Santo do
Dia — 12/06/1965 – p.
Santo do Dia — 12/06/1965 — Sábado
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Santo Antônio de Pádua, inquisidor, profundo conhecedor das Escrituras; prova evidente de como se deforma a imagem de um santo; Patrono das Forças Armadas, pois venceu batalhas; faz parte de nossa vocação restaurar a verdadeira imagem da santidade.
* Deformações da verdadeira fisionomia moral de Santo Antônio * Patrono das Forças Armadas * Santo Antônio livra o Rio de Janeiro do domínio dos calvinistas franceses * A vocação de restaurar esses valores e mostrar o aspecto guerreiro dos Santos * Uma graça especial a ser pedida a Santo Antônio
A VERDADEIRA FISIONOMIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA
Hoje é festa de Santo Antônio de Pádua, Confessor e Doutor da Igreja. Chamado “Arca do Testamento” e “Martelo dos Hereges”. Franciscano. Século XIII.
Hoje a Igreja e todas as nações do Ocidente, pelo menos, encheram-se de fiéis, e amanhã ainda especialmente, que vão comemorar a festa de Santo Antônio de Pádua. E por toda parte as imagens de Santo Antônio estão sendo expostas para objeto da veneração dos fiéis.
* Deformações da verdadeira fisionomia moral de Santo Antônio
Este fato me lembra que, estando em 1950 em Assis, eu tive ocasião de me documentar a respeito de como era Santo Antônio. E ali se mostra na basílica de Pádua — era Pádua, e não Assis — um quadro pintado por Giotto, que passa por ser um quadro mais próximo, mais provavelmente representativo da pessoa de Santo Antônio. E se trata, então, de uma pessoa de corpo hercúleo, de pescoço taurino, forte, de expressão fisionômica séria, de olhar imperioso e majestoso, e numa atitude assim… [faltam palavras] … as pessoas, como Doutor da Igreja que ele era.
Eu comprei, então, algumas fotografias dessa imagem. As fotografias eram um maçozinho assim, que se vendia na entrada da Igreja.
E, ao mesmo tempo, comprei uma estampa de pilhas iguais, que eram vendidas às pessoas que iam à igreja também, e que representava Santo Antônio, não de acordo com a probabilidade histórica do quadro de Giotto, mas de acordo com uma concepção que figura nas imagens comuns. Então, um homenzinho imberbe, coradinho, com o Menino Jesus no braço, com um ar que não entende muito o que está fazendo com o Menino Jesus no braço; o Menino Jesus também com uma cara de quem não entende muito o que está fazendo no braço de Santo Antônio, sorrindo os dois, um para o outro, como quê dizendo: “Desculpe, aqui deve haver algum equívoco. Vamos nos aturar algum tempo, porque isto é assim”.
Na fisionomia de Santo Antônio, nada que falasse no Doutor da Igreja, nada que representasse o homem que era tido como o maior conhecedor do Novo e Antigo Testamento, das Sagradas Escrituras, no tempo dele, porque ele conhecia as passagens mais raras, mais excepcionais, mais ignotas de todos e tirava delas efeitos de pregação extraordinários. E Santo Antônio, conhecido como o “Martelo dos Hereges”, como polemista, como homem que era capaz de discutir — não de dialogar — era capaz de entrar em debate com os hereges, de achatá-los — não havia ninguém como ele — e ainda coberto tudo isso com os milagres que completavam sua pregação e que faziam com que ele fosse o terror dos hereges.
Tudo isso passou e ficou um Santo Antônio, eu quase diria ecumênico: bonzinho, bobinho, casamenteiro, festeiro, que arranja questõesinhas. Quer dizer, o verdadeiro Santo Antônio histórico, o verdadeiro Santo Antônio como ele está no Céu e como ele é apontado pela Igreja para nosso modelo, desapareceu quase completamente, para ficar uma figura que dá um aspecto apenas de Santo Antônio, que são os muitos favores e graças que ele concede. E uma figura física que nada tem a ver com ele, nada tem que ver, sobretudo com a fisionomia moral dele.
* Patrono das Forças Armadas
Santo Antônio, além de ser o “Martelo dos Hereges” e a “Arca do Testamento”, é venerado como o Patrono das Forças Armadas. E a razão disso, entre outros fatos, está nisso de que Santo Antônio, em certa ocasião, foi objeto de um ato de devoção especial da parte de um almirante espanhol. Uma esquadra espanhola sitiava a cidade de Orã e não havia meio de conseguir resultado eficaz. Então, o almirante espanhol dirigiu-se a uma imagem de Santo Antônio, colocou o chapéu de almirante sobre a imagem, deu-lhe as insígnias de comando e pediu-lhe que investisse [contra] Orã. Os mouros fugiram inesperadamente e interrogados disseram que tinha estado entre eles um frade vestido com o chapéu do almirante e que tinha ameaçado Orã com o fogo do Céu, e que por causa disso, eles tinham achado mais prudente ir embora.
Quer dizer, este aspecto do “Martelo dos Hereges” que ao mesmo tempo incute terror aos mouros e que se apresenta a uma cidade infiel e a ameaça com o fogo do Céu, todo esse aspecto foi abolido. Não se conhece isso nessa espécie de devoção milagreira que ele tem, e aí vemos a lamentável deterioração da devoção aos Santos em nossos dias. Quer dizer, como eles já não representam nessa legenda popular que em torno deles se criou, a verdadeira santidade.
* Santo Antônio livra o Rio de Janeiro do domínio dos calvinistas franceses
Quem, por exemplo, comentará a respeito da vida de Santo Antônio este fato que se deu no Rio de Janeiro e que foi o seguinte: o Rio de Janeiro estava sendo cercado pelos calvinistas franceses e já estava completamente rendido, quase, e a cidade não tinha meios de resistir. Os frades, então, tomaram a imagem de Santo Antônio, desceram com ela do morro, colocaram numa pilastra que se encontrava ali e a simples exibição da imagem, de um modo maravilhoso, comunicou tal ardor na cidade que grande número de jovens se alistaram. Foi possível reorganizar a resistência aos franceses e os franceses depois de pouco tempo foram embora. De maneira que o Rio de Janeiro não se tornou calvinista, e talvez com repercussão em toda a história da América Latina e, portanto, em toda a história da Igreja, por causa dessa ação simbólica da presença maravilhosa de Santo Antônio.
* A vocação de restaurar esses valores e mostrar o aspecto guerreiro dos Santos
Todas essas são coisas que não se dizem, não se contam, não se comentam, e os senhores podem, através disso, verificar duas coisas: em primeiro lugar, como é lamentável essa torção que a vida dos Santos sofreu. Mas, por outro lado, também, como é admirável a vocação que Nossa Senhora deu aos senhores, porque Ela lhes deu exatamente a vocação de pertencerem ao Grupo que tem por missão restaurar todas essas coisas e mostrar os próprios Santos no seu aspecto combativo, no seu aspecto guerreiro, no seu aspecto polêmico, no seu aspecto contra-revolucionário, que a Revolução tanto gostaria de esconder e de disfarçar.
* Uma graça especial a ser pedida a Santo Antônio
Nessas condições, acho que devemos pedir hoje a Santo Antônio, uma graça especial. Ele que soube ameaçar a cidade de Orã com o fogo do Céu, nos consiga, nos faça esse favor de se apresentar em algum lugar do mundo, e nesse lugar do mundo nos obter, neste momento, uma graça que eu tenho em mente, mas que não quero dizer qual é. Esta graça é o melhor pedido que podemos fazer a Santo Antônio nesta noite.
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