Santo
do Dia – 12/4/1966 – p.
Santo do Dia — 12/4/1966 — 3ª-feira
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Beato Angelo de Chivasso
[Beato Angelo de Chivasso – Continuação…]
… [faltam palavras] …retirou-se para o convento de… [falta palavra] …onde terminou sua longa vida, toda ela voltada para as coisas de Deus. Falecido em 1495, seu corpo foi preservado da corrupção. Descansa na Igreja dos observantes.
Essa vida, se os senhores se derem ao trabalho de a considerar em seu conjunto, verão que é uma verdadeira maravilha. Ela é uma maravilha por causa da pluralidade de aspectos, por causa da densidade da vida e por causa dos resultados extraordinários que ela apresentou nos vários aspectos. Os senhores vejam uma série de passos e cada passo coroado por um êxito. Em primeiro lugar ele se graduou em teologia na universidade de Bolonha, que era uma das maiores universidades do tempo. E imediatamente ele foi nomeado senador pelo duque de Montferrante. Quer dizer, ele era uma pessoa de estudos notáveis, tão bem sucedidos, que o duque de Montferrante o chama para senador.
Mas depois desse êxito, uma renúncia. Ele, chamado para a vida religiosa, aos trinta e três anos, ele corta a carreira, pisa sobre o êxito alcançado e entrou na Ordem dos Observantes de São Francisco. A Ordem, como os senhores acabam de ler, estava muito bem escolhida, porque é uma Ordem que estava intensamente perfumada pela presença de dois grandes santos. Com efeito, São João de Capistrano, que era o famoso santo batalhador, governava a Ordem; e pouco antes na Ordem ainda estava vivo São Bernardino de Siena. A Ordem estava, portanto, numa espécie de apogeu. E a entrada do bem-aventurado Angelo ia continuar essa sucessão de almas eleitas que ia manter muito alto a glória desse ramo franciscano.
Bem, ele entra e dedica-se logo de começo às direções espirituais. E mais uma vez um êxito: nas direções espirituais ele vai tão bem, se revela um diretor tão profundo, que escreve um livro chamado “Suma Angélica”, compilando os vários casos de direção espiritual. Para os senhores medirem bem o alcance desse fato, precisam tomar em consideração que naquele tempo não era como hoje. Hoje qualquer sujeito que tenha a simpatia de uma editora, imprime um livro. E depois a propaganda entrouxa o livro no público, de qualquer modo… [faltam palavras] …o público acaba lendo e comendo tudo quanto se lhe oferece.
Naquele tempo, não. A tipografia não existia ainda, eram aqueles livros grossos que se prendiam com correntes, e era preciso ter um certo preparo indiscutível e tido com notório, para que valesse a pena lançar um livro. Sem isso não saía. De maneira que era um êxito na carreira ou na situação de diretor espiritual, passar a tratadista de casos de moral. Mas quando ele chega a esse ponto, vem outra ordem interrompe a vida dele e o encaminha noutra direção. Ele é nomeado núncio, para anunciar por toda parte a guerra santa. O anunciar por toda parte a guerra santa era uma coisa muito diferente do dia de hoje.
Hoje o núncio apostólico está na sua nunciatura, trata com ministério, quase não tem contato com o público. É um diplomata. Naquele tempo, não. O núncio nessas condições era um pregador, ele deveria ir por toda parte falar ao público e acender o ardor das multidões para o ardor da guerra, ou melhor, para a idéia da guerra santa. Deveria também não só obter muitos guerreiros para a guerra santa, mas deveria obter muitas orações, conseguir que muita gente rezasse, muita gente se imolasse, muita gente se sacrificasse para esse efeito. E o plácido diretor de consciência-escritor se tornou de repente pregador de multidões e incitador de uma guerra santa. Aí, mais uma vez, êxitos extraordinários; realmente a guerra santa se deu, os mouros foram expulsos de Otranto, Maomé III morreu e por causa disso estão, com as orações e a atividade desse santo, foi salva a cristandade.
