Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) – 11/2/1984 [AC VII ‑ 84/02.21] – p. 10 de 10

Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 11/2/1984 [AC VII ‑ 84/02.21]

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O interesse ecumênico de se acabar gradualmente a devoção a Nossa Senhora e da crença de que há uma única religião verdadeira * Na Espanha, pecados nefandos de impureza apresentados para o público espanhol, através da televisão e por meio de uma publicação de uma editora “Católica” — No mundo inteiro, praticamente, só o Sr. Dr. Plinio e seus filhos são chamados a lutar contra isso * Apesar de ser pequeno o número dos bons que lutam contra milhões de pessoas más, a certeza da vitória está garantida pela imortalidade da Igreja * Durante a Bagarre, nosso Pai e Fundador crê que nem de longe a guerra será o principal fator de morticínio — A impenitência final poderá ser o destino de muitas almas durante os morticínios da Bagarre * As subtilezas com que o demônio tentava as pessoas inocentes à qual ele queria fazer cair, e a maneira bruta, porca e direta das tentações que o demônio sugere às pessoas hoje em dia * O autêntico graça nova é um homem que, levado pela rejeição do progressismo, está disposto até a sacrifícios — Um traço que não ilude: “A graça existe onde existe aceitação do sacrifício” * Nossa Senhora sempre tratou nosso Pai e Fundador como pobre, levando-o com os recursos estritamente necessários para ir agüentando as situações, mas de vez em quando dando coisas esplêndidas pelo meio

* O interesse ecumênico de se acabar gradualmente a devoção a Nossa Senhora e da crença de que há uma única religião verdadeira

você alguma vez na sua vida tomou… como é que chama esse negócio que tomei hoje?

(Sr. –: Polaramini.)

Polaramini!

(Sr. –: Não.)

É um remédio contra alergia, mas é uma devastação inaudita, uma coisa fantástica. Eu até agora estou com sono do remédio que tomei ontem. Distensão agradabilíssima.

(Sr. Guerreiro: O remédio além de atender uma necessidade de momento, atende uma de fundo.)

Mas não foi bom, porque tive trabalho em penca, hoje durante o dia: despachinho e… homem! uma pilha de coisas! trabalhamos muito! Mas foi um sábado bom, e cogitemos de outra coisa.

O que é que contam? O que é que falam? O que é que ponderam, ou perguntam?

(Dr. Edwaldo: […] D. Klopenburg foi assessor no Concílio, por volta de 1963, ele disse: “Este é o último ano em que se celebra a festa de Nossa Senhora de Lourdes”. E se apagou mesmo, porque não se fala mais.)

Que miserável! Lourdes não existe mais, não se fala mais de Lourdes! Acabou o caso Lourdes!

(Dr. Edwaldo: Foi uma coisa resolvida.)

E executada. Tremendo!

(Sr. Poli: Qual o desígnio nisto?)

É acabar gradualmente com a devoção a Nossa Senhora. Sobretudo tem o seguinte: é que a religião do demônio — a religião do futuro — não acredita nem na verdade nem no erro, nem no bem nem no mau, enquanto distintos um do outro. Agora, a idéia de um milagre que dá a você a prova de [que] tal religião é verdadeira, é uma coisa que importa em dizer que as outras são erradas. E entra naquele sistema das religiões verdadeiras, ou que se dizem todas verdadeiras por oposição a todas as outras que acusam de falsas. Quer dizer, cada religião diz das outras que é falsa e diz de si mesma que é verdadeira. É o teor antiecumênico das relações anteriores. O milagre está dentro dessa linha. É claro que eles vão querer extinguir a crença no milagre.

(Dr. Edwaldo: […] A declaração dele agora certifica a conspiração, porque deixou‑se de falar de cima abaixo.)

