Santo
do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) – 19/6/1969 –
5ª-feira – p.
Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) — 19/6/1969 — 5ª-feira
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Código de honra do militante
Os senhores já tiveram conhecimento das razões, creio eu que todos tiveram, que nos levaram a adiar o lançamento da campanha para segunda-feira. Isso nos dá ocasião de aproveitar o tempo para maior adestramento doutrinário, para maior adestramento a respeito também de pontos concretos das diretrizes que devem ser tomadas e era uma necessidade absoluta, porque é evidente que se tomaria como pretexto o estado de agitação em que a saída do Rockfeller ainda deixará a cidade amanhã, para tolher a circulação da campanha. E os senhores compreendem que, quem tem o pretexto para proibir o primeiro dia, tem o pretexto para proibir todos os outros dias e que, era, portanto, muito mais razoável, muito mais cabível à vista da situação como ela se definiu anteontem e ontem, nós tomarmos providências para não cairmos numa ratoeira no que diz respeito a amanhã. Bom, entre as coisas que seria interessante considerar, era o código de honra do militante da campanha. Eu não sei se esse código foi distribuído a todos os senhores. Os senhores têm em mãos, ou não? Não. Bem, vai ser distribuído, provavelmente, amanhã, não é isso?
A noção de honra, nós devemos considerar bem. Ela é uma noção imponderável. Ela não é uma noção fácil de se apanhar. Mas eu, sem entrar aqui em toda uma digressão filosófica à respeito da noção de honra, eu tomo um aspecto da questão que nos importa especialmente e é o seguinte: há certos atos que são particularmente conformes à honra, como há certos outros atos que são particularmente contrários à honra, naturalmente. Entre os atos mais conformes à honra, existe o respeito à palavra dada. Diz-se de um homem que ele tem honra, quando a palavra dada – claro que não basta isto, mas é uma das características do homem de honra – quando ele sustenta a palavra dada, ainda que com prejuízo, ainda que com inconveniente, ainda que tendo a possibilidade de ...[ilegível]... impunemente a palavra dada em várias circunstâncias, esse homem tem honra se ele sustenta a palavra que ele empenhou. Por isso que, antigamente, não se assinava contrato. Havia certos homens, os senhores já devem ter ouvido falar do fio da barba, que davam como garantia um fio de barba, não é? Quer dizer, quem tem esse fio de barba, se eu violar esse contrato, pode me esbofetear. Eu ainda conheci um Arcebispo de São Paulo, velho D. Duarte, que, durante muito tempo, se recusava a assinar as escritura públicas que a cúria passava. A outra parte assinava, ele deixava em branco, porque ele dizia que a outra parte tinha a palavra dele, que era de arcebispo, enquanto que a palavra de um negociante qualquer, não era a palavra de um arcebispo. Depois, os cartórios, veio uma lei que determinava que a propriedade não se transmitia sem assinatura, por mais honra que tivesse, não podia, o contrato precisava estar assinado e registrado, exigia o registro, o registro não podia ser feito sem assinatura.
Então, ele começou a assinar. Os senhores sabem como é que ele assinava? Em cima da estampilha uma cruz e um “D”. Só. Duarte. E os católicos aceitavam isso como assinatura. Bem, é conceito de honra, é desonrado aquele que não cumpre esta palavra. Também faz parte do conceito de honra que, quando vários combinam juntos de realizar um esforço juntos e de correr um risco juntos, que cada um que assumiu esse compromisso tem, como ponto precisamente de honra, correr o mesmo risco que os outros e de fazer o mesmo trabalho que os outros. Aquele que procura, depois da combinação, não expor-se ao trabalho ou ao risco contratado, este falta com a honra. Por quê? Porque ele é desleal, porque ele está permitindo que os outros façam algo e ele, que prometeu ajudar, não está fazendo. Quer dizer, ele está, portanto, fraudando os outros. Bem, essas são noções humanas de honra, mas há uma noção muito mais importante que é a noção sobrenatural. É a nossa honra em relação a Nossa Senhora.
