Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
18/7/92 – Sábado – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 18/7/92 — Sábado
O salão da Reunião de Recortes fica melhor com o corredor vazio ou cheio? * “Para mim, uma coisa tendo atendido a solenidade, atingiu o que precisava, não precisa mais nada” * Quem é agitado não gosta do raciocínio, convive com dificuldade com o raciocínio e gosta muito da fantasia, da imaginação * Solenidade (dignidade), mais vida, mais amor ao próximo, é igual a charme * As crianças já são educadas para a agitação * Educar para a agitação cria o infrator de todos os princípios da Civilização Cristã * O açoite da indiferença * A tristeza de não receber dentro do grupo tudo o que se receberia fora produz o sabugo * É preciso habituar a fazer aquilo que é dever, ainda quando é desagradável e toda a sensibilidade esteja clamando pelo contrário * Há duas alternativas para a pessoa: viver no completo isolamento ou entrar num relacionamento que escraviza
Aquele mundo de gente que durante a reunião fica naquele corredor central, caberia em outros lugares dispersados, e deixando o corredor central inteiramente vazio? O salão fica mais bonito, mais movimentado, com o corredor central cheio ou vazio.
* O salão da Reunião de Recortes fica melhor com o corredor vazio ou cheio?
(Sr. G. Larrain: Eu acho que fica muito mais bonito com o corredor vazio. Para Reunião de Recortes, essa coisa apelotonada assim eu fico…)
(Sr. Guerreiro: Eu acho que fica mais solene mas posto que existe uma dormideira muito grande. Aquele pessoal dá uma certa movimentação que quebra um pouco essa dormideira.)
E você, Horácio? Está na dúvida é?
(Sr. Horácio Black: Acho mais solene, SDP, vazio. Mas se tivesse um jeito de pôr as pessoas mais ordenadas, no centro, sentadas, naquelas banquetas de couro muito digno, eu acho que dá muita vida porque são eremitas que…)
A pergunta é a seguinte: se aquelas pessoas que estão naquele corredor central ficariam bem colocados entre a parede e os bancos, e o corredor central vazio, ou se você acha que convém deixar como estão. Ele está dando um terceiro alvitre, que seria de arranjar umas banquetas.
(Sr. G. Larrain: Não, eles já têm umas banquetas mas não…)
Ah, eles têm umas banquetas?
(Sr. G. Larrain: Sim, mas aqueles da frente ficam ajoelhados, não ficam na banqueta e fica tudo meio apelotonado, fica uma coisa que não é nada bonito não.)
Eu dou a minha opinião daqui a pouco. Você então como é que opina, meu Horácio?
(Sr. Horácio Black: Em princípio, esteticamente, eu acho que fica vazio o corredor central, mas tenho medo que por outro lado, perca o entusiasmo… se os enjolras ficarem nas laterais.)
(Sr. Paulo Henrique: Normalmente aqueles que se põe ali são aqueles que, pelo menos, manifestam mais entusiasmo; então se colocam bem defronte do sr. e dá muita vida, sobretudo para aquelas primeiras fileiras e, não sei… a palavra do sr. vai ser decisiva porque o sr. de onde está pode olhar perfeitamente para quem está em baixo. Mas, de fato, para uma reunião solene o corredor livre seria o ideal.)
Como é meu Guerreiro, você deu uma opinião mas eu não ouvi bem.
(Sr. Guerreiro: Senhor, eu achava que realmente, o ideal seria que o corredor central ficasse livre, ficaria mais solene. Mas acontece que a solenidade no caso, por causa de uma certa indiferença que há nas primeiras filas, a gente vê que colocar o pessoal ali, a menos que houvesse outro lugar melhor, contribui para tirar um pouco aquela atmosfera de sonolência que há de algumas pessoas da primeira fila.)
É, eu estou ouvindo. E o coronel?
(Sr. Poli: Eu também acho isso que esteticamente ficaria melhor o corredor livre, mas é perigoso de perder algo do… aquele pessoal carrega muito o auditório na linha do bom espírito. E se tirar aquilo, temo que se esvazie o auditório, fique muito formal, muito hirto, frio, mumificado. Infelizmente.)
* “Para mim, uma coisa tendo atendido a solenidade, atingiu o que precisava, não precisa mais nada”
Quer dizer, para mim, pessoalmente, mas isso eu sei que é o meu modo pessoal de ser e que sobretudo não é o dos meus compatriotas; mas cada um é de um jeito. Para mim, uma coisa tendo atendido a solenidade, atingiu o que precisava, não precisa mais nada. E vitalidade, etc., etc., se for solene, entusiasma.
Não é verdade, mas talvez devesse ser que, uma coisa sempre que é solene, entusiasma, e que, portanto, alcançando mais solenidade implicitamente alcançou mais entusiasmo.
Mas eu acho que isto é teórico [e] que o modo de ser dos meus compatriotas não é esse. Os meus compatriotas têm uma certa implicância com a solenidade, e gostam de uma coisa mais tropical. E, por causa disso, realmente não sentem… eles na solenidade têm um fato de desalento, enquanto para mim na solenidade há um fator de entusiasmo.