E você não vê nem sequer os bons fazerem alguma coisa. Vamos dizer, por exemplo, se o movimento dos padres tradicionalistas fôsse dirigido por nós, em tôdas as igrejas deles hoje haveria festa de Nossa Senhora de Lourdes muito vibrante. Primeiro, porque Nossa Senhora merece, mas em segundo lugar para fazer contra o que eles querem. Pois nós não estamos lutando contra eles? Nós faríamos isso. Mas eles não fazem. Não querem.

* Na Espanha, pecados nefandos de impureza apresentados para o público espanhol, através da televisão e por meio de uma publicação de uma editora “Católica” — No mundo inteiro, praticamente, só o Sr. Dr. Plinio e seus filhos são chamados a lutar contra isso

O João mandou um grafonema da Espanha contando o seguinte: na televisão de lá — lá tem uma só televisão, que é a televisão do Estado, naturalmente —, como você pode imaginar — a Espanha inteira assiste — foi apresentado numa hora em que as famílias tôdas estão assistindo — tais horários nobres com certeza —, um meninozinho que faz a masturbação completa em presença dos pais, da família tôda reunida.

Não houve protesto nenhum da Espanha inteira. Inclusive da Estrutura.

Quando uma coisa dessas se passa e não tem protesto… Porque o mais grave não é o meninozinho sem-vergonha e bôbo, tomado na televisão com o pai, a mãe, etc., sem-vergonhas — ou talvez ator e atriz, nem se sabe — e que fizeram isso. A questão é uma nação inteira, e logo a Espanha, não ter protesto contra isso.

(Sr. Poli: Dá vergonha de pertencer ao gênero humano.)

É, dá vergonha de pertencer ao gênero humano.

Um livro que foi publicado por uma grande editora Católica espanhola que sustenta — são dessas coisas que nós nunca conversaríamos entre nós em dezenas de anos de convívio — que o ato sexual praticado com o concurso da bôca não tem nada contra a moral.

Então, um do Grupo que viu isso, provavelmente tem o livro, encontrou um padrezinho muito bem arranjadinho, muito direitinho na rua. Apresenta para ele: “Padre, olha aqui, o que é que é isso?”. Diz o padre: “Não, não podemos fazer nada, porque se fizermos campanha contra isso, divulgamos esse texto do livro. De maneira que o único recurso que nós temos contra isso é ficarmos no silêncio”.

(Sr. Guerreiro: Um livro com apoio da Estrutura, do clero?)

É oficial. Vendido numa livraria Católica, com apoio do clero, e um livro de muita saída. Não posso garantir que seja um best‑seller, mas é um livro de categoria.

Essas são coisas que… que… No meu tempo de môço, quando se queria dizer de alguém que tinha ido ao último extremo da cachorrada, eu ouvia — porque não diziam para mim — que tinha feito isto. Mas isto os depravados censuravam como extremo da depravação. E tinham razão, é uma coisa evidente!

Isso é apresentado, “como ato não pecaminoso”.

Não tem palavras, não tem palavras! A gente fica sem ter o que dizer.

(Dr. Edwaldo: Aquele catecismo espanhol do padre Cortez, o anjo aparece como homossexual.)

Não tem palavras!

À vista disso — nós temos tratado disso no MNF —, vai ficando patente, cada vez mais patente, quem nós somos. Porque nós somos os incumbidos de lutar contra isso. Mas só nós, práticamente, no mundo inteiro.

Ou então, esses séculos que nos precederam foram séculos não de ilusão, é uma coisa muito pior, foram séculos de malefício. Então, a Igreja induziu em êrro a humanidade, arrancou da humanidade abstenções e atos de sacrifícios inúteis. Atormentou, portanto, os bons e canalizou os cretinos que acreditaram na chanchada dela. Quer dizer, se acha isso da Igreja.

Ou a Igreja é a Igreja imortal, santa, eterna, de Deus, verdadeira, etc., Ela ensinou, tudo bem.

