Conversa de Sábado à Noite (Êremo do Amparo de Nossa Senhora) – 2/5/92 – Sábado – p. 21 de 21

Conversa de Sábado à Noite (Êremo do Amparo de Nossa Senhora) — 2/5/92 — Sábado

O modo do SDP desenvolver alguns pensamentos é semelhante à maneira com que um passarinho faz o seu ninho; quando o “ninho” está feito” é submetido a uma severa análise da razão * O movimento trinitário pode ser o padrão de todos os movimentos que há no mundo * O Fundador é aquele que abre para uma porção de almas o conhecimento do ponto em que ele as chama para irem juntos * “A Revolução é um parênteses na minha vida. Mas de fato, quem observar bem notará que eu sou muito contemplativo” * O thau, por algum lado, é o conhecimento entrevisto do que a gente conheceria de paradisíaco misturado com o que lhe acrescentou o choque com a Revolução * Todo homem tem duas histórias paralelas: a história da vida interior e da vida externa * Uma porta que estava há muito tempo fechada se abre * Provação e desânimo que podem vir com o esboroamento geral de todas as coisas * Uma união de almas e de vias que ainda que seja por meio de milagres tem que subsistir * Um resumo da reunião

(Sr. Gonzalo: (…) muitos de nós vimos mais quando estávamos longe, do que depois de 25 ou 30 anos perto do senhor.)

É isso sim.

(Sr. Gonzalo: É uma coisas dolorosa. […])

(…)

* O modo como os passarinhos fazem seus ninhos: uma obra com muita perfeição e da qual que dir-se-ia que foi muito bem planejada antes

Eu nunca me tinha posto como era o problema de como era feito o ninho de um passarinho. Eu, às vezes, brincando num jardim, etc., eu via o ninho de passarinho, mas nunca me pus o problema de como era feito. Um dia alguém, não me lembro quem, me explicou que o passarinho — o que todo o mundo sabe — pega de cá, de lá e de lá, uma ervinhas, umas coisinhas, etc., e vai colocando e de um modo espantoso, cada coisa que ele pega se acerta bem no lugar vago que ele tem em vista, e no total é feito o ninho de passarinho.

E depois uma coisa meio surpreendente, é que não se sabe bem como é que aquilo adquire uma certa coesão, porque se ele tivesse por exemplo um líquido na ponto do bico de maneira que quando ele colocasse aquelas ervas… não são propriamente ervas, são o que eles chamam de brins, uma coisa que ele coloca lá. Que ele tivesse na ponta do bico um líquido qualquer que colasse um pouco uma coisa na outra, se compreenderia aquela coesão, mas de fato não é, o bico dele é inteiramente seco e não se vê que ele molhe o bico para levar lá…

Aquela coesão vem de que aqueles materiais são todos eles um pouquinho… tem suas pequenas asperezas, e fazem colchete uma nas outras, e isso se um homem genial tivesse encargo de escolher os materiais para fazer colchete dessa maneira, não dava. E depois aquilo tem mais coesão do que a gente imagina à primeira vista, porque resiste à entrada e saída do passarinho, cada vez que ele entra e que ele sai, aquilo tem um trauma. Depende muito da forma do ninho, mas enfim, é isso.

(Sr. Gonzalo: Os filhotes não escampam também.)

Os filhotes não escapam e depois o que é interessante também, os ventos sopram e ele não descola da árvore. Eu não vi uma vez só um ninho caído no chão com os ovos quebrados. Quer dizer, que antes do ninho estar… não se pode dizer planejado, porque o passarinho é um animal irracional não tem plano, mas enfim, vocês me entendem, parece que foi feito um cálculo perfeito entre a resistência do galho, a firmeza que o galho dá aos materiais que se insere no galho para formar a coisa, e depois os materiais entre si, e aquilo dá uma obra de uma fixidez, e uma seriedade perfeita.

Mas aquilo não é feito de acordo com um plano, porque o passarinho é incapaz de planejar, mas é feito de acordo com o instinto e tal e toma essa fixidez perfeita.

* O modo do SDP desenvolver alguns pensamentos é semelhante à maneira com que um passarinho faz o seu ninho; quando o “ninho” está feito” é submetido a uma severa análise da razão

E eu tenho impressão de que os racionalistas não saberiam fazer um ninho de passarinho, porque à força de raciocinar eles errariam. E que o passarinho tem uns instintos, tem o que nós intuímos e eu tenho impressão também que as grandes construções intelectuais são feitas em larga maneira assim. De maneira que a maior parte das coisas que nós conversamos ao menos por mim não são feitas assim à grande maneira, como um romântico do século passado imaginava um intelectual, assim com a mão colocada no cabelo e pensando com um olhar inspirado, atrás uma musa meio etérea que toca uma harpa e que sugere a ele as coisas, e ele ouve, então tira uma conclusão, etc., etc., mas são assim humildemente, despretensiosamente pequenas coisinhas que a pessoa vai acumulando: “isso liga com aquilo, deixa”. Passa um ano, ou passa um minuto vê uma outra coisa e liga com aquilo. Um belo dia ele olha o conjunto e diz: “olha, dir-se-ia que o “ninho” está feito”. Vai ver e aí submete à prova da razão.

E se o “ninho” foi bem feito, resiste à prova da razão. Quer dizer, a razão faz a análise severa então, mas severa! e vê que o ninho resiste. Então chegou a ocasião de utilizar o ninho, entrar dentro dele…

* A primeira vez que o SDP tomou contato com um ninho de passarinho

Esses temas assim eu resolvo dessa maneira. Depois, muitíssima coisa que eu apresento aqui a vocês em reunião, é “ninho de passarinho”. Essa mesma metáfora do ninho de passarinho, eu me lembro que a primeira vez que eu comecei a pensar sobre o ninho de passarinho, foi numa casa de um contra-parente meu na rua Brigadeiro Luis Antônio, que era naquele tempo uma rua residencial, depois mudou inteiramente. Mas era uma rua residencial e tinha um parque muito grande, e tinha uma espécie de coisas que podiam ser mais ou menos uns ciprestes mas que eram talhados com [por um brasileiro] de um modo não muito imaginativo formando assim arbustos que formavam uma espécie de escada, de maneira que o terreno era dividido em platibanda que iam subindo e no alto tinha escada. Aquela platibanda era ocupada por uma fileira de arbustozinhos cortados dessa maneira.

E uma menina dessa casa me disse — nós éramos criancinhas — vamos pegar ninho de passarinho?

Eu disse: mas onde é que tem ninho de passarinho?

Aqui, você vem comigo e vamos pegar o ninho de passarinho.

Eu tive uma certa curiosidade e fui com ela pegar o ninho e a outra criançada foi toda atrás. Sabe quando a criança […inaudível] vai tudo atrás correndo, fazendo barulho e foi o pessoal todo lá. Chegamos lá e encontramos um ninho feito. Mas estava sem ovos. Eu não sei se era um abandonado, porque às vezes fica um ninho abandonado. Ou se era um ninho que estava sendo usado ou não estava, mas estava sem ovos.

Eu disse: mas deixa eu ver como é.

Ela tirou o ninho do galho e me apresentou.

Eu comecei a olhar, mexi no ninho, etc., etc., e depois nós nos desinteressamos porque de repente apareceu qualquer outra coisa. O ninho foi jogado pelo chão e a coisa ficou.

Mas na minha cabeça ficaram certas impressões, mas só assim, ficou só isso: “que diferentes as coisas que estão formando isto”.

