Santo do Dia ─ 22/06/65 ─ 3ª feira . 3 de 3

Santo do Dia ─ 22/06/65 ─ 3ª feira

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O aspecto mais pavoroso do protestantismo na Inglaterra foi a indolência com que os católicos defeccionaram * O mesmo processo de atonia face ao protestantismo se repete na atual situação da Igreja * Mesmo quando a putrefação invade os meios católicos, a santidade da Igreja produz frutos * O Senhor Doutor Plinio agradece o empenho havido durante a última vigília de orações

Cardeal Bispo de Rochester, Henrique VIII o mandou degolar em ódio à Fé católica e ao primado do Romano Pontífice. Século XVI.

* O aspecto mais pavoroso do protestantismo na Inglaterra foi a indolência com que os católicos defeccionaram

A atitude de São João Fischer, que foi companheiro de martírio de São Thomas Morus, nos aparece tanto mais louvável quanto ele estava inteiramente isolado na sua época.

Com efeito, os senhores sabem que na Igreja da Inglaterra houve uma defecção geral e que um dos aspectos mais pavorosos do protestantismo na Inglaterra, da protestantização da Inglaterra, foi exatamente a indolência e a facilidade com que a massa dos católicos ingleses passou para o protestantismo.

Quer dizer, por um simples interesse de caráter político, por uma simples conveniência pessoal e de carreira, desse ou daqueles eclesiásticos, eles mudaram infamemente de religião; e isto normalmente, sem dramas de consciência nem nada. O que prova que toda a estrutura religiosa da Inglaterra estava podre. Podridão essa que vinha já desde o tempo do nosso tão conhecido São Tomás Beckert.

Exatamente o insucesso de São Thomas Beckert, o fato dele ter sido morto e o movimento liderado por ele ter sido derrotado, já colocava nas mãos do rei da Inglaterra a Igreja Anglicana. E a Igreja da Inglaterra atravessou uma espécie de crise, em que ela se colocou comodissimamente, já naquela ocasião, nas mãos do poder temporal, e com isto fez uma espécie de pacto com as molezas do mundo, com as contagens do mundo. Um pacto para aceitar sua temporalização e laicização. Tomou uma atitude pré-revolucionária.

De maneira que ela estava inteiramente infestada de espírito revolucionário quando veio Henrique VIII e fez o cisma com o Papa. E então, a Igreja caiu; já preparada por uma longa putrefação anterior.

Executaram-se alguns mártires. O número de mártires foi um pouco maior do que se costuma dizer. Principalmente, não foram apenas São Tomás Morus e São João Fischer, mas foram outros mártires também, por exemplo, uns famosos cartuchos que todos eles foram decapitados por ordem do Rei. Mas assim mesmo o número de mártires foi insignificantemente pequeno.

Do conjunto dessas noções a gente depreende alguns ensinamentos: o primeiro é como essas coisas vêm de longe e como são as sucessivas traições que preparam depois as grandes catástrofes. Medeiam séculos entre São João, ou melhor, São Tomás Beckert e Henrique VIII e, entretanto, já começou a putrefação naquele templo e a Igreja começou a se preparar para cair inteira. Quando, afinal de contas, chega a ocasião da tentação, ela se deixa arrastar por completo.

* O mesmo processo de atonia face ao protestantismo se repete na atual situação da Igreja

Os senhores têm, aí uma coisa parecida com a situação contemporânea da Igreja. Quer dizer, antes de aparecer o liturgicismo, antes de aparecer o progressismo, houve todo um emboloramento do elemento católico decorrente de uma atitude de inércia em face das posições da Revolução Francesa.

A adesão sem arrière pensée às formas democráticas mais impregnada do espírito de Rousseau; a adesão à separação entre a Igreja e o Estado; adesão preguiçosa e míope a toda a atmosfera moderna que foi invadindo a sociedade.

Com isso, um estado de abulia, de indiferença doutrinária, de simpatia para com toda espécie de erro, estado de coisas esses que foi conduzindo, depois, naturalmente, para uma combustibilidade quando aparecesse as primeiras chamadas do progressismo. Então, nós vemos a massa toda do movimento Católico imergir hoje também num erro novo e tremendo que está praticamente operando uma mudança de religião em virtude de concessões que tinham preparado para isto, há muito tempo trás, o movimento católico.

Os senhores estão vendo que se repete a história e que são os grandes processos de atonia, de tibieza, de ensabugamento, de indiferentismo, que preparam depois a massa toda católica para as maiores defecções.

* Mesmo quando a putrefação invade os meios católicos, a santidade da Igreja produz frutos

Mas, ao lado disso, os senhores vêm uma coisa bonita, é a permanência da nota da santidade da Igreja. Porque, apesar de todas essas tristezas, ainda é na Igreja que se vão encontrar os mártires, ainda é na Igreja que se vão encontrar os homens de um caráter admirável, que preferem tudo a ceder diante do adversário, e que expõem a própria vida, expõem tudo quanto têm, para se manter fiéis à verdadeira tradição e à continuidade eclesiástica.

Quer dizer, mesmo quando a putrefação invade os meios católicos, mesmo aí a santidade da Igreja produz frutos, é verdade que excepcionais, mas tão maravilhosos como fora da Igreja não se encontra. E os senhores vêem então a Igreja, ao mesmo tempo em que é traída, em que é renegada, deitar uns lampejos memoráveis que provam a divindade dela. E os senhores vêem aí uma espécie de afirmação contínua da assistência do Divino Espírito Santo na Igreja. E parece que essa é a reflexão mais oportuna que podemos tirar sobre o martírio de São João Fischer.

* O Senhor Doutor Plinio agradece o empenho havido durante a última vigília de orações

Eu gostaria de dizer aos senhores que me alegrou muito o modo pelo qual foi correspondido meu pedido de comparecimento para um rodízio ininterrupto de orações para a graça que quisemos obter hoje.

Alegrou-me porque, realmente, mais do que tudo, nós devemos sempre rezar. E a compenetração dessa verdade se manifestou bem no que ocorreu hoje. É preciso agradecermos a Nossa Senhora o termos tido a generosidade de responder por essa foram ao convite que foi feito.

É verdade que parece que não obtivemos o favor que desejávamos. Mas, em primeiro lugar, é verdade que é preciso dizer que talvez o obtenhamos ainda em virtude dessas orações. E depois, nossas orações, mesmo quando não são atendidas no objeto que nós pedimos, são atendidas de algum outro modo. Mas nossas orações nunca deixam de ser atendidas.

De maneira que não atendidos aqui, nós obtemos algum outro favor que resulta das mesmas orações e que, por vezes, é um favor maior e mais precioso do que esse que nós pedimos.

De maneira que oração em vão nunca há. E certamente, se uma coisa é indiscutível é que não perdemos o nosso tempo nas orações de ontem para hoje. E é esta confiança que nos deve animar ao cabo dessa vigília.

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