O
Anticristo já veio?
Capítulo 14 - Pentecostalismo joanino 1
A. correlação entre a propaganda da mística e o pentecostalismo joanino 3
B. Pontas de lança da “graça” nova: as moças e um neurótico. Amostras da “graça” nova 4
1. No êremo de São Bento por ocasião do primeiro aniversário do passamento de Dr. Plinio 4
2. Em Cardoso Moreira, por ocasião da apresentação do coro e fanfarra (25/8/96) 4
4. No “êremo” da rua Santarem 6
C. Fulgurações da “graça” nova num congresso de neo-cooperadores 7
11. Quem vibra nas apresentações joaninas, passa para o Reino de Maria 38
E. “Tournée” de JC pelo exterior em janeiro de 1998 39
F. Outras manifestações da “graça” nova 56
G. A “tournée” joanina do ano 1999 59
H. Um mistério: por que todos esses desmandos não deram passo a estrondos? 59
II. Concepção joanina-pentecostal da autoridade: “Graciocracia” 61
Iii. Concepção joanina-pentecostal de “entusiasmo” 66
B. Importância tática do “entusiasmo” 70
D. Diferenciação entre entusiasmo e fervor 75
IV. Caraterísticas do tipo humano joanino e das reuniões joaninas 76
A. Celestial loucura que faz perder o senso humano de todas as coisas 76
B. Substituição da razão pelo apelo ao “sobrenatural” 77
D. No que pode acabar a alternância de euforia e abatimento 89
E. Contraste entre as reuniões de Dr. Plinio e as de JC 89
V. O pentecostalismo de JC, diluição ou requinte do pentecostalismo hodierno? 90
VI. O pentecostalismo joanino, continuação e requinte da Ação Católica? 97
VII. Critérios para analisar o pentecostalismo joanino 102
A. Estado de espírito habitual de Dr. Plinio – Impostação de Dr. Plinio perante os “alegretes” 102
B. Posição de Dr. Plinio perante o movimento carismático 104
C. Ensinamentos de Dr. Plinio 105
1. O movimento carismático, pórtico da IV Revolução 105
2. O movimento carismático, ponta de lança da V Revolução 106
3. Correlações entre democratismo, autogestão, pentecostalismo e progressismo 112
4. Correlação entre pentecostalismo e panteismo 114
5. Processo da intemperança 115
6. Efeitos próprios da graça 119
D. As mutações temperamentais analisadas por São Francisco de sales e por um joanista 120
E. Depoimentos insuspeitos 120
1. O Senhor não está na convulsão 120
2. Flash e agitação são coisas incompatíveis 120
3. Caraterísticas de um ambiente infestado 121
VIII. Como lutar contra os homens carismáticos do demônio? 122
I. Concepção joanina-pentecostal do Grand Retour e do Reino de Maria
Reunião de JC na Itália, 4/2/96:
Eu não concebo o Grand-Retour conosco divididos pelo mundo como estamos no momento. É impressão pessoal.Eu acho que de repente por alguma razão, por algum comunicado, alguma situação muito grave nós nos unimos --pelo menos a maior parte do Grupo-- em algum canto do mundo. Aí, então, vêm os sonhos, as aparições, acho que vem revelações, vem inspirações e começa um profetismo de vários. Levanta um enjolras e diz: "Olhe, eu senti uma voz interior que me disse tal coisa". Levanta um sujeito que tem setenta e tantos anos de idade e diz: "Mas eu hoje de manhã quando levantei, olhando pela janela vi uma cena assim e assim". Vai completando um quadro daqueles.
Quando chega um certo momento há um clic e aí o Espírito Santo desce.
*
Conversa com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 24/3/96 – JC descreve o que ele entende por “nova economia da graça”:
Eu entendo umas graças tão estupendas, tão místicas, como nunca iguais houve na história, ou pelo menos na linha das que houve, mas com mais intensidade. (...) Eu acho que as graças novas vão nessa linha, ou seja, tanta mística, tanta visão, tanta revelação, tanta inspiração, tantos sonhos, tantas aparições, que deixa todo o mundo [boquiaberto].
E são graças que transformam a todos. De repente um de nós sai com um dito magnífico, extraordinário, fruto da graça. Um outro toma uma atitude que deixa a gente espantado, e todo o mundo com uma alegria extraordinária, querendo mais, querendo fazer isto, querendo fazer aquilo, realizar tal coisa, isto e aquilo. Todo o mundo tomado por graças místicas de uma união com o Sr. Dr. Plinio colossal e lembrando-se de situações, lembrando-se de coisas que ficaram inteiramente no esquecimento até aquele momento. Aí, então, é uma transformação operada dentro do Grupo que deixa todo mundo pasmo.
(Boldrini: O senhor imagina isso como precedendo o "Grand-Retour" ou isso sendo o "Grand-Retour"?)
Precedendo, durante ou pós-cedendo, sucedendo. Não sei, mas haverá em certo momento.
Carta do Padre Olavo ao Cônego José Luiz Vilaq, 1/5/97, transcrita em "E Monsenhor Lefevre vive?" pp. 254, 265, e endossada pelos Padres Gervásio e Antônio:
Em 3 de outubro de 1996, por ocasião da Missa de aniversário da morte do Sr. Dr. Plinio e nos dias subsequentes, correspondentes de Cardoso Moreira, na totalidade moças, foram ao êremo de São Bento procurar o Sr. João. Lá esperaram de 13:30 h até às 18:00 h disputando com outros correspondentes em entusiasmo. Ajoelharam-se diante dele, pedindo conselhos, benção, cruzinhas, etc. (1). Entre elas estavam as subscritoras das tais cartinhas (2) (...) Uma das subscritoras que não pode ir recomendou muito ao Sr. Coutinho que pedisse a benção do Sr. João (3) e justificasse a sua ausência.
Comentários:
No que consiste uma disputa em entusiasmo? Quem permanece mais tempo ajoelhado --ou prosternado-- diante de JC, pede em voz mais alta --ou talvez aos gritos-- conselhos, recebe mais benções e cruzinhas na fronte, é quem tem mais “entusiasmo”?
Ver Capítulo 17, II, I, “Fax e cartas das moças a seu fundador, modelo e meta”.
Não pediu a JC a benção de Dr. Plinio, mas a benção “do Sr. João”. Há portanto dois tipos de benções nos arraiais joanientos.
*
Nesses mesmos dias, um grupo de mais ou menos 60 moças, fizeram uma manifestação na rua atrás do S. Bento, às 11 horas da noite, gritando em direção à torre: “Padrinho, saia!”, a ponto de os vizinhos, assustados, acenderem luzes para saber o que estava acontecendo.
(Cfr. Relatório Sr. Ureta p.50).
Carta do Padre David a Dr. Caio, 3/2/97:
Para o Sr. ter uma idéia do que se passou aqui com a vinda [do JC], citarei alguns fatos. As moças de Miracema e S. Paulo gritavam e cantavam “santo”, “santaço”, “santo de altar”, “padrinho santo do meu coração”, “padrinho, uma troca de olhar”, “padrinho, um olhar”, e também “Sr. João, rogai por nós”, “eremitas, carreguem o Sr. João na cadeira, senão nós vamos carregá-lo”. Isto tudo, Dr. Caio, diante de pessoas estranhas, do candidato a Prefeito, sua esposa, vereadores, apostolandos e paroquianos que não são correspondentes, e tudo dentro da Igreja diante do S.S. no Sacrário. Moças e senhoras trepavam sobre os bancos da Igreja, até em cima do encosto das mãos, umas se apoiando nos ombros das outras e algumas saltavam, pulavam e se resquebravam, batendo palmas, cantando as musiquinhas que compuseram para o Sr. João. Foi uma verdadeira histeria. Pedia-se silencio mas elas não obedeciam.
Outra coisa que estranhei foi a chegada do Sr. João. Trepou no estribo de um carro e acenava para o povo. Houve quem achasse a cena ridícula. Formou-se um corredor no meio do povo para ele passar e ele andava com as mãos estendidas para o lado a fim de que as pessoas tocassem! Podia muito bem andar rápido, mas prendia a marcha para ser visto e tocado. Foi um verdadeiro tumulto.
*
Esse relato do Padre David em parte é confirmado e em parte infirmado pelo insuspeito Padre Olavo, em carta ao Cônego Vilaq, 1/5/97, transcrita em "E Monsenhor Lefevre vive?" pp. 264 e 265, e endossada pelos Padres Antônio e Gervásio:
No dia 25 havia uma superlotação, um super entusiasmo, mais aplausos e cantos ao Sr. João e alguns excessoss inocentes, como os de algumas senhoras e moças que subiram nos bancos e de dois ou três cooperadores que subiram nas janelas da igreja. Mas tudo dentro de um clima de modéstia e respeito.
Mais adiante, nessa missiva, o Padre Olavo afirma que fatos como esses “nunca mais se repetiram” ...
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O que o Padre Olavo denomina “clima de modéstia e respeito”, não concorda com o que presenciaram um grupo de paroquianos de Cardoso Moreira. Num relatório eles se referiram ao estado de espírito dominante nessa ocasião com palavras como estas:
Algazarra, histeria, fanatismo, sufoca o homem, frenesi, gritaria, perturbando o bom andamento, tumultuavam, exagero, moças se requebrando, burburinho, escândalo.
(Cfr. Carta do Pe. David aos Pes. Olavo, Antonio e Gervasio, 6/6/97)
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André Dantas reconhece que de fato houve “abusos e excessos” nessa apresentação, mas considera “evidente” que o clima reinante era “sobrenatural e de intensas graças sensíveis”.
(Cfr. Grafonemas de André Dantas para Marcos Faes, 19/11/96 pp.1 e 2; 25/10/96, p.5).
Ao longo deste Capítulo vai ficar claro o que os adeptos do joanismo entendem por “sobrenatural” e “graças sensíveis”.
*
O Pe. Gervásio concorda que realmente houve exageros; mas esclarece que “não são indicativos de um mau efeito [do apostolado de JC]”; são “facilmente corregíveis com uma boa orientação dos respectivos encarregados”; e deles JC está “inteiramente isento de qualquer responsabilidade”. (Cfr. Grafonema de André Dantas para Marcos Faes, 19/11/96, p.9).
Mas dessa época até hoje, muito tempo passou e os “exageros facilmente corrigíveis” não só continuam, mas se acentuam cada vez mais. E JC permanece absolutamente isento de toda responsabilidade ...
Entre outubro de novembro de 1996, o clérigo José Coutinho --conhecido pela entrada e prestigio que JC lhe concede, mas também pelas suas perturbações mentais--, dando uma reunião para correspondentes --na sua maioria mulheres-- em São Joaquim, “teria colocado um lençol do Sr. João Clá na cabeça; depois o teria picado em pedaços para dar como reliquia”.
(Cfr. carta do Sr. Ghioto ao Pe. David, 24/5/97, p.19)
O comportamento das “joaninas” no “convento” que elas habitam no bairro das Perdizes é muito bem descrito por um casal de vizinhos numa carta que enviaram a JC (e cuja cópia remeteram à Diretoria da TFP):
Nós, Eudóxia e Osvaldo Lacerda, residentes na Rua Santarem 269, (...) tomamos a liberdade de escrever a VS, para pedir a grande delicadeza de interferir a nosso favor, junto às moças moradoras à Rua Santarem 299, que se dizem da TFP, e que tem ocasionado muita perturbação de sossego à toda a vizinhança.
(...) Percebe-se que estas moças recebem muitas visitas, tal o número de carros que lotam o quarteirão; até aí, tudo bem, não temos nada com as suas vidas. O problema acontece, quando alguma visita vai embora, e sai toda a turma à rua, se põem a cantar, a dançar em roda, batem palmas, completamente desvairadas, businas de carros, é uma loucura total! (1) Isto pode acontecer nas mais variadas horas, seja de manhã ou à noite. E ainda, às vezes, tem o péssimo hábito de ouvir discos em altíssimo volume.
Como no último dia 11 de abril, Sábado de Aleluia, à noite, o alarido recrudesceu, fui até lá para pedir silêncio, tentando convencer a pessoa que me atendeu, que aqui não é cortiço e fiquei apavorada com a irresponsabilidade dessas moças, visto que estavam “malhando o Judas”, ali no jardim, dando para se ver as altas labaredas que ultrapassavam o portão da garagem, que é bastante alto; que perigo! fuligem pelo ar, labareda, e quantos vizinhos que tem o botijão de gás, por ali nos quintais, inclusive nós.
Não aguentando todo este disparate, chamamos a policia, que nos atendeu prontamente e pediu a elas com bons modos, que maneirassem.
No Domingo de Páscoa, à noite, tudo recomeçou, indo até mais tarde, para mostrar a sua vingança e represália; que belo espírito cristão! Ao saírem as visitas, novamente aquele “canto de guerra” (é um espetáculo surrealista, grotesco, para não dizer deprimente), buzinas, barulho de motor dos carros, e era por volta da 1 hora da manhã, quando alguma delas (que certamente fora entregar a colega em casa), ao voltar disparou a buzina, para que viessem lhe abrir o portão da garagem. (...)
Comentários:
Quem será o “visitante” aludido: JC? algum outro santo? alguma santa?
Nelson Tadeu relata o programa do congresso de neo-cooperadores realizado em São Paulo, em fevereiro de 1996:
(...) foi transformado em audiovisual aquele Santo do Dia espetacular do Sr. Dr. Plinio: "Pensa na Bagarre e ela te preparará". Foi das coisas mais aplaudidas, porque esse trecho de palavras do Sr. Dr. Plinio tem mais ou menos uns dezenove minutos e quando terminou foi o dobro de aplausos. Ou seja, deu mais de meia hora de projeção só por causa dos aplausos.
(...) No dia seguinte se passava propriamente para uma abertura da era dos milagres. Para que eles pudessem ter uma certa idéia dos milagres que nós podemos esperar foi feito, com base nas narrações do Pe. Berthe e dos Evangelhos, toda uma cena narrando desde a morte de Nosso Senhor até o martírio de Santo Estevão, todo o "Ato dos Apóstolos".
(...) Foi nesse dia que se deu um fato impressionantíssimo. É que no final desse ato estava sendo feita uma proclamação e na proclamação às tantas se dizia: "Alegrai-vos, exultai e cantai o nome que é terror dos ímpios". Quando o proclamador dizia cantai e repetiu cantai, estava se armando uma tempestade e nessa hora um trovão colossal.
[Aplausos]
JC: O proclamador se assustou, hein!
Nelson Tadeu: O proclamador tentou interromper as palmas e disse: "E digo novamente, cantai!". Nessa hora outro trovão.
[Aplausos]
JC: Eu não estava presente, mas me disseram que o trovão era para valer, era um trovão mesmo, desses de fazer tremer o prédio.
Nelson Tadeu: Tem gravado, Sr. João.
JC: Está gravado, é.
N. Tadeu: Houve um terceiro trovão, mas isso depois de aplauso, brado, portanto, não dava para prever absolutamente nada. Quando se dizia: "Cantai o nome que é terror dos demônios, pavor dos ímpios, júbilo do Céu, perfeito louvor de Maria". Porque se pronunciou perfeito louvor, aí foi o trovão maior, que tomou conta do auditório.
[Aplausos]
JC: Eu acho que foi um dos sinais mais patentes da intervenção dele, da presença dele, de que tudo estava sendo tocado por ele. É inegável.
N. Tadeu: O impressionante, Sr. João, é o ambiente sobrenatural que se criou depois nesse momento. Quando terminou a proclamação ficou um ambiente tão denso de graças, que ninguém queria ir embora. Eles precisavam ir para o almoço, mas ninguém saía. Todo o mundo comentando, exclamando, etc.
JC: A partir daí segurar o pessoal era impossível.
N. Tadeu: À tarde foi feito um ato onde se procurava dar uma idéia de uma série de milagres ao longo da História, para que se pudesse ter uma idéia de quais poderiam ser os milagres que nós temos pela frente. (...) Tem vários fatos, mas às tantas uma das proclamações que tomou mais foi a história de Scanderbeg. Foram tantos aplausos que calcularam pelo menos quarenta e cinco minutos de aplausos durante o ato. O ato estava planejado para duas e pouco, no total deu três horas.
(...) No dia seguinte houve uma reunião sobre como é que o Sr. Dr. Plinio tratou sobre a "Bagarre" durante a vida, como é a "Bagarre" vista de dentro dos olhos dele. Para ilustrar a beleza dos castigos foi feito um vitral que tomava todo aquele arco central com um Cristo gladífero, e havia uma cena com sete anjos com trombetas, e foi proclamada a parte do Apocalipse que trata disso. Foi das partes mais impressionantes, parecia que o auditório inteiro pulsava de alegria ao ver os castigos de Deus.
Aliás, em todos os momentos em que se mencionava castigo, luta, "Bagarre", etc., o auditório literalmente saltava.
Uma vez terminado o evento, os participantes retornaram às respectivas cidades. A respeito de como foi o percurso entre S. Paulo e Minas Gerais, relata José Eduardo Pinheiro:
No ônibus de volta, na hora dos clássicos discursos, um tumulto. Parecia mais um grupo de nordestinos do que de mineiros.
JC: Isso já é milagre, isso já é milagre.
Todo o mundo querendo fazer discurso.
Segundo um dos encarregados do apostolado em Belo Horizonte, um rapaz de origem inglesa, “numa das reuniões ele estava mais para o fundo, por questão de lugar, e o apóstolo ao lado. [O rapaz] disse: Eu quero ir para a frente que eu quero ver aquela luz”.
A respeito disso, JC comentou: “[O rapaz] disse que via na conferência que era feita, na cena que era montada, ele via uma luz. Então, ele queria sair do fundo e vir mais para a frente para tomar mais contato com a luz”.
(Cfr. “Jour-le-jour” 22/2/96)
Nos dias 13 e 14 de abril de 1996, celebrou-se no Norte Fluminense o jubileu sacerdotal do Pe. Gervásio. JC esteve lá.
As notas marcantes das comemorações --qualificadas como “prenúncios do Reino de Maria”-- foram: longas reuniões, longas cerimônias, longo convívio, apinhamento, sem diferenciação de sexos, sem pensar na Revolução, sem desentendimentos; felicidade de situação. Em resumo, aquilo foi uma experiência mística coletiva, permanente e sem interrupção.
Na reunião de 3 horas de duração --segundo consta no texto 960416SA-- que fez para os CCEE dessa zona em 14/4/96, JC assim descreve o dia anterior:
Ontem, naquele conjunto todo de acontecimentos, que foram cerimônias, segundo os cálculos que fazia o Pe. Olavo, de seis horas consecutivas, acrescentadas à essas seis horas mais duas de jantar com música ...
(...) Estas oito horas de convívio ontem, para alguns até mais porque quando eu cheguei às 4h30 a igreja já estava cheia, portanto para alguns foram dez horas de convívio, dez horas de convívio ou mais para alguns, para outros oito horas exatas, mas foi um convívio já prenunciativo de algo que vem. E naquela felicidade de situação que todos sentiam ali eu participava daquela felicidade.
Eu muitas vezes pensei isto: "Quanto o Sr. Dr. Plinio gostaria de ter visto isto em vida?" Mas depois eu completava: "Quanto ele deve estar contente vendo isso da eternidade". Porque era patente a presença dele ali, era patente que ele estava agindo sobre as almas, era patente que ele enquanto fundador estava se interessando pela obra dele, tocando a esse, tocando aquele, tocando aquele outro. Ou seja, presente em cada um e tocando o coração de cada um.
Na reunião que fez para os rapazes da Saúde, no 16/4/96, JC fornece mais dados:
Em certo momento nós assistiremos um fenômeno coletivo, não digo da Humanidade inteira a não ser no Reino de Maria, mas já durante a Bagarre nós assistiremos um fenômeno coletivo de uma descida de uma graça especial que vai tomar a todos os membros do Grupo, a ponto de nós nos olharmos e não nos reconhecermos quase. Isto extensivo a boa parte da opinião pública. (...)
Ora, quando essa graça de amor de Deus é dada pelo próprio Deus, portanto, Ele inflama o coração das pessoas, as pessoas se entusiasmam, saem cheias de fogo à procura de adversários para destroçar, não há quem segure.
(...) Quando a graça do Grand-Retour bater, a sanha de vitória que pairará no coração de cada um vai ser tão grande, que não vai haver obstáculo. Nossa gente vai comer parede com os dentes!
O senhor me pergunta: "O que houve lá já foi algo na linha prenunciativa?".
Eu digo que foi, porque eu em minha vida nunca vi uma graça tão intensa e tão coletiva quanto aquela. Eram verdadeiras chamas de entusiasmo que batia sobre aquela gente toda e que dava àquela gente uma disposição de alma...
Para terem idéia, coro, o pessoal bis; tal outra coisa, fenomenal, bis; mas quando tocaram os tambores, o pessoal só faltava dizer: "Me dêem os instrumentos! Me dêem os instrumentos!"
Aí eu vou dizer para o senhor: não tem sexo masculino, não tem sexo feminino, não tem nada. Todo o mundo entra na história para valer e não há quem segure.
De maneira que foi um prenuncio de algo que virá no futuro, foi uma experiência mística que nós tivemos de uma graça dada por Deus coletivamente para os tempos futuros, que estão muito menos futuros do que nós imaginamos.
(...) Lá a gente até esquecia o que era Revolução, a gente até esquecia que estávamos no século XX, a gente tinha às vezes a impressão de que estava numa outra era histórica.
Na reunião para os veteranos, de 16/4/96, JC acrescenta:
Eu nunca vi em minha vida --mas olhe, eu não vou exagerar -- nenhuma Itaquera, nenhum retiro, nenhum simpósio, nenhum congresso, nenhum encontro, nenhum nada-- nada que tivesse tanta graça coletiva e de forma tão permanente e sem interrupção como nesses dois dias. Nunca vi! Nunca vi em minha vida!
Eram umas mil e duzentas pessoas. Eu cheguei na igreja eram quatro e meia da tarde, comecei as minhas atividades para mexer nisso, naquilo, naquilo outro e terminei às duas e meia da manhã sem o menor cansaço. E olha que o meu hábito, quando eu tirei, ele andava sozinho. Estava todo molhado, todo molhado (1).
Mas uma graça, e um desejo de uns fazerem bem pelos outros... Só esse detalhe mínimo que mostra um pouco para o Sr. Foi uma observação do Padre Olavo e que eu confirmo inteiramente.
Tinham umas duas ou três famílias do Paraná, umas duas ou três famílias de Minas, com as criancinhas respectivas. Então, era um mulatinho que pegava um alemãozinho pela mão e que ia levar num lugar para tomar água. Então, pegava o copo dava para ele, etc. Quer dizer, até as crianças! Nenhuma briga, nenhum desentendimento (2), todo o mundo ajudando o outro e todos querendo fazer bem pelos outros. Num clima que eu reputo prefigura do Reino de Maria. [Exclamações]
E depois não paravam. Se eu deixasse passavam uma noite cantando e numa alegria do outro mundo.
No dia seguinte --não se dormiu à noite porque fomos deitar eram três e meia, quase quatro horas-- às onze da manhã, café da manhã e logo em seguida reunião.
(...) E a reunião estava tão abençoada que o pessoal... Eram três da tarde e o pessoal não tinha dormido à noite e ninguém com sono, todo o mundo querendo mais, ninguém saindo e muita gente com lágrimas nos olhos (3). Até o Pe. Olavo. Estava todo mundo...
(...)
