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Santo do Dia — 9/5/1968 — 5ª-feira

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Santo Antonino, arcebispo de Florença por indicação de Frá Angélico; nessa cidade, foco da Renascença, Deus semeia santos; o maravilhoso plano de Deus não correspondido pelos homens; importância da fidelidade de uma pessoa; Deus sempre vence, mas Ele procura homens fieis; nossa colossal responsabilidade nos dias atuais; exemplo de como o Senhor Doutor Plinio leva a luta ao último ponto por uma alma.

* Dados históricos * Itália num cotovelo de sua História * Importância de Florença para a Renascença * Fra Angélico indica Santo Antonino * Plano da Providência * Pompa de Florença * Reforma de costumes e combate à Renascença * Objeção: ele não conseguiu deter a Renascença * Plano da Providência não foi completado pelos homens * Importância da correspondência de uma alma * Deus é invencível. Ele procura homens fiéis * Nossa responsabilidade * Um caso individual com a pessoa presente no auditório * Seriedade na responsabilidade sobre uma alma * Não perder oportunidade de fazer apostolado

Santo Antonino

* Dados históricos

Amanhã é Santo [Antônio?], Bispo e Confessor. Santo Antonino lutou contra a Renascença em sua diocese de Florença. Grande amigo de Fra Angélico, foi, por ele, indicado para essa diocese.

Agora vem a biografia de Santo Antonino, feita pelo Rohrbacher:

Antônio, que por sua pequena estatura foi chamado Antonino,…

Portanto é Antoninho, não é?

nasceu em 1389, sendo filho de um notável de Florença. Destacou-se desde cedo nos estudos por sua invulgar inteligência.

Muito cedo desejou entrar na Ordem Dominicana, pela santidade dos seus membros e pela influência das pregações do Beato João [Dominchi?]. A este pregador dirigiu-se Antonino pedindo o hábito. Mas [Dominich?], achando-o criança e fraco, prometeu atendê-lo quando houvesse decorado a obra “Decretos de Graciano”.

Decretos de Graciano”, mas é uma… Código Civil! Bem:

Antes de um ano, para pasmo do dominicano, voltou o menino. Decorara a obra e foi admitido aos dezesseis anos somente.

Religioso exemplar, foi mais tarde Prior dos dominicanos de Toscana e Nápoles.

Em 1445 o Papa Eugênio IV procurava um arcebispo para Florença. Um frade dominicano pintor, que mais tarde seria conhecido como Fra Angélico, indicou Antonino como modelo de virtudes. O Papa acedeu à sugestão e, nomeando-o arcebispo o santo entrou em Florença com pompa magnífica, segundo o costume, mas suprimindo o que havia de secular…

Secular” quer dizer “de profano”.

nessa solenidade.

No trono episcopal, mostrou todas as virtudes de um verdadeiro pastor. Trabalhou com tanto zelo para reformar os escândalos públicos, que o Papa Pio II o escolheu para a reforma da Cúria Romana. Mas antes que pudesse iniciar este grande mister, Deus chamou-o a Si. Era o ano de 1459.

Aqui há uma outra ficha:

Santo Antonino, dominicano, grande orador, foi arcebispo de Florença. Sua santidade e cultura levaram-no a ser consultado pelos grandes da época, que lhe valeu o apelido de “Antonino o Conselheiro”.

Seu lema de vida era “Servir a Deus é reinar.” Cosme de Médicis o tinha em tão alta consideração, e afirmava que a cidade de Florença tudo devia às orações do santo arcebispo.

O Papa Nicolau V dizia não temer canonizar Antonino em vida. Sobrecarregado de trabalhos, o santo não abandonava um só dia nenhuma de suas orações costumeiras e nunca perdia a serenidade da alma.

Francisco Castilho, seu secretário, disse-lhe uma vez, que os bispos eram dignos de lástima se, como ele, vivessem sob tantas e inacabáveis responsabilidades. Respondeu Antonino: “Todos os trabalhos não nos impedirão de gozar a paz… [faltam palavras] …se nós reservarmos, em nossos corações, um retiro onde possamos estar sozinhos e onde o desembaraço do mundo jamais tenha liberdade para entrar”.

