Santo do Dia (Auditório Santa Sabedoria) – 25/7/1968 – 5ª feira [SD 246] – p. 4 de 4

Santo do Dia (Auditório Santa Sabedoria) — 25/7/1968 — 5ª feira [SD 246]

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Santa Ana teria tido antepassados essênios, e seu nascimento teria sido marcado pela visita de um anjo * Nossa Senhora teria sido a segunda filha de Santa Ana e São Joaquim * Os essênios eram um prenúncio da Igreja e do estado religioso dentro da Igreja, inclusive no que se refere à graça do celibato * Os essênios provinham dos profetas Elias e Eliseu * Os grandes planos de Deus demoram a ser realizados

* Santa Ana teria tido antepassados essênios, e seu nascimento teria sido marcado pela visita de um anjo

Amanhã é festa de Santa Ana, e sobre ela há no livro de Catarina Emmerich uma visão.

Os antepassados de Santa Ana foram essênios. Esses homens piedosíssimos descendiam dos sacerdotes que nos tempos de Moisés e Arão tinham o encargo de carregar a Arca da Aliança. Receberam de Isaías e Jeremias certas regras de vida.

Ao princípio numerosos, vivendo no Roreb e no Carmelo, mais tarde aproximaram-se do Jordão. Usavam trajes simples e pobres e viviam em estado de matrimônio, mas com grande pureza de costumes. Às vezes, de comum acordo, separavam-se marido e esposa, para se entregarem em oração por um certo tempo. Comiam também separados os homens das mulheres. Eram liderados por homens justos, quase sempre profetas.

Um desses anciões aconselhou Santa Ana de se casar com Ely, ou Joaquim, da Tribo de David, pois a sua união trazia misteriosos desígnios. Teriam uma filha privilegiada.

Ana, desde muito pequena, era particularmente amada por seus pais. Seu nascimento foi assinalado pela visão de um anjo, que traçou na parede do quarto dos pais uma grande letra “M”. A criança nasceu marcada com essa mesma letra.

Ana não era de beleza invulgar. Um pouco mais bela somente do que as meninas de sua idade. Mas era simples, inocente e piedosa. Assim, eu sempre a vi como jovem, como mãe e como anciã.

Aos 5 anos foi levada ao Templo, e de lá saiu aos 17.

* Nossa Senhora teria sido a segunda filha de Santa Ana e São Joaquim

Joaquim, mais tarde seu esposo, era de pequena estatura e magro, mas era homem de maneiras atraentes. Como Ana, tinha algo de inexplicável em si. Ambos eram perfeitamente israelitas e neles havia uma notável seriedade no porte. Poucas vezes os vi rir, embora não fossem melancólicos ou tristes. Tinham um caráter calmo, silencioso e constante, e ainda em tenra idade manifestavam a pureza dos anciãos.

Ana e Joaquim tiveram uma primeira filha, que cresceu robusta e forte. Mas embora a amassem muito, sentiu nitidamente que aquela não era a criança prometida que devia esperar a sua união. Sentiu, como se houvessem cometido alguma falta contra Deus. Separaram-se para fazer penitência e deixaram a menina com as avós. Somente muito mais tarde, depois de ter sofrido indizíveis humilhações por sua esterilidade, pois muitos não acreditavam que a primeira criança fosse deles, é que Santa Ana, milagrosamente, veio a conceber Nossa Senhora.

* Os essênios eram um prenúncio da Igreja e do estado religioso dentro da Igreja, inclusive no que se refere à graça do celibato

Há vários aspectos dessa ficha que devem ser comentados.

Primeiro lugar, a parte referente aos essênios.

No Antigo Testamento tudo tinha um caráter profético. Era um prenúncio da Igreja Católica. E por causa disso esses essênios eram prenúncio da Igreja também, do estado religioso dentro da Igreja.

Os senhores vêem que as graças do Antigo Testamento não eram tão grandes que possibilitassem a posse do celibato por um grande número de pessoas. A graça do celibato é uma graça muito alta, é uma graça magnífica. No Antigo Testamento esta graça era rara. Todos tinham evidentemente graças suficientes para se salvar, mas nem todos tinham ou poucos tinham a graça de manter a castidade perfeita.

