Santo
do Dia – 14/6/67 – 4ª feira .
Santo do Dia — 14/6/67 — 4ª feira
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Santo Elias, o primeiro devoto de Nossa Senhora, o devoto que recebeu uma forma de devoção a Nossa Senhora prefigurativa e precursora da plena devoção de São Luiz Grignion de Monfort * No pedido de Santo Eliseu entra uma misteriosa e bela realidade de transmissão de espírito * O Fundador narra a história da imagem de Nossa Senhora de Genazzano * O que se passou com a Albânia é um símbolo de como Nossa Senhora trata as almas que Ela ama muito, mas das quais Ela se afasta * Nossa Senhora deixou o santuário de Scutari, mas o santuário continuou habitado pela predileção d’Ela, passou a ser teatro de milagres e lugar de peregrinação * Carta do Conde Estevão Medini que conta o que se passava, naquela época, a respeito do santuário * Até quando Nossa Senhora castiga, até quando Ela parece se retirar, algo fica, e esse algo é como uma lâmpada que se acende no meio das ruínas
* Santo Elias, o primeiro devoto de Nossa Senhora, o devoto que recebeu uma forma de devoção a Nossa Senhora prefigurativa e precursora da plena devoção de São Luiz Grignion de Monfort
Hoje é uma festa de muita significância para nós: é festa de Santo Eliseu, profeta e pai da Ordem do Carmo, sucessor de Santo Elias. É também festa de São Basílio Magno, bispo, confessor e Doutor da Igreja. Do qual diz o Martirológio: “Com irresistível energia defendeu a Igreja contra os arianos e os macedonianos, no século IV”.
Tem um interesse mais especial para nós Santo Eliseu, porque, como os senhores sabem, Santo Eliseu foi o sucessor de Santo Elias. E Santo Elias pode ser considerado, historicamente falado, o primeiro devoto de Nossa Senhora. O devoto que recebeu, com certeza, uma forma de devoção a Nossa Senhora prefigurativa e precursora da plena devoção de São Luiz Maria Grignion de Monfort. E que era, ele mesmo, um dos Apóstolos dos Últimos Tempos.
Porque, como nós sabemos, Elias deve voltar nos Últimos Tempos. Nos Últimos Tempos só? Não, deve voltar nos últimos dias da História da Humanidade para a luta contra o anticristo. De maneira que nós consideramos Elias, ao mesmo tempo um antecessor de nosso apostolado e aquele em quem vai culminar a luta na qual estamos engajados.
* No pedido de Santo Eliseu entra uma misteriosa e bela realidade de transmissão de espírito
Ora, Eliseu pediu o espírito de Elias e recebeu o espírito de Elias, e é um continuador de Elias. E no pedido dele entra essa misteriosa e bela realidade da transmissão de um espírito. Como é que o espírito se transmite? Como é que de uma pessoa uma graça passa para outra pessoa, fazendo com que a segunda pessoa se torne um alter ego da primeira? Como é que são essas relações de alma das pessoas participantes do mesmo espírito?
Há todo um firmamento de beleza espiritual dentro disso, a respeito do qual não seria o caso de entrar em maiores profundidades aqui, mas que nos é mostrado, embora num aceno um tanto rápido, no episódio de Elias subindo ao Céu num carro de fogo, e jogando seu manto para Eliseu. E, com o manto, comunicando a Eliseu seu próprio espírito.
* O Fundador narra a história da imagem de Nossa Senhora de Genazzano
Eu gostaria de tratar de um outro assunto que me parece também muito belo, e que é o complemento de um Santo do Dia que foi feito há algum tempo atrás, a respeito da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho. Os senhores se lembram que se tratou aqui dessa devoção. Uma imagem que apareceu na cidade de Genazzano, na Itália, no século XV. Uma nuvem pairou sobre a cidade, uma nuvem da qual saíam sons musicais e que foi baixando aos poucos sobre um edifício que estava em fase muito incipiente de construção, e que era uma igreja que era construída por uma mulher do povo, chama Petruccia, e que hoje, nas regiões de Genezzzano, é chamada bem-aventurada Petruccia. Ela ia construir essa igreja, mas não tinha os meios para isso.
E então, através de vários sintomas, soube-se que se tratava de uma imagem vinda da Albânia, de um santuário de Nossa Senhora da Anunciação da Albânia, imagem essa que era padroeira nacional da Albânia, e que tinha sido trazida pelos Anjos para Genazzano, para evitar que a imagem caísse em poder dos turcos.