(Colombo: "Pugnemos pro Domina!" Isso que ocorreu em Lajes de Muriaé, o Sr. acha que é uma manifestação de uma nova forma de apreço ao Sr. Dr. Plinio? Seria uma graça nova?)
Eu acho que é uma graça nova dentro da graça nova. É um prenúncio do Reino de Maria, ouviu?
(...) Pessoas que ficaram --eu vi-- seis horas de pé! Das seis da tarde... Até antes porque chegaram lá pelas cinco, porque às cinco ia começar a cerimônia e não tinha mais lugar para sentar. Ficaram das cinco da tarde até à meia noite em pé. E depois, quando começou o coro e a fanfarra o pessoal que estava sentado se levantou todo e ficou todo mundo de pé próximo do coro e da fanfarra porque queriam ouvir de perto. [Risos] Era um apinhamento que os srs. não fazem idéia! Não dava para passar!
Comentários:
Então, JC chegou na igreja às 4:30 da tarde e saiu às 2:30 da madrugada do dia seguinte; seu hábito estava tão umedecido pela transpiração, que “andava sozinho”. Isso é apresentado como fruto da “graça” e da “benção” que havia.
Sem nenhuma briga, nem desentendimento. Claro, porque esqueceram da Revolução.
Ao sair da reunião de JC, muita gente estava com lágrimas nos olhos. Na noite anterior, todos estavam “cantando e numa alegria do outro mundo”. Quer dizer, a alegria do público joanino se manifestava ora através de prantos, ora através de cânticos.
Na viagem que o carismático e sua banda fez à região de Campos, em maio de 1996, as notas salientes foram: homenagens a JC, admiração a JC, apinhamento, apagamento do senso de alteridade, longas cerimônias, entusiasmo irracional, pressão do ambiente, todo mundo fora de si, alegria que se manifesta em cânticos, aplausos e prantos:
Reunião para CCEE, 19/5/96:
Eu via certos olhares, aqui, lá e acolá, por onde eu passei nestes dias, que me perguntavam interrogativamente: "Escute, mas isto já é o Grand-Retour? [Aplausos] Tanta graça, tanta graça, tanta graça que se punha o problema: Será já o Grand-Retour? Porque eu me sinto com o coração leve, eu me sinto com a alma voando. Eu tenho impressão de que estou vivendo numa outra era. Entretanto, eu levo um susto quando olho para esse mundo! Quando eu olho para esse mundo eu vejo que ainda não estamos no Reino de Maria. Entretanto, eu já sinto em mim graças tão extraordinárias que eu me pergunto se já não é o Reino de Maria. Mas então eu fico meio vesgo, meio vesga, porque eu olho e sinto essas graças e ao mesmo tempo vejo que fora nada mudou. Como é que é isso?"
De fato, nós estamos recebendo graças sobre graças, sobre graças, sobre graças. E se cumpre a palavra de Nosso Senhor no Evangelho: "Ego veniet um vitam habeant et abundantius habeant" -- Eu vim para trazer a vida e para que a tenhais em abundância. [Aplausos]
Essas graças têm sido derramadas de forma muito especial depois do dia três de outubro. Há um grande canonista, especialista em fundadores, (...) ele defende a tese --e com documentos-- de que quando um fundador morre e a obra dele continua, e este fundador tem o seu processo de beatificação encrencado porque ele só tem dois milagres e falta um terceiro, ele afirma que o fundador que tem a sua obra continuada, a sua obra estabelecida, a sua obra não feneceu, pura e simplesmente se sua obra permaneceu tal qual quando ele morreu, que isto já é um milagre. E diz ele que este é o terceiro milagre. Terceiro milagre considerado como válido para a canonização de qualquer fundador.
Nós podemos dizer: o primeiro milagre de nosso Pai e Fundador está feito.
[Aplausos, brado com três vezes "João Clá Dias" no final.]
(...) nós temos a alegria imensa de poder --junto com os quatro reverendos sacerdotes que aqui se encontram em minha frente: Rvmo. Padre Olavo, Rvmo. Padre Antônio, Rvmo. Padre Gervásio, Rvmo. David-- aqui, com mais uma multidão que eu creio que extravasa completamente os limites e as proporções para as quais foram estudadas e planejadas a construção deste auditório ...
Este auditório, que dizem ser um dos maiores aqui de Campos, não contém o movimento. É verdade que veio gente de Cardoso Moreira, veio gente de Italva, veio gente de Laje do Muriaé, veio gente de Miracema, mas o norte fluminense já não cabe mais neste auditório grande. Isto é uma atuação de nosso Pai e Fundador.
(...) Este Brasil foi feito pela Providência para conter dois dos maiores santos da história!
[Aplausos, brado com três vezes "João Clá Dias" no final.]
(...)
[Aplausos, brado com três vezes "João Clá Dias", no final.]
*
Reunião para a Saúde, de 21/5/96:
(José Bansi: Sr. João depois de alguns jornais falados que tivemos do que aconteceu lá em Miracema se vê que é uma graça de admiração colossal ao Senhor Doutor Plinio, de gente que era correspondente, uma graça de admiração colossal pelo Senhor Doutor Plinio na pessoa do senhor.)
Não na minha pessoa eu não diria, na pessoa de todos mundo até para o Sr. José Afonso que cantou na chanson quiseram que ele fosse oscular os programas e depois gente que se levanta e diz: "Olha eu vejo um eremita", não é uma graça de consolação muito grande que as pessoas ficam...
[Exclamações]
(...)
(Juarês: ...inaudível ...)
Ah, isto o Sr. pode dizer, isto o Sr. pode afirmar com toda lisura, sem problema nenhum, que isto são gotas já de Grand-Retour, isto não tem dúvida. [Exclamações]. Isto é certo.
(Juarês: Nosso Senhor também escolheu Nossa Senhora como símbolo, o Espírito Santo descer sobre ela para daí vir sobre os outros.)
Foi.
(Juarês: A história se repete. ...[inaudível]... Agora é ousado afirmar que isto pode acontecer com o grupo por exemplo: vem o Espírito Santo para o discípulo perfeito do Senhor Doutor Plinio e daí vem para o grupo.)
Se houver discípulo perfeito é capaz. Mas onde é que está? (...) Não seja como aquele sujeito que a gente começa a apontar uma estrela, ele em vez de olhar a estrela, fica olhando a ponta do dedo; olhe para a estrela veja a estrela que está na origem disto. Se o Sr. tirar esta estrela não tem mais nada, tudo cai por terra. É ele [Dr. Plinio] quem está agindo e está agindo de forma gratuita e as pessoas ficam procurando uma causa ... Mais ou menos como acontece no apostolado: os senhores vão e abordam um rapaz; traz o rapaz para a sede e o rapaz aqui começa a ter "flashes". Ele no primeiro momento se ilude, ele pensa que o apóstolo é um colosso. Mas só mais tarde é que ele vai se dar conta de que não é o apóstolo mais é o Senhor Doutor Plinio.
A mesma coisa eu acho que acontece com os senhores no momento. Os senhores ficam procurando isto, aquilo, aquilo outro, mas daqui a pouco nós nos damos conta: Ah, é verdade!
De maneira que é só uma questão de tempo, é só o Sr. esperar um pouco que o Sr. vai ter a coisa bem clara na cabeça.
(Juarês: Mas para mim está claríssimo ...[inaudível]...)
*
"Jour-le-jour" 23/5/96:
Eu dou um rápido jornal-falado dessa ida ao norte Fluminense.Chegou-se na sexta-feira e estava todo o grupo de Campos no aeroporto. Foram chegando um pouco atrasados porque o avião, por incrível que pareça, neste Brasil tão feito de lentidão e de calma, adiantou-se. Inclusive a própria banda que eles levavam para o aeroporto chegou atrasada.
Mas ao chegar a banda houve uma peculiaridade muito especial. É que eles levaram a banda, levaram os instrumentos, mas não tinha maestro. Então o homenageado foi obrigado a fazer o papel de maestro durante a chegada (1).
Partiu-se dali para a cidade de Cardoso Moreira, porque o Pe. David fazia questão fechada de que se conhecesse a capela dele. (...) Visitamos um pouco a igreja, mas ele cometeu um exagero do outro mundo. É que dentro daquela cidadezinha tão pacata, ele resolveu soltar uns fogos. Então eram fogos estourando por todos os cantos atrás da igreja, com os sinos tocando e os paroquianos enchendo e igreja.
Dentro da igreja, uma saudação da parte dele, que foi logo em seguida respondida, espero que à altura. Depois uma apresentação de um coral, com roupas todas sui generis, estudadas por eles mesmos lá, e com um coral afinadíssimo. Eu nunca pensei que pudesse haver um coral assim numa cidadezinha do interior com tanta afinação, mas muito afinado mesmo, e com umas solistas de muito boa voz.
Terminada essa festa toda dentro da capela (2), fomos a uma casa ao lado onde tinha um lanche preparado para alguns de nós, e todo o pessoal que coube entrou (3). (...)
Dali fomos para Italva. (...) Mas já na chegada uns pajenzinhos fazendo proclamações, estilo proclamações aqui do auditório, proclamações com voz bem empostada, não sei quanto, etc. Mais em cima, na porta da igreja, outras tantas proclamações (4).
Depois entra-se na capela, toda ela a meia-luz, proclamações com música, depois um cortejo com uns pajens, e às tantas uns pajens que convidam a que o visitante fosse coroar a imagem, porque era uma cerimônia de coroação da imagem.
No momento em que a imagem é coroada, cânticos, as luzes todas se acendem. Aí percebe-se que as luzes estavam tênues porque era um preparativo da coroação da imagem (5).
Discurso do Pe. Antônio, resposta do discurso, depois visita às dependências todas ali da casa onde ele vive, etc.
(...)
Em Miracema nos esperavam desde 6h30 da tarde e eu sei dizer que chegamos só às 10h15 da noite. Aí não, aí estava a fanfarra do Sr. Dr. Plinio, a fanfarra dos Santos Anjos montada. Houve fanfarra na chegada (6), missa solene, com o coro São Gregório Magno cantando gregoriano. Estava muito bonita a missa.
Depois da missa uma cerimônia que tocou a todos, mas a fundo. Porque é uma cerimônia de uma inocência realmente e de um bom espírito católico fora do comum. Era uma cerimônia realizada por meninos e por meninas. As meninas estavam todas vestidas de anjo, com asas muito bem... Eu nunca vi asas de anjo tão bem feitas como ali (...). Cantavam numa afinação também que me espantou (...) cantando aquele cântico gregoriano "Vinde, vinde do Líbano, para ser coroada". Passava um anjo que ia até o centro e cantava, enquanto o coro respondia, pedindo a Nossa Senhora que entrasse para ser coroada. Na porta estava um cortejo com uns pajenzinhos, com um andor, com a imagem de Nossa Senhora para ser coroada. Desce outro anjo, este outro anjo volta, até que juntam-se três anjos embaixo pedindo para que a imagem venha, venha. Até que a imagem sobe no presbitério, depois de muitos cânticos, e aí um cântico de louvor também gregoriano. (...) Dois pajenzinhos cantam pedindo que o visitante fosse coroar a imagem (7). O visitante tomou a coroa que veio sendo trazida, deu nas mãos do Pe. Olavo, mas o Pe. Olavo disse:
-- Não, não, o senhor tem que atender ao pedido.
-- Não tem dúvida, mas então pelo menos o senhor oscule primeiro.
Ele osculou a coroa, osculou a coroa também o Pe. Antônio que estava ali presente, e a imagem foi coroada.
Depois disto -- era mais ou menos meia-noite, meia-noite e dez quando isso terminou -- o Pe. Olavo disse ao visitante:
-- Todos estão esperando agora uma conferência do senhor.
-- Mas eles jantaram?
-- Não, ninguém jantou, mas eles estão dispostos, eles estão prontos para a conferência.
-- Bom, não tem dúvida, fôlego não falta, mas onde é que seria a conferência?
-- Aqui mesmo.
-- Está bom.
Uma conferência que não podia ser longa, foi até 1h20 da manhã só, e aí começou o jantar (8).
O tema da conferência foi a própria cerimônia e o próprio evangelho do dia, porque tudo formava um conjunto: o evangelho do dia, os cânticos, a cerimônia. Era uma gota de Reino de Maria que se dava ali dentro de uma capela tão singela, mas realmente é indescritível.
Quem esteve lá concorda comigo a cem por cento, para não dizer a duzentos por cento, mas havia ali uma gota de Reino de Maria.
No dia seguinte de manhã, um auditório que foi alugado a uns quatrocentos metros, mais ou menos, da capela do Pe. Olavo, esse auditório estava lotadíssimo (9), era um auditório que tinha mais de oitocentas pessoas brincando. Era festa da Sempre-Viva e a temática foi muito correlacionada com a festa do dia, num acompanhamento de um entusiasmo que se poderia passar o dia inteiro falando sem problema nenhum (10).
À noite apresentação da fanfarra e do coro. Aí já estava mais cheia ainda do que durante o dia, porque existia gente de fora. Se nós soubéssemos, nós tínhamos feito um programa só de três músicas, porque a cada música eles pediam que fosse "trisada" (11). Isto fez com que a apresentação começasse às 8h e pouco e terminasse às 11h15 da noite.
Termina às 11h15, mas como era uma festa muito importante, o Pe. Olavo fez questão de que os que estavam mais próximos a ele se reunissem na capela dele, mais os eremitas, e renovássemos todos a consagração de São Luís Grignion de Montfort.
Feita a consagração, pedem para dizer algumas palavras. Eu sei que foi-se jantar mais ou menos por volta da 1h, mais uma vez, nesse dia (12).
No dia seguinte tivemos missa, depois algumas palavrinhas aqui, lá e acolá, e fomos para Campos.
Em Campos o auditório era bem maior do que o de Miracema, havia oitocentos assentos, todos eles tomados, e em pé havia tanta gente que eu não creio que coubesse um cotovelo em algum lugar. Portanto, um auditório que estava repletíssimo, mas repletíssimo (13), devia ter pelo menos, mas pelo menos mil e duzentas pessoas, pelo menos.
Conferência sobre a Sra. Da. Lucilia, Sr. Dr. Plinio, uma referência a respeito da graça beneditina, a respeito da graça inaciana, da graça carmelita, desta graça, daquela graça, de como nasceu a Europa. (...)
Ali naquele ambiente havia isto: era um ambiente brasileiro, brasileiríssimo a mais não poder, de uma benquerença brasileira, de uma caridade, de uma bondade brasileira a mais não poder (14), e gente também disposta --porque é gente fogosa-- a pôr em prática o ditado mineiro de que dá-se um boi para não entrar numa briga, mas depois para sair dela só uma boiada, e olhe lá. Então gente disposta à luta, gente disposta à briga, etc.
(...)
Mas nós podemos falar --e é o que se dizia ali-- de uma graça luciliana e de uma graça pliniana. [Aplausos]
Uma graça que vai se expandindo pelo mundo inteiro, porque já está em cinco continentes. Ela está pela Europa, em Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Inglaterra; ela está no norte do nosso continente, está nos Estados Unidos, está no Canadá; está na América Central e vai por esse mundo afora. É uma obra que vai tomando corpo.
Eu fiquei espantado com o número, tanto em Miracema quanto em Campos, como isso está crescendo, está tomando corpo, está tomando vitalidade. Depois com músicas compostas já novas, com uma série de letras, coisa que a gente vê que tem vida, tem seiva, tem movimento.
Depois para aquele público todo apertadíssimo, apinhado, houve a apresentação que fizemos aqui na quinta-feira passada da Gesta.
Nos haviam dito que iriam estar presentes quinhentas pessoas. Então, apenas por cautela, foram impressos mil folhetos. Que nada! Faltaram folhetos em quantidade.
A Gesta quando chegou no final eram 10h30, mais ou menos, a opinião pública toda dentro queria que se começasse tudo de novo. É totalmente impossível, não dá. Então repete tal parte, repete tal outra.
O brasileiro é intuitivo, rápido. Aí já tinham aprendido várias letras --é verdade que tinham nas mãos o folheto-- e cantavam junto. As partes que foram repetidas pela segunda vez, foram todas elas um cântico só do auditório inteiro com o coro.
No dia seguinte, em peso, foi o grupo de Campos até o aeroporto. Eu creio que foi um alvoroço (...). Eu pensei que fosse um aeroporto particular de alguém, tão pequeno é o aeroporto, tão doméstico. O aeroporto tomado pelo grupo todo causou uma espécie do outro mundo. Um aviãozinho que tinha, quando muito, umas dez pessoas voando naquele dia. Quando eu saí eram aplausos, não sei quanto, mãos que se abanavam. Eu sei dizer que entrei no avião e todo o mundo olhando para mim como se fosse um Xá da Pérsia. [Aplausos]
Nós não estamos no aeroporto de Campos, hein!
Todos dentro fazendo questão de me cumprimentar:
-- Bom dia. Bom dia. Bom dia.
Depois, na hora em que o aviãozinho partia, deram para tirar os lenços e abanar os lenços no ar. (15)
(...)
Nós já estamos quase nesse pé, porque ao descer do avião eu fui andando correndo para poder pegar logo o outro que vinha para São Paulo --descemos no Rio-- e dois fazendeirões fizeram questão de conversar comigo. Um deles disse que tinha acabado de fazer um negócio com oitenta mil dólares. Era um homem, portanto, que fazia negócios, importante na região ali, mas ele estava querendo, enfim, ter um contato com alguém que tinha sido... Ele disse:
-- Nós viemos juntos. O senhor não se lembra, mas eu vi o senhor. Nós viemos juntos do Rio para cá, na sexta-feira, e agora pegamos o avião juntos. Que coincidência. Eu vi a manifestação que fizeram para o senhor na chegada também.
Porque hoje em dia ninguém mais se quer bem aí fora, ninguém mais tem essa autenticidade de imbricamento de alma, de formar um conjunto coeso como nós formamos. Ninguém tem aí fora um Pai e um Fundador como nós temos. [Aplausos]
Bem, aí está um jornal-falado sucinto a respeito do que se passou nesses dias e me parece que é essa graça que o Sr. Dr. Plinio chamava de nova e que nós já creio que podemos chamar de novíssima, porque há algo de novo dentro do novo que é uma espécie de fervor ainda muito maior, uma espécie de calor de alma muito mais intenso do que havia antes de 3 de outubro.
Eu ouvi de pessoas que estiveram lá este comentário:
-- Quem não viu isto, conversando e dando o jornal-falado não faz idéia. Para se fazer idéia é preciso ter visto.
De fato, o que se passou nesses dias é algo que é fora do comum, é muito mais do que havia anteriormente, de um calor de alma. É a mesma graça, mas acho que mais intensa, mais profunda, mais ampla, mais abrangente, é extraordinário (16).
Comentários:
JC fez o papel de mestre de orquestra, numa homenagem prestada a ele próprio.
Na pequena e pacata cidade de Cardoso Moreira, JC foi recebido com fogos de artifício e toques de sino; na capela, cheia de paroquianos, houve uma festa.
O apinhamento humano que aí houve é apresentado com simpatia por JC.
Ao entrar em Italva, JC foi recebido com proclamações semelhantes às do auditório. Mas quais proclamações do auditório? As feitas em homenagem a Dr. Plinio. E ao entrar na igreja, mais uma homenagem a JC.
Conforme JC avançava, as proclamações e a luminosidade iam num “crescendo”.
A fanfarra joanina --que não faz nada sem consultar previamente a seu senhor-- homenageia a JC quando este chega a Miracema.
O ponto culminante da cerimônia foi quando JC --depois de ter recebido um convite cantado-- coroou da imagem de Nossa Senhora.
Em Miracema, o público aguardou a chegada de JC desde as 6:30 até 10:15 da noite. Aí houve uma cerimônia, que terminou a meia noite. Depois houve uma conferência de JC, que durou até 1:20 da madrugada. De maneira que o público foi jantar depois de aguardar quase 7 horas. Isso terá sido proposital ou casual? Não se sabe. O fato concreto, é que isso é comum nas cerimônias joaninas. Mais abaixo o Pe. Royo elucida isto, pois ensina que entre o cansaso das pessoas e a mística há certa correlação.
Mais uma vez, uma massa humana apinhada.
O auditório estava cheio de gente. Mas as pessoas não estavam incomodadas com a falta de espaço; pelo contrário: não ligavam ou até mesmo gostavam daquilo.
À noite, um recinto com mais gente e maior “entusiasmo”.
O evento começou por volta de 8:00 da noite e terminou por volta da 1:00 da madrugada: 5 horas de duração.
Em Campos, no auditório, uma massa de gente apinhada.
O auditório estava repletíssimo, mas as pessoas de tal maneira não se incomodavam pelo fato de umas se esfregarem nas outras, que se queriam bem.
O Grupo de Campos foi despedir JC ao aeroporto. Aquilo foi um alvoroço. Enquanto as pessoas da casa aplaudiam a JC e abanavam os lenços, todas as pessoas de fora admiravam a JC e faziam questão de cumprimentá-lo.
Quer dizer, segundo JC, dentro do gênero “graça nova”, a “graça novíssima” é uma espécie e um requinte; e na escala do “fervor” está num degrau mais elevado. Mas acontece que aquilo que JC entende por “graça nova” não corresponde ao que Dr. Plinio entende como tal. Com efeito, a “graça nova” tem no centro a pessoa de Dr. Plinio e comporta um especial discernimento da Revolução (cfr. Reunião para CCEE norte-americanos 26/6/84). A “graça novíssima” tem a pessoa de JC no centro e não liga para a Revolução.
*
A respeito do “entusiasmo” que houve nesses eventos, um joanino fornece um depoimento que elucida muito sua origem e natureza (Cfr. Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 24/5/96):
(A. Tavares: Teve um que chegou um pouco atrasado e estava ouvindo eles bradarem no final “João Clá Dias”. Depois da segunda vez que bradou, ele disse: "Ah, agora é que eu entendi, é João Clá Dias, não é?". Perguntou para o Sr. Frizzarini: "Por que é que estão bradando o nome dele?". Aí o Sr. Frizzarini disse: "Entusiasmo, não é?". Ele disse: "Ah, puxa!".) [Risos]
Então, uma pessoa que chegou atrasada, viu que o auditório dava brados por JC e também se pôs a bradar, mas fez isso sem entender bem o que é que estava bradando nem por que razão bradava. Quer dizer, essa pessoa não procedeu racionalmente, mas movida pela “onda” e pela pressão do ambiente.
*
Referindo-se à expansão no Exterior dessas “graças” havidas no Norte Fluminense, dois joaninos descrevem o estado de espírito das pessoas nesses eventos:
(N. Tadeu: Em Portugal eles fizeram uma cerimônia no dia 18. O Sr. Bernardo Patrício é que escreve o grafonema e diz que estava todo o mundo fora de si, terminou todo o mundo chorando.)
Abençoadíssimo, está vendo? Quer dizer, há uma bênção que se espalha.
(Carlos Werner: Em Granada contaram que estão levando uma imagem, um andor, e as pessoas osculam as capas e as mãos dos que portam o andor. O que na Espanha é muito raro.)
(...) há uma graça de fervor, em que eles olham sobretudo para os eremitas, para os membros do Grupo e se encantam, se "enflasham", ficam assim enlevados. E isto vai num crescendo.
Essa história da Espanha, de Granada, já é outro sintoma.
Outro sintoma é o da Índia, que o Dr. Caio não contou aqui. (...) Foi lido que o pessoal fazia corredor espanhol, que parecia saída de Santo do Dia, pedindo a bênção.