E depois eu vi em outras ocasiões o passarinho — outros passarinhos, em outros lugares — trazendo para os respectivos ninhos, materiais. Então me veio à cabeça a idéia daquele ninho, e aí me veio à cabeça a idéia da heterogeneidade, como é que estava aquilo preso lá. Mas a idéia de como estava preso no galho não veio. Vamos dizer, dez anos depois me veio a idéia: “mas como aquilo estava preso no galho, que coisa interessante.”

Bem, nunca, nunca utilizei disto para metáfora nenhuma, agora à noite eu tive necessidade de explicar a elaboração do pensamento como eu entendo, pela primeira vez o ninho de passarinho da rua Brigadeiro Luis Antônio me foi útil para…

(Sr. Gonzalo: Fabuloso!)

* A elaboração das premissas, a inter-concatenação das premissas, se faz muito aos pouquinhos; pensar não é a pura parada do silogismo engendrando-se um ao outro, um ao outro

E eu acho que em larga medida pensar é isso. Não é a pura parada do silogismo engendrando-se um ao outro, um ao outro; isto é o fim, no fim dá nisso. E a solidez do pensamento está no raciocínio. Mas a elaboração das premissas, a inter-concatenação das premissas, etc., tudo isso se faz assim muito aos pouquinhos. E portanto tudo isso que você mencionou, no meu espírito é ninho de passarinho.

De maneira que está tudo muito…

(Sr. Gonzalo: Algumas ramas o senhor não tem nada a dizer?)

* O movimento trinitário pode ser o padrão de todos os movimentos que há no mundo

Eu tenho impressão de que há uma coisa chamada pericórisis trinitária, que é a processão eterna da Santíssima Trindade que é — mas eu posso estar enganado, nunca li uma meia página de teologia sobre isso — mas pode ser o padrão de todos os movimentos que há no mundo e no modo de tudo mover-se não é o simples movimento com que as pessoas entendem. Por exemplo, essa pedrinha pode numa ladeira, bater nessas e as duas correrem, etc., não é isso, mas é que as coisas movem-se à maneira de criação, à maneira de geração, à maneira de processão, e as ações dos homens, todas, são uma dessas três coisas, e que os grandes movimentos da História são assim também, e portanto que se compreenderia muito melhor a História se nós compreendêssemos na perfeição isso.

Mas isso mesmo, eu estou aqui explicitando para nosso uso, mas nem mesmo isso eu tinha explicitado, é o que estava pronto em cima do galho para receber outros dados. E eu sinto uma espécie de alegria, de bem-estar dentro da alma nessa idéia da dinâmica de todas as coisas materiais e espirituais movendo-se segundo prodigiosos desígnios de Deus e produzindo acontecimentos, etc., etc., dentro da linha do mover-se e do agir.

(Sr. Gonzalo: Mas tendo como matriz o movimento Trinitário.)

É. Você vê que forma uma hipótese bonita.

Mas não é senão uma hipótese e eu sinto que se eu concluir a minha vida e for para a “gruta”, na “gruta” eu teria já material necessário para fazer esse “ninho” de passarinho. Mas que ainda não está pronto na minha cabeça.

Não sei o que é que me dizem a esse respeito.

Agora, fica muito bonito, e tem uma grandeza única, você imaginar que isto é assim mas que seu movimento ou o meu é uma fração dentro disso e que todo nosso viver é mover-se dentro dessa linha. Que fica uma coisa belíssima.

(Sr. Gonzalo: Por que, quando o senhor colocou esse ponto do conhecimento da Santíssima Trindade? De onde nasceu isso? E não é por exemplo, explicitar pessoa outro mistério…)

A Eucaristia.

(Sr. Gonzalo: Por que é a Santíssima Trindade e não é outro?

* Lendo coisas muito fragmentárias sobre a Santíssima Trindade, eu percebi que tem muita coisa da Santíssima Trindade, que explica a História propriamente

Porque lendo coisas muito fragmentárias sobre a Santíssima Trindade, eu percebi que uma curiosidade de caráter metafísico se movia em mim, um desejo de saber e uma alegria em perceber alguma coisa como eu estou dizendo agora aqui, e portanto já [havia] provavelmente alguma coisa nesse sentido. Aí percebi que tem muita outra coisa da Santíssima Trindade que assim explica tudo, que explica a História propriamente. E que os superiores movimentos do mundo, as circunstâncias, as ocasiões, e tudo mais, que tudo isso está em Deus não como sumo criador, mas até certo ponto como artífice da História.

Você pode [sesir] mais esse pensamento se você tomar em consideração que os homens não tivessem cometido pecado original e que tivessem continuado a viver no Paraíso. Haveria uma História, e essa História não seria uma coisa vazia, sem sentido, esta História deveria ser uma história, assim como é por exemplo a história do João, ou do Pafúncio, não sei o quê, que aconteceu tal coisa, encontrou-se diante de tal situação, e resolveu assim, e prestou a sua colaboração a uma obra em conjunto que a humanidade sem pecado original deveria fazer no Paraíso, e que em última análise, Deus era o autor dessa história, porque são as criaturas dele movendo-se segundo à vontade d’Ele para realizar o plano d’Ele. Então, o pecado não tirou completamente esse caráter ao agir humano, mas pelo contrário, Deus em vista do pecado, dando ao pecador a liberdade que Ele dá de pecar, Ele vai tirando Ele, suas conclusões e suas contra-partidas, mas Ele constrói uma História. É a História d’Ele diante do inimigo d’Ele.

Nascem aí duas perguntas muito bonitas também, que são as seguinte: está bom, mas encerrado a História dos homens na terra, pergunta-se: no céu há uma História? E essa História se insere de algum modo na pericórisis? São perguntas. E se insere de algum modo na História?

E depois uma pergunta de outra natureza mas uma pergunta bonita: destes possíveis movimento históricos quais os que determinariam mais entusiasmo meu que me explica a mim mesmo, o que é que Deus quis fazer nesse conjunto quando Ele me criou a mim? E eu me compreendendo melhor a mim, saberei servi-lo melhor.

Não sei se está muito pesado, muito longo, mas é isso.

(Sr. Gonzalo: O senhor tem respostas para isso?)

Não tenho, são “ninhos de passarinho”.

Agora, na “Gruta” eu tenho impressão que eu teria vivido bastante tempo para todo material do “ninho de passarinho” estar acumulado, e que eu construiria as grandes soluções para mim, tanto é que eu nem penso em comunicá-las a ninguém. Eu penso em conhecê-las para me preparar para morrer, e para entrar na eternidade.

(Sr. Gonzalo: É bonito que o senhor diga que não [é] para dar a conhecer a outro, porque marca muito o princípio monárquico mesmo. São coisas entre Deus e o senhor, e que glorificam a Deus […inaudível])

Sim.

(Sr. Gonzalo: … Deus quer para o senhor isso, e o senhor faz, e não tem que estar dando contas a ninguém do que o senhor fez. Seria extraordinário para o gênero humano saber, mas o senhor acha que tanto daria para o gênero humano conhecer isso ou não conhecer? À primeira vista se diria que devia conhecer.)

Sim, eu acho também que sim, mas que uso o gênero humano faria disso?

(Sr. Guerreiro: […] Isso o que seria? Seria um outro capítulo da sua História individual e que estaria como que distinta da História do Reino de Maria que Nossa Senhora teria chamado o senhor a fundar? Como é que ficaria isso?)