A nossa honra em relação a Nossa Senhora está nisto. O vassalo, escravo, tem, como ponto de honra, o serviço de seu suserano, de seu dono. Ele recebe as vantagens inerentes à vassalagem, à escravidão: a proteção, o conselho, a guia, a união com Nossa Senhora. Ela recebe, como contra partida, a dedicação, a entrega, a renúncia, etc., etc. Por causa disso, não havia pior coisa na Idade Média, do que se dizer de um vassalo que ele era um vassalo infiel ao seu dono. Dizia-se que esse era um crime chamado por uma palavra que tem o som do horror que ela representa, é o crime de felonia. A palavra felonia, é horrível, ela parece que canta uma infâmia horrível, e o indivíduo que pratica a felonia era chamado felão. O felão faz felonias. Os senhores estão vendo o felão… chegar para alguém hoje, o homem mais cretino da rua, se a gente disser para ele: “Você é um felão”, é capaz de ficar sentido sem saber o que é um felão, de tal maneira a palavra canta horror que ela exprime. Ou então, sobretudo dizer a alguém: “Você fez uma felonia”. A pessoa pode não saber bem o que é, mas diz: “Isso, não!”, está compreendendo, de tal maneira a palavra felonia é horrorosa. Pois bem, a palavra felonia designa exatamente aquele que, em relação ao seu suserano, ao seu vassalo, ao seu senhor, não tem a dedicação que devia ter. É uma forma especial de desonra.
Nossa Senhora é, por excelência, nossa senhora. Por todos os títulos, Ela é nossa Rainha, Ela é nossa Mãe, Ela é a Mãe de Deus, enfim, tudo quanto os senhores queiram, todas as formas de senhorio coincidem em Nossa Senhora. Além de todas essas formas, nós nos demos a Ela na qualidade de escravos perpétuos, escravos de amor, mas nós nos demos a Ela pelo ato de São Luis Grignion de Montfort, na qualidade de escravos. É, portanto, um ato de lealdade de nossa parte nós correspondermos a essa obrigação, lutando por Ela e agindo em favor dEla. Então, uma vez que a causa dEla pede, em tão alto grau, o nosso concurso, uma vez que o Grupo dEla, constituído por Ela, ao qual nós pertencemos, pede em tão alto grau de nós nossa cooperação nessa emergência, é uma felonia nós não darmos essa cooperação até onde podemos dá-la. É felão quem não der esta cooperação até onde pode dar. Pelo contrário, mostra ter honra quem dá essas cooperação e mostra ser heróico na honra, quem, em atenção a Nossa Senhora, não só faz aquilo que se comprometeu, mas vai ao inimaginável para atender aos interesses da causa dEla. Então, daí o haver um código de honra para essa campanha. Qual é a razão de alguns atos serem especialmente considerados atos relativos à honra aqui? São atos em que, mais facilmente, a fidelidade demonstra honra, de um lado. Agora, de outro lado, também são atos nos quais, mais facilmente, a pessoa incide. Então, estes atos constituem o “Código de Honra”.
Quais são os pontos do nosso “Código de Honra” que estão capitulados no nosso “Código de Honra”?
Primeiro lugar é o seguinte:
Recorrerás a todo momento a Nossa Senhora, a São Miguel e ao teu Anjo da Guarda que, do mais alto do Céu, acompanham e protegem a tua luta.
É uma coisa evidente, Nossa Senhora é uma aliada celeste; São Miguel, todos os Anjos estão pairando sobre as ruas onde nós trabalhamos. É uma questão de fidelidade para com eles nós não pormos de lado esta arma suprema que é a oração. A oração é mais útil para divulgar o “Catolicismo” e para conseguir a saída do nosso jornal, do que os maiores esforços, por mais louváveis que esses esforços sejam. Porque a oração vence tudo, a oração consegue tudo. De maneira que nós devemos fazer tudo rezando jaculatórias, a todo momento fazendo jaculatórias.
Eu compreendo que o hábito das jaculatórias não se improvisa e que, portanto, eu não posso dizer que é uma desonra quem, a todo momento, não faz essas jaculatórias, isso eu compreendo bem, mas ter o desejo de fazer, teu o empenho, fazer um certo esforço para recorrer a Nossa Senhora com freqüência, a São Miguel, aos santos protetores, a São Luis Grignion, a Santa Teresinha, etc., isso é uma coisa que faz parte da lealdade na luta, porque é a nossa arma por excelência, tal será que nós não recorramos a Ela, é evidente.