(Cfr. Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum)
*
Num “grafonema de notícias” distribuído meio por debaixo do pano pelo pessoal do S. Bento - Praesto Sum, encontramos mais dados sobre essa “tournée”:
[Em Italva, cidade do Pe. Antônio], no discurso de recepção do Sr. JC disseram que o SDP tinha prometido que um dia iria visitar Italva, e que hoje estava se realizando essa promessa de NPF na pessoa do Sr. JC. (...)
Em seguida, o Sr. JC dirigiu-se para Miracema sem passar por Lajes, pois como o Pe. Gervásio estava em São Paulo, o Sr. JC julgou que não havia nada preparado para ele (1).
Os correspondentes de Lajes sabendo disso foram todos para a estrada, num lugar onde obrigatoriamente passaria o carro do Sr. JC. E fizeram uma verdadeira festa no meio da estrada! Com brados, cânticos, exclamações, etc.
O Sr. JC desceu do carro e fez uma palavrinha fenomenal sobre a confiança. No final de tudo, todos --apesar de estarem no meio da rua-- oscularam .../... (2)
[Miracema]. Quando o carro do Sr. JC entrou na rua da capela do Pe. Olavo, os sinos começaram a repicar e as pessoas se aglutinaram em torno do carro.
Como o carro não conseguia prosseguir o caminho, o Sr. JC desceu do carro e foi a pé em direção a capela (3).
Porém, havia tanta gente que, para o Sr. JC, 3 metros custavam 15 minutos (4).
Então o Pe. Olavo foi ao encontro do Sr. João para abrir-lhe o caminho.
Quando o Pe. Olavo cumprimentou o Sr. JC, o Sr. JC lhe osculou a mão, e o Pe. Olavo também fez o mesmo (5). Nesse momento, todas as pessoas presentes aplaudiram tão belo ato (6).
A primeira coisa que o Sr. JC fez foi vestir o hábito. Em seguida deu-se início à Santa Missa, onde no sermão o Pe. Olavo fez referências ao “discípulo amado do SDP” (7).
(...) Depois houve uma pequena cerimônia de coroação de uma imagem de Nossa Senhora. (...) Depois da imagem ser entronizada, um menininho começa a cantar uma música pedindo para o Sr. JC coroar a imagem. (...) Nesse momento, quando o Sr. JC coroou a imagem --apesar de serem 1:30 da madrugada-- os sinos começaram a repicar e houve uma queima de fogos (8).
(...) No domingo o despertar foi às 8:00, pois nesse dia iríamos para Campos. Assistimos à Missa das 9:00 e antes de irmos embora despedimo-nos do Sr. JC. A despedida foi um flash!!! Os eremitas cumprimentaram o Sr. JC no meio da rua! (9)
Depois dos eremitas terem ido embora, os correspondentes pediram uma palavrinha. Nessa palavrinha pediram para o Sr. JC fazer uma santa franqueza, dizendo qual o defeito que elas teriam que combater daqui para frente. O Sr. JC fez um tal raio “X” que todas elas não conseguiram conter as lágrimas! Dizem que foi uma coisa realmente impressionante (10).
Em Campos estava marcada uma reunião do Sr. JC às 16:30 (...).
O entusiasmo era tal que a Gesta começou às 19:30 e terminou as 23:30.
Nesse dia o Sr. JC descansou na sede social de Campos e saiu às 10:30 para o aeroporto. (...) No aeroporto estava uma verdadeira multidão! Todos aplaudiram a entrada do Sr. JC no avião e bradavam e cantavam.
O avião ficou esperando apenas o Sr. JC entrar para poder levantar o vôo. As pessoas do avião olhavam para o Sr. JC como se ele fosse o presidente da nação. Se eles soubessem quem era ... (11).
(...) Ah, antes que me esqueça, durante toda a viagem o brado dos correspondentes era:
Tradição Família Propriedade
Bagarre, vitória
Plinio Corrêa de Oliveira
Lucilia Corrêa de Oliveira
Comentários:
Quer dizer, a passagem de JC por uma cidade é algo tão transcendente, que esta precisa estar preparada para recebê-lo; e tão sagrado que só um sacerdote pode fazer adequadamente a preparação?
Então, na estrada houve uma verdadeira festa dos adeptos de JC: brados, cânticos, exclamações, ósculos de ... suas mãos? seus pés? seu peito? tudo isso junto?
O mesmo procedimento adotou JC quando esteve em Bogotá, em janeiro de 1998: indo da sede para o hotel, desceu do carro, não para avançar mais rápido, mas para fruir um “banho de multidão”.
Os fãs de JC gostam do apinhamento; seu senso de alteridade parece estar apagado.
O ósculo da mão do Pe. Olavo, por parte de JC, compreende-se perfeitamente: ele é sacerdote. Mas o ósculo da mão de JC, por parte do Pe. Olavo, não se sabe que fundamento possa ter. Talvez seja porque o Pe. Olavo considera a JC tão sagrado quanto ele próprio --ou mais até.
A claque aplaudiu e prestigiou o fato.
Para o Pe. Olavo, JC está para Dr. Plinio como São João Evangelista para Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não sabemos se o repique de sinos e queima de fogos de artificio deveu-se ao fato de a imagem ter sido coroada, ou ao fato de JC ter sido quem coroou a imagem.
A distinção tem cabimento. Porque para os correligionários de JC, uma coisa é “a união com Dr. Plinio” e outra é “a união com Dr. Plinio através do Sr. João”; uma coisa é “a fidelidade a Dr. Plinio” e outra “a fidelidade que o Sr. João tem a Dr. Plinio”, etc. E sempre nesses casos eles optam pela via joanina.
Se se tomar a palavra “cumprimentar” no seu sentido comum e corrente, não se entende por que razão aquilo é noticiado como algo extraordinário. Logo, essa palavra tem um sentido esotérico, que só os joanistas compreendem.
JC, a sós com um grupo de correspondentas, lhes disse qual é o defeito que elas devem
combater. Elas ficam tão impressionadas, que choram de emoção.
Esses prantos de alegria são frequentes nos eventos joaninos. Com efeito, neste mesmo relato está registrado que “na entrada de Campos, uma outra senhora parou o carro do Sr. JC e pediu para que o Sr. JC dissesse se a filha dela de 18 anos tinha vocação de religiosa ou de casamento. O Sr. JC fez uma tal análise que a mãe ficou contentíssima, e a filha banhada em lágrimas”.
As pessoas do avião olhavam para JC como se fosse a suprema autoridade temporal do Brasil. Mas estavam aquém daquilo que os joaninos acham de seu líder: ele é também a suprema autoridade espiritual.
Nos dias 8 e 9 de maio de 1966, o coro e fanfarra joanista esteve em Montes Claros. As caraterísticas dos eventos foram: apinhamento, culto a JC, emoções fortes, “êxtases”, “transfigurações”, alegria, lágrimas, sustos, gritaria, entusiasmo selvagem, longas cerimônias, ausência do mal. Vejamos primeiro o relativo à cerimônia do dia 8:
No sábado [dia 8] houve uma exposição feita pelo Dr. Carlos Alberto e depois pelo Sr. Marcos Garcia, uma apresentação de um audiovisual, um lanche. Logo após o lanche uma apresentação da fanfarra, mas num estilo diferente que eu já conto como foi, e com a presença de 600 pessoas, que era o que cabia dentro da igreja [que] tinha sido escolhida para isso. Muita gente chegou, de fora, não conseguiu entrar e foi embora. Desistiu por razões de acúmulo de pessoas ... desistiram e foram embora. Os que ficaram agüentaram uma programação que começou mais ou menos por volta de três e meia e terminou às dez da noite. O que para uma cidadezinha do interior não é pouco. (Cfr. “Jour-le-jour” 11/6/96)
Eu não consegui entrar em contato com o público de fora, porque onde eu ia, era 25, 30, 50 pessoas do Grupo atrás. Eu consegui apenas entrar em contato com uma senhora. De resto os membros do Grupo não me permitiram que eu pudesse tomar contato com o público e formar uma idéia (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96).
Quer dizer, os cooperadores se apinharam o tempo todo em torno de JC, impedindo que ele tomasse contato com o público de fora e fosse venerado. Para JC poder formar uma idéia de “como correu o evento”, seu discernimento dos espíritos não foi suficiente; ele precisava tocar e ser tocado pelo público --composto por homens e mulheres.
Ao dar instruções sobre como deveriam se comportar os cooperadores na próxima apresentação, JC pede que os “enjolrinhas” permaneçam sentados ou à distância. Quer dizer que na cerimônia do dia 8, os “enjolrinhas”, na igreja, estiveram ajoelhados perto dele? JC também conta que os “enjolrinhas”, antes de ouvir e degustar as músicas, já gritavam “fenomenal!” Ou seja, o ponto de partida de seu “entusiasmo” nem sequer era uma sensação:
Nós temos uma apresentação musical hoje à tarde. (...) Nós temos que ter hoje à noite um comportamento musical. Em primeiro lugar, nada de enjolrinhas perto do estrado onde fica o maestro. [Risos] (...) Então nada de ficarem agarrados perto de certos instrumentos ou coisa que o valha. Todo o mundo tem que estar sentado ou à distância.[Depois], nunca se aplaude uma música no começo. Começar uma música com um aplauso é heresia musical por excelência. Segundo os conceitos da boa música, o que é indispensável é ouvi-la primeiro, é degustá-la. Depois de tê-la degustado, no final, e mesmo depois de ter terminado, ela não pode ser aplaudida antes do seu término. Então, é preciso que ela conclua, tenha o fecho, depois do fecho, quando é dada a ordem aos instrumentistas que abaixem os seus instrumentos e que fiquem à vontade, aí vem a hora do aplauso. Mas não pode quando está chegando antes do final apoteótico, diz: "Ah, agora vai chegar aquela parte que eu já conheço. FENOMENAL!" [Risos] Isto deverá ser tomado como uma espécie de selvageria pelo público musical que vai estar presente hoje à tarde, pelo que me contaram e disseram os organizadores. Então: não se aplaude a música no começo, nem no meio, nem antes do seu término. Não existe um brado, dado pelos enjolras logo no começo quando inicia a música, de: FENOMENAL!! (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
O seguinte depoimento permite perguntar se o que movia as pessoas a assistirem ao evento, eram impulsos temperamentais:
(Sr. Gugelmin: Uma pessoa de Montes Claros, mora aqui, nasceu aqui, ele disse que tinha visto durante a semana um cartaz muito bonito numa loja. E que era o cartaz convidando para a cerimônia de ontem. Ele tinha esquecido e ontem à tarde foi jogar futebol. Mas, às tantas, lembrou-se de que tinha esse programa, então ele interrompeu a partida de futebol, e pegou a filha e levou para assistir a apresentação. (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
O “entusiasmo” das famosas apresentações do coro e da fanfarra era induzido. Eis o que se percebe ao ler os comentários de JC a respeito do comportamento dos cooperadores e correspondentes na cerimônia do dia 8:
[Ontem], fisicamente nós estávamos distribuídos entre o povo. Mas, manifestativamente nós constituímos dois auditórios. Uma era a manifestação nossa, outra era a manifestação do público de fora. Nós devemos estar colados à manifestação do público de fora, um pouquinho apenas acima. (...) A nossa manifestação tem que estar colada na do povo e levando o povo a uma manifestação mais calorosa, mas, aos poucos.Se nós tivermos uma manifestação violenta, expansiva e explosiva já no início de uma música por exemplo, que o público nem conhece, nós dividimos o público, ainda que estejamos no meio dele, e ainda que estejamos sentados ao lado de pessoas inteiramente distintas e que não nos conhecem, etc., etc. Nós faremos com que esse público fique intimidado, diz: "Mas o que é que está acontecendo?! Eu não faço parte dessa gente."
Nós colocamos a eles fora do nosso convívio. Colocando-os fora do nosso convívio, fazemos um apostolado negativo.
Quando se tratar de uma nova apresentação futura aqui ou em outra parte, lembrem os organizadores de que é preciso dar um aviso para não constituam auditórios de manifestação diferentes. (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
No dia 9, maior apinhamento ainda:
No domingo [dia 9] a igreja era três vezes maior pelo menos, era a igreja matriz de onde nasceu a cidade [de Montes Claros], no século XVIII. A igreja estava repleta, mas repleta, mas repleta que não cabia mais nada dentro. (...) foi um tal sucesso que eu nunca vi em minha vida! Somado tudo o que já houve anteriormente e multiplicado por si, não dá o que o deu no domingo. (Cfr. “jour-le-jour” 11/6/96)
*
Agora dados a respeito do estado de espírito das pessoas e que tanto podem se referir ao dia 8, quanto ao dia 9, ou a ambos:
Umas pessoas estavam emocionadíssimas e encantadas, outras manifestavam sua alegria através de muitas lágrimas ou abraçando aos eremitas --não sabemos se eram senhoras casadas, divorciadas, viúvas ou moças--, todas cantavam --inclusive as que não gostavam da TFP:
(Sra. Jane: Eu hoje de manhã telefonei para uma amiga para saber o que é que ela tinha achado do programa, ela estava emocionadíssima, a irmã dela também tinha ficado encantada). (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
(Aparte: Sr. João, peço permissão para contar algumas repercussões. (...) Aí uma outra senhora no centro: “Moço, é uma cascata de anjos que Nossa Senhora está mandando! Essa cascata está entrando no meu coração e sai pelos meus olhos em forma de lágrimas! Eu não tenho como dizer. Como isso é lindo!” . Uma outra abraçou o eremita e disse (...). (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
Mas foi um tal clima de entusiasmo que na hora da coroação da imagem gente chorava em quantidade. (Cfr. “Jour-le-jour” 11/6/96)
(Sr. ... : tem umas irmãs de caridade que comungam na capela da Santa Casa, (...) estavam numa tal alta ontem, foi uma coisa assim... Primeiro estavam num cantinho onde eu estava, aí elas foram caminhando e no fim já estavam lá no meio. Mas a gente vê que o entusiasmo delas estava fantástico e, sobretudo, cantando as músicas que estavam sendo cantadas (...). Tinha várias pessoas que tinham sido convidadas e que tinha alguma coisa contra nós. Eu presenciei várias pessoas chorando; pessoas que sempre tinham um ponto de vista contrário [estavam] comovidas. E não foram poucas não. Várias pessoas. (...) No final da apresentação da fanfarra, quando todos estavam cantando, um grupo de senhoras da sociedade que nunca haviam se aproximado da TFP, elas (...) cantavam com aquele entusiasmo e algumas com lágrimas no olhos diziam: "Nunca vi coisa tão linda!" (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
Até sustos houve, no meio de um estouro e de gritaria:
E houve --esta é uma repercussão que me chegou aos ouvidos-- enjolras em quantidade no coro da igreja, e quando começou a tocar uma das marchas que é muito famosa entre nós, houve um tal estouro de "fenomenal" e de gritaria, que houve gente assustada dentro da igreja, da opinião pública de fora, que pensou que tinha havido um desastre fora, pensou que tivesse havido um atropelamento fora e que olhou para trás assustada. (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
Mas não fica claro se quem ficou assustado eram as mesmas pessoas citadas anteriormente, ou eram outras pessoas. Porém, se lembrarmos que no final “todas cantavam”, devemos concluir que eram “grosso modo” as mesmas. Assim sendo, pode se conjeturar que essas pessoas num determinado momento estavam atemorizadas, mas depois foram ficando cada vez mais alegres, até chegarem a um auge de alegria --pondo-se a chorar ou a cantar. Passaram portanto de um estado de espírito a outro totalmente contrário.
Na cidade houve uma comoção ... de lágrimas e fenômenos místicos:
[Uma] senhora, ao sair da igreja foi abordada com essas palavras:
- Espero que a senhora tenha gostado.
- "Mas moço! exclamou ela, eu sinto vergonha de dizer, mas o que é que eu posso fazer? Eu chorei, mas chorei, chorei, chorei o tempo todo. Eu não agüentei ficar sem chorar. Eu vou ser sincera com você, eu ontem --sábado--, chorei ainda mais do que hoje. Mas eu chorei, mas chorei mesmo. Se hoje estava bonito, ontem estava uma coisa para lá de bonito. Estava demais! (Cfr. Proclamação de notícias, no ANSA, 13/6/96).
A professora Maria Luiza, responsável pelo conservatório, chorava dizendo (...) (Cfr. Proclamação de notícias, no ANSA, 13/6/96)
Uma outra senhora comentava: “Moço, é uma cascata de anjos que Nossa Senhora está mandando! Essa cascata está entrando no meu coração e sai pelos meus olhos em forma de lágrimas! Eu não tenho como dizer. Como isso é lindo!" (Cfr. Proclamação de notícias, no ANSA, 13/6/96)
[Outra senhora comentou]: [ontem] passei todo o tempo chorando de emoção. (...) E hoje novamente não fiz outra coisa senão chorar. (Cfr. Proclamação de notícias, no ANSA, 13/6/96)
Estava preparado (...) para às 9 horas na catedral, uma carreata de despedida da imagem. Só que essa despedida levou 3 horas, foi de 9 da manhã ao meio dia. (...) Gente que chorava na calçada, foi uma verdadeira comoção na cidade. (Cfr. “jour-le-jour” 11/6/96)
(Pedro Henrique: Eu fiquei fazendo campanha e acompanhando o cortejo. As pessoas quando viam o primeiro bloco da campanha, [a kombi] do êremo itinerante com os eremitas assim, pensavam que era aquilo só; nós dávamos os folhetos e a pessoa ficava assim em êxtase. (...) tinha impressão que as pessoas se transfiguravam, e são pessoas do convívio comum, a gente olhava e tinha impressão que eram anjos. E depois atrás, vinha a imagem e a gente explicava: "Olha dona, está aí [a imagem]”. E a dona se desfazia, chorava, se ajoelhava...) (Cfr. “jour-le-jour” 11/6/96)
(Felipe da Cruz: Com uma pequena cerimônia que a gente faça lá, por exemplo, lá no Carmelo, chegar em frente à Sagrada Imagem e fazer uma vênia, as pessoas ficavam encantadas, praticamente fora de si.) (Cfr. reunião na Saúde em 11/6/96)
*
Se as pessoas contrárias, ao entrarem na igreja, ficavam encantadas com a cerimônia, as pessoas mafiosas nem se manifestavam. Tinha-se portanto a impressão que o mal tinha desaparecido:
Eu não entendo, uma cidade onde não tem máfia! Às oito da manhã telefona a televisão, pego o telefone e levei um susto (...) “O que é a Tradição Família e Propriedade, me explica um pouco”. Explicava para ela, etc., ela ia tomando nota. Tudo perfeitamente sem máfia nenhuma, com desejo de fazer propaganda mesmo. (Cfr. “jour-le-jour” 11/6/96)
Até mesmo “curas miraculosas” houve:
A mãe de um ex-apostolando que estava na apresentação na Igreja Matriz contou o seguinte:
- "Quando o maestro disse que a imagem estava por entrar, e que fizéssemos pedidos das graças que necessitamos, eu logo pedi a Ela que fizesse passar umas dores terríveis de reumatismo que continuamente estava tendo há dias, inclusive na hora da apresentação. De repente, o cortejo com a imagem parou ao meu lado... eu continuei olhando fixamente para a imagem e senti um frio estranho em todo o meu corpo. A partir daquele momento não senti mais nenhuma dor, até hoje. Sei que foi uma graça que Nossa Senhora me deu." (Cfr. Proclamação de notícias, no ANSA, 13/6/96)
*
Para um correspondente, aquilo foi uma prefigura do Reino de Maria:
(Aparte: Sr. João Clá, eu (...) acredito que nós estamos chegando às portas, ou senão, o prelúdio da Bagarre. E simultaneamente a isso estamos tendo uma graça [ininteligível] alma [ininteligível] do Grand Retour, e podemos acrescentar: estamos vislumbrando o Reino de Maria. (...) (Cfr. Reunião para CCEE, 9/6/96)
Em maio de 96, o Pe. Olavo relatou a JC as manifestações da “graça nova” que estava havendo em Miracema nesses dias. Embora não se trate de uma apresentação do coro – fanfarra, nem de uma coroação de Fátima, o que o Padre descreve se insere nesse gênero de eventos.
Fala o inacusável - Reunião para CCEE, 9/6/96:
Nós ouvimos dele [Dr. Plinio] de que viria Grand-Retour, Bagarre e Reino de Maria. E nós estamos caminhando!Padre Olavo me telefonava há quinze dias atrás, tanta graça em Miracema, que hoje ainda, antes da reunião... [Houve um defeito de gravação por onde sumiu a voz. A fita continua como vem abaixo] ... terminou a missa e foi para a casa de uma correspondente que tem um alto-falante, e o povo todo de Miracema telefonou aqui, para o hotel de Montes Claros, para ter uma palavrinha comigo por telefone... [Aplausos]. Estavam numa euforia, numa alegria... E o Pe. Olavo me telefonava perguntando o seguinte --com aquela calma, porque não sei se sabem, mas o Pe. Olavo é daqui da terra, ele viveu no Paraná, mas ele tem o nosso sangue aqui borbulhante nas veias-- ele me perguntava:
-- Sr. João, o senhor não crê que já é Grand-Retour?
-- Pode ser Pe. Olavo. Por que o senhor pergunta isso?
-- Olha, eu não canso mais de atender confissões gerais. Há uma série de senhores que não freqüentavam a capela que agora estão freqüentando. O clima de graças aqui é impressionantíssimo!
Proclamação de notícias, ANSA, 30/5/96, repercussões da apresentação do coro e da fanfarra em S. Carlos, em maio de 1996:
Com cerca de 30 anos, uma senhora abriu o folheto e comentou com uma correspondente que estava ao lado:
-- Agora é a Fanfarra dos Santos Anjos! É! eles parecem anjos mesmo!
A Fanfarra começou. Às tantas ela pergunta:
-- Olhe, eles são padres?
-- Não, senhora, são leigos. São da Tradição, Família e Propriedade, TFP!
A senhora, anotando o nome dizia:
-- Ah! sei! São Congregados Marianos?
-- Sim, todos da TFP são Congregados marianos!
-- Mas, e aquele senhor que está regendo, quem é, qual o nome dele, ele atrai!
-- É o Sr. João Clá Dias.
-- Mas sabe: ele é diferente! O olhar dele cativa à gente! Como se chama mesmo? [Aplausos]
Essa senhora fez várias perguntas sobre a TFP, querendo conhecer mais, etc. E no final, ficou muito tocada com as palavras sobre o inferno, tendo ouvido o Hino Pontifício todo com as mãos postas. No final fez questão de cumprimentar o maestro.
E ao despedir-se exclamou: "Meu marido não quis vir... ele não sabe o que perdeu!"
Outra senhora dirigindo-se a um membro da fanfarra fez o seguinte comentário:
-- Olhe, a fanfarra estava muito boa, muito boa, mesmo. Mas, o maestro! O maestro estava impressionante, nunca vi igual. Os gestos, toda a maneira de ser dele, estava espetacular."
*
Grafonema de notícias, maio de 96, enviado por alguém de S. Bento - Praesto Sum aos Estados Unidos:
[Em São Carlos], no final da apresentação (...), o Sr. João tomou a palavra (...) Foi fenomenal! As pessoas --que em grande parte não eram próximas do Grupo-- ficavam na ponta das cadeiras para não perderem uma só palavra. (...)
Terminadas as palavras do Sr. João, estourou uma salva de palmas. Depois da apresentação, as pessoas de fora --não só correspondentes-- procuravam o Sr. João para cumprimentá-lo, abraçá-lo e manifestar seu entusiasmo de várias maneiras ...
