Conversa da Noite – 27/5/89 – Sábado . 18 de 18

Conversa da Noite — 27/5/89 — Sábado

O processo de conhecimento da criação, na alma do SDP * Termo final: o “verum”, “bonum”, “pulchrum”, ou o “falsum”, malum” et “horrendum” * Analogia de todas as coisas na criação; Uma analogia com Deus, a partir de uma matriz que está na alma de quem olha, e na analogia da alma com Deus; A arquitipização da coisa vista, com uma fimbria de sobrenatural * A pessoa que conserva a inocência tem comunicada estavelmente uma graça que é um padrão de perfeição divina; por isso vê * Essa contemplação na alma da Senhora Dona Lucilia

A pergunta

(Sr. GD: A resposta que o senhor deu ao Sr. NF na semana passada… gostaríamos de fazer novamente a pergunta, para que o senhor pudesse tratar com mais desenvolvimante. O Sr. NF, visitando o Vaticano, vendo todas aquelas estátuas de santos que tem numa galeria do Vaticano, tinha a impressão que dado toda a formação que o senhor deu, não por mérito pessoal, proporcionava a ele uma forma de conhecimento por onde ele discernia as razões mais altas pelas quais Deus tinha feito aqueles homens santos, e a razão da luta deles. E, a esse título, ele ficava com a impressão, de que como que ele ombreava com aqueles santos, não por virtude, evidentemente, dele. Essa formação que o senhor dar, não tem uma relação muito profunda com o que São Luiz fala no Tratado, que esta devoção dá à alma uma virtude muito mais rápida, muito mais imediata, em que a pessoa não corre os riscos,… toda a questão de Ambientes, Costumes e Civilizações… como o senhor concebe, então, que seria esse processo interior de Maria Santíssima?…)

Eu trato com muito gosto, mas eu queria esclarecer um ponto que eu não vejo claro dentro da pergunta, e com a má memória que eu tenho, eu não me lembro bem da reunião anterior também.

Mas a questão é essa. Tratar-se-ia aqui, o que você e o Nelson chamam na vida interior de Nossa Senhora, o processo. Seria o processo da vida interna d’Ela, ou seria o processo pelo qual Ela nos faz subir até Nosso Senhor Jesus Cristo?

(Sr. GD: Seria o processo interior d’Ela. O processo pelo qual Ela nos faz subir até Nosso Senhor Jesus Cristo, não é senão o efeito desse processo interior d’Ela?…)

Quer dizer o seguinte: Ela teve um processo enquanto Ela ainda podia crescer em santidade. Ela teve um processo de santificação que foi um processo interno de ascensão, que Ela comunica àqueles que Ela leva consigo. E seria portanto, um processo nosso também, por comunicação com Ela.

(Sr.GD: É isso.)

Agora, que ligação tem isso com Ambientes, Costumes e Contra-Revolução tendencial?

(Sr.GD: …o papel de Nossa Senhora é revelar Deus aos homens, Ela traz Nosso Senhor Jesus Cristo ao homens… na realidade é algo que está profundamente ligado à essência do profetismo, e se isso não faz parte também, do processo interior de Maria Santíssima, posto que Ela foi criada para no fundo revelar Deus ao homens…)

* O termo final do pensamento do Senhor Doutor Plinio sempre é o “verum”, “bonum”, “pulchrum” do aspecto contra-revolucionário, ou o “falsum”, malum” et “horrendum” do revolucionário

A que a sua pergunta está muito bem feita. Ela pressupõe — dizendo isso, eu quero ver se estamos falando o mesmo português, para evitarmos equívocos, etc. —, a pergunta pressuõe o seguinte: que o termo final de todo o pensamento, toda reflexão minha na linha da Revolução e Contra-Revolução, é vista como contra-revolucionárias encontrar no termo último um verum, um bonum, um pulchrum, que é um reflexo de Deus.

E que em sentido contrário — não está dito, mas está na lógica do que você diz —, no termo de tudo aquilo que é do processo revolucionário um falsum, malum et horrendum, que é o demônio. E que portanto, no fundo de todas as alamedas de meu pensamento está Deus de um lado, e o demônio de outro lado. E Ambientes, Costumes revelam essa tendência. Os Ambientes, Costumes, habitualmente manifestam uma analogia entre uma determinada coisa concreta, e um estado de espírito do homem, uma coisa na alma do homem. Mas a gente analisando o que eu digo da alma do homem, é a conformidade do homem com Deus ou não, e portanto, o temo final é Deus.

E então, se esta missão que seria, ou que é, a missão cultural da TFP, de fazer com que os homens em tudo vejam a Deus, e tendam para ele, essa missão… mas ver a Deus assim, não é de outra maneira, é nas coisas. Não são portanto, cogitações sobretudo filosóficas, mas são considerações… é claro que tem um fundo de considerações filosóficas, e um fundo de teológicas, mas que vem muito no ver, no discernir a coisa concreta, e a partir da coisa concreta subir até Deus, naturalmente com base e apoio em considerações que tem seu fundamento na teologia e na filosofia.

* Isto deve ser algo particularmente magnífico em Nossa Senhora

Se isto não seria uma coisa particularmente magnífica em Nossa Senhora, e quase que se diria, a via d’Ela para chegar a Deus. Que esta via d’Ela… vamos dizer uma via d’Ela, ela teria todas as vias para chegar a Deus, e uma seria esta. Nesta via nós caminharíamos pelas coisa a Nossa Senhora, e até Deus.

* O processo revolucionário tem o o horrendo oposto, de discernir em tudo o demônio

E de outro lado, em sentido oposto, a Revolução fez os homens caírem do ponto alto em que tinham chegado por um processo análogo, que é de ir vendo as coisa cada vez menos deiformemente e com um ponto final que era o demônio. De maneira que em cada alaranjamento da visão católica das coisas, produzido — esse alaranjamento — pelo processo revolucionário, a medida que ia abaixando o teor do discernimento de Deus, vinha uma sombra por detrás, que ia subindo, e que é o demônio. E que portanto se chega no fim até o demônio. Isso seria a pergunta.