Bem, a segunda coisa é:
Evitarás o “boenesismo” e terás sempre presente os grandes fins próximos e remotos da campanha.
É claro. O que é o “boenesismo”? Boene em francês é limite. O espírito “boené” é o espírito limitado, é o espírito que não vê dois dedos diante do nariz. É desdourar a nossa campanha a gente não estar se lembrando os altos fins que ela tem. A gente está fazendo campanha assim: “Uh! Este aqui está vendendo, eu vou correr para vender também, para eu superar este aqui”. É desdourar a campanha, porque a campanha se faz por amor a Nossa Senhora, por amor à causa católica, por isso que a gente faz a campanha, não faz por outra coisa. Agora, a gente esquecer-se disto e estar fazendo a campanha por amor de si mesmo, é faltar com a honra devida, porque é desviar de Nossa Senhora aquilo que só para Ela existe, é evidente. Bem, terceira coisa:
Lutarás como um cruzado, sem desfalecimento, esquecido de ti mesmo, desapegado de teus hábitos e rotinas.
Lutar sem desfalecimento é lutar continuamente, sem momentos de preguiça. Um pouco de fôlego, digamos, vai. Mas sem preguiça, sem horas de abatimento, sem horas de respeito humano; tentado, resistir, evitar, por quê? Porque é assim que se fazem as coisas. Também não estar lembrando: “Ah! Como minha perna está doendo, como eu estou com vontade de sentar, como não sei o que…” Não tem nada disso! Um soldado quando avança, não pensa nessas coisas, isso é o soldado das pátrias perdidas e das causas derrotadas. Quem avança com amor não pensa nisso. Faz como Nosso Senhor Jesus Cristo com a Sua Cruz: vai para frente, pode até cair debaixo da Cruz, parar por preguiça ele não pára, retroceder nunca.Quer dizer, faz parte de nossa honra lutar sempre, avançar sempre. O quarto princípio é:
Aceitarás sem entender, farás o que não queres, estimarás o ser repreendido e não terás suscetibilidade.
Coloquemos tudo isto juntos porque isso é ter o espírito… [ilegível] … Exatamente, fazer o que não entende. Há uma forma de megalice que é a seguinte: o chefe de banca dá uma ordem, o mega já começa a pensar um plano super melhor para pisar na cabeça do chefe de banca. Não senhor, ele execute bem a ordem dada, assim que a gente vence, não é fazer um plano que é em quimera. Eu, outro dia, vi alguém falar de outrem, e falava nesses termos (falava de um modo acertado). Ele dá, digamos, um número de cinqüenta sugestões. Destas cinqüentas, cinco são espetaculares, quarenta e cinco não valem nada, não vale a pena a gente ouvir quarenta e cinco sugestões erradas e demonstrar que são erradas, para aproveitar as cinco. Logo, ele é negativo. Eu achei uma apreciação perfeitamente justa. Evidente.
Agora, há uns ruminadores de super diretrizes que chegam em casa, sentam na cadeira e a coisa é: “Se eu fosse o chefe dessa banca, eu mandaria descer essa ladeira, subir aquele morro, fazer tal coisa, tal coisa, tal coisa, é só uma errata do chefe de banca que a gente tem” Resultado, o sujeito vai e procura o chefe de banca, dá um diretriz que o chefe de banca não pode aproveitar. Se o chefe de banca for colega, é meio mega também e fica sentido. Se não for colega e não for meio mega, ele faz um trabalho imenso para provar que as quarenta e cinco sugestões não prestam. É muito melhor dizer: “Não, Nossa Senhora fez com que houvesse um só chefe de banca, que não fosse esse colosso único e incomparável que sou eu. Está bem. Então, eu vou fazer o sacrifício da genialidade imolada, do talento incomparável ocultado e colocado debaixo do alqueire para ninguém ver, eu vou brilhar só aos olhos de Nossa Senhora e oferecer a Nossa Senhora uma coisa gratíssima, são os produtos ignorados de meu talento”. Se esse meu homem das cinqüentas sugestões oferecesse todas as cinqüenta para Nossa Senhora, eu estou certo de que Nossa Senhora receberia com um sorriso cada uma achando que era um fioreti ele entregar aquilo. Talvez – Ela é tão boa – talvez, recebesse as cinqüenta sugestões como se valessem as cinco sugestões boas. É claro que Nossa Senhora não se aproveita destas sugestões, até lá nenhum gênio humano chegou. Eu quero dizer é oferecer como sacrifício, não é verdade? Bem, mas isto faz muito mais bem do que a gente estar engendrando sugestões, sugestões, sugestões.