Mas, então, não há mais ninguém. Porque eu não posso acreditar que um padrezinho que diga que não pode reagir contra isso — porque vai provocar a propaganda —, que esse padrezinho pertença à Igreja. Alguém dirá: “Mas isso não é dogma”. Mas não tem mais Fé! Um homem que não sente contra isso uma indignação, em função da qual ele compreenda que a única saida é o protesto debandado, esse homem não tem mais Fé.

Agora, é uma coisa muito animadora e muito bonita desse lado: percebamos ou não percebamos, o milagre vem de encontro a nós. Porque, numa situação dessa, nós só podemos subsistir e vencer em função de um milagre. E é bem evidente que o milagre vem de encontro a nós.

Por mais deprimente que seja essa hora atual, o que será a alegria da hora do milagre é uma coisa indizível. Maior do que isso é só a entrada no Céu. Não há alegria maior do que essa.

Isso, por seu lado, deve animar‑mos muito. Quer dizer, a hora, não é uma hora de desanimo, é uma hora, pelo contrário, de…

* Apesar de ser pequeno o número dos bons que lutam contra milhões de pessoas más, a certeza da vitória está garantida pela imortalidade da Igreja

Você imagine, por exemplo, dez guerreiros… melhor, vamos tomar o número dos da TFP. Eu não acredito que o número dos da TFP chegue até mil, mas imaginemos mil que estão lutando contra a humanidade inteira. E uma luta duríssima!

Mas eles sabem, que se eles travarem essa luta duríssima, eles vencem mesmo! Porque eles estão lutando com as cartas marcadas. Quando mais dura a luta, mais há razão para se animarem, porque se eles estão com a cartas marcadas, eles têm a certeza de que eles vencerão.

(Sr. Poli: Desde que sigam as marcas das cartas.)

Sim, quem seguir vencerá. Se um ou outro não seguir as marcas da carta, é derrota dele, porque quis. Ele fez o papel de um homem que viaja num avião muito seguro, para um lugar, etc., abriu a porta, se jogou. Ele quis. Mas se ele tivesse respeitado as regras do vôo, ele teria descido no aeroporto indicado.

Essas cartas marcadas nossas, — isso — é uma coisa inestimável, essa certeza. E essa certeza dá até uma espécie de alegria dentro do auge da tragédia.

Não é uma alegria assim: eu não preferiria que a humanidade estivesse assim, para nossa vitória ser maior. Não. Eu preferiria que ela estivesse muito melhor, que nossa glória fôsse muito menor, mas que o maior número de almas se salvasse.

Mas uma vez que tantas e tantas almas se perdem, e tantas vão correndo atrás da perdição, eu não posso deixar de tirar uma razão de alegria para mim, pensando nisso.

(Sr. Fiuza: Sem essa certeza, o panorama acabaria conosco.)

Acabaria comigo. Se eu não tivesse a certeza de que a Igreja não pode acabar, eu começaria por questionar se Ela já não acabou. A primeira coisa que eu questionaria. Vocês todos questionariam.

Pelo menos ficariam muito na dúvida, se acabou ou não. A certeza de vocês, de que a Igreja não acabou, está na promessa do Evangelho, que não acabaria.

(Dr. Edwaldo: Nossa certeza está garantida no senhor.)

Depois tem certas coisas que a gente vê que a Providência permite, Ela permite para finalidade nossa…

(…)

* Durante a Bagarre, nosso Pai e Fundador crê que nem de longe a guerra será o principal fator de morticínio — A impenitência final poderá ser o destino de muitas almas durante os morticínios da Bagarre

é uma coisa completamente repentina, e que todos quedaran desplomados, de repente. Como é? Não sei!

Eu sou propenso a achar que é um despovoamento da Terra prodigioso. Morrem, naturalmente, com guerras, etc., mas o essencial é o despovoamento da Terra. Morre mais gente do que uma guerra poderia matar. Eu imagino que a guerra não é nem de longe o principal fator de morticínio nisso. Haverá uma guerra.

