Santo do Dia (Rua Pará) – 25/2/1965 – 5ª feira [SD 131] – p. 4 de 4

Santo do Dia (Rua Pará) — 25/2/1965 — 5ª feira [SD 131]

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Santo Alexandre percebeu o que havia de mal na doutrina de Ario, que então era um padre, e então o fulminou, excluindo-o da Igreja: castigou e quis atalhar quando a heresia ainda era pequena * O grande malfeitor do arianismo foram os bispos que não se solidarizaram a tempo com Santo Alexandre na oposição a Ario * O Progressismo e o Modernismo galoparam, como bestas do Apocalipse, sobre os túmulos de São Pio X e do Cardeal Merry del Val, tendo este último sido provavelmente assassinado * A capa do Cardeal Merry del Val, autenticada e comprada pelo Grupo, tendo sido o dinheiro empregado em seu processo canônico: uma relíquia indireta

Santo Alexandre, bispo e confessor, bispo de Alexandria, abrasado de zelo pela fé, expeliu da Igreja o presbítero Ario, o súdito depravado pela impiedade da heresia. Mais tarde condenou-o novamente no Concílio de Nicéia. É o que diz dele o martirológio.

Será o aniversário também da morte do Servo de Deus Cardeal Merry de Val.

Neste dia, em 1949, foi assinada a carta em que o Sumo Pontífice Pio XII mandou louvar o livro “Em defesa da Ação Católica”.

* Santo Alexandre percebeu o que havia de mal na doutrina de Ario, que então era um padre, e então o fulminou, excluindo-o da Igreja: castigou e quis atalhar quando a heresia ainda era pequena

São três datas de natureza muito diferente, mas que todas elas têm a sua tonalidade em função aos dias de hoje. Sua atualidade a contrario senso, porque hoje em dia se faz todo o mal possível. Todo o bem que aconteceu no passado tem sua atualidade a contrario senso nos dias de hoje.

Em primeiro lugar, Santo Alexandre, bispo e confessor. Na qualidade de arcebispo de Alexandria (Alexandria do Egito era uma das mais importantes sedes eclesiásticas do mundo antigo, era mesmo um patriarcado), percebeu o que havia de mal na doutrina de Ario. E quando a heresia ariana ainda estava começando, ele fulminou Ario, excluindo-o da Igreja, sendo que Ario já era padre.

Os senhores estão vendo aqui a perspicácia desse santo: percebeu a heresia quando ela vinha, quando estava se delineando de longe. Já castigou e quis atalhar quando ela era pequena.

Apesar disso, a heresia ariana se desenvolveu como um árvore imensa que cobriu com seus ramos a terra inteira. Basta dizer — parece-me que é São Gregório que tem essa frase — que o arianismo espalhou-se com tal rapidez, que o mundo inteiro gemeu por se encontrar de um momento para o outro ariano.

Depois do arianismo ser condenado no Oriente e praticamente ter desaparecido no Oriente, ele se inoculou nos bárbaros que tinham invadido o Império Romano do Ocidente e invadiu o Ocidente. E ele dominou durante muito tempo o Ocidente, criando para a Igreja dificuldades gravíssimas, porque então era a invasão bárbara, pagã, invasão ariana, dentro da hecatombe do Império Romano. Humanamente falando, a Igreja quase desapareceu.

Todo esse mal procedeu de Ario. Se se tivesse atendido a observação desse santo — que além do mais estava tão categorizado, ele era bispo —, o arianismo não se teria espalhado pela terra.

* O grande malfeitor do arianismo foram os bispos que não se solidarizaram a tempo com Santo Alexandre na oposição a Ario

Qual foi a razão do mal imenso que assim se realizou?

É gente sem previdência, sem perspicácia, indiferente aos verdadeiros interesses da Igreja, que foi mole com Ario quase até o fim, e que permitiu que a doutrina dele se espalhasse como um incêndio. De maneira que o grande malfeitor disso foram todos os bispos que não acompanharam Santo Alexandre de Alexandria e não puniram, não se solidarizaram a tempo com a oposição a Ario.

Os senhores dirão: “Mas, Dr. Plinio, é dura essa linguagem apesar de tudo, porque então o senhor responsabiliza os bispos por isso. E o senhor acaba dizendo que a Igreja, considerada no conjunto de seus bispos, andou mal. Pois se estamos numa época em que vemos um Papa, como Paulo VI, dizer que a Igreja pede perdão por todo mal que fez no passado, um historiador não pode deixar de se perguntar qual é o mal. Então, fez algum mal. E não pode deixar de julgar legítimo que se procure qual é esse mal. Pois se ela publicamente pede perdão por algo, é legítimo perguntar qual é esse algo pelo qual pede perdão”.

No meu modo de entender, o mal é esse. É, por exemplo, não ter punido Ario a tempo. É, por exemplo, não ter punido Lutero a tempo. É, por exemplo, não ter vitalizado a Inquisição no momento em que devia fazê-lo. E é por tudo isto que eu acho que nós estamos sendo castigados.