Depois, ficar sentido. Dizer: “Bom, não me perguntaram e me mandaram para lá; não vai dar certo…” Já vai fazer propaganda mal feita. Quer dizer, isto precisa calcar aos pés. O mérito está, exatamente, em aceitar sem entender. O suco está em não entender e fazer aquilo que a gente não quer, etc., etc. Esse é o mérito e assim nós devemos agir. Esta é a nossa honra. Bem:
Terás o espírito…
Ah! O quinto:
Bradarás nossos slogans ainda que ninguém lhes dê atenção, seu eco chegará até os Céus.
Isto é bem verdade. Eu digo mais, o eco que ninguém vê chega mais até ao Céu do que o eco que todo mundo vê. Uma vez, de um grande repudiado, de um grande rejeitado, eu vi uma cena dessas. Esse rejeitado, esse repudiado foi o Cardeal Merry Del Val. Ele conta na vida dele que, depois que São Pio X, de quem ele foi secretário de estado, morreu, ele ficou certo que tudo na vida tinha acabado para ele. Mas ele continuou a exercer suas funções, mas congelado, posto de lado. Havia um ditado em Roma que era assim: “Merry Del Val nada [mal?]. Bem, ele foi numas férias, passar as férias na Suíça com um companheiro e, colocado diante de uma daquelas vastidões da Suíça, geleiras com ninguém, ali, em algum lugar algum chalezinho, mais adiante alguma vaquinha, alguma coisa, ele diante da grandeza do panorama, ele tirou o chapéu e, para que todos os ecos repetissem, ele cantou um hino de glória a Deus. Este homem de boca amarrada no Vaticano, mas que canta as glórias de Deus nos geleiros da Suíça, não fez uma coisa mais grata aos Anjos do que se ele entoasse um Te Deum na Basílica de São Pedro? É o cântico rejeitado, o cântico repudiado, o cântico que só a solidão recebe e amplia, mas que vai de geleira em geleira, de montanha em montanha, enche as solidões. Não é verdade que a gente compreende que Deus tivesse criado estas solidões só para servirem de concha para dar ressonância a esse canto? Pois bem, melhor ainda do que isto é cantar a glória de Nossa Senhora na Rua 15 de Novembro. Porque nos geleiros da Suíça, não vem o contra vapor, não vem o olhar de desdém, a cena é linda, é algo no homem fazer isso numa cena que ele sabe que é linda.
Ainda que ninguém veja, os senhores podem imaginar quantos megas gostariam de cantar nos ecos da Suíça as glória de Nossa Senhora. Mas mega gostar de cantar as glórias de Nossa Senhora na rua 15 de Novembro, é muito duro. E então, o bonito é isto. Nas campanhas dos senhores, eu quantas vezes tenho visto. Uma ocasião, eu vi de uma janela do Hotel Oton, com um binóculo japonês magnífico que me emprestaram – devia ser de um dos nossos niseis por aí – eu via a cena na cabeça do viaduto. Não dava para ver a cena toda. Bem, e eu pensava o seguinte: esses rapazes pensam que cada vez que alguém passa e compra “que serviço eu fiz a Nossa Senhora”. Eles não erram, mas eles não compreendem que o mais bonito é quando alguém passa e rejeita. O mais bonito é quando alguém passa e não olha, nem vê, como se fosse para um corpo diáfano e passa com uma cara de sinarca. Ali, a aceitação disto ainda é muito mais bonito. Então, bradar o slogan, bradar em alto som, não a ponto de incomodar o nosso capuchinho, virão diretrizes a respeito disso, mas na Rua 15 de Novembro, não há capuchinhos e, se os houver, eles ali estão sujeitos ao direito comum. Bradar em alto som o nosso slogan, isso é uma maravilha, porque, no Céu, eles ecoam. Quando os senhores chegarem ao Céu, ao Anjos vão repetir aos senhores os slogans que os senhores bradaram na Terra. Os senhores vão ser glorificados por cada slogan que cantaram. Eu vou lhes dizer como é que é isso. Nosso Senhor, em certo momento, fala que, quando Ele vier julgar os homens, Ele dirá: “Eu estive nú e não me vestiste, estive faminto e tu não me deste de comer, estive abandonado e não me deste agasalho, estive preso e não me visitaste na prisão”.