Agora, não sei se isso…
(Sr. G. Larrain: Isso é muito importante, SDP. Depois é meio contraditório porque, uno se exige no alardo, uma formação perfeita. E uno siente que está bem feito e que deve ser assim tudo muito direito. E chega na hora do auditório, tem um pelotão de gente que se arma… dá uma contradição na cabeça, não sei se… uno chega em ordem até o lugar de sentar… exigiu-se durante uma hora uma posição impecável e, chega na hora da Reunião que é a hora que o sr. chega, a hora mais solene e é aquela correria e bagunçado, etc., é uma contradição medonha. Para mim pelo menos… digamos, eu tenho muito apreço pelas pessoas, é uma outra questão. O que eles estão dizendo é outra coisa que é a questão do bom espírito, fervor. Se para ter fervor é preciso pular? Melhor pular para não ficar frio, mas o ideal seria uma fórmula que acertasse a coisa. Por exemplo, no alardo não se está num pula-pula, é uma coisa séria, militar propriamente, não é? Belíssimo, os eremitas quando estão marchando, eles não estão no pula-pula, é um espetáculo aquilo! Entusiasmante. Mas ter aquela correria não, absolutamente não! Eu sei que…)
Concordo com você totalmente.
Eu queria ouvir um pouco para ver. Há muito tempo que eu não converso com ninguém sobre esse assunto, de maneira que eu queria ver um pouco os espíritos como andam.
* Na realidade nós temos que visar o entusiasmo como meta; o que é que adianta ter as pessoas dormindo no salão para aceitar o meu modo de ser, quando o meu modo de ser não é de dormir?
Mas na realidade nós temos que visar o entusiasmo como meta. E para visar o entusiasmo como meta, se me dizem que eu continuo inteiramente separado deles com a minha tese de que onde a solenidade chega ao auge, chega ao auge o entusiasmo, eu vejo que isto aqui não é assim e que continua a não ser assim… ahahah! O que é que eu posso fazer, senão dobrar-me ao peso das circunstâncias?
(Sr. G. Larrain: É bom dar os princípios para salvar os princípios, não é? E salvar o modo de ser do sr. porque senão fica-se dizendo que se imita o sr. quando não se imita.)
Do que é que me adianta um salão…
Mas a questão é que não salva o meu modo de ser. Do que é que adianta [ter] as pessoas dormindo no salão para aceitar o meu modo de ser, quando o meu modo de ser não é de dormir?
Quer dizer, a pessoa adota o meu modo de ser numa coisa secundária e na coisa essencial, vai para as nuvens!
Mas vocês não concordam comigo que… não brasileiro aqui só você e o Horácio. Vocês brasileiros não concordam comigo que, nós, brasileiros, infelizmente temos uma certa incompatibilidade com a solenidade? E que isso é irmão…
(Sr. Paulo Henrique: Tirando o coronel também que é militar e é acostumado com isso.)
O que é que há coronel?
(Sr. Poli: Realmente, e. de Maria gosta de solenidade.)
É a vida! Nosso…
* Quem é agitado não gosta do raciocínio, convive com dificuldade com o raciocínio e gosta muito da fantasia, da imaginação
(Sr. Poli: O prosaico, o agitado, etc., absolutamente.)
A coisa pega muito no agitado, entende?
Está na natureza tropical não poder viver sem uma certa agitação. E eu detesto agitação, mas absolutamente! Naturalmente eu me adapto, o que for preciso eu faço. Mas, segundo o meu modo de ser, agitação é um prenúncio do inferno.
(Sr. Paulo Roberto: Por exemplo, agitação na SRM, é uma coisa que é contra a sede, contra o espírito dela.)
A sede foi feita para outra coisa.
(Sr. G. Larrain: É uma agressão contra a sede. Amanhã à noite é uma agressão, amanhã à noite é uma agressão na sede. [Comissão Médica])
Eu não sei como é que aqueles camaldulensezinhos que há lá suportam aquilo bem? Porque eles não são agitados.
(Sr. G. Larrain: É um espanto. O problema é estar entre duas tragédias. A tragédia do sono e a tragédia da agitação. Mas de fato é um dilema espantoso.)
A realidade é a seguinte, é que essas coisas se prendem assim:
Quem é agitado não gosta do raciocínio, convive com dificuldade com o raciocínio e gosta muito da fantasia, da imaginação. E a solenidade concede pouco à imaginação, dá muito à razão, ao raciocínio. E a necessidade de dizer, de falar, de comentar, de estar tchú-tchú-tchú!, etc., ahahah! É preciso reconhecer que essa necessidade…
* Solenidade (dignidade), mais vida, mais amor ao próximo, é igual a charme
(Sr. Paulo Roberto: SDP, por exemplo, o Ancien Régime, se imaginasse o Ancien Régime ou o mundo de antes da Revolução Francesa até a Idade Média com esse fala-fala, não teria havido sacralidade, não é?)
