Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) – 14/08/1968 – 4ª-feira – p. 4 de 4

Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) — 14/08/1968 — 4ª-feira

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Visão de Catarina Emmerich sobre a assunção de Nossa Senhora; o ordenado da cerimônia, refletindo um dos principais aspectos da ação divina; naturalmente, o demônio, por ódio a Deus produz a desordem e o caos; aí está a gêneses da RCR; na descrição que a vidente faz do servo de São Tomé, o Senhor Doutor Plinio salienta o princípio católico do relacionamento humano: admiração e serviço.

* A assunção segundo Catarina Emmerich * Deus produz a ordem * O demônio o cacofônico, o caos * Solidariedade entre ordem e Contra-revolução; desordem e Revolução * O servo segue em tudo seu Senhor

Trecho de Catarina Emmerick sobre a Assunção de Nossa Senhora

[OBS: O texto tem muitas palavras manuscritas. Serão correções ou uma versão “penteada”? Não o sabemos. Foram postas as duas formas: o manuscrito entre colchetes, e a palavra datilografada entre colchetes e interrogação.]

* A assunção segundo Catarina Emmerich

Vou ler sobre a Assunção de Nossa Senhora um trecho da Catarina Emmerich:

Na noite da sepultura de Nossa Senhora sucedeu a assunção da Virgem ao Céu com seu corpo. Eu vi vários apóstolos e mulheres nessa noite rezando ante a gruta ou, antes, no jardinzinho que estava diante da gruta. Eu vi baixar do Céu um facho luminoso e três coros de Anjos rodeando a alma de Maria que vinha resplandecente pousar-se sobre a sepultura. Assim como Nossa Senhora esteve três dias com a alma separada do corpo.

Os senhores viram que Ela esteve algumas horas com a alma separada do corpo. Então, sua alma santíssima baixou junto ao corpo precedida por um cortejo de Anjos.

Diante da alma vinha Jesus com suas chagas luminosas.

Quer dizer, a segunda pessoa da Santíssima Trindade em pessoa quis descer, quis baixar à terra para presidir a ressurreição de Nossa Senhora.

E na parte interior da glória onde estava a alma de Maria se viam três coros de Anjos.

Quer dizer, havia três coros de Anjos formando um resplendor, não é? Naturalmente os coros mais nobres mais perto e, depois, em periferias sucessivas os outros coros. E isto formaria com certeza um facho de luz enorme, e bem no centro desta coroa estava então a alma santíssima de Nossa Senhora.

O mais interior parecia de caras angélicas de meninos, a segunda [era de] caras de criaturas de seis a oito anos e a mais exterior era de jovens.

Era para indicar os graus sucessivos de espiritualidade, não é? Porque a criança é símbolo da pureza e indicando por esta forma uma [espécie] [idéia?] de pureza quintessênciada, queria-se indicar uma forma de elevação espiritual mais nobre, mais excelente.

Só se distinguiam bem os rostos, o resto [do corpo] era como uma estria luminosa, algo de indeterminado.

Naturalmente, isto é como ela viu, porque os anjos não têm corpos, [nem nada,] são símbolos que ela viu, não é?

Entorno da forma da cabeça de Maria havia uma coroa de Anjos.

Quer dizer, ela também viu a alma de Nossa Senhora [assim].

Não saberia dizer o que é que viam os presentes, eu só via que olhavam para o alto, cheios de admiração e emoção. Às vezes, [cheios de maravilhas] [maravilhados?], se prostravam com o rosto no chão. Quando esta aparição se tornou mais clara e se pousou sobre o sepulcro, abriu-se um facho de luz daí até o Céu, e a alma de Maria passando diante de Jesus penetrou através da pedra no sepulcro, logo alçou-se dali com seu corpo resplandecente de luz e se dirigiu triunfante com o angélico acompanhamento à Jerusalém celeste.

Quer dizer, ao reino dos Céus.

Quando dias depois estavam os apóstolos rezando em coro, chegou o apostolo Tomé.

São Tomé chegou e veio acompanhado com um discípulo chamado [Eusear?] e olharam diante da sepultura. São João abriu a sepultura, os parafusos do caixão, deixaram a tampa de lado e viram com grande maravilha que o sepulcro estava vazio. Só estava ali os panos e as telas com que haviam envolto os sagrados restos. Todo o resto estava em ordem perfeita. A Túnica estava aberta pelo sudário do rosto e aberta por parte do peito; as ataduras dos braços e das mãos apareciam postas em boa ordem. Os apóstolos alçaram as mãos em sinal de grande admiração e João gritou:

Ela não está mais aqui.