Nosso Senhor, nas nossas ruas, está nú, faminto, preso e desagasalhado, porque os pecados O ultrajam de todos os modos. Ele disse uma vez: “Aqueles que tiveram vergonha de mim, eu terei vergonha deles diante de meu Pai Celeste”. Pois bem, isto implica no contrário: “Aqueles que não tiveram vergonha de mim na hora em que todo mundo caçoava de Mim, Eu me gloriarei diante deles, diante do Pai Celeste”. Quer dizer, o militante da TFP que chega, que morre, expira, por exemplo o nosso Tsuneo, o nosso Márcio, que, infelizmente, eu esqueci, eu ia mencionar, mas escapou no Morro dos Pintos. O nosso Márcio, outros, quando eles são apresentados a Deus Nosso Senhor por Nossa Senhora, são apresentados assim: “Este é aquele que nos foi fiel na hora em que todo mundo caçoava de nós, enquanto todo mundo nos calcava aos pés”.
E então, vem a glória correspondente a isto. Os senhores imaginem que os senhores estivessem esbofeteados, maltratados, pisados, individualmente, sozinhos numa rua. Todo mundo caçoando. De repente, chega um lá e brada: “Alto lá! Ele é isto, ele é aquilo, ele merece aquilo outro, ele é um membro da TFP, eu o reconheço e me ajoelho diante dele”.
Os senhores, uma vez libertos, o que é que fariam por esse homem? Deus não se ajoelha diante de nós, mas é só. Os Anjos no Céu, nos invejam de não poderem fazer isto, porque no Céu deles e no meio da glória que os inunda, isso eles não podem fazer: que é de se cobrir de vergonha por Nosso Senhor. Quer dizer, os senhores compreendem como nós devemos fazer isto. Como o amor a Nossa Senhora nos deve levar a amar a hora em que nós nos cobrimos de uma tal glória no Céu.
Bem, outro princípio é:
Terás o espírito de proeza, e jamais recuarás diante da menor ocasião legítima de causar dano à Revolução. Por teu porte e teu olhar, serás como uma tocha ardente na defesa de nossos ideais.
O espírito de proeza, o que é que é? O que é proeza? A proeza é o ato de heroísmo que chega no limite da temeridade, sem ser temerário. Não é o… [ilegível] …mas é uma coisa que chega até ao limite. É uma forma de correr o risco que é corrê-lo com alegria, corrê-lo com pressa, voar de encontro a ele, e de tomá-lo de assalto, com desdobramento de todas as nossas forças. Um leão que dá um bote, uma águia que voa, são símbolos da proeza. Assim, nós devemos ser quando nós tivermos que enfrentar o público. É com proeza. Em francês há uma palavra linda para dizer isto. Eu não conheço o substantivo em português: un preux, é um homem que tem proeza. Quando se dizia un preux, estava dito o contrário do felão, do patife, do medroso, do indivíduo imundo que recua, este não é un preux. A santa proeza, que coisa magnífica que é a santa proeza. Bem, e essa proeza nos passa pelo porte, pelo olhar. E eu vou dizer mais, não há melhor exorcismo do que a proeza do cavaleiro católico. Isto é que mete medo. Se nós quisermos exorcizar, é ter proeza. Eu creio que já lhes falei aqui, eu sou obrigado a recorrer à lembranças pessoais, porque não tenho outras a não ser de mim mesmo, eu não acredito na metempsicose, de maneira que não tive outra vida. Bem, mas… portanto, eu