Então, pessoas que em grande parte não eram próximas do Grupo, mas de fora, que conhecem pouco a TFP, abraçaram a JC e manifestaram entusiasmo por ele de “várias maneiras” .
Essas pessoas eram só homens? só mulheres? ou homens e mulheres? Quais foram essas “várias maneiras” de manifestar entusiasmo? E qual o fundamento racional dessa veneração?
A apresentação do coro e da fanfarra em Tambaú (maio de 1996) teve as seguintes notas marcantes: impressões fortes e intensas, veneração irracional aos eremitas, fenômeno místico coletivo, alegria, aplausos, prantos. Proclamação de notícias, ANSA, 30/5/96:
Se as repercussões de São Carlos revelam que notoriamente estamos em nova era de graças, compradas por um imenso holocausto consumado a 3 de outubro, as da pequena Tambaú deixaram simplesmente pasmos a muitos do filhos do Sr. Dr. Plinio que nunca em suas vidas tinham presenciado algo semelhante.
Pessoas tocarem nos ombros dos eremitas e se persignarem, pedirem para oscular os crucifixos dos terços dos hábitos, ou fazerem efusivos agradecimentos durante os quais seguravam sem largar as mãos dos eremitas e, ademais, confidenciando problemas pessoais para os quais pediam insistentemente orações, foram fatos generalizados em Tambaú. (...)
(...) em Tambaú, a multidão que enchia o santuário, foi objeto de um verdadeiro flash coletivo a propósito da Obra de nosso Pai e Senhor. Graças insignes e talvez ainda maiores do que as dispensadas em todas as apresentações anteriores, o que inclusive se tornou patente por se tratar de um público inteiramente novo. (...) A imagem foi colocada sobre a cabine de uma caminhonete, em cima de uma almofada e ladeada por quatro eremitas de hábito que a conduziam e pelo sacerdote que fez questão de ir junto.
Um cortejo com inúmeros automóveis precedeu a imagem em procissão, tocando buzinas enquanto o povo que estava pelas ruas ia soltando fogos de artifício e se persignando ao longo da passagem da imagem até que ela chegasse à praça da igreja, onde cerca de 4000 pessoas, a aguardavam. Em meio a palmas, "vivas a Nossa Senhora" e o estrugir de mais de três mil fogos de artifício, a imagem foi descida da caminhonete e conduzida até o centro de uma formação em semicírculo dos eremitas do Coro e Fanfarra, todos revestidos pelo profético hábito de nosso Pai e Fundador.
Nesse “cadre” e em meio aos fogos e à contínua ovação do público a Imagem foi coroada pelo sacerdote.
Daí foi conduzida em cortejo, precedida pelos quase 40 eremitas, até o interior do santuário, onde foi depositada num pedestal florido.
O público ao mesmo tempo aplaudia, acenava com bandeirinhas, e cantava juntamente com os eremitas o "Viva a Mãe de Deus e Nossa". Todo esse cerimonial deixou o público enormemente impressionado.
Como seria celebrada uma Missa, depositada a imagem sobre o pedestal, retiraram-se os eremitas novamente em cortejo e cantando desta vez o "A Treze de Maio".
Após a Missa, um eremita tomando o microfone avisou aos presentes que teria início uma apresentação do Coro São Gregório Magno e Fanfarra dos Santos Anjos da TFP, em honra de Nossa Senhora.
E outra vez entraram os eremitas em cortejo, desta feita cantando o "Ave Maria Virgo Serena" até formarem um semicírculo no presbitério, dando início a apresentação do Coro. Pelas repercussões, ver-se-á como esses cortejos talvez tenham sido as cenas mais marcantes para aquele numeroso público.
Terminada a apresentação do Coro, iniciou-se a apresentação da Fanfarra que teve um de seus auges com a execução e cântico do "Viva a Mãe de Deus e nossa", acompanhado por todo o povo. Na última parte do Hino Pontifício, a igreja literalmente explodiu em aplausos muito antes do final da música. De tal forma, que o próprio padre pediu para reger a fanfarra quando esta ia executar o hino por segunda vez.
Intervenção de Caio Newton ao final da proclamação: O que houve ali foi um "flash" coletivo dado para todo o mundo que estava lá da presença do Sr. Dr. Plinio, que poucas vezes eu vi isso tão marcante.Depois o padre dizia: "As pessoas vinham falar comigo emocionadas e muitas vezes com lágrimas nos olhos". (...) Esse tal Pe. Dante, que também tem um certo bom espírito, no sermão da quarta-feira aplicou as orações, que eram orações falando do Espírito Santo, à apresentação do coro e da fanfarra. Ele disse o seguinte: "Vocês querem saber o que é a ação do Espírito Santo? Vejam aqueles rapazes na apresentação do santuário. Aquilo ali é a ação do Espírito Santo, aquele é o Espírito Santo na prática. Aí vocês vão tem uma idéia viva disso.Referindo-se à peregrinação da imagem, levada por eremitas itinerantes, nessa mesma cidade, pouco tempo depois da apresentação do coro e da fanfarra, Caio Newton disse:
No primeiro dia da peregrinação, ao falarem conosco era muito freqüente as pessoas chorarem. Ele disse que em todas as casas, pode-se dizer que sem exceção, tinha gente emocionada. Entrava a imagem lá, o pessoal começava a rezar, daqui a pouco uma chorava, outro chorava, ficavam emocionados. Mas é emoção de quem está tocado pela graça, de quem está sumamente tocado.
*
Num “grafonema de notícias”, enviado por elementos de S. Bento - Praesto Sum aos Estados Unidos, fica claro que na apresentação em Tambaú, o público --que tributou “reações de entusiasmo e até de veneração” aos eremitas-- “nem sequer era correspondente do mailing”. Aliás, acima já foi registrado que se tratava de “um público inteiramente novo”.
O que levou pessoas que não conhecem nem os princípios nem os ideais da TFP, a tributarem esse entusiasmo e essa veneração aos eremitas? Qual foi o fundamento racional de sua atitude?
*
Agora o diagnóstico de JC. Segundo ele, com 4 ou 5 eventos desse gênero, dá para converter uma cidade:
Vejam que é uma cidade que se nós voltarmos umas três, quatro, cinco vezes sai um grupo de correspondentes ali de primeira. É só voltar três, quatro, cinco vezes nessa cidade e nós viramos a cidade de cabeça para o ar. De cabeça para o ar, porque está de pernas para o ar. [Risos] É impressionante.
(Cfr. Reunião para veteranos, 6/6/96)
Em julho de 96, o carismático foi a “descansar” a Miracema. Nas ocasiões em que esteve com suas “afilhadas” --as quais estavam fazendo um “retiro”--, as notas marcantes foram: culto a JC; ambiente de festa e “bemquerença”, no meio de gritaria, cânticos e intemperança; sem diferença de idades, sem presença do mal.
JC conta como distribuía seus horários:
Depois missa lá pelas 6h, 7h. [da noite]. Terminada a missa a gente não conseguia andar, era levado pelo ar até a sala de reuniões (1). Aí era reunião até a hora do jantar. Sabem que é uma coisa incrível, até criancinha desse tamanho fazia pergunta, e pergunta bem feita. Todo o mundo interessado, mas um interesse colossal. Já é meio prenunciativo do Reino de Maria, uma coisa realmente impressionante. Um interesse do outro mundo, mas do outro mundo!
Vem uma velha que não enxerga direito, então ela faz uma pergunta meio sem enxergar (2); depois uma criancinha que quer saber como é que vai ser a nossa luta durante a Bagarre (3). Um interesse assim vivo e todo o mundo participando. No meio brado, aplauso e não sei mais quanto.
Aí chegava a hora, lá pelas 9h30, do jantar. A gente era levado pelo ar novamente. Jantava até 10h30 mais ou menos e aí tinha que se descer de novo. De 10h30 à meia-noite eu ficava no quarto degrau daquela escadaria, e ficava gente atrás, gente do lado, gente aqui. Eu tinha que pôr os braços aqui (4) e tinha quatorze mãos até aqui em cima, quatorze mãos até aqui ... um negócio bárbaro! Aí perguntas, comentários, contos, etc. (5).Quando chegava perto da hora da despedida já era meia-noite (6), toda a vizinhança dormindo e o pessoal gritando e cantando (7). Fizeram músicas de todos os tipos. São musicólogos, musicistas e musicais a mais não poder (8). Fizeram as músicas as mais variadas possíveis. Até para o Sr. Boldrini, até para o Sr. André fizeram música.
Uma das músicas era assim: "Sr. André, Sr. André, deixe o padrinho aqui. Sr. Boldrini, desça do carro e deixe o padrinho aqui".
Eu sei dizer que foi num crescendo, foi num crescendo, que no domingo de manhã para sair --nós saíamos do quarto eram 10h, e conseguimos sair da cidade ao meio-dia e meia. Foram duas horas e meia de rolo. Não dava para entrar no carro, não dava para sair. Subia no carro, gente que acompanhava o carro, que segurava o carro. Saíamos ao meio-dia e meia, e assim mesmo houve uma carreata de uns doze carros mais ou menos que nos acompanhou até a divisa de Minas, até a Polícia Rodoviária. Na Polícia Rodoviária desceram no meio da estrada. A carreata com buzina, com lenço abanando, uma coisa inimaginável, inimaginável!
Quando o carro virou uma curva lá em cima que não se via mais ninguém foi um certo alívio, porque tinha acabado. Foi isso.
Era uma festa ultra-amistosa, cheia de benquerença, não tinha fumaça nenhuma, nenhum mau espírito, todo o mundo disposto a tudo, uma benquerença extraordinária (9).Esses dias foram concomitantes aos do congresso aqui, que foram muito bons também (10).
Bem, que mais? Notícias.
(Santiago Canals: O imponderável interno?)
Não tive contato com interno para ter imponderáveis. Tive contato com os senhores, mas um interno ... (11)(Cfr. conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 31/7/96)
Comentários:
Quer dizer, JC era transportado de um recinto a outro, ou sobre uma espécie de “sédia gestatória”, ou carregado pelas moças.
No recinto havia mulheres de todas as idades: desde criancinhas até velhas que não enxergam direito. E todas formulavam muito boas perguntas --à altura das altíssimas cogitações do xamã.
Uma criança formula uma pergunta a respeito de como vai ser nossa luta na Bagarre? O que é que uma criança pode entender sobre a Bagarre? Aquilo foi soprado à criança por alguém mais velho.
Não fica claro se JC guarnecia seus braços ou se os estendia para facilitar que os fiéis e as fiéis toquem seu sagrado corpo.
As moças que ficavam na frente, atrás e ao lado de JC, ao mesmo tempo que esfregavam suas mãos pelo corpo dele, lhe faziam perguntas, lhe pediam contos, comentários, etc.
O culto demorava umas 5 horas, desde que terminava a Missa até meia noite.
Gritos e cânticos em louvor do ídolo faziam parte do ritual.
Intemperança.
Essa festa “ultra-amistosa”, “cheia de bemquerença”, “sem fumaça nenhuma”, “sem nenhum mau espírito”, pode ser resumida assim: sem a presença do mal.
Esse relacionamento com gente de fora, foi melhor do que o relacionamento com os neo-cooperadores.
Em todo esse período não teve contato com membros do Grupo. Só com as moças (ver relatório do Sr. Ghioto e “palavrinhas confidenciais” de 25, 26 e 27 de julho de 1996, no Capítulo 17).
Uma festa dentro de uma igreja cheia de gente fora de si, alegre --ora cantando, ora chorando--, apinhada, sem diferenciação entre o público e o coro: são alguns dos traços dominantes da apresentação do coro e da fanfarra em São João del Rei.
Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, no ônibus, no percurso de São João del Rei a Barbacena, 4/8/96:
Tinha uma senhora mineira, já dos seus 65 anos, mais ou menos. Ela estava tão sem psíquica, que entrou no nosso meio, olhava para nós e dizia:-- Mas isso aqui é uma maravilha! Eu nunca vi uma coisa tão maravilhosa como essa!.
Quando começaram aqueles estouros de canhão, ela disse:
-- Olhe aqui, esses aqui são os estouros da paz, não são os estouros da guerra. Ela estava fora de si de contentamento.
Durante os fogos e durante o cortejo dos eremitas havia gente que chorava, mas em quantidade. Uma coisa do outro mundo, mas do outro mundo.
(...) A igreja estava cheia a ponto do pessoal não poder sentar-se, todo o mundo em pé.
(Soliney: As pessoas iam até ao presbitério.)
Avançaram no presbitério. Uma coisa impressionantíssima.De longe, eu tenho impressão de que foi a apresentação fora que o Sr. Dr. Plinio sempre teve desejo de fazer um cadre assim com eremitas, depois com fogos. A idéia dos fogos foi muito feliz, estava muito bonito, com fanfarra. Os sinos também. Os sinos giravam assim [360ø].
(...) Eu tenho impressão que foi o lugar onde o povo mais acompanhou as músicas, cantavam mesmo, mas cantavam mesmo.
*
Reunião para os veteranos, de 6/8/96:
Eu fiquei... tinha uma senhora do meu lado que chorava como criança. Impressionante, é um flash do Reino de Maria, ouviu? É bem isso. Depois, Brasil, aquilo tem um quê de Brasil...
(...)
(Hélio Silva: Ontem à noite eu falei pelo telefone com aquela senhora de Juiz de Fora, Da. Dalva...)
Ela levou dois ônibus!
(Hélio Silva: O comentário dela foi só isso: "Olha, aconteceu em São João del Rei um fenômeno que não tem explicação natural.")
Ah, eu também acho, ahahah! Porque foi de repente assim... Eu não esperava aquilo.
(...)
Bem, a praça estava cheia (...). Nisto, dois trompetistas lá de cima das torres (...) dão um toque de clarim os dois, aí começa um cortejo dos eremitas embaixo no meio de toda multidão (...). Foram subindo as escadarias cantando a ladainha e foram subindo depois no parapeito e formaram um cadre lindíssimo. E o pessoal aplaudiu, aplaudiu com gosto.
Quando chega a imagem em cima, aí então começa o carrilhão a tocar, era um sino que girava assim, muito bonito. Carrilhão a tocar, fanfarra tocando também e fogos, vinte minutos de fogos! Mas tinha gente que chorava como criança de entusiasmo. A igreja, houve um determinado momento em que foi envolta numa nuvem e sumiu! Sumiu a igreja! é impressionante! Estava extraordinário!
Bom, aí terminado tudo, o povo foi convidado a entrar. Entrou quem coube, de pé e acotovelado porque sentado não tinha ninguém. Encheram a igreja completamente. Entrou gente no presbitério, tinha gente cantando conosco ao lado ali, no meio do coro.
Depois, a apresentação estava com uma graça, sentia-se na igreja uma bênção, uma receptividade, uma consonância conosco, se ali acontecesse a Bagarre, aquele pessoal todo aderia a nós no mesmo instante, mas na hora. Música atrás de música, e cantando todos juntos. Quando as músicas eram cantadas eles cantavam juntos.
(...)
(Carlos Alberto: Em São João del Rei foi realmente um "flash" do Reino de Maria (...) acho que houve uma graça mística, que no meu caso foi muito profunda. Na reunião que o Sr. fez ao meio dia, eu particularmente senti um tipo de graça muito parecido com aquela, mas o auditório estava tomado por uma graça de bemquerença ...)
(...)
Pois então, estava festa, festa, festa (...)
Nesta cidade, a apresentação foi em agosto de 1996. No recinto havia tanta gente, que a multidão ficou comprimida. O estado de espírito com que as pessoas entravam no local era como quando elas ingressam no metrô na hora do rush; quer dizer, as pessoas, formando uma massa compacta, se aproximavam rapidamente, com sofreguidão, só pensando naquilo, tomadas por aquilo, meio alucinadas portanto; mas uma vez transposto determinado limiar, elas se dispersavam de tal maneira que uma não tinha nada a ver com a outra. Dentro, as pessoas choravam aos borbotões e truculentamente. Uma densa avalanche humana se precipitou junto ao palco, enquanto as escadas rangiam e alguém tentava pôr ordem falando pelo microfone. Proclamação de notícias, ANSA, 29/8/96:
O clube no qual foi realizado a programação tem um enorme salão com capacidade para duas mil e quatrocentas pessoas sentadas. Não houve uma cadeira que ficasse vazia. E mais de trezentas pessoas ficaram de pé. Um dos diretores do clube disse a um membro do Grupo que devia ter mais ou menos três mil pessoas.
Um dos seguranças do clube, que fez guarda a fim de impedir que a multidão comprimida destruísse o estrado sobre o qual estava a imagem, disse-nos que em conversa com o presidente daquele clube, tinha afirmado para ele que a programação realizada ali foi a mais importante que o clube já conheceu.
Segundo um organizador da campanha a entrada mais parecia as catracas do metrô na hora do rush. (...)
Um senhor procurou um eremita e perguntou:- O Sr. também estava ontem na igreja, à noite?Como a resposta foi afirmativa, continuou:- Sabe, esta noite eu não consegui dormir! Acho que foi de tanta emoção! E só de falar aqui já estou ficando arrepiado. Quando eu fui contar para os meu colegas o que eu vi ontem, eu nem consegui. Era só começar a contar e eu começava a chorar, entende? (...)
Um eremita observou --enquanto guardava a imagem no subsolo do clube-- um senhor que ao ver a imagem, aproximou-se e começou a derramar lágrimas aos borbotões. O mais curioso é que uma outra senhora que também estava longe, quando percebeu que era a imagem que sob aquele tecido ali estava, começou a chorar truculentamente.
(...) Quando o eremita convidou o público a venerar de perto a imagem de Nossa Senhora uma verdadeira avalanche humana aproximou-se densa junto ao palco. De repente as escadas começam a ranger. Alguém utiliza o microfone, mas sem resultado.
(...) Se fôssemos aqui relatar todas as repercussões de pessoas que se emocionaram e choraram durante estes dias, além de tornar infindo este jornal falado seríamos quase submersos pelas torrentes de lágrimas que jorraram das faces represadas pelos diques da banalidade, da vulgaridade postos pela Revolução.
As notas marcantes da peregrinação de uma imagem de Fátima pela Colômbia em 1996 --qualificadas por um joanino como “os primeiros e simbólicos toques da Graça Nova em terras colombianas”-- foram as seguintes: aplausos, alegria, entusiasmo, prantos; apinhamento, empurra-empurra, massas compactas de gente deslocando-se de um lugar a outro, bagunça e batalhas físicas dentro da igreja, revolta da multidão; pedidos de benção e confissões em público.
Proclamação de notícias, ANSA, 17/8/96, relatório elaborado por elementos da “tfp” colombiana:
a) Na região de Pasto:
Quando ao som da fanfarra a Imagem apareceu à porta [do avião, no aeroporto], houve uma verdadeira explosão de entusiasmo e aplausos com as pessoas chorando emocionadas e dando vivas a Nossa Senhora (1).
Era um fervor tão comunicativo, que inclusive homens com um aspecto pragmático que ali se encontravam à espera de algum vôo, ficaram comovidos e também começaram a chorar (2) ... O que aliás viria a ser uma nota constante durante toda a peregrinação.
De tal modo foi emocionante a cena da chegada da Imagem, que o Sr. Zayas comentou pouco depois em seu tom característico:
-- Quando vi toda esta gente chorando por ver a imagem, até a mim saltaram-me as lágrimas!
Até mesmo a facia ferocce de um policial que ia ajudando a abrir caminho para a passagem da Imagem em meio à multidão não pôde resistir, vertendo copiosas lágrimas.
Um "bolo" de gente ia se movendo junto com Nossa Senhora, até Ela entrar no carro que A conduziria à cidade.
(...) O pároco de um pequeno povoado que fica no trajeto para Pasto (...) tinha organizado todos os seus habitantes para receber a Imagem. As ruas estavam decoradas com grinaldas e flores, e uma boa parte da população --cerca de 2 mil habitantes -- saiu para recebê-la. As pessoas lançavam fogos de artifício, cantavam, rezavam e se apinhavam em torno do carro que conduzia a Imagem.
[Quando a carreata chegou ao Santuário], este já estava repleto. Do lado de fora uma multidão de fiéis ostentava cartazes de boas-vindas. A afluência do povo à igreja começou a partir das oito horas da manhã e lá permaneceram até as quatro da tarde (3), momento em que a Imagem cruzou suas portas.
Os devotos aplaudiam, saudavam a Imagem agitando lenços e derramavam copiosas lágrimas. Todos se apertavam num empurra-empurra tremendo para poder tocar a Imagem. Os membros do Grupo e os policiais com dificuldade continham a multidão.
(...) Quando colocamos a Imagem no altar onde as pessoas podiam venerá-La e tentamos organizar fileiras para que se chegasse até ela, foi praticamente impossível. Primeiro, porque não havia espaço na Igreja para acomodar as ditas fileiras, tínhamos de tirar pessoas do Santuário o que era praticamente irrealizável, visto que do lado de fora havia uma multidão ainda maior querendo entrar.
Nesse instante a multidão começou a saltar as divisórias colocadas ao redor do altar. Foi uma tremenda bagunça! Os 17 membros do Grupo, 8 apostolandos, 15 policiais e vários agentes da defesa civil não davam conta para conter uma multidão que a todo custo queria tocar na Imagem!
Somente depois de quase duas horas de batalha física, foi possível organizar corredores para entrada e saída das pessoas. Interessante destacar como as pessoas obedeciam sobretudo aos membros do Grupo, sem atender aos policiais. Com estes a multidão se revoltava enquanto que os cooperadores sempre tratavam com respeito.
(...) Uma senhora pediu a um dos eremitas que a atendesse em confissão e ele lhe explicou não ser sacerdote, ao que ela respondeu: "Não importa, jovem, quero me confessar com você!"Outra senhora, amiga do Grupo, quando estava saindo da Igreja disse a um cooperador: "Esses jovens que fazem guarda a Nossa Senhora com este traje tão bonito, estão fazendo o papel de verdadeiros confessores, pois todas as pessoas que passam em frente à Imagem fazem pedidos, manifestam suas angústias e tragédias em voz alta e não têm a menor vergonha de o fazer diante deles.
(...) Outra coisa que se tornou comum durante a peregrinação foram os pedidos de bênção. Não apenas aos eremitas, mas também aos cooperadores com capa, e inclusive aos que por razões de serviços estavam sem nenhum símbolo.
Numa ocasião uma senhora pediu a bênção a um eremita e este explicou que não podia dar. A senhora fez uma fisionomia de grande tristeza, dizendo: "Entonces déjeme por lo menos bendecirme con la cruz de su rosario." O eremita então, comovido com a atitude da senhora, tomou o terço do hábito e deu cerimoniosamente a bênção. Após isto a senhora ficou tomada de uma felicidade sobrenatural (...).
Ao lado da Igreja de Fátima, se encontra o convento das Madres do Bom Pastor --fundadas por Santa Maria Eufrasia Pelletier-- e a prisão feminina da cidade. Foi bonito ver como Nossa Senhora deu graças impressionantes tanto para as religiosas como para as próprias presas.
A despedida com a superiora do convento foi comovedora, pois nos fez uma verdadeira confissão geral e em seguida nos disse ter sido esta a maior graça que tinha recebido na vida.
