Conversa
de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) –
15/11/1980 – [AC III ‑ 80/11.20] – p.
Conversa de Sábado à Noite (Alagoas, 1º andar) — 15/11/1980 — [AC III ‑ 80/11.20]
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O vazio que se faz em torno das exposições feitas por nosso Pai e Fundador nas Reuniões de Recortes * O gosto pela superficialidade e a recusa em não querer ver os panoramas apresentados por nosso Pai e Fundador em suas profundidades, por aqueles que participam da Reunião de Recortes * A coesão da Reunião de Recortes dá-se num fundo de desejo de nostalgia, de esperança , de um lumen, que mantém a freqüência à reunião * A Bagarre Azul cria um estado de espírito temperamental de que nada é sério, nada é profundo * O lumen que dimana de nosso Pai e Fundador é o que leva os membros do Grupo a verem o unum de todas as coisas, que é Deus * A mentalidade “limbolatra” da maior parte das pessoas do mundo contemporâneo * A graça que nosso Pai e Fundador faz ver, é algo que dá ocasião de se ver Deus em um homem
Índice
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* O vazio que se faz em torno das exposições feitas por nosso Pai e Fundador nas Reuniões de Recortes
Meus caros, vamos sentar! Os dias de pouca gente são os dias de expansão…
O que me contam? O que é que dizem? Como vão as coisas?
(Dr. Edwaldo Marques: Como estava a reunião à tarde?)
Achei que na reatividade das coisas havia uma boa disposição para acolher o que eu dizia, para prestar atenção etc… Mas, um qualquer vazio que eu não sei definir, que levava a dar a reunião um caráter mais didático do que propriamente de imponderáveis.
Não sei se isso estava em mim, ou se estava de fato na reunião, mas havia isso.
(Sr. Mário Navarro: Diz o Sr. João que num momento lá o senhor se confundiu e em vez de dizer auditório disse dormitório…) [Risos]
É uma maldade do João, quase parecida com a interpretação que vocês deram aqui ao que falei. Ou melhor, quase parecida ao lapso injusto que tive aqui.
Isso, entretanto, me despertou uma pergunta, eu apresento para um bate‑bola de poucos com franqueza paterna e é a pergunta seguinte:
É verdade que essa reuniões têm um aproveitamento pelo menos relativo da parte da média dos que a ouvem? A pergunta é sumamente implicante, mas eu pergunto: o que é que é um aproveitamento pelos menos relativo?
Eu qualificaria isso no fato de que nas grandes pinceladas da reunião ficassem na cabeça, e a pessoa pelo menos em algo fizesse um raciocínio assim:
“Isso modifica meu quadro a respeito de tais coisas daquele modo ou daquele outro. E acresce, sugere correções neste ou naquele campo. E acresce desta ou daquela maneira as minhas vistas”. E aquilo fica incorporado à mentalidade da pessoa. E outras ficam algumas incógnitas: “Bom, eu vou — não são dúvidas —, mas tais atos produzem mesmo tais conseqüências? Dr. Plinio não [tem] tempo de explanar se daí se deduz isso, ou se deduz aquilo. Eu como não tenho tempo de perguntar tudo a ele, vou ficar pensando por mim e fazendo uma aplicação”.
Numa reunião com tanta matéria, era normal que — [ilegível]… usar ponto de referência quantitativos — quatro ou cinco coisas assim se dessem. Agora, se isso fosse assim, era normal que houvesse “reperguntas”. E a reunião voltaria muito mais facilmente à tona nas conversas.
Ora, nós nos encontramos durante a semana, encontro‑me com toda espécie de gente do Grupo durante a semana, graças a Nossa Senhora. E como que, não se dá o caso de alguém levantar uma questão tratada na reunião.
Donde eu chego à conclusão, de que as reuniões são ouvidas, algo evidentemente fica, porque do contrário não se compreenderia a consonância do Grupo, mas esse algo comporta‑se na mente de cada um de modo muito singular, porque a gente não sabe bem o que fica. E não é a reação comum de quem aproveitou normalmente.
É uma pergunta muito dura que estou fazendo.
* O gosto pela superficialidade e a recusa em não querer ver os panoramas apresentados por nosso Pai e Fundador em suas profundidades, por aqueles que participam da Reunião de Recortes
(Sr. Guerreiro Dantas: […] Há o desejo de ver a interpretação que o senhor dará aos fatos da semana, que iguarias o senhor vai apresentar, que veste será dada aos acontecimentos, que bordaduras, etc… E isso, a meu ver é um dos fatores que atrai as pessoas à Reunião de Recortes.)
