Santo
do dia (São Milas) – 6/4/1966 – 4ª feira
[IIA D 122] – p.
Santo do dia (São Milas) — 6/4/1966 — 4ª feira [IIA D 122]
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Salmo XVII, o salmo que se aplica ao mesmo tempo ao Rei Davi e a Nosso Senhor, mas por uma terceira interpretação também tem relação com a Bagarre * A conclusão que o salmo nos traz é que todo aquele que luta por uma causa justa tem o direito a todo o socorro de Deus * Uma promessa esplêndida, não porque tenha querido profetizar isso, mas porque a analogia das situações autoriza a aplicação * O que Davi diz no salmo, é o que o ultramontano deve dizer na sua posição de hoje
Vamos passar, então, ao Santo do Dia.
* Salmo XVII, o salmo que se aplica ao mesmo tempo ao Rei Davi e a Nosso Senhor, mas por uma terceira interpretação também tem relação com a Bagarre
A matéria do Santo do Dia é um salmo XVII, relacionado… Os senhores têm aí o salmo? Foi distribuído também aqui dentro? É um salmo profético que se relaciona com Nosso Senhor. O Profeta Davi, aqui, faz o papel… tudo quanto ele diz respeito às humilhações e à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo durante os dias da Semana Santa, e depois a glória de sua Ressurreição, são episódios pessoais da vida do Rei Davi, mas são episódios de um significado profético. Então, o que ele diz, ao mesmo tempo se aplica a ele, e ao mesmo tempo se aplica a Nosso Senhor.
Mas como os senhores verão depois, por uma terceira interpretação, também tem uma relação extraordinária com a Bagarre, e debaixo desse ponto de vista pode ser chamado o salmo da Bagarre.
Me parece mais simples primeiro ler relativamente a Nosso Senhor e ao Profeta Davi, e depois fazermos as relações com a Bagarre.
* A confiança em Deus de uma pessoa atribulada
Então o salmo é o seguinte:
3. Eu te amo, Senhor, fortaleza minha, Senhor, meu firme apoio, meu baluarte, meu libertador. Ó meu Deus, minha rocha de refúgio, meu escudo, força da minha salvação, meu asilo.
Os senhores estão vendo que é uma exclamação de confiança enorme em Deus, de uma pessoa muito atribulada.
Ele vê Deus sob a forma de uma fortaleza que o defende, de um apoio sobre o qual ele pode deitar o seu peso, de um baluarte contra o inimigo, de um libertador que vai salvá‑lo do perigo, uma rocha na qual alguém se refugia, um escudo de defesa contra alguém. É a força da salvação e um asilo.
Quer dizer, Deus é visto assim. E assim é que Davi via a Deus na aflição pela qual ele passou, que era a revolta do filho Absalão contra ele.
* Tal como Davi, também Nosso Senhor nos momentos de aflição extrema sabia que o Padre Eterno seria seu refúgio
E assim também Nosso Senhor pensava no Padre Eterno, nos momentos de aflição extrema no Horto das Oliveiras, em que Ele sabia também que o Padre Eterno seria o refúgio d’Ele, e que no fim, depois das maiores aflições, a vitória seria d’Ele.
Depois continua:
4. Invocarei o Senhor digno de louvor, e serei salvo dos meus inimigos.
5. Cercaram‑me as vagas da morte,…
Vejam como isso diz respeito a Nosso Senhor: cercaram‑me as vagas da morte, as ondas da morte.
… e torrentes devastadoras me aterrorizaram.
Isso aí é bem Nosso Senhor que está cercado com o medo da morte no Horto das Oliveiras. Torrentes devastadoras aterrorizaram a Ele.
6. Redes do inferno me envolveram;…
O inferno aqui não é o Inferno de Satanás, mas as regiões inferiores, as regiões dos mortos. Como se diz que Nosso Senhor desceu aos infernos, quer dizer, ao limbo.
Quer dizer, a morte, as sombras da morte O envolveram durante a sua agonia.
… surpreenderam‑me os laços da morte.
7. Na minha tribulação invoquei o Senhor e clamei a meu Deus; e Ele ouviu a minha voz desde o seu templo; o meu clamor penetrou nos seus ouvidos.
