Conversa
da Noite ─ 9/5/87 ─ Sábado .
Conversa de Sábado à Noite ─ 9/5/87 ─ Sábado
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A sensação tátil, auditiva e física que tem o Sr. Dr. Plinio ao experimentar a seda e outros objetos de semelhante categoria * A sensibilidade biológica do Sr. Dr. Plinio é harmônica com a psicologia moral que Deus quis que ele tivesse * Com uma capacidade analítica vivíssima, o Sr. Dr. Plinio desde pequeno servia-se desta faculdade para distinguir e julgar o que via * Ao contrário de muitas crianças, o Sr. Dr. Plinio, em foto tirada aos dois anos, não se encontra pensando em si * Alguns fatores que não favoreciam o Sr. Dr. Plinio: Ser muito branco, não saber equilibrar-se numa bicicleta, nem jogar bolinha de gude * Tentação de apostasia não da Igreja Católica, mas em relação à sua própria pessoa: “eu apostataria de ser Plinio”
* Considerações sobre a escolha do tema
O que é que cogitamos hoje à noite? Estou entrando de tal maneira assim à matière porque a nossa reunião está começando um pouco tarde.
(Sr. Guerreiro: Estávamos um pouco assim dubitativos com relação ao tema, porque o Sr. João Clá no jantar deu um resumo…)
(…)
…eu estava cansado, mas não é a reunião que está cansando é o peso do dia que cansou, não é? De maneira que vejam o que é que lhes interessa mais e o senhor…
(…)
(Sr. Guerreiro: …sensibilidade dela, etc., depois também se comentava quanto o senhor teria dado também isto, este lado de sensibilidade. E aí se descortinava toda uma questão que seria aquilo de que nós chamamos entre nós de sensibilidade do profetismo.)
(Sr. Guerreiro: Estão, senhor, a pergunta seria um tanto nesta linha. Não sei se o senhor gostaria de tratar deste tema…)
Tratem o que quiserem, porque eu acho que realmente é quase impossível fazer uma escolha. O segundo tema diz mais respeito de perto à nossa vocação do que o primeiro, mas o primeiro tema é destes temas que, em havendo coisas de profundidade para perguntar, nós não temos outra ocasião para perguntar do que nessa reunião, e como convém muito ir preparando as perspectivas, o espírito, algumas vezes acontecerá que temas desses têm que interromper o curso de temas superiores, de maneira que vejam o que é que pensam, quem sabe se… [inaudível] … É o aniversariante.
(Sr. –: Segundo tema.)
(Sr. Guerreiro: Na medida em que nós conversávamos sobre este tema, nos pareceria que há um aspecto da pessoa do senhor, que é todo o lado da sensibilidade.)
Que drágeas são estas. É remédio?
(Sr. Gonzalo: É um super remédio. São pétalas.)
Ah! Então, meu filho?
(Sr. Guerreiro: Então nós nos perguntávamos, senhor, se toda a questão da sensibilidade na pessoa do senhor não seria um tema, que na medida em que nós compreendêssemos melhor, nós entenderíamos também com mais precisão toda a substância do profetismo. Ela pode não ser a medula do profetismo, mas ela teria um papel decisivo, digamos na composição da figura do profetismo que o senhor encarna, em toda a luta que o senhor faz.)
(Sr. Guerreiro: Então [detínhamos?] alguns exemplos que comentávamos. Um deles foi que o senhor já várias vezes comentou aquela fotografia da [Duchesse Nemour?] que está ali. E nesta linha da sensibilidade, eu me lembro que todas as vezes que o senhor a comentava, o senhor já comentou umas duas ou três vezes nestes anos todos aqui, eu me lembro que o senhor sentia muita atração e ficava muito encantado com a qualidade daquela seda do vestido.)
(Sr. Guerreiro: A última vez que o senhor comentou, o senhor disse que foi motivado a comprar o quadro por causa…)
Por causa da seda do vestido.
(Sr. –: Da seda “citronné”.)
Citronné aquilo é bem citronné. Eu empreguei o termo é? Mas então?
(Sr. Guerreiro: Aí então a gente pega exatamente este lado da sensibilidade, e aqui não é sensibilidade moral propriamente dita, mas é a sensibilidade física, da pessoa do senhor enquanto Plinio Corrêa de Oliveira. A pergunta não seria propriamente quanto à sensibilidade moral ou política, na qual depois parece também que entra, mas é uma sensibilidade propriamente do corpo, que a gente percebe que o senhor que tem isso, o senhor sente uma “viveza” com uma facilidade, uma delicadeza, com muita intensidade, todas as coisas ligadas ao mundo da arte, dos desenhos, das cores, dos tons, dos sabores. Tudo aquilo que está ligado à cultura, o senhor sente isto tudo, de modo muito imediato, muito delicado, mas muito vivaz. Tudo repercute muito no senhor por este lado, o que é diferente da sensibilidade moral, depois num outro plano, no qual evidentemente esta sensibilidade também entra, mas de momento nos pareceria que para compreendermos melhor isto tudo, na medida em que nós ficássemos neste plano, isto tudo nos ajudaria a compreender toda a questão do profetismo.)
