Conversa da Noite ─ 18/1/86 ─ Sábado . 13 de 13

Conversa de Sábado à Noite ─ 18/1/86 ─ Sábado

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* Nas Ordens religiosas dá-se de forma muito especial o patronato do santo fundador que se une aos anjos da guarda para proteger seus discípulos * A Senhora Dona Lucilia tinha pelas coisas criadas um conhecimento e um amor por conaturalidade * Razão profunda do encanto que a Senhora Dona Lucilia tinha pela França * A Sra. Da. Lucilia acompanhou a I Guerra Mundial num prisma quase de cruzada a favor da delicadeza humana contra a brutalidade * A atitude da Senhora Dona Lucilia diante da Espanha, Portugal e Inglaterra * Em certos pontos a Sra. Da. Lucilia era muito exigente, mas desta exigência jorrava afeto * Como a Sra. Da. Lucilia via a relação entre a França e a Igreja. Seu horror ao protestantismo * O modo da Senhora Dona Lucilia ser brasileira e considerar o Brasil * O Senhor Doutor Plinio, no convívio, completava a mentalidade da Senhora Dona Lucilia * Os problemas de convívio dentro da TFP não existiriam se nos abríssemos a essa forma de bondade da Senhora Dona Lucilia * O Senhor Doutor Plinio relembra com o Sr. João o modo da Senhora Dona Lucilia conversar

(Sr. Gonzalo L.: Estivemos conversando sobre um assunto que esperamos que o senhor não se recuse a tratar…)

É, bom, devagar, hein… Essa introdução, ahahaha!

(Sr. Poli: A Senhora Dona Lucilia encontra razões de preferências de fundo de alma por certas pessoas e nações…)

É um pouco à maneira de Nossa Senhora com os pecadores, Ela tem preferência por certos pecadores em que a justiça de Deus propriamente O afastou daqueles pecadores, mas Nossa Senhora encontra uns títulos para recomendar, o que no total está de acordo com a ordem querida por Deus.

(Sr. Gonzalo L.: A Senhora Dona Lucilia tem pela França um encanto, uma atração muito especial. Para o Brasil é arqui-razoável que tenha também. Ela teria movimentos de alma por onde ela encontrava ainda razões nas almas que Deus já não encontraria mais…)

O caso do Sérgio é um caso típico.

(Sr. J. Clá: A bondade dela sempre me chamou muito a atenção e é inegável que ela é ao mesmo tempo mãe e rainha…)

A condição de mãe envolve elementos de realeza, por mais modesta que seja a mãe, desde que ela seja mãe em toda a força do termo, não portanto uma mãe made in apartamento, uma coisa assim, mas, em toda a força do termo, se ela for mãe, envolve elementos de realeza indiscutíveis, como aliás do pai. E a realeza do rei e a realeza da rainha são indissociáveis da condição de pai e de mãe.

Quer dizer, vamos primeiro fazer a pergunta cautelar o seguinte: se isto é ortodoxo.

(Sr. Gonzalo L.: Pergunta Torreão…)

É a pergunta torreão, não tenha medo do torreão.

* Existe uma conaturalidade entre os anjos da guarda dos povos e seus protegidos

Bom, acontece o seguinte, Deus deu a Nossa Senhora o império do Céu e da Terra, mas por uma razão análoga por esta que Ele quis dar a Ela o império do Céu e da Terra e de todo o universo, por uma razão análoga Ele quis que debaixo do poder d’Ela houvesse subimpérios e sub-reinos.

E os anjos da guarda têm sobre os países que eles dirigem uma função desse gênero que você lê naquela discussão dos anjos ao pé de Deus. Eles estão exercendo um papel destes em favor de cada um daqueles países, mas que se completa com o que você diz, é ver de modo restritivo, a meu ver, o papel dos anjos da guarda pensando que os anjos da guarda é um mero escudo que defende contra os perigos.

Ele defende contra os perigos, mas ele é um modelo ideal, ele é um arquétipo da nação, ele modela a nação segundo ele, ele tem uma certa ─ segundo eu imagino ─ ele tem uma certa conaturalidade com a nação ─ e esse assunto da conaturalidade ocupará um papel de ponta a ponta desta problemática ─ ele tem uma certa conaturalidade com essa nação que ele não teria com outra nação, embora em tese ele pudesse amar uma nação, saber por exemplo, Deus ama mais a nação “X”, digamos a nação hebraica, Deus ama mais, mas Ele tem uma certa conaturalidade vamos dizer com Luxemburgo, é um anjozinho que tem uma conaturalidade própria com Luxemburgo e que ama o Luxemburgo de um determinado modo.

Resultado, ele conduz as questões de Luxemburgo, não como um anjo em tese conduziria as coisas em tese, mas tomando em consideração essa conaturalidade com Luxemburgo que Deus estabeleceu quando criou a ele e depois quando, pelo curso da história, se formou o Luxemburgo, foi uma formação, um jogo ordenado de fatores que Deus quis que fossem, [é] evidente que Deus quis.