De fato, Nosso Senhor clamou a Deus: “Pai, se for possível, afaste‑se de mim esse cálice, mas faça‑se a vossa vontade e não a minha”. E a voz d’Ele subiu de tal maneira ao Céu, que veio um anjo especialmente para confortar a humanidade santíssima d’Ele. Mas sobretudo Ele foi atendido porque depois Ele foi glorificado, e depois de ter morrido Ele ressuscitou. De maneira que Deus foi, de fato, a defesa d’Ele.
* Símbolos magníficos dos mil modos da ira de Deus se desencadear
Agora, o que aconteceu, como foi que o Padre Eterno glorificou a Deus? Nosso Senhor morreu, então o que aconteceu? Foi sacudida a terra.
8. Foi sacudida e tremeu a terra; os fundamentos dos montes vacilaram, e abalaram‑se porque ardia em ira.
Era Deus que ardia em ira. Os senhores sabem que quando Nosso Senhor disse o consummatum est, o sol se obscureceu, a terra toda tremeu, o véu do templo se rasgou, as sepulturas onde os justos estavam se romperam e os cadáveres dos justos começaram a passear pela cidade de Jerusalém para recriminar a não sei bem quem pelo deicídio que tinha sido feito.
Agora os senhores vêem Deus então como que simbolizando, a cólera de Deus descrita magnificamente. Deus se irou, Deus ardia em ira e por isso a cólera d’Ele pôs em movimento o universo.
9. Subiu o fumo de suas narinas;..
Vejam que magnífica comparação: o Padre Eterno como um ancião de cujas narinas sai fogo de ódio pelo crime que foi cometido.
… e fogo devorador saiu de sua boca, carvões foram por ele acesos.
Os senhores estão vendo, da boca saíram carvões acesos. O ódio de Deus contra aqueles que tinham cometido o crime, os deicidas, etc.
10. Ele inclinou os céus e desceu;…
Quer dizer, como quem desce um toldo, quem desce uma escadaria.
… e uma nuvem escura estava sob seus pés.
Quer dizer, Deus vem visível, com uma nuvem debaixo de seus pés. Ele deixa o Céu e Ele vem à terra.
11. E subiu sobre um querubim e voou; e era levado sobre as asas do vento.
Os senhores vejam que coisa magnífica: Deus carregado pelas asas do vento, fazendo pairar a sua cólera sobre toda a terra, com o fogo saindo de sua boca e fumaça saindo de suas narinas.
12. Deus vestiu‑se de trevas como de um véu; como de um manto de água tenebrosa e densas nuvens.
13. Diante do resplendor de sua presença, inflamaram‑se carvões em brasa.
Os senhores estão vendo que é o Deus da verdade e da luz, [que] para castigar os homens se vestiu de trevas, para espalhar trevas por toda parte, para por esta forma castigar os homens pelos pecados que tinham cometido.
14. E o Senhor trovejou do céu, e o Altíssimo fez ouvir a sua voz.
15. Desferiu a sua seta, com sucessivos castigos vindos do céu,…
Os senhores vejam Deus como um arqueiro, jogando setas sobre os homens.
… e desbaratou muitos relâmpagos e aterrou.
16. E apareceram os fundos do mar, e ficaram a descoberto os fundamentos da terra, e as ameaças do Senhor ao sopro impetuoso de sua ira.
Não pode haver uma coisa mais bonita do que a cólera de Deus pondo o mar numa tal agitação, que até o fundo do mar aparecia aos olhos dos homens apavorados. Era a revolta das águas.
São símbolos magníficos das mil vozes da ira de Deus, ou melhor dos mil modos da ira de Deus se desencadear.
* Enquanto castiga os pecados, Deus faz ressuscitar Nosso Senhor
17. Ele estendeu do alto a sua mão, tomou‑me e tirou‑me das muitas águas.
Enquanto Deus por essa forma castiga os pecadores, Ele faz ressuscitar a Nosso Senhor.
17. Ele estendeu do alto a sua mão, tomou‑me e tirou‑me das muitas águas.
Estava náufrago debaixo das águas e Deus o tirou.
