Conversa de Sábado à Noite ─ 16/4/83 ─ Sábado – p. 7 de 7

Conversa de Sábado à Noite ─ 16/4/83 ─ Sábado

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Para alguns, o Reino de Maria se afigura como sendo um reino onde se praticaria a virtude, mas onde não haverá sofrimento * O verdadeiro sofrimento é aquele que nós não sabemos se teremos ou não força para agüentá-lo; sem este, algo de bom se atrofia em nossa alma * Uma tentação pela qual passou o Sr. Dr. Plinio ao ver a pseudo-felicidade dos mais ricos que freqüentavam o Clube São Paulo * Discernindo a ilusão que os vizinhos das casas operárias tinham para com ele, o Sr. Dr. Plinio compreendeu que este fenômeno era universal * A felicidade do Reino de Maria será uma forma de bem-estar e de alegria do homem que sofreu até o fim; a felicidade conviverá com a cruz

Então, sedeatis. Quem é o pergunteiro? Meu Marcos, é você o pergunteiro?

(Sr. Marcos Ribeiro Dantas: Representante dos pergunteiros. Hora da Contra-Revolução retumbante. Dia da causa dominar o mundo. Devemos ser outros Senhor Doutor Plinio, aspecto fundamental que precisaria ser apontado.)

É de primeiríssima evidência.

(Sr. Marcos Ribeiro Dantas: Estender uma passarela, como disse o [Sr.] Guerreiro, sobre isto.)

Diga lá meu Guerreiro, é a sua passarela?

(Sr. Marcos Ribeiro Dantas: Ele sugeriu que o senhor fizesse a passarela.)

Ah! Ele sugeriu que eu fizesse a passarela, sei.

É uma coisa muito complicada, muito longa, mas também muito importante, que é a seguinte.

* Para alguns, o Reino de Maria se afigura como sendo um reino onde se praticaria a virtude, mas onde não haverá sofrimento

Há uma alternativa “dor-ventura”, “dor-felicidade”, que nós todos, a começar por mim, quer dizer, já no meu tempo encontrei isso estabelecido, mas como um cedro do Líbano ─ mas eu estou imaginando um cedro malfazejo cujas raízes chegam até o sopé da montanha, minam a montanha por dentro e chegam até o sopé da montanha ─ assim eu encontrei isto estabelecido. É uma alternativa posta assim.

O homem que faz as coisas agradáveis, e entre essas coisas agradáveis estão as coisas que ele deseja que sucedam, e não sucederem as coisas que ele não deseja que sucedam, está entre o agradável, é evidente. Este homem é um homem feliz. Essa é a definição de homem feliz. Porque a posse das coisas agradáveis e o desenrolar das coisas agradáveis constitui felicidade.

Bem, agora portanto o homem infeliz, é aquele homem a quem não acontece isto, e então vem todo o resto das coisas.

Bem, então o verdadeiro católico se daria por muito feliz se ele pudesse, ao mesmo tempo, cumprir os mandamentos e lhe acontecerem todas as coisas agradáveis e possuir todas as coisas agradáveis. E para alguns o Reino de Maria se afigura como sendo esta situação, quer dizer, todos ficaremos sócios remidos da Igreja Católica, o sofrimento fica jogado para trás, não temos mais nada que pagar, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo será apenas sob a forma de condecoração. E o sofrimento sairá da nossa vida. E com isto nós teremos conseguido a felicidade na terra, dentro da virtude, como tanto nós desejamos.

Fica soto vocce, assim em 2ª voz, que isso é até tão gostoso, que se nós não morrêssemos e tivéssemos isto eternamente já estava bom. Valeria a pena não transpor os umbrais sinistros da morte e não mergulhar nas trevas da sepultura, e fica assim com esse arranjinho eternamente, desde que não viesse nada para prejudicar, nem sequer as sombras da velhice, mas que nós ficássemos sempre os mesmos, sempre os mesmos, sempre os mesmos, olha, estava arranjado.

Eu tenho a impressão de que se houvesse uma pessoa que prometesse isso, não para toda a eternidade, não, mas só para mil anos, os beneficiados por este dom, dançariam na praça pública de alegres. A dança mais frenética que houve em todos os séculos.

Note, dança de gente virtuosa, porque está na imaginação gente que não cometeria pecado durante esse tempo. Quer dizer, portanto, seria a felicidade dentro da virtude. Bem, e muita gente imagina o Reino de Maria assim.