E isto forma uma como que espécie de parentesco espiritual, de condição de padrinho deste anjo em relação ao Luxemburgo que dá a idéia inteira do anjo da guarda, o anjo da guarda é o anjo padrinho que educa, que forma, que orienta, que é conatural, que sente com etc., etc.

* Assim como os anjos, também os santos no Céu devem exercer uma espécie de realeza sobre certos povos

E assim seriam também [os] santos. Determinados santos com determinadas almas, tanto mais que acontece que os santos são chamados a preencher no Céu os lugares que os bandidos dos demônios deixaram vazios e as almas e os povos que ficariam abandonados à míngua de proteção por não ter esses anjos, os santos preenchem o lugar, segundo uma destinação e uma distribuição eventualmente um tanto reformada pelos desígnios de Deus, à vista do pecado dos anjos, pecado original, pecado imenso etc., etc., pode ser que Ele tenha retocado sucessivamente os planos d’Ele, mas na linha geral é essa a coisa e eles têm essa realeza, imagino eu, sobre esses povos, imagino, quer dizer, eu suponho que essa seja a doutrina católica.

Uma porção de fiapos de coisas que eu vi sobre anjos me parecem ─ depois sobre santos protetores ─ me parecem caminhar nessa direção e, ou creio que a palavra padrinho e o patrocínio dos santos sobre alguém, santo patrono, é muito parecido com o papel do anjo e poderá haver anjos que dirijam, tenham um certo patronato sobre determinados povos, como também santos que têm cumulativamente, mas sem que os papéis se borrem.

Por exemplo, São Miguel Arcanjo é sabidamente o patrono oficial da Igreja Católica, mas São José também é patrono oficial da Igreja Católica, ambos a títulos diferentes, mas são. E a gente vê que há nessa tarefa, que enfim, toda ela toca os pés de Nossa Senhora, tão excelsa é, nessa tarefa cabem [amborizações?] e desmembramentos harmônicos desses que aumentam a beleza do plano de Deus.

Não é fácil a gente traçar com o próprio punho a linha divisória, mas se compreendem os critérios com que eventualmente essa linha divisória pudesse ser traçada.

* Nas Ordens religiosas dá-se de forma muito especial o patronato do santo fundador que se une aos anjos da guarda para proteger seus discípulos

Eu acho que muito especialmente isso é com as famílias de almas das Ordens religiosas, quer dizer, o fundador da ordem religiosa, se canonizado, se praticou a virtude em grau heróico, tem sobre todos os santos dessa ordem um patrocínio dessa natureza. Quem é que haveria de negar que São Bento é patrono e protetor dos beneditinos? Quem é que haveria de negar isso? Não é possível negar. Bem, e os franciscanos, e os dominicanos e os jesuítas e daí para fora, esses patrocínios todos se exercem.

E a gente compreende até os mistérios da vida de certas Ordens religiosas pensando na batalha do fundador dentro da Ordem religiosa para manter a Ordem religiosa fiel contra elementos que entram. Então, é o fundador mais o anjo da guarda, ou os anjos da guarda daquela Ordem religiosa que se agrupam segundo certos desígnios de Deus para isso, que essa diferenciação, essa matização de desígnios segundo uma verdadeira coorte de anjos protetores possa ser.

A gente vê que é, porque por exemplo, sem dizer que Sóror Maria de Ágreda seja infalível, Maria de Ágreda é uma autora que se deve citar com respeito, São Luís Maria Grignon a cita, seria preciso que houvesse um mutuca para transformá-la numa espécie de alvo de vilipêndios, e nem percamos tempo com isso. E essa Maria de Ágreda diz com freqüência que quando Nossa Senhora ia para aquele e aquele outro lugar, Ela era acompanhada por uma guarda de tantos mil anjos.

(Sr. Gonzalo L.: Mil anjos…)

Mil anjos, então isso, mas também não diferencia muito, para o nosso problema é a mesma coisa, pela objetividade da coisa. Então, é evidente que nesses mil anjos, cada anjo tinha uma função própria, como isso se divide, como isso se especifica, também não sei.

(Sr. Gonzalo L.: Ela diz mais coisas, se o senhor quiser, depois eu posso procurar para o senhor…)

Eu gostaria, acharia até para o sábado que vem, ou qualquer outra ocasião tratarmos disso, seria extremamente interessante, mas extremamente.

Mas vamos voltar ao nosso caso. Bem, então nós poderíamos compreender que uma pessoa que tenha sido chamada nas condições dela para um patrocínio de uma determinada família de almas e que essa família de almas fosse de acordo com o jogo interno das preferências da personalidade dela, aí nós temos que passar para outro terreno.

Então, em tese, não vejo obstáculo, vejo apenas consonância. Não sei se sobre esse ponto preliminar que é fundamental e que esclarece o assunto e não atravanca, se sobre esse ponto preliminar querem me perguntar alguma coisa.

