Conversa de Sábado à Noite – 7/11/1981 – Sábado [AC V ‑ 81/11.06] . 6 de 6

Conversa de Sábado à Noite — 7/11/1981 — Sábado [AC V ‑ 81/11.06]

O episódio da espada que se deu na Reunião de Recortes… * O empenho que nosso Pai e Fundador tem que se participe do alardo antes das Reuniões de Recortes * A situação do mundo chegou a um tal grau de degradação, que já não há mais tempo para negociação, mas para a peleja * Em New Jersey o clero promove a corrupção das crianças com a educação sexual em aulas mistas… * A intransigência de nosso Pai e Senhor com a perversão que o mundo moderno gera * A situação do mundo e da Estrutura chegou a um tal ponto, que nada mais é possível…

* O episódio da espada que se deu na Reunião de Recortes…

Então, o que é que contam, o que é que há de novo?

(Sr. Poli: Interessante o episódio da espada na Reunião de Recortes.)

Eu estava falando a respeito da Nicarágua, não foi?

(Dr. Edwaldo Marques: O que o senhor faria se estivesse na posição do presidente dos Estados Unidos, aí a invasão da Nicarágua, etc.?)

Eu tive a impressão de que no momento eu tive um gesto de mão, uma coisa qualquer que produziu uma pequena vibração que determinou a queda da espada. Mas disseram‑me o seguinte, que é verdade que ali são dois estrados diferentes e que existe entre um e outro o tapete. Ambos os estrados são atapetados, de maneira que é muito pouco provável que tenha sido [vibração]. E foi muito repentino: pan!

(Sr. Guerreiro Dantas: Como o senhor sentiu o acontecimento? Porque foi meio miraculoso.)

É, toca no milagre. Eu acho que a tomar assim, ao pé‑da‑letra, normalmente, a gente poderia dizer o seguinte: que se cria com isso uma esperança de que…

(…)

* O empenho que nosso Pai e Fundador tem que se participe do alardo antes das Reuniões de Recortes

não ficasse um magote de pessoas. E ali realmente até, vamos dizer, enquanto o alardo não começasse, pudessem estar sentados, em silêncio, rezando, puxando orações enquanto não sai o alardo. Para tudo isso eu seria muito compreensível. E outra coisa: nada obrigatório. Quer dizer, quem quiser ficar lá dentro fica. Mas quem quiser prestigiar desta forma o alardo, comparecer e dar uma manifestação de sua participação… Não sei o que é que vocês acham da idéia?

(Sr. –: Muito bom!)

(Sr. Marcos Fiúza: Necessário!)

Porque do contrário aquele salão vai tomando um aspecto de bolsão de fronda, que não é a intenção de muitos que estão ali. Por exemplo: nunca foi intenção, do meu professor, de estando presente naquele salão participar de um bolsão de fronda. Não era. Ali as condições físicas dele não permitiam participar do alardo. Mas ficar em pé, ver o alardo passar, é ser um só que…

Depois, estou imaginando como é a atmosfera no salão de reuniões antes de entrar: todo mundo já conversou com todo mundo, não tem ilusões a respeito de ninguém.

(Dr. Edwaldo Marques: … devido ao joelho que ainda não está curado tenho ficado no salão. Surpreendentemente o pessoal não conversa e quando começa o alardo, quando se entoa o Credo, todo mundo se levanta com exceção de Dr. Paulo.)

O Paulo não se levanta, é?!

(Dr. Edwaldo Marques: E também quando vão buscar o manto, na sala, todo mundo se levanta. Um ou outro trata de um assunto ou outro, mas em tom muito baixo. De modo que acho que não seria difícil fazer algo mais, como o senhor está querendo.)

Mas reza‑se ou fica‑se…

(Dr. Edwaldo Marques: Reza‑se.)

