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Conversa de Sábado à Noite — 16/05/87 — sábado

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Vocação específica de contrariar o vÍcio dominante da Época

(Pergunta. GL: O senhor me autorizou contar para os outros o MNF que o senhor deu sub-grave. O senhor lembra que a reunião correu na linha do Grand-retour e o fundamento da esperança que o senhor tem no Grand-retour, porque é que o senhor está falando do Grand-retour…)

* Diferentes vocações

Há uma característica na vida de Nosso Senhor, e em tudo aquilo que tem alguma relação com ele que é a seguinte:

Em muitas situações, em muitos casos, Nosso Senhor praticou maravilahs e entretanto não foi admirado como deveria ser. Em outras ocasiões pelo contrário, simplesmente de O ver, ou de ser visto, Ele mudava a pessoa.

(JC: Às vezes era prestando atenção num manto d’Ele.)

Exatamente! Por exemplo, a mulher que tinha certa doença, tocando no manto d’Ele, sarou. Parece que ela tocou no manto estando Nosso Senhor de costas, pois, pelo que diz o Evangelho, Ele sentiu uma virtude sair de Si. Ele não tinha visto a mulher; a mulher foi quem tocou Suas costas.

Percebe-se que a mulher, vendo a Nosso Senhor de costas, ficou comovida. Tocou nEle e sarou. Há um certo ver que é penetrar até o fundo, gostar ou não gostar. Também penetrar até o fundo e odiar, ou não odiar, porque em muitas ocasiões a gente vê que Ele era visto e os outros sentiam ódio só em vê-lO.

* Vocação de despertar entusiasmo

e vocação de contrariar uma época

Isso também se dá as vezes em sentido contrário, na vida daqueles que procuram servi-lO. Há alguns que tem a vocação de despertar ternura, amor, admiração, etc. Outros tem a vocação de serem compreendidos, de persuadirem e de receberem a adesão de muitos. Por fim, outros tem uma vocação especial, que eu reputo mais especificamente profética, que é a de contrariarem a época em que vivem.

Quer dizer, o aspecto dominante deles é o oposto do aspecto dominante de sua época, com isso eles produzem um choque salutar, que pode suscitar um ódio de trucidamento. Els lutam de fato contra o ódio e contra os defeitos dos outros, não contra as pessoas. Eles até querem curar defeitos dos outros, por isso increpam seus defeitos. Trata-se, portanto, de uma vocação polêmica, diferente das outras vocações.

* A vocação específica do Sr. Dr. Plinio

Se as pequenas coisas podem ser comparadas às grandes, o que se dá comigo é que eu não provoco o afeto, eu não desperto a não ser uma admiração meio forçada contra a vontade das pessoas. Assim mesmo, as pessoas que me admiram, admiram-me com uma pedra na mão, como que diz: “enquanto ele não meter o pé errado, vou tratá-lo de magister, porque ele merce. Mas está aqui uma pedra. Estou muito mais desejoso de apedrejá-lo do que de ouvi-lo, de aprender dele. Se ele me der uma estrela, ficarei alegre, mas se me der uma ocasião de jogar uma pedra nele, eu ficarei ainda mais contente”. Isso existe e isso é assim!

* Peculiaridades dessa vocação

Uma consequência dissoé a seguinte: alguns santos tiveram muitos sucessos fáceis na vida. Na minha vida, e também na vida de muitos santos, o sucesso nunca é fácil. Ele é sempre difícil, árduo, incerto, e só se manifesta, enquanto sucesso, muito depois de se ter consumada a ação final causadora do sucesso. É um sucesso que não alegra aos que vencem junto comigo. Quando os alegra, alegra-os menos do que outras alegrias de suas vidas pessoais.

Por causa disso há uma espécie de instabilidade daquilo que me rodeia, e do dia de amanhã. Uma incerteza que é de todas as ocasiões, e que constitui uma cruz levada às costas. Bem, isso vem a propósito de quê?