(Sr. Fiúza: A oração ao anjo da guarda é: “Ilumina, custodia, rege et guberna…”)

Exprime bem o que é que a Igreja acha que o fiel deve pedir ao anjo. Deve pedir que o anjo desça sobre ele, é o Angelus Dei… a proteção, custodia, entra em terceiro lugar, a primeira, mais alta função é iluminar, a segunda é reger, depois proteger e quarta, governar, que é quase a parte administrativa. Quer dizer tudo bem pensado, é a Igreja Católica, é verdadeira, é Ela mesma, é assim, é uma maravilha e está acabado.

* A Senhora Dona Lucilia tinha pelas coisas criadas um conhecimento e um amor por conaturalidade

Bem, suposto que não haja nada a perguntar, vamos passar então para, como seriam as preferências dela. Entra aqui largamente o que nós temos conversado no MNF a respeito dos conhecimentos por conaturalidade e portanto do amor por conaturalidade, se o conhecimento especulativo, ela tinha apenas uma inteligência comum muito comum, e uma instrução também, de uma senhora cultivada, mas cultivada, quer dizer, das senhoras de sociedade do tempo dela, mais nada, muito pouca coisa. Bem, ela era pelo contrário muitíssimo inteligente, nesse sentido minor da palavra, mas que envolve uma riqueza de alma muito grande, que é o conhecimento das coisas por conaturalidade, e portanto amor às coisas por conaturalidade.

Por essa conaturalidade que eu vou descrever daqui a pouco, segundo essa conaturalidade, a inteligência dela abarcava um campo muito vasto e o afeto dela também um campo muito vasto. Eu estou tratando de um ponto: é como era isso e se isso era legítimo, para depois perguntar o que há de peculiarmente pessoal nisso, se é legítimo também. Uma outra pergunta: se isso deve ser tão personalizado a ponto de ter ─ eu entendo bem, desinfectando a palavra do seu prosaísmo ─ o xodó que ela tinha, isso é uma outra coisa para ver. Meu filho, isso está de acordo com o que você queria?

* Razão profunda do encanto que a Senhora Dona Lucilia tinha pela França

Então, eu diria o seguinte, eu analisei sobretudo muito a alma dela, as reações do espírito dela no tocante à França, e eu percebi que ela sentia que a França possuía e representava no horizonte dela e um pouco ela tomava como horizonte do mundo e um pouco tomava só como dela pessoal, ela não diferenciava muito, de fato representava no horizonte dela e do mundo, por excelência uma coisa que por conaturalidade para ela tinha o maior valor, e que era a delicadeza de sentimentos.

Então, primeiro, sentimento; e segundo, a delicadeza de sentimentos. Mas o que era o sentimento, e o que era a delicadeza do sentimento? No sentimento, o que é a delicadeza, e como ela via isso na França? É uma coisa que nós nos extasiamos com isso na França mas que na França de hoje secou e é uma das coisas que me faz imaginar com pavor que a história da França tenha acabado, eu tenho pavor de imaginar isso, mas eu sou agarrado pelo pescoço pela realidade para pensar isso.

Então, em primeiro lugar, o que era isso para ela? Para uma pessoa que o conhecimento se fazia sobretudo por conaturalidade, havia uma coisa nela, depois eu não sei como ela via isso na França, havia uma coisa nela que era o seguinte: discernir nas almas dos outros povos e nações aquilo que mais facilmente é sutil, pode ser visto como sutil, como aéreo, como requintado e por isso também como despertando uma forma de afetividade mais penetrante, mais delgada, mais que facilmente se transforma em carinho, que facilmente se transforma em desejo de sacrifício, de sacrificar-se por, de ajudar e de favorecer a, que facilmente se transforma em uma tendência a ver o melhor da pessoa nesses lados por onde a pessoa seria, estaria mais naturalmente exposta a sofrer os golpes da brutalidade, da maldade, da dureza, da crueldade humana em todos os seus aspectos.

Então a idéia que a pessoa que tem esses lados de alma mais tenros, mais desenvolvidos, essa pessoa tem os seus lados de alma mais preciosos, também mais diferenciados e mais plenamente existentes dentro desta pessoa. Mas que essa pessoa, por isso mesmo, que cultivou essas coisas em si, ela sofre mais com as pancadas que leva e é sujeita mais a brutalidades inopinadas etc., porque pela sua bondade ela é normalmente desarmada e portanto precisa de um auxílio, eu continuo claro?

Bem, em conseqüência, ela sentia muito na cultura francesa, que a cultura francesa punha esses lados de alma humana muito em evidência e punha, assim, a doçura da alma humana muito em saliência e pondo em saliência essa doçura e esta coisa, a França criava um tipo de ser humano que atingia, debaixo de certo ponto de vista, a sua perfeição. E um convívio humano que era também o convívio perfeito. Mas em que, por causa disso mesmo, o senso da medida que se elogia tanto no francês, e também o senso da cordialidade, da suavidade, do charme ─ muito sensível ao charme, e você que a soube interpretar muito, deve ter notado que à maneira do que pode caber numa senhora de 92 anos, ela tinha muito carme, ela tinha enormemente charme. O charme tinha para ela na vida um papel enorme e ela tinha, por exemplo, para mim, como eu a via, mares de charmes, mas mares de charme que eu via. Muitos outros não viam, mas eu via nela mares de charme.

