Santo
do Dia (Rua Pará) – 25/8/1967 – 6ª feira [SD
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Santo do Dia (Rua Pará) — 25/8/1967 — 6ª feira [SD 029]
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Montagem na Sala dos Alardos para comemorar o ducentésimo número do “Catolicismo” * O “Catolicismo” é a plenitude do “Legionário” * O “Catolicismo”é feito para um público especial, e nesse sentido tem mais alcance do que os grandes jornais * O “Catolicismo” influencia o meio católico, e o meio católico influencia o Brasil inteiro * A importância da corrente de opinião formada pelo “Catolicismo” * Superior a todos os outros órgãos católicos * Análise das diversas seções do jornal * O desejo de que O “Catolicismo” continue a ser editado durante a Bagarre
* Montagem na Sala dos Alardos para comemorar o ducentésimo número do “Catolicismo”
Então vamos esperar.
Outro dia eu entrei aqui na sede e vi uma coisa bonita: uma mesa com uma porção de jornais, que eu não cheguei a perceber bem quais eram, e sobre eles aquela espada que o José Fernando mandou vir da Europa. Eu digo: “Homem, está aí um bonito efeito decorativo. Que será isso?”. E não tive tempo de perguntar.
Depois eu soube que se comemorava o ducentésimo número do “Catolicismo”. E passou tão desapercebido, que eu resolvi hoje à noite dizer algumas palavras sobre esse ducentésimo número. Então se fará isso na Sala do Alardo.
No dia 21 foi comemorado o quarto centenário do nascimento de São Francisco de Sales. Nesse mês saiu a lume o número 200 de “Catolicismo”. Por essa razão foi feita na Sala dos Alardos uma montagem com a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora e com o quadro de São Francisco de Sales que acompanha o Grupo desde os tempos do “Legionário”. Acham-se expostos alguns números históricos do “Catolicismo”, os números 1, 50, 100 (que publicou a “RCR”), 150 (que publicou a Carta Staffa), e 200, bem como alguns originais do número 1.
O alardo será feito ato contínuo. A música a ser cantada é O vos omnes. “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há uma dor igual à minha dor”.
Antes de fazer um comentário a respeito do “Catolicismo”, eu gostaria de falar a respeito da seguinte notícia: foi concedido ao Márcio o título post mortem de sócio efetivo da TFP. Está inscrito assim nos nossos livros.
Agora, então, eu vou dizer algumas palavras a respeito do “Catolicismo”.
Antes de dizer ainda essas palavras, eu queria comunicar aos senhores que a encadernação do “Catolicismo” e do antigo “Legionário” estão feitos magnificamente. Estão enquadrados para serem colocados na nossa biblioteca quando houver um momento de tranqüilidade.
* O “Catolicismo” é a plenitude do “Legionário”
É uma homenagem que nós prestamos por essa forma ao nosso próprio passado. Porque o “Legionário” foi o antecessor do “Catolicismo” e o “Catolicismo” não é senão a plenitude do “Legionário”.
Assim como nós temos essa imagem de Nossa Senhora Auxiliadora colocada na nossa capela para celebrar nosso passado, e temos aquele nosso estandartezinho verde, tão pobre, tão primitivo, mas tão cheio de significado para nós, na capela, para honrar o nosso passado, assim também nós queremos honrar o nosso passado, pudemos honrar por meio dessa encadernação do “Legionário”, que é um modo de colocar num merecido realce tudo quanto o “Legionário” foi e tudo quanto o “Catolicismo” é.
É o momento também de nós falarmos uma palavra a respeito do “Catolicismo”.
A respeito do “Catolicismo” havia tanta coisa para dizer, que quase corre o risco de se fazer uma pequena conferência. Eu procurarei, portanto, ser o mais breve possível.
* O “Catolicismo”é feito para um público especial, e nesse sentido tem mais alcance do que os grandes jornais
Qual é o sentido profundo do “Catolicismo”?