* Denunciar os vícios de nossa época

Há um modo de ser em mim, um tipo de verdades que eu sou chamado a difundir, que pega no defeito da época e… pam! A época deveria ser tocada por isso, deveria admirar e entusiasmar-se por isto. Como isso não se dá, ela toma essa atitude de ódio.

E como muitos daqueles que me rodeiam participam, mais ou menos, do espírito da época, eles participam, por consequência, em algo daquela atitude descrita anteriormente.

Vejam por exemplo, hoje à tarde (diga-se de passagem que a atmosfera estava muito boa na reunião). Eu tomei farrapos do que sabia, e coordenei para tenar construir uma idéia. Foi uma aplicação do famoso método inaciano do “saco de ossos”. Antes de esttudar anatomia, pegue um saco onde se encontram alguns ossos humanos, tire-os e ponha-os sobre a mes. Depois de refletir sobre isso, vá estudar anatomia e fesiologia. Mas, antes, veja tudo quanto você tem do seu tesouro de experiência e procure coordená-lo. Depois leia!

(JC: Inteligente.)

Creio que Santo Inácio não fica abaixo de Santo Tomás em inteligência. É um colosso! Um super colosso!

Voltando ao nosso caso, vê-se que é árduo, é fatigante, é decepcioante fazer a caminhada comigo. eu não tenho a esse respeito a menor dúvida. Eu vejo que…(corte)

(GD: O Sr. torna essa luta muito entretenida.)

* Via árida a seguir

Meu filho, a luta é muito entretenida para nós tratarmos dela aqui à noite. Mas, quando é para executar pormenores, e pormenores, e pormenores, ela é fatigante!

(…)

(GD: Eu tinha entendido uma coisa diferente: o Sr. achar que para nós seria fatigante acompanhá-lo.)

Quando se é executor dessas medidas, ou quando tem-se que estar perto me vendo trabalhar… Porque esses são os aspectos terra-terra “de torrente em via bibit”. Eles nem aparecem nessa conversa hoje à noite.

Mas, por exemplo…(corte)

Acontece que isso pega numa outra coisa. Quem, por exemplo você com os assuntos da Venezuela, colabora comigo muito de perto e acompanha alguma tática minha, muitas vezes não compreenderá porque eu tomo certas super cautelas. Porque eles não são correntes e prevêem coisas que não acontecem com ninguém.

Eu sei que comigo há uma espécie de perseguição do demônio que, se eu não tiver essas cautelas, a coisa estoura.

(NF: Eu não entendi.)

Quer dizer, se eu fizer certas coisas que uma pessoa comum pode fazer sem tomar cautela, se eu fizer isso, comigo azeda! Trata-se de uma ação qualquer do demônio.

* Um exemplo: Venezuela

Por exemplo, na Venezuela: apareceu um advogado, Dr. Albornoz, uma coisa assim, que é um traidor, mais do que tradidor, é um apóstata! Saiu do Grupo, e em certo momento meteu-se a advogar em nome do Grupo, sem ter nenhuma procuração.

Bem, já é uma coisa que não acontece com ninguém, e que não aconteceria se eu não estivesse metido no caso. Agora veja o ínfimo da coisa e a vergonha humilhante a que a Causa tem que expôr-se: o Algornoz fez uma declaração, supostamente em nossa defesa, dizendo entre outras coisas que eu não era um bruxo como diziam, era um homem eminente, blábláblá, amigo pessoal de JPII com quem ele sempre conversa, mandainformações e recebe diretrizes, etc.

(GL: E depois quiz fundar outra TFP lá.)

Exatamente! Esse homem que eu nem sabia que existisse exige do Albornoz que ele me passasse uma carta delcarando que não eram verdadeiras suas afismações. Eu receava que a estrutura, lendo isso, me denunciasse no Vaticano: eu adornar-me-ia com as relações com JPII, que nem de longe nunca tive. Pelo contrário estou numa posição oposta a dele. Viria um desmentido da Nunciatura, e logo no dia seguinte o jornal da Tarde, e o repique de todos os jornais de todas as cidades do Brasil, dariam a notícia.