Bom, estavam as coisas nesse pé, quando ele recebe outra missão completamente diferente. Havia no fim da Idade Média uma heresia, chamado dos valdenses, porque tinha sido inaugurada por Pedro Valdo, que era uma heresia de substância protestante, pré-protestante. Essa heresia se estendeu muito por todos aqueles vales e montes mais ou menos do norte da Itália, do sul da França e do sul da Suíça. E ele então recebeu a incumbência de ser pregador ali. Grandes êxitos na pregação, embora ele já tivesse oitenta anos. Os senhores vêem, portanto, o que é uma vida bem preenchida. Bem, e afinal de contas vem outra sugestão: para ele interromper isso e vir a ser bispo. Essa sugestão ele recusou porque ele estava muito velho, ele queria se recolher para pensar só na sua vida espiritual. A essa altura então ele faleceu.
Agora, qual é o resultado? Olha-se para trás, e a gente vê o poder desse homem. Ele, afinal de contas, deixa atrás de si, em vários domínios, resultados dos mais eminentes para a vida da Igreja. Sendo que desses resultados, a extirpação de uma grande parte da heresia dos valdenses, de um lado, e de outro lado à derrota dos maometanos, fazem dele verdadeiramente uma figura histórica. Uma vida repleta, em que a personalidade dele se manifestou nos mais variados terrenos, em que ele prestou à Igreja serviços considerabilíssimos, ilustrando que ele era um homem de grande valor? Não tanto. Ilustrando que era uma alma muito unida a Deus; ilustrando que era uma pessoa muito santa; e que tinha aquela força indomável dos santos por onde os santos, protegidos pela graça de Deus, fazem tudo quanto é necessário para sua vocação. E que por causa disso tem uma força, tem uma capacidade de ação, tem, naquilo que se chamaria hoje na linguagem caricata de nossos dias, um dinamismo, que é uma coisa que deixa desconcertados as próprias pessoas mundanas humanas quando consideram a vida das pessoas assim. Como é que um homem consegue agir tanto? Como é que um homem consegue fazer tantas coisas? Quanta gente há que tem um entusiasmo falso pelas coisas dinâmicas e queria ser um individuo dinâmico. Se quer verdadeiramente ser dinâmico no sentido verdadeiro da palavra, tenha vida espiritual, peça o auxílio de Nossa Senhora, viva sobretudo para sua própria santificação, e todas as coisas lhe serão dadas de acréscimo. Ou quer dizer que todos os resultados de dinamismo serão dados de acréscimo.
Uma vez Clemenceau conversava com Dom Chautard, o famoso autor da “Alma de todo apostolado”, que é um livro que esteve nas mãos de tantos dos senhores, e de que tanto ouviram falar; então, Dom Chaurtard contava a Clemenceau, que era o grande político anticlerical francês, como a vida dele era cheia. A vida dele, Dom Chautard.
Então Clemenceau disse a ele:
— Mas como é que o senhor consegue fazer tanta coisa? Eu não consigo fazer tanta coisa quanto o senhor.
Diz ele:
— Senhor Ministro, se o senhor a todas as suas ocupações acrescentasse mais uma, teria tempo para tudo.
— Mas como assim?
— Reze um Rosário diário, faça mais isso e depois todo o resto dá tempo.
Isso é bem verdade, e é a lição que nos fica disso. Homem unido a Deus, deve ter empregado um mundo de tempo na oração, deve ter empregado um mundo de tempo no recolhimento e no pensamento. Quantas figuras rasas o achariam talvez um homem meio parado. Entretanto, ao morrer, que magnífico balanço, que soma de serviços maravilhosos, que ele levou para a eternidade. Isso é um incitamento para nós compreendermos que nós não devemos no apostolado querer ser dinâmicos à maneira dos homens do século. Mas nós devemos ser dinâmicos, segundo os que têm vida sobrenatural. E aquele que tem vida sobrenatural procura o reino de Deus e sua justiça antes de tudo, procura sua vida interior e sua santificação antes de tudo, e o resto lhe será dado de acréscimo. O resto [?] é essa estupenda ficha que eu acabei de ler para os senhores.