* A História do Reino de Maria seria a história a luta da Contra-Revolução quase esmagada contra a Revolução dominante

A História do Reino de Maria seria a história a luta da Contra-Revolução quase esmagada contra a Revolução dominante e toda braçagem de coisas por onde isso mexe, mexe, e dá na vitória do Reino de Maria, e depois no Reino de Maria ainda fazem parte de um outro todo que é a continuação do Reino de Maria, o declínio do Reino de Maria e a luta final de Nosso Senhor com o anticristo.

Mas que em determinado momento eu que estou metido junto com vocês dentro dessa braçagem me destaco da braçagem para fazer a preparação de minha alma para a morte e para me apresentar diante de Deus, dar contas do que eu fiz e não fiz e me apresentar diante d’Ele. Mas para completar, para meu efeito aquilo que eu fui criado para saber e para amar neste mundo a respeito de Deus, por onde minha alma esteja pronta para conhecê-lO. De maneira que seria à maneira de um guerreiro, um cruzado que vamos dizer, servia a Godofredo de Bouillon na primeira Cruzada. Ele vai luta, etc., etc., em certo momento o reino de Jerusalém está estabelecido e consolidado, e ele então vê que está velho e que ele tem que preparar sua alma para o céu, e ele faz para si uma preparação desse jeito Isso inclui uma teoria da preparação.

* A teoria da preparação

A teoria da preparação seria a seguinte, ligada ao amor de Deus. Cada criatura foi chamada a adorar em Deus alguma coisa que ela e eventualmente a família de almas dela foram chamadas a adorar. Mas cada um, assim como é [único] assim tem também um ponto dessa gigantesca concepção que ele tem que conhecer para a história de seu pensamento e de sua alma estar completo. Ele, por assim dizer, ter descoberto esse todo de Deus onde por assim dizer — a palavra não é correta — deve inserir-se para gozar de Deus por toda eternidade. Isso seria um conceito de preparação para a morte que não desdenha nem de longe a preparação para a morte comum, em que o indivíduo faz o elenco de seus pecados, se arrepende, pede perdão a Deus, pede misericórdia de Nossa Senhora, etc., para ser bem aceito, etc., etc., nem de longe, nem de longe. Mas é uma coisa que completa do alto esta concepção.

Você me dirá: mas então todo homem tem que ser assim um metafísico?

Não, exatamente cada homem aí deve construir seu ninho de passarinho, que ele terá subconscientemente ou conscientemente, depois de cada um. Você está vendo bem pelo que eu estou dizendo, que está no meu espírito construir a coisa meio consciente e meio inconscientemente e depois trazer a luz da pura abstração do puro raciocínio em face da Revelação e dizer: isto não é assim.

Mas que todos os homens têm uma missão mais ou menos assim que [é a missão de sua alma] e de preparação dessa alma para o céu neste ponto.

* O Fundador é aquele que abre para uma porção de almas o conhecimento do ponto em que ele as chama para irem juntos

Não sei, meus filhos, se eu torno claro para vocês como a vida humana fica mais nobre vista assim? E como isto posto em termos de catecismo e ensinado às crianças: você nasceu para isto, há uma coisa assim, procure-se em Deus e você o amará melhor”. Isto só, já seria um passo para o Reino de Maria enorme. Mas eu sabendo que isso é um passo para o Reino de Maria, fazendo saber… Ao fazê-lo, sabendo que é um passo para o Reino de Maria, portanto com o maior empenho que isso seja feito, que eu faça, entretanto, como razão principal tenho ali, nem mesmo o próprio Reino de Maria, mas é a salvação de minha alma. Que realmente eu devo amar mais do que o Reino de Maria.

Se me dissessem: “você está disposto a ir para o inferno, para Nossa Senhora reinar sobre os homens?

Não!

(Sr. Gonzalo: O Reino de Maria vai viver e a densidade e a vida do Reino de Maria vai ser a explicitação e o conhecimento da alma do senhor, e através do senhor, Nosso Senhor, Nossa Senhora, etc., mas o Fundador…)

Esse é o sentido do Fundador. É aquele que abre para uma porção de almas o conhecimento do ponto em que ele as chama para irem juntos.

(Sr. Gonzalo: […] O gênero humano […inaudível] operar do senhor nessa ordem de realidade, dará uma glória a Nossa Senhora que é uma coisa fabulosa. Agora, como se coloca isso, o privar o gênero humano disso, ou não?)

Isso Deus dispõe. Mas é preciso que haja na seqüência das relações entre Ele e eu, um momento que seja de tal maneira d’Ele e de tal maneira meu que essa cogitação por mais justa, por mais nobre, por mais imperiosa que seja, ela entretanto fica de lado.

(Sr. Gonzalo: Fica a cogitação de lado, se vai ser ou não comunicado.)

Isso.

(Sr. Gonzalo: É um princípio de nexo…)

* A primeira coisa que Deus fará no juízo não é perguntar o que é que você fez do mundo, é perguntar o que é que você fez de si

De nexo e depois de unum individual inconfundível.

Quer dizer, há um determinado momento de minha vida, é o momento talvez de minha morte, em que cessou tudo, e eu estou diante de Deus. E Deus, de mim, a primeira coisa não é perguntar o que é que você fez do mundo, é perguntar o que é que você fez de si. A primeira pergunta d’Ele é essa: “você foi criado para ser assim, o que é que você fez de si? Você é isso?

Porque isso é individual, estritamente individual.

(Sr. Gonzalo: Desse contato do senhor com Deus, individual, isso é propriamente o que acabará sustentando o Reino de Maria. Há algo de sustentação… E o Reino de Maria cairá porque o gênero humano vai dar as costas para esse nexo que existe entre o senhor e Deus.)

Isso eu precisaria pensar para responder, eu não tenho a resposta na ponta da língua. Parece razoável. Eu não tenho objeções quanto a pensar o que está dizendo, mas eu precisaria pensar. Quer dizer, não há nada de negativo, mas um pensamento se faz com algo de positivo, preciso ter as conclusões.

(Sr. Gonzalo: São Paulo diz que o anticristo não virá antes que se rompam o [catejon?]. Há algo então que impede que essa coisa se rompa… […] enquanto isso não se rompa, o anticristo não tem poder sobre o gênero humano. Eu pergunto se essa comunicação com Deus não está nessa linha.)

É bem possível que esteja, mas eu precisaria pensar. É uma coisa que fica para uma eventualidade.

Diga, meu filho?

* O demônio sentir-se esmagado por um homem é uma coisa horrível, mas na pessoa de Maria, que é mulher, é para ele particularmente humilhante

(Sr. Horácio: […] O fato de vir o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo para derrotar o anticristo, o demônio termina perdendo com honra, porque se é necessário que o próprio Deus venha derrotá-lo ele diz: “está bom, eu perdi, mas perdi porque Deus veio”. Isso é uma forma de perder com certa honra. Mas se é um homem que o derrote, é mais humilhante para ele.)

Seria humilhante para o demônio que um homem o esmagasse?

É natural, porque ele é um anjo e sentir-se esmagado por um homem é uma coisa horrível. Agora, por isso mesmo também sentir-se esmagado — por Jesus Cristo certamente — mas na pessoa de Maria, que é mulher, é para ele particularmente humilhante e tudo leva a crer que uma das razões da revolta dele no céu é quando foi revelado a ele como conexão com a Encarnação do Verbo, que Nossa Senhora seria a mãe de Deus — olhe que os homens ainda não existiam, foi revelado que existiriam — Nossa Senhora seria a mãe de Deus e portanto rainha dos anjos. Então rainha dele, e isso foi um dos elementos da revolta dele.

