Conversa de Sábado à Noite ─ 19/5/90 ─ Sábado – p. 8 de 8

Conversa de Sábado à Noite ─ 19/5/90 ─ Sábado

Nossa vocação é ter o espírito da TFP tão inteiro e tão pleno, que pelo possuí-lo nós tornamos inaceitável nossa presença, porque destruímos o contrário * O vento da Bagarre e o vento do Reino de Maria já sopram mais perto dos nossos rostos e das nossas mãos

(Sr. Guerreiro: …um caos de que vão sobrar alguns cantos, por onde será possível o Sr. já durante a luta ir construindo algo do Reino de Maria.)

Sim, como o feudalismo nasceu do caos das invasões árabes e germânicas, não é? Simultâneas. Então já era algo da Idade Média que nascia.

(Sr. Guerreiro: Nós nos perguntávamos se o descortínio dessa reunião de hoje não seria uma graça de Nossa Senhora no aniversário da Sempre-viva.)

É uma bonita pergunta. A primeira é uma muito boa pergunta. A segunda é boa e bonita.

(Sr. Guerreiro: Bonito é o cenário.)

* Qual a intenção do demônio com a destruição da “Bagarre Azul”, que representou sua obra-prima?

Meu filho, respondendo primeiro a respeito do caos. Há uma coisa que eu não disse hoje lá, para não alongar a reunião, porque você viu como eu saí quase correndo lá para dar um telefonema, etc., uma trapalhada. Mas o fato concreto é o seguinte.

A gente pode dizer que debaixo de certo ponto de vista o mundo como ele era no tempo da Bagarre azul representava uma obra-prima do demônio levada na sua mais alta perfeição. Porque era a civilização querida por ele, que estava no auge, e que representava também o auge do domínio dele sobre os homens. Porque uma coisa distingue o tempo da Bagarre azul do de agora. No tempo da Bagarre azul havia uma unanimidade moral, prática ─ praticamente era isso ─ em favor daquele estado de coisas. E não havia, tirando nós ─ e nós… ─ não havia quem era descontente com aquele estado de coisas. Era um contentamento unânime.

De tal maneira que o voto, a aspiração geral era de que todo o mundo caminhasse mais naquela direção, e tendo como ponta de linha os Estados Unidos. De maneira que quanto mais o mundo se americanizasse, mais ficariam contentes. Isso é para nossos respectivos países, nossos respectivos Estados dentro do Brasil, tudo, isto era assim.

Poderia haver, por exemplo, uma certa resistência hispanista de caráter cultural entre nacionalistas chilenos ou argentinos, mas uma coisa completamente irrelevante, não se toma em consideração. É um pequeno fenômeno pouco cultural, e vou dizer mais: sem expressão política até.

(Sr. Gonzalo: Existiam para matar o resto de bom.)

É, para matar o resto de bom.

E o demônio de lá para ca começa, pelo efeito do que ele mesmo fez destruindo a Bagarre azul, ele mudou ─ ele faz tudo intencionalmente ─, ele mudou a situação de maneira que hoje há gente que está desagradada com a situação vigente. E de uma situação de praticamente unanimidade para uma situação de desagrado, e desagrado que tende a crescer; há uma obra política suprema que sai do seu auge e começa a degringolar.

E o misterioso é que ele é que fez a degringolada. E essa degringolada ele vai prosseguindo, e destruindo tudo aquilo que em certo momento representou a obra-prima dele. Por exemplo… (…)

Agora, desaparecem em benefício do quê? Quer dizer, como é que ele vai continuar a fascinar e a atrair? Porque ele não está renunciando ao governo do mundo. Muito pelo contrário: ele tem a convicção de que ele está chegando ao seu apogeu. Mas como é que ele vai atrair?

