Santo
do Dia (Rua Pará) – 11/6/1968 – 3ª feira [SD
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Santo do Dia (Rua Pará) — 11/6/1968 — 3ª feira [SD 259]
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Entende-se idéia no sentido de cogitação, o conjunto de coisas que o indivíduo pensa, o polo de interesse de sua mentalidade * Cada homem escolhe para sua vida uma via * A unidade de vias e de cogitações corresponde ao fim uno que o homem escolhe para si * A história de um homem é a história de uma cogitação e a história de uma via * Nossa vocação abrange um conjunto de cogitações: possuir virtude heróica, ter mentalidade contra-revolucionária e combater a Revolução * É preciso ter vida interior em função de nossa vocação * A nossa via de católicos: sermos os apóstolos dos últimos tempos, derrubarmos a Revolução e implantarmos o Reino de Maria * Ao tomar inteiramente esta via, deve-se recusar completamente o que não se relaciona com ela * Deveríamos nos perguntar: escolhi inteiramente minha via e podei tudo que não tem a ver com ela? * Nobreza e trivialidade aplicadas ao nosso caso: devemos relacionar tudo com a nossa via * Chamados para uma grande elevação de pensamento, caímos na trivialidade se dermos trela a uma outra via * Banal é a consideração das coisas por mero interesse pessoal * Questão de amor-próprio: parece ser das faltas mais freqüentes no Grupo * Questiúnculas de amor-próprio no Grupo rasgam, dilaceram, crestam, queimam, torram, tisnam, mais do que fora do Grupo * O interesse pessoal é o ponto de partida de toda forma de vulgaridade de alma * O egoísta semeia o vazio em torno de si * Para não se vulgarizar e ter a alma nobre, deve-se relacionar tudo com a Causa
* Entende-se idéia no sentido de cogitação, o conjunto de coisas que o indivíduo pensa, o polo de interesse de sua mentalidade
O que são propriamente a elevação e a trivialidade nas idéias e o que nelas há de respectivamente nobre e censurável?
É preciso começar por dizer aqui o que se entende por idéia.
O problema é o seguinte: propriamente não se trata de idéia no sentido de ideologias, de sistemas de pensamento, etc., mas é uma coisa diversa. No que é que as cogitações do homem são nobres e razoáveis, no que é que elas não são, e no que elas são triviais?
Nosso Senhor disse numa ocasião uma frase aos Apóstolos que sempre me causou muito efeito, muita impressão. Ele disse aos Apóstolos o seguinte: “Vossas cogitações não são as minhas, nem as vossas vias são as minhas”.
Os senhores estão vendo aqui que a cogitação e a via indicam o seguinte:
Cogitação é o conjunto das coisas que o indivíduo pensa, que ele rumina, o polo de interesses que sua mentalidade tem. Abrange naturalmente o geral das coisas que a pessoa pensa, mas abrange especialmente aquilo que é a linha central daquilo que o indivíduo pensa. E depois tem o que é as vias do indivíduo. As vias dos Apóstolos não eram as vias de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O que são essas vias? O que é essa via? Não é difícil dar resposta a esta pergunta.
* Cada homem escolhe para sua vida uma via
Cada homem escolhe para a sua vida uma via. A gente analisa a vida de um homem: ele pode ter vias sucessivas, mas ele constantemente está seguindo uma via principal que ele pode depois mudar, mas é uma via principal que domina as outras naquele momento. E quando a gente examina a atitude das pessoas que mudam de vias durante a vida, a gente nota que, salvo o caso de uma conversão ou de uma perversão, salvo este caso, tomando o caso de uma pessoa que se entrega a si mesma e que não tem ascese, que não é um verdadeiro católico, essa pessoa no fundo, apesar de na aparência mudar de vias, tem a mesma via sempre. A questão é compreender bem qual é a via.
A gente toma, por exemplo, um homem: entra num emprego, tenta ser corretor de imóveis, não dá certo como corretor de imóveis, passa e vai ter uma venda no interior; não dá certo com a venda no interior, aparece como professor de inglês. A gente diz: “Isto daí é um doido que está quebrando a cabeça em todo canto”. Em termos. Há uma razão única pela qual não deu certo nas três coisas. Esta razão única é, no fundo, algo que ele faz de mal feito em tudo quanto ele faz e que o leva a fracassar, e que é algo a que ele tem apego e que faz com que ele fracasse, mas que é a via dele, é a via de ter na vida tal vantagem, que ele segue num ziguezague aparente.
