Santo
do Dia (Rua Pará) – 19/3/1966 – Sábado [SD
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Santo do Dia (Rua Pará) — 19/3/1966 — Sábado [SD 164]
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Deus foi magnificente ao escolher o esposo da Virgem-Mãe, dando congruência recíproca à Sagrada Família * Ele tinha direito de esposo sobre Maria e de pai sobre Jesus e a intimidade entre eles é inimaginável * Ele esteve à altura de Maria e é o modelo da devoção mariana e da alma contemplativa
São José é confessor e patrono da Igreja universal e protetor da Ordem do Carmo. A respeito dele se aplicam essas palavras do Eclesiastes: “Ele foi amado por Deus e pelos homens; que sua memória seja bendita. Deus igualou sua glória à dos santos e o tornou grande, fazendo-o o terror dos inimigos, e por suas palavras operou prodígios. Glorificou-o aos olhos dos reis, e ele deu suas ordens para seu povo e mostrou ao povo a sua glória. Por causa de sua fé e de sua doçura, o fez santo, e escolheu-o em meio de toda carne. Porque ele ouviu sua voz, fê-lo entrar na nuvem e deu-lhe face a face seus preceitos, lei de vida e de ciência”.
Essas palavras são aplicadas pela Igreja a São José. Elas dizem respeito também a José do Egito, que foi uma pré-figura de São José. E assim como José do Egito foi protetor de todo o povo de Israel, e assim como o povo de Israel era uma pré-figura da Igreja Católica, assim também São José foi nomeado padroeiro de toda a Igreja.
* Deus foi magnificente ao escolher o esposo da Virgem-Mãe, dando congruência recíproca à Sagrada Família
Eu acho que todas as grandes palavras sobre São José, todas gloriosas e boas, não podem dizer tanto quanto a simples afirmação de que ele foi esposo de Nossa Senhora.
Compreendemos que a Divina Providência escolheu para ser mãe do Verbo Encarnado a uma mulher que tinha para isto todas as qualidades. O Verbo Encarnado era tal que era preciso que as qualidades dessa mulher, dessa virgem, fossem qualidades insondáveis. Por isto, todos os atributos de Nossa Senhora — e Ela os tem todos — são atributos insondáveis. Quer dizer, ninguém pode ter uma idéia de até onde vão tais atributos; eles excedem a toda capacidade de intelecção do homem.
Agora, pergunto: se Deus foi tão magnificente no criar, no modelar, no predestinar e cumular em graças a Mãe do Verbo Encarnado, Ele seria menos magnificente no escolher o homem que deveria ser o esposo dessa Virgem e dessa Mãe?
Evidentemente não. Porque a mesma razão que levava a haver uma congruência entre Nossa Senhora e o Menino Jesus, tinha que haver uma congruência entre São José e Nossa Senhora. São José é o esposo de Nossa Senhora, e se bem que, segundo a natureza, ele não tenha sido o pai do Menino Jesus, entretanto juridicamente ele o foi, não pai apenas por uma ficção, mas por um verdadeiro direito jurídico.
* Ele tinha direito de esposo sobre Maria e de pai sobre Jesus e a intimidade entre eles é inimaginável
Isto se compreende por dois lados.
Em primeiro lugar, Nossa Senhora era esposa de São José, e embora não fosse pai de Nosso Senhor, tinha sobre Nossa Senhora todos os direitos do esposo, e tinha, portanto, todos os direitos ao fruto das entranhas virginais e sacratíssimas d’Ela, de tal maneira que tinha verdadeiro direito sobre o Menino Jesus.
Por outro lado, foi escolhido para ser aquele que dava o nome ao Menino Jesus. Tinha, portanto, um direito de pai sobre o Menino Jesus e, aos olhos da lei judaica, era verdadeiramente o pai, embora nada tivesse de pai segundo a carne. Mas isto lhe dava uma tutela efetiva sobre o menino. E esta tutela era tal que fazia com que ele tivesse uma relação de parentesco com o Menino Jesus, além, aliás, de ele ser primo do Menino, pois ele e Nossa Senhora eram da Casa de David. Essas razões davam à Providência, em sua sabedoria, os motivos de adornar São José com dotes altíssimos.
Vejam agora o seguinte:
Dizemos que Nossa Senhora apareceu às crianças de Fátima, e ficamos admirados porque Ela conversou alguns minutos com eles. Admitimos então que almas que viram um pouco Nossa Senhora são almas cheias de dotes e dons, e elevadas à alta santidade. O mesmo refletiríamos a respeito de Santa Bernadette Soubirous. O que deveríamos dizer do homem que teve uma tal intimidade com Nossa Senhora? Que teve uma verdadeira autoridade sobre Nossa Senhora? Que teve uma verdadeira autoridade e uma grande intimidade com o Menino Jesus?
* Ele esteve à altura de Maria e é o modelo da devoção mariana e da alma contemplativa
Para imaginarmos bem o que foi São José, precisamos pensar num homem que estivesse à altura de ser esposo de Nossa Senhora. Devemos imaginar um homem que estivesse à altura de ser o pai suposto, mas com direitos jurídicos, do Menino Jesus. E isto é quase inimaginável. Tomando a idéia que fazemos de Nossa Senhora e procurando fazer uma versão masculina de Nossa Senhora, então temos a idéia de quem foi São José. Então compreendemos como ele era parecido com o Menino Jesus, porque, como alma, os dois — São José e o Menino — eram parecidíssimos com Nossa Senhora. Aí compreendemos como havia semelhança entre eles, e compreendemos a glória insondável de São José.
Devemos acrescentar a isto que São José é o padroeiro do devoto mariano. Com efeito, ninguém representa melhor a devoção a Nossa Senhora do que aquele que foi seu esposo. Por isso Nossa Senhora não pode ter deixado de ensinar a ele a forma de devoção a Ela, que era a devoção de São Luís Grignion de Montfort. Ele não conheceu essa devoção por parte de um homem quase angélico, como foi São Luís de Montfort, nascido séculos depois, mas conheceu ensinada e manifestada pela própria Nossa Senhora.
Podem imaginar então o que era a vida de São José, contemplando continuamente Nossa Senhora e o Menino Jesus se moverem, andarem, falarem, agirem. Nessa contemplação, percebendo lições excelsas de sabedoria, nos gestos mais simples. Nessa contemplação contínua, ele, que tinha uma alma maravilhosamente apta para isto, ia recebendo graças extraordinárias, modelando-se continuamente segundo isto.
Então compreendemos bem como São José é o modelo da alma contemplativa e é o modelo daqueles que querem viver mais pensando do que agindo, embora consagre tanto e tanto de sua vida à ação.
Aqui está São José, o perfeito devoto de Nossa Senhora. São José, o modelo da alma interior, para a qual elevar-se ao mais alto das coisas, para a qual fazer uma oração contínua, isto é, considerando tudo aos olhos de Deus, era verdadeiramente a grande alegria da vida. São José, modelo de sabedoria; São José, modelo de força; São José, modelo de pureza. E compreendemos bem quem foi ele.
Devemos nos preparar para esta festa na consideração disso, e pedir a São José que ele tenha pena de nós, e que nos dê em abundância todas as grapas que nele foram tão extraordinárias.
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