18. Livrou‑me do meu fortíssimo inimigo, e dos que me aborreciam, que eram mais poderosos do que eu.
19. Eles atacaram‑me no dia de minha aflição, mas o Senhor fez‑se meu protetor.
20. Retirou‑me para um lugar espaçoso, e salvou‑me porque me ama.
Os senhores estão vendo que tudo isso é uma previsão da Ressurreição de Nosso Senhor.
* A santidade ilibada e a obediência sem limites ao Padre Eterno foram a razão pela qual Nosso Senhor foi glorificado, depois dos adversários terem sido completamente arrasados
21. O Senhor me recompensou segundo a minha justiça,…
Aqui vem a glorificação depois da Ressurreição.
… e segundo a pureza das minhas mãos me retribuiu; 22. porque eu guardei os caminhos do Senhor, e não me afastei, pelo pecado, do meu Deus; 23. porque todos os seus mandamentos estão diante dos meus olhos, e não repele de mim os seus preceitos.
24. Antes fui íntegro em sua presença, e guardar‑me‑ei da culpa.
Aqui mais uma vez também Nosso Senhor.
A santidade ilibada de Nosso Senhor e sua obediência sem limites ao Padre Eterno foram a razão pela qual Ele foi glorificado, depois dos seus adversários terem sido completamente arrasados.
Então ele diz:
25. E o Senhor me retribui segundo minha justiça, e segundo a pureza das minhas mãos, que está presente aos seus olhos.
26. Com o homem piedoso, mostra‑te piedoso; com o reto, usas de retidão; 27. com o puro, mostra‑te puro; com o astuto, mostra‑te prudente.
28. Porque tu salvas o povo humilde, mas humilhas os olhos dos soberbos.
Quer dizer, aqui é o princípio geral: Deus age com cada um conforme as ações de cada um. E porque Nosso Senhor foi santíssimo nas suas ações, Ele foi glorificado.
Porque o povo, não sei mais bem o qual, porque não sei mais qual o povo deicida, o povo X foi deicida, então castigado de todos os modos, porque assim faz Deus.
* Magnífica imagem do verdadeiro combatente e lutador, porque sabe que Deus ama o bem e o recompensa, odeia o mal e o castiga, e auxilia o que luta por Ele
29. Porque tu, ó Senhor, fazes brilhar a minha lucerna;…
Minha lucerna é minha lanterna.
… tu, ó meu Deus, iluminas as minhas trevas.
30. Porque por ti acometo os esquadrões inimigos, e com meu Deus assalto a muralha.
Quer dizer, porque Deus é assim, então eu lutarei, diz Davi, sempre ao lado de Deus, porque Deus retribui.
31. Sem mácula é o caminho de Deus; a sua palavra é provada ao fogo; escudo para todos os que se acolhem a Ele.
32. Quem é Deus fora do Senhor? Ou que rocha fora de nosso Deus?
33. Ele é o Deus que me revestiu de força, e que fez meu caminho imaculado; 34. e que tornou os meus pés (velozes) como os dos veados; e me estabeleceu sobre as alturas. 35. Que adestrou as minhas mãos para a peleja, e meus braços para retesar o arco de bronze.
Aqui é uma magnífica imagem do varão católico. Verdadeiro combatente e lutador, porque sabe que Deus ama o bem e o recompensa, odeia o mal e o castiga, e auxilia o que luta por Ele, reveste o varão católico, reveste o ultramontano das armas sobrenaturais com que ele deve lutar. Então é um elogio do batalhador católico, do guerreiro católico.
* O cântico de todas as grandes vitórias dos fiéis a Deus
E continua:
36. E deste‑me o teu escudo salvador; e a tua direita me susteve e a tua solicitude me fez grande.
Quer dizer, Deus é meu escudo, a mão direita de Deus é o meu sustentáculo — a expressão do poder do homem é a mão direita — e a solicitude de Deus fez com que eu ficasse grande.
37. Tu abriste caminho largo aos meus passos; e não vacilaram os meus pés.
38. Perseguias os meus inimigos, alcançava‑os, e não regressavas sem os ter aniquilado.
39. Eu lhes quebrei as forças e não poderão levantar‑se; e cairão debaixo dos meus pés.
É a luta do contra‑revolucionário obstinadamente fiel.