Eu me lembro de uma frase de Joseph de Maistre a respeito da Inquisição. Ele teve um livro “Carta Sobre a Inquisição”, que o José Gustavo de Souza Queiroz, membro falecido do Grupo, traduziu. Nesse livro, depois de ele expor tudo sobre a Inquisição, diz o seguinte: não se trata, vendo como era esse tribunal, de perguntar qual é o mal que esse tribunal fez; trata-se de perguntar quem é o responsável pelo mal imenso de ter deixado inoperante e por fim ter abolido esse tribunal. Tal todo o mal que saiu do fato desse tribunal não ter existido.

Quando se fala das faltas da Igreja, não devemos pensar que tenham sido faltas de excesso de crueldade para com os hereges. As faltas ponderáveis foram faltas de moleza, e são essas que devemos visualizar.

* O Progressismo e o Modernismo galoparam, como bestas do Apocalipse, sobre os túmulos de São Pio X e do Cardeal Merry del Val, tendo este último sido provavelmente assassinado

Devemos considerar agora o aniversário da morte do Servo de Deus, Cardeal Merry del Val.

Os senhores sabem que o Cardeal Merry del Val, cuja capa se venera aqui entre nós, sua morte sugere um comentário absolutamente idêntico.

O Cardeal Merry del Val foi secretário de São Pio X. Morreu ele próprio, Merry del Val, em odor de santidade. Gozava da confiança enorme, da estima e de toda a consideração de São Pio X. São Pio X e o Cardeal Merry del Val tentaram fazer contra o Modernismo todo o possível.

Morreu São Pio X, o Cardeal Merry del Val, apesar de ser um homem de uma alta influência pessoal, de altas relações em todas as cortes da Europa, que naquele tempo era quase toda monárquica, de uma apresentação pessoal estupenda, de uma orientação doutrinária magnífica, foi posto completamente à margem. E depois de posto completamente à margem, a sua ação contra o Modernismo ainda se fazia sentir pelo alento que ele dava a todos os antimodernistas. E afinal de contas, como os senhores sabem, durante uma operação morreu do modo mais estranho possível. Fez uma simples operação de apendicite se não me engano no ano de 1922, no ano de 1930, quando as operações de apendicite já se tinham tornado perfeitamente banais. Era um homem robusto, forte.

O médico que o devia operar dessa operação muito simples, inexplicavelmente andava muito angustiado nas vésperas da operação, e ele morreu asfixiado durante a operação. Não foi feita nem no hospital, foi feita, não se sabe porquê, na casa dele.

Ouvi duas versões sobre a causa da asfixia.

Uns dizem que foi porque os médicos o cloroformizaram e se deveria segurar a língua com uma pinça durante o processo de anestesia para evitar que ele engolisse a língua e assim morresse sufocado, e a língua não foi segura com a pinça. Outros dizem que não, que houve um lapso: ele usava dentadura e não lhe disseram para tirar a dentadura no momento da operação, e que então a dentadura teria escorregado para a garganta e teria prejudicado a respiração dele.

Eu não sei qual das duas causas é mais esquisita do que a outra.

Um próprio sobrinho dele, com quem conversei uma vez, um embaixador espanhol, Marquês Merry del Val, disse-me claramente que o tio dele foi assassinado, que o incidente operatório não tinha significado, não era possível explicar, a não ser por meio de assassinato.

O Cardeal Merry del Val jaz na cripta do Vaticano, numa muito bonita sepultura, perto da de São Pio X.

O Progressismo e o Modernismo sobre os restos dele e de São Pio X galoparam como as bestas do Apocalipse, e agora estão por todo lugar que os senhores vêem, dominando a terra.

* A capa do Cardeal Merry del Val, autenticada e comprada pelo Grupo, tendo sido o dinheiro empregado em seu processo canônico: uma relíquia indireta

Restos disso é esta capa aqui.

Para os senhores saberem o que essa capa representa, é a capa cardinalícia — ainda de seda, vai ser transformada misteriosamente em lã — que o cardeal Merry del Val usava. Essa capa nos foi vendida pelo promotor do processo de canonização, do cardeal, diretamente a nós, e tem cozida, dentro dela, uma declaração dele de que se trata da capa do Cardeal Merry del Val, etc. Ela foi adquirida com dinheiro levantado de uma contribuição dos membros do Grupo quando estávamos na Europa, em 1962. Esse dinheiro foi empregado na canonização do Cardeal Merry del Val, disse-nos o postulador.

A capa tem isto de interessante: que é uma capa muito consertada e muito curtida. Sem perder o decoro, ela é muito consertada e curtida, provando o espírito de pobreza do cardeal. Ao mesmo tempo ostentando um ornamento esplêndido, mas no possível, no necessário, vivendo na pobreza.

Dessa capa foram tirados alguns fragmentos exatamente para aquele livro da ladainha da humildade do Cardeal Merry del Val, sobre um comentário que foi feito a respeito dela.

De maneira que então o objeto é de uma inteira autenticidade e os que querem pedir alguma graça ao Cardeal Merry del Val têm muito motivo para pedir e uma razão especial de confiança na presença da capa aqui. Porque uma relíquia indireta torna mais provável a obtenção das graças de um santo.

Direi amanhã uma palavra a respeito da carta que em 1949 o Santo Padre Pio XII mandou para louvar o livro “Em defesa da Ação Católica”.

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