Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) – 27/9/1966 – 3ª feira [SD 218] – p. 4 de 4

Santo do Dia (Auditório da Santa Sabedoria) — 27/9/1966 — 3ª feira [SD 218]

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Papel da falecida Da. Angélica Ruiz e outras, no início do Grupo * Dados biográficos de São Wenceslau da Boêmia * Um dado que abafa o resto: ao entrar atrasado na Dieta, seguido de dois anjos, todos se levantam e o imperador presenteia-o com relíquias * Por castigo, o sobrenatural hoje não se manifesta assim, devido ao cúmulo a que chegaram os pecados * O Sr. Dr. Plinio recomenda silêncio por respeito à cerimônia de encerramento da reunião

* Papel da falecida Da. Angélica Ruiz e outras, no início do Grupo

Hoje continua a novena de Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças e é aniversário de Da. Angélica Ruiz. Da. Angélica Ruiz é irmã de Da. Aurora Ruiz, que pertence ao Cadeaux. E a participação dela na história do “Catolicismo” se deu pelo fato de que quando se fundou aqui a Ação Católica, como os senhores sabem fundou-se com um núcleo de litúrgicas, esquerdistas, etc., e tinha entre outras … [inaudível]… JOC. E na JOC a Da. Angélica e também a Da. Aurora eram duas líderes muito da esquerda.

Quando D. Mayer foi nomeado vigário-geral, começou a atuar dentro da Ação Católica e uma parte da JOC começou a cair em si a respeito dos erros que tinham e se aproximar de nós. E nesta parte, um elemento de destaque era Da. Angélica Ruiz, que determinou a adesão de uma parte da Ação Católica a nós e que possibilitou o golpe na parte errada, sem que a Ação Católica morresse.

Quer dizer, foi um muito bom serviço que ela prestou.

E daí veio a adesão de Da. Caetaninha, de Da. Iracy, Da. Aurora, Da. Adalgisa, Da. Estela Dourado, etc., adesão às nossas coisas.

De maneira que, neste âmbito, ela prestou um serviço digno de nota. De maneira que a morte dela merece ser rememorada por nós e merece uma Ave-Maria em sufrágio da alma dela, depois da nossa reunião.

* Dados biográficos de São Wenceslau da Boêmia

Amanhã nós temos a festa de São Wenceslau, que foi duque. E a respeito dele diz aqui o nosso calendário o seguinte:

Soberano da Boêmia, é seu padroeiro. Século X. Praticou no trono as mais belas virtudes. Conservou durante toda a vida, intacto, o tesouro da virgindade. Assassinado por seu próprio irmão Boleslau, por instigação de sua mãe, enquanto orava na igreja. A Hungria, a Polônia e a Boêmia escolheram-no por patrono.

Continua a festa, a novena de Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças e começa a novena de Nossa Senhora do Rosário.

A biografia, os dados biográficos de São Wenceslau, tirados de D. Guéranger, “L’Année Liturgique”, são os seguintes:

São Wenceslau é uma das mais radiosas figuras deste décimo século, que foi chamado o século de ferro. Neto de uma santa e filho de uma mãe pagã fanática, ele foi uma expressão muito pura desta realeza cristã, que devia ter em São Luís, três séculos mais tarde, seu tipo mais perfeito; regime onde a natureza materna da autoridade lhe assegurava todos os devotamentos e temperava todos os excessos; regime que, fazendo do príncipe o tenente de Deus e de Cristo e seu representante autêntico, o revestia de um caráter sobrenatural e sagrado.

Chefe de uma grande família nacional, o rei era o pai de seu povo e, do maior ao menor, todos tinham o direito de serem seus filhos e de apelar para sua justiça. Mestre inconteste, mas cujo poder era temperado naturalmente pela identidade dos interesses da coroa e do povo, ele era o árbitro nas decisões. Ele era o árbitro cujas decisões são as mais sábias, porque nenhuma ambição pessoal, como nenhum interesse de partido podia influenciar um homem que, recebendo tudo de Deus, não tinha contas a dar senão ao próprio Deus, pelo que ele era o juiz supremo.