* Isso deve estar em Nossa Senhora, como ápice da criação, como Mãe do elo entre Deus e as criaturas: Jesus Cristo, Nosso Senhor

Então, se não haveria isso também na alma de Nossa Senhora, como ápice da mera criação, mas de outro lado como Mãe daquele que era um elo entre o criador e a criação, e que é o homem Deus, em cuja natureza está — recapitulando Ele em si toda a criação, por Nosso Senhor Jesus Cristo recapitula toda a criação em sim — está continuamente encaminhando a criação ao conspecto de Deus e tornando-a deiforme, e lutando contra aquele que quer torná-la o oposto.

Então, a condição d’Ela de Mãe do Messias, a punha numa posição eminentíssima e incomparável, aí também de Medianeira, no sentido de que Ela é o canal para o êxito dessas considerações, e si isto não seria um elemento capital da santidade no Reino de Maria. É bem essa a pergunta?

A Resposta

Eu acho que… a pergunta me encanta pela profundidade, profundidade no ver toda a questão Ambiente, Costumes, profundidade no ver o relacionamento do Criador com a criação, papel de Nossa Senhora, etc.

Feita assim ela tem qualquer coisa de novo, que me obriga a ir pensando alto com vocês, e que é possível que me leve a retificar alguma coisa, eventualmente, como sendo uma resposta contendo elementos sobre os quais eu não tive tempo de pensar, é possível que haja alguma coisa que involuntariamente não esteja correta do ponto de vista da doutrina, o que naturalmente, eu desde já renego e rejeito, se não for correto, segundo o ensinamento hierárquico da Igreja. Isso posto, essas ressalvas feitas, a gente poderia dizer o seguinte.

* Primeiro pressuposto: a analogia de todas as coisas na criação; como uma coleção de cristais a través dos quais passa o sol

Que elemento próprio desse sistema, é a convicção da analogia de todas as coisas da criação, umas com as outras. Analogia esta que leva umas coisas, por assim dizerem reverterem nas outras, a refletirem as outra, num mundo de transparências extraordinária, que seria como uma sucessão de cristais através dos quais passa o sol.

Se o sol passasse por todos os cristais, ou por uma série de cristais, que os coloridos fossem as cores que constituem, por exemplo, o conjunto que dá o branco, como é que seria essa cor final? Isso seria mais ou menos assim, a alma que vê a analogia entre as coisas minerais com as plantas, e as plantas com os animais, os animais com o homem, homens com o anjos. Bem, no alto da criação mera criação Ela, depois Nosso Senhor Jesus Cristo. E depois faz analogia em sentido oposto também, rumo ao demônio.

* A alma, no conhecimento dessa coleção magnífica, vê por transparência, aspectos de Deus ou do demônio; a mística ordinária neste processo

Essa alma o que ela faria? Ela faria, a meu ver, uma muito alta oração.

Tanto mais quanto eu tenho a impressão — é meio audacioso o que eu vou dizer, mas é a impressão que eu tenho — que tudo isso não se faz sem uma certa graça mística — da mística ordinária, bem se entende — pela qual a pessoa que faz o processo não só tem o discernimento do espírito para pegar em alguma modo a coisa, mas vê de algum modo num imponderável que explica bem essas analogias.

Quer dizer, a analogia seria alguma coisa — vista assim — na qual Deus de algum modo deixa ver alguma coisa de Si. Mas deixa ver muito discretamente, [numa tinta] muito discretamente, deixa ver misticamente alguma coisa de Si. Esse é o jogo dessas várias coisas místicas que dá bem a visão completa de Ambientes, Costumes e Civilizações, e de todo o modo pelo qual se faz a análise dos acontecimentos terrenos, e se discerne a política a seguir, etc., a partir desta visão do Universo.

Quer dizer eu estou tratando da visão do Universo, não estou tratando dos frutos que se tiram disto, eu menciono apenas de passagem.

* Um exemplo: a visão do Castelo de Chambord

Então, por exemplo, foi uma impressão que teve certa força em meu espírito, mas eu não me detive nela porque outras preocupações me levaram… o castelo de Chambord. Chambord é belíssimo! Mas Chambord é belíssimo! Sobre certo ponto de vista é mais bonito do que qualquer outro castelo da França. É uma maravilha.

Visitamos Chambord à tarde. Num período do ano em que os dias se prolongam muito. Subimos, descemos, entramos, saímos, vimos enfim, Chambord inteiro, e depois fomos ver Chambord do parque, num determinado ponto escolhido por nós, em que a beleza de Chambord aparece especialmente. Era então, já o fim da tarde, mas o fim de tarde muito luminoso, que ia se resolvendo numa noite clara, e havia um étang, um lago, uma coisa, e nós estávamos postos numa posição simétrica que deixava ver toda a beleza do castelo.

* O que a graça dizia ao Senhor Doutor Plinio, ante Chambord: “Ressuscitai-me e vingai-me!”

No ver a beleza do castelo, se via — eu via, mas julgo que os que estavam comigo, de algum modo participavam disso, pelo menos em estando comigo, ou habitualmente, ou pelo menos no momento em que estavam comigo, e que me viam ver isto, eles viam — qualquer coisa que não se exprime bem pelo sentidos, que era superior aos sentido, e que diz algo, exprime algo, que não é apenas uma descrição da alma humana, mas está muito acima da descrição da alma humana, é qualquer coisa que banha o abstrato, ou seja o eterno, o puramente espiritual, etc., e diz algo que é mais ou menos assim:

— “Isto que vocês estão vendo, isto está abandonado, está transformado num esqueleto vazio, e sem carne. Está transformado num… [inaudível] está ligado a mil estado de espírito, a mil impulsos de alma, a mil modos de ser; Os quais, por sua vez corresponderam, em outros tempos, a mil virtudes e também a alguns defeitos. E isto foi rejeitado e está neste estado por causa de uma coisa que veio contra e que me esvaziou. A vocês eu me mostro assim. Ressuscitai-me e vingai-me!”