(Sr. Guerreiro: O senhor já tem falado alguma coisa disto, eu lembro que há anos atrás o senhor falou como é que funciona a inteligência e a vontade no senhor, numa reunião do EVP, mas sobre esta parte da sensibilidade, eu creio que se o senhor sente, porque a nosso ver isto tem um papel enorme em toda a construção e a [fabulação?] do Reino de Maria que o senhor faz. É certo isto Senhor Doutor Plinio?)
É certo.
* A sensação tátil, auditiva e física que tem o Sr. Dr. Plinio ao experimentar a seda e outros objetos de semelhante categoria
Há o seguinte, na sensibilidade de qualquer pessoa, há dois elementos distintos, mas que as pessoas em geral não distinguem, mas há por exemplo no citronné daquele vestido tem alguma coisa que é o fato objetivo, palpável, quase chamaria biológico, no qual a cor citronné produz um efeito agradável, por enquanto só no sentido físico. O fato fisiológico que graças a Nossa Senhora tenho uma vista, a vista fixa-se naquilo, e aquilo produz um efeito agradável.
Isto se pode produzir como uma porção de outras coisas, por exemplo, não sei, aqui não entra ainda o cálculo intelectual. Está bem, aquele vazinho que está atrás de você, por exemplo, minha vista se aplica sobre aquilo e também tem a mesma sensação agradável, mas passando a mão sobre aquele material, eu sinto um liso, que é um liso extraordinário, muito agradável, querendo quando levantarem podem passar um pouco a mão para verem como aquilo é especialmente liso; e este liso especial, que não propriamente o liso desta superfície. Aqui tudo é liso. Este liso especial produz sobre o meu tato uma impressão igualmente agradável.
Por exemplo, dois tecidos: um tecido de seda. Há uns certos tecidos de seda, que são, é uma seda… côtelée, eu estava procurando a palavra. Esta seda côtelée, me produz um efeito agradável ao tato, coisa que a seda lisa me produz muito menos. Há uns certos tipos de seda que a gente movendo faz frou-frou. Aquele frou-frou me agrada muito ao ouvido, me agrada ao tato também. Pego naquilo e acho gostoso.
Há outros materiais talvez mais finos, por exemplo, qualquer veludo, eu gosto de veludo, mas para a minha sensibilidade puramente física, qualquer veludo produz um efeito menos agradável que a da seda. Não de qualquer seda, mas o contrário, o veludo auge e a seda auge, deste gênero que eu acabo de descrever me é mais agradável.
Então no caso da seda os senhores podem combinar três sensações, a tátil, a visual e a auditiva quando a seda faz frou-frou. Aquele frou-frou prestigioso da seda me parece um pouquinho o rumorejar do mar.
O mar, eu vivo em encantos pelo mar que eu não vejo nunca, que eu vi outrora, e me encanta fabulosamente. Eu tenho entusiasmo pelo mar. Mas há muitas outras coisas, por exemplo, eu não gosto das coisas que se movem muito, eu gosto das coisas quietas, mas o contínuo mover do mar me encanta. Mas há vários modos do mar se mover, e quando o mar está muito agitado, eu gosto de ver, mas qualquer forma de agitação é meio contrária a meu temperamento, de modo que passado algum tempo, eu saio. O mar plácido sou capaz de passar horas olhando.
São coisas biológicas e elementares.
Mas propriamente a questão do mar não se presta a isto, não é tão primário quanto esses outros exemplos que apresentei.
* A sensibilidade biológica do Sr. Dr. Plinio é harmônica com a psicologia moral que Deus quis que ele tivesse
Agora, isto se prende a alguma coisa moral? Esta é a pergunta. Moral no intelectivo.
Sendo o homem um ser racional, ele é capaz de impressões meramente biológicas? Que ele é capaz de impressões biológicas é evidente, mas meramente biológicas?
Quando Deus cria o homem, há uma relação entre o que deve ser o homem na sua perfeição moral e intelectual, o plano de Deus para ele e as formas de sensibilidade de sentir que Deus dá ao sujeito.
Então, por exemplo, eu não tenho entusiasmo pelo citronné mas este citronné me parece bem acertado, é um grau de citronné muito bem acertado, e este tipo de seda ─ os senhores estão percebendo que isto é seda, não é chita ─ este tipo de seda é um tipo de seda que eu estou vendo que faz uma espécie de frou-frou. Não é uma seda insonora, e o modo pelo qual ela colhe a luz, a cor citronné assim iluminada, toma uma superioridade que fica magnífica. Este citronné tem uma qualidade que concorreu muito, não é só a luminosidade do citronné, mas é que o citronné porque iluminado, tomou um aspecto que o citronné comum não toma e que me levou a comprar isto.
Agora, o feitio próprio de minha alma tem alguma relação com isto? A minha psicologia tem alguma relação com isto? O feitio de minha inteligência tem alguma relação com este fato fisiológico? Esta é a pergunta.
Eu dou resposta, como eu a daria se eu não tivesse em vista a doutrina de São Tomás, depois eu retifico segundo a doutrina de São Tomás. Quer dizer, eu a daria como se eu a ignorasse, não é porque eu nego ou esqueça, mas porque como os senhores perceberão, entra alguma coisa aqui que seria difícil exprimir de outra maneira.
