Santo
do Dia (Rua Pará) – 20/7/1968 – Sábado [SD
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Santo do Dia (Rua Pará) — 20/7/1968 — Sábado [SD 027]
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Nas palavras do Anjo a São Daniel, vê-se a majestade varonil do Antigo Testamento * Devemos ter presentes as imensas perspectivas que estão no fim do fiel cumprimento da vocação: juízo, ressurreição e eterna recompensa
* Nas palavras do Anjo a São Daniel, vê-se a majestade varonil do Antigo Testamento
Amanhã é São Daniel, Profeta. As últimas palavras ditas pelo Anjo a Daniel foram:
Ide até vosso fim e descansareis e ressuscitareis para a vossa felicidade no fim dos dias. Depois disso Daniel dormiu deveras, para esperar a ressurreição geral.
Os senhores… ah! notem esta. Fica nisto a expressão: uma das características do Antigo Testamento é uma grande majestade, é uma grande majestade, uma majestade varonil, que não é aquela majestade tão sobrenatural como no Novo Testamento. Não é a majestade do Monte Tabor, não é uma majestade que é sobrenatural, mas que se reveste muito dos aspectos de uma majestade varonil natural. Enquanto a majestade do Novo Testamento é uma majestade mais divina, mais extraordinária e que não se pode falar tanto do varonil, quanto do divino diretamente.
Mas vejam a grandeza deste fim da vida do Profeta: um anjo aparece para ele para comunicar que ele vai morrer, não é? Então disse assim:
Ide até o vosso fim, ide até vosso fim e ressuscitareis para a vossa felicidade no fim dos dias.
Acabou-se.
Eu não sei se os senhores percebem que isto tem uma espécie de grandeza que paira sobre todas as cabeças, sobre toda a Humanidade, e a gente vê aí uma coisa linda que é a divina beleza da morte. A divina beleza da morte, porque marca que tudo quanto é perecível, é pequeno, realmente é frágil, não subsiste e não merece subsistir. E nós mesmos homens sentimos o que há de pequeno em nós e de frágil em nós diante da idéia de nossa própria morte.
Mas depois de todas essas coisas perecíveis, que a nós nos parecem tão grandes na vida, ter lhe mostrado a sua fragilidade, uma voz que diz: “Tudo perecerá”, não é?
Outra frase do Antigo Testamento: “Vaidade, vaidade das vaidades, tudo não é senão vaidade”.
E outra frase que diz: “Tudo não é senão vaidade e aflição de espírito”.
Essas pequenas coisas perecíveis e que não são nada, há uma voz que se levanta por cima delas e diz: “Isso vos parece grande? Pois bem, muito maior é algo que há além disso, que paira acima disso e que é uma maravilha”.
É o quê? Algo que fica, enquanto a figura deste século passa, e é Deus Nosso Senhor, na sua eternidade, na sua imarcescibilidade, intangível, inalterável, tocando nas coisas sem ser tocado, que permanece por todos os séculos dos séculos.
E nesse espírito é dito então ao profeta: “Vá até o fim. Tu profetizaste, tu foste grande aos olhos de Deus e dos homens, mas também a tua vida se encerrará, também tu és perecível. E esta noite do perecível, esta quebra do transitório, esta lei por onde aquilo que é puramente criado e material tem que ter um fim, exercitar-se-à sobre ti também, para que tu não tenhas a ilusão de medires as coisas divinas pela tua minúscula grandeza e para compreenderes como tu és pequeno diante das coisas de Deus. Mas a tua alma é imortal, e em ti há algo que não é matéria e é imperecível, e por isso teu fim não é um fim absoluto. Em ti há um princípio de vida que é o mais nobre de ti mesmo, e esse princípio de vida ficará. E mais ainda: tua alma é boa, tu terás a felicidade, a felicidade que a terra não te deu, porque não pode dar a ninguém. Tu dormirás, mas tu serás feliz, e depois então a reconciliação e por fim tu ressuscitarás. Quer dizer, o prodígio se operará, e em atenção ao espírito, a carne ressuscitará e a carne vai gozar da tua felicidade”.