* É um ver algo a mais que o meramente natural, como através da transparência de um anjo

Não sei se eu exprimo bem a coisa assim. E isto seria bem o que, ou sobre o que versa, a pergunta feita pelo Nelson e pelo Guerreiro.

Aí eu acho que nesse mostrar-se e nesse fazer sentir tudo o que eu acabo de dizer, há qualquer coisa por onde a gente vê um pouquinho mais do que o meramente natural. E esse pouquinho mais do que o meramente natural a meu ver é qualquer coisa — mas eu ando com muito cuidado, porque pode não ser — qualquer coisa de angélico, e através da transparência do anjo, que é o um anjo de luz, do próprio Deus.

* Essa visão, em Nossa Senhora, deve ter sido inimaginável: por exemplo à vista do Gólgota

Está visão das coisas assim, nesta ordem de coisas, deveria tido em grau inimaginavelmente maior Nossa Senhora visitando por exemplo os lugares santos do Antigo Testamento e os lugares a onde a vida do Filho d’Ela seria marcado.

E, por exemplo, eu compreendo que numa série casos, olhando o Golgata antes da crucifixão Ela tivesse pressentimentos, prenúncios de tudo quanto foi a cruz, etc., que Lhe parecesse mais ou menos pressentidos à vista de certas formas do Golgata, à vista de predicados, de coisa concretas do Golgata, que de algum modo faziam ver isto.

* Se assim era Nossa Senhora, assim devem ser os filhos d’Ela: os habitantes do Reino de Maria

E que é isto que explica o Reino de Maria.

Quer dizer, Nossa Senhora era assim, e os filhos d’Ela, Ela leva assim, Ela não era só isto, mas isto Ela o era inteiramente. Então vejam bem, não é um jogo de palavras, não quero dizer o seguinte: Ela inteira era isto. Isto não, Ela era uma porção de outras coisas, mas Ela era também isto e todas as coisas que Ela era, como também esta, Ela era inteiramente com uma perfeição inimaginável. E pela mediação d’Ela esse processo se faz nos espíritos esplendidamente.

* Como fazer sobreviver o espírito da TFP, durante o Reino de Maria?

O que leva a resolver uma charada sobre o Reino de Maria, e que é uma charada muito complexa, e que é a seguinte: em última análise como fazer com que o espírito que nós chamamos o espírito da TFP, sobreviva quando aqueles que constituem a atual geração da TFP tiverem morrido? Como que isto se prolongará e como é que participara disto o mundo inteiro?

Porque sem esta concepção das coisas o Reino de Maria inexoravelmente cairá sobre o domínio da Revolução de novo, desde que Deus solte o demônio, ou os demônios que foram soltos para fazer isto.

* Estão visão das coisas, transmitida por Nossa Senhora aos homens, fará perdurar o Reino de Maria

Então, se pode dizer, que o que São Luiz Grignion de Montfort diz de Nossa Senhora, a via segura, a via fácil, a via direta, etc., esta visão assim, constitui a via fácil segura, direta, etc., para chegar a Deus. Porque é um elemento da pessoa de Nossa Senhora, da personalidade moral de Nossa Senhora e portanto, um elemento pelo qual nós chegamos a Nosso Senhor Jesus Cristo de modo fácil, seguro, direto, etc.

Se nós imaginarmos isto generalizado pelos homens como São Luiz Grignion de Montfort entende que deve ser generalizada a devoção à sagrada escravidão, então nós temos uma plena compreensão do que é isto como via para o futuro.

E se isto estiver claro, eu acrescento agora uma outra coisa. Mas eu pergunto se isto está claro ou não?

Meu Aloísio que está vindo de tão longe, e de tão perto. De tão longe geograficamente, e de tão perto pela consonância de espírito. Isto está claro meu filho?

(Sr. AT: Claríssimo Senhor.)

Eu daqui a pouco vou mandar vir uma fotografia e ver se falamos o mesmo português.

Agora, isto posto, a gente compreende também o seguinte: que mais uma vez o que dissemos num MNF dessa semana, e que eu não quero que se repita… (…)

* A decadência do homem quando deixa a propensão a crer, e começa a creditar só no que viu; como foi no fim da Idade Média

O espírito do homem medieval era muito propenso a crer, ele cria muito. Quando nós vamos ver… a medida que o espírito medieval vai decaindo, nós vemos que a propensão do homem a crer vai caindo. E vai caindo nessa base, é que ele quer ver para crer. Como ele não vê a Deus, e não vê as coisa que a revelação narra…

Por exemplo, ele não viu que Moisés na Sarça Ardente, ele não viu Moisés no Monte Nebo, e porque que ele há de acreditar que Moisés existiu, que esteve na Sarça Ardente, no Monte Nebo —que esteve diante da Sarça Ardente, e teve uma visão sobre a Sarça Ardente, que foi levado ao Monte Nebo para ver a terra Santa antes de morrer —, porque que ele vai crer, se ele não viu? Donde uma tendência péssima a considerar o mundo como excluindo tudo aquilo que não foi visto, uma ansiedade do espírito: “O raciocínio não me basta, a demonstração não me basta, eu preciso ter visto para crer”.

* O elemento cerne da Revolução: abandonar o raciocínio como elemento de conhecimento, e só acreditar no que o homem vê pelos sentidos

E é toda a ciência do homem — foi no que deu o positivismo —, é que o que os sentidos admitem é verdade, o que os sentido não admitem não é verdade. E as premissas da razão só são as que vierem pelos sentidos.