Eu tenho a impressão de que, de si, este movimento é puramente biológico, mas Deus me deu essa forma de sensibilidade, tomada a sensibilidade nesse sentido, que Deus me deu no corpo essa forma de sensibilidade como um elemento para construir o tipo de perfil moral que Ele quereria que eu tivesse.
Quer dizer, não são coisas desconexas, mas não é dizer que uma coisa dependa tanto da outra como é a relação, nós vamos ver depois, eu estou simplesmente me limitando a afirmar que existe uma relação e que esta relação existe no plano de Deus, de maneira tal que quando cada um de nós sente uma série de coisas ordenadas, este meu gosto pelo citronné é visivelmente ordenado, quando qualquer um de nós sente gosto por uma coisa ordenada, há uma possibilidade da alma tomar naquilo pela preferência de certas coisas e pelas rejeições de certas outras, ela como que se especializar numa ótica do universo que é exclusivamente dela.
* A sensibilidade aguçada para perceber certos refinamentos não é privilégio do Sr. Dr. Plinio, mas faz parte do plano de Deus para com ele
Não que mil outros não possam ver citronné, por exemplo, [Whiterhault?] viu, o artista que fez este pano desta Princesa, que ela está vestida, também viu, o costureiro que talhou soube interpretar bem o pano, etc. Não é que seja um privilégio meu, mas eu vendo este pano e vendo assim, uma série de coisas que Deus queria que eu gostasse para eu ser mesmo eu, para eu ter o perfil moral que Ele queria de mim, eu percebo através disso.
Meu gosto pelo vermelho, por exemplo, estaria nesta linha. Eu até daqui a pouco posso descrever.
Agora, qual é a relação… Eu primeiro mostrei que há uma relação, depois mostrei que esta relação é para realizar um determinado perfil moral, intelectual que Deus quer de mim. Mas isto com cada homem, não é com Plinio Corrêa de Oliveira. É qualquer homem.
(Sr. –: Não, mas é que nos perguntávamos se isto não é inerente ao profetismo.)
Daqui a pouco eu falo disso, me ponham a pergunta. Eu vou primeiro pôr todos os homens e depois isso.
Porque nisso aí a gente anda muito devagar e expõe separando muito todos os gomos de que o assunto se compõe, ou a coisa se acavala umas sobre as outras e não dá o resultado que nós podemos querer. Bem, aqui está um dado.
Agora, o que acontece que não é só o citronné, mas o conjunto de cores que eu sou sensível, tomado em conjunto e formando um conjunto a mais com todos os outros conjuntos que estão instalados na fisiologia de cada sentido, e tomando ainda em linha de conta uma coisa que a meu ver, eu sou ignorante nessas matérias, mas é um verdadeiro mistério, que é a vitalidade da pessoa que entra muito em tudo isso. Quer dizer, o grau de vida da pessoa que entra muito dentro disso, tomando isso em conta, isso forma uma psicologia, não, um todo coerente dentro do conjunto de meus sentidos. Mas é claro que esta coerência exprime o unum de uma psicologia.
Isso como eu volto a dizer, para todos nós.
São Tomás diz que as almas dos homens seriam todas iguais se não fossem os corpos, e que é pela interação entre os corpos e as almas, que as almas se diferenciam, tanto é que para manter na existência as almas dos que morreram, há uma ação especial de Deus. É curioso isso, mas é assim: Há uma ação especial de Deus.
Então, a gente deduz daí que esta relação que existe em cada um, esta afinidade etc., etc., com o corpo, é que o corpo é assim com vistas a agir sobre a alma para formar a pessoa assim. E que aí o plano de construção de uma pessoa está feito.
Às vezes a gente vê isso no corpo de uma pessoa, às vezes defectivamente, às vezes, pelo contrário, do lado encomiástico, vê de modo patente.
Eu tenho a impressão que esta posição, esta coisa, deriva que se a alma for generosa, as mil riquezas que estão subconscientes, subjacentes na pessoa nesta constituição física, são aproveitadas retamente e chegam ao seu pleno florescimento. Se ela não for, chegam a florescimento pocas e todas as coisas que estamos vendo aqui. Até defeitos, monstruosidades, etc., etc., e está acabado.
Agora, eu acho que aí entra uma espécie de interação que é preciso tomar em consideração. É que como é isso com a inteligência? Como é isso com a sensibilidade?
* Com uma capacidade analítica vivíssima, o Sr. Dr. Plinio desde pequeno servia-se desta faculdade para distinguir e julgar o que via
Tanto quanto eu posso me lembrar de mim, eu muito em pequeno já, era muito analítico, e analítico propriamente falando, quer dizer, de pegar as coisas e pensar sobre as coisas: São boas, são ruins moralmente, mas são ontologicamente apetecíveis ou não? Uma tendência para a análise vivíssima.