Eu não queria organizar e puxar [o] rosário lá, porque o rosário fazia meio êmulo do alardo, dois atos paralelos, isso eu não quereria, porque era o compreensível, mas isso eu não quereria. Mas ao menos é menos má do que eu receava.

* A situação do mundo chegou a um tal grau de degradação, que já não há mais tempo para negociação, mas para a peleja

Mas vamos voltar aos nossos temas, porque isso é muito de passagem. E que é que mais me dizem, meus caros? Ponderam, refletem, acrescentam…

(Sr. Guerreiro Dantas: … e julguei entrever a indignação e a intolerância do senhor com tudo quanto está se passando no mundo.)

Ah! É suma!

(Sr. Guerreiro Dantas: Esta forma de recusa absoluta! A coisa ir num ponto que não está mais suportável essa situação.)

Há muito tempo já não está.

(Sr. Guerreiro Dantas: … mas hoje me pareceu que essa foi a nota. E como o “affaire” espada se passou sinto um nexo. E o senhor uma vez disse que se não tivermos indignação pelo que está se passando, nós não teríamos condição de sobreviver na “Bagarre”.)

Ah! Não tem!

(Sr. Guerreiro Dantas: … e hoje me pareceu ver mais especialmente este estado de santa impaciência do senhor.)

Eu acho que a sua observação é inteiramente verdadeira, mas considerada da seguinte maneira: o que é que é uma situação insuportável? É uma situação que não se pode suportar. Mas o que é suportar? Uma coisa a gente não pode suportar a la longue, outra coisa a gente não pode suportar a prazo médio, outra coisa a gente não pode suportar de imediato.

E vamos dizer, que as abominações da Revolução vieram se precipitando de maneira que, vamos dizer, no tempo em que nós nos conhecemos — foram tempos um tanto diversos cronologicamente, mas não importa —, tudo isto era insuportável, mas compreendia‑se que uma pessoa, embora não entendendo até porque é que não vinha a Bagarre, ainda percebesse que ainda restavam alguns aspectos de bom nisto que já não tinha razão para viver. Quer dizer, que não tinha razão para viver não tinha, mas compreendia‑se que ainda houvesse uma razão de bom, uma coisa assim que a Providência quisesse contemporizar.

Na coisa a prazo médio esta razão de bem é uma razão que já não equilibra todo o outro horror. Que portanto custa, a “suportação” começa a ser antinatural.

E na indignação a prazo breve, o mal se tornou tal que não se pode mais compreender uma duração. É uma coisa muito diferente.

Se eu moro, por exemplo, aqui, e em frente tem uma casa de fassurada, é uma situação insuportável, eu posso dizer: “Dentro deste ano eu vou me mudar”. Se houver uma casa de fassurada não em frente, mas aqui nesse prédio, eu digo: “Eu tenho que mudar rápido, dentro de uns meses eu tenho que estar fora”. Mas se houver uma fassurada dentro de minha casa, ou saio eu ou sai a fassurada. O exemplo indica bem o que eu quero dizer.

E eu acho que o que acontece é que a razão de “suportação” cessou completamente.

(Sr. Guerreiro Dantas: Esse aspecto o senhor hoje deixou transparecer mais nitidamente.)

Nitidamente, quer dizer, são abominações chegadas a um extremo além do qual não se vê mais nada. Em todos os sentidos em que elas sejam consideradas, elas chegaram a esse extremo, essas abominações. E portanto, não se vê como é que elas durem mais tempo do que o necessário para um dos dois lados, nós ou eles se liquidarem. Já não é mais o tempo da negociação, é o tempo da peleja. Quer dizer, a duração da “suportação” não é mais durante o tempo que durar a negociação, é durante o tempo que dura a peleja. É bem diverso.

* Em New Jersey o clero promove a corrupção das crianças com a educação sexual em aulas mistas…

(Dr. Edwaldo Marques: Contrário à promoção da educação sexual pelo clero norte‑americano. É uma notícia que na Índia as prostitutas querem fundar uma escola para filhos delas, para que os filhos não tenham a mesma vida que elas têm.)

