… era o que podia haver de uma pessoa rejeitável, embora, com energia e com inteligência sustentasse uma posição muito boa.
Ela era fotografada neste horror, e passada neste horror, e ninguém achava horrível. O pêlos do braço dela pareceriam pêlos de… como é que se chama esse bicho que tem uns pêlos grossos? Mas o quê? Pêlos muitos isolados uns dos outros, e pareciam de metal. Você quer uma coisa mais nojenta do que isso?
Está bem, ela ali inteiramente natural, e a grande dama daquele setor bom do tal tentâmen.
Mas uma coisa curiosa é o seguinte: ninguém dos nossos que esteve lá e esteve com ela, e que tratou com ela, me fez o menor comentário deste horror.
(Sr. Gonzalo: Eu acho que ela foi a um banquete na casa do sr. Mario.)
Talvez. É perfeitamente normal.
(Sr. P. Roberto: Ela foi convidada pela TFP, para o evento do Copacabana Palace.)
Pois é, foi lá que ela foi longamente filmada.
Bom, mas você compreende, quando a gente tem contato com um monstro desse, a gente pode até ter pena do monstro, pode apoiar o monstro no que o monstro está fazendo de bom, mas depois diz: acabou, graças a Deus, o trato com aquele monstro. Porque o trato com o monstro é monstruoso. Não. Vai ficando.
(Sr. P. Roberto: Ficou aqui.)
Exatamente. Ficou.
Bem, meus caros, vamos lhes dar habeas corpus.
[Passa um automóvel e buzina]
Olha esse barulho, por exemplo. Esse barulho é característico. O sujeito está dormindo e ouve: “fooonn!” Uma porção de preocupações de durante o dia surgem.
Há momentos minha Mãe…
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