De maneira que realmente o ser esmagado por uma criatura humana é humilhante. Mais humilhante é ser esmagado por uma mulher.

Agora, você dizia há pouco uma outra coisa, que esse contato com Deus nessa última fase, teria qualquer coisa e paradisíaco, não foi o que você disse, meu filho?

(Sr. Horácio: No Próprio Paraíso.)

Seria no Paraíso.

(Sr. Horácio: A gruta seria o paraíso.)

A gruta seria o Paraíso e que essa procura, essa meditação feita no Paraíso teria qualquer coisa de paradisíaco, portanto, não é?

* As honras e o caráter penitencial que são próprios à velhice

Diante disso, na linha de materiais para a construção do “ninho”, quer dizer, sem responder a você agora taxativamente, eu ao mesmo tempo sinto que há uma coisa qualquer muito bonita, e sinto que há alguma coisa que não é bem exata, mais ou menos como isso: a idéia de um guerra que lutou, etc., como seria o pajem de Godofredo de Bouillon, que chegou ao fim de sua vida e que tem uns anos de repouso antes de ir para o céu, é uma idéia muito bonita. Você vê alguma coisa disso em Jó, que depois de ter passado por tudo, teve um período de distensão, de dilatação, etc., antes de morrer, e isso é muito bonito. Para baixar o nível enormemente, a idéia de aposentadoria é uma idéia que está no fundo da cabeça de todos os homens, e quando os socialistas inventaram a aposentadoria universal, eles sentiam — provavelmente — que eles estavam atendendo uma aspiração de todos os homens para a respectiva velhice. Então a velhice é debaixo de um certo ponto de vista… [vira a fita]

simultaneamente vem que a velhice é um período de penitência e de sofrimento para o homem, e que o homem se sente diminuído e sente que está caminhando para seu fim, e que portanto é um período penitencial. O que tem também tantas razões para ser verdade que nem se sabe dizer quantas.

São Paulo fala expressamente que há um momento em que o homem se move por si, e há um momento em que o homem fica velho e é levado pelos outros. A velhice é apresentada aqui como uma diminuição.

Então, o velho ao mesmo tempo está diminuído e cercado das honras que tocam a velhice honrada. Você está vendo a curiosa simultaneidade desses aspectos. E, portanto, ao tratar da “Gruta” não se deveria omitir a idéia da presença da cruz de Cristo e portanto da dor e do sofrimento, a pari passo desses aspectos de que você fala.

Você não acha, meu filho que é razoável?

* A “Gruta”, que o SDP tanto deseja, seria no Paraíso?

Quanto a ser no Paraíso mesmo, vamos dizer, se compreende alguma coisa nesse sentido e parece que há teólogos que dizem que Elias e Enoc estão no Paraíso, portanto, se poderia compreender que outros homens a quem Nossa Senhora condescendesse em querer especialmente, também estivessem no Paraíso, embora em número muito pequeno dado o caráter inteiramente excepcional desta economia especial da graça. É uma coisa que se compreenderia.

Mas seria preciso, para poder afirmar isso de modo inteiramente taxativo, eu creio, alguma coisa da Revelação. Seria preciso estudar, seria preciso ver com calma, etc.

Não sei se esta resposta…



Diga, meu Gonzalo.

(Sr. Guerreiro: […] O senhor justificou que há um ponto individual único, que o senhor sente necessidade de desenvolver para se inserir de modo adequado em Deus.)

Esse inserir é entre aspas.

(Sr. Guerreiro: Isso levanta uma questão que é a seguinte: se não houvesse a Revolução, qual seria o gênero de vida que o senhor levaria? Porque fica a impressão seguinte: que toda a vida do senhor, toda essa luta, etc., o senhor foi fazer porque via que a Providência queria que alguém fizesse isso.)

Sim.

(Sr. Guerreiro: Mas se o senhor sente, no final da vida, a necessidade de realizar no plano da cogitação, não plano da metafísica todo um conjunto de movimento no seu espírito, para se preparar de modo adequado para Deus, dir-se-ia que toda essa obra que o senhor realizou, que será gigantesca, isso não atendeu ainda às necessidades mais profundas de sua alma…)

Realmente não.

(Sr. Guerreiro: O senhor está revelando algo da alma do senhor que nunca o senhor revelou para nós. Então, o senhor compreende que surjam algumas perguntas.)

Diga.

(Sr. Guerreiro: O senhor podia explicar um pouco mais por que o senhor tendo realizado tudo que realizou e realizará, por que o senhor não considera que isto para Deus é suficiente?)

* “A Revolução é um parênteses na minha vida. Mas de fato, quem observar bem notará que eu sou muito contemplativo”

Você veja a minha história como eu costumo apresentar. É de um menino inocente que se põe diante de um mundo de realidades que contempla, em determinado momento ele encontra no meio dessas realidades o mal. Tem um choque, não só porque vê o mal, mas porque percebe o predomínio do mal que devia estar no último, na coisa mais ordinária, esmagado, etc., etc., e percebe que está numa atitude de predomínio, mas de um predomínio ainda crescente que está para alcançar com uma insolência inaudita, um píncaro ao qual não tem o menor direito.

Então, uma atitude: impedirei, etc. etc., etc.



E vêm todas as reflexões sobre a Revolução. Mas eu tenho a impressão de que mais ou menos subconscientemente o trabalho primeiro vai se realizando à maneira do ninho do passarinho. Mais ou menos subconscientemente. Eu não tenho capacidade para pensar nas duas coisas com igual intensidade, mas eu posso ir nos momentos meus de delassement, de repouso, etc., etc., ainda que seja um instante a la ninho de passarinho, um instantinho de repouso, e ir formando a pari passu aquilo que eu não formei porque encontrei a Revolução no meu caminho.

Quer dizer, seria normalmente…

(Sr. Guerreiro: O senhor teve que fazer um parênteses na sua vida.)

Foi. A Revolução é um parênteses na minha vida. Mas de fato se você tiver o mal gosto de observar bem, você notará que eu sou muito contemplativo.

(Sr. Paulo Henrique: […] Quer dizer, isso de fato passará para o Céu, uma vez que houve esse processo aqui na Terra e o mal continuará no inferno. Então isso de fato vai num “crescendo” até o desabrochar o clímax da vocação na “Gruta” e chegar a Deus e depois vai com a corte que o acompanhou aqui e com os eleitos fazendo essa história por toda eternidade na corte celeste.)

Isso. É o nosso cântico no céu.

(Sr. Paulo Henrique: Mas também fazendo história no céu.)

Sim, porque a história do céu é a história de um cântico.

O que é que é a história no céu?

(Sr. Paulo Henrique: E qual seria esse cântico?)

* O que é acontecer no céu; a paradoxal História da imobilidade

Você pegue minha dificuldade da resposta. No Céu tudo é eterno, é fixo, e do ponto de vista do pecado, do não pecado, da Revolução e da Contra-Revolução, está julgado e não vai nem para frente nem para trás. No céu ninguém se santifica mais, e ninguém peca. Os homens estão parados como os encontrou a morte.

Então, o que é acontecer no céu?