Você vê, você veja!

(Dr. Edwaldo Marques: Enquanto o clero quer prostituir as crianças, é feito para isso.)

É feito para isso. Depois outra coisa: eu vi um pouco flutuando no ar a idéia: “Não, esses pobres bispos de New Jersey vocês estão caluniando, eles querem simplesmente informar as crianças”.

(Sr. –: Não!)

Você compreende, eu não ia condescender em tratar disso, porque há certas baixezas da chicana em que a gente não condescende em chegar a isso.

(Dr. Edwaldo Marques: Não é por outra razão que eles ensinam limitação da natalidade ao mesmo tempo que dão educação sexual!)

E depois outra coisa, quem é que não está vendo que em aulas mistas, isto tem que dar nos piores horrores. Quer dizer, não é concebível, tout court! Não é concebível! Depois numa coisa dessas não se pode tomar uma atitude neutra entre a pureza e a impureza, ou se ensina a pureza a esse propósito ou se cai no… Mas eles não vão ensinar a pureza.

(Sr. Marcos Fiúza: Em Belo Horizonte tem uma professora que dá a aula se utilizando do próprio corpo para explicar e mostrar para os alunos.)

Mas está na lógica das coisas, porque se a coisa é tão inocente assim, faz isso! Porque não!

(Sr. Poli: Até surpreendente que seja generalizado assim?!)

Surpreendente que não seja generalizado assim! Depois histéricas solteironas e homens… homens pervertidos, tudo! Tudo, tudo, tudo!

Mas, por exemplo, esse caso que é uma matança de inocentes promovida no campo espiritual, não no campo material, porque aqueles inocentes foram todos mártires, foram para o Céu. Agora, esses aqui, vão para o Inferno! Normalmente, na economia comum da graça onde eles vão parar é no Inferno. E é a Hierarquia que promove oficialmente, cinicamente, ordenadamente. Quarto, atrelando‑se ao Estado, ela que deveria ser a orientadora do Estado.

Você não encontra uma nota onde pudesse caber uma ignomínia suma e onde essa ignomínia não caiba. Não há uma nota. Agora, isso já é o prostíbulo dentro de casa.

* A intransigência de nosso Pai e Senhor com a perversão que o mundo moderno gera

Aquela história daquele homem que tem crianças, aquilo não, não, não tem… não se conversa!

(Sr. Guerreiro Dantas: É espada!)

É espada!

Quer dizer, aquilo, praticamente, aquilo é crime de pena de morte. Quer dizer, um homem que pensou seriamente nisso deve ser isolado, tratado como um desses homens que ficam sozinhos na prisão a vida inteira sem conversar sequer com o carcereiro. É assim que se trata. Agora, se ele passou aos atos, morto. Se ele conspirou, se ele confabulou, se ele planejou, morto.

(Dr. Edwaldo Marques: Já está julgado.)

É, está julgado.

Agora, a gente imaginar que isso circula assim… Depois é evidente, tem que chegar até lá. São coisas que de fato já não comportam mais nada.

Agora, onde é que está a indignação?

Não é que eu fique espumando, mas é o seguinte, é uma incompatibilidade que minha Fé me apresenta, minha inteligência me apresenta e que é a incompatibilidade mais radical que a gente pode imaginar. Por exemplo: entre um desses bispos de New Jersey e eu, mas não podemos nem sentar na mesma mesa, nós não podemos trocar cumprimentos. Se o silêncio entre nós se romper é para passar imediatamente ao apodo. Com este tipo assim é não permitir que fique na minha presença: “Eu não te mato porque não tenho direito, suma! Se eu não tenho meio de te fazer sair eu saio”. Mas nenhum momento no mesmo chão, não é possível. Mais ainda: se tivesse — olha tudo que me liga a esse apartamento — se aqui um homem que, nesse prédio, que se pusesse a isso e que tivesse risco de eu o encontrar nesse estado no elevador, eu creio que eu sairia do apartamento, porque eu não posso olhar para esse homem, ter qualquer forma de comunidade com ele.