Vocês não imaginam quanto custou arrancar do Albornoz essa carta! Ele mandou primeiro um telex, mas o telex não tem a garantia da assinatura; tive que exigir um ato oficil por notário e dei prazo. Naquele dia o notário fechou por causa de não sei o que. Uma batalha! Nosso arquivo guarda tudo isso. É um episodiozinhol desse tamanho, mas indica que o demônio sempre está preparado para nos econstar na vergonha mais indecente, vergonha de batedor de carteira!

(GL: Há aí uma sensibilidade para esse tipo de coisas.)

* Manter a serenidade em meio a borrasca

Nossos adversários têm, pelo contrário, nós não temos. Isso dificulta muito minha vida, porque vejo-me obrigado a me dobrar 500 vezes sem resultado, e a manter, ao mesmo tempo, uma dignidade indispensável ao exercício do cargo.

Cada casinho desses é uma batalha, mas uma batalha! Às vezes são cruciantes: por exemplo, no dia em que a sede da Venezuela foi invadida, eu estava tratando com o Átila daquela composição do “Servitudo ex Caritate”. O Átila, a quem eu quero muito bem, estava muito tenso naquele dia e qulquer coisa mal colocada na nossa conversa poderia determinar uma espécie de excitação, ou de depressão, que comprometeria o trabalho. Ele estava seguindo um fio muito claro, muito luminoso, pegando a coisa muito bem; tratava-se de escolher uma palavra, alguma coisinha assim. Mas até isso era difícil!

Ao mesmo tempo, o pobre Carlos Antunes fazendo contacto telefônico contínuo num desses andares de cima, descendo continuamente para me dizer como o povo estava invadindo a sede. Eu interrompia um para tratar do outro, interrompia esse para tratar daquele. Um pouquinho que eu não prestasse bem atenção, no caso da Venezuela, um pouquinho que eu me impacientasse, uma das coisas não andaria bem.

Foi uma tarde provavelmente muito difícil para o meu caro Átila, dificílima para mim, e provavelmente difícil para o Carlos e para todo o mundo, uma situação muito difícil. Mas é porque tudo tem que ser medido por milimetros, pesado a conta-gotas. É uma coisa tremenda!

* “Eu levanto as pedras do caminho contra mim”

Quem trabalha comigo, não dá-se facilmente conta desse conjunto de sintomas. Em medicina se chama síndrome. Os fatos me obrigam a atitudes que eu vejo não serem as de todo o mundo.

Por exemplo, uma dupla bafejada pelo contrário até pouco tempo atrás, a dupla AL e PX. Tudo lhes corria bem, tudo era fácil. Eu compreendo que, muitas vezes em reuniões onde se resolviam coisas, e se apresentavam quadros preocupantes, eles ficassem perplexos. Às vezes o AL externava sua perplexidade, pois ele achava que a vida era para todo o mundo o que era para ele.

(GL: Ele como nós não contrariamos a época, o resultado é que a perseguição não vem.)

É! E eu vou dizer mais: o demônio não incomoda tanto quem não contraria sua época. De maneira, que eu levanto contra mim as pedras do caminho.

Essa é a verdade!

Eu estou pessimista meu Nelson? (não) Meu Caro PH o que diz disso, é pessimista?

(PH: É isso mesmo. Quantas pedras conduzíamos nas nossas mãos.)

E às vezes soltam…

(GD: Eu não mel lembro do Sr. ter explicitado isso com tal clareza.)

Eu percebo no ar que estão montadas pauladas de toda ordem, e por isso, dentro de uma tarde tranquila de sábado, vejo bem que das nuvens caem punhais. Eu estou vendo, estou vendo!

Bem, eu dizia isso a que propósito? Perdi o fio.