(...) Um sacerdote simpático ao Grupo pediu que levássemos a Imagem até sua paróquia que fica próxima ao Santuário de Fátima. Quando a imagem saiu --o empurra-empurra dos enjolras no auditório não é nada em comparação com o que houve-- e se dirigiu ao automóvel que a levaria, todo o mundo, umas 2 mil pessoas, começou a gritar: “Levem-na caminhando, levem-na caminhando!” Ficamos com medo de que nos arrebatassem a Imagem! Quando chegou à igreja do padre amigo, a multidão era tal que uma boa parte ficou do lado de fora, e a massa de gente que entrou era literalmente compacta, por quererem todos estar próximos da Imagem. Não cabia nem uma agulha.
b) Na cidade de Cali:
A tradicional Igreja da Mercê, lugar onde foi venerada a Imagem, estava abarrotada de gente, assim como a praça fronteira à igreja.Foi uma aventura conseguir atravessar a multidão, com a Imagem, e levá-La até o altar-mor. A reação do público, foi a semelhante à do de Pasto: lenços brancos, flores, cantos, orações em voz alta, lágrimas, lágrimas, lágrimas ...
No dia seguinte --primeiro dia oficial de peregrinação-- a multidão já superava a de Pasto. (...)
As pessoas aproveitavam bem o tempo, pois em várias ocasiões, ao percorrermos as filas para fazer apostolado, nos deparávamos com centenas de pessoas que de pé e em pleno calor estavam rezando o Rosário e cantando músicas a Nossa Senhora com muita piedade e alegria.
Foi tal a multidão, que em determinado momento a polícia colocou barreiras de contenção em torno das entradas da igreja, para controlar a massa humana que se aglomerava junto às portas tentando entrar.
(...) a nota dominante de toda a peregrinação era o entusiasmo. (...) Também se deu um caso que parece ir na linha de uma manifestação preternatural. Uma senhora aproximou-se da Imagem acompanhada de uma menina de uns 8 anos. A senhora tocou a Imagem e depois pegou a mão da menina para que ela fizesse o mesmo. Imediatamente a menina gritou e se contorceu como se houvesse recebido uma descarga elétrica. Sacudia violentamente as mãos, o pescoço e as pernas, e seu olhar se movia de modo espantoso um lado para o outro. A senhora tomou novamente a mão da menina, e à força a conduziu até a Imagem, encontrando forte resistência da criança.
No forcejo --que durou apenas um instante-- a menina caiu de frente junto a um eremita. Ao levantar a cabeça viu-o e lançou um grito ainda maior que o primeiro, começando a se retorcer com muito mais violência. Deu então um salto para trás afastando-se rapidamente. A mãe segurou-a pela mão e ambas desapareceram na multidão.
Um membro do grupo que viu a cena de longe disse ter ficado petrificado de susto. Entretanto, os dois eremitas que estavam ao lado da Imagem comentaram que não sentiram o menor temor, e durante todo o tempo rezaram jaculatórias a São Miguel.
Comentários:
Apenas apareceu a imagem, abrupta e automáticamente houve uma explosão de entusiasmo e aplausos. As pessoas ao mesmo tempo que aplaudiam entusiasmadas, choravam de emoção e davam brados em louvor de Nossa Senhora.
Como explicar que pessoas pragmáticas, que não tinham nada a ver com aquilo, também começassem a chorar? Como explicar essa permeação de estados temperamentais?
Uma multidão compacta, em jejum durante 8 horas seguidas, predisposta para experimentar fenômenos “místicos”?
Nas cerimonias joaninas, Carlos Alberto se sentia numa clave extra-terrestre - "Jour-le-jour" 13/10/96:
(C. Alberto: Nas apresentações, quando chegava na hora da coroação, que havia aquelas proclamações, a gente um pouco sentia que era meio bíblico, meio medieval, mas sobretudo meio para o futuro, não é?)
É isso.
*
Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum , 14/6/96:
Nosso Senhor aparece a Santa Gertrudes, lá no século XIII ou XII, já não me lembro bem, e diz a ela... Aliás, me contou o Sr. Patrício Amunátegui hoje de manhã isso, que ela tem uma conversa com São João Evangelista. São João Evangelista aparece a ela em visão mística e a convida para fazer uma viagem, ir até o Sagrado Coração de Jesus. Mas antes que isto se realize, ela lhe pergunta o seguinte:
-- Mas, escute, por que é que vós tendo tido a graça de compreender o que foi o Sagrado Coração de Jesus não fizestes apostolado sobre o Sagrado Coração de Jesus?
-- A missão que me foi dada, foi a de provar a divindade de Nosso Senhor. As misericórdias, os amores e os tesouros do Sagrado Coração de Jesus estão todos reservados para uma época em que o amor de Deus na Humanidade terá esfriado tanto, que vai ser preciso aquecê-lo ainda mais do que havia no começo.
É o que os senhores têm assistido nas apresentações da imagem. Os senhores sentem um calor, um entusiasmo, que começa esse calor a acender.
O que é isto? São as graças do Sagrado Coração de Jesus que estão sendo derramadas preparando a implantação do Reino de Maria.
*
Reunião para os veteranos, no S. Bento, 13/8/96:
(Paulo Martos: Essas graças das apresentações vão nessa linha também?)
Eu tenho visto gente do público-público entender coisas nossas que algum dos nossos ainda não entendem. Graças místicas. O senhor está confirmando, não é isso? Teve gente que veio me perguntar --não pensem que eu vou fundar uma TFP feminina, jamais-— “Escute, mulher tem thau ou não tem thau?”
Tem gente que diz cada coisa que a gente fica de boca aberta, que impressionante!
(...)
Pois é, isso que impressiona, eu não estou falando de CCEE, eu estou falando de gente que vai por primeira vez e começa a...
(Carlos Alberto: E toca o fundo da alma. Em São José do Rio Preto a gente via a pessoa chorando e era uma graça que nunca vi em 40 anos, toca até o fundo da alma.)
São José do Rio Preto foi uma espécie de explosão, foram 2500 pessoas. É Bagarre. E depois é a seleção para o Reino de Maria, quem presta fica, quem não presta ...
Grafonema de José Hoffmann, para Jano Aracena:
Stafe de Bogotá, 15 de enero de 1998
(...) La pasada del Sr. João por acá fue muy bendecida. Lo recibimos en el areopuerto, con fanfarra y capas, en el momento en que salía, la fanfarra comenzó a tocar un paso doble, estaba muy luminoso y bondadoso, saludó uno por uno. (...) Al final de la tarde viajó para Ecuador (...) . Lo esperamos para el próximo miercoles, su estadía propiamente en Colombia será la próxima semana, ya que ahora sólo estuvo de paso. (...) . Antes de salir de la sede se formó un corredor, donde todos arrodillados le pedían le hiciera una cruz en la frente, que equivale a una bendición, el día anterior se había negado, pero esta vez accedió.
"Jour-le-jour" 26/1/98:
[Na] viagem de Bogotá a Quito, nós estavamos na classe mais pobre possível, a última das classes. (...) e de repente chega a aeromoça com duas champagnes. Todo mundo olhando, porque naquela classe não se serve champagne. Ela disse: “isso é porque os senhores são da Virgem”. Quer dizer, nos dá champagne porque nós somos devotos de Nossa Senhora.
Se isso não bastasse, às tantas ela chega com uma medalha milagrosa e diz que queria que eu abençoasse a medalha.
[Aplausos]
Era uma medalha que ela tinha adquirido em Lourdes (...).
O único que eu podia fazer era oscular a medalha e me persignar com a medalha e devolvi para ela.
(...) Houve então uma conversa a respeito da devoção a Nossa Senhora, de quem ela era muito devota (...) conversa sobre Fátima, e vai daí para fora.
(...) Quando eu estou na fila da emigração para apresentar o passaporte, chega um funcionário do avião com um rosário e mais outra medalha na mão, dizendo: “olha, a aeromoça estava esperando o senhor sair pela frente, para o senhor benzer o rosário dela e a medalha, mas o senhor saiu pelo fundo. Então ela me mandou aqui para o senhor abençoar”. Então osculei o terço, osculei a medalha.
Mas até lá chega! É uma religiosidade que a gente não vê na Europa, não há na Europa, não existe!
Passando a alfândega, indo para a emigração, o pessoal de emigração quer estampa, então a gente dá estampa de Fátima, dá medalha milagrosa. O pessoal pega aquilo com um carinho, com um afeto, com uma devoção que é uma coisa impressionante.
*
Grafonema para o Sr. Carlos Gavilanes de Nelson MaldonadoSan Francisco de Quito, 18-01-98Caríssimo Sr Carlos
(...) Aqui estao as primeiras impressioes e noticias que lhe chegam do ceu. Si, do ceu, mas nao por causa da altitude em que nos encontramos aqui em Quito, nem por causa de todo o tempo que ja passamos voando, mas por causa do clima de bencoes e grande fervor que regna por toda parte onde o Sr Joao se encontre.
Quando ele chegou no aeroporto, em Sao Paulo, tinha la a espera dele um grupo de senhoras coresponsales. O Sr joao foi diretemente registrar a mala dele, e as coresponsales nao podendo aproximar-se por causa duma corda de securidade, passaram as cameras delas ao Sr Andreas para que ele pudesse filmar o Sr Joao. Mas o Sr Joao vendo isso, pegou uma das cameras e comeceu a filmar as senhoras (...).
*
JC relata a visita ao mosteiro de Nossa Senhora do Bom Sucesso ("jour-le-jour" 26/1/98):
(...) resolveram levar todo o Grupo de Quito para o mosteiro do Bom Sucesso. E era um povo incontrolável, completamente incontrolável: eles queriam estar em todos os cantos, e nós queriamos arrumar um meio de ir até a imagem, porque a imagem não estava exposta ainda, estava dentro do mosteiro.
A superiora tinha tomado com certo azedume nossa ida lá e disse que só podiam entrar 2 pessoas, mais ninguém. Eu sei dizer que aquele povo todo ali ainda assustava mais a superiora. E com muito custo nós conseguimos que eles fossem para a igreja, e ficássemos uns 15 ou 20 só.
(...) Mas, ao contrário do que pensava, ela abriu a porta para os 15 ou 20, e fez passar esse pessoal todo. (...)
[Quando] eu entrei, dei-me de frente com a imagem. (...) Dizem os equatorianos de que Ela, normalmente, está muito triste, muito séria, muito abatida e pálida. E que neste dia --eu, pelo menos, não vi nada disto que eles diziam, e eles aliás confirmam o contrário disso-- Ela estava rosada, muito manifestativa, acolhedora, maternal. Eu posso dizer que os 40 minutos que passei rezando diante dEla, junto com todos os outros, foram 40 minutos de graças sensíveis, ininterruptas.
Eu ia com uma lista de pedidos enorme para fazer a Ela. (...) Quando eu cheguei diante da imagem, olhei para Ela e senti uma graça assim sensível, tão grande, e como que Nossa Senhora me dizia: “não precisa pedir, já está tudo concedido”.
[Aplausos]
(...) [Depois disso] passamos para dentro do mosteiro.
Dentro do mosteiro houve a recepção de capas e de faixas, de não sei quantos, uma quantidade inimaginável.
(...) [Ao sair, olhando para a igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso, eu tive um arrepio], eu senti um passado longinquo, longinquo. Então eu comecei a pensar nos cristãos das catacumbas, nos cristãos do Coliseu, nos cristãos do Campo Máximo, depois nos cristãos da época de Constantino, nos cristãos perseguidos pelos bárbaros, nos cristãos da Idade Média, nos cristãos do período revolucionário já, e sobretudo nos cristãos que vem no futuro. E me sentindo ligado a essa corrente toda de cristianismo, da Igreja que se prolonga inclusive no Antigo Testamento. Eu me sentia numa felicidade! Eram graças de consolação atrás de graças de consolação. Uma coisa impressionante! Gratuitas!
*
JC relata a visita a outro santuário em Quito ("jour-le-jour" 26/1/98):
[Daí fomos para a igreja do “Jesus de la Buena Esperanza”, o qual tem a seguinte história]: um pai de família estava numa situação tremendamente difícil, porque estava cheio de dívidas. [Ele] foi diante da imagem e disse: “olha, eu quero que a minha situação seja arranjada (...)”.
Nosso Senhor então, sentado, que tinha 2 sandálias de ouro, lançou o pé e uma sandália de ouro caiu nas mãos dele. Ele pegou a sandália de ouro, saiu correndo e foi num ourives vender.
(...) O ourives percebeu perfeitamente de onde era a sandália e disse “espera um pouco, eu voi pesar, aguarde um instante aqui”. Pegou a policia, prenderam-no e ele foi condenado à morte.
Ele então durante a condenação (...) disse: “olhe aqui, a história foi assim (...) Peço, por favor, que me levem diante da imagem”.
Levaram-no diante da imagem, com juiz, com magistrados ali, com policia, etc. Ele se ajoelhou e disse: “mas Senhor, agora estou numa situação pior ainda (...) Tirai-me dessa situação, por favor!” Nosso Senhor pegou o outro pé e jogou a outra sandália.
A imagem é muito miraculosa (...) mas estando diante ali foram também graças sensíveis o tempo inteiro, consolações.
(...) Mas eu pensei: “será que essas graças sensíveis são reais, autênticas, indicam alguma coisa? Ou de repente é o demônio que está pondo essa sensibilidade para ludibriar?”
Quando eu estou pensando nisso, vem o sacristão, com um banquinho, de livre e espontânea vontade, põe o banquinho no altar e tirou os floreiros todos, foi até a porta de vidro, e me fez um sinal: “olhe, eu lhe dou a mão, e o senhor sobe aqui”. Subi e ele disse: “o senhor pode ficar de joelhos junto à imagem”.
Contam eles que nunca houve um caso assim na História. Nunca aconteceu.
Depois subiram alguns outros, poucos, e ele fechou a porta de vidro (...) e ficamos rezando mais algum tempo. [Eu], por dentro, estava dizendo a Nosso Senhor que Ele misticamente jogasse umas sandálias, porque nós estávamos numa situação difícil, estávamos numa situação complicada. (...) Então o senhor Juan Pablo [Merizalde], no final de todas as orações, disse: “vamos rezar um memorare pelo apostolado do Sr. João, pelas intenções do Sr. João”. Eu pensei: “bom, a minha intenção é que Ele jogue uma sandália”, mas misticamente falando, eu não estava esperando uma sandália mesmo! Quando, na parte final do memorare se reza “e não desprezeis as minhas súplicas, mas dignai-vos as ouvir propícia e alcançai o que vos rogo”, nessa hora, de junto do vidro da imagem, saltou uma flor fresca, branca. Mas não é que ela caiu: ela saltou!
[Aplausos]
Eu fiquei arrepiado: “o que querer mais?!”
(...) No dia seguinte, quando eu entro na sede, houve uma proclamação de dois jovens, muito bem feita, muito bonita, e me vem trazendo de presente, o quê?
É que haviam passado de manhã para rezar diante do “Señor de la Buena Esperanza”, e o sacristão, então, tocado pela visita que tinhamos feito, disse: “olha, ontem não me ocorreu, mas eu queria dar um presente para aquele senhor que passou por aqui. Por favor, leve essa sandália de presente para ele”.
*
Então, segundo o “parlanchín”, houve um prodígio miraculoso na visita ao “Señor de la Buena Esperanza”. Porém, conforme depoimento insuspeito, aquilo foi combinado:
GFN do Sr Romuald
Desculpe a bagunça do gfn, mas... "já vai alta a lua no solar da Vida"...
Salve Maria!
O último dia nas terras de Garcia Moreno foi realmente abençoadíssimo!!!
A reunião da manhã começou com um toque de fanfarra: anunciava um presente do Senhor da Boa Esperança para o Sr JC, a sandalia do pé direito que ele osculara ontem!
O Sr JC gostou enomermente de que fossem falar com o sacristão para conseguir este "regalo", ele tomou como mais uma confirmação do sinal do dia anterior.
*
Agora vejamos outros dados a respeito da estadia de JC no Equador. O autor do documento parece ser o joanino Nelson Maldonado:
Quito, 16-1-98Salve Maria!(...) Como o senhor pode ver aqui não tem nenhuma fumaça no ambiente!!! A tal ponto que os brados tinham um complemento: !!!,(...) Aqui eles dão brados quem os correspondentes e o corredor espanhol ficou uma reminiscencia do AT [Antigo Testamento]. O dia comeca e termina com ... ++ [cruzinhas na fronte].
A abertura de alma dos rapazes mais novos è impressionante. A confianca que eles tem em tudo que o Sr.JC diz, os conselhos que lhe pedem a toda hora, nos ocrredores, a recepcáo de capas e bandas na Igreja --algum tanto tumultuado, os srs. verao no video um pouco tremido a la Satomoto, tambem as emocoes, mesmo para alemaoes foram fortes, e tocante a confianza com que ouviam os conselhos e como o Sr.jc se debruzava sobre cada um. E os conselhos sempre acertadissimos.
(...) Peco nao reparar a grafica ortografia, pois alem do horario muito adiantado, esta maquina tem outro teclado etc. Enfim nao reparem tb a bagunca nos temas.
Ao longo deste “dossier”, o Leitor perceberá que muito frequentemente os joanistas, quando escrevem algo, abordam os temas conforme vão aflorando nas suas cabeças, não se preocupam em ordená-los, e transgredem as regras da gramática e da ortografia alegando razões pouco convincentes --pois, por exemplo, incorrem em erros que não dependem do teclado da máquina de datilografar.
Trata-se de uma indisciplina no foro interno simêtrica da indisciplina deles no foro externo --por exemplo perante o Estatuto da TFP e as autoridades da Instituição.
Gravei mas pequenos flashes do dia dia --o corredor de Quito por favor quidado com a circulacao, e as reuniaos aparte. Mas recomendo primeiro ouvir esta reuiao do dia 16 tarde que foi certamente a melhor ate agora. TB o video sobre a visita do Bom Sucesso muito flashoso. (...)
*
GFN do Sr Romuald:
(...) Ele discerniu uma graça bem grande na linha do apostolado da graça nova. Ele disse que andando na rua via pessoas de ambos os sexos com vocação para CCEE. Parece que as CCEE da Fiducia conseguiram com não sei quem o telefone do hotel e ligaram para ele durante suas orações.
(...) Depois fez uma palavrinha de despedida --o mais tocante possivel. Foi feito um discurso parafraseando as palavras do SDP no Manifesto da Resistência: nossa alma é vossa, nosso coração é vosso, pedi de nós o que querais(estas palabras fueron dichas por el Sr. Roberto V). E ele respondeu com as mesmas palavras.
Ao rezar a consagraçáo no final da noite ele estava emocionado. Fez o último corredor com cruzinhas dando uma foto do SDP de hábito para cada um.
Mas teve que enfrentar uma batalha com os rapazes, especialmente os colombianos que são mais ferozes: desfizeram a barra da calça dele e sumiu sua lapiseira. Enquanto escrevia este gfn ele me telefonou do hotel para proibir a ida de todos ao aeroporto e pedindo um "esquema de segurança mais forte.
Grafonema de Fernando Gioia para Juan Carlos Casté
Bogotá, 22/1/98
Como transmitir un dia histórico como el de ayer, 22 de enero de 1998? Todos aqui estamos com dificultad de llevar a la pluma las gracias que [recibimos].
Después de la partida del Sr. João de la sede (...) todos estabamos sintiendo la santa embriaguez del Espíritu Santo, similar a la que sintieron los Apóstoles después de recibir la gracia de Pentecostes (1). Abrazos, alegria por doquier, cantos, un "“rejuvenecimiento” general, alzadas de personas en andas, conversaciones animadísimas (todas contando com alegria sin par lo que vivimos).
(...) Estamos en el “Nuevo Testamento”, dije yo al Sr. João ya en la puerta del hotel en los momentos finales (2), a los que me respondió: es casi el fin del Nuevo... (3) (de tan impresionante e inesperado que fue todo).
(...) Ya en la reunión de la tarde, el ambiente de bienquerencia y de bondad de nuestro querido Sr. João estava transmitiendose a todos nosotros (4). No solo por las bellas respuestas sobre el discernimiento de los espiritus y otras cosas, sino por lo marcante de la presencia de Mi Señor Sacral en su persona (5).
Terminada la misma, intentó, com gran dificultad, salir de la sala de reuniones, que era el pátio, firmando “Preces”, tocando fotos, trocando el pañuelo repetidas veces, (..), los enjolrras se avalanzaban sin escrúpulos (y por que los habrian de tener?) sobre él (6).
(...) Ni se nos pasó por la cabeza (...) que la palabriña seria la ocasión, elegida por la Divina Providencia (...) para derramar gracias como nunca hubo a mi ver en toda la historia del Grupo (7). Imagine Ud. que comenzaron tocando, acompañados de guitarra, la Salve Rociera! (...) De alli pasando a otros cantos, el Sr. João intervino comenzando a cantar solo y todos encantados. Ya alli el entusiasmo comenzó a aumentar a lo inimaginable. Al fin de cada canto, los enjolrras que se encontraban arrodillados adelante, se avalanzavan sobre él. Pero no era uno o dos, sino todos! Era una verdadera avalanche.
Bueno, y durante los cantos que él hacia, estaba rodeado, apretado, por inúmeros enjolrras (8). Le tiraban de los cordones del zapato, le agarraban la mano, le ponian la mano sobre los hombros, le pasaban un pañuelo, o mejor, a todo momento lo hacian por sus manos, le apoyaban fotos o reliquias en el traje, le tiraban de la capa. Pero él, impávido, ni se movia --pero es que no lo podia hacer!-- y seguia cantando (9). En un momento salió el canto “no te vayas todavia”, al fin del cual me dió la impresión (...) que estaba emocionadísimo. Pero eso no fue sino un comienzo. En un determinado momento llegó el canto del Magnificat, en sevillano, cantado a solo por él, improvisado, todo un verdadero flash, en el cual el “exaltar los humildes” fue ovacionado y el “derrumbar de los poderosos” ni le cuento! Lo verán por video los que puedan (10). Su expresividad, su voz, su ingenio, su santidad, su arte, a decir en una palabra la persona de Mi Señor Sacral viviendo literalmente en él, son dificiles de transmitir en un grafonema. Y no le digo por la “fumaza”, pues “la fumaza que se arranje!” poco me importa y yo creo que a todos aqui poco nos importa. Porque aqui se pasó un meridiano, de un testamento para outro, de una era para outra, y entramos en este gran dia a la era del Reino de Maria (11).
(...) Y continuaron los cantos, que tal vez muchos podrán ver en los videos. (...) Es que este video es preciso que lo vean todos los que puedan (12). El final no se imagina. Lo levantaron con sillón y todo, “a la silla gestatória” para dar un ejemplo que me entiende. En medio de cantos, brados, exclamaciones de entusiasmo, asi fue llevado hasta la capilla (13). (...) . Llegado a ella, silencio. Reza las oraciones e intenta salir de la sede. Cosa que tardó un tiempón (14).
Esse dia --no podia dejar de ser-- vários y vários carros, y también enjolrras corriendo, lo siguieron hasta el hotel (que queda a unas 5 cuadras de la sede) (15). El carro paró no precisamente en la puerta del mismo, sino a 20 metros. Bajó en la vereda de enfrente, para evitar la bagunza en la puerta, se colocó en un lugar más elevado (16). De una ventana del hotel, al ver a uno con guitarra, gritaron por la serenata. Y así fue que comenzó a tocar el enjolrra que sabia, y el sr. João, en voz suave y bajita, hizo “a la sevillana” outra pequeña palabriña, que terminó, para espanto de los calvinistas, fumazas y semejantes (17), con una bendición también entonada a la sevillana. A pesar haber pedido él mismo que no palmeen ni griten, al final nadie pudo contener un estruendoso “fenomenal!” Nuevo corredor en el medio de la calle, unos dando fotos a firmar o besar, otros tocando sus espaldas o besando sus manos (18). Y acabó entrando solo en el hotel (...).
