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Santo do Dia — 12/5/1966 — 5ª-feira

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Santo do Dia

São Bernardino

São Roberto Belarmino

São Roberto Belarmino: bispo, confessor e Doutor. Há dados aqui sobre ele tirados do Rohrbacher (“Vida dos Santos”) e do “Année Liturgique” de Dom Gueranger. A ficha fala especialmente sobre as obras de São Roberto Belarmino:

Desde se as origens da Igreja até nossos dias, jamais a Divina Providencia deixou de suscitar homens ilustríssimos pela ciência e santidade, pelos quais foram conservadas e interpretadas as verdade fé católica e refutados os ataques com os quais os heréticos ameaçavam estas mesmas verdades. Entre tais homens brilha São Roberto Belarmino, tão celebre pelo seu ensino e suas obras polêmicas, como pelo seu zelo pela reforma da Igreja e por suas virtudes. De fato, parece que o santo cardeal recebeu de Deus a tríplice vocação de ensinar os fiéis, de orientar a piedade das alma fervorosas e de confundir os heréticos protestantes de sua época, que era o século XVI, o século de plena efervescência do protestantismo. Foi grande como pregador, professor e polemista, tende recebido de Bento XV o título de Martelo da Heresia. Escreveu muito e sobre o valor de seus livros nada mais necessário do que transcrever o que dizia dele São Francisco de Sales, seu contemporâneo o amigo: Preguei em Chablet durante cinco anos sem outros livros que a Bíblia e as obras do grande Belaramino. Sua obra mais famosa são as controvérsias, compilações de aulas suas dadas no colégio romano. Nelas, recolhendo as testemunhas dos padres, dos concílios e do Direito da Igreja defende vitoriosamente os dogmas atacados pelos luteranos. Clara, equilibrada, enérgica, esta obra é tão magistral que muitas consideram nunca ter sido superada pelos século posteriores. Ao tempo de sua publicação, provocou tanta satisfação no campo católico, quanto cólera no campo adversário, onde o protestante Teodoro de [Baise ?] dizia, referendo-se a ela: eis o livro que nos perdeu. Sua leitura foi proibida na Inglaterra pela rainha Isabel, a quem não fosse doutor em teologia, sob pena de morte, tal o número de conversões que operava. Não se satisfazendo de convencer os hereges de seu erro, queria também prevenir os simples fiéis quanto á sua propagando e par esse fim compôs seu pequeno e notável Pequeno Catecismo, que fazia questão de ensinar ele mesmo ás crianças e ás pessoas simples, por mais importantes que pudessem ser suas ocupações. Além de outras numerosas publicações e de uma numerosissima correspondência, escreveu, no fim de sua vida, notas espirituais, fruto de suas meditações e de seus retiros, que forma cinco pequenos tratados ascéticos reveladores da beleza da alma de autor. Sua última produção foi simbolicamente a “Arte de Bem Morrer”. É preciso dar mais um dado e que é [empagante?] na vida dele: foi diretor espiritual de São Luís de Gonzaga. Isto só bastaria para encher a vida de um homem.

