Santo do Dia – 8/9/1966 – p. 4 de 4

Santo do Dia — 8/9/1966 — 5ª-feira [SD_222]

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Natividade de Nossa Senhora e posição excepcional dEla na veneração dos fiéis; Ela divide a História enquanto aurora do Sol de Justiça; sua glória incomensurável; nossa espera pelo Reino de Maria deve nos assumir por inteiro.

* Tacto da Igreja no comemorar a natividade * Tacto da Igreja quanto às imagens * Por que o natal de Nossa Senhora? * Espera dos patriarcas, profetas e almas fiéis * Grandeza de Nossa Senhora * Espera de Nossa Senhora, espera do Reino de Maria * Desejo avassalador, dominante do Reino de Maria

A Natividade de Nossa Senhora

Amanhã, festa de São Pedro Claver, confessor, e hoje é festa da Natividade de Nossa Senhora, e de Nossa Senhora da Covadonga.

Esta festa de Nossa Senhora da Covadonga foi instituída para comemorar a vitória dos espanhóis sobre os mouros na batalha de Covadonga, no ano de 711, graças à intervenção miraculosa da Santíssima Virgem, o que deu início à reconquista espanhola. Neste dia foi assinada a Declaração do Morro Alto em 1964.

Amanhã vai ser a festa de São Pedro Claver. Eu tenho a impressão de que é tão importante a festa da Natividade de Nossa Senhora que não podemos falar a respeito da festa de São Pedro Claver hoje, mas sobre este acontecimento que vem a ser a Natividade de Nossa Senhora.

* Tacto da Igreja no comemorar a natividade

Os senhores notam a imensidade de tacto com que a Igreja trata de todas as suas questões, e o único santo cuja natividade a Igreja celebra é Nossa Senhora — no calendário a Natividade de Nossa Senhora —, e depois naturalmente a festa do Santo Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de nenhum outro santo; o que corresponde exatamente ao culto de hiperdulia que a Igreja presta a Nossa Senhora.

O culto de latria ou adoração, a Igreja presta somente a Deus, portanto, a Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Verbo encarnado. O culto de dulia, de veneração, de mediação, a Igreja presta aos santos, mas a Nossa Senhora Ela presta um culto que nem é simplesmente o culto de dulia nem é de nenhum modo o culto de latria, mas, é o culto de hiperdulia, que é uma veneração como a nenhum outro santo se presta, sem nenhum paralelo, sem nenhum termo de comparação que possa oferecer qualquer identidade entre uma coisa e outra, de tal maneira Nossa Senhora está acima de todas as criaturas.

E então nós temos que para Ela há uma festa do natalício d’Ela, quando que, às vezes acontece, que a Igreja para alguns santos celebra a festa deles no natalício deles, mas não há um natal só para eles, e para Nossa Senhora existe. Além disso, inúmeras outras festas durante o calendário, enquanto que para cada santo existe em via de regra uma festa no calendário e mais nada.

* Tacto da Igreja quanto às imagens

Como também — uma outra ordem de coisas — a Igreja permite imagens dos santos, até estimula e encoraja, mas Ela não permite que haja no mesmo altar mais de uma imagem do mesmo santo, enquanto [que,] para Nossa Senhora Ela permite que haja no nicho central uma imagem de Nossa Senhora e em nichos colaterais etc., mais alguma outra imagem de Nossa Senhora.

Isto tudo para dar a entender que Nossa Senhora não tem termo de comparação nenhum, e introduzir este princípio teológico em mil realidades, do calendário, da liturgia, da vida de piedade, com um tacto e senso de proporções que indica bem o espírito sapiencial da Igreja Católica e o oceano de sabedoria que dentro da Igreja há.

* Por que o natal de Nossa Senhora?

Por que a Igreja festeja especialmente o Santo Natal de Nossa Senhora? Festeja, porque Nossa Senhora foi tão grande que a data que Ela entra no mundo marca uma nova era na história do Antigo Testamento, e nós podemos dizer que a história do Antigo Testamento se divide sobre este ponto de vista em duas partes: antes e depois de Nossa Senhora. Porque, se a história do Antigo Testamento é uma longa espera do Messias, esta espera tem dois aspectos: o momento em que a vinda do Messias não estava decretado — o momento exato não tinha chegado para a vinda do Messias; a Divina Providência estava, portanto, permitindo que esta espera se espichasse pelos séculos dos séculos, quatro mil anos, cinco mil anos, não se sabe quantos mil anos entre o pecado original e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, — e, depois, o momento abençoado em que a Providência resolve fazer nascer Aquela que conseguirá que o Messias venha.