É o desenvolvimento desse cântico. Deus é tão glorioso nas suas manifestações, na História, e em si mesmo, que eu seria levado a dizer que há duas histórias concomitantes, que nós cantamos aquilo que foi Gesta Dei per Omnis, pelos homens na História, mas há outra coisa, que eternamente nós vamos conhecendo coisas novas em Deus e cantamos essas maravilhas. Isso é a História da eternidade imóvel. A paradoxal História da imobilidade.

(Sr. Gonzalo: Não é o que o sr. Guerreiro perguntava…)

Não, isso é uma resposta para a pergunta do Paulo Henrique.

(Sr. Guerreiro: … é uma compreensão de sua personalidade, de sua alma, das relações que o senhor tem com Nosso Senhor e com Nossa Senhora que hoje o senhor explicitou e que eu não me lembro do senhor ter tratado dessa questão.)

Não, nunca tratei com ninguém.

(Sr. Guerreiro: Aí entra uma outra problemática que seria a seguinte: se o senhor não tivesse encontrado a Revolução, e tivesse encontrado uma Cristandade florescente, a onde é que o senhor levaria essa Cristandade? Porque o senhor não tendo que despender tempo, atenção, para destruir o adversário, onde é que o senhor poderia levar a Cristandade? […] Se o senhor não tivesse que se meter nos pântanos para lutar contra a Revolução, e ter que nos agüentar aqui do jeito que o senhor nos suporta, se tivesse tido outras almas inteiramente fiéis, etc., onde é que o senhor teria levado.)

Ah isso, meu filho, é fora de dúvida.

(Sr. Gonzalo: Isso na ordem externa, porque na ordem interna do senhor com Deus não altera nada.)

Não, realmente não, porque só altera alguma coisa nisso, o pecado.

(Sr. Guerreiro: O pecado dos outros, o pecado de Revolução obrigou o senhor a fazer um parênteses em sua vida.)

Foi. É um parênteses.

* Como pode haver, em determinado momento, uma tal separação entre nós, que eu faça uma coisa em que vocês estejam inteiramente alheios, que vocês ficam do lado de fora da porta?

(Sr. Guerreiro: […] Uma vez derrotada a Revolução, o Grand-Retour não proporcionará ao senhor uma espécie de arqui-prêmio, uma arqui-nitidez de todos aqueles valores que o senhor contemplava em sua inocência antes de conhecer a Revolução? E daí então tudo aquilo que o senhor teve como que parar, vencida a Revolução, Nossa Senhora não dará isso de modo extraordinário para a construção do reino d’Ela? E nessa construção do Reino de Maria todo esse lado da alma do senhor não teria um desdobramento…?)

É uma coisa perfeitamente possível, mas precisa tomar em consideração o seguinte: que me parece sentir assim na sala, uma sensação confusa que se externaria da seguinte maneira: um mal-estar, uma coisa que não pode ser, é haver, em determinado momento, uma tal separação entre nós, que eu faça uma coisa em que vocês estejam inteiramente alheios, e que vocês ficam do lado de fora da porta. Parece-me sentir alguma coisa disso. E na pergunta mesmo que você faz, para usar a palavra que Adolphinho não gosta, nos refolhos da pergunta há isso. Então, eu queria dizer uma coisa e essa coisa é muito importante.

Pela teoria da inocência, por aquilo que está expresso na oração da Restauração, todo nós tivemos um período de inocência, etc., etc., e tivemos aquelas graças e tal e coisa. E ao ver a Revolução alguma coisa dessas graças e dessas coisas primeiras não só não se debilita, mas toma mais força e dá uma espécie de discernimento que faz com que quanto mais a gente veja a Revolução, a tal obra que se faria sem vê-la adquire uma força especial por vê-la.

(Sr. Gonzalo: Não há nenhuma perda de tempo.)

* O thau, por algum lado, é o conhecimento entrevisto do que a gente conheceria de paradisíaco misturado com o que lhe acrescentou o choque com a Revolução

Não, não há. Uma nitidez especial. E que todo esse trabalho nós fazemos com a mão na mão, fazemos juntos. Quer dizer, tomando contato comigo, conhecendo-me e não apenas conhecendo a Revolução, esse contraste Revolução e Contra-Revolução, vai tomando força na alma e substitui a seu modo, e a seu modo até com vantagem, o que a gente conheceria só sem o conhecimento da Revolução.

E que o thau, propriamente, por algum, lado é o conhecimento entrevisto do que a gente conheceria de paradisíaco misturado com o que lhe acrescentou o choque com a Revolução.

Não sei se querem que eu…

Você, meu Horácio, que é o mais novo, você quer perguntar alguma coisa nisso?

(Sr. Horácio: […inaudível])

* Um relacionamento de alma que perdurará por toda a história, agindo inclusive de dentro da eternidade sobre o tempo

Então, isto tem o seguinte desenvolvimento. É que chegando a hora da “Gruta”… Vamos dizer que não houvesse o problema da “Gruta”, eu morreria e se Nossa Senhora tiver pena de mim, eu vou para o céu. No céu eu continuaria patrono especial de todos, da família de alma que eu constitui. E, portanto, num relacionamento que era a continuação de minha História de dentro da eternidade agindo sobre o tempo, e portanto de algum modo fazendo história.

(Sr. Gonzalo: Inteiramente presente.)

Inteiramente presente. E neste sentido é que o céu inteiro está presente na História como está presente o inferno. Nós não sabemos por exemplo, no momento em que nós conversarmos, nós não sabemos que coros de anjo estão aqui nessa sala e estão preparando o ambiente para que a conversa transcorra como Deus quis, como Nossa Senhora quis que transcorresse. Nós não sabemos isso. Mas de fato sabemos que isto é assim. Não sabemos como está sendo, como é que está acontecendo, qual é o anjo ou quais são os anjos que estão intervindo e quais são os demônios, mas eles estão lutando aqui.

Mas, aconteça como acontecer, isto continuará até o fim do mundo, e esta ida para “Gruta” não tem portanto o significado de um corte nisso.

* Todo homem tem duas histórias paralelas: a história da vida interior e da vida externa

(Sr. Guerreiro: Uma vez resolvido esse problema, no entretanto fica para nós o grande interesse desta separação, não que o senhor faça em relação a nós, mas que o senhor faz em relação à toda sua história anterior. É quase que uma outra História que o senhor começa.)

Não é bem assim, eu toco duas história paralelas. Eu toco duas histórias paralelas, como todo homem toca a história de sua vida interior e sua vida externa. E essa história paralela faz com que a construção do “ninho” ou da “gruta”, digamos, se faça meio subconscientemente para mim, a pari passu, mas se faça e de que eu posso portanto ter trabalhando intensamente num determinado dia sobre esse assunto, sem ter pensado conscientemente nele um só instante.

Isto é tão verdade, que quando pela primeira vez vocês me interpelam sobre isso, tema sobre o qual nunca ninguém me interpelou, eu encontro um maço de coisas para dizer à medida que vou pensando, que é material para o “ninho” que eu fui acumulando sem me dar muito conta disso. Quer dizer, portanto são duas obras paralelas e afins, mas distintas.

(Sr. Gonzalo: […] Essa é uma conversa que tem um pouco o caráter evangélico, a gente tem um pouco a impressão do que deve ter sido os apóstolos conversando com Nosso Senhor. O senhor revela coisas do fundo da alma do senhor que agora me vem essa imagem aqui, que tem fundo, transfundo, e mais fundos ainda que a gente imagina que os apóstolos com Nosso Senhor devem ter sentido. […] Assim como Nosso Senhor tem a natureza divina e humana, a gente vê que essas duas vidas que o senhor tem, a gente em geral por poquice olha menos para a segunda vida que é a mais alta, a gente fica mais preocupado com essa que é também magnífica, maravilhosa, que é a primeira, mas a gente vê que o que toca mais a Deus e que tem mais importância para o senhor é a segunda.)

