Santo do Dia — 3/8/1965 — 3ª feira [SD 216]

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São Dalmácio, pelo desejo de santificação, deixou a guarda do imperador e a família, partindo com o filho para a vida religiosa, marcando-se pelo grande zelo na luta contra a heresia nestoriana * Desapego dos bens terrenos, dando-os à Igreja e aos pobres: uma demonstração ostensiva de que os bens celestes têm maior valor * No combate ao nestorianismo, São Dalmácio agiu no poder temporal e no poder espiritual: advertiu o imperador e confirmou São Cirilo de Alexandria como patriarca de Constantinopla

* São Dalmácio, pelo desejo de santificação, deixou a guarda do imperador e a família, partindo com o filho para a vida religiosa, marcando-se pelo grande zelo na luta contra a heresia nestoriana

São Dalmácio era filho de pais nobres. Abraçou a carreira das armas e serviu na guarda pretoriana de Teodósio o Grande, de Constantinopla.

Nós já tivemos oportunidade de falar aqui a respeito da penetração do espírito católico no exército romano, como na nobreza romana. Eu até aludi àquele livro de D. Guéranger que trata especialmente disto: a influência do cristianismo nascente na nobreza romana e da nobreza na expansão do cristianismo, que é o livro de Santa Cecília. Aqui nós vemos mais um guerreiro que é Dalmácio e mais um nobre que é Dalmácio.

A guarda pretoriana é precisamente a guarda do imperador, e ele serviu exatamente aí e serviu em Constantinopla.

Do casamento que contraiu, teve um filho de nome Fausto. Tocado, porém, do desejo de santificação, deixou a família, e em companhia do filho entrou para a abadia governada por Santo Isaac de Constantinopla. E pela morte deste santo, Dalmácio foi efeito abade.

Assinalou-se por um grande zelo contra a heresia dos nestorianos. E advertiu o Imperador Teodósio dos maquinações que se urdiram no império contra São Cirilo de Alexandria.

Foi nobritado com o título de advogado no Concílio de Éfeso. Morreu em 440. Seu culto é celebrado em comum com São Fausto, seu filho, a 3 de agosto.

* Desapego dos bens terrenos, dando-os à Igreja e aos pobres: uma demonstração ostensiva de que os bens celestes têm maior valor

Há várias peculiaridades interessantes dentro desta biografia.

Além do caráter nobre na guarda pretoriana, já no tempo cristão, é preciso mostrar aqui se ele faz parte daquele grande movimento muito edificante de pessoas de alta condição no tempo do império cristão que abandonavam todas as coisas, para se retirar para o deserto ou para abraçar a vida religiosa.

Naquele tempo as fortunas, as concentração de fortunas eram imensas. Não se tem idéia do que era a riqueza das pessoas verdadeiramente ricas no tempo do Império Romano e continuou quando o Império Romano se tornou cristão.

Algum tempo atrás eu li um inventário dos bens pertencentes a Cícero século antes. Cícero era um nabado e parecia uma fortuna média dentro de Roma.

Então esses homens deixavam situações esplêndidas, situações verdadeiramente régias, davam todos os seus bens aos pobres, davam à Igreja, deixavam bens aos parentes necessitados e iam para o interior, iam para o deserto. E com isso, do modo mais ostentativo, davam sinal de que os bens da terra valem menos do que os bens do Céu, que os bens da matéria valem menos do que os bens do espírito. E cobriam-se com isto de um prestígio tal, que as multidões iam para o deserto, iam para os lugares situados nos lugares longínquos, para procurar esses homens para pedir conselhos, para seguir a orientação deles.

Quer dizer, em vez de ser um apostolado de penetração no mundo de clergyman, era exatamente o contrário: saíam do berço do mundo e atraíram o mundo a si. Era um apostolado de atração, de imantação extraordinários.

Nós vemos aqui esses dois homens de boa condição social, pai e filho, que deixam juntos o mundo e se integram dentro deste movimento da constituição das primeiras famílias religiosas dentro da Igreja.

* No combate ao nestorianismo, São Dalmácio agiu no poder temporal e no poder espiritual: advertiu o imperador e confirmou São Cirilo de Alexandria como patriarca de Constantinopla

Agora, ao mesmo temos nós vemos a elevação de vistas deste santo. Ele no seu mosteiro não cuidou apenas das coisinhas de sua administração eclesiástica. Mas ele tinha a virtude de ter as vistas voltadas para os grandes assuntos da Igreja e do Estado de seu tempo.

Então nós o vemos sair de seus cuidados para entrar em luta contra os nestorianos, tomando duras providências. Ele advertiu o Imperador Teodósio das maquinações que se urdiam no império contra São Cirilo de Alexandria. Quer dizer, uma providência de duplo efeito.

Ele atraía o império contra os nestorianos e confirmava São Cirilo de Alexandria no trono patriarcal de Constantinopla, que era de grande importância para o combate à heresia.

Os senhores estão vendo, portanto, um santo que tem noção da luta da heresia como uma força que deve também ser combatida, da importância dos postos chaves, da importância do poder público para exercer pressão contra a heresia. Coisa que progressismo hoje nega que seja legítimo que o Poder Público persiga a heresia.

E os senhores vêem então esse homem morrer depois de uma vida cheia de sacrifícios, morrer santamente. Seu culto foi celebrando em comum com seu filho, que se tornou santo também.

Então os senhores têm o seguinte santos que se cruzam nesta biografia:

Os senhores têm Santo Isaac de Constantinopla que governava o conjunto de abadias e que este Santo, Dalmácio, foi o seu sucessor, os senhores têm São Dalmácio, os senhores têm São Fausto, os senhores têm São Cirilo de Alexandria. Quatro grandes santos que se encontraram e que colaboram a favor da ortodoxia nesse dias.

Épocas felizes em que havia grandes santos. Época felizes em que esses grandes santos refulgiam nas fileiras do clero.

Vamos pedir a Nossa Senhora que nos dê muitos e muitos santos deste gênero especialmente nas fileiras do clero para edificação da necessitada Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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