Os álbuns do Fabergé, mas eu tenho certeza que se ela visse, viria nos álbuns do Fabergé que não era francês, isso é o mais engraçado, ele era remotamente descendente de imigrantes, de protestantes que imigraram da França, mas que foram para a Dinamarca, ou qualquer coisa assim, e o Fabergé descendia dessa gente. Bem, mas alguma coisa do sangue francês nele ficou, porque aquilo no Fabergé é a França pura.

Ela veria naquilo uma expressão de algo que deveria estar em todas as almas, de todos os povos, mas que afinal tomou na França uma suspeição, veio à luz inteiramente, para o bem do gênero humano inteiro e que o gênero humano inteiro deveria fazer em face da França o que ela fazia: mirar, admirar e deixar-se encher-se, e modelar-se por isso. O que ela fazia então largamente. Eu continuo claro?

* A Sra. Da. Lucilia acompanhou a I Guerra Mundial num prisma quase de cruzada a favor da delicadeza humana contra a brutalidade

E, nesse sentido, ela que não soube ver bem a Alemanha, interpretava a ofensiva alemã contra a França como a ofensiva da brutalidade militarista contra o charme francês e isto, tout cour, ela não soube ver na Alemanha. Eu não consegui que ela visse, nunca consegui, eu procurei explicar etc., mas aquilo ficou tão radicado no espírito dela, ela conheceu a Alemanha um pouco antes da I Guerra Mundial, que estava já toda tendente à ofensiva dos capacetes de aço, contra a douce France, coisa que não podia ser e que corria o risco de destruir a França, era um crime de matar a humanidade! Depois alguns alemães tinham sido muito brutos com ela, de um modo inimaginável: médicos, enfermeiro etc., inimaginável.

O médico dela que era o médico do Kaiser fez aquela brutalidade [de] contar para ela, quando ela estava apenas saindo dos primeiros estertores da operação, que vira na mesa do Kaiser, o Kaiser despachando e que cuidava de uma ofensiva alemã contra Santa Catarina e que já estava tudo preparado etc. Como contar isso para uma senhora?!

O Gonzalo está com nós, mas é uma coisa que não se compreende, um cirurgião de fama mundial, que vai dizer isso a uma doente três ou quatro dias depois de uma operação mortal, conta isso: “Eu estou vindo da casa do Imperador e vi isso…” Não devia dizer isso nunca, não tinha necessidade nenhuma. Para que contar? Entra uma ponta de fanfarronada, você está vendo que entra, ela sentiu a fanfarronada e sentiu o resto. Eu nunca consegui tirar isso da cabeça dela, nunca consegui, mas não há remédio e é assim.

Bem, mas então ela acompanhou a Guerra Mundial nesse prisma, mas é um prisma quase de cruzada a favor da delicadeza humana contra a brutalidade.

Mas, então, isso era um xodó? Isso era uma conaturalidade de altas qualidades dela e de um alto modo de ela ver a coisa. E creio que foi a Providência que a modelou para ser assim, a gente vê muito que entrava a influência do pai dela, pelo menos como ela via o pai, e influência da mãe dela, como ela via a mãe…

(…)

* A atitude da Senhora Dona Lucilia diante da Espanha, Portugal e Inglaterra

Mas, ela por exemplo, diante da força da Espanha, do saleiro espanhol e da graça espanhola etc., em que ela podia ver algo de contundente, ela não tinha nada disso, ela sabia ver o heróico, sabia ver o batalhador, o garboso etc., etc., e sem que fosse a luz primordial dela, ela gostava muito, comentava mais de uma vez, achava interessante, costumes regionais espanhóis e coisas assim, ela gostava muito, sem insistência, sem muita fixidez, porque a gente vê que não era a luz primordial dela, francamente muito receptiva, e falarei daqui a pouco disso, quando eu falar do Brasil, dela e do Brasil.

Uma grande propensão por Portugal, mas aí uma propensão afrancesada por Portugal, quer dizer, destilando em Portugal o labrego de pé no chão, brutão etc., etc., do qual ela sorria, como de um ursão, no fundo bom, e que ela distinguia da cultura portuguesa, da Torre de Belém, das saudades portuguesas, dos aspectos doces da alma portuguesa, em que ela sentia por algum lado tão natural com a alma francesa, mesmo o português sendo na apreciação dela, inferior ao francês, como o mundo inteiro era, ela achava que tinha uma riqueza no português, uma riqueza dessa afetividade que assim eu nunca vi ela elogiar na França. Eu não sei se ela sabia fazer essa distinção, mas isso aflorava especialmente no modo de ela ser brasileira, aí se notava mais a coisa.

