Santo
do Dia – 12/3/66 – Sábado .
Santo do Dia — 12/3/66 — Sábado
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Comentário do “Veni Sancte Spiritus” * O bom espírito não é algo que se adquire com a mera inteligência, é preciso pedi-lo * Temos de pedir que o Espírito Santo venha a nós com uma intensidade cada vez maior * Não devemos esperar de nós, mas da graça de Deus, o progresso na vida espiritual * A oração “Veni Sancte Spiritus” contém a súplica do contra-revolucionário * Devemos pedir ao Espírito Santo, por meio de Nossa Senhora, o sabor das coisas que nos falam do Céu
Não havendo hoje Santo do Dia, comentaremos o Veni Sancte Spiritus…
De fato, ele é muito mais longo do que o texto de que tratamos aqui. Aqui há apenas um resumo. O texto do Veni Sancte Spiritus, em Português, é o seguinte:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e neles acendei o fogo de vosso amor, Vós, que através da diversidade de todas as Línguas, unistes todos os povos na unidade da Fé.
Antífona — Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado. E renovareis a face da terra.
Oração — Deus, que pela ilustração do Espírito Santo ensinastes os corações dos fiéis, concedei-nos se saborear no mesmo Espírito as coisas retas e gozar sempre de sua consolação. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor, assim seja.
* O bom espírito não é algo que se adquire com a mera inteligência, é preciso pedi-lo
Qual a doutrina que há aqui?
Em primeiro lugar, aquilo que chamamos o bom espírito, o espírito reto, o espírito católico, o senso católico, isto é um dom de Deus. Não é uma coisa que o homem encontre com o mero exercício de sua inteligência, mas é algo que sua inteligência encontra movida e vivificada por um dom interno de Deus, que procede do Divino Espírito Santo. Razão pela qual essas coisas os homens pedem a Deus e pedem pela oração, com muita insistência, com muito empenho, com muita humildade, persuadidos que se não for por um dom celeste, não conseguirão isto.
O espírito católico e toda forma de bom movimento da alma em ordem à virtude sobrenatural, isto nos vem de Deus e nos vem da graça, e essa graça é preciso pedi-la. E não podemos ter a presunção de que o mero exercício de nossa inteligência é suficiente para chegar a esses resultados. Então, pedimos: “Vinde, Espírito Santo”.
* Temos de pedir que o Espírito Santo venha a nós com uma intensidade cada vez maior
A idéia que está aqui colocada é de que a alma é o templo do Espírito Santo. A alma batizada é um templo onde está permanentemente o Espírito Santo.
Temos de pedir que o Divino Espírito Santo venha a nós com uma intensidade cada vez maior, com uma plenitude cada vez maior, habitar dentro de nossa alma.
E é pela habitação do Espírito Santo que nosso espírito se torna então capaz dos grandes pensamentos, das grandes volições, das grandes generosidades, das grandes percepções, das grandes resoluções, que sem vir o Espírito Santo é absolutamente inútil quando se trata da ordem da santificação e da Fé.
E vem também a idéia de que os corações dos homens podem ser enchidos pelo Espírito Santo. Quando o Anjo disse a Nossa Senhora que Ela era cheia de graça, equivalia a dizer que Ela era cheia do Espírito Santo. Era um vaso de eleição que transbordava do Espírito Santo.
A alma de todo Santo transborda do Espírito Santo. Ele enche completamente essas almas. Isto, quer dizer, que nelas, pela ação d’Ele, acaba não havendo a não ser Ele.
* Não devemos esperar de nós, mas da graça de Deus, o progresso na vida espiritual
Em segundo lugar, que toda a possibilidade das faculdades da alma é plenamente penetrada, com toda a intensidade de que a alma é capaz, pelo Divino Espírito Santo. Então, há um dom excelente para pedir aqui: “Enchei os corações de vossos fiéis”.
Vem outro pedido: “E neles acendei o fogo de vosso amor”.
Mais uma vez é a mesma idéia que se repete. O fogo do amor de Deus, o amor das coisas sobrenaturais, a apetência para a doutrina, a apetência para a virtude, para a generosidade, para a luta, para a contemplação, todas essas apetências é o Divino Espírito que acende em nós. Ele é que é a chama que acende esse pavio que somos nós.