Para uma pessoa da TFP compreender isso, deve, antes de tudo, colocar-se nessa idéia: de que o “Catolicismo” não deve ser comparado a um jornal diário de grandes ou pequenas proporções. É uma coisa completamente diferente de um jornal diário e comparado com o jornal diário é uma coisa mais ou menos tão descabida como comparar, por exemplo, esse lustre com … [inaudível]… porque são coisas com outras finalidades, com outros sentidos.
Um jornal diário a gente faz para o grande público. Uma folha do tipo de “Catolicismo” a gente faz para um público especial. E os jornais para um público especial, segundo os técnicos de propaganda, esses jornais têm muito mais alcance do que os grandes jornais.
Naturalmente é o ideal ter uma coisa e outra. Mas se é verdade que o jornal para o público especial atinge só uma parte do público, a experiência comprova que ele atinge muito mais esse público do que os grandes jornais. De maneira que ele no setor que ele tem em vista, ele, de fato, é um jornal de importância.
Nesse sentido, o “Catolicismo” não precisaria ter um formato maior do que tem, nem um tamanho maior do que tem. E um certo complexo de inferioridade que pode resultar para pessoas que trabalham no “Catolicismo”, ou enfim para nós que somos do “Catolicismo”, um certo complexo de inferioridade que pode resultar do fato de ele não ter proporção com o tamanho do “Estado”, resulta de uma mera incompreensão das coisas.
* O “Catolicismo” influencia o meio católico, e o meio católico influencia o Brasil inteiro
De outro lado, também é preciso considerar o seguinte: que o “Catolicismo” visa tocar um meio, que por sua vez toca o Brasil.
Os senhores notam por toda a importância que os políticos dão à Igreja, qual é a importância que a Igreja tem na política. O “Catolicismo” influencia o meio católico, e o meio católico influencia o Brasil inteiro. De maneira que o “Catolicismo” é importante porque, por conceito de … [inaudível]. Ele não afeta toda a roda, mas ele afeta o eixo que faz a roda girar. E nesse ponto ele é de uma importância central na rotação da roda. E é esse o trabalho do “Catolicismo”: é ser influente … [inaudível]… O “Catolicismo” tem essa influência no meio católico.
À primeira vista poder-se-ia dizer que não. Poder-se-ia dizer que não, porque quando se recorrem às listas de nossos assinantes, os líderes principais … [inaudível]… católico de esquerda. Nós temos a impressão de que é um público católico geral, mais ou menos infiltrado, é verdade, nas sacristias, mas que esse público católico não é, por exemplo, um Corção, não é o Tristão, não são os maiorais que acompanham o Tristão e o Corção. Tem-se a impressão de que eles não lêem o “Catolicismo”. Então ter-se-ia a impressão de que o “Catolicismo”, mesmo nesse meio, não é devidamente importante.
Esse seria um erro irremediável em nossa estratégia se nós nos deixássemos levar por essa ilusão. Porque é o contrário que é verdade.
Em primeiro lugar, o “Catolicismo” sensibiliza um meio que está muito metido nas sacristias, e como tal ele repercute dentro das sacristias. Mas de outro lado acontece que os outros lêem o “Catolicismo”, se bem que não figurem entre os assinantes. E a gente percebe isso pelo número de vezes em que o Tristão, que eu cito com a permissão do Dr. Azeredo, escreve artigos que são indiretas contra coisas publicadas no “Catolicismo”. A gente vê que ele ouve o “Catolicismo”, que lhe chega aos ouvidos o que o “Catolicismo” diz que constitui pressão sobre ele. A questão é que o “Catolicismo” faz tanto barulho, que os nossos inimigos fecham os ouvidos por causa do “Catolicismo”. Isso é muito diferente. Mas eles para não ouvirem o “Catolicismo” têm que fechar os ouvidos, porque o “Catolicismo” penetra e constitui uma corrente oposta à deles, a qual corrente tem uma importância enorme.