Bem, muito apreciadora da Inglaterra. Não, mas tinha matizes de muito desacordo, para ser bem franco muito mais com a Inglaterra do que com a Escócia, muito mais. Aquele lado calculista e dinheiroso do inglês é horrível.

* Em certos pontos a Sra. Da. Lucilia era muito exigente, mas desta exigência jorrava afeto

Mas veja, por exemplo, a moda francesa é muito exigente e exige os últimos pormenores, e eu já disse que em matéria de trajes ela era pormenorizadíssima, exigentíssima, nada de parecido com o meu relaxamento, nada, nada, nada. Mas era uma exigência sem jansenismo e sem maldade, uma exigência cheia de bondade, porque ela via naquele amor ao primor e à perfeição, um desejo de se tornar agradável. É como uma dona de casa que exige que uma certa receita seja feita pela cozinheira com todo o cuidado para ela receber perfeitamente bem os hóspedes, entra um douceur de vivre dentro disso.

E é consigo também. Por exemplo, quando nós éramos pequenos, no desvelo dela para conosco, ela às vezes fazia brinquedos para nós, ela passava às vezes até duas ou três horas da manhã pintando figurinhas de papel e coisas assim, com esmeros e com cuidados únicos. Mandou fazer num carpinteiro uma casa de bonecas para a Rosée, mas ─ toda mobiliada, toda imaginada por ela ─ mas com cuidados únicos de mobiliazinha comprada em casa de brinquedos, com estilo inteiramente afim, e cortininhas e isso, aquilo e aquilo outro, tudo imaginado por ela.

Mas essa exigência que jorrava afeto e era feita por doçura e para produzir doçura, aí ela sabia ser muito exigente. Eu continuo claro ou não?

Agora, ela custou muito para ver, eu tive que abrir muito os olhos dela para ver o papel…

(…)

Vejo que ela se desencantou e não elogiava mais e estava distante, por exemplo, quando chegou a vez dos Kenedys e Rosevelts, ela absolutamente não viu neles…

(…)

tinha os olhos abertos, mas não tinha a posição ofensiva, que ela tinha, por exemplo, para com a ofensiva, muito mais inocente que a Alemanha tinha feito contra a França, que era muito menos do que essa. Basta dizer que este veneno a França engoliu e o outro a França não tinha engolido, reagiu heroicamente, basta dizer isso.

* Como a Sra. Da. Lucilia via a relação entre a França e a Igreja. Seu horror ao protestantismo

Bem, agora, antes de chegar ao Brasil, vamos ver como é que ela via a relação França-Igreja. Eu tenho a impressão que esse problema nunca se pôs para ela com essa clareza, mas que a devoção dela ao Sagrado Coração de Jesus e o que havia entranhadamente católico nela, em toda a alma, você viu bem, completamente, entranhadamente católico, era porque ela sentia por conaturalidade o oceano superlativo e transcendente de tudo o que ela amava na França, ela sentia no Sagrado Coração de Jesus e ela sentia na Igreja Católica.

De onde uma afeição à Igreja Católica enorme, mas não era afeição… era afeição mais ou menos como de uma pessoa ao céu material, uma pessoa que foi educada naquelas minas subterrâneas de carvão, essa pessoa tem para com o céu uma admiração resultante em parte da privação, uma pessoa que nasceu como nós, olhando para o céu, tem uma admiração muito grande, mas que não resulta de privação e que tem por isso uma nota diferente, ela não imaginava como podia ser uma vida ou uma alma fora da Igreja Católica, é inconcebível.

Horror ao protestantismo ─ IO era tema que nem entrava no horizonte dela ─ mas ao protestantismo, que era a forma de heresia que ela via, um horror completo. Mas também é uma coisa que nem se pensa, está fora da cogitação, porque no Brasilão do tempo dela, havia umas três ou quatro gotas sujas de protestantismo em alguns lugares, era Mackenzie, então uma igrejinha protestante perto de uma casa, onde ela morou pelo lado do Jardim da Luz, eram umas coisinhas assim. Mas que não ocupavam quase nada. Mas ecumênica ela não era em nada, porque categoria… Assim como ela tinha corpo e alma, ela tinha fé, era um elemento integrante dela, não entra em discussão.

É a mesma coisa que perguntar se ela tinha algum pendor para o materialismo, é uma pergunta que não cabe, não cabe, não vale a pena perder tempo, assim seria ela, por exemplo, como protestantismo, é a mesma posição.