Estes essênios viviam como religiosos que fossem casados. Eles e esposas viviam num tal estado de vida especial e formavam, como os senhores estão vendo, uma espécie de grande cenóbio com casa para cada um, naturalmente com os seus filhos, mas observando quanto era passível o estado religioso.

Essa observância se notava também no fato dos homens comerem separados das mulheres, o que é uma coisa diferente do que pede comumente a vida de família.

Eles se assinalavam por uma notável pureza. E seus chefes eram quase sempre Profetas.

É bonito este papel do profetismo no Antigo Testamento. Uma instituição como essa que é dirigida por uma dinastia de profetas. Quer dizer, era uma instituição que era feita para manter o sal dentro da Nação de Israel. E, então, esta instituição tinha por causa disto chefes proféticos, porque a Nação de Israel era uma Nação profética.

* Os essênios provinham dos profetas Elias e Eliseu

Os senhores estão vendo que a Providência quis que a previsão do nascimento de Nossa Senhora fosse comunicada por um desses profetas. É natural, porque segundo muitos dizem esses essênios mais remotamente provêm de Elias e de Eliseu, e Elias foi o profeta de Nossa Senhora por excelência. De maneira que é explicável que, da dinastia de Profetas nascida de Elias, viesse o profeta feliz que proximamente anunciasse o nascimento de Nossa Senhora.

Quer dizer, tudo se compõe muito bem, se põe muito logicamente dentro dessa construção.

* Os grandes planos de Deus demoram a ser realizados

Também é interessante o que Catarina Emmerich conta aqui a respeito do nascimento de Santa Ana. Quando Santa Ana nasceu, um “M” apareceu na parede do quarto.

Evidentemente isto era feito para designar a grandeza da filha que ela teria. Por outro lado, ela nasceu marcada com a letra “M”, quer dizer, ela já nasceu voltada para esta maternidade extraordinária que ela teria depois.

Talvez o mais bonito é o que vem contado no fim: Santa Ana, por uma designação especial, casa-se com São Joaquim. O perfil moral de ambos está muito bem traçado aqui. Pessoas cheias de sabedoria, por isso pessoas não avoadas, nem estabanadas, nem superfluamente “parlapatense”, mas pessoas para as quais tudo tem conta, peso, medida.

Ela não era extraordinariamente bonita, mas era agradável de aspecto. Ele era mais dado ao franzino, mas era um homem de maneiras muito atraentes. Mas esse casal era muito mal-visto, porque eles tiveram — diz aí a ficha — uma primeira filha, e esta primeira filha eles julgaram que não era o que eles deviam esperar e que tinham cometido um pecado para que ela não fosse o que eles deviam esperar. Então separaram-se.

O fato concreto é que, com ou sem a primeira filha, eu tenho uma enorme relutância em admitir que Nossa Senhora tenha tido irmã.

Sem a primeira filha ou com, o fato é que eles viviam separados e que eles eram muito mal-vistos. E se caçoava deles por causa disto, porque no Antigo Testamento era uma vergonha ser estéril, porque toda pessoa que tivesse um filho, era o potencial antepassado do Messias. A partir do momento em que a pessoa não tivesse filho, daquele Messias não sairia. Então esta era uma vergonha.

E só muito mais tarde é que veio nascer Nossa Senhora.

Este ponto eu tenho impressão que nós devemos frisar muito. Os grandes planos de Deus custam muito para realizar-se. Dependem de uma longa espera, de um longo tempo em que tudo parece correr em sentido contrário, para no final a Providência agir. Não há por assim dizer plano de Deus que não opere por esta forma.

Deus pede assim às pessoas que a quem Ele quer conceder a honra de realizarem os planos d’Ele, um ato de confiança de esperar contra toda esperança, de confiar contra toda verossimilhança, de aparentemente serem abandoados pelo próprio Deus, para que depois Deus confirme sua aliança com eles. Essa aparência de um abandono divino, este fato de que Deus põe a pessoa de lado, isto é o modo pelo qual Deus manifesta a sua direção.

De maneira que, por esta forma, nós temos aqui uma nota da vida de Santa Ana que nos deve impressionar.

Muitas das nossas coisas poderão parecer esperar, muitas das nossas coisas poderão parecer não se realizar jamais; quanto mais elas demorarem, tanto mais esplendidamente elas virão. É por essa forma que nós devemos ver as coisas.

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