Os heróis da Reconquista espanhola poderiam ter dito isso. Deus os ajudou ponto por ponto, e de minúsculos que eles eram, eles foram crescendo, crescendo, e expulsaram os mouros da Península Ibérica.
Quer dizer, todo aquele que luta com fidelidade a Nosso Senhor e a Nossa Senhora, pode apropriar‑se dessas palavras, porque para ele virá essas forças, para ele virá esses auxílios, e ele não será derrotado. E não será derrotado porque Cristo não foi derrotado, porque Davi não foi derrotado, porque Deus não permite afinal a derrota daqueles que lutam com fidelidade por Ele. Isso é o que está dito aqui.
E continua:
40. E tu me revestiste de força para o combate, e abateste debaixo de mim os meus adversários. 41. E puseste em fuga meus inimigos, e aniquilastes os que me aborreciam.
É ou não é verdade, por exemplo, que Isabel a Católica, no dia da queda de Granada, podia ter dito isso? Perfeitamente. Godofredo de Bouillon diante de Jerusalém poderia ter dito isso. O papa, quando Constantino derrubou o paganismo, poderia ter dito isso. É o cântico de todas as grandes vitórias dos fiéis a Nosso Senhor e a Nossa Senhora.
42. Gritaram: não havia quem os salvasse;…
Realmente esses todos foram derrotados.
… (clamaram) ao Senhor e não os ouviu.
43. Eu os dissipei, como pó que o vento espalha;…
O que foi feito de Juliano o Apóstata?
… eu os calquei como lama nas praças.
O que foi feito com Ario?
* Censura ao povo judaico que, por não O obedecerem, foram trocados pelos gentios
44. Livraste‑me das contendas do povo; e estabeleceste‑me chefe das nações.
45. Um povo, que eu não conhecia, me obedeceu e me serviu logo que me viu. 46. Os estrangeiros me lisonjearem, os estrangeiros empalideceram, saíram tremendo das suas fortalezas.
Aqui é uma censura magnífica ao povo judaico. O povo que Ele conhecia não obedeceu a Ele. Mas depois os gentios vieram e obedeceram a Ele.
“Um povo, que eu não conhecia, me obedeceu e me serviu logo que me viu”, não é isso?
Outros estrangeiros que não obedeceram, ficaram apavorados. É a vitória do Cristianismo, a Idade Média, o triunfo da Civilização Cristã, é o desbarato dos hereges, é a era de São Luís, de São Tomás de Aquino que nós podemos ver aqui.
47. Viva o Senhor, e seja bendita minha rocha! Seja exaltado Deus meu Salvador!
48. Deus me concedeu tirar vingança e me submete os povos;…
Que magnífica expressão essa! Deus que concedeu tirar vingança. Como isso arranha a heresia branca, mole, abobada, covarde.
… tu que me livraste dos meus inimigos, me exaltaste sobre os que me resistiam, 49. arrancaste‑me do homem violento.
50. Por isso eu, Senhor, te louvarei entre as nações, e cantarei um salmo a teu nome, 51. tu que concedestes grandes vitórias a teu rei, e que usaste de misericórdia com teu ungido, com Davi e sua posteridade para sempre.
É o encerramento cantando a misericórdia de Deus.
* A conclusão que o salmo nos traz é que todo aquele que luta por uma causa justa tem o direito a todo o socorro de Deus
Bem, o que está no fundo isso aqui é, portanto, o seguinte pensamento — eu repito rapidamente:
1) o homem aflito, desde que ele é aflito por uma causa justa, deve orar a Deus; e a este que é aflito por uma causa justa, Deus protege;
2) De fato, isso aconteceu com essa pessoa aqui, que é o rei Davi, aconteceu com Nosso Senhor, de que Davi era uma figura; e aconteceu porque em relação ao próprio Cristo, Deus aplicou esse modo de proceder;
3) uma conclusão: todo homem, Davi ou seja quem for, que luta por uma causa justa — que luta pela causa de Deus, porque afinal de contas justa é só a causa de Deus ou as causas que têm conexão com a causa de Deus — tem o direito a toda espécie de socorro, torna‑se fortíssimo, desbarata os adversários. Não talvez ele na sua vida terrena, mas a corrente, o grupo, a força que ele representa, essa vencerá. É uma questão de fidelidade.