Isto que deu uma tal colaboração à Revolução, o que talvez tenha sido — foi certamente — um elemento do cerne da Revolução.

* O acreditar no raciocínio da ao homem um certo discernimento a mais: um certo ver sobrenatural que dá a segurança ao homem

Isto se resolve do modo que nós estamos falando. Porque o individuo pela razão constrói, vê o que há de racional nos Ambiente, Costumes, no discernimento do espíritos, nas tendências que os discernimento dos espíritos revela, etc., [e assim] ele conhece pela razão que isto é verdadeiro; mas ele tem além disso, um certo discretíssimo ver sobrenatural que completa algo do raciocínio, e que dá um grau de certeza que a insegurança do homem moderno não tem.

* Réplica ao espírito moderno, explicação das diferenças entre Oriente o Ocidente: eles conservaram algo de este senso “extra-terreno”

Portanto, há nisso uma réplica ao espírito do homem moderno.

E no choque que há entre a cultura do Oriente e a cultura do Ocidente existe alguma coisa disso.

Se você examinar aqueles indus todos, e em geral os orientais, a gente ver que houve tempo em que eles antes de caírem nas religiões que têm, viam algo que era a participação de algo que Adão e Eva viam apesar do pecado original.

E que começaram aparecer depois para eles as coisas diabólicas. Mas que o tempo inteiro eles algumas coisas discernem que vai além do mero ver natural. Donde decorre para eles uma certa superioridade de espírito por algum ângulo.

(Sr. GD: Uma figura de sensibilidade…)

É exatamente, uma figura de sensibilidade para discernir essas coisas, e depois a grandeza de espírito que traz o estar vendo coisas que são de um porte extra-terreno.

(Sr.GD: Sem batismo eles são mais aristocráticos do que nós.)

Exatamente. Neste ângulo, deste lado.

* O dialogo de surdos entre o Oriente pagão e o Ocidente post-católico

E que eles tomando o raciocínio seco do ocidente, percebem de um lado a superioridade desses raciocínio sobre as fantasias lunáticas do paganismo. Mas de outro lado tem uma objeção quanto a esse raciocínio que lhes parece um esqueleto seco, ou uma concha vazia, que não vive mais. Esse diálogo de surdos entre o Ocidente e o Oriente.

Eles dizem: “Eu vejo tal coisa,” e o ocidental responde: “Mas eu fabrico tal outra”. Então, um diz: “Eu em tal bosque, em tal jeito assim, meu espírito é levado a discernir tal coisa”. O ocidental diz: “Olha aqui, nada como a geladeira que eu fabrico, ou com o remédio que cura sua doença”.

O Ocidente convida assim o Oriente, a baixar para o nível do Ocidente post-católico. E naturalmente esse espírito penetrou pelo teológicos, etc., em quantidade.

* A conciliação dos dois espíritos em Santo Tomás: Como uma catedral de cristal construída sobre um lago suíço

Onde vocês têm a finura disso muito bem expressa, é a conciliação entre a razão e este ver [de modo] perfeito, é em São Tomás de Aquino.

Em qualquer coisa de São Tomas de Aquino, o lado racional é perfeito, mas tem uma luz qualquer. É evidente, nem preciso dizer, não briga com o lado racional, mas até, vamos dizer, que sem tem a impressão que emana do racional; porque não é uma coisa silogística aí, que ilumina com uma luz prateada ou dourada todos os raciocínios de São Tomás, e fazem da Suma Teológica, ou das outras obras dele, um conjunto que é como uma catedral de cristal construída sobre um lago, com uma placidez e a profundidade de um lago da Suíça. É uma coisa assim, feérica desse gênero.

* A razão encontra a demonstração, mas o homem percebe um algo a mais, que será muito maior no Reino de Maria

(Cel. Pol: Santo Agostinho também?)

Também, é toda a cultura ocidental. Você lê Santo Agostinho, tem ao lado daquilo tão bem pensado, tão articulado, há qualquer coisa que se sente e se “vê” — “vê” entre aspas — e que dá uma espécie de confirmação aquilo que o raciocínio faz ver e que dá uma tranqüilidade completa. A razão encontra completamente a demonstração que ela tem o direito de querer. Mas a criatura humana tem mais qualquer coisa, que lhe dá um discernimento mais alto, um ver mais perfeito, uma coisa que a meu ver, ainda será muito maior no Reino de Maria.

* Parafraseando São Paulo: “Se não amais a Deus, como amareis as coisas que vedes?”

E aquela frase que eu tenho citado aqui, que parece que é de São Paulo: “Se não amais as coisas que vedes, como é que amareis a Deus que não vedes?”

Também tem isso: Se nas coisas que vedes, vós não aceitais a Deus, como que aceitareis nas coisas que não vedes? Tem uma certa reversibilidade. E essa reversibilidade constitui o elemento, então, de encontro e de triunfo dessa ordem. Assim como por exemplo, dois trilhos se encaixam, e é o triunfo da ferrovia, assim também, essas vias se encaixando é o triunfo da alma humana no Reino de Maria. O triunfo da obra de Maria nas almas. Seria essa a consideração.

* O respeito antigo, até por um cadáver em aula de anatomia: era um ver essa luz superior

(…)

iam fazer a anatomia de um cadáver, etc., antes de fazer a anatomia, se rezava, o mestre e todos os alunos, se rezava por alma daquele que se ia fazer a anatomia. Alguns personagens compareciam em traje de cerimônia, por respeito ao morto com que ia-se tratar. Eram determinadas pessoas que iam figurar ali em trajes de cerimônia.