Por exemplo: O João fez uma fotografia minha nos braços de mamãe, coisa incrível, mas ampliada. Eu nunca tinha visto aquela fotografia tão ampliada: é a cara de uma criança qualquer, mas na ampliação me pareceu ver já naquela criança, naquela idade, uma tendência a analise. Tendência a análise assim: no distinguir as coisas, não permitir que elas se apresentem acavaladas e promíscuas, mal distintas. Uma tendência para distinguir enorme, mas já feita para depois saborear ou recusar e feita também para analisar ou aprovar. Quer dizer, material preparado para o julgamento.
Numa fotografia minha já maiorzinho, talvez com uns 3 ou 4 anos, sentado numa espécie de cadeira, miniatura de cadeira de gente grande.
(Sr. J. Clá: Dois anos, dois anos e pouco.)
Dois anos e pouco, talvez isso, não sei bem.
(Sr. G. Larraín: Muito bonita aquela…)
É, é, para tirar fotografia de criança, mas enfim me sentaram lá e eu…
De um lado eu estou ali muito inerte, muito preguiçoso, mas doutro lado, na inteligência não. Eu percebo ali que eu estou até desconfiado, assim e já a análise deu uns passos e algumas coisas já estão julgadas, outras coisas… Eu já estou aprendendo a desconfiar, a desconfiar vivamente conforme o caso, mas também confiando, confiar.
Quase que o movimento das mãos exprime isso.
Bem, isso vem só deste fato físico ou não? Existe um assunto [?] sistema nervoso que eu não sei se se deve ou não incluir nos sentidos que se liga muito à vitalidade, e é como a pessoa pega as coisas. Agora este lado sistema nervoso está muito ligado a uma hereditariedade física. Isto não tem conversa, mas também está muito ligado a uma espécie de retidão, que a criança pode ter desde a sua origem e pode ser fiel e pode não ser fiel.
* Ao contrário de muitas crianças, o Sr. Dr. Plinio, em foto tirada aos dois anos, não se encontra pensando em si
Parece-me que até aquela idade existe uma retidão boa: É de um menino que não está preocupado principalmente consigo, mas como as coisas são. Que está pensando pouco em si ou nada, mas está preocupado em saber como as coisas são. Que é a retidão primeira da criança.
Vocês devem ter crianças das quais o característico é estar pensando em si desde pequenininhas. Inclusive que papel estão fazendo. Por exemplo, pegue aquele menino naquele troneto, não está pensando o que estão achando dele no troneto, nem mais nada, nada, mas está pensando em coisas que ele está vendo.
Parece-me que eu estou meio desconfiado com o… [inaudível] … homem que está operando a máquina. Eram máquinas muito grandonas, que tinha que meter uma cabeça atrás de um pano preto etc., etc., que tinha que olhar para lá quando ele fizesse assim, não sei o quê.
(Sr. G. Larraín: Não é de uma criança assustada, está analisando e “rechazando”, inteiramente dono de si.)
Assustada não, analítica. Não estou gostando. Assustada não, não. Inteiramente dono de si.
Isto estabelece, este espírito de análise então, estabelece este desprendimento de si.
Que relações tem com os sentidos? Ou ao menos ele é superior aos sentidos e indiferente aos sentidos? É uma pergunta que é ordenado pôr a esta altura da exposição.
Então eu ponho uma pergunta e tento dar uma resposta. A resposta é a seguinte: Eu acho que algum defeito na construção dos sentidos, poderia produzir imagens de uma vivacidade exagerada, ou de uma pobreza exagerada, que prejudicasse a objetividade que estes tipos de sentidos postula.
(Sr. Guerreiro: Este senso moral?)
É, o próprio senso moral poderia se tornar mais difícil. Senso moral? O senso de objetividade e desprendimento de si podia tornar-se mais difícil. Ainda não propriamente o senso moral, é uma coisa que preludia. Não tornaria impossível, por uma razão que se me lembrarem eu dou daqui a pouco.
Acho e sou propenso a achar, que aqui há uma espécie de equilíbrio entre os sentidos, a vitalidade e este primeiro impulso da alma que é uma coisa em que a Providência põe um equilíbrio muito bonito, no seguinte sentido.
Eu senti isto mil vezes em mim, esta objetividade toda, esta calma etc., etc., eu não qualifiquei com nenhum adjetivo, mas eu estou pondo nos cornos da lua. Me parece que é o caso.
* Descrição do físico, psicologia e qualidades naturais de dois meninos, no tempo do São Luís; e no que eles se diferenciavam do Sr. Dr. Plinio
Mas eu senti mil vezes que, se bem que isto fosse para mim de uma vantagem inapreciável para funcionar bem perante a vida, havia aspectos e havia jeitos dos outros muito diferentes de mim, serem, que não tinham esta calma, mas que tinham algo por onde eram superiores.
Eu estou me lembrando um menino que eu conheci quando tínhamos mais ou menos 10 anos. Eu vou argumentar com ele porque ele morreu barbaramente pouco tempo depois. Ele foi brincar com umas crianças, primos dele etc., na casa dele, e um primo meio desequilibrado, brigando com ele meteu uma tesoura no olho dele, mas a tesoura infeccionou e deu uma espécie de gangrena, que os antibióticos fraquíssimos daquele tempo, foram impossíveis de debelar.