Quer dizer, é tão grande Deus, que depois de ter declarado que tudo quanto é perecível, material, tem que ser destruído e morrerá, toda carne passa… Diz a Escritura que o homem é como a flor dos campos, que de manhã floresce e a tarde se passa e ele não existe mais. É de uma poesia isto, uma coisa extraordinária.
Está bem, depois disto, diz bem: mas em atenção ao espírito vai ser feito um prodígio e esta carne ressuscitará, ela será associada às glorias ou aos tormentos desse espírito conforme ele tenha sido bom ou mau.
E depois de enunciar ao Profeta que ele morrerá, a gente tem a impressão de ouvir no fim a corneta, a trombeta dos anjos convocando os homens no dia do Juízo Final: “E ressuscitarás para a tua felicidade no fim dos dias. Por enquanto, meu filho, dorme e dorme verdadeiramente. A morte do justo é um sono à espera da ressurreição”.
* Devemos ter presentes as imensas perspectivas que estão no fim do fiel cumprimento da vocação: juízo, ressurreição e eterna recompensa
Eu lhes pergunto: não é verdade que há nisto uma majestade profética enorme que paira enormemente acima de todas as coisas e que nos descansa da vulgaridade deste mundo cheio de progressistas?
Pois bem, quando os senhores forem amanhã à feira, não pensem nos progressistas, pensem no trabalho que os senhores vão fazer amanhã. Quando chegar a hora de sua morte, esse trabalho vai ser contado, e quando lhes for prometido a ressurreição, vai-lhes ser prometido a ressurreição feliz, por causa desse trabalho que vão fazer. Quer dizer, façam isto com vistas proféticas, com vistas na grandeza que nos espera e naquele momento bem-aventurado que se repetirá duas vezes para nós, que vai ser o momento em que, ao lado de Nossa Senhora, nos vai aparecer Nosso Senhor Jesus Cristo e vai cumprir talvez a mais preciosa das suas promessas. É quando Ele disse: “Eu serei, eu mesmo, a vossa felicidade, a vossa recompensa demasiadamente grande”.
Nós vamos ver Nosso Senhor Jesus Cristo pela primeira vez, duas vezes.
No momento em que nós expirarmos, no momento em que o último contato de nossa alma com nosso corpo se desfizer. Naquele mesmo instante — quando nosso corpo ainda estiver, por assim dizer, quente — nós vamos ser julgados. E se o nosso julgamento for feito segundo a misericórdia de Nossa Senhora, no fim de nossos dias, nós vamos ser julgados — diz São João — segundo o amor que nós tivemos na nossa alma, não pelos olhos da carne, mas pela visão direta da inteligência e pela união da vontade. Vai ver a Nosso Senhor Jesus Cristo face a face.
Pela segunda vez, quando nós ressuscitarmos. Nossos sentidos se reconstituirão e nós veremos o Filho do homem que vem como um relâmpago que vem do Oriente, chega até o Ocidente e desce em grande pompa e majestade. Segundo tudo indica, Ele deverá descer sobre o Vale de Josafá.
Como é que o Vale de Josafá deve conter tantos homens?
É que os corpos ressuscitados são corpos gloriosos. Eles não ocupam espaço, eles podem encher e criar um imenso anfiteatro que chegue até o mais alto do firmamento em torno do Vale de Josefa.
E nós veremos, então, Nosso Senhor Jesus Cristo na sua majestade, na majestade de sua divindade, na majestade de sua bondade e de sua misericórdia. Nós O veremos inundando de luz Nossa Senhora e revelando através de Nossa Senhora grandezas e doçuras d’Ele, das quais nem sequer nós poderemos ter uma idéia.
E para nós que teremos sido escravos de Maria, haverá um sorriso de Nossa Senhora e uma bênção de Nossa Senhora, nesta hora que atestará o seguinte: aqueles que foram fiéis escravos de Nossa Senhora, segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, são os eleitos dentre os eleitos, os gratuitamente amados dentre os gratuitamente amados, sem mérito próprio, filhos da misericórdia, e nós então juntos cantaremos o Magnificat.
Estas são as imensas perspectivas que estão no fim do fiel cumprimento da vocação que Nossa Senhora dá a cada um, da vocação, portanto, que a nós Ela nos dá.
Sejam essas as palavras desse israelita.
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