Conversa de Sábado à Noite ─ 13/05/78 ─ Sábado . 6 de 6

Conversa de Sábado à Noite ─ 13/05/78 ─ Sábado

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Comentários introdutórios sobre a reação do auditório ao dar as notícias da França e dos Estados Unidos * Comentários sobre a manifestação da TFP americana: nunca o respeito humano foi tão forte como em nosso século. A Revolução assim aterra o mundo todo, e nessa hora nós a fazemos recuar * A substância da glória está na batalha e não no desfile da vitória. E essa glória será: Nossa Senhora durante a batalha nos aparece glorificando-nos e fazendo-nos vencer * A cerimônia de proclamação do Reino de Maria será uma cerimônia de irradiação do lumen profético, alertando para o Cristo gladífero e para a decadência que virá * Na Bagarre não bastará ter coragem, além da ação corajosa será necessário um donaire de alma que é o “finit” do homem corajoso * Comentários sobre a frieza com que foi recebido o discurso de nosso Pai e Fundador sobre Anchieta * Alguns exemplos de como nosso Pai e Fundador é recusado no Grupo

* Telegrama de nosso Pai e Fundador à TFP francesa e norte-americana

[Esta reunião é, segundo ordem, exclusiva para Dr. Luizinho]

Telegrama à TFP norte-americana:

Felicito êxito reparação Nossa Senhora, tendo repercutido maior entusiasmo nos plenários de Jazna Gora e Auditório São Miguel.

Telegrama à França:

Lorsque j’ai reçu la touchante demande de mas chers fils en France, leur consecration à la Sainte Vierge par un intermédiaire avait déjà eu lieu.

En effet j’avais consacré solenellement à Jazna Gora toutes les TFPs, et parmi elles la TFP française occupait dans mes vues un rang de choix. Reccomentions bien affectueses. P.

* Comentários introdutórios sobre a reação do auditório ao dar as notícias da França e dos Estados Unidos

O desagravo feito e as medidas contra a organização que promove o aborto fe-la pedir desculpas. Foi um verdadeiro antegozo da Bagarre. Assim se castiga! Dizer porque deve ser castigado, e depois flagela e o acusado punido, pede perdão.

Ao dar a notícia no auditório São Miguel pensei que lá não estivesse ninguém de Jazna Gora e por isso omiti a parte que dizia que Mr. Spann pronunciou meu nome na Sétima Avenida. Mas JS que esteve em Jazna Gora e lá estava do fundo do auditório elevou seu vozeirão e contou o fato. Aplausos.

Na primeira parte do Santo do Dia dei um pouco de doutrina ─ para o que eles são muito duros. Na segunda parte contei o fato do Estados Unidos: palmas mais intensas possíveis, de tal modo que para fazê-los parar era preciso inventar algo que fosse uma rasteira neles.

À certa altura prometi-lhes algo mais e contei a SEFAC da França feita com os rapazes vindos do Centro. Quando lhes disse que faria um teste, muito espertamente levantaram-se e começaram a aplaudir, porque perceberam então a importância do acontecimento francês. Então ri, porque eles haviam percebido depressa, e lhes disse que se bem que não tinham acertado inteiramente, pelo menos começavam a aprender a viver.

Aquele espanholzinho tem lucrado muito no São Bento. Não pensei que pudesse lucrar tanto. O outro, que sinto não ser conatural com sua gordura, impressiona bem. Quem melhora sempre mais é o SF. Foi aniversário dele. Falei ontem com ele, e hoje no carro também. O gesto dele no carro foi bonito, particularmente significativo para ele, que por feitio de espírito não é dado a essas atitudes.

Jazna Gora toda esteve bem hoje. É verdade que ao ler o artigo do “O Estado de São Paulo”, a atenção decaiu um pouco, mas no total esteve bem.



* Comentários sobre a manifestação da TFP americana: nunca o respeito humano foi tão forte como em nosso século. A Revolução assim aterra o mundo todo, e nessa hora nós a fazemos recuar

A Sétima Avenida está a dois quarteirões da Quinta Avenida ─ que é o paraíso dos que não vão para o Paraíso. É preciso notar que nunca o respeito humano foi tão forte como em nosso século. A Revolução assim aterra o mundo todo, e nessa hora nós a fazemos recuar. Estamos muito abaixo dos mártires do Coliseu? Não sei se a onda revolucionária pegava tanto no passado quanto hoje? A Revolução escraviza a todos dentro das almas.

Como será a glorificação de Elias nestes últimos tempos? Devo dizer que quase não tenho resposta a dar, a não ver vislumbres, porque proíbo-me de pensar nesse assunto. Acho entretanto que Nossa Senhora deverá organizar as coisas de tal modo que o grande golpe contra o adversário seja dado por mim.

Pode ser um golpe físico, será o golpe dos golpes, como o de Dom João D’Áustria em Lepanto ─ depois de aparições de Nossa Senhora, milagres, etc.