(Sr. Guerreiro: Uma maldição, as pessoas começam a morrer.)

Epidemias, catástrofes, fogo que cai do Céu, e coisas assim, as pessoas começam a morrer. E acho mais, que morrem impenitente, não se arrependem.

(Sr. Poli: Arrepender‑se é reconhecer quem tem que reconhecer.)

Não vão reconhecer.

Depois outra coisa, você se imagine não pertencendo ao Grupo e, de repente, começa a morrer gente de todo lado. Então, você está com medo de ir para o Inferno, só, e sabe que você não escapará se não tiver uma absolvição. Você, então, se pergunta onde obter essa absolvição. E você vai — como você está aqui — aos padres de Santa Terezinha, ou do Coração de Maria, ou do São Luís.

Você fica tranqüilo sobre essa absolvição que você recebeu? Resultado: você não sabe por onde é que você vai. Qual é a solução de tudo isso?

(Dr. Edwaldo: O arrependimento supõe que se a pessoa pudesse voltar atrás, mudaria completamente.)

Realmente, para ser uma contrição, teria que ser que o indivíduo odiasse tanto o que ele fez, que ele levaria uma vida oposta a que ele levou. Isso que é o arrependimento.

(Dr. Edwaldo: E nenhum padre vai dizer que isso é pecado.)

Nada. Depois o sujeito nem acredita que o padre esteja acreditando na absolvição que dá, que tenha intenção interior. Porque não basta a fórmula externa, ele precisa ter intenção interior.

É qualquer coisa, a qualquer hora, de qualquer jeito, por cima de qualquer pessoa.

Mas e o nosso pergunteiro mor, o que é que pergunta?

(Sr. Guerreiro: Estou acompanhando, é um tema tão próprio.)

Eu não excluo a hipótese, por exemplo, de que depois de um dia normal como hoje, hoje à noite à certa hora comece a coisa toda a se desencadear. Não vou dormir com esperança gagá de que talvez se desencadeie, porque não é sensato. Mas não excluo essa hipótese, se começar a acontecer, eu não tenho o mínimo direito de ter espanto.

(Sr. Fiuza: Não seria surpresa para o senhor.)

Nenhuma, “já começou, está bem”. E nós nem sabemos o que faríamos nessa ocasião.

Vamos dizer, você diria: “Venho de automóvel a São Paulo”.

O que é que é isso?

(Dr. Edwaldo: Mesmo os mais pertos do senhor, podem se ver num isolamento total.)

Pode. Você que está ali embaixo, vocês que estão na escuderia embaixo, podem não poder subir, tão… Estão no mesmo prédio que eu. Ninguém sabe nada.

Depois as coisas são tão doidas, tão malucas, por todo lado e de todo jeito, que desisto de entende‑las, simplesmente.

* A idéia que a Revolução quer incutir que não existe verdade nem erro, nem bem nem mal, insinuada na visita oficial de Mitterrand e sua esposa ao Príncipe Rainier de Mônaco

Agora, por exemplo, estava folheando uma revista que minha irmã me mandou, larga reportagem. Do quê? O palácio do principado de Mônaco, o Rainier, aquela filha que se casou com um ator, com uma porcaria qualquer, e uma irmã dele — já velha, portanto — que se casou pela segunda ou terceira vez — não é casamento — no civil, com um tipo qualquer também. Outras pessoas assim, recebendo — oficialmente — o Mitterrand e a Madame Mitterrand, que foram visitá‑lo.

Quer dizer, um comunista vai visitar um príncipe.

E é recebido com banquete, oferecido na sala do trono. E os dois são fotografados debaixo de um quadro monumental do Príncipe Carlos III, que reinava em fins do século passado em Mônaco, com todo aparato monárquico. E o Príncipe Rainier recebendo um presidente comunista.