E também porque a decadência religiosa da Albânia era tremenda, e ela, por causa disso, não estava apresentando mais contra os turcos, a grande resistência que ela oferecera no tempo [de Scanderbeg?].
E, por causa disso, então, a imagem, como uma espécie de castigo para a nação albanesa, tão preferida, tão dileta, que era um bastião da Igreja nos Balcãs, a imagem foi transferida dos Balcãs para a Itália.
Pouco depois a Albânia foi conquistada pelos turcos, Scanderbeg morreu, a Albânia foi conquistada pelos turcos e se desfez a resistência albanesa.
Os senhores têm aí, então, o quadro de um povo muito amado por Nossa Senhora, de um povo pequeno, mas que não cumpriu os seus deveres, e que é a figura, no tipo povo, e nas direções de um povo, de uma alma que seja muito amada por Nossa Senhora, mas que não cumpra o seu dever.
Quer dizer, uma alma que…, se acontece essa desventura tremenda, Nossa Senhora se afasta. E dessa alma se afastaria Nossa Senhora, como Nossa Senhora se afastou da Albânia. Quer dizer, os Anjos a levaram embora, dessa… [inaudível] imagem de Nossa Senhora.
* O que se passou com a Albânia é um símbolo de como Nossa Senhora trata as almas que Ela ama muito, mas das quais Ela se afasta
Agora os senhores vão ver, pelos acontecimentos que eu vou narrar, como Nossa Senhora trata as almas que Ela ama muito, mas das quais Ela se afasta. Ela se afasta mas continua presente, continua em estado de ruína dentro dessas almas. Mas ruínas que falam, eu diria quase ruínas que cantam, e ruínas que convidam para a reconciliação, para o perdão, para a restruturação, para a recuperação quero dizer, da… [inaudível] abandonada. E aí os senhores têm o que se passou na Albânia é um símbolo disso.
No século XV não houve grandes controvérsias a respeito da autenticidade desse fato. Mas à medida que o racionalismo foi progredindo na Europa, essas controvérsias começaram a nascer. E no século XVII a controvérsia tinha o aspecto disso:
“Será que existe na Albânia essa igreja? Será que saiu esse quadro da Albânia? Como é que se pode provar que esse quadro saiu da Albânia? O primeiro ponto para se poder dar crédito a essas revelações, a esses fatos maravilhosos, seria de se provar que essa igreja existiu na Albânia, esse quadro existiu na Albânia. Ora, disso não existe prova nenhuma”.
Porque a Albânia estava separada da Itália por algo de parecido com a cortina de ferro: não se entrava na Albânia, era país turco. E os turcos não permitiam a entrada de pessoas cristãs na Albânia. De maneira que da Albânia não havia notícia nenhuma.
E foi apenas no século XVIII, com a decadência do poderio turco — começou a decair, e as… [inaudível] sobre a Albânia começaram a se manifestar menos freqüentes — é que foi possível enviar uma espécie de Legado Apostólico para a Albânia, e alguns italianos começaram a entrar na Albânia e tomar contato com os católicos albaneses, que estavam até então completamente isolados.
A Albânia se tornou, pela sua decadência religiosa, um país majoritariamente muçulmano. E até recentemente, até o momento em que o comunismo tomou conta, o rei da Albânia era muçulmano e a religião oficial da Albânia era a religião maometana. E faz parte do panorama da Albânia a mesquita maometana com seus minaretes, etc.. Quer dizer, a Albânia, infelizmente, se maometanizou. Isso explica bem porque Nossa Senhora a tinha abandonado.
Entretanto, continuou a haver na Albânia um certo número de católicos, não tão pequeno o número. E esses católicos conservaram-se fiéis à sua Fé. E por razões ligadas à política e que não seria o caso de explicar pormenorizadamente aqui, foi permitido aos albaneses católicos que continuassem com algumas práticas públicas da Religião. E uma ou outra igreja albanesa voltou a funcionar. De maneira que depois de tantos anos de separação, quando chegaram à Albânia o Legado Apostólico, os primeiros missionários apostólicos no século XVIII, naturalmente entraram num imediato contato com essa gente, e puderam informar-se com toda facilidade, de modo sumamente direto e, portanto, com toda veracidade, a respeito das circunstâncias da vida religiosa albanesa, mandando relatórios para a Santa Sé, explicando como estava, etc., como se faria em qualquer missão.