(…)

* O modo da Senhora Dona Lucilia ser brasileira e considerar o Brasil

Também essas coisas não se punham assim, se eu dissesse para ela, ela diria que era e se sentiria explicitada, mas essas almas que têm sobretudo conhecimento por conaturalidade, não são almas muito explicitadoras, elas comunicam por conaturalidade e aí comunicam muito, mas não comunicam por explicitação. Ela tem um filho muito mais verboso e muito mais comunicante por explicitação do que ela, ela…

Mas, por exemplo, o João viu o modo de ela falar, as inflexões de voz dela continham definições ─ parece um exagero, mas não é, é isso ─ continham definições e essas definições ela não saberia explicitar, mas estavam na natureza dela, iluminada pela graça, e ela transmitia tudo muito ordenadamente e era assim que ela era brasileira, da seguinte maneira:

Para ela o brasileiro ─ ela tinha uma certa razão no que ela dizia ─ para ela o brasileiro era o pai, era o padrão do brasileiro. Mas era também o padrão do homem justo, segundo Nosso Senhor Jesus Cristo, virtuoso e bom e… homem! Era uma confiança completa, e uma admiração completa, e um enlevo completo, total.

Agora, nesse homem ela ressaltava entretanto, mencionando aspectos dele muito varonis, apenas como moldura, ela lhe ressaltava essa bondade de alma, do que ela contava fatos insignes realmentes. Eu já contei os fatos, ela contava esses fatos insignes e ela ouvia sobretudo enquanto tal e percebia-se que ela achava que a nação brasileira toda era assim. Que ele era portanto um caso mais característico, um caso mais agudo de gente que havia aos borbotões no Brasil e que essa gente assim era desinteressada, então larga de vistas, era amena, era generosa e tinha um mecanismo de relações, inter-relações psicológicas colossal, aberto para todos os países do mundo, mais do que a França. Nesse pontinho ela tinha assim uma certa restrição com a França, ela achava a atitude da França em relação aos outros países um tanto mesquinho, um tanto ácida, e se acentuou muito depois na França, e era muito menos antes.

Bem, ela via assim de um modo vago um futuro enorme para o Brasil, um futuro meio misterioso, providencial e enorme, mas que se media igualmente pela homogeneidade da fé, pela imensidade do território, pelo misterioso das florestas, da mataria e dos rios, mas por essa forma de bondade que ela sentia aqui mais do que em qualquer outro país e que para ela era a grande qualidade humana e mesmo a grande qualidade religiosa.

Isso seria a explicação da psicologia dela, eu tenho a impressão de que também essa explicação é conforme inteiramente à moral católica e à doutrina católica vista nos seus ângulos amplos. É claro que um professorzinho de catecismo etc., poderia não entender isso, e nem se deve exigir isso dele, mas falando com gente mais culta e mais educada etc., etc., assim se deve ver.

Mas, então, daí vem Portugal. Portugal era uma espécie de tintura-mãe do Brasil que tinha isso como em sua nascente e que aqui se desenvolveu muito mais. Mas, então, um gosto por Portugal, proteção para Portugal etc., etc., mas era uma proteção um pouquinho sorridente, um pouquinho compassiva, tomando em consideração o enorme modelo da França, podia não ser. Como é meu Poli, você que representa a força bruta, o que é que diz disso?

(Sr. Poli: Estou encantado…)

E você que representa as Alterosas?

(Sr. Gonzalo L.: A temática continua…)

Não, eu fui até o fim da temática.

* O Senhor Doutor Plinio, no convívio, completava a mentalidade da Senhora Dona Lucilia

Bom, no que diz respeito a mim. Ela percebia muito que no carinho que eu tinha por ela havia uma imensidade de consonância nesse ponto. E desde pequeno eu fui muito assim com ela. Agora, nasci muito fraco, muito débil, e ela naturalmente fez esforços nem sei de que tamanho para tornar-me viável, depois para me dar saúde, homem, o que ela fez foi simplesmente colossal! Mas ela sentia a plenitude com que eu respondia isso a ela e ela se consentia completamente nesse ponto… [Vira a fita]

nem de uma dissonância, mas uma espécie de surpresa ante os meus lábios cruzados que desenvolviam necessariamente primeiro uma destruição de ídolos dela, ídolos domésticos e ídolos patrióticos etc., etc. Um deles, D. Pedro II, até o pai dela. Eu já contei isso aqui: como eu pisei em cima desses ídolos com toda a reverência devida a ela etc., e com cem milhões de carinhos, mas “pam, pam”, quebrei tudo isso. Assim como um vinhateiro faz com as uvas para depois sair o vinho, eu pisei tudo isso.

E depois, minhas atitudes polêmicas em relação a parentes que ela estava habituada a admirar ─ como vocês dizem em castelhano, uma palavra muito bonita, a encumbrar ─ e eu “pam, pam, pam-pam”, três petelecos, bofetadas etc. Não com irreverências arruaceiras, mas em nome da Fé e em nome do “tal enquanto tal”.

Ela gostava muito de eu sustentar, muito, muito, sobretudo a Religião propriamente, mas muito, mas mesmo o “tal enquanto tal” ela gostava muito de me ver sustentar. Mas ela achava que eu poderia fazer isso mais à maneira do pai dela, mais à maneira assim, compassada, acadêmica, douta do pai dela ao invés de ser “pá-pá-pá-pá”. E eu lá ia.