Mas Lepanto é muito pouco em comparação do que será esse golpe final. Nele participarão os senhores em graus adequados. Deverá ser um momento da batalha suprema, quando ela parecer perdida, investimos então, e num ponto louco ─ impossível de ser investido ─ atingimos o centro do inimigo, matança, raios, terremotos… Num lugar inexpugnável do inimigo, jogamos contra eles em ofensiva última.

* A substância da glória está na batalha e não no desfile da vitória. E essa glória será: Nossa Senhora durante a batalha nos aparece glorificando-nos e fazendo-nos vencer

A ajuda de Nossa Senhora poderá ser do seguinte modo: nessa batalha há um terremoto, abre-se o chão, e de repente caímos na loja das lojas, e ali matamos, sem deixar nada. Pegamos o pessoal por trás e o liquidamos. Só se pode pensar nisso tudo em batalha a cavalo.

A substância da glória está na batalha e não no desfile da vitória. E essa glória será: Nossa Senhora durante a batalha nos aparece glorificando-nos e fazendo-nos vencer ─ a nós e a tudo o que fizemos desde 1928 até essa data misteriosa.

* A cerimônia de proclamação do Reino de Maria será uma cerimônia de irradiação do lumen profético, alertando para o Cristo gladífero e para a decadência que virá

Esse tropel de cavalaria seria tal que nos deixaria tão luminosos que marcaríamos toda a História com esse estilo de Thau. A cerimônia de proclamação do Reino de Maria seria uma cerimônia de irradiação desse lúmen, alertando para o Cristo gladífero e para a decadência que virá ─ pois haverá um tipo de alma que sairá das trincheiras à espera da traição que deve vir.

Nessa ocasião reuniríamos duas formas de glória; a de ter detectado a loja das lojas, e o milagre de Nossa Senhora dando-nos a vitória. Não creio que a Bagarre decresça em vigor de luta em seu curso. Ela deverá crescer até um auge em que cessará completamente porque os de lá estarão todos liquidados.

Nossa Senhora dará a todos a possibilidade do Grand-Retour, e com ele todos estarão capacitados de liquidar a loja das lojas caindo nela. Em determinado momento muita gente nos seguirá, e é possível que alguns combatam. Penso nisso vendo algumas reações recentes do NE.

Alguns membros do Grupo que hoje são muito dedicados, mas afastados da idéia da luta, poderão receber o Grand-Retour. Vejo que alguns deles, mesmo assim afastados da luta, conservam algum pedúnculo que justifica achar que Nossa Senhora os restaurará no Grand-Retour. Trata-se de uma milagre da graça que espero, sem ter certeza de que virá.

* Na Bagarre não bastará ter coragem, além da ação corajosa será necessário um donaire de alma que é o “finit” do homem corajoso

Há entretanto uma finura nesse assunto que precisamos notar com cuidado: na Bagarre, não bastará ter coragem. Além da ação corajosa será necessário um donaire de alma que é o finit do homem corajoso. Quem não teve esse donaire não estará em seu lugar porque não terá tudo o que nossa posição supõe. Donaire: forma super-excelente de coragem. Deverá ter a plenitude do espírito militar que é o espírito cavalheiresco. Aí o donaire se projeta.

* Comentários sobre a frieza com que foi recebido o discurso de nosso Pai e Fundador sobre Anchieta

O lumen que havia no discurso sobre Anchieta, pronunciado na Câmara aos vinte e quatro anos. Na intimidade e perguntando sobre isso digo-lhes: naquela época todos que o ouviram fingiram não ver o donaire. Os aplausos foram comuns.

Alguns deputados ─ era convenção isso ─ quando queriam demonstrar maior interesse pelo orador levantavam-se e ficavam sob a tribuna. Até isto foi feito.

O “O Estado de São Paulo” que na época queria me atrair publicou na primeira página. Um tio foi o único que apareceu para cumprimentar mamãe. Na Congregação e meios católicos que freqüentava foi zero. Hoje é a primeira vez que vejo alguém dizer algo que corresponde ao que eu via naquele discurso.

Desci da tribuna pasmo. Nenhuma revoada de Anjo se fez sentir. Fui para a bancada ─ cinco minutos depois falava-se de outros assuntos. Mais tarde reli-o e espantei-me de que não tivessem visto o que hoje se vê. Os da Pará nunca ligaram. Se fosse um zurro que eu tivesse dado teria sido a mesma coisa. Isso se deu com “N” discursos ─ a tal ponto que mudei de estilo.

Mesmo em Jazna Gora, que é o melhor dos meus auditórios, quando digo algo meio literário e engraçado, a repercussão é maior do que quando o que digo é literário e bonito. Por exemplo na penúltima reunião dei a figura do palhaço que caindo do trapézio lançaria beijos à platéia, não perdendo a compostura. Sei que isso foi comentado lá porque houve o propósito deliberado anterior de comentar, mas quem comentou não deve ter sido [hol.?1]. Esses gostam do balofo. No entanto eu reputo aquela figura literária…

* O desejo de ter um chefe que faz o quotidiano sem nunca ir aos picos ─ Nosso Pai e Fundador afirma: “eu não atraio, sou um profeta recusado”

Hoje aplaudiram-me a propósito da cerimônia feita nos Estados Unidos. Entretanto o chefe de quem verdadeiramente gostariam seria AX, fazendo o quotidiano sem nunca ir aos picos. Todos se contentariam com o Jaraguá que ele lhes daria, e jamais teriam vontade de ir aos Alpes. AX seria reputado gênio se organizasse mass mailings em quantidade. Mas dos rasgos brilhantes não gostaríamos.