Aquele que é inteiramente fiel, aquele vence mesmo. E quando nós observamos derrotas a longo prazo, derrotas numa longa escala histórica, nós observamos derrotas da verdadeira causa, a gente pode estudar: é porque houve infidelidade. Porque não havendo infidelidade, Nossa Senhora ajuda mesmo.
* Uma promessa esplêndida, não porque tenha querido profetizar isso, mas porque a analogia das situações autoriza a aplicação
Então os senhores agora podem retraçar isso, pôr essa situação toda na boca de um ultramontano durante a Bagarre, um ultramontano nos dias de hoje.
O ultramontano é o pisado, o ultramontano é humilhado, é o escarnecido.
O Átila ainda há pouco falava, na Pça. de Portugal, enquanto se vendiam os Bukos e os Diálogos, as pessoas que passavam buzinando de ódio.
Todo mundo se acha no direito de odiar o ultramontano. Ele é hostilizado e perseguido até pelos seus íntimos. Eu diria que ele é perseguido especialmente pelos seus íntimos. Essa perseguição é tal, que os próximos nossos que tolerariam em nós vícios, não toleram em nós a virtude.
Quer dizer, nós somos os pisados, nós somos os perseguidos, nós somos os aflitos. Mas nós que somos os aflitos, por que lutamos pela boa causa, podemos nos apropriar de tudo quanto está dito aqui. E o terror de Deus que está descrito aqui é uma imagem da Bagarre que virá.
Tais os pecados que estão sendo cometidos, tais os crimes que estão havendo na terra, chegaram a um tal auge, aqui alto eu não quero mencionar, mas os senhores sabem qual é, um auge tão grande que pior do que ele só o deicídio, a um tal auge chegaram, que chegou também a hora de Deus descer.
Os senhores agora se apropriem de tudo isso, coloquem como falando de Deus o que se diz aqui de Deus, de Nossa Senhora, que é para nós a longa manus de Deus, releiam, e os senhores compreenderão então que toda a doutrina da Bagarre sai com harmonia de tudo isso. E como então há uma promessa esplêndida para nós nesse salmo.
Não que o salmo tenha querido profetizar isso. Mas que a analogia das situações autoriza a aplicação.
* O que Davi diz no salmo, é o que o ultramontano deve dizer na sua posição de hoje
Os senhores releiam isso. É isso ou não é o que o ultramontano deve dizer na sua posição de hoje: “Eu vou amo, Senhora, fortaleza minha, Senhora, meu firme apoio, meu baluarte, libertadora, minha Mãe, rocha de refúgio, meu escudo, força da minha salvação, meu asilo”?
É ou não é verdade que Nossa Senhora é tudo isso para nós e que sem Ela nós nem estaríamos reunidos aqui, não haveria nada aqui, isso aqui seria um deserto?
É evidente, tudo vem d’Ela. Se isso aqui está de pé, é porque Ela mil vezes tem sido para nós tudo isso.
Agora vem então a deliberação: eu, ultramontano, invocarei a Senhora digna de louvor e serei salvo dos meus inimigos. Quem reza para Ela, é salvo de seus inimigos.
É ou não é verdade que para nós cercaram as vagas da morte, torrentes devastadoras nos aterrorizaram, as redes do inferno nos envolvem, laços de morte nos surpreendem, na nossa tribulação nós invocamos a Nossa Senhora e clamamos a Ela, e Ela ouviu nossa voz do alto do céu e nosso clamor penetrou seus ouvidos?
Os senhores dirão: “Dr. Plinio, não há um exagero nisso? Nós não estamos por essa forma perseguidos de morte”.
Eu digo: nós estamos perseguidos de pecado, que é mil vezes pior do que a morte. Tentações de toda ordem, provações de toda ordem nos cercam a todos os momentos, e é essa situação a dificuldade de nossa perseverança. Descreve‑se nesses termos. E por isso esse salmo adequadamente é nosso.
E continua.
* O que se está passando na Igreja não é já o castigo de Deus?