Mas eu achava que eu completava a alma dela habituando-a a isso e fazendo admirar isso, e tendia para a minha tese que eu nunca desenvolvi para ela: que as duas partes da alma humana eram a Alemanha e a França. Mas isso, não cheguei até lá, porque ela não ia, as brutalidades foram tais, realmente do outro mundo.

* As brutalidades feitas contra a Senhora Dona Lucilia por ocasião de sua viagem à Alemanha

Ela por exemplo, andando de cadeira de rodas, a gente que passava na rua e dava risadas, parava e dava risadas. Ela ficou sofrendo de uma coisa na locomoção em conseqüência da operação, durante muitos meses, para não ficar no hotel, tomava a cadeira de rodas e saía com a família, para ver o Reno, para ver isso, aquilo, fazia muito bem, e o pessoal: “Ahahaha, olha lá!” Ela via nisso uma dureza de alma, e realmente é.

(Sr. Poli: É uma barbaridade…)

Uma outra vez, eu contei já o caso da enfermeira.

(Sr. Gonzalo L.: caso dos miolos…)

É, já está contado, mas também uma outra atrocidade, uma coisa incrível, expondo a vida dela. É mais ou menos assim, eu me esqueci dos pormenores, com o tempo a gente vai esquecendo, mas era isso, no segundo dia da operação, ela devia, depois de líquidos, ela devia passar a comer sólidos e o Dr. Bier indicou que ela comesse miolos, mas ela não sabia que eram miolos, era uma sopa que tinha miolos, não é?

(Sr. J. Clá: O senhor já contou isso umas três ou quatro vezes, no dia seguinte da operação ela já podia tomar líquidos, então a enfermeira trouxe uma sopa para ela e a enfermeira não queria dizer, tinha que comer…)

É, é assim, tinha que comer, não pode saber o que é e tinha que comer. Por que é que não pode saber o que é? Agora, a irracionalidade da coisa chocava a ela. Ela perguntou com tão bons modos, por que é que não explicava? Ela era uma mãe de família, não era uma criança. Não tinha a obrigação de dizer? Tinha. Por que é que se impôs? O que ficava na cabeça dela era que era dureza e vontade de mandar, e não é tão diferente da realidade.

(Sr. Gonzalo L.: E eram miolos?)

Eram miolos.

(Sr. J. Clá: Ela comeu umas três ou quatro colheradas e quase morreu depois…)

Ela tinha alergia com miolos. Bom, no dia seguinte, veio o Bier, ela contou para o Bier, o Bier então chamou a enfermeira e passou um pito à la alemã, mas eu acho que ela também achou excessivo.

Agora, misturado com o Kaiser que queria invadir o território aqui e ainda outras coisas, ela ficava… nem sei… aí foi uma viagem infeliz, ela não soube ver a Alemanha, mas isso é um pormenor e está acabado.

(Sr. Gonzalo L.: Tem ainda a parte da realeza.)

Bem, eu acho que nisso está, vamos dizer, por exemplo: Luís XVI e Maria Antonieta, ela tinha muita pena e toda espécie de solidariedade, mas ela via muito nas monarquias e nas aristocracias o lado rafiné, o lado amável, o lado bondade, o lado bondoso e o lado cortês. E no pessoal do “Terror”, ela via o lado marmiteiro, bruto, sangüinário, estúpido etc. Era mais uma vez a ferocidade humana nascendo em outro aspecto, mais execrável ainda, o aspecto igualitário e marmiteiro etc.

Então, horror a eles que quebraram aquele antigo regime no qual ela não via um regime de opressão, mas via um regime, pelo contrário, de douceur de vivre, de requinte. E tinha toda razão, estava muito bem formulado, se compreende bem.

Por exemplo, o gosto dela de ver que eu tinha gostado de Versalles e como ela gostava de contar. Eu não sei como ela não te contou este caso e as carruagens etc., etc. Mas, não é por mundanismo, para dizer que ela tinha um filho de bom gosto, não. Porque gostava de Versalles. Por ela, ela reformaria o mundo de maneira que esta riqueza voltaria ao mundo.

* Os problemas de convívio dentro da TFP não existiriam se nos abríssemos a essa forma de bondade da Senhora Dona Lucilia

E, isso não tem dúvida nenhuma de que se encontra marcantemente na TFP. Se não se encontra mais é porque, por nossas falhas, mas se encontra marcantemente na TFP e que a TFP seria muito mais ela própria se fosse marcantemente assim.