Nada. Eles tinham encontrado um meio termo verdadeiramente precioso, reconciliando a solenidade, de um lado, com uma vivacidade sem agitação, do outro lado.
E pode-se dizer à maneira de uma reação química, ao menos no meu tempo se escreviam as reações químicas à maneira de equações algébricas: H2+SO4 dá ácido sulfúrico, então H2+SO4 igual a, há uma fórmula que indica ácido sulfúrico.
E então, se poderia dizer que: Solenidade + vida = charme.
Quer dizer, eu sinto que falta mais um ingrediente nessa equação e que é uma certa nota… a gente poderia dizer o seguinte:
Solenidade (dignidade), porque o fundo da solenidade é a noção da dignidade.
Solenidade (dignidade) + vida + amor ao próximo = charme.
Eu acho que essa equação… o que é que há?
(Sr. Poli: Senhora Dona Lucilia, não é?)
É, é perfeitamente.
(Sr. Poli: Porque ela era viva também, não é sr?)
Era vivaz, mais vivaz do que viva.
(Sr. Poli: Amor ao próximo. Solenidade.)
Agora, conforme cada pessoa, legitimamente um dos elementos dessa equação prepondera mais do que outro. Não são ingredientes necessariamente iguais em todo mundo.
Mas o Ancien Régime era isto.
(Sr. Paulo Roberto: E a cada país não é sr? A fórmula para a Alemanha, a fórmula para a França e …)
Perfeitamente, cada país.
* Há pessoas cujo feitio é de só achar graça numa certa desordem, e aqui se dá a trombada com o SDP
Bem, agora, entrou aqui um elemento a mais do que isso que é uma necessidade da vida se exprimir em termos de agitação. E aqui é um defeito, porque todos os outros ingredientes são ingredientes positivos, e a agitação é desordenada. Mas há pessoas cujo feitio é de só achar graça numa certa desordem, aqui é a trombada comigo.
(Sr. Guerreiro: Mas então isso é um problema porque se não é o demônio e é a pessoa…)
Não, entra também o demônio. Mas entra um fator pessoa que é preciso tomar em conta.
(Dr. Edwaldo: Uma seriedade no mal.)
Uma seriedade absoluta no mal. Porque eles não fazem chalaça, não perdem tempo em brincadeira, e só querem a nossa perdição porque eles vivem inteiramente para o mal. E para alguma coisa, portanto, que é de uma estatura maior do que a estatura do homem, com sinal menos na frente mas é.
Pelo contrário, o pessoal que representa o lado bom não tem isso, e fica como uns meninos em comparação de adultos.
(Dr. Edwaldo: O sr. diz na RCR que só se fará a Contra-Revolução com pessoas inteiramente contra-revolucionárias.)
É, fazendo uma pequena concessão não sai nada.
E aí viria uma outra coisa, essas coisas são sem fim, a gente se mete a refletir a elas, elas são sem fim. Mas são interessantes.
(Sr. Paulo Roberto: O sr. sempre falou desse mistério do lado de cá do Atlântico as coisas ficarem mais adocicadas, desbotadas e…)
No fundo privadas de tudo aquilo que a solenidade tem em alto grau. Porque é isso. Não sei se está clara a minha frase?
(Sr. Paulo Roberto: Está claro. E é muito impressionante porque uma vez o sr. fez uma reunião dos mistérios que estariam para o Juízo Final. Um deles o sr. dizia que desde a sua raiz as coisas aqui já estavam deterioradas.)
Mas vinha disso…
(…)
* A atitude de alma tendente à agitação tem como ponto de partida uma tentação
… eu estendo um pouco, daqui a pouco as coisas e vocês… enfim, vamos vendo. Vamos conversando e vendo.
Mas acontece o seguinte, é que essa atitude de alma tendente à agitação, etc., etc., a meu ver tem como ponto de partida uma tentação. E que esse desejo de agitação é uma pressão que o demônio exerce sobre pessoas de fato muito dotadas de vitalidade e que ficam com uma espécie de desejo intemperante da vitalidade. Todos os gostos que a vitalidade dá, tornando-se intemperantes dão nisso. E que nós temos então como ponto terminal…
[Ouve-se vários carros buzinando]
O que é isso aí?
(Sr. Guerreiro: Deve ser uma dessas agitações noturnas.)
É, é isso. Compare isto aqui, essa conversa, com aquilo lá.
* As crianças já são educadas para a agitação
Mas que desde pequeno, na educação, entra já o fator errado de que a criança também deve ser agitada como deve ser agitado o [inaudível], e que é preciso educar a criança para a agitação. E uma agitação meio ligada ao mal, a criança tem que saber — sem exagerar — quebrar, tem que saber dizer desaforo, tem que saber enlambuzar-se, tem que saber violar….
(Sr. Paulo Roberto: Divertir os mais velhos.)
