Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria – Rua Pará) – 23/5/1967 – 3ª feira [SD 121] – p. 3 de 3

Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria – Rua Pará) — 23/5/1967 — 3ª feira [SD 121]

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Magnífica invocação a de Nossa Senhora da Fé * Breve menção a duas comemorações: festa do Beato Crispim de Viterbo e execução de Frei Savanarola, precursor de Lutero * Nossa Senhora de Reims: em 4O1, origens da milagrosa imagem e de sua catedral, onde Clóvis foi batizado * A inutilidade de todos os esforços contra-revolucionários que não sejam radicais * Outro ensinamento de Reims: o Santíssimo Sacramento retirado e as luzes apagadas quando da visita de Khrutchev à catedral * O contraste com fatos mais recentes leva o Fundador a propor um pensamento: a Contra-Revolução só pode ser completamente radical e profundamente religiosa

* Magnífica invocação a de Nossa Senhora da Fé

A imagem de Nossa Senhora que vai ser venerada hoje é a imagem de Nossa Senhora da Fé, que se venera na sala São Pio X, na Aureliano.

Lindíssima invocação, porque a fé é a raiz sobrenatural de todas as nossas virtudes, e quanto mais se tem fé, mais crescem todas as virtudes. Implorar, portanto, a Nossa Senhora a virtude da fé é uma coisa esplêndida.

Nossa Senhora foi modelo de fé. E Ela, que é medianeira de todas as graças, é medianeira tanto mais rica quanto mais fundamental é determinada virtude. De maneira que a invocação é realmente magnífica.

* Breve menção a duas comemorações: festa do Beato Crispim de Viterbo e execução de Frei Savanarola, precursor de Lutero

Hoje é a festa do Beato Crispim de Viterbo, irmão leigo capuchinho.

Neste dia, em Florença, foi queimado, em 1498, um progressista, modernista, comunista dos mais dignos de serem queimados, Frei Girolamo Savonarola, precursor de Lutero, por seu puritanismo fanático e seu horror às imagens e ao luxo no culto divino.

Os senhores estão vendo que ele está perfeitamente atualizado. Os modelos destes modernistas datam de séculos atrás.

* Nossa Senhora de Reims: em 4O1, origens da milagrosa imagem e de sua catedral, onde Clóvis foi batizado

A invocação de Nossa Senhora que devemos considerar hoje é Nossa Senhora de Reims. A série de fatos que vamos relatar começou no ano de 401, na cidade de Reims, na França.

São Nicásio, arcebispo de Reims, dedicou a Nossa Senhora um antigo templo pagão, tornando-se a catedral onde Clóvis foi batizado e seus descendentes foram sagrados. Reis e bispos a engrandeceram e, enfim, o bispo … [inaudível]…, sucessor de … [inaudível]…, substituiu-a por magnífico templo galo-germânico, que se tornou rapidamente célebre por numerosos milagres.

Em 1211, um incêndio destruiu esta obra de arte e os habitantes locais, consternados, desejaram reconstruí-la de maneira mais grandiosa. Para cobrir os gastos necessários aos grandiosos planos, dois clérigos, fazendo apelo à generosidade dos fiéis, transportaram sobre um andor, de cidade em cidade, a imagem milagrosa da Virgem.

Desde 1232, pôde-se celebrar o Ofício divino no novo santuário, e durante todo o século XIII a perseverança, que procura antes fazer bem do que terminar depressa, edificou à glória de Maria um magnífico poema de pedra, que canta seus mistérios.

A igreja de Reims celebrava com a oitava de cada festa de sua Soberana, e professava desde o século XIV sua crença na Imaculada Conceição.

A igreja de Reims é tão carregada de história, que haveria dificuldade de fazer sobre ela um comentário. Seria interessante mencionar que ela foi, até o reinado de Luís XVI, inclusive, a igreja onde os reis de França eram sagrados. Houve depois uma espécie de sagração póstuma do Rei Carlos X, irmão de Luís XVI, e que reinou depois da Revolução Francesa. E com isto a série de sagrações em Reims terminou, pelo menos até o momento.

A Igreja de Reims passou por ser um verdadeiro símbolo da arte gótica, juntamente com a catedral de Notre-Dame. E as sagrações dos reis de França que ali se passavam foram as festas mais características e simbólicas da glória e da pompa da Idade Média.

Como, por outro lado, o rei da França era o Rex Christianissimus, e a sagração dele era uma cerimônia que empolgava a Europa inteira, isto foi o que mais marcou a catedral de Reims.

* A inutilidade de todos os esforços contra-revolucionários que não sejam radicais

Entretanto, em Reims deu-se um fato simbólico depois, que sempre me impressionou muito.

Os senhores sabem que todas as igrejas góticas têm do lado de fora da igreja estátuas, imagens, etc. E essas imagens foram partidas durante a Revolução Francesa. Então foram colocadas para a coroação do Rei Carlos X, para que a sagração não se passasse em condições tristes, com aquelas imagens todas decapitadas. Modelaram as cabeças de pedra e colocaram nas imagens, prendendo essas cabeças com o material de cola mais eficaz que havia naquele tempo, e que era o gesso.

Acontece que a restauração de Carlos X não foi uma verdadeira restauração. Ele manteve inúmeras coisas péssimas, não tocou para frente a causa da Contra-Revolução como deveria tocar. Aplicou-se a ele o dito magnífico de Joseph de Maistre a respeito da Sardenha. Quando escreveu ao rei da Sardenha, Joseph de Maistre dizia: “Majestade, depois da queda de Napoleão tudo foi reposto, nada foi restaurado”.

Quando o cortejo de Carlos X chegava à catedral de Reims, os canhões começaram a troar e pelo estampido dos canhões as cabeças das imagens iam caindo no chão, porque a cola não era suficientemente forte.

Tudo tinha sido reposto, nada tinha sido restaurado. É uma maneira da Providência simbolizar eloqüentemente a fatuidade da obra que se estava empreendendo e a inutilidade de todos os esforços contra-revolucionários que não sejam radicais, não sejam completos e não sejam de uma índole profundamente religiosa. Sem isto, toda obra contra-revolucionária é inteiramente inútil.

* Outro ensinamento de Reims: o Santíssimo Sacramento retirado e as luzes apagadas quando da visita de Khrutchev à catedral

Tivemos outro ensinamento em Reims. Foi no tempo de Pio XII, se não me engano, quando Khrutchev visitou a igreja. Então, o Santíssimo Sacramento foi retirado da igreja e a igreja foi deixada às escuras. Como é monumento nacional, não podia fechar. Então Khrutchev visitou a igreja no escuro, com o Santíssimo Sacramento fora, em sinal de execração.

* O contraste com fatos mais recentes leva o Fundador a propor um pensamento: a Contra-Revolução só pode ser completamente radical e profundamente religiosa

Mais recentemente tivemos a visita feita por Podgorny visitando o Papa. Depois ele esteve normalmente na Igreja de São Pedro. O Santíssimo Sacramento não saiu, nada aconteceu. Pouco tempo depois entrava ali a Cláudia Cardinale.

Vejam como corre depressa a história e como corre depressa a Revolução.

Como pensamento para amanhã deve ficar este: tudo foi reposto, nada foi restaurado. Quer dizer, Nossa Senhora nos persuadir de que a Contra-Revolução só poder ser completamente radical e profundamente religiosa.

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