Em determinado momento virá a Bagarre. Então foi sacudida e tremeu a terra, os fundamentos dos montes vacilaram e abalaram‑se… Isso que foi sacudido e tremeu, que vai ser sacudido e tremer, é a terra. Mas com que dor nós devemos dizer: já algo foi sacudido sem ser derrubado, e tremeu tremendamente sem ser trincado.
É a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja está assim, está sacudida e trêmula. É bem o estado atual dela. É o começo da Bagarre que já começou na Igreja, que depois vai para a ordem política e social e depois se generalizará até o cosmos. E essas coisas se dizem da Igreja, se dizem da ordem política e se dizem depois do universo material. São os sucessivos tremores e os sucessivos castigos.
9. Subiu o fumo de suas narinas; e fogo devorador saiu de sua boca, carvões foram por ele acesos.
Eu pergunto: o que está se passando na Igreja não é castigo de Deus? não é fumo de ódio que sai das narinas de Deus? não é fogo que sai de sua boca?
Tanta tristeza na ordem eclesiástica, por exemplo. Não é um castigo para o clero e para o povo inteiro pela moleza e pela condescendência diante da Revolução? E esse castigo depois não vai passar para as outras ordens? Quem pode duvidar disso? Se Deus castigou aquilo que Ele mais ama, que é sua Igreja, como é que podemos duvidar que Ele castigará aquilo que Ele ama menos, e que é a ordem temporal ou é simplesmente o cosmos material?
* Em determinado momento veremos Deus descer sobre o mundo sob a forma de mil castigos
Ele continua:
10. Ele inclinou os céus e desceu; e uma nuvem escura estava sob seus pés.
Isso até parece lembrar Jesus Cristo quando virá no fim do mundo em grande pompa e majestade, incutindo terror por toda parte. Também em determinado momento nós vamos ver Deus descer sobre o mundo sob a forma de mil castigos.
Aqui é que está descrita então a Bagarre. É o ódio de Deus, a cólera justiceira de Deus desabando sobre o mundo.
11. E subiu sobre um querubim e voou;…
É um querubim de extermínio.
Dizer que Deus subiu sobre um querubim quer dizer que a capacidade de extermínio de Deus foi confiada a um querubim e esse querubim vai devastando tudo quanto ele encontra.
… e era levado sobre as asas do vento.
A justiça de Deus era levada sobre as asas do vento.
12. Deus vestiu‑se de trevas como de um véu; como de um manto de água tenebrosa e densas nuvens.
Aqui parece ser o querubim que se vestiu e não Deus, como eu disse há pouco.
13. Diante do resplendor de sua presença, inflamaram‑se carvões em brasa.
É o extermínio que percorre a terra inteira e que já agora está percorrendo a ordem espiritual. Quantos extermínios feitos por toda parte por causa de tantos escândalos!
14. E o Senhor trovejou do céu,…
Assim será a Bagarre.
… e o Altíssimo fez ouvir a sua voz.
15. Desferiu a sua seta, com sucessivos castigos vindos do céu,…
Tremores, epidemias, guerras, confusão geral. Segundo uma revelação particular, até no interior das casas as pessoas se assassinarão umas às outras.
… e desbaratou muitos relâmpagos e aterrou.
O relâmpago é outra expressão da cólera e do castigo de Deus.
16. E apareceram os fundos do mar,…
Isso indica uma convulsão que atinge o que há de mais profundo. Uma convulsão tal, que não há mais o que convulsionar. Um maremoto tal, que até o fundo do mar aparece. Quer dizer, tudo vai ser convulsionado até o último ponto e até o fim.
… e ficaram a descoberto os fundamentos da terra,…
É a mesma coisa.
… e as ameaças do Senhor ao sopro impetuoso de sua ira.
A ira de Deus com um sopro varrendo a terra inteira.
* Temos diante de nós um futuro de luta, e o que nos compete é pedir a Nosso Senhor coragem para atacar os esquadrões inimigos e assaltar as muralhas dos adversários
Agora um ultramontano durante a Bagarre, se o ultramontano for fiel. Não basta dizer ultramontano, é preciso ser fiel.