(GL: A propósito de ser o Sr. um homem que contrariava a época e como isso tornva difícil a vida de uma pessoa.)

* Texto de Santa Hidelgarda

Vamos fazer o seguinte: vou pedir ao meu bom Fernando que pegue o trecho de Sta. Hidelgarda.

Veja esse trecho de Santa Hidelgarda, extraído da melhor fonte, o Migne. Equivale a documento original! Essa Sta. Hidelgarda viveu na Idade Média, antes do declínio da Idade Média, em pleno apogeu da Idade Média.

Bem, se ela disse isso, se disse essa coisa aqui, o ignorar o que ela disse é estar responsável por tudo quanto aconteceu na Civilização Cristã de lá para cá. Quer dizer, a tese dela é a tese da hierarquia social. A Revelação de Nosso Senhor a ela trata sobre a hierarquia social.

Bem, se isso que ela disse é verdade, as pessoas que não tiveram o zêlo suficiente, quer as de cima para baixo, quer as de baixo para cima, para manterem a hierarquia social, essas pessoas colaboraram com a Revolução, por pensamentos, palavras e obras!

Colaboraram estando em cargos onde era obrigado ver isso, ter isso em consideração e trabalhar por isso. É verdade que aqui entram desses mistérios por onde sobre certas coisas, Nossa Senhora permite que caia um véu, e a culpa de quem ignorou acaba não sendo tão monstruiosa quanto se deduziria linearmente do que está aqui. Mas, que a cloisa está, está.

Agora, como é que isso soa aos nossos ouvidos de uma pessoa da era imediatamente pré-conciliar…

(…)

Só agora, quando eu estou com 78 anos, que um texto como esse de Sta. Hidelgarda me cai às mãos. Se eu o tivesse antes…

(GL: Mas o Sr. publicou isso. O Sr. não se lembrou.)

Esqueci-me no torvelinho. Também, se eu tivesse manuseado muito esse texto,não sei que pedras teriam voado contra mim. Agora leia um pouquinho que você vê.

(JC: Perguntada por que é que só admitia em seu convento damas de alta linhagem.)

Porque Sta. Hidelgarda só admitia dams de alta linhagem no convento dela. Perguntar por que é que é?

(JC: “Quando o Senhor se rodeava de gente humilde, escreveu Sta. Hidelgarda, da qual diz S. Bernardo seu contemporâneo, não se pode consentir que tão explêndido luzeiro permaneça oculto debaico do alqueire. Então vem o texto. “Deus vela junto de cada homem para que as classes inferiores nunca se elevem sobre as altas, como fizera outrora Satanás e os primeiros homens que quiseram exaltar-se por cima do seu próprio estado”.)

Pronto, acabou-se! Vamos ó por isso. Então Deus atua junto a cada homem para não permitir tanto quanto o livre arbítrio permita que um homem queira elevar-se acima do seu próprio estado, isso não quer dizer que o homem queira subir de estado, não é isso, mas é que ele não tendo condições, para subir de estado, se revolte e queira se impôr. Esse é o sentido do texto.

(JC: “Qume é aquele que guarda num único estábulo todo o seu rebanho, bois e burros, evelhas e carneiros?”)

Quem quiser misturar assim as classes, como misturaria ela se pusesse no vonvento dela pessoas de linhagem diferente hein! Esse é o penstamento!

(JC: “Por isso emos que velar para que o povo não se apresente todo misturado num só rebanho”.)

O povo hein?! Não é só o convento, mas é o povo. Agora ouvido de outro lado não é só o povo, mas até no convento.

(JC: “De outro modo se produzirá uma horrorosa depravação dos costumes”.)

Olha lá, uma pavorosa depravação dos costumes! Imagine só uma conferência feita, em qualquer ambiente que vocês conhecem sobre a face da terra, para dizer que a depravação dos costumes modernos é pavorosa. Seria um pouco lugar comum, mas se a razão dada fosse essa… Quando falamos que por detrás da sensualidade está o orgulho, o igualitarismo, estamos, de fato, afirmando isso. Mas, quem aceitaria isso?