Eles sabem perfeitamente, um e outro. Eles sabem tudo! E eu não duvido muito que o príncipe e todos esses, sejam comunistas também. Estão alí debaixo daquele aparato monárquico por causa de uma última conveniência, que eu não sei quanto tempo demora.

Por exemplo, você teria surpresa da notícia que amanhã houvesse um atentado [em] Mônaco:

Acabaram com a família principesca, proclamaram a república, foi incorporada à França sob o nome do tantésimo departamento”. Pronto. Nem se comenta quase.

Os bens da família foram confiscados, incorporados ao erário público, Mitterrand nomeou o chefe do partido comunista de Mônaco governador daquele departamento”. Está tudo acabado.

(Sr. Fiuza: […] Aquilo que o senhor disse da religião do demônio, ficam algumas monarquias para estarem misturadas com os comunista para deteriorar mais ainda.)

Isso. Para a idéia de que os últimos monarcas foram comunistas também, mas não foram tanto comunistas quanto homens que entenderam que chegou a era do comunismo, que é a verdade nova, que não é o contrário da verdade antiga, mas nasce como uma filha da verdade antiga. E que assim vai a sucessão das doutrinas.

Está uma fotografia do Gromiko, sentado num sofá — sofá muito cômodo, muito bem arranjado, muito bom — com o rei da Suécia.

E o Gromiko com uma cara de quem está achando o conforto do palácio real da Suécia delicioso. Ele está com uma cara assim de bem-aventurança. E o rei da Suécia olhando para ele muito aprazivelmente.

Não são nem verdade nem erro, nem bem nem mal.

É assim, é tudo a mesma coisa.

E o difícil será nós nos preservarmos desse espírito. Isso eu temo, porque infelizmente, sobre nós a Opinião Pública tem peso. Não devia ser, mas tem. E começa‑se a se formar o subconsciente nessa direção. Aí Nossa Senhora saberá, cabe a Ela dar o último arremate na situação.

* As subtilezas com que o demônio tentava as pessoas inocentes à qual ele queria fazer cair, e a maneira bruta, porca e direta das tentações que o demônio sugere às pessoas hoje em dia

(Sr. Guerreiro: […] Lendo uma professora de literatura alemã, ela comenta o apreço que obras da Idade Média, literatura, estão tendo na Europa. E ela cita os clássicos do período da decadência da Idade Média, em especial “Tristão e Isolda”, fazendo notar que o romance dele era moralmente aceitável, mas que havia um quebranto qualquer por onde tinha algo de inocente…)

Estou procurando me lembrar do enredo e não me lembro, qual foi o enredo dessa história?

(Sr. Guerreiro: […] Um dos dois era casado, donde a relação entre eles pecaminosa. Mas eles tomam um líquido, um licor meio mágico, por onde os eximia de culpa. Vê‑se que por aí a Idade Média caiu, querendo a coexistência do bem e do mal. Exatamente o que ocorre hoje em alto grau. Qual é o mistério disso, por que esse quebranto?)

Tanto quanto eu possa ver — não pretendo dizer que seja só isso, que seja tudo isso —, mas há um estado de espírito que eu tenho impressão que entra exatamente a picada do demônio aí, um estado de espírito assim:

Você toma uma pessoa muito inocente, ela é tentada para um determinado pecado, que tanto pode ser o pecado de impureza quanto poderia ser o pecado do roubo ou qualquer pecado, em rigor em rigor em rigor, até o do assassinato. E a pessoa sente uma propensão maluca para aquilo.

Na primeira fase da tentação, ela percebe que se ela cometer aquele ato, aquela pureza que ela sente diante de si se fratura. E algo que ela tem em comum com Deus, por aquela pureza, desaparece. E que ela estabelece algo de comum com o demônio, por causa disso.

Isso fica claro.

Há momentos da tentação em que a pessoa tem uma impressão diferente, que aquela pureza que ela tem é resultante de razões tão mais altas — embora ela não saiba definir —, tão mais altas do que as simples razões que a defendem do pecado, que se ela cometer aquele pecado ela não perde essa pureza, que fica pairando no ar como uma coisa absolutamente superior.