Aqui já é fazer a aula de anatomia, e fisiologia sobretudo, uma luz. Isto a medicina de hoje detesta. Aquelas luvas de borracha, aquilo tudo — seria muito compreensível — mas é feito num espírito que nega a coisa, e que entra um demônio — que assim o homem conhece — e que faz ver a ele um mundo mais claro, mais jovem, mais limpo, mais prático, mais pseudo-proporcionado com o homem e que torna tudo mais alegre, e que é o contrário do místico, do elevado, do misterioso, etc., etc., entra um qualquer discernimento de um certo tipo de demônio dentro disso. A mim me parece.

(Dr. EM: Há uma proibição de falar de qualquer coisa que não seja isso que está no ar…)

Não. Quem é que se atreve a dizer: “Que lindo azul, decorreu desse precipitado”; ou por exemplo: “Que forma repugnante tem tal víscera interior do homem!”

Imagina a seguinte reflexão: “Será que antes do pecado original o corpo do homem era tão feio e repugnante internamente?” Isso é uma coisa que desqualificaria um aluno de medicina, creio que de modo mais total, não é meu Edwaldo?

(Dr. EM: Era expulso, “estava louco”.)

Quer dizer, toda essa parafernalia de que a Revolução procura nos despir, nos confiscar.

Aliás, eu gostaria que guardassem essa fita para o Nelson ouvir, quando chegar.

* O terrível processo revolucionário: os santos caminhavam nesta linha, mas sem conseguir explicá-la

(Sr. GL: …o que que há aí nesse processo de Nossa Senhora por onde a gente ver que isso é absolutamente essencial, de maneira que dá a impressão que o mundo todo, Deus tenha criado para isso…) [Vira a fita]

Em última análise — para responder a você eu remonto um pouquinho a Idade Média de novo — a gente tem a impressão de que isto assim posto, fica envolto até certo ponto em algum mistério. Porque você vendo a descrição da vida dos santos e das coisas que eles cogitavam, e como se manifestavam a eles, etc., tem a impressão, de que isto existia na alma deles; mas que certos fenômenos de natureza mais alta elevavam as almas deles tão alto que por assim dizer, sobrevoavam essa estrada. E que eles caminhavam nessa linha — na linha de que nós falamos — como um avião que olhando para terra, sabe que aquele traçado é o traçado de uma estrada que conduz a tal lugar. Ele então vai voando em cima da estrada para ir àquele lugar. Mas ele não percorre a estrada, ele está muito superior a essa estrada.

* Alguns exemplos concretos: Santa Teresa, São João da Cruz, São Francisco de Sales, Pe. Reus

Então você toma os grandes místicos. Vamos dizer por exemplo, um que eu acho que foi um grande místico, eu andei lendo coisas dele que eu gostei muito, Pe. Reus, aqui no Rio Grande do Sul, grande místico. Que eles tinha conhecimento revelações, etc., muito maiores do que isso. Santa Teresa, São João da Cruz, muito maiores, mas que do conhecer isto, a atenção deles se fixava de tal maneira no superioríssimo, que estas coisa ficavam como que um conhecimento colateral, dos grandes místicos. E que em conseqüência disto os tratados de amor de Deus e de piedade, etc., que foram sendo impressos, conduzem muito adequadamente — eu falo dos bons tratados, das boas orações, etc. — nesta linha, mas padecem de um silêncio sobre isso que eu disse.

E há uma coisa muito curiosa que vocês podem ver experimentalmente no Tratado de Amor de Deus de Santo Francisco de Sales. Vocês lêem o capítulo primeiro, parece uma matéria prima para essas reflexões que nós estamos fazendo aqui. É inteiramente isso.

Bom, isso é o capítulo primeiro [e] ponto final; depois outro tema. Mas tema de outra natureza, outra pista. Porque que ele coloca isto na introdução do livro dele, e depois não tem mais nada? Teria havido alguma coisa que teria sido subtraída a esse assunto?

* Esse mistério trágico fez com que os homens percorressem cada vez menos este caminho

Mas o mistério é, que por causa disso os homens acabaram mais ou menos, não é não percorrendo esse caminho, mas percorrendo cada vez menos e de um modo mais deficiente, etc., a medida que isto foi se apagando.

* A reconstituição da via cabe à TFP

E a restauração, a reconstituição disto parece caber à TFP.

Mas nesta coisa se explica a decadência geral da piedade de muita gente, de massas enormes de pessoas que se estivessem conhecido isto, se podiam talvez ter a esperança de que se tivesse reagido. Ou o choque Revolução e Contra-Revolução, não se daria tão macio, tão lento, tão caviloso e dava logo num estralo. Porque é que esse véu encobriu esse tema?

Isto tem relação com o que você diz, com a pergunta que você pôs. Quer dizer, houve qualquer coisa para castigo dos homens que velou esse tema, e que produziu os efeitos que nós estamos vendo, por onde você percebe o papel central disso.

* Papel central deste tema, na Ordem do Universo

Agora, porque que isto tem este papel central? Porque a ordem do Universo, o conjunto do universo vê-se aí. E o conjunto é mais excelente do que cada uma das partes.

Você dirá: “Está bom. Mas quem ver numa visão a Nosso Senhor Jesus Cristo, ou ver Nossa Senhora não ver incomparavelmente mais do que isto?”

Sim. Mas veria muito mais tudo, se soubesse relacionar essa visão com as coisas gerais que viram. Isto não aparece…

* O velar estes temas, causa determinante de muitíssimas apostasias

(Sr. PHC: …quando a gente manuseia algumas matérias de revelações, tem-se a impressão de que aquilo tudo é muito limitado…)

Fica uma coisa que parece que foi velada aos homens. E progressivamente velada à medida que eles decaiam. O velar este lado teria sido então, talvez, a causa determinante desse mundo de apostasias. Então aí está a resposta parcial, não está dada a resposta de cerne. Isto indica o papel central desse processo.