É por ser assim que não atraio, sou um profeta recusado. Os membros do Grupo deveriam ter feito sentir aos outros esse lumen que deveriam ter visto. Mas como? Se não sentem eles mesmos.

* Alguns exemplos de como nosso Pai e Fundador é recusado no Grupo

Quando falei naquela cerimônia do Pal. Ma.2 fizeram-me uma recepção no auditório São Miguel na qual reconheceram a superioridade de meu discurso sobre os outros. Ora fazer notar isso é não me conhecer. Há um equívoco fundamental nisso tudo, e não haverá Grand-Retour se esse equívoco não se cindir como cindiu o véu do Templo.

Por exemplo em Jazna Gora ouvem o MNF. Como o ouvem? Quem o ouve encontra nele horizontes inteiramente novos, uma diversidade de horizontes imensa, uma gentileza paterna, e mil outras coisas.

São arrastados ao entusiasmo, mas saem dele logo que podem. Isso me entristecesse, mas eu me resigno. É a vontade enorme de admirar tudo o que não sou eu.

Soube que o jamaicano fez uma conferência lá que foi acompanhada de grande interesse… Um outro ao falar na auditório São Miguel foi chamado por alguém de “o novo Constantino”. Esse que disse isso certamente espera alguém que nos liberte sem fazermos força. Esses são desentendimentos que existem. Se aparecesse um falsa-direita fascista, os que entre nós são os mais nhonhôs vão babar e vestir uniforme para marchar. D. Mayer só não tem tudo porque joga tudo fora, mas a propensão a acatá-lo é enorme. Afastam-se de mim por onde sou de Nossa Senhora.

Por aí correm as rejeições. Havia disso na antiga comissão de estudos de Opinião Pública. Certo dia um deles me disse coisas pesadas a respeito do modo como eu conduzia os estudos e todos ouviram sem protesto. Fui paciente com o objetante para não fazer-lhe mal, e respondi-lhe tudo, ponto por ponto, justificando-me. Isso é o natural em nós não combatido, sendo que depois vem o demônio e o acentua.

Como, de agora em diante, fazer o bom jogo em Jazna Gora? Isso deverá ser feito através da apreciação de fatos concretos recentes. Não dizer apenas “que extraordinário”. Isso é preguiça de pensar.

Tomar um fato concreto recente que se deu numa Reunião de Recortes e analisá-lo. Por exemplo a paciência e dignidade com que respondo a certas perguntas deprimentes que me são feitas. É um trabalho de bondade e de tomar a sério aquela pergunta, e depois responder com a dignidade com que um antigo senador respondia a outro uma questão importante. Essa dignidade dever-se-ia saber aproveitar. Mas olho as caras e estão indiferentes. Se um outro que não eu tivesse feito isso, admirariam muito.

Jazna Gora representa em relação à São Milas um progresso inegável. Lá eu quis até fechar a Reunião de Recortes. Não houve retrocesso em relação aquele tempo. Sobretudo é magnífico que passem a semana toda analisando o que disse na Reunião de Recortes. Tudo isso caminha para ser bom, mas com que obstáculos.

Mesmo quando analisam o maravilhoso, fazem-no sem desapegar-se do vício oposto. Mesmo os argumentos que visam o grandioso caem na vidinha. A Revolução nos retrai em seguida para uma posição menos, que é a tíbia. Por isso recomendo fazer a análise do fato concreto porque ela elimina o balofo.

* A Reunião de Recortes é uma operação sobre as almas para lhes comunicar o carisma profético

A Reunião de Recortes é uma operação sobre almas para lhes comunicar o carisma profético. Há por isso, nela, lances. Por quê não estudá-los? O pulchrum, no que está? Por exemplo ao falar hoje da Itália pus algo que dizia dela o que não poderia deixar claro por causa dos numerosos descentes dela ali presente. Mas o que deixei claro naquela linguagem elevada é que ela é uma terra de palhaços.

Aquilo foi dito com uma dignidade e afeto, que era quase uma direção espiritual. Mas é ou não é que somos mais propensos a admirar o neg.jamaic.? Esse modo de ser se ratache à grandeza, que não é o modo de ser de quem está perpetuamente esmagando.

As cartas de Dª. Lucilia lidas ─ num momento com seriedade, noutro de modo pouco sério.

A falta de seriedade é a recusa do grandioso.

[Término da conversa ─ 3.00Hs.]

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1 ) NCA: parece referir-se à sigla: holandeses, portanto, brasileiros.

2 )NCA: Parece ser o Palácio Mauá.