Não é um furor, num outro temperamento seria muito razoável um furor, eu não censuro o furor, mas não é o meu modo de ser. É uma incompatibilidade radical, preliminar, inteira, que não olha nada, não considera nada, exclui totalmente sem nenhuma forma de consideração em nada. Não pode deixar de ser! Ou então eu sou um palhaço, que não me toma a sério a mim mesmo, não toma a sério a religião, não toma a sério a nada!! O que é que é uma coisa dessas?! É de ficar louco!!

Já certas coisas muito, muito menores, eu já julgo difícil de suportar. Por exemplo: outro dia eu estava cortando a Av. Tiradentes, apareceu uma mulher militarizada, provavelmente da Polícia Militar. Aquele quartel que tem lá é da Polícia Militar, não é?

(Sr. –: Sim.)

Polícia Militar. Bem, é uma coisa que não é suportável, não é suportável, tenha a paciência!

(Sr. Poli: Eu vi uma tenente da marinha andando pela rua, também insuportável.)

É. Não vai.

(Dr. Edwaldo Marques: Nos Estados Unidos tem uniformes especiais para oficiais femininas, gestantes.)

E o mais engraçado é que acho que essas usam uniformes, enquanto os homens não usam. Essas usam para escandalizar, para chocar.

* A situação do mundo e da Estrutura chegou a um tal ponto, que nada mais é possível…

Bem! Tudo isso chegou a um ponto em que mais nada é possível. Por exemplo: quando um jornal chega a noticiar, como o “Estado de São Paulo”, aquela transferência de vietnamitas, “emigração vietnamita…”, não é possível! Porque eles sabem, todo mundo sabe que são escravos que foram agarrados, colocados… você pode imaginar em que trens, em que condições! É um gado humano que tem o risco de ir morrendo pelo caminho, de repente parar um wagon, dois, três, por desarticulação comunista, eles descem e ficam servindo ao regime chinês. Homem, é tudo! Mas não arranca a menor reação, o que é que é?

Essa reforma do Código de Direito Canônico, não tem palavras! Não tem palavras! Eu não quis comentar, mas eu desconfio… que na reforma do Código Civil vai continuar maioridade com vinte e um anos, sabe, por causa da TFP. Isso não tem nada, ninguém reclama, não tem nada, maioridade com vinte e um anos. Não tem moço nem moça que reclama, nem nada. Eu não digo que vá acontecer, eu digo que pode acontecer, e se acontecer fica assim, está acabado. Vale tudo.

(Sr. Poli: […] O Sr. Alberto Dias, consultando um médico, um dia, no consultório escutou uma enfermeira dizer a uma mulher… ele viu ela entregar um saquinho plástico:

Agora a senhora leva isso.

A mulher:

Pode ficar aí.

A enfermeira:

Não, aqui não pode ficar nada.

Era aborto, o Sr. Alberto Dias já desconfiava e com esse fato ficou provado.)

Pisss! Você vê, é como se faz isso, como se faz isso! Agora, é um crime e é tratado como uma… Agora, se amanhã alguém meter um tiro no Prestes: “Ahhh!… que coisa irreparável!”.

Matam um inocente desses, a mãe! a mãe! E…

Como é meu filho, está tudo visto?

(Sr. Fernando Antúnez: Está, sim.)

E é coisa para ser vista agora à noite?

(Sr. Fernando Antúnez: Sim.)

Meus caros, eu não fiz sesta depois do jantar, chego atrasado à reunião, mas apliquei muito bem de ter uma conversa com vocês, agora, que eu poderia ter feito a sesta, de fato ainda tenho que trabalhar, grafonemas do Estados Unidos, etc., e sou obrigado a me despedir.



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