sou obrigado a falar da minha, mas como é que eu fui educado em pequeno a não ter medo de cachorro. Acho que contei isto aqui, não é? Havia muito cachorro solto em São Paulo e a minha governanta – eu naturalmente tinha medo do cachorro, ele vinha latindo e eu tinha medo – a minha governanta era alemã. “Plinio!” Eu já sabia que ela estava com [proeza?], não é? Mas era… [ilegível] …, era como uma chicotada. “Plinio! Passe… [ilegível] e quieto que o cachorro não te [morde?]… [ilegível] … Eu: “ai, ai, ai, ai… Bem, eu prefiro enfrentar o cachorro a enfrentar esta mulher”. Lá ia. É uma coisa que dá certo. A gente passando sem dar confiança para o cachorro, o cachorro, na grande maioria dos casos, não morde. A gente fugindo, o cachorro, na grande maioria dos casos, morde. De maneira que o mais prudente é ter coragem. A suprema prudência é ter coragem, quem quer ser pouco mordido, não mostre medo. Isso é com o respeito humano assim também, me acreditem. Eu talvez possa dizer isto, talvez os senhores tolerem. Um pouco o Dr. Paulo viu isso, como na Faculdade de Direito como me foi possível, quando eu era estudante – que era praticamente o único estudante católico lá, etc. – como me foi possível quebrar o respeito humano e impedir que me agredissem, foi à força de enfrentar. E logo de uma vez, de peito! Vinha um dizer qualquer coisa… [ilegível] … Eu me lembro discutindo com Pedrosa d´Horta. Os senhores podem imaginar o Pedrosa d´Horta como era sofisticado e pretensioso. Ele lia Anatole France, Flanbert, Ibreu, que eram três autores [modernistas?] no meu tempo de estudante. Ele vinha com esses três autores que eu não podia ler porque era católico, eram livros condenados. E então, ele citava com um ar assim, entende? “Não, porque disse Flanbert”, está compreendendo?
Eu, pum! em cima dele: “Mas é errado!”
“Que argumento você me dá?”
“Eu dou a doutrina católica”. Era um escândalo. Era uma explosão. Depois, liquidar uma discussão bonita, alegando doutrina católica. Quer dizer, a mesma coisa para… [ilegível] …daquele tempo, como se eu dissesse: “A irmã de caridade que me educou em pequeno disse que não era”. Era assim. Naturalmente, saltavam em cima: “A Igreja é falsa”. “Não, é verdadeira”. Pum! Choque, não é? Ele era um sujeito bem inteligente, a discussão com ele era uma discussão violenta, está compreendendo? Bem, assim ele não ria porque era tal… [ilegível] …tal ousadia, depois dizer… [ilegível] …assim “não é verdade!” e… [ilegível]… em vez de dar a razão pela qual não é verdade, dizer que é porque a Igreja Católica dizia que não era verdade, quer dizer, é… [ilegível] …dar bofetada assim, não é? Bom, não se ria. Começou-se a rir um pouco e [acabou?]. Ódio, naturalmente, isso é outra coisa. Ao cabo de pouco tempo, riso não. Era meter o peito. Se nós temos peito, é para isso. Para que é que temos peito? Será que é apenas uma caixa para guardar pulmão, não tem uma finalidade mais alta do que isto, do que essa finalidade anatônica, fisiológica? É isto! Ainda mais um peito revertido da capa. Bem:
Agirás em tudo de maneira sapiencial, mostrando-te pontual, meticuloso e organizado.