* O fascínio da Bagarre azul substituído por um misterioso fascínio de uma ordem nova, nascida do caos

É porque por detrás dessa destruição há uma espécie de pré-cognição dos maus de uma determinada ordem de coisas muito primitiva e muito elementar, na qual eles têm alguma coisa que os atraem.

E no partido verde eu tenho certeza que eles têm um núcleo pequeno a quem eles revelam como o mundo verde vai ser. Mas eles não estão revelando isso a todo o mundo lá dentro. Mas já é um começo de fascínio dele, que esse primeiro fascínio já realiza uma primeira presença do demônio.

(Sr. Paulo Roberto: Essa presença é diferente da Bagarre azul. É um presença muito mais direta.)

É. São uns primeiros raios, umas primeiras fulgurações discretas mas possantes, em que as pessoas de algum modo vêem alguma outra coisa demono-proféticas, que as atrai. E é em virtude disso que o processo de autodemolição da civilização mundana feito pelo demônio substitui o fascínio do progresso por um fascínio de uma ordem de coisas nova, nascida do caos ─ daí vem o elo com a sua pergunta ─ uma ordem de coisas nova, nascida do caos, e que é um fascínio maior do que o fascínio da Bagarre azul. Maior do que o da Bagarre azul, mas que faz meio hipnoticamente, meio preternaturalmente, atraindo e dominando de um modo misterioso.

* Cada época em que o demônio dominou muito era disfarçada de apogeu, mas no fundo representava uma involução rumo à feiúra, à maldade e ao horror

E para nós compreendermos bem isso, nós devemos reconhecer o seguinte. O homem é incapaz de agir em determinado sentido sem que ele tenha a noção de uma vantagem para si ou a vivência de uma vantagem para si. Mas sem uma noção ou uma vivência não está na natureza dele agir numa determinada direção.

Então, esse declínio constante da humanidade ─ desde um certo apogeu da Idade Média até hoje ─ para o mal, para o feio, uma condescendência cada vez maior com a mentira, indica que as pessoas da Idade Média que já começaram a se virar para o feio, perceberam já elas um primeiro luzimento que dava num gosto a propósito do mais feio, e do ruim, etc. E que essa hipnose vem de longe e vem paralela com o progresso que ele foi soprando. De maneira que o próprio progresso representou uma marcha para a feiúra. E acentuou no fundo o caminho psicológico rumo aos verdes.

Então, nós vamos tomar por exemplo o luzimento da Bagarre azul, não era nada em comparação com o da Belle Époque. Muita coisa enfeiou e piorou da Belle Époque para a Bagarre azul. A Bagarre azul parecia um auge, mas era um auge de mentira. Porque tomando em consideração com as épocas anteriores, é o fim de uma rampa, disfarçada. E sempre disfarçada de apogeu. Cada uma dessas épocas em que ele dominou muito, era disfarçada de apogeu. Época de Luiz XIV, todas essas coisas, disfarçado de apogeu. Mas os homens iam desistindo lentamente do belo, e tomando uma certa hipnose gradual para o mais feio. Donde veio, por exemplo, a afirmação do Anatole France de que cada república que se proclamava no mundo era uma vitória da feiúra. Mas ele não diz censurando, não. Como uma coisa perfeitamente normal.

Bom, e que essa marcha profunda da feiúra, do mal e do ruim, etc., passou a tomar o caráter de uma espécie de império que vai caminhando para uma possessão, e para uma possessão global. Porque você percebe bem que no começo a primeira picada disso já era meio possessiva, era como do drogado com a droga, e veio caminhando gradualmente, gradualmente, gradualmente. A Revolução Francesa foi uma explosão enorme disso. Mas depois foi, com vais-e-vens chegamos até os dias de hoje.

Então, o caos deve ser visto nessa perspectiva como uma espécie de demolição que acaba com tudo que tinha aparência de não assim, e é uma explosão de feiúra, de maldade, de horror, que é para construir o mundo da destruição, o verde e o desaparecimento das últimas coisas que possam separar o homem completamente da animalidade.

