Conversa da Noite – 27/8/88, Sábado . 2 de 2

Conversa de Sábado à Noite — 27/8/88, Sábado

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A eloqüencia do Senhor Doutor Plinio

(A respeito da última RR)

* Correlação entre Gorbachev e Ratzinger

E depois, também me pareceu que mesmo trechos mais dificeis de entender, etc., passaram muito bem. Havia uma graça especial. Era uma coisa visível. Mas, por ex., uma coisa que não era fácil de compreender, é a analogia — e é a bem dizer o centro da reunião — a analogia entre a reforma gorbacheviana e ratzingeriana. Na aparência opostas, hem, porque o Cardeal Ratzinger escreveu aquilo contra a Rússia, mas a gente examinando bem, não tem… É questão de pegar o fio da meada, a gente examinando bem, não tem conversa. É isso.

Agora, isto modifica todo o panorama de tal maneira, inclusive o recuo da esquerda, etc., mas há uma coisa muito bonita dentro disso, que é a seguinte. Como a Providência faz-nos chegar, com a indigência dos nossos meios de informação, as informações necessárias para a gente pegar e montar o jogo de xadrez.

(PHC: Ficar como instrumento de trabalho para o Sr.)

Sem aquele instrumento de trabalho eu não poderia dizer. Porque não tinha prova.

(PHC: Sem aquilo nós não acreditaríamos.)

Não acreditariam. Depois, porque infelizmente é verdade, nós ainda temos o hábito mental de confiar na “media”. Em última análise porque as famílias confiam na “media”. Não é outra coisa. A família confia na “media”, a família não erra, logo a “media” não erra.

* A eloqüencia do Senhor Doutor Plinio

(GA: Toda a exposição do Sr. estava cristalina, de uma clareza espetacular do início ao fim.)



É, eu toda vida me preocupei muito nisso: eu não sou uma pessoalmente naturalmente eloquente… Não sou! Vou procurar ser claro! É o modo de compensar.

(GD: Perdão, Sr., mas eu não sei por que lado o Sr. não acha razoável e absurdo e fazer esse comentário, porque…)

Que eu não seja eloquente? Pelo seguinte. É muito raro eu empregar uma coisa feita para adornar o que eu estou dizendo. Bem, e a eloquência, como ela se entende comumente, é feita de adornos. Mas veja por ex., no manifesto que eu fiz há pouco, eu falava a respeito de guerras nas estrelas. Aquilo é um adorno. É muito raro eu por um adorno no que eu digo.

(Ah, Sr., mas toda a linguagem do Sr. vem acompanhada disso.)

Ah, isso sim. Eu procuro usar uma linguagem muito ornamental. Isso sim. Mas isso não é propriamente eloquência.

(CP: Muito categórico e muito convincente.)

Não, isso… eloquente é propriamente ornamental. Se você entende por eloquente persuasivo, então eu sou eloquente. Mas não é isso propriamente eloquência. Você lê por ex., um relatório policial persuasivo, não é eloquente.

(GD: Aquela Via Sacra, por ex., dentro da literatura religiosa, sacra, é de uma eloquência fabulosa. Acho que o Sr. se esquece do que fez…)

Eu não me lembro da Via Sacra direito, ouviu?

(GD: O Sr. começa assim uma dessas Vias Sacras: “A glória romana vitoriosa do Tibre ao Eufrates naufragou na bacia de Pilatos”…)

Eu me tinha esquecido disso, mas está bem arranjado.

Bom, mas vamos aos nossos assuntos do dia. Meu GL, qual é o assunto do dia?

(…)

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