Eu não sei bem, porque era muito pequeno, não entendia bem, como é que a marcha dessa coisa toda depois caminhou, mas houve uma gangrena geral no corpo e ele morreu. Mas dias antes ele tinha estado em casa. Eu tinha certas relações com ele. Ele tinha um primo que era muito amigo meu, e os dois foram juntos em casa.
Eu me lembro dos dois, em pé, junto a porta de casa e eu abrindo. A impressão que os dois me deram: Este era um bonito menino, vivo, no sentido próprio da palavra, tenso, mas não é tenso no sentido mal da palavra. Ele todo tendia para alguma coisa, como a capacidade de realização na ponta dos dedos, na ponta dos pés, na ponta do nariz. Um nariz curvo, aquilíneo, um pouco parecido com uma ave de rapina, a cabeça sob o pescoço com jeito muito dominador, meio “garnizézinho”, e crítico. Uma fronte muito bem calculada, olhos pretos, cabelos pretos. Mas ele era inteiramente branco.
(Sr. –: Brasileiro “lo que se dice”.)
Brasileiro a cem por cento.
(Sr. –: De que família era?)
Bem, o outro era feio, disforme até, depois ele acertou um pouco o físico. Quando era menino, era notavelmente feio, muito mais inteligente, mas com uma forma de vitalidade não propriamente mais, pobre… o outro era um condezinho, e este não, era de um vitalidade enorme, mas feita de movimentos meio descontrolados, e assim com mas emoções muito vivas e umas depressões muito grandes. Nada dele era gracioso. Era uma das pessoas mais engraçadas que eu vi em minha vida, mas de espírito: Inteligente, sutil, bom observador, mas era no mundo interior dele. O agir externo dele era perfeitamente sem graça.
O que é que há meu Gonzalo?
(Sr. G. Larraín: A sensibilidade do senhor.)
É muito bom observar isso assim nos outros também. Em si também.
Mas eu percebia, no abrir a porta, eu vi eles me olhando e eles me julgando. Olha que éramos colegas do São Luís.
(Sr. –: Dez anos, Senhor Doutor Plinio?)
Dez anos. Vínhamos todo dia mais ou menos para casa juntos, porque as casas eram mais ou menos no mesmo ponto, tal, famílias muito conhecidas etc., de maneira que… muita intimidade, mas era uma intimidade de meninos… Não parece, mas nessa idade, até os 15 anos, mais ou menos, a sensibilidade de uma criança quando vai à casa de outro, é enorme. É um outro mundo que a criança vê. E também eles estavam com esta sensibilidade atiçada, porque o outro, o feio, creio eu, já tinha estado em casa algumas vezes, mas o outro nunca tinha estado. Disso eu tenho certeza. E o outro estava na crítica dele.
Eu apareci e me vi diante deles, e vi a impressão que eu causei aos dois. E vi também que impressão os três causaríamos a uma outra pessoa que aparecesse. Vocês me creiam, quem faria o papel do menino sem graça era eu.
* As qualidades do Sr. Dr. Plinio eram notórias numa conversa em profundidade; as qualidades dos outros meninos chamavam muito mais atenção
Eu sei que vocês não acham, mas é pelo seguinte, é que nós conversamos num nível de intimidade em que eu posso me abrir muito, e talvez não seja tão desinteressante com algum outro, mas na realidade, num nível de cerimônia, os outros muito mais dotados.
Eu tenho certeza que os outros chamavam muito mais a atenção, eram muito mais brilhantes do que eu. Por quê? Porque esta placidez e esta análise levavam a uma introspecção que só com uma conversa em profundidade, cujos frutos só apareciam com uma conversa em profundidade.
Quem produz frutos, por assim dizer, na zona mais superficial da alma, estes frutos agradam mais aos superficiais.
(Sr. J. Clá: Bem, mas aí é por causa dos superficiais.)
Mas é a vida. Superficiais dominam a vida. A verdade é que os superficiais dominam a vida de um lado e que os homens não superficiais cabe abrirem para si um caminho na vida, porque os superficiais refoulent, tocam para trás com os cotovelos os não superficiais.
(Sr. J. Clá: Mas Da. Rosée disse aqui para o Sr. Nelson Taniguchi de que ela quando criança, e as primas e os primos, ficavam esperando o momento em que o senhor chegava para a conversa, porque até aquele momento não havia brincadeira entre eles, não havia convívio.)
É muito exagero dela. Eu admito, que eu por ingenuidade, eu não percebesse algo disso a meu respeito, porque neste período eu era muito ingênuo, mas eu acho que ela exagerava. Quando não for por outra coisa, pela tendência de cada família, de ver nos seus um colosso. É uma prova do que eu estou dizendo, prova provada, é o conselho que a fraulein dava para ela: Ela Rosée é bem inteligente vocês podem achar que agora sou eu que estou fazendo a “fraternosa”, mas não é, o João a conhece e sabe como ela é inteligente.
(Sr. J. Clá: Mulher mais inteligente do que ela, eu não conheci em minha vida. Inteligentíssima. Ainda hoje eu vi ela saindo daqui, e ela cumprimentava o Sr. Fernando Antúnez e dizia não sei o que para quem foi até a porta do elevador, mas é uma voz que ela sabe cantar. Estava com os dois, Sr. Fernando Antúnez e o outro, inteiramente dominados.)