Que comentário fazer da vida desse santo? Vamos considerá-lo enquanto homem que luta contra as heresias: vamos que ele era uma pessoa chamada elogiosamente — porque houve tempo que isto na Igreja foi elogio — pelo papa Bento XV, o Martelo do Hereges, alcunha que a Igreja tem dado a alguns grandes santos que têm produzido contra a heresia danos muito particulares Como Martelo dos Hereges, ele escreveu uma porção de livros demonstrando a verdade e atacando duramente os hereges. Esses ataques duros aos hereges, converteram muitos hereges e o testemunho disso, primeiro é o de Teodoro de [Baise?], que era o protestante máximo que sucedeu o Calvino — dói o famoso protestante com quem São Francisco de Sales teve sua célebre discussão, e depois o pânico de rainha Isabel diante das obras dele, a tal ponto que quem não fosse doutor em teologia era morto se lesse um livro dele, tal o número de conversões que operava. Ele entendia que a gente não pode destruir heresia simplesmente ensinando a verdade, mas é preciso também atacar o erro. Além de propugnar o bem é preciso atacar o mal. E ele entendia que por essa forma se operava as conversões e, portanto, se trabalhava pela união da Igreja. Ele foi canonizado, portanto, agiu de acordo com as quatro virtudes cardeais: justiça, prudência, temperança e fortaleza. Ora, se esse método dele fosse errado, ele não teria sido justo, porque teria feito ataques inúteis; não teria sido prudente, porque teria adotado uma tática que chegava a um resultado oposto á tática que deveria seguir; não teria sido forte, porque não teria sabido dominar o seu desejo de atacar os adversários; ele não teria sido temperante, pela mesma razão. A vida dele, entretanto, é uma prova viva do principio de que se deve atacar o mal, de que se deve atacar o erro e não se deve atacar a verdade, ou melhor, de que não basta ensinar o bem e a verdade e de que isto é o eficiente. Quem quiser a união das igrejas, ou melhor, a conversão das igrejas à Igreja Católica, trabalhará de um modo sumamente eficaz se fizer a mesma coisa. Se houvesse em nossa época cem Roberto Belarmino, fazendo obras tão eficazes quanto a dele, poder-se-ia possivelmente converter a maior parte dos hereges.

Isto nos serve para nos defendermos do êrror tão freqüentemente espalhado, que não é ensinado pelo concílio, mas que dá um certo aroma na aplicação do concílio, de que toda polêmica e todo ataque ao adversário é prejudicial á união das igrejas; e de que toda obra de apostolado só consiste em elogiar e aplaudir e nunca em atacar, porque atacar é inútil até contraproducente porque afasta as pessoas. Isto se pode dizer de boca cheia porque está aqui um santo no altar e cuja vida ininterruptamente não foi somente isto.

Vejam agora os senhores a beleza dos contrastes harmônicos dentro da Igreja. Um tal campeão contra a heresia, um tal campeão de ortodoxia, ao mesmo tempo que grande lutador como era um burilador de almas delicadíssimo. A alma tão varonil, mas tão delicada de São Luís Gonzaga, como ele sabia burilar e como fez desse alma, difícil de compreender, uma verdadeira obra prima de santidade. Porque difícil de compreender: Porque tal era a virtude de São Luís de Gonzaga que naqueles tempos áureos da Campanha de Jesus, os biógrafos contam que alguns acham que a pureza dele era um détraqué, mas não era de um verdadeiro santo. Foi São Roberto Belarmino que, com um olhar de verdadeiro santo, soube ver até o fim o valor dessa alma, dirigiu-a de acordo com sua via própria, levou-a, portanto, até a honra dos altares, e que até depôs no processo de canonização de São Luís; de suas mãos, portanto, saiu essa obra prima que é a alma de São Luís Gonzaga.

Para aqueles que tiveram ocasião de fazer juntamente conosco algumas reflexões sobre o artigo que o General [Weigand?] escreveu sobre o Marechal Foch, a vida de são Roberto Belarmino é uma obra prima de serenidade abacial dentro do auge da luta. Cardeal, ocupadíssimo, entretanto ele sabe de tal maneira temperar o tempo, ou melhor, temperar o uso do tempo, sabia de tal maneira dispor bem de suas coisas, que encontrava tempo de coisa, tempo de lazer para pensar, e para escrever obras tão profundas que chegou a ser Doutor da Igreja. Os senhores estão vendo aí horas e horas de serenidade, de meditação e de estudo quanto rugia a batalha contra o protestantismo. Que linda ilustração do livro de Dom Chautard. A alma de todo apostolado, e que linda e sobrenatural ilustração que dos princípios que a General [Weigand?] expôs num campo apenas natural.