Santo do Dia (Rua Pará) – 30/11/1965 – 3ª feira [SD 253] – p. 3 de 3

Santo do Dia (Rua Pará) — 30/11/1965 — 3ª feira [SD 253]

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Santo Elói, ourives e ministro da fazenda do rei: bom, condescendente, gentil * Santo Elói pede a Deus que entregue os inimigos da fé, que ouviam sua pregação, ao demônio, sendo imediatamente atendido * Pedir a Deus que o demônio tome os corpos das pessoas, para o bem delas: caridade forte, enérgica, e ao mesmo tempo bem ordenada

* Santo Elói, ourives e ministro da fazenda do rei: bom, condescendente, gentil

Nós temos hoje a festa de Santo André, Apóstolo, e de São Constâncio, confessor. Amanhã nós teremos a Novena de Nossa Senhora da Conceição e aniversário da ordenação do Pe. José Luiz Villac.

Se pudessem me lembrar de passarmos um telegrama para ele, amanhã. Quem vai estar no expediente amanhã? Você então me lembra, por favor.

Amanhã vai ser a festa de Santo Elói, bispo e confessor.

Santo Elói existiu no tempo dos carolíngeos, dos merovíngeos, quer dizer, daquela dinastia que veio de Clóvis, até Carlos Magno. E ele foi exatamente ministro de um dos reis, que foi o Rei da Nêustria… Ele passou pela história francesa com a fama de um santo imensamente bom, imensamente condescendente, imensamente gentil, não é? Falam do tempo do “bon Roi Dagobert”, de quem ele foi o ministro, e também do tempo do bom Santo Elói, que era, ao mesmo tempo, ourives e ministro da fazenda.

A junção das duas coisas indica um primitivismo de outro mundo. Quer dizer, ainda não havia papel moeda, nem nada, e quem entendia de pequenas jóias, entendia de moedas também, e dava bem para ser ministro da fazenda, de tal maneira era caseira toda administração. Era muito pitoresco nessa conjugação de cargos.

Agora aqui os senhores vão ver quem era “le bon Saint Eloi”.

Santo Elói gozava, no reino de Nêustria, de grande autoridade, que ele usava às vezes como bispo.

Nêustria era um dos reinos em que se tinha dividido o antigo reino Franco, de Clóvis.

O horror que lhe ia na alma pelos heréticos e cismáticos era enorme, e a todos que surgiam, o santo punha-se em campo imediatamente, porque o povo, sempre singelo, facilmente se contagiava com as novidades.

São numerosos os casos em que ele conseguiu que tais elementos fossem julgados, castigados ou expulsos do reino.

Os senhores estão vendo, portanto, a coisa como era.

* Santo Elói pede a Deus que entregue os inimigos da fé, que ouviam sua pregação, ao demônio, sendo imediatamente atendido

A bondade paternal de Santo Elói não o impediu de ter na ocasião o poder e a coragem de um apóstolo.

Um dia, quando numa aldeia perto de … [inaudível]… celebrava a festa de São Pedro, ele se pôs a pregar contra a superstição pagã que ali ainda se praticava. Os principais do lugar irritados com o bispo resolveram matá-lo se continuasse a pregar daquela forma. Sabedor do que se maquinara, Santo Elói redobrou seus ataques às diabólicas superstições. A multidão, furiosa, injuriou-o e ameaçou-o, dizendo que ele nunca seria empecilho para aquilo que eles quisessem fazer.

Os senhores estão imaginando a cena, portanto: Santo Elói pregando — talvez num lugar público, não é? — e o povo pagão começando a se enfurecer.

Santo Elói, elevando a voz diante de todos, disse: “Senhor, eu Vos peço: a esses audaciosos que ousam resistir aos Vossos santos avisos, as Vossas advertências santas, deixai-os ao demônio, do qual preferem as seduções, aos Vossos preceitos. Que aprendam pelos tormentos a respeitar Vosso infinito poder, a fim de que os fiéis, por sua vez, glorifiquem o Vosso Santo nome”.

Vejam que isso é o mais antiecumênico que possa haver. Pedir a Deus que entregue aqueles ao demônio. Estou imaginando os faniquitos e as histerias apostólicas de muita gente de hoje ao ouvir uma adjuração dessa da parte de um grande santo.

Imediatamente, mais de cinqüenta insolentes foram tomados pelo demônio. A multidão, apavorada de que a mesma sorte a envolvesse, caiu de joelhos aos pés do Santo, prometendo fazer tudo que esse ordenasse.

Santo Elói acalmou a turba, mas nada fez no momento para os cinqüenta endemoninhados. Somente no ano seguinte, na mesma festa de São Pedro, fê-los vir a si, rogando a Deus por eles, no meio do povo e aspergindo-os com água benta. Isso fez que aprendessem a lição.

Eu também acredito.

* Pedir a Deus que o demônio tome os corpos das pessoas, para o bem delas: caridade forte, enérgica, e ao mesmo tempo bem ordenada

O magnífico valor desse ensinamento é acentuado pela seguinte circunstância: é que as pessoas possessas do demônio fazem as coisas mais esquisitas: jogam-se no chão, comem coisas imundas, retiram-se para ermos asquerosos, imitam bichos, etc., porque o demônio faz isso dentro deles. Um ano de passar com o demônio no corpo é, portanto, o pior dos castigos para o corpo, além de falar do tremendo castigo para a alma.

Pois bem, ele pediu que os demônios entrassem nessa gente para fazer bem para todos, e depois libertar todos. Se isso não é uma caridade forte, enérgica, ao mesmo tempo bem ordenada, eu não sei mais nada.

Agora, imaginem que nós, por exemplo, terminássemos uma conferência e, levantando os braços, disséssemos: “Ó Maria Santíssima, Rainha do Céu e da Terra, fazei vir o demônio sobre cinqüenta pessoas aqui nessa sala…”. Eu tenho impressão de que não passavam vinte e quatro horas que isso se saberia no Brasil inteiro. E a indignação contra nós seria sem nome.

Eu pergunto: o tamanho dessa indignação não indica que há muito mais gente endemoninhada do que a gente imagina? Não era a presença do demônio em muitos que levantaria tanta indignação?

Naquele tempo o demônio levava a fazer essas coisas. Hoje o demônio leva a sorrir, a ser amável, a ser simpático, a ser gentil, a praticar a confusão no meio das igrejas. É a isso que leva o demônio. Quantos endemoninhados haverá nos dias de hoje?

Santo Elói nos ajude a lutar contra eles.

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