* A criação foi feita para ser vista assim, e o homem não foi criado para meditar só sobre Deus, abstraindo da ordem do ser

Por que esse processo tem papel central? Porque a criação — agora vem a resposta — foi feita para ser vista assim. E o homem não foi feito apenas para meditar sobre Deus, mas para meditar sobre Deus como um elemento de toda ordem do ser, o elemento capital da ordem do ser. Mas não abstração feita da ordem do ser.

(Sr. GL: …a quem olha assim … lhe dá essa fímbria de sobrenaturalidade, ou é o contrário?…O que que é primeiro?…)

Não, é um junto cronologicamente, mas logicamente é ver antes a coisa concreta.

Se quiserem eu peço ao Poli para pegar agora… pega o Point du Vue que está no… ou está na minha mesinha de cabeceira, ou está no meu escritório.

Eu vou mostrar uma coisa… é uma coisa modesta…

* Sentido certo e errado da “inculturação”

(Sr. GD: …o corolário da noção de Verbo Encarnado é a pessoa ter o discernimento para ver em todas as coisas criada algo de Deus, não é?…)

É exatamente.

(Sr. GD: É o que o senhor falava hoje a respeito da noção de inculturação das teologias, o lado verdadeiro seria esse…)

É tal qual. É exatamente isso.

Aliás, isto reduzido a termos mais acessíveis seria elemento para em certo momento, você conversar com seus indus. Precisa eles andarem muito para isso. Mas faz parte do caminho.

* Um exemplo desse processo, olhando um castelinho da Normandia

[Trazem o “Point de Vue”]

É um castelinho chamado assim…é um castelo da Normandia, que a Sissi hospedou uma vez aqui, passou uns dias antes de ir para a Inglaterra.

Mas olha o encanto de castelinho. Não é nem um pouco um Chambord, nem nada de tão extraordinário. É um castelinho.

Mas o olhar primeiro se detém na exterioridade do castelo, e percebe uma simetria, uma linha, que é verdadeiramente magnífica. Não sei se chegam a … concordar comigo. Mas é magnífico. Mas depois de perceber isto, fica uma impressão de raciocínio, de elegância, de altaneria, uma coisa que fica por cima da mera materialidade. Quando a gente ver isto, pode uma graça fazer-nos ver isto mesmo em clave sobrenatural. Que é o por onde este castelo reflete a Deus. Enquanto não se pega isso não se entendeu o castelo.

* É um perceber indícios de aspectos bons da alma francesas, e indícios de aspectos maus

(Sr. GL: Pode-se fazer sobre isso todo tipo de conferência…)

Qual a qualidade da pedra. Qual foi o episódio político que se deu aqui… o que quiser. Enquanto não perceber isso não percebeu nada.

Isso a meu ver é uma coisa sobrenatural que é a analogia com Deus. Assim, esse castelo exprime tal aspecto da alma francesa, se ela fosse fiel. Exprimindo esse aspecto da alma francesa, ela exprime tal qualidade possível na alma humana. Essa qualidade possível na alma humana, tem pssst!! Deus.

Notem agora uma coisa que deixa a pessoa desnorteada. É a seguinte: esse castelo exprime um misto das qualidades e dos defeitos da alma francesa…[palavra inaudível] de maneira que a nota de frivolidade, a nota de ligeireza exagerada, que já prepara a Revolução, está aqui presente também. E a pessoa tem que saber discernir os dois lados, porque senão se intoxica com o castelo.

* Uma analogia com Deus, a partir de uma matriz que está na alma de quem olha, e na analogia da alma com Deus

(Sr. GL: A matriz da questão está no olhar, não está no castelo. Há algo no Castelo, mas a matriz está no olhar.)

A matriz está na mente de quem olha.

(Sr. GD: Mas se está na mente de quem olha, não seria então uma elaboração que a mente faz a propósito de alguma coisa que ela vê?)

É uma elaboração. Mas na ponta dessa elaboração está uma analogia com Deus.

(Sr. GD: Mas então onde há a analogia com Deus é na ponta de elaboração e não na coisa que a pessoa está vendo?)

Não. A analogia repousa em parte nisso e em parte em Deus. A semelhança, que é uma semelhança muito difícil de captar, capta-se bem, quando na ponta da elaboração da mente vem um analogado primário que aparece [de modo] discretamente sobrenatural. Que é quando a gente vê a mente que há nisso… pizzt!!: Deus!

Porque a mente humana é análoga vivamente a Deus. Quem pega a mente pega a psicologia da coisa, e pode pegar a santidade da coisa.

* O processo na alma do Senhor Doutor Plinio: uma arquitipização da coisa vista, com uma fimbria de sobrenatural

(Sr. PH: No caso concreto aí…muita gente manuseia e ver isto. Mas agora ver isto como o senhor está vendo, isso é uma graça própria do senhor ver isto, restabelecer no mundo…porque não existe mais isto hoje nas mentes…)

Não existe mais para as almas que se deixaram dominar pelo processo revolucionário adquirindo por exemplo, o estado de espírito de laboratório de física.

(Sr. PH: Mas isso é quase geral …)

É quase geral, mas ouve o pecado.

(Sr. GD: Nesse caso a ponta de sobrenaturalidade está na mente do senhor, mas há objetos de arte, castelos, ou há gestos de alma, no qual a gente discerne naquela pessoa ou naquele objeto algo de Deus que paira sobre aquilo também?)

Pode ser também.

(Sr. GD: Mas o mais freqüente que se passa com o senhor, é que o senhor ver na coisa, ou aquela coisa desencadeia no espírito do senhor uma arquetipização que está além do que aquela coisa diz?)

Normalmente é isto. Na arquetipização a analogia, não é só a analogia, mas a fímbria de sobrenaturalidade que é análoga àquilo se faz ver.