Las consecuencias del enjolrrático entusiasmo (...) fue la perdida de numerosos botones, los cordones de los zapatos creo que se los cortaron, el doblez del pantalón en su pierna izquierda arrebentado, el pañuelo trocado por outro pero finalmente hasta este desaparecido, etc. No sé como consiguió que no le quiten el distintivo.
Ah! Y me olvidaba de la tradición que se estableció aqui. No pocos le piden permiso para darle un abrazo caluroso. Y eso lo institucionalizaron enjolrrinhas de mediana edad, asi como otros más grandes (19). Cada tanto, en medio de los corredores, cruzinhas, se para uno y pide para poder darle un abrazo. Es que el místico, para odio y perdición de quienes conocemos, curiosamente le dijo que no debia oponerse a las manifestaciones de entusiasmo (20). (...)
Es por eso que le pusimos a este dia 22 de enero de 1998, el dia de la restitución, (...), pues le fue restituido a este hijo predilecto del SDP una gloria merecida por haber luchado años e años por la restitución de la gloria de la persona [del SDP]. También le llamamos el dia del manto de Elias.
(...) La santa embriaguez o ebriedad del Espiritu Santo nos tomó por entero. Fué así que todos volvimos alegres y saludándonos unos a otros del hotel (...). Cantamos el Magnificat en el oratório de la sede y llegamos a la misma. Mal llegamos, percibimos que ese entusiasmo por tan grande dia, tan grandes gracias, los tomaba a todos. Unos se saludaron a los otros. Lo digo por mi, por ejemplo, que fui abrazado por numerosos enjolrrinhas que ni conozco, pues hace dos dias que aqui me encuentro. Y no quedó en eso, comenzaron a alzar de entusiasmo al Sr.Gustavo Ponce los ecuatorianos, al Sr. Tejedor, al Sr. Andreas, etc. (21) (22)(...)
El Sr. João comentó al dia siguiente que realmente creia que era una gracia participativa de lo que será el Grand Retour (23); con esta gracia creo que llenarán varias sedes; (...) a quien me dijo que estabamos entrando en el nuevo testamento, le dije que estabamos en el fin, o sea en el apocalipsis.
Comentários:
Quer dizer, a visita de JC ao Grupo da Colômbia, em janeiro de 1998, foi um símile da visita do Espírito Santo aos Apóstolos em Pentecostes.
Para escarafunchar o que está implícito nas palavras de Gioia, convêm lembrar duas coisas: a) uma tese da Revista “Dr. Plinio”, ano 1, nro.1, do Grupo da Espanha: “Don Juan Clá Dias, hoy en dia alma de la TFP”; b) a doutrina católica ensina que o Novo Testamento não é uma mera continuação do Antigo, mas uma quintessência, um requinte.
Então, o período em que a alma da TFP era Dr. Plinio, está para o período em que a alma da TFP é JC, como o Antigo Testamento está para o Novo.
O que por sua vez indica que os membros da seita joanina pensam que seu senhor é uma quintessência, um requinte de Dr. Plinio ...
A frase de JC merece duas observações.
a) A época em que Dr. Plinio estava vivo entre nós, está tão distante da época atual, como o Antigo Testamento está distante do fim do mundo. E tem razão --desde que se considere em função de quem vivem seus adeptos.
b) Se os dias de hoje remetem para o fim do mundo, JC é uma prefigura de quem: de Nosso Senhor Jesus Cristo na sua segunda vinda? de Elias? ou do Anticristo?
O ambiente não era uma resultante dos estados de espírito dos participantes da reunião. Mas era ao revês: o estado de alma das pessoas decorria do ambiente.
A ação de presença de “Dr. Plinio”, não se exercia diretamente sobre os presentes na reunião, nem sobre o ambiente, mas através da pessoa de JC.
Com esse “respeito” e com essa “sacralidade” eram venerados os santos? Talvez alguns. Mas assim também são venerados muitos líderes de seitas.
Quer dizer que a Providência derrama mais graças através de JC, do que de Dr. Plinio?
Durante os cânticos, os enjolrras rodeavam a JC, colocando-se tão perto dele, que se apertavam entre si. E quando terminava cada cântico, se aproximavam ainda mais --pois “se avalanzaban sobre él”.
Quando às condições nas quais se encontrava, eis o que o próprio JC relata: “Literalmente não dava para mexer um joelho! Estava todo mundo apinhado. E cantoria, cantoria, cantoria” (cfr. "jour-le-jour" 26/1/98).
Tão apertado estava pelos enjolrras, que JC não podia mover-se. Mas isso não o incomodava, ou até talvez gostava disso, pois continuava cantando.
“Los que puedan”? Como assim? Quer dizer que, entre as fileiras joaninas, uns tem acesso a certas informações e outros não?
Concordamos que os joaninos passaram o meridiano de uma era a outra, e que entraram num outro reino --mas discordamos que se trate do Reino de Maria.
“Talvez muitos poderão ver”, “é preciso que o vejam todos os que possam”: mais dois indícios da existência de graus iniciáticos entre os adeptos do joanismo.
O relato dessa procissão pentecostal é confirmado por JC: “Depois do Magnificat criou-se um clima tal, que eu procurei espaço para descer da cadeira onde eu estava, para ir até a capela, quando, de repente, eu vi que pegaram a cadeira no ar e a levaram. Com cantorias e não sei mais quanto, fomos até diante do Santíssimo. Quando chegamos diante do Santíssimo (...), eu disse: “olhem, me deixem daqui!” Com jeito desci (...)” (Cfr. "jour-le-jour" 26/1/98).
Observe-se as mudanças de estados de espírito: antes de entrar na capela, uns se friccionam nos outros, há exclamações, brados e cânticos; ao entrar na capela, aquilo cessa meio abruptamente e todos ficam em silêncio; depois, quando JC sai da capela, recomeça o empurra-empurra e o esfregar-se uns nos outros.
Só que o friccionamento dos corpos ao sair da capela foi maior do que antes de entrar na capela. Eis as palavras de JC: “com jeito desci, fui ao genuflexório, rezamos a consagração e ao nos despedimos, mas uma despedida mais espremida e apertada possível, até o carro”. (Cfr. "jour-le-jour" 26/1/98).
Relato de JC: “Quando saiu o carro (...) o pessoal que pode pegou caminhonete, quem pode pegou motocicleta, outros carros, e quem não tinha veículo foi correndo pelas ruas. Então era gente de hábito, gente de capa, era toda espécie de gente correndo pela rua”. (Cfr. 26/1/98).
O ídolo mandou parar o automóvel 20 metros antes de chegar ao hotel; desceu e se colocou num lugar elevado, não para evitar a bagunça, mas para recomeçar a liturgia.
“Fumaças” somos os que não cultuamos a JC; “calvinistas” e “semelhantes” são os joaninos menos entrosados.
Os que faziam isso na rua, eram os mesmos que já tinham feito isso mesmo na sede.
Pelo menos alguns dos que durante os cânticos estavam muito próximos de JC e quase se esfregando nele, queriam “unir-se” ainda mais ao pajé e o abraçavam. Não eram só os enjolrras de mediana idade (20 a 30 anos?), mas também os mais velhos.
Trata-se de um “místico” costarricense, que teria dado conselhos espirituais a JC e feito profecias a seu respeito.
Entre os joaninos, a propensão a continuamente abraçarem-se, é frequente. E não é preciso que sejam velhos conhecidos, íntimos amigos, ou parentes. Ao que parece, trata-se de um modo de transmitir e receber “graças”.
Depois dos abraços, os joanistas ligaram para seu senhor desde a sede. Relata JC: “Então resolveram me telefonar e ainda rezamos pelo telefone, do hotel para a sede. Estavam todos contentíssimos”. (Cfr. "jour-le-jour" 26/1/98)
Se isto que se passou em janeiro de 1998, teria um auge no momento do “Grand Retour”, no que consistirá o auge dessa tendência de uns se esfregarem no corpo dos outros?
*
Grafonema de Filipe R.Dantas, para Pedro Morazzani:
(...) No dia de hoje (...), na reunião da manhã, as perguntas todas foram pedindo que ele explicitasse para nós o que aconteceu ontem (1). Ele contou por que agiu assim.
(...) Ele sentia que o grupo aqui estava sob uma carapaça que reprimia o lado de alma bom de cada um. Como estamos entrando no Novo Testamento, era preciso encontrar um meio de quebrar essa carapaça e deixar que o lado de alma bom se manifestasse.
“O que aconteceu ontem foi mais ou menos o mesmo que quando S. João Evangelista encostou a sua cabeça no coração de NSJC. Foi uma graça mística coletiva que é um prenuncio do Grand Retour. Nós temos que, com este fogo, encher várias sedes”.
(...) [No almoço] ele tratou dos seguintes temas: (...) se o video de Bogotá fosse passado no Auditório Nossa Senhora Auxiliadora, haveria 3 reações: uns se entusiasmariam, outros achariam que a coisa foi longe demais, e outros ficariam preocupados com as explorações que a fumaça faria, mas na realidade o problema não era da fumaça mas sim deles mesmos! (2)
Comentários
A capacidade de formar um juízo por si próprio está tão atrofiada nos joaninos que fizeram as perguntas, e seu senso crítico moral tão apagado, que eles -- os protagonistas daquilo --pediram a seu senhor que “explicite” o que aconteceu no dia anterior.
Os joaninos são classificados em função da capacidade de se cristalizarem com as festas pentecostais. Os “bons” são os que de nenhuma maneira se cristalizariam com aquilo, são os mesmos que se revelaram incapazes de analisar, usando suas próprias faculdades mentais, os acontecimentos do dia 22.
*
Grafonema de Azurmendi para Casté:
Bogotá, 23 de enero de 1998:
(...) Me toca relatarles lo que há pasado esta tarde.
El Sr. João llegó después de las 18:00 para la reunión con los CCEE. En la sede habia un clima de gran expectativa (...).
El tema es para nosotros conocido y Ud. podrá cogerlo integro cuando le llegue por el sistema habitual (1).
(...) vinieron después los saludos de despedida y la experiencia de la vida del Sr. João hizo llorar a una de las participantes de tal manera penetró en lo más profundo de su alma (2). (...)
Hubieran seguido toda la noche, si los cantos entusiasmados de los diversos grupos de Bogotá, Cali, Manizales, Pasto y Medellín no se hubiesen hecho sentir (3) para que el Sr. João suba para darles una rápida palabrinha. Tuve la gracia de asistir a las 3 y fue para mi outro flash en esta estadia celestial de convívio junto al Sr. João, el SDP y la SDL (4) y todos los miembros del grupo.
(...) Falta la cena, que era para las duplas, maquininha y mailing. (...) comenzó com una catarata de preguntas a las que el Sr. João, mientras comia una ensalada de espárragos com arverjas (5), respondia magistralmente.
Cuando terminó unos panes de queso, (...) atendió la llamada del Padre Olavo, Padre Antonio y Sr. Caio de Ecuador. Esta llamada está llena de detalles, pero para simplificar le paso unos comentários que el místico hizo y que el Sr. João transmitió para los padres y todos los otros que en Quito estaban, dicho sea de paso, com tanto entusiasmo, que algunos que estaban más próximos del Sr. João escuchaban las exclamaciones a través del teléfono que él usaba. Aqui estan los comentários:
“Digale al Sr. João que estoy encantado de haberlo conocido y muy feliz de que tenga el espiritu del Dr. Plinio y lo lleve por todas partes”. Al comentarles las gracias extraordinárias del dia de ayer, [el místico] comentó: “estoy viendo lo acontecido y gozando de ello”. La institución se va a propagar, más que nunca, porque es una institución para los tiempos actuales. Que tiene el mensaje para todo el mundo, les tengo demasiado aprecio y estoy para servirles. El vendrá acá para revestir con el hábito tantos jóvenes que quieren lanzarse a la lucha a rescatar este mundo podrido.
(...) Como la hora estaba corriendo, no hubo corredor, como habitualmente. Fue un dios nos ayude, pues todos querian recibir la crucecita. Es realmente celestial.
La palabrinha de la noche fue sobre la vigilancia. Comentó de nuevo las gracias de ayer y que debe ser como una especie de parangón, cuando ataque el demonio com sus tentaciones, o el mundo o la carne, inclusive en el convívio interno, recordarnos que hubo gracias preludio de un Grand Retour, que el próprio Grand Retour será 1000 veces más de lo que ayer se pasó y que en esa perspectiva debemos lanzarnos en el apostolado, etc., etc.
Después de la consagración, (...), al salir de la sede fue sorprendido con fuegos artificales --no se como no vino el ejército para ver de que se trataba, pues era ya casi medianoche-- y eso que no pudieron prenderse los más fuertes, pues no hubo tiempo de hacer la marcha que estaba preparada. Tal vez mañana se haga. (...)
Comentários:
Qual será esse sistema? A precaução de não indicar no que consiste, será para evitar que essas informações caiam em mãos da “fumaça”? ou para evitar que caiam em mãos dos joaninos pouco iniciados?
No dia anterior haviam muitas manifestações de entusiasmo. Agora há prantos --pelo menos de uma pessoa cujo estado de espírito foi qualificado por Azurmendi como sintomático.
No começo, predominava a expectativa; depois houve prantos; e agora cânticos delirantes.
Azurmendi fala do convívio com 3 pessoas: JC, Dr. Plinio e Dona Lucilia. Acima Gioia dizia que via a Dr. Plinio presente na pessoa de JC. Assim sendo, cabe perguntar se Azurmendi via nos imponderáveis a Dr. Plinio e a Dona Lucilia enquanto seres individuais e diferentes, ou se os via enquanto inabitando na pessoa de JC e formando dentro dele um só ser.
Observar esse gênero de detalhes, só era feito em se tratando da pessoa de Dr. Plinio.
*
Grafonema para o Sr Pedro Morazzani
de Filipe R. Dantas
Bogotá, 24-1-98
(...) Começo este último gfn desta espetacular, extraordinária, fenomenal, fantástica, etc, etc, etc, viajem, contando as impressões que o místico teve do Sr. JC, e que o Sr. Guillermo Azurmendi não contou no gfn de ontem.
"O Sr JC vibra com o espírito do SDP! Que não tenha receio em difundi-lo. Que não se coiba em nada porque o Dr. Plinio o apóia. Não faça caso dos velhos feios e aos outros que se opõem a esta avalanche que vai penetrar em todas partes, porque a avalanche vêm mesmo! A obra vai crescendo barbaramente. É assim, Deus mandou ao Sr. JC para estes tempos, ele está posto por Deus, e é o piloto que tem que conduzir esta nave celestial."
Este trecho o Sr. Gustavo Ponce havia esquecido de ler ao Sr JC no dia de ontem, e só o fez hoje na saída do hotel.
Na manhã do dia de hoje ele atendeu novamente os CCEE para uma despedida. Hoje a reunião pegou mais, pois teve mais intimidade e contacto de alma com o Sr JC.
Apareceram alguns CCEE novos: a uma jovem o Sr JC disse que ela tinha vocação de virgindade e a moça ficou encantada e pediu para ser afilhada; um rapaz frio e naturalista disse com muita "franqueza colombiana": "não acredito em profetas e nem de que o senhor seja santo, mas de qualquer maneira lhe peço a bênção" e se ajoelhou (1); o Sr JC deu um conselho ao ouvido dele: "usted é muito naturalista e está muito atraido pelo o mundo, pelo rock, mas não se engane, que o mundo é mentiroso, peço que confie em Na. Sa.", depois deste conselho ditado pela "experiência da vida", o rapaz se desarmou, e a mãe confirmou que ele é um roqueiro empedernido.
(...) A certa altura Da. Marina Calvo, uma sra que o SDP gostava muito porque lhe recordava a SDL, disse com muita alma: "SR JC, nós ficamos debaixo da proteção de Na. Sa., do manto do SDP e em suas mãos!" Ele respondeu: "Desde o 18-5-67 coloquei tudo nas mãos do SDP, eu não me pertenço, ele é o meu Senhor, se ele os amou tanto eu tenho que ama-los também, e eu lhes deixo o meu coração e ustedes me dão os seus!!!!"
Depois passou para uma palavrinha com os membros do grupo, onde havia um ambiente de muita alegria, bem-querença e contentamento. Respondeu às últimas perguntas da estadia, enquanto era rodeado de enjolras que a toda hora lhe pediam dedicatórias e que osculasse alguma foto. O sr precisava estar aqui para sentir o ambiente!!!
Dou aqui algum pontos dos temas tratados por ele:
Preparemo-nos para a avalanche de apostolado que vem, porque depois virá o sofrimento;
a melhor preparação para a Bagarre é fazer perfeitamente o que se faz;
o SDP fez tudo perfeito até o último momento de sua vida, 86 anos de perfeição (aplausos);
flashes do serviço militar do Sr JC: rompendo o respeito humano ao comungar todos os dias; descobriu uma camarilha de drogados e expulsou 11 do exército; foi condecorado com a mais alta medalha do exército, mas ele não foi busca-la por despretensão; ao se despedir do comandante, este vendo o distintivo comentou: "agora entendo de onde vem o seu valor!"; do serviço militar do Sr JC nasceu a idéia dos passos de marcha, das Itaqueras e toda a militarização do grupo.
Porque o SDP colocou o nome de Plinio Fernando? Para incentivar o seu lado de alma espanhol, respondeu ele. O Sr. Meran acrescentou: "Porque não perdeu nenhuma batalha!". E Na. Sra. do perpétuo Socorro? "Porque o SDP disse que eu era muito frágil e que precisaria do socorro de Na. Sra. a todo o momento".
As refeições tem sido em geral conversadas e com os mais velhos, e sempre se cria um ambiente de muita intimidade e muita confiança, em que ele abre a alma muitíssimo. Ele disse que não queria fazer conferencias nas refeições e por isso as pessoas comentam muito, mas curiosamente não tem saído nada fora da pista!!!
No almoço comentou a reunião com os CCEE: há muita generosidade, elas se oferecem como vítimas expiatórias e tem uma verdadeira submissão religiosa!
Depois do 3-10, o discernimento dos espíritos do Sr JC aumentou? Além do thau, ele tem a graça atual do Esp. Santo e a graça permanente da missão, para tocar a obra adiante, porque senão o grupo morre! (2)
Ele vê a luz primordial dos povos e estimula os lados bons e combate os maus, coisa que o místico não faz...
Temos que ter horizontes largos: entrem em contacto com Avianca para trazermos o coro e a fanfarra para o Cone Norte, a fim de fazermos peregrinações e assim levantarmos o movimento de CCEE.
Precisamos falar do SDP com amor, com fogo, com devoção, e não como um guia de museu que não entusiasma ninguém!!! Temos que ser Paulos em relação a NSJC!!!
No hotel ele se encontrou com Dr. Storni, que estava chegando neste momento da Argentina (...).
Depois da sesta ele passou rapidamente pela sede e fez uma palavrinha de 20 minutos onde todo o fogo de sua alma estava contido: "Saio com a alma cheia de alegria e esperanças, porque Na. Sa. tem uma predileção especial pelo "Cone Norte", onde há mais fé e mais futuro que em outros lugares.
"Assim como o SDP chamou o Equador de santuário da Am. Latina, eu poderia chamar a Colômbia de arsenal da América! (3).
"Eu os analisei muito, e vindo diretamente à fonte, posso constatar que há água para dar até o fim do mundo.
"Orgulhemo-nos de sermos os povos do futuro e do RM
"Será nestas terras que o Anti-Cristo encontrará uma resistência!!! (aplausos, brados e ohohohsss).
"Nós passaremos para o futuro como aqueles que vingaram a Deus, aos anjos e os fiéis, até o fim do mundo.
"Ustedes são chamados para a Santa Vingança!!!
"Faremos a mais bela guerra da história!!!
"Apertarei as mãos daqueles que se chamarão vingadores de Deus!!!
"Usem a grande arma do rosário (e tirou o seu do bolso), e em breve serão os soldados mais poderosos que a história já conheceu!!!"
Neste momento, do país do arsenal, o presentearam com uma adaga colombiana, que ele em seguida levantou produzindo um entusiasmo sem precedentes.
No fim ele coroou a Imagem que o Dr Storni trouxe e passou pelo último corredor da estadia, dando uma cruzinha para cada um, um conselho ou abraço para outros e bênçãos para todos...
No automovel, a caminho do aeroporto, ele comentou a viajem:
"Vim, atuei, se abriram as portas do céu, choveu e fiquei empapado de graças" (4).
"Se sentiam graças da Sagrada Escravidão, de se enfeudarem ao SDP, se notava um amor autêntico. Depende agora da correspondência que tenhamos, porque eu vejo que há possibilidades extraordinárias."
(...)
Reze por nós, para que correspondamos a estas graças que foram das maiores da vida!!!
Comentários
Onde está o “lumen rationis” desse moço? Por um lado afirma não acreditar que JC seja santo, e por outro lado lhe pede a benção e se ajoelha diante dele, como se fosse um santo?
É portanto o sucessor de Dr. Plinio.
JC se equipara a Dr. Plinio.
“Vini, vidi, vinci” – vim ,vi e vencí. Que despretensão!
*
JC relata como foi o último dia que passou na Colômbia - "Jour-le-jour" 26/1/98:
No dia em que eu saí (...) no aeroporto (...) o pessoal fez duas fileiras, calmas, desde a porta do carro até não sei que parte, dentro do aeroporto. Então era: cumprimento para um, cumprimento para outro, para outro. Longas despedidas, gente que chorava: “não vai embora! Fica aqui, pelo menos até segunda feira, fica mais um pouco!”
Depois eu quis comer alguma coisa, para poder dormir mais no avião. Disse a eles que ficassem ali, que eu ia tratar de uns papéis. A maior parte, de fato, foi muito obediente, ficou.
Eu subi umas escadas e fui para uma lanchonete. Trinta ou quarenta outros não ouviram o que eu tinha dito e invadiram a lanchonete de um lado e de outro, por dentro. As cinco balconistas que estavam ali pararam. Ninguém mais podia se servir, porque todo mundo tomou conta dos balcões. Eu sozinho, comendo, conversando com eles, e as balconistas ouvindo também.
Eu pensei: “isso aqui vai dar uma complicação do outro mundo; daqui a pouco vão chamar a policia”. Todos com toda a naturalidade, tudo normal, tomando aquilo como se fosse uma coisa comum, importante.
Depois de eu tomar o lanche, ainda me pediram medalhas de Nossa Senhora de Fátima. Então me arrumaram umas medalhas, eu distribui para as balconistas. Elas pediram mais, depois pediram folhetos de Fátima, etc. E o público todo que estava esperando para tomar alguma coisa, ficou do lado de fora, até aquele movimento se desfazer. É tudo completamente diferente.
Neste ínterim, eu ia descer as escadas, quando a avalanche toda do pessoal me impede, porque vinha no sentido contrário. Sabiam que o embarque era do outro lado, então não iam me esperar embaixo e aí avançaram. Avançando, fizeram uma tal roda, que me puseram em cima de uma barrica praticamente: era um latão de lixo que tinha a altura de uma barrica. E ali começaram, dentro do aeroporto, cantorias e desafios, etc.