Claro.

(Sr. Gonzalo: […] Eu nunca tive tanto a impressão de como devia ser Nosso Senhor conversando com os apóstolos como o senhor conversando conosco agora. Ele ia revelando mistérios d’Ele, ao longo da vida e que eles tinham que ver ou entrever. E que a relação com o Fundador sobretudo se tratando do senhor, tinha que ser muito de penetrar nesses outros véus que estão por detrás…)

Sim, certamente.

(Sr. Gonzalo: E que a união de alma com o senhor consiste muito na abertura de alma para aceitar que essas grandezas existam. Porque pelo lado republicano nosso, nós queremos ver só a primeira vida, as coisas mais aparentes…)

É, o que cai mais nos sentidos.

* A vida interior entendida com uma amplitude que D. Chautard não exclui, mas que ele não desenvolve no livro dele

(Sr. Gonzalo: […] A gente não quer penetrar nessas outras coisas. Mas só o que o senhor acaba de dizer que a Revolução é um parênteses na vida do senhor, isso de tal maneira nos deixa longe, que por espírito republicano, no lugar de amar e de deixar-se cobrir por isso, tende a ver menos esse transfundo, não sei se o senhor concorda.)

Eu concordo inteiramente.

(Sr. Gonzalo: Me parece que o penetrar nisso que é o mais importante.)

No fundo é a tese de D. Chautard. A vida interior, mas então entendida com uma amplitude que ele não exclui mas que ele não desenvolve no livro dele porque seria toda já uma outra coisa. Mas isso é a vida interior.

(Sr. Gonzalo: […] Inclusive o relacionamento da Senhora Dona Lucilia com o senhor se dava muito mais nesse fundo de alma…)

Muito mais, muito mais.

(Sr. Gonzalo: […] O senhor fala que era uma dona de casa, mas uma dona de casa que entrava continuamente nesse fundo de alma do senhor…)

Ah, continuamente.

(Sr. Gonzalo: Isso é assim?)

É assim.

(Sr. Gonzalo: E vice-versa, o senhor via os transfundos de alma dela…)

Muito! Muito, muito.

(Sr. Gonzalo: Esclarece muita coisa.)

É, eu acho que sim.

(Sr. Gonzalo: O senhor não tem nada para dizer sobre isso?)

Ahahaahah!

* Em relação à SDL um amar, ver-se e querer-se bem que fazia-se no silêncio mútuo que não comportava explicitações orais, mas sim interiores

Aquela definição dela de que ser feliz é amar, ver-se e querer-se bem, tem disso. Porque você compreende que não é a vidoquinha de uma mamãe e de um filho que comentam como estava gostoso o biscoito de polvilho, que vai chover, que não sei o quê, que não sei o quê, que alimenta muitas vezes todo um convício entre a mãe e um filho, mas que alimenta de que alimento!, não é verdade?

Mas é que eu sentia nela uma porção de fundos como você disse, sucessivos de alma que me encantavam e que eu percebia olhando-a e querendo-a bem. E via perfeitamente que a recíproca era verdadeira. Mas esta situação fazia-se no silêncio mútuo, não comportavam explicitações…

(Sr. Guerreiro: Explicitações orais.)

Orais.

(Sr. Guerreiro: Mas interiores…)

Interiores sim. De maneira tal que eu via bem quanto ela me queria, quanto eu queria a ela, etc., etc., todas essas coisas, e que eram…

* O carteio do SDP com a SDL durante as viagens à Europa

Vamos dizer, por exemplo, as minhas viagens para a Europa — eu fiz duas ou três na vida dela — eram para mim dilacerações não no sentido comum das saudades, tinha também, mas representava um papel muito de água do mar quando chega na praia, é o fim da viagem, mas é por imaginar o que representava para ela o ficar se entretendo comigo. Donde, muita compaixão, muito desejo, cartas para ela… naquele tempo os telefonemas internacionais além de caríssimos eram dificílimos de fazer, praticamente não saia, de maneira que eu não falava com ela pelo telefone. Depois ela tinha a audição muito difícil, de maneira que não saia. Mas se pudesse fazer, eu telefonaria a ela todos os dias.

* Durante um período que o SDP durmiu numa outra casa, telefonava todas as noites para a SDL para um “boa-noite”

Eu me lembro que um tempo que eu dormi numa casa aqui que era de papai mas que era preciso ele dormir nessa casa para poder pôr fora o inquilino, se ele passasse um ano dormindo nessa casa, ele não tinha penalidade criminal nenhuma em ter posto fora o inquilino. Mas se ele não dormisse, ele ficaria sujeito a cinco ou seis anos de prisão, uma coisa impossível. E essa casa era num ponto ruim, era um ponto bom para valorização, mas era um ponto ruim para habitação. Eu tinha comprado a casa antes da lei do inquilinato, antes de sonhar com esses loucuras, então eu ia dormir lá para fazer companhia a ele, e ela ficava dormindo no apartamento. A [Olga] eu creio que descia e dormia embaixo com ela, uma coisa que já não me lembro bem. Mas ela não ficava isolada.

Mas toda noite eu ia numa garagem que tinha em frente a essa casa e telefonava para ela para dizer boa noite. E ela ficava sentada — meu pai me contava — junto ao telefone, rezando, esperando meu telefonema. Bem, nesse telefonema o que é que nós dizíamos um para outro? Eram banalidades. Mas não é isso! Não é isso absolutamente, é muito mais alto.

Agora, alguém diria: o que é que o senhor falava com dona Lucilia a essa hora da noite?

Eu dizia boa noite, simplesmente. Perguntava como ela estava, etc. Ela contava alguma coisinha, uma visita que foi, essas coisas da vida comum.

(Sr. Gonzalo: …)

Agora, a conversa serve não só para a gente enfim, se conhecer, mas também como abertura para vocês de vida espiritual no sentido de que isto tudo é prometido e será dado a vocês, na medida em que desejarem. Não vai ser dado assim, por exemplo, vamos dizer, terminamos agora e vamos à capela e na capela começa a chover graças. Pode ser que isto aconteça por exceção, mas é uma exceção. Isso acontecerá como acontece comigo, de um modo muito misterioso, eu nem sei bem quando acontece, nem quando não acontece, nem como é, nem como não é, não sei nada. Vai dando com uma naturalidade e uma organicidade muito grande.

* Uma porta que estava há muito tempo fechada se abre

(Sr. Gonzalo: Mas de fato uma porta que estava há muito tempo fechada se abriu.)

É sim.

(Sr. Gonzalo: Oxalá nós abramos também, porque com essas duas portas abertas está tudo resolvido.)

Depois, tem o seguinte, meu filho, aí a gente compreende muito melhor a “Sempre Viva”.

(Sr. Gonzalo: Em 67 nós víamos muito esses outros fundos do senhor, mas depois o nosso pecado nos deixou cegos em relação a isso.)

Foi.

(Sr. Gonzalo: A “Sempre Viva” é um nexo com esses outros fundos também.)

Claro, claro!

(Cel. Poli: O senhor disse que essa graça seria dada na medida em que nós desejássemos, o que é o desejar aí?)