(Sr. GD: A fímbria de sobrenaturalidade que há no objeto…)

No objeto mais tendo analogia…

É o seguinte: eu vejo isto, e vejo até o píncaro. Vendo o píncaro a minha alma, que tem habitualmente a posse de um certo ver de uma coisa sobrenatural, aí [no ver a coisa] por analogia se define.

* Isso é algo próprio do batizado inocente

A minha alma de batizado, e de alma marcada pelo thau, faz ver isto.

Agora, os outros poderiam ver assim, mas renunciaram por mil lados, por mil coisas.

(Sr. GL: É uma ocasião para manifestar essa graça que está alma do senhor…nisso a algo de Deus nela, mas que a alma que está ordenada, inocente, etc…)

* Há um certo algo de graça, diferente, nos não batizados, mas graça passageira

E habitada pela graça que traz o batismo, ou por uma certa graça não inteiramente explicada para mim, não conheço bem, que acompanha o indivíduo não batizado, que é convidado por uma graça continuamente. Não habita nele como em nós, mas é convidado continuamente, leva para isto.

* É um ver, não só do píncaro do bem, mas também, por dissonância, do hediondo

Agora, vejam bem, também por causa desse padrão originário que a alma com thau tem, a alma vê também a frivolidade, e sente a dissonância da frivolidade, e no sentir a dissonância percebe até onde a frivolidade chega e uma ponta de demônio ali.

Quer dizer, se eu fizesse um elogio irrestrito disso, eu estaria agindo mal.

* Sobre certas coisas pairam graças que se fazem sentir, outras vezes, é a alma que provoca o fazer sentir algo na coisa

(Sr. GD: No caso de Chambord que o senhor falava há pouco, a fímbria de sobrenaturalidade o senhor começa a se perceber no próprio castelo, ou ela aflora no espírito do senhor a propósito do castelo?)

Pode haver um castelo sobre o qual habitualmente paira ali uma graça de maneira que a pessoa vendo, aquela graça se faz sentir. Mas quando não há isto, há alguma coisa na alma da gente que provocado pelo castelo faz sentir algo.

(Cel. Poli: E aí que entra o problema da analogia?)

Por exemplo a Sainte Chapelle tem qualquer coisa que a gente, entrando, há qualquer coisa ali que vem ao seu encontro. Agora, outras vezes não, a gente vai e o que está com a gente faz por assim dizer os discernimentos daquilo.

(Sr. GD: Não sei se o senhor compreende…)

Precisamos ver um pouco a hora. Três horas?!! Duas e quinze. Vamos ficar mais um pouquinho.

(Sr.GL: O senhor está cansado?)

Não, não, não.

* Não é algo subjetivo, é algo que a pessoa inocente vê

(Sr. GD: Pelo que meu senhor acabou de dizer…por que isso então não é uma coisa subjetiva do senhor?…)

Não, não é uma coisa subjetiva, não é uma criação minha, que é o que a palavra subjetiva trás consigo, mas é uma coisa que eu vi. É a maneira de uma visão interior.

(Sr. GD: Isso é fabuloso! É extraordinário!)

É a força do que estou dizendo, fímbria de sobrenatural não é uma coisa imaginada por mim, mas é uma coisa que Deus faz conhecer, a meu ver, a inúmeros homens de um modo ou doutro, ou a quase todos homens quando eles são fiéis.

Não tem nada de tão inabitual, uma vez que a doutrina católica exposta pelo Pe. Garrigou, e hoje aceita por todos os teólogos, é de que graças dessas visitam as almas dos católicos no contato com coisas de religião, etc., freqüentemente, e nós não estamos senão fazendo aplicação dessa teoria para esse fenômeno.

A prova de que não é uma elaboração minha é que quando eu digo isto para outros, os outros se sentem explicitados.

* A pessoa que corresponde, tem comunicada estavelmente uma graça que é um padrão de perfeição divina; por isso vê

(Sr.GD: Em certos momentos o senhor vê na coisa, mas em outros momentos está no interior do senhor, o que o senhor vê)

É, mas é uma coisa que está lá [que é] comunicada a mim, que não é uma elaboração feita por mim, nem é uma coisa que está na minha natureza. Foi comunicada a mim habitualmente.

(Sr. GD: Mas a propósito daquela coisa…)

Não, explicita-se a propósito daquela coisa, aquela coisa dá vida…

(Sr. GL: E isto é algo que está habitualmente no senhor…que se desperta e se move em direção ao que aquilo reflete de Deus…)

É isso exatamente, tal qual.

( Sr. GL: Magnífico! …a graça que habita na alma que dá toda…)

É propriamente assim, a pessoa que tem essa graça, que correspondeu a essa graça, e que portanto, a tenha habitualmente, tem em si comunicada pela graça um padrão de perfeição divina que em contato com uma coisa análoga se acende. Então a pessoa vê. Isso seria o itinerário desse pensamento.



(Sr. GD: O senhor poderia repetir por favor?)

Não está gravando não é meu filho? (…)

A cognição dessa graça se dá quando uma analogia se estabelece e essa graça por assim dizer, brilha mais. Quer dizer, na cognição da coisa terrena, por analogia se conhece melhor as celeste. Que aliás, é o curso das coisas do conhecer a Deus que não vedes… é a mesma coisa.

Por que que você ri meu Guerreiro?

* Esta graça é oferecida a todos

(Sr. GD:…eu confesso que hoje eu dobrei um pouco o Cabo da Boa Esperança…)

Em que sentido?

(Sr.GD: Na compreensão do senhor…)

Mas note heim! É de todos nós se quisermos.

(Sr.GD: Mas como de momento a pessoa mais interessante é o senhor…)

Bom, digamos…

(Sr. GD: … é que esse assunto a uma questão …mas o senhor nunca tinha revelado…)

Não, porque não havendo perguntas, no meu próprio espírito a coisa não se explicitava tanto assim. Eu sabia, mas não saberia dizer.