E que, portanto, o pecado não é aquela ruptura com Deus, que parece à primeira vista. E que a pessoa pode pecar conservando aquela pureza.

Isto, a meu ver, seria o que você disse.

Eu não sei se vocês chegam a imaginar esse estado de espírito ou não. Ou é muito complicado.

Eu posso dizer, que no tempo de minhas tentações de mocinho e de moço — muito mais de mocinho, de moço não —, algumas vezes a tentação se apresentou assim. Quer dizer: “Faça, porque o que você traz consigo de pureza, subsistirá. É algo de comum — eu não tinha idéia que fosse de comum com Deus —, é algo de celeste, é algo de magnífico que há em você, que continuará. Tanto é que você se imagine nesse estado, você verá que isso não cessa. Peque, portanto, à vontade, que esse dote interior que você carrega não se esvairá”.

E a defesa única contra isso é: “O Mandamento manda outra coisa, e não se viola os Mandamentos!”. Não há outra defesa.

Foi mandado assim e você não viole, o resto é mentira do demônio. Não se viola os Mandamentos”.

(Dr. Edwaldo: A coisa posta assim tem algo de gnóstico.)

Evidente que é gnóstico. Mas a pessoa não se dá conta, eu não me dava conta que era tentação gnóstica, mas caia para a gnose logo depois.

Agora, resta saber se as pessoas hoje são tentadas com essas subtilezas. Eu acho que vai direto. Isso é nas origens, ainda é tentação de gente boa. Hoje é tentação de porco! Não entra nada dessas cogitações.

(Sr. Poli: O que o senhor citou na televisão por exemplo.)

É, é. E o livro. É tentação de porco, “seja um porco”, de uma vez, “entregue‑se!”.

* O autêntico graça nova é um homem que, levado pela rejeição do progressismo, está disposto até a sacrifícios — Um traço que não ilude: “A graça existe onde existe aceitação do sacrifício”

(Sr. Guerreiro: […] A complexidade da alma humana. Por exemplo, pessoas com as quais conversamos, que ficam tocadas quando se fala de episódios da vida de Nosso Senhor, de Nossa Senhora, etc., e depois, ligam a televisão e assistem tudo, sem problema! Se meia hora depois entrarmos, com tato, podemos levantar uma conversa muito boa. Mas, no fim de semana esse pessoal miúdo vai todo para Santos… leva a medalha milagrosa, até comenta: “Ela não estraga com o banho de mar”… Ora, esse é um gênero de gente que não é exceção, há até um número apreciável de pessoas assim. Como é que isso é possível?)

Não é mais possível. O que você vai ver, no fundo dessa cabeça, é o seguinte: ela perdeu toda noção de contradição, de valor, de qualquer coisa, em benefício do puro interesse dela. Mero interesse.

Isso produziu nela uma espécie de emburrecimento, mas é uma coisa pior do que o emburrecimento, é uma espécie de amputação das faculdades mentais, por onde ela faz perguntas de um imbecil que ela não é. Mas ela está imbecilizada, e qualquer procedimento lógico comum fica inteiramente inútil com uma pessoa assim. E portanto, também qualquer tentativa religiosa.

(Sr. Guerreiro: Mas essas pessoas gostam do terço que rezamos, é um pessoal até meio sensível a nós. Não são as pessoas melhores.)

Mas isto é preciso distinguir de graça nova, é parecido com graça nova e é preciso distinguir, porque isso é gente que, ao contrário do autêntico graça nova… O autêntico graça nova é um homem que, levado pela rejeição do progressismo, etc., está disposto até a sacrifícios. Esse tipo de gente não está disposto a sacrifício nenhum.

E onde não há uma atração tal por um ideal, que a pessoa fica ávida de sacrifício para realizar o ideal, ali você não encontra verdadeiramente graça. A graça existe onde existe aceitação do sacrifício. Fora disso não tem graça.