O rei era então o pacificador, o l’apaiseur, dizia São Luís, sempre o apaziguador. Portanto, sempre preocupado em resolver as disputas entre seus filhos para os unir em vista do bem comum, a tranqüilidade do reino, prelúdio da paz de Deus.

No programa do príncipe cristão, que Wenceslau realizou durante os curtos anos de seu reino, Deus apôs a este programa o selo do martírio, dando assim à sua obra completa um valor de eternidade.

Na vida de São Wenceslau, mártir, do Gal. Silveira de Mello, nós encontramos estes dados:

A fama das virtudes de Wenceslau correu mundo. Era admirado e querido pela Cristandade. Amigo de seu povo, dedicado ao serviço da nação, austero e generoso, protetor da pobreza, propugnador da fé e súdito fiel da Igreja e também soldado destemeroso e leal. Oto, imperador da Alemanha, chamou Wenceslau à Dieta de Worms e cumulou-o de atenções.

Certo dia, demorou-se inadvertidamente na igreja. Quando chegou à assembléia, o imperador e os outros príncipes, ressentidos com o atraso do duque, tinham resolvido a não se levantar, como era de estilo, à entrada do dignitário retardado. Mas assim que o duque penetrou na sala viram os nobres que dois anjos o acompanhavam.

Não precisa dizer mais nada, está dada a vida do santo. Minha tentação seria parar aqui, dizer “boa-noite” e está acabado.

Tomados de admiração e respeito, o imperador levantou-se para recebê-lo e lhe deu o lugar à sua direita. Como lhe poderiam negar honras, se os próprios anjos lha tributavam? O imperador, em sinal de apreço, obsequiou-o com duas preciosas relíquias: um braço de São Vito e os ossos de São Sigismundo, rei da Borgonha e também grande soldado.

* Um dado que abafa o resto: ao entrar atrasado na Dieta, seguido de dois anjos, todos se levantam e o imperador presenteia-o com relíquias

Eu tenho impressão que este dado biográfico de tal maneira abafa o resto, que impede qualquer outro comentário. Vamos, portanto, nos cingir a isto.

Os senhores vêem a linda cena. Ele era rei da Boêmia, mas, com certeza, seu reinado invadia também uma parte da Polônia, porque esta nação também o admitiu como seu padroeiro. Ele era rei, portanto, de uma grande parte de território, de uma grande zona de territórios, e se realizava uma Dieta, quer dizer, uma reunião dos principais dentre os príncipes e senhores feudais do Sacro Império Romano Alemão. E ele foi convocado para esta Dieta com certeza porque estas nações, naquele tempo, estavam sujeitas, de algum modo, à suserania do Sacro Império.

Então, era uma reunião muito bonita, uma reunião cheia de nobreza, porque não era uma reunião do rei com seus súditos, mas era uma reunião de um senhor que chefiava e liderava outros senhores, também soberanos. De maneira que era uma espécie de assembléia de soberanos, cheia de cavalheirismo e cheia de força.

E os senhores vêem aqui o bonito exemplo: quando entrava um senhor, mesmo de categoria que não fosse a do imperador do Sacro Império, quando este senhor entrava na sala, todos se levantavam, inclusive o imperador também.

Então, a represália. Os senhores vêem o respeito à soberania. Cada um era como que um soberano e, portanto, quando entrava, todos se levantavam.

Quando ele entrou, resolveram não se levantar, porque ele tinha demorado demais na oração. Então, a raiva daquela gente. Onde podia — mesmo em plena Idade Média — entrar um pouco daquela antipatia enigmática que todo mundo que reza pouco tem para com todo mundo que reza muito. Infelizmente o contrário não é verdade: os que rezam muito são propensos a uma laranjice com os que rezam pouco, uma coisa sem nome; mas os que rezam pouco são inflexíveis para com os que rezam muito.

