681113sd340

Nome anterior do arquivo: 681113--Santo_do_Dia.doc

Santo do Dia 13/11/1968 Quarta-feira -- [SD 340]

[Auditório Santa Sabedoria]

Título: São Nicolau - Condenação de Focio

Hoje é festa de São Nicolau, Papa e comemora-se nessa festa, ou lembra-se nessa festa, um ato muito marcante do pontificado dele, que foi a condenação do patriarca cismático de Constantinopla, chamado Focio. Focio e Miguel Cerulario são os fundadores, os heresiarcas fundadores do cisma do Ocidente. Heresiarcas em certo sentido da palavra.

São Nicolau I governou de oitocentos e cinqüenta e oito a oitocentos e sessenta e sete. Era belo de rosto e de talhe, modesto, ativo,

Modesto, aqui, não quer dizer uma pessoa apagada, mas quer dizer uma pessoa muito composta; é o que propriamente queria dizer a palavra modesto antigamente.

aplicado aos jejuns e ao culto divino, amigo dos pobres, protetor infatigável das viúvas e órfãos, zeloso defensor de todo o povo. Os tempos eram difíceis. Príncipes indignos davam escândalos horríveis, perseguiam os santos bispos.

Principalmente que lhes reprovavam o modo de viver, expulsando-os de suas sedes e substituindo-os por bajuladores, velhacos e artífices de cismas.

O papa São Nicolau mostrou-se superior a todas essas dificuldades. Foi o grande anatematizador de Focio. Essa foi a sentença.

Agora vem então a sentença de São Nicolau contra Focio.

Focio, que como está agora demonstrado claramente, teve parte nos cismas, deixou o século para ser ordenado bispo por Gregório de Siracusa, deposto e excomungado de longa data.

Quer dizer que quem tinha conferido o episcopado ao Focio era este Gregório de Siracusa, que era um… [ilegível] …, que por sua vez tinha sido deposto e excomungado há muito tempo.

que em vida de nosso colega, Inácio… [ilegível] …de Constantinopla, usurpou-lhe a sede e entrou no aprisco como um ladrão, à noite, entra numa casa para roubar.

Quer dizer, o Focio em vida do legítimo patriarca de Constantinopla, tomou conta da sede constantinopolitana, de um modo desleal, desonesto.

Que depois relacionou-se com os que haviam condenado nosso predecessor, Bento, de saudosa memória.

Quer dizer, depois dele ter tomado posse do patriarcado de Constantinopla, ilegitimamente, ele se mancomunou com uma panela de pessoas que tinham pretendido excomungar o papa Bento.

que contra sua promessa convocou um concílio onde ousou depor e anatematizar nosso irmão Inácio.

Ele quis depor o legítimo pastor.

que corrompeu os legados da Santa Sé contra o direito dos homens e os obrigou não somente a desprezar, mas a combater nossas ordens. Que relegou os bispos que com ele não desejavam comunicar-se, colocando outros nos lugares. Que perseguiu a Igreja e ainda hoje a persegue e não cessa de fazer sofrer tormentos horríveis ao nosso irmão e colega Inácio, muito santo patriarca. Esse Focio, de tantos crimes culpado, seja privado de toda honra sacerdotal e de toda função clerical pela autoridade de Deus, Todo Poderoso, dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, de todos os santos, dos seis concílios gerais e do julgamento que o Espírito Santo por nós pronuncia.

Vejam com que segurança um Papa fala até do “julgamento que o Espírito Santo por nós pronuncia.” Que maravilha! Que grandeza!

de que seja excluído de toda esperança de reentrar na comunhão e fique anatematizado sem receber o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo Nosso Senhor, salvo em artigo de morte.

E o que é bonito é como entra aí a misericórdia de Deus: proibido isso, proibido aquilo, proibido aquilo outro, salvo em artigo de morte. Quer dizer, toda a descarga da cólera eclesiástica, mas no fim o desejo de ainda colher aquela alma e salvá-la para Deus. Os senhores vejam que harmonia e que equilíbrio existe em tudo isso. Mas essa fórmula , a meu ver, merece ser relida e ela é o melhor comentário do santo do dia: vejam a fórmula final:

Esse Focio, de tantos crimes culpado, seja privado de toda honra sacerdotal e de toda função clerical, pela autoridade de Deus Todo Poderoso, dos Apóstolos São Pedro e São Paulo…

A gente tem impressão de uma procissão grandiosa, onde vai na frente a Santíssima Trindade, nimbada de poder, inacessível, e depois o cortejo dos santos atrás.

dos Apóstolos São Pedro e São Paulo…

A gente tem a impressão de ver São Pedro carregando as chaves, São Paulo com o gladio logo atrás de São Pedro.

e de todos os santos, dos seis concílios gerais e do julgamento do Espírito Santo por nós pronunciado.

E acabou-se. É muito bonito o rito que na Idade Média se usava para coisas dessas. Quando um concílio excomungava alguém, a excomunhão era pronunciada com todo mundo com as velas bentas na mão. Quando a excomunhão ou a maldição era pronunciada, depois de pronunciada a fórmula, eles jogavam a vela no chão e pisavam, para dizer que naquela alma a luz do Espírito Santo tinha se extinguido. Então, fazia sombra. É a sombra da excomunhão que ia acompanhar o maldito, até o momento do perdão. Porque depois começava a Igreja, depois de ter castigado, a rezar para que ele se emendasse. E aí está a grandeza e o maravilhoso da Igreja Católica. Punindo e punindo de fato, mas desejando de toda a alma o perdão do pecador.