Seja, por exemplo, um indivíduo preguiçoso e que, por exemplo, chega impontualmente a tudo. A loja dele está aberta, a venda de interior está aberta, mas ele, por exemplo, só chega ao meio-dia. Bom, a loja fracassa. É evidente, a venda dele fracassa.
A aula dele de inglês conseguiu dois ou três magérrimos alunos, mas ele chega dez minutos antes de terminar a aula.
Quando ele era corretor de imóveis, ele não conseguia ninguém para vender os imóveis porque ele em vez de ir procurar as pessoas que compram, ele procurava vender para as pessoas que encontra. Quer dizer, é o péssimo corretor, é o fracasso do corretor, não procura quem compra, mas vende, procura impingir para quem ele encontra no caminho: “Você quer tal terreno?”: O sujeito não quer e ele diz: “Oh, pobre de mim, não encontro quem queira!”.
Você não procura, você nem tratou de fazer relações com gente que compra , e agora vem dizer que a vida lhe é dura. Ele escolheu uma via, no fundo.
* A unidade de vias e de cogitações corresponde ao fim uno que o homem escolhe para si
Esta unidade de vias e essa unidade de cogitações correspondem a um princípio de São Tomás de Aquino que é o seguinte: que o homem sendo uno por natureza, ele escolhe para si, nesta vida, um fim que é uno também, e que esse fim uno que ele escolhe, ele vai visando continuamente. Por quê? Porque é claro que ele sendo uno, há uma unidade nas coisas que ele deseja e há uma unidade nas coisas que ele faz. Uma unidade despercebida, uma unidade não pensada, uma unidade que não é refletida na maior parte dos casos, mas uma unidade que existe.
* A história de um homem é a história de uma cogitação e a história de uma via
Então os senhores estão vendo aqui o que é cogitação. A cogitação do homem é, em última análise, uma série de observações, de reflexões, às vezes até de raciocínios, que ele faz subconscientemente, mas que ele faz a respeito daquilo que ele gostaria de ter, de ser, de fazer. A via dele é o conjunto de atos que ele põe para tentar aquilo que na sua cogitação ele desejou.
Nós temos então a junção das duas noções das cogitações e das vias como definindo aquilo que é propriamente a vida de um homem, aquilo que é a existência de um homem, a história de um homem, que é a história de uma cogitação, a história de uma via.
* Nossa vocação abrange um conjunto de cogitações: possuir virtude heróica, ter mentalidade contra-revolucionária e combater a Revolução
Nós podemos, portanto, perguntar agora mais exatamente o seguinte: não no plano ideológico puramente dito, mas no plano da via, quantas pessoas têm uma via que elas traçaram com uma exclusão nítida e categórica de outra via?
Nós, por exemplo, temos a nossa vocação, nossa vocação abrange um conjunto de cogitações, e esse conjunto de cogitações gira em torno de dois pontos fundamentais.
Primeiro ponto, eu e cada um de nós se tornar santo, no sentido próprio da palavra santo, quer dizer, possuir uma virtude heróica. Mas não uma virtude heróica qualquer: possuir aquela forma de virtude heróica que se exige hoje em dia de quem quer ser fiel à Igreja Católica. Quer dizer, um santo com uma mentalidade especificamente formada à maneira contra-revolucionária, que combate dentro de si a Revolução, e combate a Revolução como meio de não ser arrastado pela infidelidade que arrasta todos os homens. E nesta preocupação fundamental, esse homem encontra então as graças necessárias para meditar bem, para pensar bem e para santificar-se.
* É preciso ter vida interior em função de nossa vocação
Às vezes eu vejo membros do Grupo folheando livros de vida espiritual gerais. Eu acho isto excelente, mas eu tinha vontade de parar junto a esse membro do Grupo e dizer-lhe o seguinte: “Meu caro, isto é ótimo, leia isto a vida inteira, mas não pense só nisto. Você tratou de fazer uma relação entre seu livro de vida espiritual e a sua vocação de contra-revolucionário? Você tratou de pôr estes conceitos excelentes, elevadíssimos, nobilíssimos, em função de sua vocação, que no plano da vida interior é de ser um contra-revolucionário? Isto foi escrito para um católico qualquer numa época qualquer, foi escrito com essa intenção, de servir a um católico qualquer numa época qualquer”.