* Itália num cotovelo de sua História

Parece-me que há uma analogia marcante entre esta vida de Santo Antonino e o que eu falei, ontem, a respeito de São Gregório Nazianzeno. Porque, se é verdade que Florença era uma dessas grandes cidades que — Bizâncio! —, que iluminavam a História com um matiz de alma especial, o mesmo se pode dizer, e talvez a fortiori, da cidade de Florença. Florença que floresceu — é a cidade das flores —, floresceu precisamente numa época em que a história italiana estava num — os franceses chamam —, num dos seus tournants, quer dizer, num ponto em que ela tomava rumos novos, em que ela virava.

Ela estava nesta situação porque a Itália tinha, atrás de si, um passado medieval, tinha a tradição medieval, e começavam a soprar, na Itália, e já iam altos então, os ventos da Renascença, mas numa situação onde ainda a opinião italiana podia ser sensibilizada — para usar a expressão de hoje —, a opinião italiana podia ser sensibilizada por grandes santos que combatessem de frente a Renascença.

* Importância de Florença para a Renascença

E Florença era, propriamente, o foco da Renascença. Era o lugar onde os maiores talentos renascentistas irradiavam sobre a Itália, e realizavam, na própria cidade de Florença, obras de arte de um valor extraordinário. Florença era uma metrópole; não era uma cidade secundária como é hoje, mas era a metrópole do Grão-ducado de Toscana. Tinha uma dinastia que haveria de ligar-se, por vários laços de casamento — os Médicis —, com a Casa da França, e que haveria de dar mais de um Papa. Era uma das famílias mais poderosas e mais importantes da Europa. Florença era, naquele tempo, um luzeiro do mundo, e tudo quanto acontecia em Florença tinha um realce, tinha uma importância, tinha um significado especial.

* Fra Angélico indica Santo Antonino

Os senhores vêem, nessa situação, a Providência [designa], para esta cidade, um santo e esse santo é o nosso recolhido, é o nosso diáfano, é o nosso sobrenatural Fra Angélico, que foi, ele mesmo, beatificado e é o Beato Angélico da Fiesoli. Para os senhores terem uma idéia — todos os senhores já folhearam álbuns do Beato Angélico —, mas, para terem uma idéia próxima e viva do que seria a arte de Fra Angélico, basta se lembrar daqueles santos que estão na Sala do Reino de Maria, colocados em torno da imagem de Nossa Senhora, para os senhores verem tudo quanto havia de delicado, de cândido, eu quase diria de santamente ingênuo, no talento dele. Pois bem, quando foi preciso indicar um santo para ser o arcebispo de Florença, este homem mostrou sagacidade, este homem mostrou perspicácia, e nós vemos um santo indicar outro santo e nós vemos, então, o Beato Angélico indicar, para arcebispo de Florença, Santo Antonino. Um santo que fora formado por outro Beato, o Beato [Dominich?].

* Plano da Providência

E nós vemos, então, a contextura da obra da Providência em Florença, mandando, ao mesmo tempo que permitia que as hidras da Renascença deitassem ali todo o fogo, fazendo florescer santos, fazendo florescer gênios, como Fra Angélico, para, dentro da própria Florença, disputar influência e para, ali, tentarem contra-restar o fogo da Renascença.

* Pompa de Florença

Então nós vemos chegar o nosso Antonino como bispo de Florença. Os senhores podem imaginar, se o Lisio produz, ainda hoje tão magníficos veludos e tão magníficos damascos em Florença, o que é que seriam as roupagens dos personagens que tomaram parte no cortejo de Santo Antonino de Florença, quando ele tomou posse da Sé arquiepiscopal da cidade. Os senhores podem imaginar o que é que teria sido a pompa da qual ele tirou tudo quanto fosse profano, mas que era uma grande pompa, para que nosso homenzinho, o pequeno Antônio, tomasse conta da Sé de Florença.

* Reforma de costumes e combate à Renascença

O que não está contado aqui, nestas duas fichas, é que ele desenvolveu uma ação tremenda a favor da austeridade de costumes e que ele combateu a influência da Renascença de frente, e que os historiadores da Renascença, vários deles reconhecem que, pela presença de Santo Antonino na Sé de Florença, o movimento da Renascença perdeu algo do seu vigor e da sua velocidade no tomar conta da cidade, e daí se irradiar por toda a Itália. Os senhores vêem, portanto, o que é que pode um santo. Os senhores vêem uma das figuras mais eminentes — para não dizer das figuras mais condenadas do Renascentismo — que era Cosme de Médicis, dizer que a cidade devia tudo às orações de Santo Antonino de Florença. Os senhores vêem, por aí, tudo quanto este santo podia fazer, quanta receptividade havia ainda para ele.