Se eu fosse expor isso hoje à tarde iria até às 10 da noite, não podia.

(Dr. Edwaldo: Esse primeiro luzimento como é que se apresentava para o homem medieval, por exemplo?)

Na metáfora da tentação do Príncipe perfeito a gente já vê isto. [Ele estava] com uma capa, etc., vai para uma cerimônia, olha pela janela e vê o campo. Era o desejo de ser um fauno no campo. Há qualquer coisa na graça, no charme de ser um fauno, que a gente compreende que desviadamente pode em certo momento seduzir mais do que a capa de cerimônia.

* Somos os filhos da ordem, chamados a combater o caos da destruição

E no plano do demônio esse caos geraria um salto qualitativo para baixo, e não para cima como os evolucionistas apresentavam, um salto qualitativo para baixo enorme. E é contra esse salto qualitativo para baixo que os filhos de Nossa Senhora devem lutar!

(Sr. Guerreiro: Por que o Sr. fala de caos, e não de desordem e destruição? Parece que a palavra caos implica numa destruição…)

É o auge da destruição e o auge da desordem. Quer dizer, quando se diz que uma coisa que existe caiu no caos, é porque ela está destruída, mas destruída pelo entrechoque dos seus elementos uns contra os outros, demolidor e desordenado. O choque é um ritmo desordenado, maluco, que atira os elementos desta coisa uns contra os outros.

Por exemplo, vamos dizer, uma organização bem feita, um escritório sei lá do quê, um laboratório médico se você quiser, para drogas, remédios, etc., aquilo tem uma determinada ordem. O caos ali seria o entrechoque das várias secções desse laboratório umas contra as outras, e dos elementos internos de cada secção uns contra os outros, por um impulso desordenado, frenético e demolidor do conjunto. Isso é o caos. E é desse caos que eu falo.

(Sr. Guerreiro: Eles falam do caos como sendo aquele estado inicial do qual nasceram todas as coisas e partiram todas as coisas.)

É, mas aí é uma coisa diferente. Eles falam do caos, e não é assim. Eles estão falando, nos recortes que eu li, nitidamente do entrechoque e do que sai desse entrechoque. Nitidamente. Eles põem uma alternativa…

(Sr. Guerreiro: Quase um conceito prático.)

Exatamente. Exatamente.

Agora, então, nós somos essencialmente os filhos do contra-caos, e os filhos da ordem. E nesse caos nós devemos lutar pela ordem, mas de um modo que comportará várias formas de luta fáceis de conceber, mas uma forma de luta que não é muito fácil de conceber… (…)

* Nossa vocação é ter o espírito da TFP tão inteiro e tão pleno, que pelo possuí-lo nós tornamos inaceitável nossa presença, porque destruímos o contrário

dormindo na mesma baia do cavalo bravo, porque o cavalo bravo amansa com a presença da ovelha, é profundamente instrutivo, porque torna conhecido um fenômeno que, tanto quanto eu saiba é pouco conhecido, mas que existe realmente em escala muito mais ampla do que simplesmente entre a ovelha e o cavalo: é que a ovelha por ser um animal muito ordenado, irradia em torno de si uma certa ação de presença, de uma natureza não bem conhecida por mim, mas que é meio parecida com uma ação elétrica. Mas não é porque tem eletricidade, é porque tem vida. E a vida é geradora de uma certa forma de energia. Ela cria uma energia e é geradora de uma certa forma de energia.

E então, os seres muito ordenados, na medida em que são ordenados reagem contra o caos. E a presença de pessoas muitíssimos ordenadas ─ mas tomando a palavra “ordem” não no sentido de um vasinho colocado direitinho em cima de uma mesinha, mas num sentido mais amplo da palavra, não exclui o vasinho mas está muito acima ─, na medida em que isso se dá, essas pessoas irradiam em torno de si uma influência oposta ao caos. Donde sair um entrechoque, ainda que uns e outros não tenham vontade de combater. E é a presença de Deus nesses, dos anjos nesses, e Nossa Senhora, bem entendido, Regina Angelorum, nesses, é essa presença que irradia uma força vitoriosa.