* A importância da corrente de opinião formada pelo “Catolicismo”
Qual é a importância dessa corrente?
Primeiro, é a importância em si mesma. Em segundo lugar, é o fato de que a corrente que está … [inaudível]. Isso dá a uma corrente uma importância enorme. Uma corrente com jornal e uma corrente sem jornal são diferentes uma coisa da outra, eu diria mais ou menos como um revólver é diferente de um canhão.
Quer dizer, uma corrente que não tem jornal é um regatinho clandestino que corre por debaixo da terra. Uma corrente que tem um jornal é como um rio que corre à face da terra.
Esse jornal, eles sabendo que é publicado, eles tendo que responder às perguntas que lhe fazem a respeito desse jornal, eles vêem criado um ambiente de cisão e este ambiente de cisão cria, por sua vez, o seguinte:
Há uma minoria dos meios católicos militantes que lê “Catolicismo”. Há uma minoria que lê as bobagens que eles escrevem. Há uma grande maioria que percebe a polêmica. Percebe a polêmica e fica indecisa. Fica indecisa, fica parada no ponto em que estava. Fica parada no ponto em que estava, não se deixa arrastar por eles.
Resultado: eles vão andando para a frente e fazem o papel da cobra em que a cabeça corre mais do que corpo, e em que, em última análise, a cobra perde identidade. Esse fato dessa cobra estar assim, de os líderes católicos esquerdistas estarem cada vez mais isolados da massa católica, se deve ao “Catolicismo”.
* Superior a todos os outros órgãos católicos
Esse serviço, “Catolicismo” tem prestado de um modo exímio por causa de algumas circunstâncias. É que os nossos inimigos quereriam que um jornal católico reacionário fosse um jornal … [inaudível]. Eles gostariam que o tipo do jornal fosse um tipo medíocre, chamasse o “Pirilampo”, ou então a “Pombinha”, ou então, não sei o “O Raminho de Oliveira”, qualquer coisa assim, que fosse uma folha ultra-heresia branca, impressa num jornal ordinário e cheia de bobagens. A ter que existir, eles quereriam que fosse assim.
Eles têm contra si um jornal — em primeiro lugar e para dizer apenas o que é evidente — soberbamente bem impresso. Do ponto de vista gráfico, todo número do “Catolicismo” é uma obra-prima. Os que trabalham no “Catolicismo” sabem … [inaudível]… os números são muito diferentes uns dos outros, nunca se repetem, têm todos originalidade, todos obedecem a uma escola, a uma escola de paginação de “Catolicismo”. Esta escola é muito atual, não tem nada de démodé, é uma escola forte. Entretanto, é uma escola tradicional. De todos os órgãos católicos do mundo, no gênero, que se possam … [inaudível]… não se encontra nenhum superior a “Catolicismo”.
O “Catolicismo” é, a meu ver, superior a todos eles. E isso por quê? Exatamente porque tem essa inspiração que se condensa na pessoa do nosso Dr. Castilho e que produz o número de “Catolicismo” por essa forma.
Os senhores comparem, por exemplo, com o “Cruzado” espanhol; comparem com “Cristiandad”; comparem com essas folhinhas católicas da França. Absolutamente não tem nada que se compare.
Para comparar com alguma coisa, é preciso comparar com esses irmãos do “Catolicismo”, que são “Cruzada” e “Fidúcia”, mas eles também muito vivendo da inspiração do “Catolicismo”.
Este lado material do “Catolicismo”, que lhe dá uma roupagem e uma credencial esplêndida, é acrescido pelo teor do português e da linguagem. É uma linguagem que não é arcaica, mas é uma linguagem nobre, elevada, precisa revisão exímia de tudo … [inaudível]. Eu diria que é uma revisão desesperadora, desesperadoramente correta, nesta época de … [inaudível]… “Catolicismo”.
