Santo do Dia (Rua Pará) – 1/9/1967 – 6ª feira [SD l7l] – p. 4 de 4

Santo do Dia (Rua Pará) — 1/9/1967 — 6ª feira [SD l7l]

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Outras festas a 2 de setembro: Nossa Senhora da Consolação e Santo Estêvão * Festa também dos bem-aventurados mártires da Revolução Francesa * Encarcerados e executados por recusarem fidelidade à constituição que submetia a Igreja ao Estado * O comentário que o fato merece é idêntico aos mais belos aspectos que se poderiam comentar no Dialogue des Carmelites * Muitos desses sacerdotes eram relaxados, mas resolveram corresponder à graça no momento extremo * Como isto é encorajante e como deve nos dar esperança na Bagarre * Como Deus é admirável, chamando aquelas admiráveis mártires carmelitas e também sacerdotes fiéis e até infiéis que preferiram o martírio * O que pedir aos que foram e aos que não foram sempre fiéis

* Outras festas a 2 de setembro: Nossa Senhora da Consolação e Santo Estêvão

Amanhã, dia 2 de setembro, é festa de Nossa Senhora da Consolação. Festa também de Santo Estêvão, rei e confessor, rei da Hungria e grande devoto de Nossa Senhora. Promoveu a conversão de seu povo e lhe deu organização cristã. Sua festa é celebrada neste dia em que o exército cristão, com a valia do santo rei, tomou a fortaleza de Breda, no século X.

* Festa também dos bem-aventurados mártires da Revolução Francesa

É festa também, amanhã, dos bem-aventurados mártires da Revolução Francesa. Esses cento e noventa e um sacerdotes foram martirizados no dia de hoje … [inaudível]… 13 de abril de 1791, condenada como herética, cismática e sacrílega. Herética porque negava implicitamente a autoridade do Soberano Pontífice; cismática porque se separava de Roma (a igreja da França se reduzia a uma igreja nacional); sacrílega pelas reformas que pretendia fazer na Igreja e no clero.

* Encarcerados e executados por recusarem fidelidade à constituição que submetia a Igreja ao Estado

Ora, há uma única relação entre a recusa do juramento a esta constituição e os massacres de setembro. Não se pôde corromper a honra dos padres fiéis. Tira-se-lhes a vida.

As seitas, irritadas, haviam decidido fazer desaparecer os conspiradores. Entre 11 e 30 de agosto de 1792 duzentos e cinqüenta padres foram encarcerados no Carmo, outros na Force, outros em Saint Firmin, na abadia, em várias prisões. Encontravam-se entre eles três prelados, vigários gerais, beneditinos, o superior geral dos Maristas, o superior dos Eudistas, o secretário geral das Escolas Cristãs, jesuítas, capuchinhos, cordeliers, sulpicianos, etc. Deus quisera que todas as classes do clero secular e regular fossem representadas no dia do testemunho supremo.

Tais homens não eram conspiradores. Não haviam traído seu país, mas não podiam prestar juramento a uma constituição que lhes pedia uma prevaricação. Subscrevê-la era entregar a Igreja ao Estado. Em conseqüência, suas consciências não lhes permitiam isto. E assim preferiram morrer, cedendo às corajosas palavras do bispo de Sens: “Deus permitiu que devemos perecer por uma causa tão bela, alegremo-nos nEle de nos ter julgado dignos de morrer por Ele”.

Na tarde de 2 de setembro, miseráveis irromperam nas prisões, gritando para os sacerdotes: “Prestai juramento!”. E, ante suas recusas, massacraram-nos a golpes de fuzil e de sabre. Seus corpos foram, a maior parte, transportados para o cemitério de Vauregard, onde grandes fossas tinham sido preparadas de antemão. Um certo número foi lançado num poço no convento das carmelitas. Mais tarde, buscas foram feitas e encontrou-se grande quantidade de crânios e ossos trazendo a marca dos golpes recebidos, como se pode constatar na cripta da Igreja do Carmo de Paris, onde foram recolhidos.

A veneração pelos Mártires de Setembro não foi desmentida após o Terror. Pio VI, desde 1796, deu-lhes o nome de Coro dos Mártires. Foram beatificados por Pio XI, em 1925.

* O comentário que o fato merece é idêntico aos mais belos aspectos que se poderiam comentar no Dialogue des Carmelites

O comentário que este fato merece é um comentário idêntico aos mais belos aspectos que se poderiam comentar no Dialoge des Carmelites. Quer dizer, nós temos aqui algumas centenas, duas centenas, perto de três centenas de sacerdotes que, colocados entre o martírio e a apostasia, preferiram o martírio. Foram fiéis à sua consciência sacerdotal e evitaram assinar um ato que importava, praticamente, de um lado na apostasia, ou melhor, na protestantização da igreja francesa e, de outro lado, na proclamação da república dentro da Igreja.