Não sei se conhecem no Fioretti a história de São Francisco que chamou um irmão leigo para sair com ele, para pregarem um sermão. Ele passeou pela cidade, e na volta o irmão perguntou: “Mas, Irmão Francisco, onde está o sermão?” Ele disse: “O Sermão foi nós andando pela cidade e voltando”.

Quer dizer, eu tenho uma facilidade enorme em admitir que São Francisco pela presença dele tivesse um efeito dulcificante sobre as coisas. E esse efeito era de um caráter sobrenatural que punha em movimento também elementos naturais que havia nele. E que no todo faziam da presença dele o que nós sabemos.

E a nossa vocação é ter o espírito da TFP tão inteiro e tão pleno que pelo possuí-lo nós tornamos inaceitável nossa presença, porque destruímos o contrário.

Alguns sinais, alguns vislumbres disso nós poderemos apresentar. (…)

* Uma visão de como nascerá a Cristandade post-Bagarre

Meu caro João; depois de termos falado a respeito do que você descreveu hoje em nosso passeio ─ peregrinação é uma expressão excessiva ─ na nossa ida à Luz e à Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, veio então a idéia de como seria ─ é uma pergunta do Guerreiro ─ como é que seria uma ordem temporal católica, propriamente a Cristandade, que portanto não se confunde com a Igreja mas vive com a Igreja, como é que seria essa Cristandade sob a ação dessa graça que, em última análise, está toda ela dentro do thau.

A resposta que eu dei foi essa: nós podemos imaginar a Igreja do Sagrado Coração de Jesus depois das convulsões da Bagarre, ficar sozinha de pé num largo, numa coisa toda que tem assim devastada por bombardeios, como mais ou menos todo o mundo será. E em torno disso uma pequena população se constitui de gente que vai à igreja, se deixa influenciar muito pela atmosfera dessa Igreja, etc., e que toma aquela mentalidade. Essa gente tende, pelo próprio princípio ordenativo que existe naquela Igreja, no espírito da Igreja e no thau, que é uma manifestação do espírito da Igreja, essa gente teria a tendência de, nas casinhas que construísse, nos jardinzinhos que plantasse, as roupas que fizesse, os tecidos que fiasse etc., [teria a tendência] de fazer instintivamente, sem um plano, de um modo tal que, quando esse povo estivesse na igreja, a gente olhasse e dissesse: “Esse é o povo próprio dessa Igreja!”

Como é que é, como não é, etc., é uma outra questão. O ponto importante é isso que eu estou dizendo aqui.

Assim a gente compreende como é que nasceria a civilização nova. A Cristandade, mas a Cristandade do futuro, que seria em altíssimo grau uma continuação desenvolvida, evoluída ─ a palavra é péssima ─ do que foi a Idade Média. Não seria, portanto, a cópia fixa do que foi a Idade Média, mas seria isto.

* O caos não gera ordem, mas na luta contra o caos a ordem cresce e faz nascer uma ordem nova

Agora, todos os fenômenos que você descreveu dessa ida à Luz e à Auxiliadora, imaginados como provocados por uma TFP muito mais cheia de Thau do que a de hoje, a TFP do Grand-Retour, então poderia explicar-se que produzissem isso. E no [seio] do caos universal, levassem este auge que dentro dele começasse a nascer a ordem. Mas não porque a ordem fosse a filha do caos, mas a ordem era uma reação contra o caos.