Ah! não, ela é bem, bem inteligente.
Bom, sabem qual é o conselho da Fraulein para ela? Esconda a sua inteligência, porque para uma mulher não adianta ser muito inteligente. Desperta ódio, inveja e não faz um papel feminino. E Rosée aprendeu isso assim no ar. Para se ver como a Fraulein, que era uma alemã bem inteligente, como ela compreendia o papel superior dos superficiais.
[Vira a fita]
…educada para ser governante, e tinha sido governante em grandes casas nobres da Europa, e nestas condições, ela tinha uma percepção que nós miseráveis filhos de Eva não tínhamos. É para isto que ela era Fraulein. Foi trazida da Europa para cá, etc., foi para isso. E ela tinha certa dedicação, e dava conselhos, etc., muito mais para Rosée do que para mim, porque Rosée é mulher e ela podia entrar muito mais na perspectiva de uma mulher. É uma coisa natural.
Isto prova a superioridade do comum sobre o não comum.
Sempre que a Providência consente ou dispõe numas distonias assim, nativas no sujeito, ao que é depressão, corresponde em outro sentido uma possibilidade de subir mais.
(Sr. –: Naquele mesmo ponto?)
Não, as vezes é numa outra qualidade. Lota mais a vitalidade. A arquitetura geral da pessoa é tal, que havendo uma carência de um lado, há uma compensação e um realce do outro lado.
Eu digo o seguinte, por exemplo: Este menino bonito, ele era inteligente — Inteligente?! — é o que numa família medíocre se diria que é bem inteligente, mas numa família inteligente se diria que ele era bem medíocre. Esta mediocridade era compensada por um brilho externo, mas que vinha em parte do fato de ele não ser muito inteligente, porque se ele fosse muito inteligente, o gasto de vitalidade que a operação intelectual daria a ele, consumiria algo da vitalidade que ele tinha em borbulhões, e é sem dúvida uma coisa interessante ver aquela pessoa com vitalidade de condezinho. Eu estou me exprimindo razoavelmente, hein, meu filho?
* Com o tempo, o Sr. Dr. Plinio condicionou o ambiente em torno de si, de maneira a torná-lo impossível de ser superficial
(Sr. –: Está claro, mas em mais de uma ocasião o senhor teve oportunidade de dizer, que a pessoa do senhor chamava a atenção, marcava ambientes, o senhor dizia numa festa do Colégio São Luís, acho que era o Caio Prado, um pouco mais velho que o senhor e que dizia: “O que está havendo com o Plinio hoje que ele está muito insinuante”? Depois o senhor disse em outras ocasiões que nos lugares em que o senhor entrava o senhor marcava muito a presença. Agora, como é que coaduna uma coisa com a outra? É só para distinguir.)
Os ambientes superficiais têm horas de receptividade para a profundidade.
O que eu vou dizer parece rebuscado, mas não é: Eu com o tempo fui adquirindo o modo de ser, de maneira a tornar impossível o ambiente em torno de mim ser superficial sem brigar comigo, donde me impor, porque se eu não soubesse mudar isso, eu ficava apagado.
(Sr. –: Foi uma coisa consciente que o senhor se esforçou e aí procurou se impor para fazer uma compensação…)
Não, eu percebi que eu fazia instintivamente, mas procurei aprimorar.
(Sr. –: o senhor diz que seria apagado para algumas saliências na vida social…)
Sobretudo quando eu era mais moço, era um enjolras, e todo mundo vai tratando assim, depois “enjolradas” é pé de cabra mesmo, uma coisa bárbara, mas eu me lembro, não sei se no tempo de vocês usava muito isso, mas no meu tempo usava muito: Nos jardins das casas, quando havia festa de aniversário, a criançada ficava pouco dentro da casa, ia tudo para o jardim brincava, brincava, corria, corria. Eu fazia papel apagado, eu procurava seguir aquilo um pouquinho para ser amável, para não ter amolação, mas eu fazia um papel apagado, porque eu corria pouco, vibrava pouco, me interessava pouco, e portanto era menino de presença pálida. Está acabado.
(Sr. –: É no Colégio São Luís, por exemplo, se o senhor não jogasse futebol, ficaria “ipso facto” apagado e desligado da atenção dos outros…)
* Alguns fatores que não favoreciam o Sr. Dr. Plinio: Ser muito branco, não saber equilibrar-se numa bicicleta, nem jogar bolinha de gude
É evidente. Depois tinha uma coisa que aqui no Brasil pesa contra, eu era muito, não propriamente pálido, mas muito branco. Ficava particularmente sem graça com isso. Tudo isso entra no conjunto. Eu era quase cor de farinha.
(Sr. –: Precisa distinguir entre cor de farinha e luminosidade.)
Não, não era. Eu vejo que às vezes quando se falava de uma discussão ou de uma conferência sobre um tema sério, era a minha hora, mas quando se tratava, por exemplo, de brincar com a… [inaudível] … de alguns outros com bolinha de gude, não era a minha hora. Eu jogava a bolinha no ponto errado. Minha bolinha batia onde não devia.