Se queremos progredir, devemos pedir ao Divino Espírito Santo que Ele nos dê o amor de Deus. Quantas pessoas ficam desoladas: “Faço esforços, medito, mas não tomo amor às coisas católicas! A minha alma parece uma alma árida e seca, um deserto sem água…”
Por que isto? É porque estou esperando esta coisa de mim. Não devo esperar de mim, mas da graça de Deus. Devo pedir, se não tenho, peço porque não tenho, se tenho, peço para ter mais. Mas nunca na vida se deve deixar de pedir essa moção interna de Deus na alma, à qual a gente deve o amor de Deus.
* A oração “Veni Sancte Spiritus” contém a súplica do contra-revolucionário
Depois se insiste na idéia de: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado”.
Podemos dizer que essa oração contém a súplica do contra-revolucionário. Todo o espírito de sensualidade e de orgulho, que são o fundo da Revolução, estraçalha-se se Deus enviar seu Espírito. Pelo contrário, acende-se o espírito de humildade, o espírito de hierarquia, o espírito de pureza, acendem-se dentro do homem pela moção do Divino Espírito Santo. E um sopro do Divino Espírito Santo pode acabar completamente com a Revolução. A Revolução é fundamentalmente um espírito mau. Desde que o Divino Espírito Santo tenha pena de nós e que queira agir, Ele pode acabar com a Revolução.
E esse pensamento encontramos na oração novamente: “Deus, que pela ilustração do Espírito Santo ensinastes os corações dos fiéis, concedei-nos — e aqui está a coisa importante — saborear no mesmo Espírito as coisas retas e gozar sempre de vossa consolação”.
O que é o sabor das coisas retas?
Se há uma coisa que o mundo de hoje perdeu é o sentido do sabor das coisas retas. O mundo de hoje só acha sabor na imoralidade, na agitação, na desordem, na subversão de todos os valores.
Nesta cidade de São Paulo no momento, o que é que se está fazendo?
Todo mundo que está acordado, está procurando se divertir, todo mundo que se está divertindo, o está fazendo com coisas não retas.
Porque vai-se longe o tempo em que os homens encontravam distração, encontravam entretenimento, atrativo, encontravam estabilidade de alma na consideração das coisas retas. As coisas retas hoje são tidas como insípidas. Eles não compreendem a delícia das coisas retas, e sobretudo daquelas mais altas coisas retas que são as que nos levam para o Céu, que nos dirigem para Deus. Esse sabor das coisas retas, o sabor do que é honesto, do que é direito, é o Divino Espírito Santo que nos dá, e devemos pedir que seja restaurado em nós.
Estamos reunidos nessa capela. Que distração ela nos oferece?
Não há dúvida que é agradável aos olhos, mas isto se vê em alguns instantes. Para o homem moderno que não é capaz de considerações artísticas, isto não tem interesse nenhum. Entretanto, nós estamos bem aqui, estamos alegres e mais alegres do que quaisquer outras pessoas que estejam se divertindo. Isto porque Nossa Senhora nos dá o sabor da coisa reta, que é o jeito de corrigir o sabor da coisa torta, da coisa sinuosa. E isto se deve pedir e obter do Espírito Santo.
* Devemos pedir ao Espírito Santo, por meio de Nossa Senhora, o sabor das coisas que nos falam do Céu
Uma relação entre isso e Nossa Senhora. Ela é a Esposa do Divino Espírito Santo. E como Esposa perfeitíssima e fidelíssima, o Espírito Santo encontra nEla a plenitude de sua complacência, e a Ela não recusa coisa alguma. Por causa disso, Ela é nossa Medianeira seguríssima junto ao Espírito Santo. Se queremos alguma coisa do Espírito Santo, devemos pedir por meio d’Ela.
Então, pedir especialmente isto: o sabor das coisas retas, elevadas, sublimes, o sabor daquilo que na Terra nos fala do Céu e o horror e a aridez para com as coisas que são de outra natureza.
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