* Objeção: ele não conseguiu deter a Renascença

E os senhores me dirão: “Mas, bom, que sentido tem essa obra da Providência? É um santo que passa por esse lugar como um meteoro, que brilha, mas que vai embora, que detém um pouco o curso das coisas, mas cuja obra, afinal de contas, não consegue evitar o cataclisma. Que grande alcance histórico tem que a Providência tenha posto Santo Antonino em Florença?”.

Em primeiro lugar, uma pessoa zelosa nunca poderia fazer essa pergunta, porque basta ter, durante algum tempo, contido a onda renascentista, que já nisto iria para Deus Nosso Senhor uma glória muito grande. Não sei se os senhores se lembram de um santo, creio que foi Santo Inácio de Loyola, que disse o seguinte: que se ele devesse passar a vida inteira dele lutando e padecendo para que uma “fassura”, condenada ao Inferno, cometesse um pecado mortal a menos, ele, por amor à glória de Deus, dava isto como bem feito. Os senhores compreendem que deter um pouco a imensa onda de pecados da Renascença é, evidentemente, uma coisa que tem muito significado para quem ama a glória de Deus.

* Plano da Providência não foi completado pelos homens

Além disto, existe um outro aspecto: Santo Antonino com certeza confirmou, em Florença, uma porção de raízes de bem, e assim, como nós vemos Beato Angélico, Beato [Dominich?], Santo Antonino, deveria haver algumas outras almas que lhe deveriam continuar o trabalho e que deveriam, naturalmente apoiadas pelo Papado, continuar na ofensiva contra a Renascença. Aí é que a gente vê que, com certeza, a obra da Providência não foi completada pela obra dos homens. E as almas chamadas por Santo Antonino para continuarem, foram almas que não corresponderam, ou não tiveram o apoio necessário, e a obra de Santo Antonino, então, caiu.

* Importância da correspondência de uma alma

Agora, os senhores vejam o que é o papel da história de uma alma. Os senhores têm, em sua presença, uma cidade que irradia pecado para o mundo inteiro, mas que é uma cidade de tal maneira tocada pelos dons dos talentos, que, se as almas chamadas, nessa cidade, a sustentar a tocha da reação anti-renascentista tivessem sido fiéis, é possível que a cidade tivesse se convertido. Se essa cidade se tivesse convertido, era possível que a História do mundo fosse outra. E, então, nós temos isto: Florença podia ter alterado a História do mundo; por outro lado, algumas almas próximas de Santo Antonino podiam ter alterado a história de Florença. Portanto, se estas almas, se a História do mundo não se alterou e se o mundo se derramou pelo despenhadeiro da Renascença — e aí até a Revolução Francesa e o comunismo —, isto se deve a algumas almas que foram fracas, algumas almas que não tiveram generosidade, algumas almas que disseram “não!”, ou que disseram um “sim!” incompleto ao convite da Providência. Por causa dessas almas, a História do mundo não mudou.

* Deus é invencível. Ele procura homens fiéis

Não venham nos dizer que é por causa do grande talento deste ou daquele renascentista. Deus não foge à sua obra, não recua diante do grande talento deste ou daquele. O problema é a Providência encontrar fiéis os homens que Ela escolheu para seus instrumentos. Se esses homens, de fato, fossem fiéis, não há quem impeça os planos da Providência de se executarem.