Quer ver uma coisa que caracteriza o menino sem graça: Eu nunca encontrei equilíbrio numa bicicleta. Eu caía de um lado ou do outro, não sabia me equilibrar.
(Sr. Guerreiro: Senhor, isso é uma superioridade.)
Não, não, eu estou fazendo descrição. Eu quero dizer que o que talvez neles fosse inferioridade, por exemplo, no plano da inteligência, era compensado por agilidades, destrezas etc., que os colocava em posição de mais realce do que eu na vida.
Depois, ficando mais velho foi-me possível tocar a coisa por aí, mas como menininho?
(Sr. –: … [inaudível] …estou lendo artigo do [“Levy Strauss?”] que diz o seguinte: “Toda a superioridade de um lado, implica em alguma inferioridade de outro lado.” Pensando bem, posto que o homem tem as suas limitações, só Deus não tem isso, e as outras criaturas todas entram de algum modo nesta regra.)
Pelo fato de serem limitados.
(Sr. –: Tinha ficado uma ponta… O senhor estava tratando da sensibilidade e em certo momento iria tratar da relação disso com a vocação do senhor.)
Não, eu queria desossar, “descanjicar” bem este negócio. depois digo uma palavrinha sobre a vocação, quando vocês quiserem eu posso retomar, mas é melhor dar tudo bem feito, do que não dar feito.
* Uma tentação que surgiu: “apostatar da inteligência a favor da mediocridade; apostatar da profundidade a favor da superfície”
Então: Eu não me sentia assim puramente superior aos outros, eu sentia bem os pesos destas minhas inferioridades, ainda mais num ambiente de euforia geral, de uma espécie de Bagarre azul que sucedeu à guerra mundial. Eu sentia isso então muito profundamente, e portanto eu tinha até tentações de me mediocrizar, para não ficar tão no fundo do buraco. Mas eu percebia confusamente que eu agiria mal se eu fizesse isto, e por causa disso eu não fazia.
(Sr. –: Se mediocrizar era entrar um pouco no … [inaudível] … daquele pessoal?)
É, mas para isso eu percebia que eu teria de atrofiar pelo não uso, uma parte da minha inteligência, renunciar uma parte da minha profundidade. Eu não via com estes nomes, eu dizia no meu modo de ser, mas aí eu punha. Nossa Senhora me ajudou, eu não fiz isso.
É uma tentação de apostatar da inteligência a favor da mediocridade, e apostatar da profundidade a favor da superfície, porque todo êxito e o próprio prazer da vida, exigiam na superfície e na mediocridade.
Creio que isto constituía mesmo uma espécie de pressão sobre toda a criançada de meu tempo, pressão cuja origem nós podemos bem ver, para fazer deles coitados, os homens que eles ficaram.
Eu andava pela rua, todo mundo anda, e eu percebia de vez em quando algum moço, mocinho, andando pela rua, com cara séria, com fisionomia preocupada, pensando em alguma coisa etc. Quase, indefectivelmente eu olhava, era uma pessoa de uma classe social de pequena burguesia. As vezes de uma pequena burguesia emergente apenas do pequeno operariado.
(Sr. –: Agora, já era um trabalho da Revolução para liquidar.)
Era, e foi o que se deu. Não era só São Paulo. Uma coisa muito complexa, muito delicada, e que dá os fundamentos de uma decadência, dá os fundamentos de tudo. De uma apostasia.
Por que é que os meninos bons eram heresias branca? Havia poucos meninos bons no meu tempo, mas por que é que o menino bom era heresia branca? Ele era heresia branca, porque em última análise ele precisava ser superficial para circular, ficando religioso só poderia ficar religioso superficial.
Pelo contrário, vocês vêem… (…)
Estes são problemas que se deverão tomar em consideração na aurora do Reino de Maria, porque se não se tomar em consideração, vai embora o Reino de Maria. É uma coisa tremenda.
Bom, dou mais um passo para acabar isso.
* Tentação de apostasia não da Igreja Católica, mas em relação à sua própria pessoa: “eu apostataria de ser Plinio”
Isso posto, eu percebia estas deficiências, queria escapar delas porque o resultado imediato destas superioridades não se fazia sentir, mais ainda, eu tinha impressão de mim, um velho prematuro que carregava o fardo de uma vida dificílima por causa deste entrechoque e só se acentuou quando entrei em contato com a Revolução no Colégio São Luís, e, portanto, uma tentação de apostasia de dentro do quê?
Não era ainda da Igreja Católica, porque eu não percebia o nexo disto com a religião senão muito confusamente. É de apostasia em relação à minha própria pessoa.
Eu apostataria de ser Plinio.
Agora, vocês não me queiram mal se eu disser que numa proporção ou na outra, vocês todos que estão aqui, em certa altura apostataram de ser o que deveriam ser. quantas apostasias fazem com que o originário Gonzalo, o originário João, o originário Poli, o originário Guerreiro, o originário Paulo Henrique, durmam sepultados e aflitos no fundo de uma pessoa que é uma forma errada, que vocês tomaram para fazer [clows?] diante dos outros… (…)
No fim de todas estas coisas vocês encontram a Oração da Restauração. Tem muito para restaurar.