Então veio a vingança: “Vamos todos ficar quietos quando entrar; desfeiteá-lo. Por quê? Porque ele chegou atrasado”.

Agora, resposta da Providência: ele entra e a sala inteira vê dois anjos que entram com ele. Acabou-se, não tem mais nada para dizer. A virtude sai coberta de honra, coberta de glória e o imperador dá a ele dois presentes.

Quando eu li “dois presentes”, eu pensei com meus botões em jóias e, não sei porque, pensei em ametistas: deve ser alguma taça recamada. Não, aquele pessoal tinha o senso muito mais elevado: deram duas relíquias. E em vez de dar coisas que valiam dinheiro, porque naquele tempo se dava muito maior valor à relíquia do que ao ouro, então duas relíquias, uma das quais de um soldado também, para este grande soldado que era ele.

* Por castigo, o sobrenatural hoje não se manifesta assim, devido ao cúmulo a que chegaram os pecados

E a pergunta é a seguinte: por que é que hoje, quando uma pessoa que reza chega atrasada e resolvem desfeitear não aparecem dois anjos com esta pessoa? Por que é que coisas assim não se dão hoje?

Os senhores imaginem de repente haver uma reunião, não sei, vamos dizer, uma reunião de direita-esquerda católica para confabular qualquer coisa e chega de repente um de nós atrasado. A esquerda católica começa a sussurrar e a direita começa a se tomar de respeito humano, e outros fenômenos anexos e conexos.

De repente, a gente entra e dois arcanjos sublimes, ou melhor, esplêndidos, majestosíssimos atrás. A JOC sai correndo pela porta. A JEC sai pela janela. A JUC se desfaz no chão. Não é verdade?

A gente se senta comodamente: “Do que é que se falava?”. Ninguém responde nada.

Por que é que não acontece hoje? Por que as manifestações de sobrenatural que cobrem de glória o bem e esmagam o mal não se dão? É evidentemente porque os pecados do mundo chegaram a tal cúmulo, que os homens não merecem mais isto.

Porque estes anjos que estavam de um lado e de outro do santo nós não devemos imaginar que fossem anjos que estavam lá sobretudo para a glória dele. Estavam, sobretudo, para o bem do público que ali via aquele milagre. Era sobretudo para estes que era um bem. Mas hoje não merecem mais.

E nós podemos nos perguntar o que aconteceria se aparecesse. Seria um ódio sem nome e provavelmente não mudariam de posição. E é este estado de espírito córneo, hirto, rijo, é este estado de espírito que merece precisamente a Bagarre. Porque quando coisas destas não comovem mais e nem mais existem, nem mais se passam, é o sinal de que a Providência abandonou uma determinada coletividade humana, um determinado ciclo de cultura ou a Humanidade em determinada época da história, e que ela está marcada para toda espécie de castigo.

Aqui fica, portanto, o nosso comentário para o dia de hoje.

* O Sr. Dr. Plinio recomenda silêncio por respeito à cerimônia de encerramento da reunião

Eu queria recomendar aos senhores o seguinte:

No primeiro tempo, quando se tocava o sino para o encerramento, faziam silêncio. Ultimamente é um burburinho que se ouve até dentro de minha sala. Eu queria pedir aos senhores, por respeito à cerimônia, que façam silêncio.

Outra coisa é a seguinte:

O Dr. Castilho me deu, há algum tempo atrás, umas notas muito interessantes sobre a cerimônia de encerramento. Nós estávamos em plenas campanhas de toda ordem e eu pedi a alguém para me guardar estas notas. Com quem está?

Ah! está com você. Você não queria fazer o favor de dar para amanhã?

D. Mayer está me chamando e eu pediria, portanto, ao Dr. Paulo para encerrar a reunião rezando as três Ave-Marias da novena e uma Ave-Maria por alma de Da. Angélica.

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