* Nossa Senhora deixou o santuário de Scutari, mas o santuário continuou habitado pela predileção d’Ela, passou a ser teatro de milagres e lugar de peregrinação
E então apareceu o relatório do vigário apostólico albanês, na Albânia, explicando o que os críticos queriam saber: que havia, de fato, uma igreja da Anunciação, numa cidadezinha próxima de Scutari, uma espécie de subúrbio perto de Scutari. E nessa cidade, nessa igreja constava que havia um quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho, e que esse quadro tinha desaparecido misteriosamente antes da dominação turca. Não se sabia como tinha desaparecido, mas todo o povo considerava um castigo de Nossa Senhora o ter essa imagem desaparecido. E um castigo por causa dessa falta de fervor que deu na vitória do maometanismo na Albânia, essa apostasia de uma grande parte da nação albanesa para o maometanismo.
De outro lado, vieram também cantos religiosos que o povo albanês, em peregrinação a essa igreja, cantava, pedindo a Nossa Senhora que voltasse porque estaria deposto a emendar-se, a fazer penitência.
Os senhores estão vendo, portanto, que houve um resíduo que ficou. Sempre aquela história: um resíduo de fiéis que ficou e esse resíduo de fiéis Nossa Senhora não abandonou. E ela continuou, mesmo tendo deixado a Albânia, a ter sua mão pousada na Albânia. E ter pousada nesse santuário através desses seguintes fatos miraculosos: ela deixou o santuário, mas o santuário continuou habitado pela predileção d’Ela.
E o santuário passou a ser teatro de milagres e lugar de peregrinação. E aí a gente viu um deixar não deixado, um abandonar não abandonado, um retirar não retirando, que é quase mais bonito do que ficar.
* Carta do Conde Estevão Medini que conta o que se passava, naquela época, a respeito do santuário
Os senhores vão ver os fatos lindos que se desenrolaram a propósito da permanências dessas… [inaudível] na Albânia. O que vai ser lido agora é a carta de um italiano, um conde italiano que esteve na Albânia. Carta essa do século XVIII e que constitui um complemento.
É um tal conde Estevão Medini, de origem albanesa, e a carta é datada de 25 de julho de 1725, e dirigida a uma pessoa que provavelmente era parente dele, porque chamava João Batista Medini — e que conta o que se passava naquela época a respeito do santuário.
Então ele diz o seguinte:
Quanto ao encargo que Vossa Ilustre Senhoria me deu de examinar se ainda existe em Scutari alguma igreja dedicada à Santíssima Madonna e se há dentro um nicho ou outro lugar que em certa época conteve uma imagem da Madonna, o que eu pude aprender dos mais antigos habitantes do país, pessoas dignas de fé, é que dizem que há nos arredores dessa cidade uma igreja que é chamada da Santíssima Anunciação, onde freqüentes e contínuos milagres até hoje não cessam de se realizar. Cada vez que os turcos quiseram reduzir essa igreja a estado de mesquita, acontecia sempre que aquilo que eles tinham construído durante o dia, caía de noite.
A mesquita tem uma forma própria. Então era preciso fazer a transformação da igreja para ela tomar a forma de mesquita. Essa obra caía sempre durante a noite.
Cada vez que o [oza?], ou sacerdote dos turcos, experimentava ir sobre os muros para gritar, segundo o costume, para chamar o povo, um certo vento vinha como um raio…
Lembra um pouco os relâmpagos de Fátima.
… e o [oza?] era levado, carregado pelo vento até o rio… [inaudível], onde ele era submerso. Alguns anos, um muezin, um outro padre maometano, veio à igreja e estragou uma imagem sagrada pintada nos muros, arranhando os olhos da imagem, e fazendo certos entalhos nela para a destruir. Quando ele chegou em casa dele, certos membros de sua família estavam mortos, e ele mesmo ficou louco.
Tais milagres passados, com o que continua agora, são a causa pela qual as portas dessa igreja ficam abertas dia a noite, mas nenhum turco, desde então tentou fazer ali a menor irreverência, apesar da igreja estar mais ou menos arruinada.
Entretanto, apesar da igreja estar arruinada, duas traves nela estão quase suspensas no ar, sustentadas apenas numa certa porção de teto, e isso se dá de tal maneira que é um milagre evidente.
De mais a mais, na noite da Santíssima Anunciação vê-se arder uma lâmpada em face do altar… [inaudível]
Quer dizer, os Anjos acendem essa lâmpada.