Aliás, uma coisa que eu disse ao Guerreiro há pouco, eu adotei o modo comum da gente se exprimir, mas pediria essa retificação. Não é verdade que do caos pré-medieval nasceu a ordem medieval. A verdade é diferente: os elementos de ordem que ainda havia no espírito humano por causa da Fé católica que eles tinham, chocados pelo caos pré-medieval, tiveram uma reação, a qual reação produziu a ordem medieval. Porque o caos não gera ordem, mas a ordem em contato com o caos, na luta contra o caos, pode ampliar-se, e dar uma coisa maior. Não é portanto, a péssima idéia de que o caos gera ordem.

(Sr. Paulo Henrique: Ela como que faz recuar o caos.)

E fazendo recuar, ela cresce. Ela toma espaço. Dizer que o caos produz a ordem, para simplificar, numa linguagem caseira pode dizer-se, mas desde que se entenda isso que eu estou dizendo. Não sei se está claro?

* As duas intensidades da Bagarre

(Sr. Guerreiro: O Sr. hoje afirmou que nós entramos num caos irreversível. Esse caos irreversível terá um certo prazo de duração, e ele se transforma em Bagarre no momento em que sentir que não tem condições de se estabelecer inteiramente, por causa da ação do Sr…)

Aí é preciso tomar os conceitos de caos e de Bagarre, e defini-los com mais precisão.

A partir do momento em que a ordem civil como que deixa de ser, de maneira que a sociedade exploda, sem convulsões, para formar grupelhos autogestionários, etc., isso já é Bagarre. Não é a Bagarre, mas é Bagarre. O auge da Bagarre na sua temperatura mais forte é realmente essa.

Agora, eu creio que esta segunda intensidade Bagarre ─ não são duas Bagarres ─ essa segunda intensidade da Bagarre poderá ser gerada pelo efeito que dentro disto debilitado possa produzir o Grand-Retour transbordante em nós.

(Sr. Gonzalo: E por que debilitado?)

Lembra-se que eu expliquei…

(Sr. Gonzalo: A transição?)

Pela transição. Isto que eu estou dizendo aqui eu acho mais importante, mais bonito do que a reunião da tarde.

* O vento da Bagarre e o vento do Reino de Maria já sopram mais perto dos nossos rostos e das nossas mãos

(Sr. Guerreiro: A gente vê a força do Reino de Maria começar a nascer em pequenas dimensões, um futuro que a gente percebe que o olhar humano nosso já está alcançando.)

Sim, perfeitamente. E vou dizer mais…

(Sr. Guerreiro: O Reino de Maria já está no Sr. É a difusão do espírito do Sr…)

É, sobre os homens. É isso, é. É claro.

(Sr. Guerreiro: Na medida em que esse caos seja irreversível, e a presença do demônio se fará mais patente, é razoável supor que uma ação contrária a isso se torne mais intensa também.)

Isso, exatamente.

(Sr. Guerreiro: E começa a plasmar mais a realidade, os fatos, as pessoas, mais do que antes.)

Isso, isso.

(Sr. Guerreiro: A Bagarre azul foi uma barreira para isto.)

Foi uma barreira. Uma barreira tremenda! Vocês se chocaram contra essa barreira, com o ímpeto tremendo que tinha.

(Sr. Gonzalo: Se não houvesse esse período de transição o demônio se consolidaria mais para frente, e aí seria praticamente impossível entrar. O possível está nessa transição.)

Você pode imaginar o ódio dele ouvindo-nos dizer isso, hem?

(Sr. Gonzalo: Mas é a pura e santa verdade.)

É isso: pura e santa verdade.

(Sr. Paulo Henrique: Isso se deu em presença desse espirito de Nossa Senhora, que o debilitou, e ele foi obrigado a mudar esse plano dele?)

Não, não. Eu acho que estava na necessidade das coisas. A coisa tinha que seguir essa marcha. Ele sabia, e achou que podia enfrentar o risco.

(Sr. Guerreiro: É fascinante isso. É um capítulo da RCR que o Sr. está ditando hoje à noite.)