E a diversão que a criança faz consiste em fazer coisas extravagantes, erradas e que entra constantemente um excesso de vitalidade. E a criança quase que fica, em ponto pequeno… — eu vou usar uma palavra muito pesada mas eu vou depois usar uma mais exata — um pequeno criminoso, no domínio da infantilidade de famílias bem organizadas onde não há o crime. A criança para ser engraçada e divertir os mais velhos, tem que ser um pequeno criminoso.
Mas ao mesmo tempo que exigem isso da criança, exigem da criança que ela não passe um certo limite, e a ela não lhe é dada nenhuma explicação de por que é que ela tem que ficar naquele limite. Passou o limite, pancada; não passou o limite, incitamento para se esfregar no limite, e para ter vontade de transgredir o limite.
(Sr. Paulo Henrique: Impressionante, está muito bem descrito.)
É assim.
(Sr. Paulo Henrique: Pelo que eu conheço aí das relações, é exatamente isso.)
(Sr. Guerreiro: É uma coisa tremenda isso, hein?)
É tremendo. Naturalmente, como sempre, a Estrutura alheia ao fato, não é? Porque isso era tema para a estrutura intervir, não é? Mas não intervém, mas nem um pouco!
(Sr. G. Larrain: Quer dizer, intervém ao revés, não é? Promovendo.)
* Educar para a agitação cria o infrator de todos os princípios da Civilização Cristã
Esta idéia de que a pessoa deve viver esfregando-se no mal e não passando de um certo limite, cria no subconsciente a idéia de que é preciso passar o limite e não ir além de um certo extremo. Apenas se recua o limite com o tempo.
Agora, vocês notem bem que isto cria o infrator de todos os princípios da Civilização Cristã.
Porque cria… e não adianta vir com conversa porque cria.
(Sr. Paulo Roberto: É uma espécie de tintura-mãe da Revolução, não é?)
Tintura-mãe, tintura-mãe.
(Sr. Guerreiro: E é de cortar o coração isso porque a gente vê em criança pequena… a gente vê por causa do sr., porque se não fosse o sr. tratar dessa problemática, a gente não via nada! […] e se a criança passar um ano nesse regime de vida ela está liqüidada!)
E para a vida inteira, hein! Para vida inteira, naturalmente, a menos que venha uma graça. Mas que já não é uma graça corrente, é uma graça excepcional. Precisa uma pequena conversão.
* Se a criança não cede, fica isolada como um bobo, um sem-graça
Agora, há o mais terrível que é o seguinte: se a criança não cede a esse impulso ela fica com uma série de virtudes mas virtudes que como evitam a agitação, fazem da criança uma pessoa sem graça para o ambiente. Então há uma espécie de perseguição para a criança sem graça. É caipira, é bobo, é torto, é errado, essas coisas assim desse gênero.
Ou é isso, ou se a criança é muito modelar; eu suponho uma criança muito inteligente, etc., etc., que não dá margem a isso, eles o que é que fazem? Eles fingem que não vêem as qualidades dessa criança, não vêem também, não vêem nada, não vêem as qualidades. E nunca elogiam em nada e ao contrário dos amigos que são continuamente elogiados pelas infrações que cometem.
(Sr. G. Larrain: E isso é bem exatamente o que fizeram com o sr. […])
Foi isso. Teoricamente o que eu fazia era perfeito mas não arrancava um entusiasmo, um aplauso, nem nada, não se olhava, porque era a criança sem graça. Não se dizia isto porque eles se compraziam em imaginar que eu era uma criança muito inteligente, então um certo cuidado, entende? Mas eu nunca, por exemplo, tive um elogio por estar me interessando muito precocemente pela História, nunca! Nunca tive algo que me estimulasse neste sentido mas ainda que um pouco. Era uma coisa que se preferia não perceber.
* O açoite da indiferença
Isso fazia parte de uma perseguição, e uma pessoa percebe que deixará de estar nesse invólucro se desandar. E que, portanto, os braços da corrupção vêm abertos caminhando para a gente. Mas do outro lado o açoite da indiferença, um açoite de aço polido… [Uma] indiferença que nunca tem nada de agressivo, nunca tem nada de nada, mas é indiferença. O açoite dessa indiferença leva a coisa até não sei onde, entende?
(Dr. Edwaldo: Sem que as pessoas tenham combinado, todo o ambiente age assim.)
Todo ambiente age assim, quase que com a mesma maneira de um mecanismo.
Você imagine, por exemplo, essa caixinha de música que tem aqui, eu nunca abri para ver como é o mecanismo porque não me interessa. Mas eu tenho a impressão que é uma coisa que faz assim, bate nisso, toca nisso, faz aquilo por uma série de contactos mas que não tem nenhum agente externo movendo. Aquilo tomou uma corda, desanda a corda, papapapá! toca uma música.
Assim também o ambiente social fica feito como uma espécie de… que toca uma perseguição. A ária de uma perseguição em torno de uma pessoa.
* Uma perseguição que é universal
(Sr. Paulo Roberto: É um policiamento universal, não é?)
Universal, não escapa ninguém. Um sujeito que vá àquela casa pela primeira vez e é apresentado às várias crianças, esse sujeito sabe já quais são as crianças que ele tem que congelar. E por toda a parte.