Aí o público começou a juntar em volta, começam a perguntar o que está acontecendo, o que não está acontecendo, e todo mundo tomando com naturalidade.
Os CCEE ficaram numa roda muito mais ampla. Para fora, tiraram os lenços e começaram a abanar os lenços. Foi um show!
Terminado, eu disse: “olhem, eu preciso ir porque vou perder o avião! Deixem-me passar!” Tentei descer, não me deixaram: levaram-me no ar, desde o lugar onde eu estava, até o ponto de embarque.
Quanto a esse último episódio, há mais dados no grafonema enviado por Filipe Dantas a Pedro Morazani, em 24/1/98:
No final, pelos corredores do aeroporto, o carregaram nos ombros, como se fosse um toureiro que sai pela "Puerta Grande", em meio a cânticos, brados, palmas e vivas. (...)
O público perguntava quem era; um santo, respondiam!!! Um menino queria pedir um milagre para ele: livrar seu tio da cadeia! Outros diziam que era um novo D. Bosco!
*
Outros dados relativos não só à Colômbia, mas sobretudo à Colômbia, tirados do "jour-le-jour" 26/1/98:
Basta falar do SDP que Nossa Senhora faz descer graças. Mas [antes da viagem] eu contava com as graças que são as que a gente vê cairem aqui, lá e acolá (...).
Qual não foi a nossa surpressa quando em Bogotá, a primeira noite e a manhã seguinte, em Quito, depois em São José de Costa Rica, e depois novamente em Bogotá, as graças caíram ... não sou eu quem digo, [mas] pessoas que passaram por cerimônias de Sagrada Escravidão [e] que estavam lá diziam que nem sequer na época da Sagrada Escravidão houve tanta graça. As graças caíam às torrentes. Bastava começar uma reunião que ...
E o resultado foi que os novos se consolidaram, os apóstatas retornaram --uma série de casos de apóstatas que retornaram-- , os sabugos refloresceram (...) (1). Pessoas que iam para a sede pela primeira vez, aderiam de corpo e alma, e já começavam a querer saber como é a escravidão a Nossa Senhora. Rapazes que iam também pela primeira vez, aderiam completamente e já queriam faixa. Uma coisa que eu nunca vi em minha vida.
O Sr. Andreas Meran disse isso: que parecia o mesmo estilo de graças que Nosso Senhor trazia, que ia pegando e dizia: “você, vem para cá, siga-me! você, siga-me!” Porque era assim!.
O entusiasmo foi num crescendo, foi num crescendo, foi num crescendo (...).
(...) o regime era: reunião de manhã, reunião à tarde, almoço com reunião, jantar com reunião e à noite reunião. Pelo menos 5 reuniões por dia. O Sr. Araujo está querendo abandonar o serviço e fazer um sistema assim aqui também.
(Todos: fenomenal!)
Então, à noite, eu disse a eles que eles tinham que manter aquele espírito, que é o espírito da santa alegria, que um santo triste é um triste santo, que a santa alegria faz bem. Enfim, falei sobre a alegria, sobre a necessidade de a gente ter entusiasmo, sobre a necessidade de se manifestar a alegria (2).
Contei o que o SDP me disse na primeira cerimônia que houve no São Bento II: (...) “nós precisamos externar aquilo que levamos dentro da alma. E o que houve aqui foi uma exteriorização de princípios, de sentimentos, de anseios que se tem na alma, pela vocação, pelo Tau, e que se pôs em atos, em palavras, em movimentações. E isto é indispensável, porque se a pessoa não faz isso, a pessoa recolhe isso dentro de si, abafa isso dentro de si e isto vira bicho, é uma bicharada que come a pessoa por dentro”.
Então eu disse isso a eles que era preciso que eles se exteriorizassem, que eles pusessem o que levavam na alma para fora, etc.
Eu disse algumas palavras: que era preciso nós mantermos aquele espírito de entusiasmo --porque todo mundo estava tomando por uma graça muito grande-- e que aquele espírito nos levava ao Grand Retour, que aquilo já era uma espécie de pré degustação do que viria em matéria de Grand Retour, que no Grand Retour nós sentiríamos aquela alegria (...).
Houve gente que disse que foram os três dias mais felizes da vida, esses três.
(...) Não há problema nenhum nesses grupos: tudo completamente desanuviado, sem nenhuma complicação, sem nada dos temas que às vezes nos perturbam, penetram nesses lugares; o tempo inteiro é o SDP e a vocação, o SDP e a vocação. Parecia já estarmos vivendo o Reino de Maria (3).
Comentários:
Quando São João Batista enviou dois de seus discípulos a perguntar a Nosso Senhor: “És tu o que há de vir, ou devemos esperar outro?”, Nosso Senhor disse-lhes: “Ide, e contai a João o que ouvistes e vistes. Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados”. Segundo os comentaristas, Jesús respondeu mostrando que se realizaram nele os caracteres do Messias preditos pelos profetas.
Quer dizer, ao parafrasear esse trecho das Sagradas Escrituras, aplicando-lo a seu apostolado, JC não se coloca, em alguma medida pelo menos, como o homem providencial encarregado de instaurar o Reino de Maria, como Moisés da Lei e da Graça profetizado pelo Beato Palau?
Como aquelas manifestações de “entusiasmo” eram em relação a JC, no fundo JC está estimulando o culto tributado a ele.
JC concebe o Reino de Maria como uma era histórica na qual a luta não existe.
Referindose às “graças” inerentes às coroações de Fátima no Norte Fluminense, Santiago Morazzani perguntu a JC se ele esperava aquilo. Ao responder, o guru carateriza como se manifesta a “graça” nova: a) quanto a seu dinamismo: vem muito rápido, com muito ímpeto e num crescendo súbito; b) quanto a seus efeitos: difunde “alegria” e “entusiasmo”:
Eu esperava. É verdade que veio um pouco mais do que eu esperava, mas eu esperava.
(Todos: Fenomenal!)
É que veio muito rápido e com muito ímpeto. Eu esperava uma coisa um pouco mais lenta e com menos ímpeto e num crescendo um pouco ... (...) Eu esperava uma coisa assim [crescendo lento] e a coisa me veio com um crescendo súbito. De maneira que surpreendeu, não pelo que deveria acontecer, mas surpreendeu pelo crescendo, pelo súbito.
(Aparte: Em Lajes, na primeira ida, o senhor já esperava aquilo?)
Eu esperava algo naquela linha, mas não tão intenso também.
Aliás, tinha dito para os senhores, eu tinha dito isso. Tinha dito porque eu pressentia. Eu até disse que fazia questão de ir porque queria ver como é que era a graça atuando.
(A. Tavares: O senhor disse que ia fazer um teste também para ver qual seria a reação.)
Exatamente. Está aí, foi isso.
(Aparte: A graça dos cinqüenta anos e cinqüenta dias.)
E eu acho que estão 50 dias mesmo, porque... (1)
(A. Tavares: 50 dias depois do Maracanã... Pacaembú.)
Pacaembú. Não, quem sabe o Maracanã também. Só em Campos já tinha mil e duzentas pessoas. Se o senhor for começar a ampliar, a ampliar, a ampliar, em seis meses, um ano...
(...).
(Pedro Henrique: Sr. João, eu tenho uma coisa interessante. Para todo o mundo que a gente conta o que aconteceu [nas coroações de Fátima], eles ficam assim acesos. (...) Aconteceu hoje no mercado. (...) Ele me perguntou: "Oh, mas você sumiu?". Eu disse: "Eu viajei, fui no Rio, fui tocar". Aí comecei a contar. Sr. João, formou uma rodinha: "Puxa, mas que coisa! Olha, muito obrigado por ter contado". Aquela graça, aquela alegria, aquele entusiasmo...)
Mas é um anjo que está percorrendo isso tudo.
(P. Henrique: Com duas pessoas que eu contei, foi onde sempre compro peixe e um menino do caixa. [Inaudível] Começou a falar imoralidade... Aí eu disse: "Você não faz idéia, eu estive lá no Rio, e aconteceu tal coisa, tal coisa assim assado"... [Ele disse:] "É verdade! Olha, você me dá uma grande alegria hoje, não imaginava que isto tivesse acontecido".)
(...) Aquele sujeito na rua de Miracema que estava de sandália havaiana, de bermudas, que o nosso pessoal ia passando e ele dizia:
-- Oh! É do Pe. Olavo, não é? Salve Maria, hein! Olha, Nossa Senhora vai vencer, Nossa Senhora vai vencer.
É o anjo que está difundindo uma graça e que está movendo as almas. (2)
(Cfr. Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 24/5/96)
Comentários:
Trata-se de uma alusão ao seguinte comentário de Dr. Plinio: a Providência demorou 500 anos para suscitar uma pessoa inteiramente contra–revolucionária; essa pessoa demorou 50 anos para converter o Grupo; o Grupo demorará 50 dias para converter a opinião pública.
Um sujeito na rua, de bermuda e sandália havaiana, cumprimenta aos discípulos de JC com “Salve Maria” e afirma “Nossa Senhora vai vencer”. No caso anterior, um menino falava imoralidades, mas ficou contente ao ouvir a narração da cerimônia. Segundo JC, ambos fatos são sintomas de que um anjo está difundindo uma graça e movendo as almas. Pode ser. Mas não necessariamente, porque também pode tratar-se de pessoas de mentalidade relativista, para as quais o bem e o mal é a mesma coisa.
*
Quando a “graça” nova se manifesta, exalta a pessoa de JC e incidir sobre a emotividade das pessoas - Proclamação de notícias, ANSA, 28/9/96, repercussão de uma campanha que os joanistas fizeram na África do Sul:
Numa paróquia, de uma cidade importante, tivemos uma muito boa conversa com o pároco.Casualmente já tinha ouvido falar de várias maneiras contra nós, mas não se deixou impressionar, e comprou 15 livros.
No fim da conversa, dissemos ser já muito tarde, mas perguntávamos se não haveria um jeito de recebermos a Sagrada Comunhão.
O padre ficou um pouco surpreso, mas nos conduziu à igreja. Isto não é nada comum na África do Sul, ainda mais agora quando, em virtude da onda de criminalidade, as igrejas estão especialmente trancadas, com vários cadeados, grades, etc. Portanto, dar-nos Comunhão significava um bom esforço da parte do sacerdote. Trabalhosamente ele foi abrindo os cadeados um a um, até poder entrar no templo e depois na sacristia, paramentou-se e nos deu a comunhão.
Fomos então para os primeiros bancos e começamos a fazer os habituais 10 minutos de ação de graças (...).
Enquanto estávamos ajoelhados, sentíamos a presença do padre, atrás de nós, e começamos a imaginar que ele ia acabar ficando irritado com nossa demora. Rezamos a nosso Pai e Senhor perguntando o que fazer, e ele nos inspirou a continuarmos até o término dos habituais 10 minutos.
Por fim levantamos, caminhamos até a porta, passamos pelo padre, e ele não nos dirigiu palavra. Saímos da igreja e esperamos para agradecê-lo, quando terminasse de trancar as portas. Agradecemos, e neste momento notamos estar ele com os olhos marejados de lágrimas, sem possibilidade de falar. Ele aproximou-se de nós, deu em cada um abraço muito efusivo e truculento, demonstrando estar tremendamente emocionado.
Ficamos também emocionados (...).
Só pudemos explicar isto, por uma graça que ele deve ter recebido por meio do Senhor Doutor Plinio durante a nossa comunhão.
Curiosamente o nome do sacerdote soava muito familiar para nós: John Clark.
Terão sido estas as primeiras gotas da "graça nova" prevista por nosso Pai e Fundador para o mundo, que começam a cair na África do Sul?
Tribuna do Ceará, Fortaleza, 17/12/99, pág. 1:
Emoção. A chegada da Imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, acompanhada de 52 integrantes do “Coro e Banda Sinfônica Internacional Nossa Senhora de Fátima”, e “Coral Santa Cecilia” ontem à tarde, no aeroporto internacional Pinto Martins, foi marcada pela emoção. (...)
Jornal “Dia a Dia”, Fortaleza, 18/12/99, pág. 1 caderno C:
A emoção tomou conta de todos os presentes quando a imagem de Nossa Senhora de Fátima entrou na Catedral. (...)
Os acordes dos instrumentos, levaram a maioria das pessoas às lágrimas.
A reportagem é acompanhada por uma fotografia, cujo nariz de cera diz assim: “Wellington Landim, de mãos dadas, rezou junto com seus companheiros”. Ora, acontece que essa postura é típica dos pentecostalistas.
Observe o Leitor que, tanto na chegada da imagem, quanto na apresentação própriamente dita, o que carateriza o evento é a emotividade.
Observação do Pe. David em carta a Dr. Caio, 4/2/97:
[Se acontecesse com o SDP algo na linha do que aconteceu no Norte Fluminense], daria estrondo publicitário na certa. Por que com o Sr. João, que se expõe em tantas ocasiões destas, ainda não [tem] surgido nada? Para mim é um mistério. (...) Muitos estrondos surgiram por muito menos.
*
A pergunta do Padre David adquire maior fundamento se considerarmos dois depoimentos insuspeitos:
a) Conversa de JC com seus íntimos, no Praesto Sum, 11/10/95:
O que eu queria é ver se eu conseguia juntar em São Paulo todos os possíveis CCEE do Brasil, num movimento de massa. Não sei se o barco agüenta esse tiro. Porque se nós fizermos isso, fica patente de que nós estamos conseguindo entusiasmar as massas mais do que era previsto. Aí eles [NB: os que dirigem a Revolução] caem em cima de nós. Mas também...
Esse é meu grande problema: Até onde a gente deve dar um passo que leve a eles a tomar uma atitude e que faça com que a gente não possa mais ter essas reuniões que nós temos aqui, por exemplo e deixar o pessoal todo por aí.
Por exemplo isso: até onde o falar dele por toda parte não vai irritá-los a ponto de eles caírem em cima de nós?
Memento: caso do general da Bahia. Eu fui quem produzi aquele negócio. Tenho consciência clara. O Fernando Filho me levou para a Bahia para fazer reunião para o pessoal, para os EEII que estavam lá. Ele juntou três êremos e fizemos um simpósio. Eu fiz umas três reuniões com eles, dizendo: Senhor Doutor Plinio, Senhor Doutor Plinio, saiam pelas ruas e a todo instante "Plinio, Plinio, Plinio, Plinio". Logo em seguida veio o negócio do general. O General Otávio Costa ou coisa que o valha, que montou um estrondo contra nós. Então, até onde nós devemos ir ou não? Isso não sei.
b) "Jour-le-jour" 7/1/96, JC comenta as previsões feitas pelo Sr. Dr. Plinio no Natal de 1979, em Jasna Gora:
Eu noto que a campanha (...) que tem sido feita esses dias indica um crescimento muito grande do ódio contra a TFP.
São dezesseis anos em que ele vem crescendo.
O que significa que está tudo preparado para uma grande ofensiva, porque eles não perdem o tempo à toa, e essa ofensiva é um despencar de ódio contra a TFP simplesmente inimaginável.
Foi antes do estrondo do D. Mayer e do Mutuca. Mas ele percebia o ódio se armando no horizonte.
(...)
Pode ser que Nossa Senhora nos dê ocasião, por meio de superprudências de toda a ordem, de atravessar esse ano sem ter dado ao ódio o pretexto de explodir,...
Foi o que aconteceu.
... mas ele se acumulará com juros e no fim do ano que vem estará em proporções inimagináveis.
Foi o que aconteceu. (...) Por aí os senhores vêem a ultraprudência, o ultracuidado com que devemos andar.
Resposta de Dr. Paulo Brito a Pedro Paulo de Figueiredo, promotor de um abaixo-assinado pro-JC que circulou em diversos ambientes do Grupo em 1996:
Um resumo do que entendo ser sua posição ajudar-lhe-á a compreender minhas objeções. O Sr. afirma que:
1) "a graça suscitou uma pluralidade de atividades e de formas de vida" no seio da TFP, pela qual "desenvolveram-se organicamente preciosos mecanismos naturais e sobrenaturais de influência";
2) sendo a TFP uma corrente ideológica, tais mecanismos consistem em que, em seu interior, "os mais radicais (...) sustentam e animam o avanço do conjunto na busca da perfeição, e representam uma das melhores garantias da continuidade de sua Obra";
3) esses mecanismos de influência correspondem não somente às "linhas gerais do rumo dado [pelo Senhor Doutor Plinio] à sua Obra", mas até a um desígnio de Nossa Senhora "que não é lícito a ninguém (...) querer alterar";
4) daí se deduz que um "governo sapiencial e orgânico" da TFP deve dar prioridade à preservação da "liberdade de ação dos porta-estandartes da radicalidade".
Aplicada na prática, tal teoria importaria no estabelecimento de um tipo de sociedade parecido com a sétima era do mundo imaginada por Joaquim de Flora: a Igreja e o mundo governados pelos religiosos. Ou, para dar um exemplo mais próximo de nós, com a Igreja pneumática defendida pelos carismáticos.
(Cfr. fax de Dr. Paulo Brito, para Pedro Paulo F., 16/12/96).
*
Fala Ramón León:
Nunca foi segredo para ninguém, nem mesmo fora de nossas fileiras, a grande consideração que todos na TFP tributam aos membros da nobreza e das elites tradicionais análogas, e ao papel ímpar que devem desempenhar na sociedade humana e em nossa própria entidade, conforme a natureza das coisas, os desígnios da Providência e a resposta à graça. Vemos com alegria, aliás, que tantos irmãos nossos de vocação, filhos de boas famílias, se esforçam por estar na primeira linha do fervor e da dedicação ou, pelo menos, do apoio aos mais fervorosos.
(Cfr. "Quia nominor provectus", p.175)
Segundo RL, a consideração e o papel dos aristocratas, dentro da TFP, depende, em boa medida, de como eles correspondem à graça. Mas quem discerne o grau de correspondência à graça? JC? E no que consiste a “correspondência à graça”? Em adorar a JC?
*
Trechos de conversa entre a Rvda. Madre Sóror Maria Elena da Divina Sabedoria, OCIF, e Gustavo Campos:
(GC: Madre, los Provectos , como Ud. dice, no son autoridad, porque nunca se han preocupado de la vida espiritual de la TFP).
Soror ME: Mire, el Dr. Plinio era muy amante de la jerarquia, lo vemos bien explicado en su libro “Nobleza” y en “Revolución y Contra-Revolución”; dentro de la TFP él dejó establecido un orden, en el que cada uno ocupa su puesto, así: los sócios fundadores, los efectivos y los honorários, por que ahora no quieren que haya esta distinción? Uds. que siempre han defendido la tradición como el mejor legado, por que ahora no la quieren conservar, ya que de esa manera fueron fundados?
(GC: Madre, si nosotros tampoco queremos eso, lo único que queremos es que se establezca el voto general, así como Uds. que eligen a su Abadesa, menos las novicias, claro).
Soror ME: Pero es que nuestras leyes son distintas de las vuestras desde el princípio.
(GC: Madre, las leyes civiles poco cuentan para nosotros, la TFP es sobretodo espiritual, Ud. sabe Madre que con el tiempo llegaremos a ser Orden).
Soror ME: (...) Uds. tienen que respetar la autoridad legítima.
(GC: Madre, los Provectos no son autoridad legítima, su puesto es solo figurativo).
Soror ME: Pero como que no! Mire, nosotros pertenecemos a una Orden y tenemos bien claro que la autoridad es autoridad y tenemos obligación de respetarla y obedecerla.
(...)
Soror ME: Yo me explico este problema de la siguiente manera: (...) cuando Nuestro Señor fundó la Santa Iglesia dejó como su sucesor y piedra fundamental a San Pedro, y quien era San Pedro? El más débil, porque lo negó 3 veces; el más imperfecto, porque según se lee en los Evangelios, Nuestro Señor tuvo que decirle: “apártate de Mi Satanás que me haces tropezar, tú piensas como los hombres, no como Dios”; y en otras veces también tuvo que reprender su prudencia humana y su carácter impetuoso porque no comprendia lo que Nuestro Señor le enseñaba. Sin embargo, a él mismo lo eligió como continuador de su obra. Y por que no escogió a Nuestra Señora, criatura la más santa y perfecta después de Dios? Ud. no há pensado que confusión y división se hubiese provocado en aquella Iglesia naciente si los mismos Apóstoles y discípulos que ya eran muchos, hubieran querido seguir unos a Nuestra Madre Santísima alegando que era la más santa y otros a San Pedro diciendo que Nuestro Señor lo nombró a él como su sucesor? Claro que ni por remota idea debemos pensar que nuestra Reina y Madre Purisima hubiese permitido cosa semejante en lo más mínimo.
(...) Con esto quiero decirle que el Sr. Juan Clá --que por cierto perdone las espaldas-- puede ser el más santo dentro de la TFP, pero no es la autoridad inmediata según vuestros estatutos, y además cuanta responsabilidad tiene, ya que él --como Ud. me há dicho-- siempre há sido encargado en el aspecto espiritual, deberia hacer reconocer la autoridad y con eso se evitaria la división y este penoso problema.
(...)
(GC: Por eso Madre la TFP es sobre todo espiritual y no nos interesan unas leyes civiles).
(...)
Soror ME: Y cuando salga la sentencia del juicio, que pasará?
(GC: Pues nada Madre, seguiremos como estamos).
Soror ME: Ah, yo pensé que se unirian y que entonces se terminaria este problema.
(GC: No, porque nosostros estamos seguros que lo vamos a perder, pero para nosotros no tienen ninguna importancia unas leyes civiles).
Soror ME: Pero entonces para que el Sr. J. Clá presentó este juicio? Para que lo elijan a él de Presidente?
(GC: No Madre, si lo ganáramos, se elijiria de Presidente a otra persona y él seguiria encargándose de la parte espiritual).
(Cfr. Carta de Soror Maria Elena de la Divina Sabiduria a seu irmão, o Sr. Luis Criollo, Toledo, 6 de mayo de 1998)
Nessa conversa encontramos mais dados para montar o conceito joanino de autoridade:
O fato de uma pessoa se preocupar pela vida espiritual dos componentes de uma instituição, confere autoridade a dita pessoa;
a autoridade é legítima desde que seja “fiel” à “graça”;
a autoridade dos Provectos é ilegítima, e seu posto apenas figurativo. Se os revoltados ganharem o processo, a pessoa por eles designada como autoridade seria legítima, mas seu posto também será figurativo, porque quem se encarregaria da parte espiritual seria JC. Quer dizer, a autoridade --legítima ou ilegítima-- sempre deve ser figurativa, decorativa, pneumática.
Note-se a aversão dos joanistas pela ordem jurídica: “las leyes civiles poco cuentan para nosotros”, “no nos interesan unas leyes civiles”, “para nosotros no tienen ninguna importancia unas leyes civiles”. Quer dizer, para eles só tem validade as leis religiosas.
*
Numa reunião para CCEE (26/5/96), JC comenta os conselhos de Nosso Senhor Jesus Cristo a Seus Apóstolos pouco antes de partir para a Paixão, faz um paralelo a respeito de como devemos proceder após a morte de Dr. Plinio, e sustenta que, para que a TFP vá adiante, deve ser governada pelo “Espírito Santo”:
Estas coisas Eu vos digo enquanto permaneço entre vós.
Portanto, haverá um momento em que Ele não estará entre nós, haverá um momento em que Ele terá partido. Ele, Nosso Senhor, fundador da Igreja. Não era normal que Ele ficasse, para manter a Igreja que Ele fundou? Entretanto, Nosso Senhor diz que vai partir. Diz mais.