* Nossa responsabilidade

E daí, meus caros, vem exatamente para nós uma aplicação. É a pergunta que nós devemos nos fazer: Nós não somos almas destas? Nós não somos, exatamente, almas chamadas para sermos de uma fidelidade ilibada? E uma falta de generosidade pequena nossa, às vezes não determina um recuo notável nos planos da Providência? Aqui, dentro do Grupo, nós às vezes temos a possibilidade de fazer bem a esta alma, ou àquela alma. Esta alma, por sua vez, faria bem a uma outra e, depois, esta faria bem a uma outra dentro do Grupo e, de uma ação de apostolado dentro do Grupo, poderia resultar o reverdecimento do Grupo debaixo de vários aspectos, e, com isso, um golpe no adversário. Agora, eu pergunto se não é verdade que, muitas vezes, porque uma coisa dessas não se faz, porque a gente não teve uma paciência com uma pessoa, um apostolado não pode ir água abaixo? Às vezes está por isto, está por uma ninharia e, entretanto, é uma infidelidade numa hora dessas que faz o apostolado ir água abaixo.0

* Um caso individual com a pessoa presente no auditório

Agora mesmo, o caso que eu vou contar é um caso individual, mas, afinal de contas eu vou contar o caso, embora eu esteja vendo o interessado aqui presente. Eu ouvi contar as coisas, esses pushs que os senhores estão fazendo, e vi contar que o nosso Romeu fez uma exposição, em árabe, a respeito das coisas do Manifesto da TFP, que esteve também na “CRUSP” — eu não sei que fundo de inferno; aquilo já não é boca do inferno, mas é fundo do inferno —, esteve aqui, lá e acolá. Bem, uma atuação muito do agrado de Nossa Senhora.

Eu me lembro que se passou comigo este fato. Houve um tempo que o tio dele andava aqui, atormentando a sede do modo mais importuno possível, de revólver em punho e me causando apreensões pela vida do Dr. Plínio Xavier. Dr. Plínio Xavier, com todo o ardil, com toda a habilidade dele, contando as coisas dele, para atenuar os ímpetos daquele senhor. Mas eu, seriamente preocupado. Em determinado momento, deu-se isto. Eu pensei: “Já não será o caso de abrir mão deste rapaz? Porque já não será o caso de um perigo tão grande para a vida de Dr. Plínio Xavier, que valha a pena abrir mão deste rapaz, e dizer ao Dr. Plínio Xavier que abaixe o facho?”. Depois, eu me perguntei a mim mesmo: “Isto não estará, não haverá nisto uma preguiça minha em sustentar a luta até o fim e correr o risco por uma pessoa que eu estimo muito e que vale muito para a causa católica?”. Eu fiz um exame de consciência e cheguei ao seguinte resultado, foi uma coisa instantânea: “Não, eu não tenho o direito. Eu devo arriscar mais. É uma alma, remida pelo Sangue de Cristo, e é o caso, no momento, de deitar peso e continuar para a frente”.

* Seriedade na responsabilidade sobre uma alma

Se eu tivesse naquele momento uma pequena fraqueza, eu não me teria confessado dessa fraqueza, porque seria uma falta muito leve, de tal maneira uma solução estava quase emparelhada na outra, em consciência. Eu estou simplificando o caso de consciência, mas ainda tinha outros aspectos. Bem, porque Nossa Senhora me ajudou naquele minuto, uma alma foi aproveitada dentro do Grupo. Não foi só por minha causa, foi por causa do Dr. Plínio Xavier, por muita gente que atuou nisso, e pelo Romeu, que foi fiel também, sofreu e lutou no caso, e pelo pai do Romeu que interveio no assunto, foi uma série de coisas! Mas, enfim, também isto entrou, não é verdade? É um momento de fraqueza, poderia ter privado a causa católica, por exemplo, de uma parte do benefício que foi feito, hoje, no apostolado no “CRUSP”.

* Não perder oportunidade de fazer apostolado

Agora, eu pergunto: nós não poderíamos nos perguntar a nós mesmos se não há momentos destes conosco, se não tem ocasiões em que nós podíamos fazer um apostolado que nós não fazemos? E, nesse caso, não é bem verdade que a história do Grupo e, a partir da história do Grupo, a História do mundo, pode ser influenciada por nossa atuação? Isto é bem verdade. E, então, nós devemos nos voltar para Santo Antonino e devemos pedir a ele que, ele que foi colocado pela Providência numa situação tão chave, tenha pena de nós que estamos numa situação ainda mais chave do que a dele; e que ele reze por nós, para nós seguirmos o exemplo dele, sermos inteiramente fiéis, de modo completo e absoluto, no apostolado incomensuravelmente precioso que Nossa Senhora colocou em nossas mãos.

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