Então, tem uma pressa heróica da Bagarre, mas o heroísmo consiste em sair correndo debaixo da Cruz que está se carregando agora. E ir para o lugar dos sócios remidos onde só tem o agradável. Não sei se estou claro no que estou dizendo. Bem, e ali nós fazemos a ciranda dos felizes, já pensaram?

A nossa vida dentro do Grupo é cheia de privações, cheia de sofrimentos, mas imaginem isto, essa vida ─ mas de manhã, à tarde e à noite ─ cerimônias lindas, algumas reuniões boas, um contato entre nós agradabilíssimo, consolações espirituais de toda ordem, felizes. Cansaço, nunca; doença, nunca; tentação, nunca.

Nós nos encontrarmos e: “Oh, Fulano, Oh, Sicrano, Oh!…” Harmonia perfeita, entendimento total, tudo acontece inteiramente como a gente quer. Isto seria, dentro das privações de nosso estado, seria uma vida áurea. As tentações todas passando, uma vida áurea.

É ou não é verdade que se aparecesse um ser assim, eu não ouso dizer um anjo, mas fingindo-se de anjo e oferecendo mil anos disso, muitos de nós ficariam tentados a aceitar. Eu creio que até seria a tentação da vida. Bem, e nisso está a mentira do demônio.

* O verdadeiro sofrimento é aquele que nós não sabemos se teremos ou não força para agüentá-lo; sem este, algo de bom se atrofia em nossa alma

Porque há alguma coisa em nós que, enquanto nós estivermos no período em que não estamos sofrendo, sofrimento de fundo de alma, duro e tão duro de carregar, que o homem de vez em quando pergunta se ele agüenta. O sofrimento que a gente não tem nenhuma dúvida de que vai carregar, não é o verdadeiro sofrimento…

(Sr. J. Clá: Não sabe por o que vai passar também…)

É, exatamente, é perfeitamente isso.

Bem, um sofrimento assim, enquanto a alma não carrega um sofrimento desse jeito, fica sobrando nela, sem se exercitar uma certa forma de energia, uma certa forma de dinamismo, de movimentação, uma certa elevação, por onde ela não tem a verdadeira felicidade. Por que aquilo que nela não se exerce, se atrofia, e aquilo que nela se atrofia, apodrece. Uma podridão se instala lá dentro que é uma podridão de morte, que faz com que a pessoa, tendo todos elementos de felicidade, se sinta infeliz. Mas infeliz à maneira do doente.

Quer dizer, pode tomar o doente e pôr no quarto mais luxuoso que quiser, com tudo que quiser, mas se ele está doente e ele tem, por exemplo, uma enxaqueca de estalar, ele não se interessa pelo resto. Ele está com enxaqueca e enquanto não tirar a enxaqueca…

Isso é uma espécie de enxaqueca interna, que sofre o homem que conseguiu fugir da Cruz. E se o Reino de Maria fosse o reino dos que conseguiram fugir da Cruz seria o reino dos desgraçados.

Bom, eu sei, sobretudo quando se tem 15, 16, 17, 18, 19, 20…, podem por um pontilhado.

Talvez até os 30, eu sei que isto não parece assim, porque a pessoa diz: isto não é assim, porque eu me sinto agora inteiramente feliz. Só me falta, para minha felicidade, só me faltam as coisas que eu não tenho. Logo, se eu tiver essas coisas, eu ficarei perfeitamente feliz. É uma coisa.

Suponha que essa bengala esteja quebrada, mas uma das partes quebradas da bengala está na mão da pessoa que está em frente de mim. Se a pessoa vai e encaixa isto aqui e eu mando colar bem, eu tenho uma bengala mais ou menos reintegrada. É questão da soma e adição. Se eu sou infeliz, porque eu quereria ter tal coisa, não tenho. Em tudo mais eu sou feliz. Eu ipso facto se tiver, terei a felicidade perfeita. Não compreendo que complexidade Doutor Plinio põe nesse tema! Complexidade está nisso.

É que, no momento, em que você não sofrer mais porque lhe falta a bengala inteira, nesse momento a atrofia começa em você. E a partir desse momento você começa a sofrer de outra infelicidade. Se lhe deram tudo, lhe tiram a dor. Se lhe tiram a dor, você começa a sofrer outra dor.

Quer dizer, reduzidas as coisas em termos de fé, por fé, a terra é um vale de lágrimas. E não se escapa da dor. E aquele que pensa que escapa da dor tendo automóvel, tendo dinheiro tendo qualquer porcaria, este se engana, porque a dor o agarra do outro lado. E é o engano mais funesto que há, hein!