Por exemplo, um livro que eu acho que tem tanta unção e é tão admirável, que é um livro a meu ver escrito com a unção do Espírito Santo, é a “Imitação de Cristo”. Pois bem, foi feita uma relação entre aquela obra e a nossa vocação? Porque aquilo é evidente que foi escrito para todos os católicos, em todos os tempos, em todos os lugares, mas supõe que o católico que lê aquilo, saiba fazer uma junção entre uma coisa e outra.
* A nossa via de católicos: sermos os apóstolos dos últimos tempos, derrubarmos a Revolução e implantarmos o Reino de Maria
Então temos aqui a nossa via de católicos. Esta via é uma via no pensamento, é uma via na vida espiritual: sermos santos contra-revolucionários, quer dizer, aqueles apóstolos dos últimos tempos elogiados pelos escritos de São Luís Maria Grignion de Montfort e, de outro lado, a preocupação de nós agirmos lutando contra a Revolução.
Para isto é que nós pertencemos ao Grupo. Nós pertencemos ao Grupo para derrubar a Revolução e para implantar o Reino de Maria. E o sentido do Grupo não é senão este: uma coligação de almas que vivem da mesma graça, no mesmo esforço, no mesmo corpo que é o Grupo, para conseguir esta finalidade.
* Ao tomar inteiramente esta via, deve-se recusar completamente o que não se relaciona com ela
Agora, se uma pessoa toma inteiramente com esta via, ela corta a outra via e ela recusa uma porção de outras coisas que não têm relação com isto, que podem até não ser más, mas que não têm relação com isto. E quando uma pessoa se dá inteiramente a esta via, ela não só corta o que é contrário a esta via, mas ela corta aquilo que não tem relação com esta via.
Por exemplo, ninguém pode dizer que em si não seja uma distração honesta, não sei o quê… por exemplo, colecionar selos. Não há nenhum pecado em colecionar selos. O que os senhores dizem de um ultramontano que tem um “tesourinho”, uma coleção de selos, correspondência com a Nova Zelândia, com mais não sei o quê, selos que recebe, cola, etc.? O que os senhores diriam entrando aqui na sala do expediente e tem uma feira de selos?
— O que é?
— Ah, nós esquecemos de dizer ao Dr. Plinio, mas é que como somos muitos os colecionadores de selos no Grupo, nós resolvemos fazer um intercâmbio organizado, uma bolsa interna de selos — chamada, por irrisão, bolsa ultramontana interna de selos, o BUIS, o novo departamento do Grupo.
Eu creio que voltaria para a cama, seria preciso me começar com insulina na estaca zero, não sei quanta coisa assim, pois é o que aconteceria.
Não é um pecado. Agora, indica o quê? A via que não foi escolhida inteira, não foi escolhida de princípio a fim, mas umas fraudezinhas que a gente conserva com relação à via, uns apreços, uns deleites, uns interesses que a gente conserva, umas coisinhas assim.
São, por exemplo, leituras com o rabo de olho em notícias de jornal que não têm nada que ver com as nossas coisas. Então, de repente, aparece um que está informado a respeito de uma coisa que a gente supunha que não tinha que estar informado. Há um de repente que a gente diz, não sei, vamos dizer:
— O Pelé assinou nossa coisa contra o divórcio.
E outro diz:
— É, agora ele não assina mais porque cortou um dedo.
Eu tinha vontade de dizer:
— Mas como é que você soube que ele cortou o dedo?
— Ah não, foi minha tia que contou para minha prima, para minha bisavó, e eu estava presente.
— Ah está bem.
Mas é possível também que o jornal tenha dado. Aliás, não me consta que Pelé tenha cortado o dedo, mas, enfim, não quereria espalhar uma notícia falsa e esta presumivelmente é falsa, pois é tão importante que o Pelé corte um dedo, que mesmo não querendo saber, a gente acaba sabendo, porque as primas da gente na casa da bisavó contam e a gente tem que ouvir.
Enfim, para simplificar, os senhores estão vendo aí os sintomas de uma via incompletamente escolhida.
* Deveríamos nos perguntar: escolhi inteiramente minha via e podei tudo que não tem a ver com ela?
Agora, o que acontece?