Dai você vê, para abreviar, porque agora vai terminar a reunião, e eu sinto que estas coisas nunca depois retomam no mesmo pé, isto vai ficar mais ou menos como está. Se vocês quiserem eu trato da próxima vez, eu trato quando quiserem, mas é melhor dar um pulo e ver o fim do panorama de uma vez.
O fim do panorama acaba sendo o seguinte: Quando uma alma teve a felicidade, a graça de Nossa Senhora de não apostatar de si mesmo, ou de apostatar pouco, esta alma tem uma possibilidade de conhecer nos outros, o que é que resta dos que não apostataram, e conhece também o que é que apostataram.
Entre as almas que não apostataram, a união é muito grande, e o que eu quero em todos os meus filhos, é aquilo que eu vejo neles por onde eles não apostataram. E o por onde eles estão unidos, no fundo, é por aquilo que eles não apostataram, que eles sentem em mim, um homem que também em certa medida não apostatou.
(Sr. –: Totalmente. É o restaurador.)
Bem, que dá uma junção de alma que explica a união de almas entre nós. Esta é a explicação mais profunda.
A minha dedicação, o meu afeto, em um ou outro caso a minha paciência, decorre exatamente do afeto por aquilo que não apostatou.
É disto que vem a união entre nós.
Vocês talvez percebam melhor agora o que é que nos une.
(Sr. –: Diz que mesmo estando à distância e só por ouvir falar no Senhor Doutor Plinio, já entra em consonância com alguém que é inteiramente autêntico.)
Mas quando a apostasia chega a um certo nível, o sujeito me odeia.
(Sr. –: [Repete o aparte de cima] )
A história da fundação das TFPs é esta.
Explica a teoria do Grand-Retour. O Grand-Retour em última análise chega até a profundidade de restaurar a identidade.
Seria uma coisa que a noção de inocência primeva traz consigo esta identidade do batizado com a graça do seu batismo.
Quer dizer, no final da reunião, como sempre acontece, preparação muito longa, tá-tá-tá, mas quando chega, a gente anda e toma o tema até o fim. Andamos muito devagar, etc., etc., mas de fato estávamos ganhando tempo.
É uma série de coisas nossas muito profundas, que assim nunca foram ditas, porque não houve ocasião, porque… e que ficam ditas, por onde a gente compreende a coisa.
* Razão pela qual a apostasia do Carlos Antúnez ocasionou um baque no Senhor Doutor Plinio
Entre essas coisas, a paciência inexplicável com gente que merecería ser posta fora com um bom pontapé.
É o ver no fundo, algo de não apostasia, e o preço enorme de algo que não apostatou.
Eu estou vendo um heresia branca me dizer: Ah! então o senhor não tem pena a não ser por causa disto etc., etc. Isto se explicaria em outra reunião. Nós estamos tratando de outra questão.
Eu estou tratando de questão de gente que é de um nível, não é nível social, seria loucura falar de nível social neste ponto, que seria mesma coisa que aquele azul citron, citronné, eu comparar com um motor de automóvel, seria qualquer coisa assim, mas eu digo o seguinte: pessoas de certo feitio, conservaram dentro de si algo que não apostatou, que enquanto estiver ali, é susceptível de uma conversão brusca, por mais que tenha caído, a que é melhor a gente preparar a conversão dele com ele ainda dentro do grupo, do que fora do grupo.
Exemplo que eu posso dar aqui com uma melancolia sem nome: por que razão é que me causou o baque que me causou a apostasia do Carlos Antúnez? Foi porque havia muito disto nele, e de repente quebrar assim, é uma coisa tremenda. E eu como que vivo o tormento dele, não tendo feito esta apostasia e entretanto jogado na situação em que ele se jogou.
É como eu saber que uma pessoa está viva dentro do lamaçal em que ela esta coberta até de lama por cima. Me causa um horror. Se eu soubesse que está morto, bem morreu, mas isto me causa um horror.
Alguém me dirá: Mas se é um coisa que ele não era é profundo. Eu digo, não corra tanto, mas sobretudo o que tem é que ele tinha a profundidade com que nasceu. Mais ou menos, não tinha a inocência primeva, não é isto, mas é qualquer coisa nele que não tinha apostatado.
Então, que sacrifícios, que coisas eu serei capaz de fazer para conseguir que ele voltasse, desde que eu saiba que tem dentro dele isto? Qualquer coisa.
Bem, aqui há muitos aspectos da vida do grupo que se explicam etc., mas infelizmente eu sou obrigado a ir andando.
(Sr. G. Larraín: Na próxima reunião continuar.)
Se quiserem, é questão de me lembrarem um pouco do Status questionis, etc., mas eu acho que foi uma reunião abençoadíssima.
Muito boa como presente de Nossa Senhora para o meu Coronel.
(Cel. Poli: [Inaudível] …pede desculpas de ter escolhido assim a reunião, mas estava com muita vontade de tratar deste assunto.)
Eu notei que você não teve a mínima hesitação, foi por cima do tema direto.
Há momentos minha Mãe…
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