A gente diz: Bem, mas eu poderia, eu vejo Fulano, eu olho para ele, a cara dele está inteiramente alegre…

* Uma tentação pela qual passou o Sr. Dr. Plinio ao ver a pseudo-felicidade dos mais ricos que freqüentavam o Clube São Paulo

Eu, no tempo em que levei uma vida social etc., eu freqüentava muito um clube chamado Paulistano. Este clube ainda existe. Bem, eu ia muito, muito à esse clube. E as horas em que o clube me parecia mais habitado por felicidade humana, não era as horas do baile do Clube.

O clube dava de vez em quando uns bailes, era uns bailes para os paulista que eu descrevi agora à pouco na reunião. Bem, mas não era essa hora. Era assim, às 5 horas da tarde, 5 e meia, 6, esse clube era e é no Jardim América.

E o Jardim América era um bairro muito tranqüilo, naquele tempo um pouco distante do centro, para dizer assim. E nas tardes bonitas e despoluídas de São Paulo daquele tempo, as pessoas mais ricas, donos de fazenda de café, de casas que alugavam em São Paulo, que não eram propriamente homens de negócios, eram homens que tinham negócios, mas sentados sobre fortunas solidíssimas, de inteiro repouso. Em geral moços, um pouco mais velhos do que eu. Eu tinha assim uns 19, 20 anos, eles tinham eles bem mais velhos do que eu, uns trinta, trinta e poucos anos. Eles iam chegando em automóveis macios, bonitos, pelas ruas asfaltadas, São Paulo não era toda asfaltada ainda naquele tempo, do Jardim América.

Os automóveis assim encostando, eles desciam, bonitões, bem vestidos, alegres, se sentavam assim em torno de mesas, debaixo de guarda-sóis, vinham moças, moças de família, muitas vezes parentes deles, sentavam no meio deles, mandavam vir bebidas, refrescos, um lanchezinho ligeiro e começavam a conversa, enquanto no arvoredo a gente ouvia ainda um resto de canto de passarinho. Dava uma impressão de felicidade, de bem estar, de alegria, que a gente tinha a impressão que transparecia neles, como a luz transparece através de um abat-jour.

Eles eram abat-jours de felicidade ─ abat-jours acesos, bem entendidos. Bem, abat-jours de felicidade.

E eu, muito propenso a olhar e a analisar, e por outro lado crivado de problemas, olhava essa coisa como era e me parecia que isto era uma coisa fenomenal. E que se eu tivesse o dinheiro que eles tinham para levar a vida que eles levavam, eu teria a felicidade que eles tinham. E que, portanto, pouco mais ou menos a coisa se trava com uma questão de dinheiro, pouco mais ou menos.

Ganhando dinheiro, ou melhor ainda, casando com uma mulher rica, é uma caceteação para carregar a vida inteira, mas o trabalho é cacetérrimo também. Mais vale a pena a gente meter-se na fortuna de um outro como a lâmina de uma espada se mete na bainha.

Bem, então que essas era uma bela solução.

* Discernindo a ilusão que os vizinhos das casas operárias tinham para com ele, o Sr. Dr. Plinio compreendeu que este fenômeno era universal

Mas eu de repente, foi uma ajuda que a graça me deu, eu, de repente cai em mim da seguinte maneira. Eu, saindo de casa, em frente a minha casa, os Campos Elíseos, era um misto de muito altas famílias e de casas de povinho, até operárias, tudo misturado. E bem em frente à minha casa tem um corredor de casas, um pouquinho melhor do que operárias, mas o fundo era o mundo operário. E eu estava saindo da casa, e tudo fazia que nossa casa fosse cenário para eles, porque a casa era mais alta e tinha uma escada externa grande, de mármore, bem arranjada e tal. E nós saíamos, as casas deles eram térreas e nós, quando eles estavam na rua, porque eles muito freqüentemente estavam na rua nos olhando. Olhando nós andarmos.

Nós entravamos e saíamos… a distração deles quando chegavam do trabalho era nos ver partindo para o prazer. Era essa a distração deles.

Bem, nós saíamos naquela escada e depois saíamos em grupos, conversando, primos, primas, minha irmã etc., e depois nos distribuíamos nos automóveis e íamos para os vários lugares. Eles ficavam olhando aquilo, e eu percebi que o que estava na cabeça deles era muito mais acentuadamente do que no meu caso, o que estava na minha cabeça olhando para os ricaços no clube.