Para fazermos bem o nosso trabalho, nós deveríamos nos perguntar a nós mesmos o seguinte: “A minha via, eu a escolhi inteiramente? Eu renunciei e podei tudo o que não tem a que ver com minha via? Ou eu conservo tais e quais nostalgias da via que eu teria se não fosse o Grupo e em relação à qual eu tenho de vez em quando umas olhadas pela janela, no fundo umas condescendências, no fundo umas simpatias, no fundo eu me satisfaço com aquilo de algum modo?”.
* Nobreza e trivialidade aplicadas ao nosso caso: devemos relacionar tudo com a nossa via
Eu então deveria estudar qual é a via para a qual eu propendo, qual é a unidade para a qual as minhas cogitações correm, e eu compreenderia o seguinte — agora vem a questão da nobreza e da trivialidade aplicado para o nosso caso:
Para nossas almas de ultramontanos, nós somos chamados — pela fidelidade à vocação — a uma tal nobreza de ideal, a uma elevação tão excelsa de pensamentos, que sempre que nós formos fiéis à nossa via, qualquer coisa que nós prestemos atenção, nós relacionamos com nossa via. E ela só prende a nossa atenção na medida em que ela se relaciona com nossa via. Na medida em que ela não se relaciona com nossa via, ela não prende a nossa atenção.
Nós temos instintivamente um seletivo de atenção, pelo qual nós não guardamos aquilo que não diz respeito à nossa vocação e, pelo contrário, um seletivo de atenção e de memória por onde nós prestamos atenção e guardamos tudo aquilo que diz respeito à nossa vocação.
* Chamados para uma grande elevação de pensamento, caímos na trivialidade se dermos trela a uma outra via
Agora eu vou usar linguagem de Ancien Régime:
É possível que um ou outro aqui dentro, pondo a mão na consciência, encontre alguma dúvida a respeito disso. Então, antes de tudo, tem que pôr fortemente a mão na consciência e depois reconhecer o seguinte: como nós fomos chamados a esta grande elevação de pensamento, não nos é dado para nós — esta regra de psicologia, para outros, de outra maneira, pode ser de outro jeito —, com nossa vocação, não nos é dado nós darmos trela para outra via no interior de nossas almas ou em nossas ações, sem imediatamente decairmos desta elevação de pensamento para a qual somos chamados, e cairmos numa trivialidade de alma, numa banalidade de alma, numa baixeza de alma, que é o resultado da alternativa para a qual estamos postos. Ou as coisas para nós são postas muito alto, ou elas não têm nenhuma ligação com o que é alto, e por causa disto são consideradas de um modo banal.
* Banal é a consideração das coisas por mero interesse pessoal
O que é que a consideração de um modo banal? Eu vou dizer aos senhores numa palavra só: é a consideração das coisas em função do interesse pessoal. A consideração das coisas em função do mero interesse pessoal, essas coisas sempre dão em banalidade, e quanto mais a alma é obcecada por suas vantagens e por seus interesses, que é um interesse pecuniário, é um interesse de amor-próprio, é qualquer outra coisa, tanto mais a alma de ultramontano se torna miseravelmente baixa, rasa, vulgar, metendo-se nestas coisas. Coisas que talvez não tornem outros tão vulgares, mas a um ultramontano não é dado isto. Ele mete-se nisto e se vulgariza completamente.
Os senhores têm uma prova disto dentro do Grupo. E é a razão pela qual, muitas vezes, o Grupo causa uma decepção até injusta àqueles que começam a prestar atenção em certas coisas.
* Questão de amor-próprio: parece ser das faltas mais freqüentes no Grupo
Por exemplo, questão de amor-próprio. Eu tenho a impressão de que das faltas mais freqüentes e que mais desagradavelmente apareceu na natureza humana, é exatamente o amor-próprio. A questão de querer ser um homem importante na rodinha interna do Grupo, na mesa que janta em tal restaurante de luxo, em tal casa fina, em tal horário do Alcácer, ou em tal horário da Aureliano, ou de outras sedes. É com a conversa daquele que tem a sua forma porque qualquer um tem a sua forma de amor-próprio.
Um, por exemplo, é a última informação da hora, ele sabe, e é sempre uma informação confidencial: tal coisa assim. O outro é o contrário: porque diz um dito sarcástico maravilhoso. Um outro: porque é simpático e sorri de um modo tão impressionante quando dizem para ele um sim de um modo tão agradável. É ligação e todo mundo gosta dele, e vai daí para fora.