Você viram uma série de coisas que não conheciam, mas é natural que se forme no espírito de vocês a idéia de que isso pode ter sido dado a uns e não a outros. Em português mais claro, pode ter sido dado a mim e não a vocês, por acanhamento, por serem muito mais moços, etc., etc., vir essa idéia: “bom, isso foi para ele, mas não é meu quinhão isso aí”. É um erro, isso aqui, pelo contrário, é apresentação dentro de um todo, dentro do qual há um quinhão para cada um.

Agora, se há um quinhão, é preciso desejar esse quinhão. Não sei se está claro?

(Sr. Gonzalo: E viver para ele.)

E viver para isso.

Por que é que está tão misterioso, meu coronel?

(Cel. Poli: Eu não entendi direito, mas às tantas eu entendo.)

* A união comigo deve santificar

Não, mas é simples, é que há um caminho e um conjunto de graças dadas a mim. Vocês por estarem vinculados comigo do modo que estão, pela “Sempre Viva”, pelo nexo de caráter mais ou menos religioso, vocês estão vinculados a mim dessa maneira, vocês por isso mesmo são chamados a ter um quinhão, uma porção disto, adequada à alma de cada um.

Isto está claro ou não?

(Cel. Poli: É aqui que está o ponto. Eu acharia que não seria bem isto, ou pouco importaria isso, o que importaria é que nós tivéssemos um nexo com o senhor nessas graças.)

Pois é, tem o nexo o quinhão…

(Cel. Poli: O que importa é que amemos essas graças no senhor.)

Sim, mas isto cria automaticamente o quinhão de vocês. Essas graças, vocês amando em mim, passam a viver em vocês.

(Cel. Poli: Mas seria uma coisa secundária, não é?)

Não, secundária não se pode dizer, porque uma pessoa não pode tratar como coisa secundária sua própria santificação.

(Sr. Paulo Henrique: E depois é uma luz que reflete mas vem…)

E propriamente a união comigo é isso. De maneira que a união comigo deve santificar. Não sei se está claro.

(Sr. Gonzalo: […] Nós passaríamos a noite inteira aqui…)

Que hora são?

(Cel. Poli: Três horas.)

Se noutro sábado se Deus quiser, Nossa Senhora ajudando, tocamos para frente.

Aliás, se quiserem é esse tema, se não quiserem é qualquer outro tema que queiram.

(…)

* Provação e desânimo que podem vir com o esboroamento geral de todas as coisas

Quer dizer o seguinte: hoje à tarde a Reunião de Recortes tornou mais presente a vocês, do que estava, a noção de um certo esboroamento; quer dizer, que esse esboroamento está muito mais próximo e é muito mais radical e tudo, do que propriamente poderiam imaginar no hábito de meter tudo dentro do [unto] de um otimismo tolo que impregna tudo por aí. E é possível que lhes venha a seguinte idéia à cabeça:

Nesse esboroamento nós nos esfarelamos, isso agita tanto que uns vão para um lado, outros vão para outro, um recebe uma missão e é mandado para a Groelândia, outro recebe uma outra missão e é mandado para não sei, para Novosibirsk, capital moderna da Sibéria, e horrores desse gênero. Mas depois acaba sendo que os contatos com os outros se tornam impossíveis, ou tão esporádicos que ficam como que impossíveis, e eu — mas eu, sou você, você, você, você — me sinto num maremagno, não saberei escolher minha via, não saberei indicar meu caminho, não saberei como ter forças diante das eventualidades que se apresentam, e fica desarticulado.

* Uma união de almas e de vias que ainda que seja por meio de milagres tem que subsistir

Nada mais útil para combater essa impressão que o demônio pode suscitar para dar desânimo, do que o conjunto das conversas de agora a noite, que deixam bem clara uma união de almas e de vias que ainda que seja por meio de milagres, tem que subsistir, e em que a crença no milagre, essa forma de crença no milagre que atrai o milagre, essa forma de crença nos dá um ânimo sem o qual o futuro para nós é uma charada sem saída.

(Sr. Gonzalo: O senhor se refere especificamente a esta reunião?)

A esta reunião.

Querem que eu exprima melhor o que eu disse ou está claro?

(Sr. Gonzalo: Claríssimo.)

* Uma perplexidade vizinha do abatimento e do desânimo

E é bom termos isto bem em vista para compreender então o livro da confiança. À vista destas razões, na medida em que vocês confiarem, você terão. E a julgar pelo jogo das fisionomias, eu tenho impressão que por debaixo de uma camada mais espessa ou menos de otimismo, fervilha em vários este receio: “como é que vai ser? No que é que vai dar? etc.” Depois: “eu me sinto desaparelhado para essa eventualidade, mereço estar desaparelhado porque eu não fiz o necessário para estar aparelhado, mas agora não posso me colocar nessa posição, eu vou tomar na cabeça indiferentemente. O que é que vai ser comigo?” Então, uma perplexidade vizinha do abatimento, do desânimo e desacoroçou.

Este estado de espírito está bem descrito?

Bem, o que é preciso é ter em conta que nessa linha, essa reunião abre vias extraordinárias, mas é uma misericórdia muito grande também. Porque se lhes foram dadas as perspectivas dessa reunião, ser-lhes-ão dado também os meios para aproveitar essas perspectivas e levar a coisa mais adiante.

Queria que eu repetisse isso ou está bem claro?

(Sr. Gonzalo: Não, está claríssimo.)

Eu daria muita importância a isso.

Porque vamos dizer, por exemplo, nosso George. Vai levado lá para os Estados Unidos. Chega lá uma bagunça qualquer de pretos com brancos em Washington, de repente, você pode estar [cernido] lá, numa ocasião em que o Mario está atendendo aqui o Tatton, em que o Hlebnikian está fazendo um apostolado universitário não sei onde, não existe comunicação telefônica com Nova York, está meu George implantado em Washington fazendo o quê, como, e de que jeito, sobretudo do lado espiritual.

Mas essa coisa bem lembrada faz ver que Deus que dispôs que pudessem ver isto tudo antes, ver e rever, estudar e pensar, terão aqui um meio de ter uma dessas confianças que movem a Providência e fazem saltar os montes como se fossem cabritos.

Se estiver claro, eu acho que na paz da alma podemos recolher.

(Sr. Guerreiro: O senhor não poderia nesse finalzinho…) [vira a fita]

(…)

* Um resumo da reunião: em primeiro lugar, uma idéia de que a pessoa tem duas vidas, a vida interior e a vida exterior

Vem o seguinte, em primeiro lugar, uma idéia de que a pessoa tem duas vidas, a vida interior e a vida exterior. A vida exterior é isso que você vê. A vida interior é fundamentalmente — naturalmente eu submeto ao magistério da Igreja com alegria e sem nenhuma hesitação tudo isso que estou dizendo. O que o magistério tradicional da Igreja disser que não está certo no que eu digo, eu dou por rejeitado.

Mas que se dá o seguinte: que se o amor de Deus que é o ponto central da vida interior, esse amor de Deus é algo que o homem nesta vida interna, vamos chamá-la assim, nessa vida interna vai acumulando lentamente à maneira que o passarinho vai fazendo seu ninho com esses materiais heterogêneos, etc., etc., mas que tem a estabilidade de que eu falei. Isso é um primeiro ponto.