Acho que há lugares onde isto é muito mais vivaz do que em outros, e que chega a ser uma tirania tremenda.
Por exemplo, eu tenho impressão que há lugares onde é menos vivaz do que em outros, enfim pelo menos se respira um pouco. Mas há lugares em que é a regra da perseguição total.
Nos lugares onde é menos vivaz, não deixa de existir. A questão é apenas que eu estou graduando minhas palavras, “é menos vivaz” apenas.
De maneira que então chega à conseqüência seguinte:
Lugares onde haveria vivacidade, qualidades de espírito, etc., às vezes pouco comuns, tudo fica inutilizado… mas na sua primeira raiz, na primeira, por esse ambiente.
Depois vem então os parlapatões falar:
— “Isso não, isso se acerta tal, tal coisa ou tal problema nacional, alterando tal artigo da Constituição.”
Não entenderam nada! “Artigo da Constituição”…! tenho vontade de dar uma gargalhada. Pode virar a Constituição de cabeça para o ar que não resolve nada, posto isso que eu estou dizendo.
O que é que está me olhando tão fixo, meu filho aí?
(Sr. Horácio Black: Estava pensando o quão pouco era um cruzado que era apoiado por toda a opinião pública na sua época, ao lado de uma pessoa que sozinho teve que resistir a uma pressão tão grande no ambiente, não é?)
Sim, porque os cruzados tinham isso, eles tinham toda a Europa batendo palma para eles, e o establishment. De maneira que quando o sujeito voltava para casa, mesmo reis fassures, ordinários, se ele voltava como herói, ele era um herói para a vida inteira.
(Sr. Guerreiro: Ou o filho, se o filho tivesse morrido na guerra o filho virava herói.)
O filho virava herói exatamente.
Mas para eles era um estímulo do outro mundo. Hoje não, é o contrário, é uma perseguição a que praticamente muito pouca gente resiste.
Acontece o seguinte, que minha preocupação — porque para dizer bem claro as coisas — na TFP, foi de constituir um ambiente interno que desse um certo impulso ao lado bom, de maneira que ao menos dentro de certas paredes domésticas, esse quebranto pudesse quebrar-se. E então houvesse um certo ambiente social que agisse em sentido oposto.
E o alardo que vocês vieram hoje é um sinal, é uma expressão deste empenho. Então, vocês pegam, por exemplo, sobre os enjolrinhas o efeito de um alardo pode atenuar, enfim, fazer muito bem nessa linha. O caráter, por exemplo, solene da Reunião de Recortes e com a música. Eu sou muito favorável àquela música, acho que…
(Sr. G. Larrain: O vos omnes? É uma coisa extraordinária!)
É, eu acho muito…
* A tristeza de não receber dentro do grupo tudo o que se receberia fora produz o sabugo
Bem, enfim tudo aquilo é um modo de fazer uma pressão no sentido oposto. Agora, aqui vem a questão, é que o sujeito sofre uma pressão num certo sentido fora e num outro sentido dentro. Ele quer dar-se à pressão de dentro, ele quer reagir à pressão de fora, mas acontece que o que o mundo oferece fora, humanamente falando, vale muito mais do que o que lhe oferece dentro. E daí vem certas crises de sabuguismo, a tristeza de não receber dentro tudo o que ele receberia fora. Produz o sabugo.
(Sr. Paulo Roberto: E cada sabugo que a gente vê…)
Ah, cada monumento de sabuguice que é uma coisa do outro mundo.
Mas você vai ver por que que é: é um agitado, intranqüilo, porque queria participar da agitação fora, é um comandante da agitação, que então não podendo, procura fazer aqui dentro pequenos ninhos de agitado. É o desconto que ele dá.
Ele não quer sair, por uma série de razões ele não quer sair — razões boas respeitáveis — não quer sair; mas por razões ruins ele quereria sair.
O desconto é evitar que aqui dentro fique por mais marcadamente diferente de fora e fazer aqui dentro, portanto, algo do que se faz fora.
Agora, um diretor espiritual que não saiba disso, não dá volta na questão.
Eu acho que para todos os países isso abre uma perspectiva muito importante no seguinte sentido: se nós quisermos ter o Reino de Maria, nós precisaríamos ter gente que tivesse uma idéia bem clara disso que eu estou falando. Porque do contrário penetram e fazem a coisa como querem, e não encontram resistência porque as pessoas não ligam para isso e está acabado.
(Sr. Guerreiro: O sr. falava a pouco que há no Brasil uma tendência a se tratar um certo gênero de gente com muita brincadeira, a gente vê que isso depois se generaliza quando os pais tem os filhos e tratam o filho com uma mistura de bichinho, de brinquedo e de algo ao qual se pode ter desprezo porque ainda são seres muito indefinidos. […] )
E a criança forma no pai e na mãe a idéia de um inimigo.
(Sr. Guerreiro: Ou que eu sou um palhaço, um brinquedo deles.)