* Questiúnculas de amor-próprio no Grupo rasgam, dilaceram, crestam, queimam, torram, tisnam, mais do que fora do Grupo
Por que é que as questiúnculas de amor-próprio no Grupo aparecem tão mesquinhas?
Às vezes eu ouço falar uma expressão assim: “Eu não vou com a cara de Fulano”. Eu tenho vontade de perguntar o seguinte: “Mas tem importância que você não vá com a cara? Nossa Senhora não vai com a cara dele? O que você tem a ver com a cara dele? Se Nossa Senhora vai, o que você tem a ver com isso? Toda alma não é feita para se santificar e para ser chamada?”.
Que negócio é este? Por que é que estas questiúnculas de amor-próprio no Grupo rasgam, dilaceram, crestam, queimam, torram, tisnam mais do que fora do Grupo? É porque dentro do Grupo, na alma do ultramontano, elas não podem existir a não ser com uma grande vulgaridade, e se não for em função de sua grande vulgaridade, elas desaparecem. A corruptio optimi pessima, e a corrupção da perspectiva do ultramontano neste ponto dá na vulgaridade.
* O interesse pessoal é o ponto de partida de toda forma de vulgaridade de alma
Ultramontano confortável, que se destrela ou que é ultra-amigo de suas pequenas vantagens, dá logo uma impressão de Sancho Pança. Por quê? Por causa da mesma razão: no ultramontano fica vulgar, a ele não é dado ser vulgar. Tudo aquilo que é coisa de interesse pessoal, que ele procura obter para si em relação com a vocação, é o ponto de partida de toda forma de vulgaridade de alma, e disso não se escapa.
* O egoísta semeia o vazio em torno de si
Mais ainda, e é uma coisa curiosa: a alma que é assim… Uma vez eu conversava com uma pessoa que saiu do Grupo e essa pessoa queixava-se muito de que não tinha companheiros, e eu ouvia aquilo. Mais tarde me dizia:
— Eu reconheço que sou muito egoísta.
Eu disse para ele:
— Meu caro, aqui está: você é egoísta, você não tenha dúvida, você semeia o vazio em torno de si.
Porque uma pessoa que é egoísta, semeia o vazio em torno de si.
Por que é que muitas pessoas se queixam de que não são procuradas, etc.? Semeiam o vazio em torno de si.
Eu me lembro de um escritor francês que dizia o seguinte: “Eu quando quero reter meus visitantes, eu lhes falo deles. Quando quero que eles vão embora, falo a meu respeito”.
É uma coisa profundamente verdadeira! Profundamente verdadeira!. Quando a gente se preocupa muito com a gente, os outros fogem. Quando a gente se preocupa muito com os outros, os outros abusam. Quando a gente se preocupa muito com Nossa Senhora , com a Causa da Contra-Revolução… [Vira a fita]
* Para não se vulgarizar e ter a alma nobre, deve-se relacionar tudo com a Causa
O senhor está à procura de um dentista, é seu interesse. O senhor cuida da palmilha de seu sapato, é seu interesse. Então só faz coisas vulgares?
A resposta é: eu deveria fazer tudo isto por amor a Nossa Senhora.
Não me cabe a mim fazer minha apologia ou minha detração, mas eu deveria raciocinar da seguinte maneira: “Minha vida pertence a Nossa Senhora, eu devo estar disposto a todos os sacrifícios para mantê-la, por ser um soldado de Nossa Senhora que quer perder a vida na luta contra os inimigos d’Ela, e nunca por relaxamento, por moleza, desatenção e descaso das coisas que tenho prestado atenção. Agora, se fosse por pura vantagem pessoal, eu desedificaria e não tem remédio”.
Então, para nós ultramontanos, concretamente, se os senhores querem ter uma alma nobre, uma alma elevada, procurem evitar o perpétuo pensar naquela parte da via para a qual eu tenho fechado a porta, e que são as mil distrações que atraem permanentemente o espírito e vulgarizam. Porque os senhores não tenham dúvida: os senhores se vulgarizam. Se querem ter alguma coisa nobre, procurem relacionar tudo com nossa Causa e fazer de nossa Causa a nossa única via. Aí os senhores têm uma coisa nobre e…
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