Eu esperava qualquer explicação, menos essa…
(Sr. Guerreiro Dantas: Mas não sei se o senhor concorda que há um fundamento para essa hipótese, ou é muito subjetiva?)
Estou deixando você concluir e quero ouvir os outros, depois eu [digo] alguma coisa.
(Sr. Guerreiro Dantas: Acho que esse é um aspecto que espero ter resumido com o exposto.)
Acho a coisa muito amável e a saída é muito interessante, mas eu, por enquanto, não faço objeções nem confirmações nem nada, quero ver um pouquinho — não se sei se você concluiu —, quando você tenha concluído, quero ver um pouquinho o que dizem os outros.
[Entrou a Sagrada Imagem — orações].
(Dr. Edwaldo Marques: Tenho a impressão que os mais velhos vão à Reunião de Recortes por efeito ainda de uma graça, e que sentem se não forem ou espaçarem vão entrando na apostasia.)
(Sr. Mário Navarro: […] A descrição do Sr. Guerreiro acho que descreve bem o estado de espírito que nossa geração teve para com as Reuniões de Recortes.
Para as gerações mais novas a Reunião de Recortes já não se distinguem das demais reuniões como para nós outrora. E, conforme disse o Dr. Edwaldo, a Reunião de Recortes funciona para os mais velhos como para o católico relapso a missa dominical, isto é, a última coisa que ele abandona.)
Isso explica porque eles vem — como aliás também a resposta do Guerreiro —, mas não chega a explicar se a reunião é acompanhada ou não. Ambas as respostas me parecem que têm como subentendido que realmente a reunião é acompanhada como eu disse, ou até menos!
(Sr. Guerreiro Dantas: […] Acho que cada um acompanha mais ou menos de uma forma meio psicológica, que é entrar no jogo inventivo da Reunião de Recortes e daí não tem perguntas, porque teria [que] perder o entrar no geral da exposição do senhor.)
(Sr. Mário Navarro: […] Cada geração assiste a Reunião de Recortes de um modo diferente, de acordo com certos critérios: os mais velhos como um católico relapso à missa dominical… os enjolras vêem o senhor e não distinguem muito a graça da Reunião de Recortes das outras graças. Salvo o grupo intermediário, que pega algo do espírito da Reunião de Recortes, em última análise, ninguém aproveita a Reunião de Recortes como deveria ser aproveitada. Com a ressalva que os enjolras aproveitam na medida da vocação deles, etc…)
Estou ouvindo. Meu caro M. F.
(Sr. M. F.: […] As pessoas não querem ver a globalidade, não querem a verdade total…)
Então, seria, se entendo bem, seria uma recusa de ir na reunião mais do que um certo ponto de atenção, porque não quer colocar‑se no estado mental de profundidade, porque o gosto da superficialidade convida a outra coisa. É isso?
(Sr. M. F.: Sim, mas a recusa da verdade inteira.)
Realmente, um dos aspectos da profundidade é a totalidade da verdade.
E o meu Fernando!
(Sr. Fernando Antúnez: Não tenho o que dizer, porque não entendi nenhuma das respostas…)
Essa agora…
(Sr. Mário Navarro: O senhor não perguntou se o senhor tinha entendido as nossas respostas…) [Risos]
(Sr. Guerreiro Dantas: […] Ele pergunta se o senhor entendeu bem o problema…)
Mas faça abstração das respostas e responda as perguntas.
(Sr. Fernando Antúnez: Acho que a reunião do senhor sugere muitíssimo.)
Que minha reunião sugere, está bom, mas minha pergunta não é sobre minha reunião, é sobre a atitude dos ouvintes durante a reunião.
(Sr. Fernando Antúnez: […] Não sei… outra coisa…)
Em última análise, o problema dos ouvintes você não se pôs, é isso?
(Sr. Fernando Antúnez: Interessa‑me mais o expositor que os ouvintes… Sei que minha resposta…)
Sua resposta, portanto, é essa:
O senhor está me pedindo uma opinião sobre os que assistem à reunião, não sei por que durante a reunião não presto atenção neles, mas no senhor! Mas enfim, que resposta é essa?
(Sr. Fernando Antúnez: É! Não tem outra… “le jeu ne vaut pas la chandelle…”. )
Ohohoh! Ohohoh! Hum! Bom, tomo nota porque estou ouvindo.