17. Estendeu do alto a sua mão, tomou‑me e tirou‑me das muitas águas.
18. Livrou‑me do meu fortíssimo inimigo,…
Os nossos inimigos vão cair aos pedaços nessa ocasião.
… e dos que me aborreciam, que eram mais poderosos do que eu.
Tudo quanto é gente assim vai ser atirada, para onde os senhores podem imaginar.
19. Eles atacaram‑me no dia de minha aflição, mas o Senhor fez‑se meu protetor.
20. Retirou‑me para um lugar espaçoso, e salvou‑me porque me ama.
Quer dizer, essa é a assistência que vão ter os que lutarem por Ele durante a Bagarre.
Durante a Bagarre vai ser preciso guerrear. A Bagarre não é um quarto escuro, confortável, onde a gente ouve: “Ihm! agora é a vez de Fulano. Agora é Sicrano que chegou. Agora lá vai Beltrano”. Não, é uma hora de luta!
Agora, a vitória dos ultramontanos no Reino de Maria.
21. O Senhor me recompensou segundo a minha justiça, e segundo a pureza das minhas mãos me retribuiu;…
Qual é a pureza de nossas mãos? É a pureza de nossa vida, a pureza de nossas obras.
22. porque eu guardei os caminhos do Senhor, e não me afastei, pelo pecado, do meu Deus;…
Os senhores estão vendo o que é; o ultramontano exatamente o que quer fazer é isso.
23. porque todos os seus mandamentos estão diante dos meus olhos,…
Esse é o ultramontano, ao contrário do progressista que faz chicana.
… e não repele de mim os seus preceitos.
24. Antes fui íntegro em sua presença, e guardar‑me‑ei da culpa.
Eles nos acusam de integristas. Nós realmente somos íntegros na presença de Deus.
25. E o Senhor me retribui segundo minha justiça, e segundo a pureza das minhas mãos, que está presente aos seus olhos.
26. Com o homem piedoso, mostra‑te piedoso; com o reto, usas de retidão; 27. com o puro, mostra‑te puro; com o astuto, mostra‑te prudente.
Quer dizer, com o velhaco, naturalmente com cuidado. Com os outros Ela ama.
28. Porque tu salvas o povo humilde, mas humilhas os olhos dos soberbos.
O povo humilde é aquele que pôs Deus acima de tudo, que põe a causa católica acima de tudo, que quer o Reino de Deus e o Reino de Maria.
Essa é a primeira de todas as humildades, a grande humildade fundamental. A grande soberba fundamental é não querer isso.
Os senhores compreendem então quais são os humildes que vencerão, quais são os orgulhosos que vão ser derrotados.
29. Porque tu, ó Senhor, fazes brilhar a minha lucerna;…
Quer dizer, faz brilhar a luz que o Grupo representa.
… tu, ó meu Deus, iluminas as minhas trevas.
30. Porque por ti acometo os esquadrões inimigos, e com meu Deus assalto a muralha.
Então nós temos diante de nós um futuro de luta, e o que nos compete é isso: é pedir a Ela coragem para atacar os esquadrões inimigos e assaltar as muralhas dos adversários.
* Um caminho sem mancha, foi o que Nossa Senhora nos deu
31. Sem mácula é o caminho de Deus; a sua palavra é provada ao fogo; escudo para todos os que se acolhem a Ele.
32. Quem é Deus fora do Senhor? Ou que rocha fora de nosso Deus?
Deus ou Nossa Senhora, que é a longa manus de Deus, me revestiu de força e fez que meu caminho fosse imaculado. É bem o ultramontano que tem um caminho imaculado e uma via forte.
Uma vez eu fui convidado por uma casa religiosa, para ser paraninfo…
(…)
… mandaram dizer isso que é o maior dos elogios para o Grupo.
Era o ano do Centenário da Imaculada Conceição. Então tomaram como lemas o seguinte: “Tu me destes uma via imaculada que se diz da Imaculada Conceição”. É tirada da Escritura. E mandaram dizer que era a expressão da obra do Grupo, que ao Grupo Nossa Senhora tinha dado um caminho sem mancha.
Ultramontanismo: um caminho sem mancha. Isso foi que Ela nos deu.