* Deus produz a ordem

É interessante a gente notar a boa ordem em que estavam [todos] esses panos. Qual é o alcance desse pormenor da boa ordem desses panos? É que Deus de tal maneira ama o bem, ama o mundo que Ele fez, e o universo que Ele criou, que Ele quer a boa ordem para todas as coisas. E por causa disso tudo quanto é feito por Ele, ou feito sob o influxo da graça se põe em ordem, se dispõe de um modo correto e conveniente. É uma espécie de aliança do metafísico com o sobrenatural. O sobrenatural ruma para aquilo que está metafisicamente bem arranjado, metafisicamente bem posto, e é por causa disso que todos as manifestações da graça produzem a ordem na natureza.

* O demônio o cacofônico, o caos

É o contrário das manifestações do demônio. Sempre que ao demônio é licito aparecer, ou influenciar as almas, a influência dele se caracteriza por perturbações tremendas, por convulsões. Se ele infesta uma pessoa são gestos horrorosos, se ele infesta uma casa são barulhos horríveis, se ele mexe nos moveis de uma sala é para colocá-los em desordem.

* Solidariedade entre ordem e Contra-revolução; desordem e Revolução

Aí nós compreendemos até que ponto todos os domínios da ordem e todos os aspectos da ordem são solidários entre si. Mas também que todos os domínios e todos os aspectos da desordem são solidários entre si e então nós compreendemos a unidade da Revolução e a unidade da Contra-Revolução. Como a Revolução não pode ser considerada apenas um movimento político, ou apenas um movimento religioso, ou apenas um movimento cultural; mas ela é a tendência à subversão e a desordem em tudo.

E como a Contra-Revolução, portanto não pode ser também apenas um movimento político, ou religioso, ou cultural, mas até para ser plena, tem que ter um espírito, tem que ser animada por uma graça que visa pôr tudo em ordem.

Aí nós vemos bem, através desse pequeno pormenor, temos ocasião de meditar sobre a solidariedade de todas as formas de ordem e de desordem. Continua o texto.

Os demais se aproximaram e olharam chorando de alegria e admiração. Oravam com os braços levantados e os olhos no alto e se jogavam ao solo pensado na luz que tinham visto na noite passada. Logo tomaram todos os lenços e o caixão consigo como relíquias e levaram tudo até a casa orando e cantando salmos em ação de graças. Quando chegaram a casa, pôs São João as telas dobradas diante do altar. São Tomé e os demais rezavam. Pedro se afastou um tanto preparando-se para celebrar.

É o príncipe dos apóstolos, é claro que a primeira missa da Assunção devia ser rezada por ele.

Logo eu vi celebrar a missa diante do crucifixo de Maria.

Quer dizer, o crucifixo diante do qual Nossa Senhora rezava.

E os demais apóstolos estavam por detrás dele em ordem rezando e cantando. As mulheres estavam junto à porta e perto da lareira. O criado de Tomé tendo aspecto de estrangeiro, olhos pequenos e ossos das maçãs saltados e nariz achatado.

Seria talvez um Japonês. Não.

Era entretanto de cor escura. Ele já estava batizado e era muito simples no seu modo se ser, muito serviçal e humilde, assim tudo que se lhe ordenava e ficava de pé ou se sentava conforme as cerimônias se desenvolviam. Ele voltava os olhos a onde se indicava e [aí] vinha segundo se mandava e sorria para tudo. Quando viu que Tomé chorava, chorou também. Foi inseparável companheiro e ajuda de São Tomé e o vi levantar pedras muito grandes quando Tomé queria edificar alguma capela.

* O servo segue em tudo seu Senhor

É muito boa esta manifestação de fidelidade de um servo, fazendo tudo quanto seu amo lhe mandava fazer e sentindo tudo como seu amo sentia e estando um só com ele. É uma noção que o mundo hodierno perdeu completamente, é essa nobre noção da fidelidade pela qual duas pessoas de categoria diferente em vez de se odiarem se estimam, não só se estimam, mas se fundem constituindo como que um só todo, de tal maneira que quase [um] não se pode conceber sem o outro, o escudeiro e o cavaleiro na Idade Media estavam nessa relação. Há inúmeros exemplos de situações como essa, mas a mais bonita de todas era de um mártir cujo nome os senhores me dirão daqui a pouco, que quando um papa, cujo nome os senhores me dirão daqui a pouco, pois eu [também] esqueci, foi levado para o martírio, o coroinha habitual dele aproximou-se dele e disse: Padre, ou melhor, Santo Padre, como vós ides para o martírio e me deixais? Vós que sempre celebrastes o sacrifício comigo me abandonareis na hora de vosso último sacrifício? E foram juntos morrer. Os senhores vejam que beleza, que nobreza de idéias há nisto. Como a fidelidade pode chegar a uma verdadeira participação na mesma glória, e como o mundo de hoje está esquecido disto.

Aqui está, são duas meditações a respeito da Assunção de Nossa Senhora.

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Auditório da Santa Sabedoria