* Uma elaboração interna que visa responder certas questões internas que o homem tem, certas apetências de que ele gostaria de conhecer, que correspondem às necessidades de alma dele

Essa elaboração interna visa responder a umas certas questões internas que o homem tem, umas certas apetências de que ele gostaria de conhecer, necessidades que ele tem de conhecer certas coisas, que correspondem às necessidades de alma dele, ele sente essa necessidade porque é uma coisa real. E esta necessidade é real porque Deus o fez de tal maneira que ele precisa saber disto e conhecer isto em Deus para ele ter realizado o fim de sua alma.

* O fundamento desta afirmação é que cada homem é único; nenhum homem repete o outro e cada um tem certas coisas, em Deus, que ele deve conhecer e que nenhum outro conhecerá

Agora, terceiro ponto: qual é o fundamento desta afirmação?

O fundamento desta afirmação é que cada homem é único, nenhum homem repete o outro e cada um tem, portanto, certas coisas, em Deus, que ele deve conhecer e que nenhum outro conhecerá daquele modo, e que na vida terrena já se trata de ir escolhendo os elementos para estar a alma formada de tal maneira que quando vir a Deus, vai lá. E que isso se faz através desta construção de “ninho”, sendo que o ninho simboliza o conjunto de conhecimentos que o homem adquiriu na terra e que o fazem voltar-se para Deus e encontrar em Deus o seu fim, sua saída, etc., de um modo especial, não de um modo comum a todos, mas de um modo especial.

Agora, tomando em consideração isso, forma-se uma vida com uma história interna que na sua totalidade é peculiar a Deus e ao próprio indivíduo conhecer bem.

* Certas almas foram postas nessa terra para ajudarem as outras, sobretudo as que foram chamadas para constituir certas famílias de almas: o Fundador

Mas que certas almas foram postas nessa terra para ajudarem as outras, sobretudo as que foram chamadas para constituir certas famílias de almas do tipo da nossa. E que, portanto, conhecendo no Fundador como o Fundador é neste ponto, naquele e naquele outro, que deve também dar a gente uma sadia apetência de conhecimento, a gente conhecendo isso no Fundador, tem como que uma lente de aumento através da qual a gente vê a estrela que estava mais alta que é Deus, e que o Fundador é, portanto, uma espécie de telescópio para nós vermos melhor a Deus, e que por esta forma, nós, procurando saciar nossos legítimos direitos, nossos legítimos desejos de conhecimento da alma do Fundador, nós estamos olhando algo de infinitamente maior através de um telescópio, que é o Fundador.

Agora, isto é a vida interior, a vida interna da pessoa tomada em consideração a sua vida interior nesta vida terrena.

* Nós nos encontramos ameaçados de dispersões, de desencontros, de perigos. Nós estamos num mundo vulcânico, e o vulcão com suas explosões pode ejetar coisas para distâncias inopinadas

Que relação isto tem com as presentes circunstâncias dentro das quais nós vivemos? Isso seria o dois romano da matéria. O que veio até aqui foi um romano.

O dois romano é que nós nos encontramos ameaçados de dispersões, de desencontros, de perigos, de coisas que… nós estamos num mundo vulcânico, e o vulcão com suas explosões e com suas lavas, pode ejetar coisas para distâncias mais inopinadas. Alguma coisa cair no fundo do mar, a outra coisa ser projetada daqui a mil léguas e cair no deserto, e uma coisa cair num lugar mais aprazível de um lindo panorama da Suíça, tudo depende dos desígnios da Providência.

* Um inesperado que nos traz sustos, uma incógnita que é tanto mais dura quanto nós vemos que ela tem algo de castigo

Mas que este inesperado nos traz sustos, porque nós sentimos uma certa segurança, um certo caminho, uma certa promessa, neste convívio. Desarticulado esse convívio, nós nos perguntamos para onde é que vamos, e tudo é para nós incógnita. Essa incógnita é tanto mais dura quanto nós vemos que ela tem algo de castigo, porque se nós tivéssemos sido mais fervorosos, nós teríamos muito mais meios de nos haver nessa situação.

Então, agora, viria três romano.

* A normalidade, depois o aperto, depois a tentação: é a tentação do desespero

Foi descrita primeiro a normalidade, depois o aperto, depois então a tentação, e a tentação do desespero: “não, não dá mais, isso é um castigo que eu estou merecendo, eu tenho que apanhar na cabeça, mas de outro lado também não poder ser que isso fique assim; perplexidade e o desespero: no fundo eu não entendo mais nada disso, vou deixar correr o barco para onde for porque eu não entendo mais nada.”

A esta tentação vem uma réplica, e a réplica é que os senhores tiveram a possibilidade, nesta reunião, de ver isto numa perspectiva inteiramente diferente da perspectiva do beco sem-saída que tinham antes dessa reunião. E que essa perspectiva é portanto uma grande graça, uma graça inaugural, não é a graça de tudo, é uma graça inaugural que lhes foi dada sem um mérito especial, apesar de culpas eventualmente existentes, e por misericórdia de Nossa Senhora. Mas é uma perspectiva “engageante”, cuja conclusão natural é lhes fazer sentir que nessa linha há um caminho e convidá-los para esse caminho.

* O caminho é a confiança

Qual é o caminho?

É o caminho da confiança.

Por que é que é o caminho da confiança?

Porque seria irracional que lhes fosse dada essa graça para depois acabar em nada. Então é preciso confiar que isto não acabará em nada. Nossa Senhora dará outras graças, outras oportunidades, outros momentos.

E aí entra como ponto final o Abbé Saint Laurent, no livro da Confiança. Quanto mais a gente confiar, tanto mais a gente, por assim dizer, força a Providência a nos atender, e a onipontência da Confiança se afirma assim. E ampara-nos muito mais, nos faz sentir muito mais a misericórdia de Nossa Senhora, do que qualquer outra coisa.

O conjunto, meu filho, está bem concatenado ou não?

Você, meu Gonzalo?

Meu George?

(Sr. George: Está claro sim.)

Mas está só claro ou está engajent?

(Sr. George: Não, está mais do que isso.)

E você meu Paulo Henrique?

(Sr. Paulo Henrique: Precisamos ler e reler isso para termos isso no fundo da alma gravado…)

Eu acho meu filho, quer seria preciso ir um pouco mais longe, vocês sem cederem a propensão [de ser pôr em ninharias], estudarem a confecção de uma bolsazinha de matéria plástica, qualquer coisa, em que isto pudesse caber e que vocês levassem continuamente consigo, escrito! É arriscado, mas a situação comporta risco. Naturalmente eu queria ver antes de ser posto por escrito.

E desta forma vocês poderem para gravar bem no espírito, abrirem essa bolsinha, enfim, esse envelope e em mais de uma ocasião procurar decorar. Porque isso é uma coisa que a gente deve ter decorado, não é?

(Sr. Paulo Henrique: Agradeço a sugestão e vamos colocar em prática.)

Isso.

Meu querido Mário! Todo heróico, em pé aí.

(Sr. M. Navarro: Eu farei o mesmo que o sr. Paulo Henrique.)

E você, meu Paulo Roberto?

(Sr. P. Roberto: Gostei muito.)

Fez-lhe bem, meu filho?

E você, meu Horácio?

(Sr. Horácio: …)

Mas lhes fez bem, porque é um tipo de reunião muito diferente do que você podia imaginar, não é? Mas lhes fez bem, meu filho?

E você, meu coronel?

(Cel. Poli: Excelente.)

Bem, então vamos rezar e dar graças a Nossa Senhora.

Olha a imagem de Nossa Senhora lá.

*_*_*_*_*