Quer dizer, eles achavam que não tinha problemas, e eu notei isso comigo, uma vez saindo sozinho, notei um rapaz em frente que me olhava assim… e que pensava: “Lá vai o paraíso ambulante!”

E se compreende porque o pulo entre ele e eu, era não só muito maior, mas de outra natureza do que o pulo entre eu e aqueles outros. Aqueles outros eram meus iguais, era só questão arranjar um pouco de cobre e estava tudo arranjado. E ele e eu eram dois mundos diferentes, era uma coisa diferente. A gente pode compreender como fascinaria ele aquilo.

A gente compreende bem, e eu estava saindo e ele: “Ali está o paraíso ambulante!”

Bom, eu pensei com os meus botões. Vamos dizer que eu agora tivesse tudo que eu quero, no fundo me faltava tudo, porque há uma porção de coisas que são incontentáveis, que são insaciáveis, e quando a gente tem, parecem símbolos de uma felicidade que a gente está louco para ter, a gente pula o muro e entra no jardim daquela felicidade, chega lá, vê o jardim vazio, por quê?

Não é porque aquilo não é o que a gente pensava, mas é que a gente tem dentro da gente, que tem sede de uma outra água. É uma outra coisa. Não pensem que no meu caso fosse uma nobre e direta sede do Céu.

Mas havia uma sede de absoluto que vem a dar uma sede do Céu, quer dizer, pelo meu feitio truculento, se eu tivesse um prazer eu diria: Esse está bom, mas daqui a cinco minutos eu estou achando apenas bonzinho, porque eu quero mais. E enquanto eu, do mais não vou para o mais, não vou para o mais, não me sacio.

E em certo momento, porque é este o mecanismo de todas as almas, a gente agasta aquilo com o pé e diz: Aquilo me enjoa. Eu quero outra coisa.” Isto é fatal, é fatal.

* Duas fotografias da “Kaiserine” mostram realidades diversas; a 1ª em frente ao público, alegre; a 2ª de uma tristeza profunda

Outro dia eu vi um jogo de fotografias, me passou pelas mãos uma coisa fortuita, uma fotografia da kaiserine, esposa do Guilherme II. Portanto já no outro nível, Clube Paulistano… em comparação com a Kaiserine e tudo aquilo.

Bem, a Kaiserine, que não era uma senhora bonita, mas de um aspecto muito agradável, muito digno, uma mãe de família, tanto quanto isto pode-se dizer de uma protestante, uma senhora extremamente simpática, respeitável etc.

Bem, e uma fotografia dela entrando numa cidadezinha qualquer da Alemanha e aplaudida pela população. Ela entrava de carro, mas percebia-se que não era uma visita oficial. Ela estava “veraniando” por lá qualquer coisa, ela foi passear naquela cidadinha e o pessoal, está batendo palma.

Ela estava andando de carro com uma cara felicíssima, segurando um guarda sol, com a mão direita, numa posição tão leve, que se diria que o guarda sol não pesava para ela, era feito de penas de anjo. Sorrindo, alegre, e dir-se-ia o receptáculo de todas as felicidades. Eu compreendo que a Fraulein tal, fraulein tal e tal outra, que com mãosonas grossonas estavam aplaudindo assim, achassem que era paradisíaco ser a kaiserine. Eu vi pouco depois uma fotografia da kaiserine, sozinha, triste, abatida, penalizada, por quê?

Porque há uma coisa que a pessoa deseja e que nada sacia. E ela entrando ali alegre, ela estava representando o papel da atriz bem paga pelo povo que quer ver gente feliz, e por isso pagam os reis e os nobres para tomarem cara de alegria. Porque é isso, é isso.

E portanto ela tem que fazer aquela cara, entrando triunfante na aldeinha, criando esse mito. Benfazejo, porque se esses homens não tivessem esse mito a vida ainda era pior. Portanto é benfazejo. Mas que coisa, que coisa.

* Um “parvenu” manda construir no palecete que tinha na Av. Paulista, um tanque de lavar roupa para sua mãe

Os senhores há pouco falaram da Av. Paulista aqui em São Paulo. A Av. Paulista no tempo em que ela era Av. Paulista, ela tinha um bom número de casas de famílias boas, antigas, mas era sobretudo dos parvenus, dos filhos de imigrantes que atingiram fortunas enormes. Eu não garanto que sempre respeitando os mandamentos atinentes a propriedade privada, não garanto. Eu seria levado a garantir quase o contrário. Bem, a gente via os jeitos deles, era um sonho.