* A História mais serve para revelar a alma de quem conta, que para ser vista ela própria

(Sr.GD:…a gente compreende o quanto o passado da Igreja, ele mais serve para revelar a alma do senhor do que propriamente revelar o que ele foi…ele teve os valores que teve, mas ele mais serve para revelar a alma do senhor…não sei se o senhor compreende?…)

Compreendo. Quer dizer o principal fruto é esse?

(Sr.GD: …no início a alma do senhor há um movimento por onde as arquetipias que o senhor tem na alma começam a falar…)

É isso. É isso.

(Sr.GL: Magnífico!)

(Sr.GD: isso é um ciclo novo da nossa vida que começa…) (…)

Como pecaram a reconstituição disso se faz vendo assim.

(Sr. GL: “O, felix culpa!”)

É isso, [porque] assim foi dado muito mais.

* A Europa como elemento de metáforas para explicar a alma do Senhor Doutor Plinio, para explicitá-la e poder comunicá-la: a dificuldade da interlocução

(Sr. GD: …tudo que o senhor fala da Europa é verdadeiro, mas é mais um pretexto para o senhor tratar de algo do que … porque o senhor não consegue tratar para nós, nós não vamos acompanhá-lo… então o senhor se vale daquelas metáforas para fazer nossas almas fazer uma certa decolagem… como é que essa interlocução com o mestre deve ser feita?)

Isto é. Mas você precisa ver o papel do Chambord como metáfora para dentro disso, esse papel é tal, que eu mesmo não chegaria ao ponto último do conhecimento a não ser através da metáforas. Ela portanto, não é uma metáfora para mero uso de vocês, mas é uma metáfora para uso meu e que eu uso para vocês, como ela serve para mim.

Agora, você tem razão que isto vai mais alto, vai mais longe, mas por falta de interlocução eu não pude ainda explicitar como queria. Porque para muita dessas coisas a interlocução é indispensável. Ao menos para meu espírito.

* Essa contemplação na alma da Senhora Dona Lucilia

(Sr. GD: …Qual é o papel da Senhora Da. Lucilia na vida do senhor?)

Aí está, eu várias vezes estive para mencioná-la, não mencionei e não mencionaria se um de vocês não perguntassem. Mas ela me parecia habitualmente ter dentro da alma, toda uma série de coisas dessa natureza, em função das quais ela pensava, ela agia, sentia, etc., e que constituíam uma espécie de firmamento interior para ela, que transparece através da expressão de olhar desse quadrinho.

Você vê que tem muito mais do que uma pessoa que está olhando aqui o aquecedor, ali esse microfone, etc., é uma pessoa cujo horizonte não se limita a isto, mas que vai muito além, muito além. E eu notava isto nela continuamente. O que me estimulava a me manter nessa posição erga omnibus, contra todos.

* O que o Senhora Dona Lucilia via nela, de semelhança com ele, pelo discernimento dos espíritos

(Sr. GD: …a presença dela para o senhor…)

Por consonância estimulava.

(Sr. GD: … mas nela o lado sobrenatural o senhor via nela diretamente?)

Sim, sim. Pelo discernimento dos espíritos.

(Sr. GD: Portanto, não era na mente do senhor que vinha esse lado sobrenatural, mas era nela que o senhor via diretamente?)

Não, não. Eu via o lado sobrenatural em mim, via nela, percebia a semelhança, quase a identidade e dai o resto.

(Sr. GD: O castelinho propõe para o senhor…mas ele não tem esse lado sobrenatural…)

Não, ele não tem. Sobre ele não paira nada.

(Sr. GD: Mas na Senhora Da. Lucilia pairava muito…)

Pairava. Não é outra coisa.

Aí uma série de coisas se explicam, se ordenam.

(Sr. GD: …o senhor retomar esse assunto…)

Ah! Posso esquecer, porque… não sei se você tem idéia meu filho, da torrente de coisas que passam pelo meu espírito…

(Sr. GD: …tomarmos nota para o senhor dar uma pequena lida…)

Está bem, está perfeito, não tem dúvida.

Daqui para trás é uma torrente não é?

(Sr. GD: O senhor não vai esquecer o assunto, mas pode esquecer de ter dito isto para nós…)

É e depois as fórmulas que usei, enfim toda a explicitação eu posso esquecer.

* Agradecimentos a Nossa Senhora e à Senhora Dona Lucilia

Bom meus caros a nossa noite está terminada. Demos graças a Nossa Senhora, e a dona da casa.

Então vamos rezando?

(Sr. GL: E nós ao dono da casa…)

A dona é ela, ouviu?

Eu dizia a ela que se eu pudesse eu mandava atender o telefone aqui dizendo: “É casa de Da. Lucilia Corrêa de Oliveira”

(Sr. GL: E ela?…)

Ela ficava agradada, etc., brincava um pouquinho… mas a dona da casa era ela.

(Cel. Poli: Numa carta que ela escreveu para o senhor na Europa…”e que esta casa esperava o seu dono e senhor” …)

Ela dizia isto é?

Eu tomei isto como tão evidentemente não sendo assim, que até me esqueci. Porque a dona e senhora era ela.

Há momentos minha Mãe…

* Se é possível discernir isso em palavras, escritas ou faladas

Nós não falamos da palavra escrita, ou falada, se tem a possibilidade de despertar essa impressão. E é um tema que não pode ser omitido sem grave lacunas.

Bem então a coisa é essa. Há certas palavra que por certos jogos de coisas de propriedade naturais, tornam mais presentes ao espírito esses aspectos das coisa, que são tratadas e facilita que esse elemento sobrenatural se manifeste. Então vocês têm um exemplo disso na oração da restauração. E a meta última da literatura e do conceito católico, é produzir isso. Essa é a meta última. Literatura é propriamente isso.

Bom, vamos andando meus caros…

*_*_*_*_*