Da protestantização da Igreja porque o papa ficava apenas com a autoridade honorífica. Mas segundo uma lei votada pelos revolucionários, o papa perdia toda a força no que diz respeito à autoridade doutrinária. O livre exame passava a vigorar na igreja francesa. Depois era a republicanização porque todos os cargos importantes da Igreja passavam a ser escolhidos por sufrágio universal, sem nenhuma interferência do papa. Os bispos, depois de eleitos, simplesmente mandavam avisar ao papa que tinham sido eleitos e lhe prestavam uma homenagem, que era um puro cumprimento.

Quer dizer, a Igreja ficava completamente esfacelada. Eles não podiam aceitar isto e preferiram morrer.

É evidentemente uma coisa muito bela nós vermos isto, mas no caso destes padres, me parece ver uma beleza particular.

As carmelitas eram religiosas admiráveis. Eu li uma vez uma citação do livro, do relatório de um visitador das carmelitas, um carmelita visitador das carmelitas, no convento de Compiégne. Ele diz o seguinte: que é tal a perfeição daquelas freiras, que por mais que ele tivesse procurado uma censura para satisfazer a avidez delas de serem censuradas, ele não encontrou. E com isto ele não tinha outra coisa senão fazer elogios. E há uma grande beleza em a gente ver estas esposas de Cristo de tal maneia preparadas para a vinda do Esposo, de maneira que quando chega o Esposo, elas estão todas dispostas ao martírio e caminham para o martírio com aquele heroísmo e aquela linha que se afirmou em todas, e a seu modo próprio se afirmou inclusive na Blanche de la Force.

* Muitos desses sacerdotes eram relaxados, mas resolveram corresponder à graça no momento extremo

Isto de um lado.

Agora, de outro lado nós temos os padres. Nós sabemos que o clero na França estava numa situação bem diferente destas carmelitas. Nós verificamos como muitos decênios antes da Revolução Francesa era maltratado pelo Episcopado e pelo clero São Luís Grignion de Montfort. Objeto de um desprezo, de um pouco caso tal, que uma vez subiu até à boca dele a trave da amargura e ele, habitualmente tão conformado, tão humilde, tão alegre, teve este comentário, depois de ter ido a um convento onde o trataram ultrajantemente: “Eu não supunha que fosse possível tratar por esta forma um padre”.

Os senhores estão vendo até onde a coisa chegou. Era o ócio que havia dentro do clero contra o espírito. E, realmente, todos os padres de primeira linha ocupavam uma posição marginal dentro do clero francês.

Arrebenta a tormenta e os historiadores verificam essa coisa bonita: que muitos destes sacerdotes, que eram sacerdotes relaxados, que em última análise professavam a doutrina católica, que muitos destes sacerdotes resolveram corresponder à graça neste momento extremo, e que houve grandes mártires não só entre os padres bons, mas também entre os padres ruins.

* Como isto é encorajante e como deve nos dar esperança na Bagarre

Isto nos lembra o bom ladrão e lembra tantos outros fatos da história da Igreja. Pessoas que não merecem, mas que a misericórdia divina acolhe e que eleva até o mais alto dos céus.

Os senhores percebem com facilidade como isto é encorajante, como isto é alentador e como isto nos deve dar também a nós esperança na Bagarre. Em vez de considerarmos a Bagarre com terror, nós devemos considerá-la como ocasião de grandes graças, como o momento em que a Providência Divina chama para junto de si até os seus filhos relapsos, até os filhos com que está descontente, em que Ela consegue, por maravilhas da graça, levar à honra dos altares gente que provavelmente sem isto nunca teria chegado a estas honras e talvez até estivesse no Inferno.

* Como Deus é admirável, chamando aquelas admiráveis mártires carmelitas e também sacerdotes fiéis e até infiéis que preferiram o martírio

Aqui há um outro aspecto do plano da Providência que mostra como Deus é admirável na oposição, mas não na contradição de suas obras.

De um lado admirável, fazendo subir ao Céu aquelas admiráveis mártires tão preparadas de Compiégne. De outro lado admirável, fazendo subir ao Céu, ao par de sacerdotes fiéis, tantos sacerdotes lamentáveis, infiéis, mas que colocados ante a suprema traição e a morte, auxiliados pela graça e contra os plano da prudência humana, acabaram tendo o gesto admirável de preferir a morte, de preferir o martírio.

* O que pedir aos que foram e aos que não foram sempre fiéis

Peçamos aos que foram sempre fiéis que tornem a nossa alma tão inteiramente fiel como as das carmelitas de Compiégne. Aos que não foram fiéis, e caso nós não estejamos inteiramente preparados, nos beneficiemos da imensa misericórdia de que eles mesmos se beneficiaram.

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