(JC: ““E todos se dilacerariam mutuamente, levados pelo ódio recíproco ao ver como as classes altas se rebaixom ao nível das classes mais baixas, e estas…”)

Olhe aí hein?! E as classes altas não podem rebaixar-se ao nível das classes baixas. FAz-se o contrário disso a toda hora! Eu não garanto que pessoas de nossa condição, às vezes, não tratem, por exemplo, mecânico de oficina, como não devem tratar. Não garanto!

(JC: “… e estas se alcem à altura daquelas. Deus dirige o seu povo sobre a terra em diferentes classes, tal como no céu classifica os seus Anjos em diversos grupos, e sem embargo Deus os ama a todos igualmente”.)

Agora, o que acontece?Eu não podia contar com um texto desses. Minha missão, portanto, era muito mais árdua, porque consistia em dar a entender isso da manhã até à noite sem o texto. Por quê? Porque não se tem o direito de não dar a entender isso. Não se tem o direito! É uma obrigação! É uma obrigação!

* Aplicação à TFP

Imaginem toda a TFP, de alto a baixo, fazendo sentir isso, vocês têm uma explosão inimaginável! Mais ainda, a todos aconteceria a saraivada de perseguições que eu levo. Se não aocntece isso a vocês em parte é porque Nossa Senhora os protege, por um desígnio que tem. Mas, em parte também, é porque não externam isso. Não externando, quer dizer, no fundo olhando não amam, e uma pedrinha vai se formando na mão. É inevitável![

O Grand Retour na sua substância é isso: é ver isso bem e ter essa humildade. Assim a castidade se põe em ordem. Se no GR houvesse isso, neste mundo nós não caberíamos mais. Não é dizer que nós ganharíamos batalhas magníficas. Nós teríamos de ir correndo para algum labirinto onde morar.

(…)

É, e depois de contraírem um estado de humildade que ia além das diferenças que possam haver entre nós, e ir até o último, e em função de S. Luis G. de Montfort, etc, como todos sabemos. Como está no livro do Átila e tudo o mais, não é?

Bem, e eu lhes digo, primeiro que eu não acho, posta as coisas como estão,que se possa ser integral nessa posição sem vir o GR. Acho também que não pode haver GR sem que haja essa graça, como elemento dominante, elemento característico. Alguém dirá: não, o Sr. disse que era união à Nossa Senhora. Mas, Nossa Senhora é a “Ancillae Domine”, é Aquela que foi humilde, Aquela que proclamou que, etc, o que mais querem… Não se pode imaginar Nossa Senhora sem isso, não é? Agora, de que maravilhas isso pode ser acompanhado, eu nem sei o que dizer.

Agora, não digam…

(…)

* As areias da mediocridade…

Não há areias mais gostosas para a gente se deitar sobre elas do que as da mediocridade! As de Copacabana não são nada em comparação com isso. A praia da mediocridade é uma praia deliciosa. Mas, veja aqui por exemplo…

(…)

De uma meia fidelidade muito reprovável enquanto meia, mas de outro lado muito louvável enquanto fidelidade. Porque o número enorme de gente que não teve coragem para isso, é praticamente o mundo inteiro, o número enorme de gente nesse sentido que não tteve coragem de quebrar o cárcere da Revolução dá valor àquilo que nós fizemos mediocremente.

De uma mediocridade que eu diria que às vezes é de arrepiar, mas de arrepiar, mas é preciso a gente saber dosar bem isso.

Esse Grupo que é de fato dessa mediocridade, em última análise, é ou não é verdade que me serve de tribuna? Porque, seu eu não tivesse um Grupo, eu não teria presença pública em nenhum lugar. Era um particular, um Senhor que navegou contra a História, isolado, cultivando as bronquites dele num canto enquanto não vier um golpe cardíaco, ou cerebral, ou ou câncer, para liquidar com ele.