É uma coisa curiosa, mas você toma no Grupo, por exemplo, o sujeito que está novo e com a vocação em flor, ele tem uma apetência de batalhar, de expor a vida, de ser ferido, de acontecer qualquer coisa pela causa. Quando há defecção, ele está dominado pelo pseudo bom senso, tem horror a qualquer forma de sacrifício, mas quer continuar com a causa.

Esse abandonou o que tem de mais suculento, é a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deixou de ser um amigo da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. É um traço que não ilude.

Você me dirá: “Mas essa senhora, a força de rezar o terço, etc…”.

Não se iluda! Pode ser que a força de rezar o terço ela mude de mentalidade. Nossa Senhora pode conceder isso a ela, excepcionalmente. Mas enquanto ela não tiver avidez de sofrimento, ela não… — pelo menos de algum sofrimento — a graça nova não começou verdadeiramente a bater nas portas dela. Como nas nossas também não. É preciso ter essa avidez de sofrimento. Tira isso, a coisa decai!

E o que você encontra nessa gente toda, é um horror ao sofrimento, mas um horror superlativo, como nunca houve. Uma coisa fantástica. Isso é o que você encontra.

(Sr. Guerreiro: […] Esse milagre que o senhor falou, o morticínio, etc., inclui parte dos que seguem o senhor a apetência da cruz.)

É o Grand‑Retour.

Aliás, nós estávamos outro dia conversando sobre isso no MNF…

(…)

de repente. É um verdadeiro golpe de teatro, a oposição entre as duas cenas. Mas pouco depois ainda, a morte do meu primo, naquelas condições trágicas, que eram uma visível…

(…)

e as glórias se entrecruzam aqui.

* Nossa Senhora sempre tratou nosso Pai e Fundador como pobre, levando-o com os recursos estritamente necessários para ir agüentando as situações, mas de vez em quando dando coisas esplêndidas pelo meio

Mas a graça de Genazzano foi uma felicidade interior que superou de muito a provação da doença.

Depois veio o Estrondo.

Agora, levar nove anos para eu saber, como soube outro dia de um modo inteiramente fortuito, o que teria sido a minha alegria: é que, o dia do Desastre, é o dia do bem-aventurado Stefano Bellesini, o grande devoto de Nossa Senhora de Genazzano. Quer dizer, aquilo que parecia inteiramente fortuito para mim, Ela indicava com a ponta do dedo que era designado por Ela. Mas levou nove anos!

Dentro disso o inesperado, começar a andar. É uma outra coisa que também não se explica.

São coisas muito espetaculares dentro do processo.

Depois também uma coisa a que eu dou muito valor, é aquela espécie de configuração do Céu no dia em que eu vou para a fazenda escrever a Mensagem, e tudo que se seguiu à Mensagem.

Quer dizer, há muito espetacular dentro disso.

E há o fato, de que eu sempre achei, que o Grand‑Retour se daria à maneira de um grande milagre sensível, fora do processo. [Vira a fita]

Eu ia fazer o comentário de que, portanto, não espantava que esse milagre se desse de repente e de modo magnífico.

Porque, o que a gente vê é o seguinte: Nossa Senhora, nesse processo, me tratou sempre como pobre, me levando com os recursos estritamente necessários para eu ir agüentando a situação. Mas de vez em quando dava coisas esplêndidas pelo meio.

Ao longo de toda uma vida de pobreza que pudesse vir de um grande milagre, magnífico, como seria esse de que estou falando, era cabível.

O que tem é o seguinte…

(…)

cobrarem. Quem sabe se para o sábado que vem, dá tempo para a gente ainda bati-bolar mais um pouco isso, pensem um pouco, etc… O melhor de uma reunião é quando ela deixa matéria para a gente pensar.

E, se me permitirem, vamos andando!

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