E, portanto, a idéia de que eles me tratam de um modo errado, mal, e não me compreendem.
(Sr. Guerreiro: E depois, SDP, a gente vê que em toda fase da gravidez da senhora também se trata de um modo cada vez mais infame, não é? Eu conheci uma pessoa que eu olhando para o menino, era um menino de oito ou nove anos, e de um temperamento muito fora do comum em matéria de tranqüilidade. Não é gente ligada à TFP. Aí perguntei: “O Daniel é uma pessoa muito calma e tranqüila, completamente fora do comum nos dias de hoje.” Aí a mãe dele disse: “É que a minha gravidez foi muito calma, eu praticamente não me movimentava, por razões médicas eu quase não me movimentava e fiquei muito em casa.” E o menino saiu calmo sr. Tremendo isso.)
Terrível. Bom, e essas sirigaitas hoje os estado delicados elas atravessam fazendo qualquer porcaria, não é? Correndo, trabalhando, subindo em ônibus, metendo no metrô, fazem tudo. O que é que sai?
(Sr. Guerreiro: A gente vê que com esses princípios que o sr. está dando, se se pudesse formar uma escola em que as pessoas tivessem muito senso para ir percebendo isso numa criança desde cedo. Uma criança chegaria aos nove anos de idade, uns gigantes, não é?)
Era, você tem razão. Mas sabe o que é que faziam? Começava uma máfia contra a escola: “Meu garoto, eu pus na escola, realmente ele estudou, mas é um menino que é diferente de todo mundo.”
Você sabe que “diferente de todo mundo”, equivale a uma espécie de excomunhão mayor, não é? Não pode ser diferente de todo mundo, tem que ser como é todo mundo. Então lá vai a coisa.
(Sr. Paulo Henrique: A École na França que já era curso secundário, teve essa conotação e veio o estrondo por causa disso, por causa dessa diferenciação.)
Eu acho que ficaram indignados. E esses meninos que estão conosco e que hoje são homens, ainda estão conosco por causa da fidelidade deles a alguma coisa disso que eles encontraram.
(Sr. G. Larrain: Agora, como nós seguimos pouco o sr. nesse ponto, em muitos outros também, porque o ambiente todo da TFP deixa muito a desejar nessa matéria, não é?)
Quer dizer o seguinte, é só eu não estar presente que eu tenho a impressão que a coisa muda.
(Sr. G. Larrain: Mesmo com o sr. presente…)
Também, também.
(Sr. G. Larrain: Não é a solenidade que o sr. queria, não é? […] quer dizer para pegar uma reunião teria que haver uma certa agitação, e não deveria ser assim.)
* É preciso o recolhimento para obter a tranqüilidade, para depois começar a fazer qualquer coisa
Não deveria ser, pelo contrário! Pela Doutrina Católica tem que haver um recolhimento para obter a tranqüilidade para depois começar a fazer qualquer coisa.
Os tais recolhimentos são em parte para conferir essa tranqüilidade, essa seriedade, etc., etc.
(Sr. G. Larrain: E dificilmente se pode entrar na Bagarre, todo agitado, não? Ou na palhaçada, não dá!)
Não vai, depois na Bagarre tem certas horas que o sujeito percebe que está arriscando tudo por tudo. E o pior não é morrer, é ser preso. Você já imaginou na Bagarre o que é que vai acontecer a quem for preso?
Por exemplo, na guerra 1914-18, o padre Mariaux que foi combatente daquele tempo contava que para os alemães era assim: quando eles eram presos, eles de bom grado entregavam as armas logo e se deixavam prender, porque diziam que para eles a guerra tinha acabado. E como não havia ainda nazismo nem essas coisas todas, eles sabiam que iam para um campo de concentração onde seriam tratados com pobreza, eles seriam postos em trabalhos forçados. Acabava a guerra voltavam para as suas pátrias íntegros de corpo e iam viver.
Agora, não é como na II Guerra que você sabe bem como é que foi o negócio.
(Sr. G. Larrain: E na Bagarre nem se diga, não é?)
Bom, a Bagarre não tem palavras.
Você imagine cair preso dos comunistas na II Guerra, dos nazistas, nem se fala, é entrar vivo num inferno.
(Sr. G. Larrain: Muito pior é ser filho do sr. e ser preso por eles.)
Pois é, ódio, mas o ódio!
Bem, agora como é que estão preparados para fazer face a isso aqueles que foram educados dessa maneira?
(Sr. Guerreiro: Tudo o que o sr. está falando é de uma gravidade que…)
* É preciso habituar a fazer aquilo que é dever, ainda quando é desagradável e toda a sensibilidade esteja clamando pelo contrário
Mas é tremendo! E depois um dos princípios que está colocado nesse sistema educacional revolucionário é o seguinte:
Nunca, nunca, nunca, a pessoa concebe a hipótese de fazer de bom grado algo que não seja sensível. Não sei se eu me exprimo bem? E que seja puramente racional, o estar fazendo uma coisa puramente racional é um tormento. O que é preciso é fazer uma coisa sensível. Então a excogitação para o educador é arranjar coisas que divirtam e que entretenham junto com o dever. E se diz, “reunir o útil ao agradável é muitíssimo bom”.