Vamos pedir que sejamos dignos disso, que é uma coisa muito diferente.
… 34. e que tornou os meus pés (velozes) como os dos veados;…
Evidentemente no ataque e não na fuga.
… e me estabeleceu sobre as alturas.
O que são essas alturas?
São as alturas do mais alto pensamento, da sabedoria, do pensamento metafísico, lógico, da ortodoxia ilibada. Essas são as alturas, o espírito sobrenatural. Assim deve ser o ultramontano.
35. Que adestrou as minhas mãos para a peleja, e meus braços para retesar o arco de bronze.
O que são essas mãos para a peleja? É claro… a alma.
A nós nos deu uma alma combativa, pronta para a luta, porque assim deve ser o ultramontano. Então, é o retrato de tudo quanto Nossa Senhora nos dá para nós sermos lutadores, para nós sermos guerreiros.
* Depois da luta material, a luta da desconfiança contínua, constante, intransigente, meticulosa, omnímoda, exacerbada e, na aparência, exagerada
Depois continua:
36. E deste‑me o teu escudo salvador; e a tua direita me susteve e a tua solicitude me fez grande.
Se a direita de Nossa Senhora não nos tivesse sustentado, onde é que estávamos? Se não fosse pela solicitude d’Ela para conosco, o que é que nós teríamos? O que há de grande, não em nossas pessoas, mas no Grupo?
37. Tu abriste caminho largo aos meus passos; e não vacilaram os meus pés.
Qual é esse caminho largo?
É uma larga vocação, é uma enorme missão que foi aberta para nossos passos. E d’Ela vem que nossos pés não vacilaram. Nós andamos pelo caminho com coragem.
38. Perseguias os meus inimigos, alcançava‑os, e não regressavas sem os ter aniquilado.
É bem o nosso espírito. Entrar na luta e não descansar a não ser no Reino de Maria. Continuar a luta de todo lado, e depois no Reino de Maria … [inaudível]… descansar. Nem sequer é uma pausa, mas mudança de combate. Porque enquanto nós, antes do Reino de Maria, lutamos para acabar com o inimigo, logo que o inimigo tiver caído, nós voltamos os olhos para o resto dele, para ver onde estão e exterminar.
E depois de termos exterminado, ficarmos certos que não acabou tudo. Porque não acaba. E começar a olhar por toda a vastidão da terra para pegar o menor sintoma e esmagar mais uma vez.
Quer dizer, depois da luta material, começar a luta da desconfiança; da desconfiança contínua, constante, intransigente, meticulosa, omnímoda, exacerbada, na aparência, exagerada.
(…)
Acabar a luta é só no céu.
* E todo o mal, hoje tão poderoso, depois da Bagarre estará derrotado
39. Eu lhes quebrei as forças e não poderão levantar‑se; e cairão debaixo dos meus pés.
É o finzinho da Bagarre. O inimigo terá as forças quebradas, não poderá mais levantar‑se e cairá aos pés dos verdadeiros filhos de Nossa Senhora, que seremos nós e outros, mas pelo favor d’Ela nós estaremos entre eles.
40. E tu me revestiste de força para o combate, e abateste debaixo de mim os meus adversários. 41. E puseste em fuga meus inimigos, e aniquilastes os que me aborreciam.
Nós diremos tudo isso quando a Bagarre tiver terminado. Quando nós virmos o mundo com muito menos habitantes e procurarmos Fulano, não está mais; Sicrano, ele não é; Beltrano, que era tão horroroso, sumiu; e a fassurada toda que se volatilizou, então nós poderemos dizer isso.
Está a natureza renovada. Quando a Bagarre terminar, a natureza estará renovada. Haverá uma atmosfera de primavera em tudo. Os homens estarão desenleados dessa força infernal da Revolução. E haverá condições parecidas com a noite de Natal, ou com a aurora, a primeira aurora do Menino Jesus. Haverá uma coisa assim desse gênero.
E todo o mal, hoje tão poderoso, estará derrotado.
42. Gritaram: não havia quem os salvasse;…
Durante a Bagarre, quantos uivos nós vamos ouvir.
… (clamaram) ao Senhor e não os ouviu.
Ouviu‑nos a nós, não a eles.
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