* Análise das diversas seções do jornal
Quanto à matéria, eu sou suspeito para falar, mas eu posso, ao mesmo tempo, dizer que eu sou insuspeito. Porque, infelizmente, há tanto tempo que eu não colaboro no “Catolicismo”, que eu posso dizer que a matéria é interessantíssima e de primeira ordem, e corresponde exatamente àquilo que nós queremos para produzir o efeito que nós desejamos.
Eu poderia tomar seção por seção do “Catolicismo” e mostrar qual é a razão dessa seção. Por exemplo, a alfinetada das “Verdades Esquecidas”. Aquilo, cada número não é apenas um alfinete, mas é um alfinete incandescente. E não é um alfinete encravado em qualquer lugar, mas é no olho. Cada vez que o adversário vê o “Catolicismo”, ele tem os dois nervos óticos dissecados por aquela verdade esquecida.
Os senhores têm o “Calicem Dominum Biberunt”, que é um perpétuo contar história presente sob o aspecto da história passada, e um perpétuo dizer coisas que se adequam de tal maneira a nossos dias que aquilo lhes há de queimar os nervos.
Os senhores têm o aspecto polêmico do “Catolicismo”, representado na nossa contínua guerra contra o Tristão desferida por Cunha Alvarenga, José de Azeredo Santos e por outros.
Os senhores têm os artigos variados que o “Catolicismo” publica, ora deste, ora daquele, que são artigos, realmente comentários excelentes.
Tudo isso dá ao “Catolicismo” uma matéria de primeira ordem nos seus números comuns.
Em relação ao “Legionário”, eu encontro no “Catolicismo” apenas um título de inferioridade, que eu desejaria que fosse remediável. O “Catolicismo”, durante algum tempo, ombreou com o “Legionário” nesse ponto e depois deixou de ombrear. É que um senhor chamado Adolpho Lindenberg deixou de fazer a crônica internacional para o “Catolicismo”, que poderia bem retomar … [inaudível]… impressão.
Bem, eu não vou aqui fazer o elogio de seção por seção, mas me parece que cada seção do “Catolicismo”, “Verba Tua”, etc., todas elas tiveram ou têm seu papel muito adequado … [inaudível].
* O desejo de que O “Catolicismo” continue a ser editado durante a Bagarre
Agora, a gente poderia falar também dos números extraordinários do “Catolicismo”.
Cada número extraordinário do “Catolicismo” é um poema. Para os senhores não pensarem noutra coisa a não ser o número que publicou a Carta Staffa, que beleza! Aquilo é uma verdadeira obra-prima!
E eu digo isso para nós sabermos valorizar a nossa prata da casa, nós termos a consciência de qual o valor daquilo que oferecemos.
O que é característico nesse sentido, é que o “Catolicismo” viveu muito tempo num regime catacumbal … [inaudível]… num regime catacumbal todas as coisas desse gênero tendem a decair. Quando cessa agora o regime catacumbal e começam as … [inaudível]… do “Catolicismo”, as vendas são verdadeiro sucesso, de tal maneira o jornal se apresenta correspondendo inteiramente às exigências de um público mais alto. Isso tudo nos leva a compreender que deitar ênfase no “Catolicismo” é deitar ênfase numa coisa que eu desejo muito que seja apoiada, que eu desejo muito que seja vendida, seja estimulada por todas as formas, como uma das peças mestras do nosso apostolado.
Eu aproveito mesmo a ocasião para dizer isso categoricamente e com todas as letras. E com isso pedir a Nossa Senhora que dê ao “Catolicismo” uma vida que chegue exatamente até o primeiro dia da Bagarre, no lugar onde o “Catolicismo” se imprime. Se houver Bagarre em volta, o “Catolicismo” deve continuar a editar-se aqui. Eu acho que nesse dia — eu tenho má memória, dou a sugestão para o Dr. Castilho — deve-se anunciar um “Catolicismo” que começará no Reino de Maria, deve começar com a numeração continuada, mas literalmente … [inaudível].
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