Havia um senhor rico lá, diziam e eu acredito, que ele enriqueceu, é um povo que tem muito senso da família, ele enriqueceu e levou para o palacião que mandou construir, ele levou para o palacião a mãe dele, a velha mãe também. Não só a esposa e os filhos, mas a velha mãe.

Bem, quando chegou lá, a velha mãe sentiu uma saudade de levar roupa que ela não se continha, porque passou a vida inteira lavando roupa. Ele então, para matar as saudades da mãe mandou fazer uma pia de lavar roupa de mármore, com torneias de luxo etc., etc. E a velhinha ia todo dia lavar roupa lá, para o quê? Para matar a saudades do tempo que ela lavava roupa não sei em que bairro daqui de São Paulo. Eu não indico o bairro, porque eu indicaria a nacionalidade. Não, os senhores não adivinham!

Bem, fugir da Cruz é cair nisso? Não, é cair em muito pior do que isso. A gente verifica que é um bluff, mas se fosse isso não é nada. Fica a sensação de que tudo o que a gente poderia desejar foi atingido, e que nós não fomos saciados, é pior do que querer uma coisa que nós não temos. O Reino de Maria não pode ser isto.

* A felicidade do Reino de Maria será uma forma de bem-estar e de alegria do homem que sofreu até o fim; a felicidade conviverá com a cruz

Então no Reino de Maria qual vai ser nossa felicidade? Porque alguma tem que ser.

Bom a felicidade qual é? A misteriosa felicidade de quem toma isto que gangrena quando a gente não sofre e exercita completamente até o fim. Isto trás para a alma uma forma de bem estar, uma forma de alegria, uma forma de felicidade que nada dá. Que se deteriora quando a pessoa deixa de sofrer, de maneira que esta felicidade convive com a Cruz, ela brota da Cruz. E é uma felicidade autêntica.

Pode se ser verdadeiramente feliz assim. E isso é o que as pessoas não acreditam. porque não experimentaram. Os senhores sabem qual é o único meio da gente experimentar isso?

É sofrer até o fim. Aí começa a aparecer a ponta deste sabor, mas é só aí. E durante muito tempo a gente tem que sofrer às cegas, e é duro, mas é assim que é bom. Uma aplicação?

Eu sou conhecedor do Grupo milímetro por milímetro… Eu não conheço caras tão felizes quanto as daqui e as das camáldulas. São as caras mais felizes, não são as caras mais felizes que eu conheço do grupo, não só, que eu tenho conhecido na vida. Aqueles homens felizes do Paulistano, a morte já os levou, tudo aquilo morreu. Era gente mais velha que eu, que a morte já levou.

Bem, mas isso não é nada, porque a morte nos leva…

[Falta uma página.]

declinar. E que é que está entrando na alma? É a tristeza. Qual é a prova disto? É que o demônio está permitindo, prometendo a felicidade de fazer o que quer e o que não quer. Do fazer e o não fazer, do que quer e o que não quer, é isso.

Aí está meus caros, Santo Inácio com aquela frase dele: “O querer e o não querer não habitam nesta casa.” Ele não escreveu mas poderia ter escrito: “A felicidade habita essa casa!” A maior torneira de desventura interna que se abriu sobre o mundo chamou: Martinho Lutero. Livre exame e porqueiras do gênero, e daí para fora.

Como estou loquaz, eu digo uma. Não sei se os senhores perceberam a tristeza profunda das coisas da IO. A IO é profundamente triste, de uma tristeza assim, de crepúsculo poluído, uma coisa horrível. Seria só restabelecer ali os vínculos de obediência com a cátedra de São Pedro, que ela inteira irradiaria fertividade.

Prova: Os senhores vão aos Melquitas, não tem tristeza nenhuma, tem seriedade. Quanta alegria na seriedade, tem seriedade.

Bem, os senhores olhem qualquer coisa da IO por dentro, é uma tristeza que não tem remédio, o que é? Uma desobediência.

Adão e Eva no paraíso; desobedeceram; desgraça.



Bom meus caros! Huumm! Cinco para as três. Nós temos um trato de às duas e meia, e com isto nós vamos rezas as nossas orações, oração da restauração e depois vamos andando.

Há momentos, minha Mãe…

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