* A coesão da Reunião de Recortes dá-se num fundo de desejo de nostalgia, de esperança , de um lumen, que mantém a freqüência à reunião
(Sr. Guerreiro Dantas: […] Acho que em todos há uma certa visão do carisma da reunião que é essa capacidade de dar um “unum” aos fatos todos, a apresentar esse universo “vario” e “unum” e interpretar, que é realmente atraente…)
Eu várias vezes me pus a pergunta nos termos em que eu pus no começo da reunião, e nunca eu me pus a pergunta nos termos em que você respondeu. Quer dizer, qual seria meu papel pessoal no atrair ou não, as pessoas para a reunião. Eu refletia a respeito da reunião como sendo minha personalidade a grande ausente na reunião, e o grande tema presente — agora ligo à reunião de hoje — era uma certa atração interior por esse imponderável que nós definíamos como “tal enquanto tal”.
E isso, visto a perspectiva assim à certa distância, produz na alma para quem não disse não inteiramente à graça, produz um certo fundo do desejo de nostalgia, de esperança e, outras coisas unidas, que constituem aquela forma de lumen da qual nós tratamos hoje à tarde. E que o fundo disso é que mantém coesa a TFP e mantém a freqüência à reunião.
Bom, eu posso compreender que sendo eu o mais velho, tendo escrito a “RCR”, etc., na minha palavra essa nota seja mais sensível do que seria na palavra de um outro. Isso posso compreender. Mas eu creio que esse lumen que — espero pela bondade de Nossa Senhora — seja visível em mim, como ele é visível para mim em vocês. Mas eu suponho que, aí sim, o contato pessoal comigo — estou refletindo agora — pode dizer algo ou pode dizer muito conforme a abertura da alma.
Vamos dizer que a resposta que você deu não diga tanto respeito ao modo de um espírito sobrevoar os problemas, mas seria uma pessoa cujos movimentos são bonitos porque ela leva uma tocha. E é muito mais o modo dela manobrar a tocha, dela mover a tocha, do que o modo dela mover‑se, que dá beleza ao tema.
(Sr. Mário Navarro: Mas nessa pessoa a tocha é indissociável dela.)
Vamos devagar.
* O gosto pela superficialidade enquanto superficialidade, leva os membros do Grupo a não gostarem de raciocinarem, acharem monótono a seriedade, a terem atração pelo mundo contemporâneo A Bagarre Azul cria um estado de espírito temperamental de que nada é sério, nada é profundo
(Sr. M. F.: A mesma tocha na mão de outro…)
(Sr. Mário Navarro: Começa por apagar…)
Vamos devagar, eu deixei vocês falarem, eu falo agora.
E que o que há aí — deixando de lado as questões que minha afirmação pode levantar —, o que há aí de muito real, é o que disse o M. F.: é que as pessoas têm muitas vezes um gosto pela superficialidade enquanto superficialidade, que leva‑as a não gostarem de raciocinarem, leva‑as a não quererem ver a verdade geral, o conjunto das verdades, porque encontram no fundo, “tal enquanto tal”, e um estado de espírito de seriedade, de dignidade, de compostura, que tira o gosto de estar continuamente flanando irresponsavelmente ao léu da imaginação e como se Deus não existisse.
Essas mesmas pessoas — no total — achariam monótono morar num castelo gótico, achariam monótono viver na Idade Média, e acabaram tendo saudades da civilização contemporânea com o que ela tem de gaiato, de brincalhão, de Bagarre Azul numa palavra, porque tudo isso são estados temperamentais e psicológicos inerentes à Bagarre Azul.
Não são dinheiro, mas o estado de Bagarre Azul é isso, quer dizer, nada é sério, nada é profundo, nada traz grandes conseqüências, nenhuma reflexão aprofundada apresenta interesse, porque oferece um panorama dentro do qual não se pode respirar, é irrespirável isso, como seria irrespirável viver numa catedral ou viver num castelo gótico.
Por causa disso, a reunião é um convite a um panorama que a gente gosta de olhar um pouco e de longe, mas dentro do qual a gente não quer fixar moradia.
A ser assim, a gente compreende que uma pessoa possa olhar de longe uma catedral e achar muito bonita, possa até gostar de dar um girinho lá dentro de vez em quando. Mas é um girinho e achar bonita contanto que a gente não tenha que pensar nela o dia inteiro, porque a gente vai à catedral, depois sai e gosta de ligar a televisão, gosta… se não é a televisão com suas imoralidades, seria bem a televisão, se ela não fosse imoral!
Quer dizer, esse estado de espírito é um estado de espírito potencialmente ouvinte de televisão: são as figuras que passam que a gente gosta de analisar porque são emoções diversas. E a televisão é feita de tal maneira, que ela exclui qualquer aprofundamento, qualquer unum, qualquer totalidade de verdade. Ela passeia, passeia, passeia, passeia sem mais acabar. De maneira que eu acho que se houvesse uma televisão não imoral, ela poderia determinar a liquidação do Grupo. Ainda mais que essa televisão trouxesse de vez em quando episódios históricos e reconstituição de panoramas antigos, e a pessoa pudesse mentir para si própria que aquilo faz bem para o bom espírito.