A proeza não é o contrário da sapiencialidade. Não é o estouvado que tem proeza, mas é o homem criterioso e que quer grandes coisas. Que quer, criteriosamente, grandes coisas. Por isso, eu vi, uma vez, um bandido o elogio de outro bandido e era um elogio bem feito. Era o Guizot, um historiador francês horroroso do século passado, fazendo o elogio de um sacripanta que era o Oliver Cromwell, ditador imundo que proclamou a república na Inglaterra, decapitou o rei, e que se dizia o defensor nato da heresia no mundo inteiro. Foi pela morte dele que Maria de Ágreda rezou e depois, ela escreveu ao rei contendo que tinha morrido porque ela tinha rezado para ele morrer. Bem, o Guizot diz do Cromwell o seguinte: “Nenhum homem tinha vistas mais altas no planejar, nenhum homem tinha vistas mais ligadas ao que é próximo no executar”. Então, arrojadíssimos na concepção, prudentíssimos na execução, assim são as feras. Fala-se no bote do leão, no bote do tigre. É verdade, mas já pensaram no modo do tigre andar, felino, cauteloso, “pensando” em tudo, enquanto não sai o bote, dir-se-ia que é o diplomata por excelência. Só ruge na hora em que seus instintos… [ilegível] … que é a hora de pular, ainda assim, ele dá um recuo antes de saltar. Incomparável, não é? O leão, o leão corre, a gente diria que ele é mais bestão. Não é, é porque ele tem tanta força, que ele não precisa tomar tanto cuidado. Mas o curso dele é um curso avassalador. Ele vai e ele pula e ele liquida. Bem, assim devemos ser nós. Na concepção, arrojadíssimos, na execução ultra [cautelas?], prevendo perigos, prevendo problemas, tomando providências até no fechar uma carta. Isto é o espírito verdadeiro da TFP, porque é o espírito da Santa Igreja Católica. É a combinação da virtude da Fortaleza com a virtude da Prudência. É isto. Outra, eu vou abreviar um pouquinho:
Jamais serás juiz de ti mesmo em matéria de dispensas.
Como é sábia esta medida. Aqui já está o pequeno. Depois de ter falado em proeza, etc., etc., entramos no pequeno. Os senhores entenderam bem o que isso quer dizer, não é? O modo malandro de a gente se portar na campanha é dizer: “Bom, ele está lá longe, e eu estou certo que a minha dispensa é legítima, de maneira que, em última análise, eu não preciso dessa dispensa, eu me dispenso a mim mesmo”. Nunca ser juiz de si mesmo em matéria de dispensa. Pedir sempre a licença do chefe de banca. É um modo de não ser felão, de não subtrair o serviço ao qual nós estamos obrigados.
Não cederás ao demônio do “atadismo” e procederás sempre com determinação e vivacidade.
Eu sei que “atadismo” é um neologismo da Comissão do Movimento. Se eu entendo bem, é o modo pelo qual a pessoa fica parada e não sabe bem o que vai fazer. Fica assim… [ilegível] …vagando. Já tive ocasião de ver em coleta de assinaturas, um ou outro “atado”. O “atado” não é o que não anda, eu tenho visto “atados” girarem assim… meio sem piso, assim… olhando para cá e para lá… [ilegível] …me vêem, tomam um pouco de susto. Eu, paternalmente, trato de tranqüilizar, pergunto como vão as coisas, finjo que não percebi, etc., etc., porque ainda é o melhor, mas eu entendo que o “atadismo”é isso. É falta de iniciativa, falta de espírito de empreendimento. Isso não se deve ser, a gente deve ter iniciativa dentro da obediência. Bom:
Jamais permitirás que o demônio use de tuas palavras ou atitudes para propagar o pânico ou o desânimo ou o ceticismo.
Nós falamos aqui dos “ondeiros”, dos fazedores de onda, é um talento, não é? Há gente que tem talento para fazer onda. É muito mais raro a gente encontrar “ondeiro” que faz onda para o bem. Mas existe este talento. Bem, se alguém for avisado: “Fulano, você anda ‘ondeiro’”, compreenda e se coíba, porque já é mau a gente não andar bem, mas como é pior a gente levar os outros para o mal. Evidente. Se eu estou com preguiça, não era ao menos o caso de evitar que o outro fique com preguiça também? Eu carregar diante de Deus o peso de duas preguiças, para um só descanso? Não é o tipo do mau negócio? Porque se ainda fosse descansar só eu, é horrível, mas eu levo o outro para a preguiça, não descanso na pessoa dele e carrego essa culpa diante de Deus? É um abacaxi, não se pode imaginar um pior negócio do que este. Na hora do Juízo, o outro dirá: “Senhor, uma atenuante eu tenho, fulano é que me arrastou”. O demônio dirá: “Ondeiro!” O demônio que é o “ondeiro”, hein? Bem:
Serás vigilante e previdente, tendo continuamente diante de ti nossas más inclinações e as intenções malévolas de nossos inimigos.