Os senhores imaginem que coisa bonita, na noite da Anunciação, a igrejinha — os senhores, se quiserem, podem ver depois o local da igreja, porque há um mapa desenhado, muito bem feito, explicando muito bem tudo isso — a igrejinha, numa escura noite albanesa, não havia luz elétrica nesse tempo, meio em ruína, e, de repente, uma luz bonita, uma lâmpada acesa, no local. Talvez acesa por mãos de Anjos, representando exatamente a esperança de Nossa Senhora de que aquele resto de fé volte a florescer. Os senhores vêem, portanto, quanta bondade d’Ela, quanta conservação de sua misericórdia para um povo que, entretanto, Ela tinha [abandonado?].
Os senhores vejam como as punições d’Ela são como punições de mãe, que continua a conclamar para a penitência, conclamar para a emenda, a conclamar para uma modificação de vida, e não ao abandono completo e à destruição da nação.
É a economia de Nossa Senhora com certas almas muito prediletas. E nisso vai o… [inaudível] do maravilhoso.
Então, ele dizia:
O lugar que ocupava a antiga imagem da Bem-Aventurada Virgem, ali se aponta com toda certeza e alguns dizem que essa imagem foi levada e outros afirmam com firmeza que ela saiu por si mesma. Um tal senhor Nicolau Antonio Cambise também deu uma notícia, dizendo o seguinte: que [um?] dos principais turcos…
Eu dou um trecho apenas.
…chamado… [inaudível], querendo, há alguns anos, deitar uma ponte sobre o rio… [inaudível] até perto da igreja, tendo ousado tomar pedras do muro dela, fazer transportar por mulas e carregar até o rio, mas apenas as mulas foram descarregadas, elas caíram mortas. Apesar disso, ele persistiu no seu projeto, e fez construir a ponte. Mas logo que ponte foi concluída, ela caiu em ruínas. Depois do que ele tomou cuidado de levar as pedras novamente à igreja, tendo-as depositado junto ao muro. E ainda há três anos lá estavam.
O temor que tais fatos deitaram entre os turcos foi tão grande, que eles não querem nem sequer tocar num pequeno arvoredo que está em frente de outra igreja católica perto do local. E depois, acentua aqui, que os turcos são muito afeitos a aproveitar material de construção antigos, usar ruínas antigas, etc.”
* Até quando Nossa Senhora castiga, até quando Ela parece se retirar, algo fica, e esse algo é como uma lâmpada que se acende no meio das ruínas
Ora, nós encontramos exatamente na vida do Grupo, nós encontramos isso até de certos modos na vida de uma pessoa que saiu do Grupo, nós encontramos uma coisa parecida com isso. Quer dizer, em vez de dar numa apostasia completa, na rejeição de todas as doutrinas, fica ali dentro daquela alma uma espécie de ruína, fica dentro daquela alma uma espécie de permanência de qualquer coisa que ainda é um sinal de que Nossa Senhora não abandonou inteiramente aquela alma. Que Nossa Senhora deseja, ainda espera que essa alma seja reconduzida ao bom caminho.
Os senhores estão vendo que todos os fatos que se deram na Albânia é porque Nossa Senhora quis conservar a fé entre os albaneses. E que Ela quis, portanto, num dia que virá, a Albânia voltasse [a Ela?].
E talvez dia virá, no Reino de Maria, em que nós saibamos que Anjos levaram a imagem de Nossa Senhora de Genazzano de novo para Scutari e, de outro lado, uma imagem linda, parecida com Nossa Senhora do Bom Conselho, mas certamente não aquela, posta, pintada por mãos de Anjos, ficou no lugar onde a atual imagem está.
Os senhores vêem aí um modo pelo qual Nossa Senhora não trata o comum das almas. Ela não trata todas as almas assim, mas trata algumas almas muito prediletas. E os senhores vêem aí a compreensão de como é a misericórdia de Nossa Senhora quando Ela se…[inaudível] a si própria. Até quando Ela castiga, até quando Ela parece se retirar, algo fica. E esse algo é como uma lâmpada que se acende no meio das ruínas. É uma luz que continua a brilhar com graças que continuam a ser recebidas. É uma promessa de Nossa Senhora que diz que Ela ainda voltará e que Ela fará reinar a virtude, voltará a fazer reinar seu Imaculado Coração nos lugares que Ela abandonou. Os senhores têm aqui a planta do local, se quiserem ver. Eu pediria ao senhor Plinio Solimeo o obséquio de, qualquer hora, num outro dia …
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