Então, a pergunta é se nós não temos o estado psicológico de telespectador. Se temos, compreende‑se que a Reunião de Recortes possa parecer…
(…)
* O lumen que dimana de nosso Pai e Fundador é o que leva os membros do Grupo a verem o unum de todas as coisas, que é Deus
Uma coisa me chamou muita atenção vendo aquários eu vi uns aquariozinhos miseráveis em minha vida, nunca vi grandes aquários, mas aquariozinhos em Santos, umas coisas assim, enfim, vi aquários! , é quando o peixe às vezes encosta o focinho ou, então, cola o olhão dele no vidro e a gente põe o dedo ali para ver qual é a atitude dele. Ele presumivelmente está vendo, mas não liga a mínima! Já me aconteceu — não tendo gente perto — [de] dar assim… pancadinhas no vidro para ver se a vibração move o peixe. Ele quando muito, move alguma daquelas barbataninhas dele e continua absolutamente na mesma. E faz‑me lembrar um pouquinho… alguns espectadores da reunião.
(Dr. Edwaldo Marques: […] Aí acho que se liga à segunda parte da Reunião de Recortes de hoje, do “lumen”, e do fato de que todas as coisas devem nos levar a um “unum” que em última análise é Deus. E que esse “unum” percebemos pelo “lumen” que nos vem do senhor. Hoje em dia só o senhor tem isso, e se as pessoas se fecham a isso, então, o mais é conseqüência.)
Dou toda a razão a você. Acho que aí entra o que dizia há pouco o Mário a respeito da questão da missa dominical.
* A mentalidade “limbolatra” da maior parte das pessoas do mundo contemporâneo
Nós temos pessoas — que não identifico com essa ou aquela geração dentro do Grupo, isso é outra questão —, mas nós temos pessoas que do tempo em que o “Thau” estava na sua plenitude, conservaram uma visão cheia de horror de aspectos do mundo de hoje. E, por causa disso, vão à Reunião de Recortes e não querem apostatar mais ou menos como certos católicos que não apostatam de medo do Inferno. Eles apetência do Céu não têm, eles ficariam encantados se Deus lhes aparecesse e dissesse:
“Olhe aqui, vamos fazer um pacto? Vocês perdem o Céu com todas as suas delícias e com a visão direta de Deus, mas:
“1º) Não morrerão;
“2º) Vocês terão toda a felicidade terrena”.
Eu tenho a impressão que a grandíssima maioria dos homens aceitaria isso no entusiasmo!
(Sr. Mário Navarro: Essa é a religião que ensinavam. A religião de P.XII e Monsenhor Lefebvre.)
(…)
“… mas em compensação você não vai para o Céu, você morrendo vai para o Limbo aonde tem toda a felicidade natural, mas sabe que não pode ver a Deus”. Acho que aceitariam indiscutivelmente.
Acho que o seu julgamento a respeito de P XII e Monsenhor Lefebvre é um julgamento drástico, sem nenhuma nuance, mas digamos que écartant esse aspecto que você diz, a mentalidade dos “limbolatras”, dos doidos pelo Limbo, é absolutamente incontável. Há alguns até que se se dissesse a eles o seguinte: “Olha aqui, você no Limbo terá uma existência melhor do que tem na Terra. No Céu é essa mesma existência sublimíssima…”. Eu acho que há um ou outro que diria: “Homem! eu prefiro o Limbo”.
(Sr. Mário Navarro: Acho que 90% pelo menos.)
Digo sem maior risco, só pegar, como duas coisas que estão na mão: o Céu e o Limbo. E isto joga também.
* A freqüência de vários membros do Grupo à Reunião de Recortes, movidos unicamente pelo medo de apostatarem se não forem Alguns membros do Grupo ainda gostam de ver o lumen das exposições do Sr. Dr. Plinio na Reunião de Recortes
Agora, o que é que houve de triste para que nós perdêssemos essa apetência das coisas mais altas, das verdades totais e tudo mais e, de tal maneira ficássemos, que fôssemos à Reunião de Recortes de medo de apostasia. É mais ou menos como um sujeito que só não peca por medo de ir para o Inferno, esse não pode achar graça num sermão que faça a glorificação da virtude. O que ele tem que ver com tudo aquilo!