Não há melhor forma de a gente estar unido ao bem do que pensar no mal. Quer dizer, na rua, quando a gente quiser se lembrar de Deus, pense como nós somos covardes, como nós somos capazes de defecções, como os outros que estão em torno de nós são ruins, então, nossa alma se eleva para Deus. Do contrário, nesse século péssimo, é muito difícil uma alma se elevar para Deus. A Revolução impede isto. A gente fica meio co-natural com a Revolução. É só mesmo pensando no mal dos outros, é que a gente toma susto… Bem… e no da gente, naturalmente, não é?
Duodécimo e acaba com isso, é o último preceito:
Não atormentarás teu chefe de banca com perguntas e sugestões supérfluas, co perguntas supérfluas ou sugestões supérfluas.
Bem, hoje é a festa lindíssima do Coração Eucarístico de Jesus, também festa de Santa Juliana Falconiere, virgem, da Ordem dos Servos de Maria, sua relíquia se venera em nossa capela.
Dr. Fábio vai ler uma profecia.
(Dr. Fábio: O senhor leia que eu… [inaudível] …de francês, um pouquinho… [inaudível] …)
Está sublinhado o essencial?
(Dr. Fábio: Está sim… [inaudível] …)
Não é longa demais, então? Vale a pena? Eu só leio o que diz respeito aos rapazes. Pode deixar a profecia para amanhã, não é?
(Sr. - : [faltam palavras])
Aqui se trata de um jornal vindo do Canadá, chamado “Vers Demain”, “Para Amanhã”. Esse jornal fala a respeito de milagres e visões, etc., que estaria havendo num lugar da Itália, chamado San Damiano. Bem, então, diz o seguinte, alguém pergunta para uma senhora idosa que está tendo visões:
“Mas o que diz a Virgem para responder aos problemas que agitam o mundo de hoje?” É a questão que vem aos lábios de muitas pessoas que vão a San Damiano.
A resposta da senhora:
“A Mãe do Céu nos responde que a solução dos problemas de hoje está no…”
Agora tudo grifado.
“… reconhecimento pela hierarquia eclesiástica…”
É curiosa a fórmula.
“… da presença dEla nesta Terra.”
É curioso porque, quem reconhece a presença dEla no Céu, ao menos por enquanto, grosso modo, pelo menos, na aparência pelo menos, pode dizer o contrário, pode dizer que reconhece a presença na Terra.
“Pois as almas abaladas por este fato novo…”
Que é a presença dEla na Terra.
“… são arrastadas, induzidas à penitência, atraídas à penitência e à oração e acabam assim por se converter”.
Mas não é esse o pedaço essencial, não é Dr. Fábio? Fala dos Grupos, onde está?
(Dr. Fábio: Deve estar um pouquinho abaixo. )
Um pouco abaixo? Está [marcado?], ou não?
O fato novo para o qual a Mãe do Céu insiste é que será necessário… [ilegível] … pregar nas praças públicas e nas ruas e nos caminhos a fim de… [ilegível] … os homens a uma sonolência que conduz muitos deles a sua eterna perdição.
Os senhores notam que em rua o que os senhores encontram muito é essa espécie de sonolência espiritual, uma indiferença a tudo quanto é sobrenatural. Bem:
Que renovação do mundo se seguiria para a Itália e para o mundo inteiro e quantos jovens nós veríamos a correr aos pés de Nossa Senhora, animados enfim de um ideal que lhes daria inteira satisfação? Se se for às ruas pregar e fazer apostolado.
Os senhores vêem isso ligado com a presença dEla, quanta coisa isso quer dizer, não é?
Não considerariam? … [ilegível] …os homens então? Certas agitações que nestes últimos tempos os fizeram descer nas praças e nas ruas para lutas contra a autoridade constituída e contra toda hierarquia?
Quer dizer, se nós sairmos às ruas, nós faremos os homens verem que as agitações universitárias são vãns…
(…)
… o apostolado de rua e a idéia de jovens sendo convertido, indo à rua para realizarmos o apostolado, os senhores estão vendo isto expresso nesta revelação. É uma coisa bastante curiosa.
Bem, e aí vem então o resto que eu já li para os senhores. Com isso, vamos encerrar.
Auditório da Santa Sabedoria