É sim. Não é um capítulo publicável, mas é um capítulo essencial. Mas que tem um efeito muito interessante que é o seguinte. O vento da Bagarre e o vento do Reino de Maria sopram quase que mais perto dos nossos rostos e das nossas mãos.

(Sr. Guerreiro: Nós não vimos o mar ainda, mas já sentimos seu aroma trazido pelos ventos.)

Exatamente. A comparação é perfeita: não se vê o mar, não se ouve o barulho do mar, mas a gente diz: “O mar está ali!”

* Se a Sagrada Escravidão se realizasse inteiramente, no mundo inteiro a TFP seria uma bomba atômica

(Sr. Paulo Roberto: O Sr. disse que a Sagrada Escravidão era a pista de vôo para o Grupo atingir sua plena realização. Como é que entra a nota da Sagrada Escravidão nisso que o Sr. está dizendo?)

Se ela se realizasse inteiramente, a união de espírito entre nós seria tão grande, que o efeito que se nota por exemplo num passeio de automóvel, se notaria muito mais fortemente, e em todos nós. E teria uma força de contágio e de empuxe incomparavelmente maior.

Para não ir mais adiante: você imagine toda a TFP atual, até os enjolrinhas, compenetrados disso, você pode imaginar o que seria. No mundo inteiro, as 22 TFPs… Uma bomba atômica. Quer dizer, não é preciso imaginar o irrealizável para compreender até onde isso vai.

(Sr. Guerreiro: Nós nos perguntávamos se a graça da reunião de hoje à tarde, e a fortiori a desta reunião agora, não terá sido um presente de Nossa Senhora em atenção à festa de ontem, da Sagrada Escravidão. Não sei se o Sr. acha razoável isso.)

Muito razoável. Muito razoável, e me alegra até que tenham elucubrado isso. Porque eu acho que realmente a graça dessa reunião aqui, e da reunião da tarde, foi compreender um certo fundo da TFP, mas também para ouvir soar o relógio da História. E isso para nós é muito importante. É uma gota d’água, pelo menos, na prova da espera. Isso é muito importante.

Então, debaixo desse ponto de vista eu acho que é uma coisa altamente benfazeja, e que corresponde e que pode levar os espíritos, por exemplo, em concreto, a uma muito maior esperança no nexo entre nossa vocação e tudo quanto nós fazemos agora. Pela compreensão dessa imponderabilia que vale incomparavelmente mais do que o que nós estamos fazendo. Mas a perder de vista! É como uma espada em comparação à bomba atômica. É isso. O que nós fazemos é bom, é necessário, até andaremos mal em não fazer, mas, vamos dizer assim: as ações externas estão para esta ordem de ação como a Revolução sofística está para a Revolução tendencial. É por aí.

* Nossa Senhora de repente colocou-nos no alto de uma montanha, que facilita a restauração da Sempre-viva

Então, nós nos sentimos de repente no alto de uma montanha, ou perto do alto de uma montanha, quando estávamos chorando porque estávamos supondo que estávamos na base… Mas é porque de fato um certo conhecimento nos levou para o alto da montanha de repente, ou para perto do alto da montanha. Isto é uma consolação enorme! Mas enorme! E que facilita a Sempre-viva ─ não a ocasiona por inteiro, mas facilita ─, a restauração da Sempre-viva. (…)

que se por qualquer coisa do desígnio d’Ela, Ela não quiser dar, nós não conseguiremos fazer uma reunião assim. Isso é dado por Ela. Eu estou certo que Ela quererá dar, mas às vezes há assim uma coisa para entendermos bem que tudo vem d’Ela!

E com isso, eu creio que…

(Sr. Paulo Roberto: Estamos nos sentindo como no alto de uma montanha, com oxigênio assim…)

É, graças a Nossa Senhora! Bom, meus filhos, não há remédio, eu preciso encerrar.

Há momentos minha Mãe, em que minha alma se sente…”

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