Santo
do Dia – 27/7/1965 – 3ª feira [SD 246] .
Santo do Dia — 27/7/1965 — 3ª feira [SD 246]
Nome
anterior do arquivo:
Para vencer uma tentação contra a castidade, um cristão cortou a língua com os dentes e cuspiu-a na face da sedutora * O mártir, ao execrar o pecado, mutilava-se para a vida inteira, dando um exemplo magnífico para a Humanidade * Nesse ato que o mártir usou para vencer a tentação há uma integridade de alma, uma coerência, uma capacidade de chegar às últimas conseqüências
* Para vencer uma tentação contra a castidade, um cristão cortou a língua com os dentes e cuspiu-a na face da sedutora
Um desses cristãos, diz o martirológio, foi brandamente ligado sobre uma alcatifa de flores. Chegou-se-lhe então uma desavergonhada rameira, para provocá-lo à luxúria. Ele, porém, cortou com os dentes a própria língua e cuspiu-a na face da sedutora.
Vamos falar destes santos de Uganda que na reação contra a tentação contra a pureza teve esse gesto magnifico.
Os senhores estão vendo naturalmente o que se passou. Este mártir estava amarrado junto a tais flores. E o que se quis dele naturalmente foi de obter um ato de consentimento interno para uma sensação vivíssima que de um modo pecaminoso se procurou provocar nele. Quer dizer, deitado sobre flores, numa situação que podia aliciar a sensualidade, o prazer dos sentidos, digo mais, e colocado amarrado junto a esta mulher que o tentava, ele não tinha outro meio de reação, senão esse meio de tentar cortar a própria língua nos dentes e de cuspir nessa mulher. O que era ao mesmo tempo provocar em si uma dor intensíssima e pela dor abafar a tentação que nele subia, e de outro lado dar um ato de protesto tremendo contra o mal para o qual ele estava sendo induzido.
Quer dizer, era um ato de grande energia interna, sufocando a tentação pela dor.
* O mártir, ao execrar o pecado, mutilava-se para a vida inteira, dando um exemplo magnífico para a Humanidade
Era um ato de execração do pecado para o qual ele se mutilava para a vida inteira, de um modo horrível. Mas preferia isso ao pecado e cuspia este horror ao pecado na pecadora. E era um exemplo magnífico que ele dava para toda a Humanidade e para todos os católicos de todos os séculos de integridade e de intransigência.
O que há de mais bonito aqui não é apenas o desejo de se manter casto, não é também apenas o heroísmo do remédio encontrado, mas é a sinceridade e coerência deste homem na posição que ele tomou. Quer dizer, ele queria manter-se casto, colocado diante de uma tentação violentíssima, ele só podia fazer uma coisa e esta coisa ele fez.
Quantos sofismas, quantas chicanas ele poderia encontrar, para não fazer esta coisa que ele fez. Ele poderia, por exemplo, não se ter lembrado disso. E depois ele diria: “Bom eu caí, eu não tive culpa. Eu fui colocado numa posição dificílima para manter a minha pureza, então eu não tive culpa. Eu caí, mas foi uma imposição das circunstâncias, eu não fui culpado”, etc. E em última análise Deus foi o culpado.
Mas não, ele viu de frente o problema, ele compreendeu de frente toda a sua responsabilidade moral. Ele entendeu, ele procurou honestamente, embora num relâmpago, ele procurou honestamente que algo havia para fazer. Ele encontrou um algo muito árduo e não fechou os olhos para isto. Pelo contrário, imediatamente ele fez o que deveria fazer.
* Nesse ato que o mártir usou para vencer a tentação há uma integridade de alma, uma coerência, uma capacidade de chegar às últimas conseqüências
Há nisto uma integridade de alma, há uma coerência, há uma capacidade de chegar às últimas conseqüências, há uma compreensão de que o pecado mortal não se comete pura e simplesmente e que tudo é preferível ao pecado mortal, por onde ele não hesitou em fazer o sacrifício tremendo, para não cometer o pecado mortal.
Há nisto uma grandeza de alma que é memorável para todos os séculos e que exprime exatamente a nobreza e a integridade da alma verdadeiramente fiel.
A alma pura é assim inteiramente conseqüente. A alma inteiramente conseqüente é pura por esta forma. É esta virtude assim que nós devemos pedir a Nossa Senhora. Quer dizer, a virtude da pureza, como a virtude da ortodoxia, que são virtudes correlatas, sejam praticadas por nós, por esta forma. Ainda que devamos arrancar a língua de nossa própria boca e bolá-la, nós preferimos uma coisa destas a uma capitulação.
Nossa Senhora nos dê, portanto, forças para compreender uma coisa destas, para admirar do fundo de nossa alma e para praticar se algum dia isso se colocar no caminho de nossa vida. Será uma glória para nós, desta ou de uma maneira análoga, manter a nossa fidelidade a Ela e à nossa vocação.
Esta seria a intenção que eu recomendaria para a noite de hoje.
*_*_*_*_*