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[Santo do Dia] — [23/09/1965] — [DiaReuniao]

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Hoje é festa de São Lino, Papa e Mártir.

Comentário de Dom Gueranger: “uma obscuridade misteriosa cerca a vida dos primeiros vigários do Homem-Deus. Assim se esquivam aos olhos os primeiros fundamentos de um monumento para desafiar a sua duração. Carregar a Igreja Eterna é bastante para a sua glória. Bastante para justificar a nossa confiança e animar a nossa gratidão. Esta festa é o testemunho da Igreja pelo humilde Pontífice que primeiro foi reunir-se a São Pedro nas Criptas Vaticanas. O Liber pontificado nos diz que São Lino era de origem toscana, e que ele se tornou Papa sob Nero após a morte de São Pedro. Ele ficou sobre o Trono Pontifical de 56 a 67, morreu mártir e foi sepultado no Vaticano”.

Por falta de documentos mais seguros relativos a vida de São Lino, a escolha foi feita dele para suceder São Pedro durante a terrível perseguição de Nero, nos garante sua eminente santidade, e justifica ela mesmo título de mártir do qual ele está honrado”.

O pensamento de Dom Gueranger é um pensamento cheio de fé, é muito bonito. Ele diz propriamente o seguinte: que São Lino foi o segundo Papa da Igreja, logo, primeiro depois de São Pedro. Foi da longa série de Papas que estão sepultados no Vaticano, o primeiro que foi juntar-se a São Pedro ali, como foi o primeiro Papa que foi ao Céu depois de São Pedro. Então ele diz que quase nada se sabe dos primeiros Papas. De São Lino mesmo pelo que ele diz aqui ele é festejado como mártir mas parece que não se sabe bem como é que foi o martírio dele, nem nada. Então levanta-se o problema de saber o que dizer deste santo. Uma vez que nossa piedade tem que saber dizer algo de cada Santo que está no Céu. E a resposta que ele dá é uma resposta muito bonita. Ele diz: num monumento, quanto maior a carga que o monumento tem que suportar tanto maiores são os fundamentos que estão debaixo da terra. De maneira que ainda que agente não veja os fundamentos pelo tamanho do monumento, agente calcula como eles são. Assim também com os primeiros Papas da Igreja. Há muita obscuridade, os fatos são muito antigos, a Igreja estava em regime de perseguição. Portanto todo sistema de anotar, de registrar, de conservar a memória, dados biográficos do Papa, era coisa que ainda não estava organizado. Entretanto desde aquele tempo os fiéis o veneravam como santo. E então ele faz parte para nós daquela longa série de Papas Santos que se seguiram a São Pedro, e que constituem o fundamento do Pontificado. E então a nossa confiança repousa sobre esta razão para compreender bem que ele deve ter sido um homem de uma santidade eminente, para tributar a ele todo respeito, toda a veneração que a um santo se deve ter. Esta consideração é uma consideração muito bonita porque ela é impregnada de confiança na Igreja Católica. Ela é impregnada não desse criticismo histórico bobo, quando não tem o documento nas mãos não acredita em nada, e que não é outra coisa senão uma expressão da ininteligência da quadratura e de falta de bom espírito, mas é pelo contrário uma coisa superiormente alheia de fé e superiormente inteligente. É aceitar a santidade de São Lino pelo lado dos imponderáveis, e os imponderáveis são esses que ele tão bem anunciou. Então com um ato inteiro de confiança dizer: não, ele era venerado como santo por aqueles, a Igreja o admitiu como santo. Ele tem de ter sido santo porque ele é uma das pedras vivas desta longe série de Papas, todos santos, que […uma palavra ilegível…] consecutivamente a São Pedro. Então foi santo mesmo e nós cheios de confiança, cheio de um senso católico arquitetônico lhes prestamos a nossa homenagem, a nossa veneração!

Os senhores estão vendo que esta é uma razão, um modo de raciocinar que indica um espírito, e este espírito indica como é que nós devemos nos portar em face das coisas da Igreja. Quer dizer as coisas da Igreja tem muito frequentemente algo de um pouco misterioso, algo de lusco-fusco que é inerente a tudo quanto é muito altamente verdadeiro. As verdades muito clarinhas, muito lindinhas, muito demonstradinhas, muito palpavéizinhas são as estrelas de segunda grandeza do firmamento das verdades. As grandes verdades são aquelas que a gente percebe que são verdadeiras, mas às vezes tem uma certa dificuldade em demonstrar de um modo direto. Mas com argumentos colaterais, por toda uma série de parafernália, de circunstâncias, por motivos arquitetônicos a gente crer. Isto é que é superiormente crer. E é isto que se deve realmente desejar, deve realmente, é essa atitude que se deve tomar em face de inúmeros fatos e situações da Igreja Católica. Eu digo isto porque os senhores vão se encontrar talvez dentro de não muito tempo diante de um problema: nós estamos nesta espécie de reforma geral das coisas da Igreja, e há modernistas que levantam dúvidas quanto a existência, ou quanto a santidade deste ou daquele santo, não propriamente canonizado pela Igreja, mas admitido pela Igreja como santo por causa da veneração dos séculos. Eu acho que o bom espírito é falar como Dom Gueranger: se foi venerado como santo durante séculos por toda parte, por isso mesmo existiu e foi santo. E é contra o senso católico bom, é contra o verdadeiro senso das proporções pôr isso em dúvida. Está no Martirológio, existiu, e foi santo. Esse é o bom senso. E essa posição de alma interessa muito mais do que a explicação sobre São Lino. É o entender com que tacto, com que senso do claro-obscuro, que é o maior senso da inteligência e da fé, com que senso estas coisas todas devem ser tratadas e abordadas. É esta a consideração que eu gostaria de deixar feito.

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