Quer dizer, nós temos uns para com os outros, friezas, reservas, emulações e ausências de perdão, coisas que nós nos fazemos e que nós não fazemos, nós nos endurecemos contra isso e isso torna o nosso convívio, um convívio que não é o que deveria ser. Eu vou dizer mais, a “sabuguice” é em parte causa e em parte efeito disso, não se pode negar. E tem uma certa relação com o fato de que no próprio trato está muito menos distante desse ideal dela quando eu trato com pessoas individualmente, ou quando eu trato assim com elas em grupos pequenos, do que quando eu estou no nosso mare magnum, porque o nosso mare magnum que fica diretamente em frente de mim na Reunião de Recortes, não digo cada um, mas o grosso, tão recalcitrante e endurecido com isto, que se eu não deitar uma autoridade firme, aquilo vai água abaixo, não tem conversa.

Quer dizer, é essa mesma nossa dureza mútua que me obriga a ser entre nós, como eu não sou por exemplo, com os “enjolras”. O João me tem visto tratar com eremitas do São Bento e Praesto Sum, hoje à noite, por exemplo, eu não poderia ser mais aberto, mais afetuoso, mais condescendente, porque não era necessário, mas outros dentre nós ou a coisa é assim, ou a coisa explode.

Então se projeta sobre o nosso setor da TFP uma sombra que passaria se isto não fosse, fosse mais aberto entre nós.

(Sr. Poli: Agora isso o que é que é?)

Essa forma de bondade, que… como ela via a bondade, porque se você prestar atenção, toda ação dela sobre as almas é tratá-las com essa bondade, com o fito de que se tornem assim boas entre si. Porque você analisando o efeito dela sobre as almas, as graças que ela obtém e o efeito dessa presença espiritual dela sobre nós é continuamente nessa direção, é continuamente, não há um minuto que não tenha isto que é, por assim dizer, a mensagem dela e que explica a presença dela dentro da TFP.

* O Senhor Doutor Plinio relembra com o Sr. João o modo da Senhora Dona Lucilia conversar

Explica também por que é que a casa representa tanto, aliás, entre parêntesis, está sem o tapete, porque eu mandei lavar o tapete, essa é uma explicação que ela não deixaria de dar.

Depois era uma explicação: “O tapete numa cidade assim, precisa de vez em quando lavar…”

(Sr. J. Clá: Era uma explicação mítica, meio vindo do Paraíso Terrestre…)

É isso, é tal qual, é isso. E depois o homem que conserta tapete é muito competente, aliás é um chefe de família e fez isso, não sei o quê, e que vai dar um tapete muito bom, mas que leva tempo, então a gente tem que ter uma condescendência etc. Mas tudo isso eram lições vivas desse estado de alma, de maneira que é impossível que você não tenha ouvido conversas dela assim e não tenha saído mais adoçado.

(Sr. J. Clá: Descreve um pouco como eram os contatos com a Senhora Dona Lucilia…)

Isso, é tal qual, a descrição colhida em gravador não podia ser mais fiel, é isso.

Agora, comentário de Rosée e das irmãs dela, nem sei se vocês querem saber, é que ela dizia demais pormenores sobre as coisas que não vinham a propósito porque hoje em dia se abrevia muito os assuntos. Bom, naturalmente notavam um paredão em mim e percebiam que…

(…)

O resultado é que, Há quantos anos ela morreu?

(Sr. Fernando Antúnez: 18 anos.)

Há 18 anos, eu que tenho atravessado tanta coisa, ainda não ousei olhar, nem tocar a coleção de xales que ela deixou, eu não sei por que os xales dela me falam de toda a alma dela e tudo o mais, muito mais do que qualquer objeto que ela tenha deixado e eu não pude nem ver esses xales ainda até agora, ficaria um leão se soubesse, por exemplo, não sei… que o Amadeu não cuidou dos xales ou qualquer coisa, eu sei que ele cuida, mas não tenho coragem de ver, mas de ver, eu não tenho coragem.

O xale do São Bento, mas é porque não está na coleção, se tivesse na coleção eu não tinha coragem, que posso fazer…

Bem meus caros, lamentavelmente eu preciso ver que horas são. Que horas são? Três horas, não é?

Respondi ou não respondi a pergunta meu filho?

(…)

Aí é preciso dizer o seguinte: Ela atrai para que, a gente fica pasmo, e que muda, ao menos em alguns pontos muda.

(Sr. Gonzalo L.: Agora, tem mais um assunto…)

Bom, se você quer enunciar agora pode ser, se puder tratar uma palavra está bem, do contrário tratamos no próximo sábado.

(Sr. Gonzalo L.: Se no Céu, Nosso Senhor e Nossa Senhora dão a ela uma soberania própria e que ela exerce isto…)

À maneira dos anjos da guarda. Isso sim, vocês podem preparar as perguntas e perguntar da outra vez, com muito gosto.

(…)

certas coisas que nós estamos um pouco impregnados pela idéia revolucionária de que a grandeza é o contrário da bondade e contrário de tudo isso. Eu tenho a impressão de que isto entra valentemente em cena. Ou estou enganado? Ou então que a repressão violenta ao mal é maldade. Essas coisas revolucionárias desse gênero. Eu tenho a impressão de que há disso entre nós, hein.

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