É um engano! É preciso habituar ao desagradável, habituar a fazer aquilo que é dever ainda quando é desagradável. E se houvesse um meio de o indivíduo passar a vida inteira sem encontrar um dever desagradável pelo caminho, era preciso suprimir esse meio, porque esse meio destruiria a humanidade.
É preciso que a pessoa saiba encontrar valos profundos até os quais penetra com passo resoluto, porque a fé e a razão indicaram, embora toda a sensibilidade esteja clamando pelo contrário. Sem isso não está formado nem o homem nem o católico. Essa é a verdade!
Mas isso é uma coisa que não se gosta de ouvir.
Quer dizer, se, por exemplo, eu quisesse fazer uma conferência sobre isso para um auditório grande, não seria bem recebido.
(Sr. Paulo Henrique: E sobretudo…)
É. Não seria bem recebido.
(Sr. Paulo Roberto: Na Bagarre a pessoa tem que ter na cabeça uma espécie de uma lembrança de um ambiente assim para que ela possa enfrentar tudo, não é?)
Pois é preciso! É isso sim!
Quer dizer, ela passou, portanto, por várias bagarrinhas, às vezes até bem grandes na sua vida anterior. Do contrário como é que… mole como uma pasta que não pode estar a não ser se divertindo de um jeito ou de outro. Como é que essa pessoa pode…
(Sr. Paulo Henrique: Ela vai temperando a sua alma, não é?)
Como é que a pessoa pode dar qualquer coisa sem isso? Não é possível! (…)
… só homens, é o plural, pais e mães.
Quando começam a ter os filhos, começam ficar os filhos com 5, 6 anos:
— “Como vai a meninada em casa?” modo de conversar.
Um para se gabar:
— “Olha, está me dando um trabalho tremendo. Eu tenho um filho que é o do arco-da-velha, pinta o caneco.”
No fundo para dizer que é admirável porque infringe todas as leis e que ele dá em cima do filho, e o filho resiste e que por isto vai ser um homem de grande força de vontade. É essa a teoria; ele diz sorrindo já, enlevado: “Tenho um filho terrível.”
Eu tenho vontade de levantar e dar umas bofetadas: “Cachorro! assim é que você entende as suas…” fico quieto porque não é possível fazer, mas é a coisa.
(Sr. G. Larrain: Muito corretivo o que o sr. está dizendo agora, muito séria. […]) [vira a fita]
… até entrar para o movimento mariano havia uma alternativa que era assim:
* Há duas alternativas para a pessoa: viver no completo isolamento ou entrar num relacionamento que escraviza
Ou a gente pertencia a uma roda que tomava o tempo da gente de noite, de dia, todas as horas, e não se podia estar só nunca. Ou a gente estava só eternamente. Também não pode ser, nós somos animais sociáveis.
Mas do contrário a tal roda, não sei se no tempo de vocês era tão rigoroso quanto no meu tempo. A tal roda era absolutamente absorvente. E depois outra coisa, tinha que gostar das mesmas coisas, ir aos mesmos lugares, relacionar-se com as rodas com os quais a roda da gente era relacionada, era uma servidão. Ou entrava nessa servidão ou ficava isolado.
Agora, ambas as coisas são inaceitáveis. Então o que fazer?
(Sr. Paulo Roberto: […] para dentro do grupo se pudesse estabelecer novamente, seria uma reconquista.)
Uma verdadeira reconquista.
Vamos dizer, por exemplo, seguinte:
No Êremo de Elias ou no Êremo do Praesto Sum onde as circunstâncias por causa dos parques se presta mais ao que eu vou imaginar, deveria ser a coisa mais normal do mundo um eremita ir com um livro, com uma coisa qualquer, pôr-se sozinho levando consigo uma cadeira, embaixo de uma árvore frondosa e ficar duas horas lendo, três horas lendo sem conversar com ninguém. Mas isso não pode acontecer, porque passa um cutuca, fala, e mexe. E se o outro estivesse falando, a gente não queria falar com ele, mas o quieto leva a isso.
Mas o que é o mais engraçado é o que eu verifico aqui com vocês. É que todo mundo, a gente descrevendo isto reconhece que isto é assim. Mas há um peso qualquer que inibe as pessoas de falarem entre si, reconhecendo que isto é assim. E inibe até de analisar a realidade de si para consigo chegando a essa conclusão. De maneira que o indivíduo, por exemplo, eu vejo com vocês todos. Vocês têm isso nos bordos dos lábios, a observação está tão madura que é só eu falar que todos concordam, viram, notaram, percebem, etc., etc. Tenho impressão até que em uma ou outra observação sentem um alívio por notar que isto está sendo notado. Mas não aparecendo alguém que tenha a coragem de meter um pontapé nesta clausura de… como é que chama essa coisa transparente à maneira de vidro?
(Sr. Poli: Plástico.)