E Nossa Senhora então… a vinda d’Ela ao mundo é a vinda da criatura perfeita, da criatura que encontra plena graça diante de Deus, da única criatura cujas orações têm o mérito suficiente para acabar com esta espera, e fazer que, afinal de contas os rogos de toda a humanidade, os sofrimentos de toda a humanidade, os padecimentos de todos os justos e fidelidade de todos aqueles que tinham sido fiéis, consiga aquilo que sem Nossa Senhora não se teria conseguido.

* Espera dos patriarcas, profetas e almas fiéis

Houve os Patriarcas, os Profetas, houve inúmeras almas fiéis do povo eleito, deverá ter havido uma ou outra alma fiel no meio da gentilidade; houve sofrimentos ao longo dos séculos, enormes, de espera do Messias. Nada disso foi suficiente para atrair a misericórdia divina e fazer chegar o momento da Redenção; mas, quando Deus quis, Ele fez nascer a criatura perfeita que haveria de conseguir isto.

E então a entrada desta criatura perfeita ao mundo dos vivos é o começo de sua trajetória entre os homens, o começo de sua trajetória, cuja trajetória que, durante todo o tempo, todo de oração, atraiu bênçãos, atraiu graças, produziu santificação, desde o primeiro momento que Ela entrou no mundo, já então todas as relações dos homens com Deus se modificaram, e começou então na porta do Céu, que estava trancada, como que a filtrar luzes e deixar filtrar esperanças que ela seria aberta pelo Salvador que deveria vir.

* Grandeza de Nossa Senhora

Isto tudo se deu desde o primeiro momento do nascimento de Nossa Senhora e, então, a história do Antigo Testamento passou por puramente material, mas para Nossa Senhora não era. A presença d’Ela era das mais contemplativas de todos os tempos, em relação à Qual nenhuma outra contemplativa nem tinha paralelo. E da maior fonte de bênçãos de todos os tempos, e de uma irradiação pessoal e de uma ação de presença que era o prenúncio da vinda de Nosso Senhor.

E então a entrada desta benção, a entrada desta graça, a entrada na história do mundo desta ação direta e pessoal, é incomparável pela festa do nascimento d’Ela. E por causa disso a natividade de Nossa Senhora é uma festa que nos deve ser caríssima, é uma festa que nos deve falar muito, pois é a festa do início daquilo que vai derrubar afinal de contas as muralhas da gentilidade, e do paganismo.

Nós poderíamos dizer que há alguma relação disto com a nossa situação?

Existe.

* Espera de Nossa Senhora, espera do Reino de Maria

Nossa Senhora ou as coisas de Nossa Senhora, muitas vezes operam uma repetição daquilo que então se passou. E nós podemos dizer também, que na época presente há como que uma nova interferência de Nossa Senhora na história do mundo, uma nova ação de Nossa Senhora, e esta ação é nas trevas do paganismo de hoje. O [fato] de Nossa Senhora suscitar um movimento, o [fato] de Nossa Senhora suscitar almas que já anseiam pelo Reino de Maria, almas que por vocação d’Ela e por missão d’Ela pedem o Reino de Maria, desejam o Reino de Maria, lutam para que o Reino de Maria venha. Estas almas são como que Nossa Senhora do Antigo Testamento. Ainda não veio a Luz, ainda não veio o Redentor, ainda não veio a Redenção, não veio a libertação, não veio a vitória; mas, algo que é prenúncio da vitória, algo que gerará a vitória já está presente, e isto começa a esparramar as suas graças, começa a determinar cólera, a determinar furores, determinar também movimentos entusiásticos de adesão. Isto é algo como que uma natividade, que se repete e que prepara o dia pleno do Reino de Maria.

* Desejo avassalador, dominante do Reino de Maria

Os senhores vêem, portanto, que é para nós cheio da maior significação este dia, e que, embora nós já estejamos a quarenta e cinco minutos além dele, ainda é grato a Nossa Senhora que oremos a Ela pedindo, pondo como fundamento na Sua Natividade, e assim como Ela veio a Terra e imediatamente começou a pedir o advento do Messias, e imediatamente começou a pedir que acabasse aquela ordem de coisas embargada pelo pecado, Ela nos dê um desejo ardente do Reino de Maria, um desejo avassalador pelo qual, em comparação com o qual todos os outros desejos de nossa vida se tornem insignificantes, sem expressão. Um desejo que nos leve inteiros, um desejo sapiencial, refletido, ponderado, sério, profundo, que não deixe em nossa alma apego a mais nada.

E que Ela nos ajude pela intercessão d’Ela, e pela proteção d’Ela, a todos os momentos, para que de fato nós sejamos os instrumentos d’Ela, para [a] precipitação da queda do reino de Satanás e para [o] advento do Reino d’Ela, que nós tanto desejamos.

Esta seria então a nossa oração na noite de hoje.

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