O meu papel seria do saco de lixo colocado na cestinha, à espera de que o lixeiro passe e leve embora. Isso é assim!

(GL: O Sr. vê aqui, lá ou acolá alguma fresta para acertar?)

Vejo. Inclusive entre nós, eu vejo, mas vejo que é uma fresta numa muralha apertada. Por bondade de Nossa Senhora, essas frestas em algo vão se multiplicando.

Foi uma coisa enorme nesse sentido o efeito do apostolado do João, aliás, feito nesse ponto com uma coragem, com uma “cranerie”, quer dizer, com um desafio de assombrar.

Paralelamente a isso que foi aceito de um modo mais ou menos passivo, ou de modo mais ou menos entusiástico por todos, eu percebo que existe, cada vez mais, a idéia de como o nosso apostolado é único, é inteiramente singular. Eu ia desenvolvendo isso, à propósito de Sta. Hidelgarda, depois me passou da cabeça. Se houve tantas omissões, como é singular o apostolado de fazer disso a nota sem se omitir nada. É de uma uncidade extraordinária!

Quer dizer, se aquilo que disse Sta. Hidelgarda, teve a omissão que ela aponta, (direta ou indiretamente está apontado ali uma omissão enorme) se essa omissão teve consequências tão terríveis, — pois no fundo é a REvolução que ela denuncia — que pecado cometeram os que não combateram contra o mal apontado?

Aparece, entretanto, um Grupo que é o único especialista em combater isso e se opor a isso. Esse Grupo não está desempenhando uma missão absolutamente única? Mas único assim, de ficar marcado na História! Acho indiscutível. Ou então, o que ela disse é uma pataquada de um falsário.

(GD: Ainda que ela não tivesse dito.)

Evidente que essa é a doutrina católica. Por exemplo, Pio XII fez um discurso ao Patriciado da nobreza romana todo nesse sentido.

Lembro-me que eu falei com o Pe. Leiber e com o Pe. Glugar, que, naquele tempo eram os íntimos acessores de Pio XII, à reseito daquele discurso, pois queria conhecer o autor. Até levei uns charutos para dar de presente a eles, para ver se…

Eles não me deram a conhecer o homem e me disseram: “Mas realmente o Sr. gostou daquele discurso? Nunca imaginei que alguém pudesse gostar. Cada fim de ano compomos um discurso naquela ordem, fazemos isso naturalmente…”

Eu fiquei desconfiado que o autor era o próprio Pe. Glugar, e que ele mesmo não percebia todo o alcance do que fazia.)

(NF: Isso é muito possível.)

Vocês sabem bem. Então é uma vocação absolutamente única que tem a TFP. A essa vocação devem corresponder normalmente apertos únicos e saídas únicas. Ou não, não é isso?

(PH: O fato de nós não seguirmos as pegadas do Sr. nos torna a vida difícil. É um paradoxo.)

Carregar um paradoxo é carregar a pior coisa possível! Porque carregar a Cruz tem a doçura da Cruz que é indiscutivelmente um lenho dulcíssimo. Agora, andar fora da Cruz, carregando uma coisa parecida com a Cruz… Meu Deus do céu, é uma coisa… Arrastar um monolito do Egito, quem aguenta? Depois as amarguras, as decepões, os abatimentos, as vergonhas internas e tudo,quem aguenta?

(NF: O Sr. aguentou e com isso o Sr. abriu o caminh para nós, daí não ser tão difícil seguí-lo.)

Não, e não é mesmo. Mas, é da fidelidade completa. Porque pondo as pegas, as pegas, as pegas, é a fidelidade completa. Mas, a fidelidade tem esse mistério. às Vezes a gente sabe que a fidelidade completa é menos penosa, mas a gente prefere o mais penoso do que seguí-la, são os mistérios da iniquidade. A iniquidade tem mistérios. “Un mystere d’iniquité”…

(…)

[Orações finais]

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