Plástico. Vocês todos poderiam, por exemplo, fazer uma longa viagem juntos. Vamos dizer, por exemplo, fluvial ao longo de um rio brasileiro, naquela solidão em que os assuntos saem numa roda. Poderia acontecer de conviverem dois, três meses juntos sem que esse assunto saísse.
* Há um certo momento em que é preciso escolher: dizer sim ao chamado e ficar só, ou sim à escravização da sociabilidade tirânica
(Sr. G. Larrain: É o medo de ficar só, SDP. Uno não fala disso porque percebe que do outro lado está a solidão completa. E isso dá um medo muito grande.[…])
Está primorosamente observado. É o receio sobretudo seguinte: que um de repente traia tomando o papel do mundano: ““Não isso não é assim!”
E os outros imediatamente se alinham contra você porque sabem que vão ter aplausos contra você quando contarem para fora. A tal ponto chega a tirania.
E depois se diz liberté, egalité, fraternité. Mas o sujeito está amarrado com grilhões. É obra do demônio, ouviu?
(Sr. G. Larrain: O sr. quebrou isso e o fato de alguém ter quebrado tem uma importância muito grande na ordem mayor…)
Quase metafísico.
(Sr. G. Larrain: […] precisa de muita coragem para fazer isso.)
Há um ponto da coragem em que o conselho é ter coragem, é o momento que você tem que ir para a guerra e levar tiro, não tem saída, é levar o tiro!
Há um certo momento em que é preciso, é isso! É verdade, vai ficar só, corre o risco de ficar só, escolha! Sim a esse chamado ou sim à escravização a essa sociabilidade.
(Sr. Poli: Propriamente uma escravização.)
É uma escravização, não tem conversa.
(Dr. Edwaldo: É uma sociabilidade onde as pessoas não se estimam.)
Não se estimam, nada! Não tem estima nenhuma.
Eu intuo que houve alguns formadores que procuraram fazer assim a formação individual. Então, por exemplo, pegando você procurar explicar a você, eu, você viria falar comigo. Eu daria a você uma hora por dia em que eu explicaria a você como você deve ser. Mas depois soltava você no mundo, isso não adianta de quase nada.
Ou eu poria todos vocês em contacto uns com os outros e formando um ambiente, ou soltando isolado… não vale a pena perder tempo.
(Sr. Paulo Roberto: Fica isolado para sempre [ininteligível] )
Aí melancólico, neurastênico, etc., e acaba naufragando.
Quer dizer, sabe qual é a saída disso aí? Os casamentos esquisitos. Vocês têm uns isolados assim que devem ter ficado isolados desde pequenos e que nem no nosso meio se desisolaram. (…)
* A Providência exige mudanças inopinadas de tema
… é saudável a gente fazer um certo esforço para manter em nossas reuniões um rumo. Mas há uma qualquer coisa da graça por onde, por algum desígnio da Providência, Ela exige que nós tenhamos também — além do rumo — mudanças inopinadas de tema.
(Sr. G. Larrain: E hoje é patente.)
Hoje é patente, por isso é que eu estou aproveitando a ocasião para falar. Eu, portanto, estou sempre disposto a ficar no rumo ou mudar de rumo conforme queiram, por causa de ver a graça como é que… para onde está querendo tocar. Porque quando a gente faz a reunião na linha que a graça está querendo, a reunião alcança um equilíbrio de seriedade, de distensão, de até uma pontazinha de charme que é o único descanso possível. Mas é a pura verdade.
E onde é dado a vocês, é dado a mim termos uma forma católica de convívio que não existe fora disso.
Por exemplo, eu não digo nada de novo a vocês dizendo que a esta hora em São Paulo, ninguém está conversando assim; mas também durante o dia não conversam. Não conversam nunca, se conversa, não sai.
É uma conversa fruto da graça, uma bondade da graça, é isso e não é outra coisa senão isso. Mas que vale muito a pena ter uma espécie de flexibilidade para mudar, às vezes, quando a gente tem uns… nota que está presente uma certa forma de animação que se retirará se a gente não quiser conversar sobre aquilo.
(Sr. Guerreiro: É um pouco a metáfora que o sr. em Amparo do peixe que atravessa o oceano todo vencendo as correntes marítimas, e depois da águia que atravessa o oceano todo voando. Quer dizer, nós temos que ser uma hora peixes outra hora águias. De acordo com o convite que a Providência nos fizer, não é?)
É isso, é isso mesmo. E nós temos que atender.
Hoje eu pus à disposição de vocês quer de tocar o assunto quer de mudar. Vocês puseram uma ênfase de cortesia e de bom espírito especial em mudar se eu quisesse.
E eu senti, quando comecei a tratar da questão que havia uma graça aí, tocamos. É fora de dúvida, saímos do nosso tema, é fora de dúvida. Mas tínhamos que ter saído.
(Sr. G. Larrain: Isso faz parte do ninho do passarinho. […])
Bom, meus caros vamos dormir.
Nós rezamos a Oração da Restauração.
Há momentos minha Mãe…
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