Santo de Dia – 6/12/1966 – p. 3 de 3

Santo de Dia — 6/12/1966 — 3ª-feira

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Santo de Dia

amanhã, 7 de dezembro, é festa de Santo Ambrósio, bispo, confessor e doutor. Hoje continua a novena de Nossa Senhora de Conceição. “Santo Ambrósio lutou contra Teodósio, imperador do ocidente, pela liberdade da Igreja. Combateu os hereges e converteu Santo Agostinho.”

A respeito dele Dom Guéranger dá alguns traços biográficos. Um deles é: “Adolescente ainda. Ambrósio a presenteava gravemente sua mão a beijar à sua mãe e à sua irmã porque, dizia ele: “Esta mão seria um dia a de um bispo”. Os senhores vêem o que é a compenetração e como isso é diferente do clero progressista. Imagine eu, padre, deixar mina mão ser beijada por minha mamãezinha, nunca. A irmã, naturalmente, trata ele e você etc. etc. Aí, não. Como essa mão via ser um dia a de um bispo, beije já. E isso não é por vaidade, isso não é por orgulho, mas é por amor à dignidade episcopal. É realmente magnífico.

Pode-se crer que se os decretos divinos — não tivessem irrevogavelmente condenado o Império Romano parecer, influencias como as de Ambrósio exercidas sobre um príncipe de um coração tão reto teriam preservado sua ruína. Sua máxima era firme, mas ela não devia ser aplicada senão mas sociedades novas que surgiriam depois do cheque da queda do Império e do cristianismo. Ele dizia portanto:Não há titulo mais honroso para um imperador do que filho da Igreja. O imperador é na Igreja, ele não está acima dela. Santo Ambrosio e os doutores da Igreja tiveram que lutar contra uma tradição que ficou entre os imperadores romanos cristãos e que vinha do tempo do paganismo. No tempo do paganismo, no paganismo clássico, não havia propriamente uma igreja pagã. Não havia uma distinção entre duas sociedades, Igreja e estado, como Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu. Mas o estado pagão era um estado-igreja. Ele, ao mesmo tempo, promovia o culto, dispunha a respeito de toda a religião e promovia a vida temporal. De maneira que os imperadores romanos habitualmente se consideravam chefes da religião. E quando eles morriam eles eram até “deificados” eles eram elevados á condição de deuses. No tempo do paganismo. Quando veio o império cristão, em muitos imperadores romanos o habito mental, naturalmente conservado por mau espírito, levou-os a considerarem que eles eram os chefes da religião e terem, portanto, os maiores atritos com a religião católica. Donde, exatamente, atritos enormes de Santo Ambrósio com o imperador Teodósio. É conhecido o fato de que o imperador Teodósio não tendo querido subordinar-se á ordem de Santo Ambrósio, porque achava que ele é que mandava e não Santo Ambosio, bispo de Milão, ele foi á Igreja acompanhado de todo o seu séqüito, depois de ter sido excomungado ou puído por Santo Amrosio. Ele encontrou Santo Ambrósio com seu clero, na entrada da igreja e que proibiu a ele de entrar. E ele não teve coragem e retrocedeu. Então, Dom Guéranger comenta essa máxima de Santo Ambrósio a máxima é esta: o imperador, nade é mias honroso para o imperador do que ser filho da Igreja. O imperador está na Igreja, ele não está acima da Igreja. Quer dizer, para o imperador, o grande título de honra é o título de católico. E é por isso que os senhores vêem depois decaído o império romano, haver príncipes católicos que se intitulavam, que punham toda a sua honra em ligar o seu titulo de soberano a uma título religioso. Daí vem o Sacro Império Romano Alemão. O imperador do Império Romano Alemão. Daí vem também o titulo de Rei Apostólico dos reis da Hungria: o titulo de Rei Cristianíssimo dado aos reis da França. O título de defensor da fé dado a Henrique IV da Inglaterra, antes dele apostatar. O título de Reis Católicos dado ao rei da Espanha; de rei fidelíssimo dado ao rei de Portugal. Qual era a razão desses títulos: é que o título imperial ou real, que é o mais alto dos títulos humanos vale pouco se não vem conjugado com uma relação qualquer com a Igreja Católica. Essa é a bonita observação que faz Dom Guéranger.

A piedade de Santo Ambrósio em relação a Nossa Senhora nos ensina também que admiração e que amor devemos ter para com a Virgem Bendita. Assim Santo Efrem, bispo de Milão é aquele dos padres do quarto século que mais vivamente exprimiu as grandezas do ministério na pessoa de Maria. Este eterna predileção por Nossa Senhora explica o entusiasmo de que Ambrosio estava repleto pela virgindade cristã, da qual ele merece ser considerado o doutor especial. Nenhum dos padres o igualou no encanto em a eloqüência com os quais ele proclamou a dignidade e a felicidade das virgens”. É um lindo título esse que cabe a Santo Ambrosio. Ele e Doutor da Igreja, mas de todos os Doutores da Igreja foi o que estudou melhor a virtude, virtude da virgindade; e aquele que com uma delicadeza da linguagem e da alma inexcedíveis soube tratar do tema de maneira a não só dar a convicção de que a virgindade é uma virtude excelsa, mas ainda dar uma verdadeira apetência da virgindade. Valeria a [ilegível] pena ler aqui, alguma dia, e comentar os sermões da Santo Ambrosio sobre a virgindade é tudo quanto há de mais belo.

Bem, por fim: “Santo Ambrosio preocupava-se para que os ministros da Igreja apresentassem grande dignidade externamente. Não aceitava em seu clero quem não tivesse uma presença respeitosa. Aí deve ser uma presença respeitável, que incutia respeito. “Assim, não admitiu um seu amigo porque notou-lhe algo menos próprio no modo de andar. Não ficou padre parque no modo de andar tinha qualquer coisa que não era própria á dignidade sacerdotal. É que Santo Ambrósio estava persuadido de que os movimentos desregrados do corpo são efeito do desregramento da alma.” Os senhores perguntem agora qual seria a seleção das vocações sacerdotais hoje em dia, e a agente não saberia o que dizer. Mas, realmente, eu conheço o caso de uma senhora que entrou num bonde e o filho dela estava querendo ser padre. No tempo em que era apreciável alguém querer ser padre. O filho dela estava querendo ser padre, ele entrou no bonde, ela entrou no bonde e viu um padre. Diz ela que era um padre tão derramou, tão sujo de tabaco, com o cabelo tão despenteado, que ela disse o seguinte: Meu filho jamais será padre. Era um raciocínio errado, mas que tinha um certo fundo. Quer dizer, se numa classe os homens se apresentam assim, não convém ágüem pertencer a esse classe. E a idéia é muito verdadeira. Quando uma pessoa é altamente respeitável., até no seu físico uma respeitabilidade transparece. E um a pessoa relaxada, desabotoada, desarranjada, sem posse, sem linha, sem compostura, esta pessoa não pode ser sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo. A gente compreende, portanto, como Santo Ambrósio tinha razão e profundamente razão. Essas são as considerações para a noite de hoje.