Agora, para fazer o panorama todo é preciso dizer que entra também pelo meio, que em um ou outro de vez em quando, gostam de ver o ziguezague da tocha.
(Sr. Guerreiro Dantas: […] Acho que a média aproveita vendo esse jogo da tocha…)
Há no fundo isso na mentalidade de todos. Portanto, isso constituiu quase que o outro lado da ogiva do que afirmou o M. F., do que afirmou o Mário e de algum modo também o Edwaldo, que há no fundo do que você acaba de dizer na mentalidade de todos. A gente vê pelo seguinte lado…
(…)
… a maior parte que quase não se vê. Com isso meus muito caros, a reunião achei muito proveitosa, muito interessante.
(Sr. Fernando Antúnez: Mas o senhor não falou do “lumen”.)
Mas não fiquei de falar, eu fiz uma pergunta.
(Sr. Fernando Antúnez: Mas a reunião é feita para isso.)
Ah! não, eu fiquei à margem…
(Dr. Edwaldo Marques: […] É preciso pôr o senhor no centro senão nada feito…)
Isso seria matéria para outra reunião.
Eu ouço agora o que o M. F. quer dizer, e depois dou uma particularidade dessa reunião em relação a Reunião de Recortes.
* A graça que nosso Pai e Fundador faz ver, é algo que dá ocasião de se ver Deus em um homem
(Sr. M. F.: […] A Reunião de Recortes é um prolongamento do próprio juízo de Deus sobre as coisas. Agora, o que é o “lumen” é diferente de Deus e no que é Deus […] a força do “lumen” está numa relação que ele tem com Deus.)
Mas compreende‑se, a expressão que você usou, prolongamento, não é uma expressão correta, é à maneira de… uma imagem de.. um juízo de Deus. Isso de algum modo se pode dizer.
O que tem — a hipótese que estamos trabalhando — que nisso entre a graça, falamos até em carisma. A graça é uma participação criada na vida incriada de Deus. E quem discerne a graça em outrem, discerne algo cuja última auréola tem algo que é sobrenatural.
Então, você vê o dito daquele advogado que D. Chautard cita, sobre São João Batista Vianney: “Vi Deus num homem”, faz compreender isso.
É uma fímbria sobrenatural, misteriosa, por que a graça, o que é que ela é?
A Igreja define, mas ela para nós é misteriosa e nós a vemos fora dos nossos sentidos por um discernimento também misterioso, que onde ela existe é o melhor do que se vê. E aí…
(…)
… e aí, o que o Guerreiro dizia há pouco da movimentação das tochas, é muito a pulsação, a cintilação e a deambulação da graça. E a gente pode compreender numa coisa feita por qualquer pessoa que procure ser piedosa, reta, fazer por amor a Nossa Senhora e de Deus as coisas, pode‑se discernir uma coisa assim.
(Sr. M. F.: […] Mas não é o mesmo caso do que se deu com São Cura d’Arns.)
Acho que é, acho que é, acho que seria uma honra para mim se fosse exatamente a mesma coisa, embora num grau de intensidade menor.
* As Conversas de Sábados à Noite têm um certo quê de imprevisto
Para terminar a nossa reunião queria dizer uma coisa curiosa.
O Átila e o Guerreiro puderam hoje fazer perguntas que se mantêm válidas para o próximo sábado. Se nós aqui fizéssemos o propósito de na reunião que vem tratar desse assunto, podia perfeitamente não pegar, porque a nossa reunião tem um certo quê de imprevisto, sem o qual ela não vive. Não se trata de uma infidelidade nossa, a meu ver, nem nada disso, está na índole da reunião. Acho que vocês todos sentiriam gauche se a gente mandasse tomar nota de alguns pontos desse e no sábado que vem a gente se senta e diz: “Olhe, de acordo com o que estávamos tratando no sábado passado…”. Há 90% de probabilidade de não dar certo.
(…)
… que há uma palavra que falta na versão comum da oração. Quando diz “vinde ó melhor de todas as Mães”, falta a palavra “pois”. “Vinde, pois, ó melhor de todas as Mães”. A parte anterior é uma fundamentação para que Ela venha. Está tão claro esse nexo no texto, que a pessoa não se dá conta, mas a palavra “pois” falta e valeria a pena reintroduzí‑la. Mas é melhor ver se o Mário recompõem melhor as coisas e aí…
A única coisa que acrescentei, recente, foi “o coração arrependido e humilhado”.
(Dr. Edwaldo Marques: Podia‑se introduzir de uma vez.)
Não, não, porque pode ser que apareçam outras coisas e é melhor introduzir tudo de uma vez, porque senão dá uma impressão de uma oração movediça.
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