Mas o advogado, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome,...
Porque Ele vai chegar junto a Deus Padre e Ele enquanto homem e enquanto Deus pedirá a Deus Padre que seja enviado o Divino Espírito Santo.
... esse vos ensinará tudo...
O Espírito Santo vai nos ensinar tudo, diz Ele. Vai nos ensinar tudo e às vezes a gente fica preocupado:-- Como é que vou aprender isto? Como é que vou aprender aquilo? Eu não tenho tempo para ler tal coisa.
-- Escute, reze. Peça ao Divino Espírito Santo, porque o Espírito Santo vai lhe dizer no fundo da alma.
-- Por quê?
-- Porque Nosso Senhor disse.
-- Mas onde é que Ele disse?
-- Está aqui.
Mas o advogado, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará tudo, e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.
É o Espírito Santo que faz com que nós lembremos de tal palavra de Nosso Senhor, é o Espírito Santo que faz com que nós lembremos de tal palavra de nosso Pai e Fundador, é o Espírito Santo que faz com que nós lembremos de tal flash, é o Espírito Santo que faz com que nós lembremos de tal situação, de tal outra, de tal outra, é o Espírito Santo que move as nossas almas no sentido da santidade, é o Espírito Santo que nos ensina, é o Espírito Santo que é o maior, o melhor e o mais perfeito de todos os mestres que nós temos.
Este, sim, não pode faltar. Nosso Senhor foi-se, porque Nosso Senhor subiu aos céus. Deixou Nossa Senhora, é verdade, mas depois Nossa Senhora subiu aos céus também. E quem ficou na Terra?
-- São Pedro.-- São Pedro foi morto, foi martirizado.-- Os Apóstolos.-- Todos martirizados.-- E como é que ficou a Igreja?-- Ora, com o Espírito Santo.
O Espírito Santo é o que anima, o Espírito Santo é o que ensina, o Espírito Santo é aquele que nos dá a sustentação na vida sobrenatural, o Espírito Santo é que santifica as nossas almas.É por isso que nosso Pai e Fundador dois, três anos antes de falecer dizia isto: "Eu morrendo vai ser preciso que haja muita oração ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora Rosa Mística, para pedir graças místicas especiais ao Divino Espírito Santo para tocar a minha obra adiante. Inspirações, revelações, sonhos, aparições, vozes interiores, moções da graça, tudo isso vai ser preciso que o Espírito Santo faça, toque as almas nessa linha para que minha obra vá adiante".
Esse trecho entre aspas --transcrito aqui tal e qual aparece no texto dessa reunião para CCEE-- dá a entender que se trata de palavras literais de Dr. Plinio. Mas já vimos que é uma adulteração do que Dr. Plinio realmente disse.
*
Reunião na Saúde, 18/2/97:
(Albertony: Eu fui ler um trecho de São Mateus e não consegui entender direito. Não sei se o senhor poderia explicar. (...) “E aconteceu que, tendo Jesus acabado esse discurso [Sermão da Montanha], estavam as multidões admiradas da sua doutrina, porque os ensinava, como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas e os fariseus” (Mt 7, 28-29). Por que os escribas e os fariseus não ensinavam com autoridade, e qual é a malícia de não ensinar com autoridade?)
Os escribas e fariseus conheciam a Escritura mas não procuravam interpretar a Escritura como deviam. Nós vimos isso numa das reuniões de quarta-feira à noite, sobre Teologia de História. As Escrituras mostravam que aquela era a época do Messias. Eles estavam convencidos inteiramente de que aquela era a época do Messias, eles ocultavam ao povo que era a época do Messias, porque eles não queriam um Messias que aparecesse segundo o modelo de Nosso Senhor, segundo o modelo de São João Batista; eles queriam um Messias segundo o modelo deles.
Como eles tinham se desligado da verdadeira interpretação da Escritura, eles perderam a autoridade.
Nosso Senhor Jesus Cristo ensinava com autoridade, antes de mais nada porque Ele era a verdade, Ele era a realização das Escrituras, Ele era a realização das promessas. Então Ele tinha autoridade, dava a interpretação inteiramente verdadeira, autêntica.
E só tem autoridade aquele que tem autenticidade; só tem autoridade aquele que está ligado inteiramente à verdadeira interpretação (1).
Eu vou dar um exemplo para os senhores.Se trouxessem aqui uma pessoa, um membro do Grupo para falar, e ele, por absurdo, dissesse:-- As coisas que o Sr. Dr. Plinio disse, precisam ser bem entendidas de acordo com as circunstâncias, porque o Sr. Dr. Plinio, na realidade, previu a morte dele e morreu. Agora nós devemos permanecer mais ou menos como toda e qualquer ordem religiosa, e devemos ir desenvolvendo a obra dele segundo os princípios que ele deixou na R-CR. Devemos tomar a R-CR e devemos ir desenvolvendo o Grupo até chegar o castigo, que é a Bagarre. Depois vem o Reino de Maria, e no Reino de Maria virão outros e mais outros, sempre dentro do espírito da R-CR, até o fim do mundo.
Os senhores não aceitariam, porque os senhores perceberiam que não tem autenticidade. A pessoa fala sem autoridade. Realmente, o Sr. Dr. Plinio disse várias vezes:
-- Se virem uma notícia de que eu morri, não acreditem. Se eu morrer, esperem que eu ressuscitarei. De alguma maneira eu voltarei, de alguma maneira eu tocarei as coisas adiante.
De modo que a autoridade está naquele fundo de alma, de quem ouviu e de quem guardou na sua virtude da fé, um certo rumo que o Grupo deve ter (2). Agora, se o sujeito vem e fala contra o rumo, perde a autoridade (3).
Comentários:
A frase de JC merece duas observações: a) é genérica, se refere a todo tipo de autoridade, em todos os campos; b) quem determina se uma interpretação é autêntica e verdadeira? não é o próprio JC?
Quer dizer, a legitimidade da autoridade não depende tanto de fatores objetivos, quanto de fatores subjetivos; não repousa no detentor dela, mas nos súditos; e no fundo, não é determinada pelas leis jurídicas, mas pelos fenômenos psicológicos e místicos.
Isso se aplica a JC como luva na mão, pois quis imprimir à TFP um rumo totalmente contrário ao indicado por Dr. Plinio.
Conforme Dr. Plinio ensina (Comissão Médica, 16/8/92, p.7), o entusiasmo pelo entusiasmo pode produzir bons efeitos transitórios, mas no fundo desgasta; e recorrer a fraudes para animar as pessoas, é um indício de fracasso:
Eu não sou favorável, nem sequer, ao sistema de fazer campanhas não muito necessárias para que o Grupo tome ânimo. Porque isso daria aos senhores a impressão de uma artificialidade no dirigir a TFP que, "a la longue", diminuiria a confiança que é desejável que os senhores tenham na direção.
Imaginar um dos senhores que vai de sol a sol fazer esse trabalho, mas não está certo de que não está sendo apenas manipulado para ter entusiasmo. O entusiasmo pelo entusiasmo, transformando os senhores em máquinas de produção de entusiasmo, que a gente aperta um botão e entusiasma todo mundo, "viva, viva, viva!", isto pode produzir bons efeitos transitórios, mas no fundo desgasta.
(...) toda forma de inautenticidade participa da mentira.
E depois quando uma direção é obrigada a ser inautêntica para conduzir as coisas onde ela quer, ela revela seu fracasso, porque ela deve ser capaz de conduzir as coisas para onde ela deve pelos meios honestos. Um sujeito quando é ladrão, ele confessa sua incapacidade de ganhar a vida por meios normais. Assim também uma direção que recorre a como que fraudes para animar as pessoas ... isso me parece uma coisa ... não é boa, é de mal gosto.
*
Conforme ensina o profeta pentecostalista, uma reunião, uma cerimônia, um evento qualquer, corre bem desde que o “entusiasmo” predomine sobre a doutrinação; e o segredo do sucesso em tudo consiste em produzir “entusiasmo” - Conversa de JC com os novatos da Saúde, 21/12/94:
Os senhores calculem que eu tive a paciência de contar as interrupções que houve durante a última cerimônia. Foram 76 interrupções para aplausos, 25 brados. A cerimônia foi calculada para uma hora e meia, uma hora e quarenta quando muito, entretanto ela durou muito mais.
Por que é que ela durou muito mais? Porque pela primeira vez, na história do Grupo, talvez da humanidade, os aplausos duraram mais que a reunião.
Então os senhores tiveram uma reunião, que foi a última, com mais, muito mais do que duas horas de aplausos e apenas uma hora e meia, uma hora e quarenta de exposição. Então os senhores mais aplaudiram do que ouviram.
O que houve de novidade então foi uma adesão entusiasmada, uma adesão fervorosa e inflamada da parte do auditório em relação ao Senhor Doutor Plinio.
E este é o segredo de toda e qualquer vida espiritual, esse é o segredo de todo e qualquer sucesso, este é o segredo de como a gente pode vencer os obstáculos sem grandes dificuldades. Então se cifra numa simples palavra, entusiasmo.
*
Na “Conversa na Saúde” de 21/12/94, fica mais claro do que na ficha anterior que para JC o “entusiasmo” não é apenas um estado de espírito que o indivíduo deve atingir e manter, mas sobretudo um valor metafísico:
Como nós devemos fazer para manter a clave daqui para o futuro? Eu podia dizer para os senhores: "Bem, todos os dias de manhã, os senhores abram um livro e peguem uma frase do Bem-Aventurado Palau e faz..." Não adianta nada! (1).
"Todos os dias então os senhores peguem quinze minutos do audiovisual, deixem no vídeo cassete, o Sr. Auro convoca os senhores e passa quinze minutos de manhã, quinze minutos à tarde, quinze minutos à noite para relembrar aquelas graças que nós tivemos..." Não adianta nada! (2).
"Os senhores rezem para obter..." Isso já é um bom caminho, mas se os senhores não fizerem esse esforço, que se chama de se entusiasmar, não adianta nada! (3)
Então como é que se mantém a clave dessas nove cerimônias?
Mantêm-se a clave, mantendo-se entusiasmado (4).
(...) Então, quando eu insisto com os senhores --e venho insistindo a quanto tempo, a quantas reuniões-- entusiasmem-se, olha o entusiasmo, não é em vão.
O que o demônio mais visa tirar de nós é o entusiasmo.
Alguém dirá: "Não, mas ele quer que eu peque".
Secundariamente. Ele quer o pecado, antes de tudo para tirar o entusiasmo (5).
(...)
-- "Ah, então eu tenho que bancar um ator de teatro, porque eu não estou sentindo nada por dentro, e por fora eu tenho que me manifestar?"
É isso mesmo (...).
Então nosso problema está em mantermos o entusiasmo, ainda que seja na aridez, ainda que seja na insensibilidade (6). Está claro?
(Claríssimo.)
Então como manter a clave? Entusiasmo.
(...)
Chegou a depressão agora, eu vou fazer o máximo que eu não conseguiria fazer se eu estivesse entusiasmado. Então, eu agora estou arrasado, estou que não [me agüento], por dentro estou desfeito. Ah, está bom, eu vou então agora mostrar-me entusiasmado como eu não estaria se eu estivesse entusiasmado sensivelmente (7).
(...)
Esse poderia imaginar o seguinte: "Bom, mas espera um pouco, é uma falsidade, se eu não estou sentindo, como é que eu vou manifestar uma coisa que eu não estou sentindo?"
Não é falsidade, porque eu estou representando externamente aquilo que minha Fé, iluminando minha razão, me mostrou. Eu dei adesão de alma àquilo, portanto eu vou proceder de acordo com aquilo (8).
(...) Então a mesma atitude ele deve tomar em relação ao entusiasmo. Se ele no momento em que ele estava com a graça sensível, graça mística que foi mencionada aqui no começo da reunião para uma pergunta, aquela experiência interior que ele teve da existência de Deus e da vontade de Deus, se Deus manifestou no fundo da alma dele como sendo essa a atitude mais correta, ele não tem mais direito nenhum, durante a vida dele de tomar uma atitude diferente.
E ele salvaguardará a sua Fé, a sua Esperança, a sua Caridade, a suas outras virtudes desde que ele proceda exteriormente como se ele estivesse no auge do entusiasmo. Porque não pode acontecer que estando ele numa reunião como a de anteontem, de repente uma proclamação a respeito do Senhor Doutor Plinio extraordinária, dizendo que ele é o calcanhar da Virgem e que os demônios que disseram "Non serviam" são obrigados a serem escravos dele, Senhor Doutor Plinio, ele aceitou isso tudo e diz: "Olha, eu não vou aplaudir porque eu não estou sentindo nada". Ainda que ele não sinta, a inteligência mostrou a ele que é uma verdade estupenda, extraordinária. Tem que aplaudir.
Comentários:
Para manter a clave não adianta nada estudar? Mais abaixo, ao distinguir entre “entusiasmo” e “fervor”, Dr. Plinio ensina que, para progredir na vida espiritual, é preciso analisar --e portanto estudar-- as impressões flashosas que a pessoa teve.
Para manter a clave JC também desaconselha rememorar aquilo que a pessoa admirou. Isso colide totalmente com os ensinamentos de Dr. Plinio e revela a animadversão do impostor em relação a tudo quanto seja operação do entendimento.
Mesmo a oração, sem entusiasmo, não vale nada?
Mas o que é “clave”? Pergunte --e sobretudo observe-- o Leitor a qualquer joanista e perceberá que, quando eles usam essa palavra, não se referem a uma “clave de pensamento”, mas a uma “clave de estado de alma”, e que essa “clave estado de alma” não é outra coisa senão um fenômeno predominantemente emotivo, vibrátil, visível aos olhos de terceiros, e que eles denominam “entusiasmo”.
O que o demônio mais quer de nós é que pequemos. Antes de tudo para que injuriemos a Deus Nosso Senhor e nos afastemos dEle, segundo a religião católica. Antes de tudo para que cessemos de estar entusiasmados, segundo a religião joanina. Logo, para JC, o “entusiasmo” é um valor metafísico que está acima do próprio Deus.
A primeira vista, dir-se-ia que aqui JC está sustentando uma doutrina certa. Mais abaixo, ele vai tornar claro o que ele entende por fidelidade no meio da aridez.
Na espiritualidade joanina, quando cessa a sensibilidade, a fidelidade não consiste, primordialmente, em aprofundar intelectivamente as impressões flashosas que a pessoa teve, mas em “mostrar” entusiasmo, em aparentar enlevo aos olhos de terceiros.
A fidelidade consiste sobretudo --ou talvez totalmente-- numa representação externa --não numa atitude interna--, para ser visto por terceiros? Daí o pátio.
*
Num fax enviado para Ramón León, em 24/8/97, Dr. Luiz corrobora nossa tese de que o “entusiasmo” é tido entre os adeptos de JC como um “absoluto”:
O “partido da animação” visa muito mais o simples viver animado (...) do que a estrita fidelidade a todas as caraterísticas bem claras e definidas do espírito de Meu Senhor [Sacral] e de seu modo de tocar a CR.
A julgar pelos 3 documentos que a seguir transcrevemos, JC estimula o entusiasmo não só por razões metafísico-religiosas, mas também por razões “pastorais”:
a) Para manter o domínio sobre as almas, JC precisa manter constantemente aquecido o “entusiasmo”:
Estávamos muito inclinados a suspender a reunião para poder continuar o ensaio. Mas depois o Sr. André me disse que já tinha visto alguns eremitas itinerantes e algumas duplas [de donativo] em São Paulo, etc. E depois --é muito verdade--, quando a gente deixa esfriar um forno, ele racha todo. Os altos fornos estão constantemente sendo aquecidos (1). E, de fato, estou vendo que o auditório está tão cheio que tem gente em pé lá nos fundos. Mas tem lugar aqui; os senhores estão em pé porque querem. De maneira que, apesar de saber que eu chegaria um pouquinho atrasado, mantivemos a reunião. (Cfr. "jour-le-jour" 1/10/97)
Comentário:
No Santo do Dia, 24/6/92, Dr. Plinio carateriza o líder das reuniões pentecostalistas como “uma espécie de guru que sabe aquecer os entusiasmos daqueles todos”.
b) Para alimentar o entusiasmo de si próprio, o carismático precisa alimentar o entusiasmo dos outros - Palavras de Dr. Plinio a JC, em 12/10/74, lidas por este na reunião para os veteranos de 8/10/96:
A sua alma se alimenta muito de ver as chamas dos outros, porque aí se poderia dizer “in lumine tuo videbimus lumen”, na chama dos outros que brilha, você sente a chama da sua própria vocação e sente a identidade de sua vocação e o grupo.
c) Uma vez que alimentou seu entusiasmo, JC o manifesta para poder apresentar-se como sucessor - "Jour-le-jour" 19/1/97, JC lê e comenta uma reunião feita por Dr. Plinio para os dirigentes do Grupo da Colômbia (29/11/94) -
SDP: Os Srs. fazendo parte da TFP e vivendo habitualmente nesse clima de santa alegria, de santo bem estar ou de santa resignação, mas resignação em paz e não resignação furibunda. Os antigos romanos, gregos, sei lá o que, representavam o furor por uma deusa em que cada fio de cabelo era uma cobra, então os cabelos todos... os Srs. podem imaginar como.
(Sr. -: Medusa)
Medusa, chama isso? Então, não é como medusas. Mas é com esta santa alegria, essa santa paz que vocês vêem nas pessoas que são verdadeiramente piedosas, que tem essa abertura de alma assim, etc. Que às vezes, vocês vêem que levam uma vida de sacrifício, hein! Mas vocês vêem que elas têm em si essa ação do Espírito Santo (1). Então, que olhando para elas vocês compreendem que elas participam da graça do profetismo.
Qual é o sintoma de quem participa da graça do profetismo? É levar na alma essa santa alegria, essa santa felicidade (2).
Comentários:
Mas a alegria pentecostal joanina é muito diferente da santa alegria pliniana. No perfil psicológico-moral dos adeptos de JC não se vê paz de alma, resignação, nem bem-estar, mas frenesí.
JC explora a frase de Dr. Plinio para fazer propaganda de si próprio: a prova de que eu participo do profetismo de Dr Plinio é que eu irradio alegria ...
Encerramento da SEFAC, 29/1/67:
Se por entusiasmo se entende um puro sentimento, (...) uma vibração de nervos, (...) a mera --embora vigorosa-- pressão de uma impressão de momento, se isso se entende por entusiasmo, não se poderia dizer que o entusiasmo foi a nota dominante do desfile [no Viaduto do Chá]. Porque nada nele havia de superficial, nada havia de efêmero, nada de circunstancial.
A atitude dos jovens que desfilavam (...) refletia algo em relação ao que, ou a palavra entusiasmo deve ser empregada num sentido especial, ou então a palavra entusiasmo precisa mudar de sentido. Refletia uma convicção profunda, uma convicção assimilada à personalidade inteira, uma convicção tranquila e ufana, capaz da maior atividade e das maiores ousadias a partir da calma mais profunda.
Uma dessas convicções que resultam de uma graça, resultam de uma formação e resultam de uma formação que procura colocar na base de tudo os princípios e fazer dos princípios, bem raciocinados e assimilados, a verdadeira manifestação e consubstanciação dos ideais desta vida.
(...) ao contrário das técnicas de exitação de entusiasmo empregadas em nosso século por nazistas, por fascistas, por comunistas, por congêneres deles de toda parte, nós devemos formar o nosso entusiasmo no estudo calmo e profundo das realidades, no estudo calmo e profundo dos princípios, para daí subir até os mais altos páramos da dedicação e do fervor.
*
Santo do Dia, 5/7/74:
As grandes deliberações não se realizam por meio de emoções que tocam o paroxismo. Elas nascem de reflexões que chegam até o fundo. Elas nascem de grandes certezas. As grandes conclusões nascem de grandes certezas. Nascem de grandes atos de abnegação, em vista de grandes certezas. Aí vem as grandes resoluções.
Mas os grandes atos de abnegação, eles próprios, não podem resultar senão de certezas porque ninguém se abnega pelo incerto. A abnegação é um sacrifício tão grande que supõe a certeza. Nós devemos começar portanto não por uma emoção, mas por uma certeza. (...)
Isso que eu estou dizendo aqui não é embombante. Ninguém tem vontade de sair daqui gritando e agitando bandeirolas. Eu não sou um locutor de futebol, não tenho essa vocação, e não quero despertar nos senhores este gênero de entusiasmo.
Eu quero despertar nos senhores a dedicação refletida, baseada em razões de fé, estáveis, profundas, generosas, por onde a pessoa resolve fazer o que tem que fazer, com o auxilio da graça, por razões que vem do fundo da alma.
*
Conversa no êremo de Amparo, 25/9/79:
Eu não sei nas outras línguas, por exemplo, em alemão, em francês, em inglês, como é, mas [o termo] entusiasmo foi tão usado no vocabulário político e para exprimir uma coisa que não é entusiasmo, que é fogacho de comício, que eu não ousaria empregar no português. (...) Não sei se notam, talvez não tenham notado, mas eu uso pouco a palavra.
(...)
(Aparte: Tudo que for meio sentimental não vai, não é?)
Não, não, não.
(...)
É próprio do “preux” ter entusiasmo.
(Aparte: Tem uma conotação de cavalaria e alguma coisa temporal)
Exatamente. Tal qual. (...) O que se diz do "charmant" ou do ... não ficaria fora do entusiasmo, porque são sensações que podem ser sentidas entusiasmadamente, quando a gente fica encantado -- charmant e ... em português é encantado-- quando a gente fica encantado por uma coisa delicada, como um beija-flor --a gente pode se encantar entusiasticamente por um beija-flor. A questão é chegar ao último limite do encanto, que a coisa comporte.
(...)
O entusiasmo de si é gladífero. Ele se resigna a padecer, quando é preciso padecer, para servir o que o entusiasmou. Mas de si ele é gladífero. (...) Um entusiasmo que encontra obstáculo e não se transformasse em combatividade, não seria entusiasmo.
(...) Então, a nossa compaixão na Semana Santa, por exemplo, para mim, como isso me fala, ser uma compaixão indignada! Que é o próprio do entusiasmo!
Então Clóvis quando lamentava porque não estava lá com os francos, ele fazia uma perfeita meditação. É o entusiasmo dele, contundido, pela ignomínia que se praticava. Reduzido a impotência, no momento, mas contundido.
(...) O próprio do entusiasmar não é só entusiasmar diretamente com Deus. É claro, a consideração direta de Deus, enfim é ultra entusiasmada. Não é não. É também subir a Ele pelos degraus da escada que Ele colocou, para chegar até Ele.
(...) Se há uma alma entusiasmada é São Luiz Grignion de Montfort. Aquilo é entusiasmo no seu maior esplendor! (...)
Bom, e a mera cólera sem entusiasmo dá o que se diz em castelhano "rabieta". É nada. Excluamos. O entusiasmo de São Luiz Grignion contém, é um pouco "omne delectamentum in se habentem", tem o sabor de todos os entusiasmos possíveis. A gente vê que, junto ao berço do Menino Jesus, ele seria brisa; na hora da Paixão, ele seria tempestade, mas seria também de uma ternura lírica em relação a Nosso Senhor Crucificado; e na hora da Ascensão, eu acho que ele só já seria um sol. E isto exatamente porque ele tinha todos os deleites, de todas as modalidades de entusiasmo na alma dele.
(...) Bom, e a Renascença matou toda forma de entusiasmo, porque aqueles entusiasmos da Renascença são teatralidades. É o funeral do entusiasmo. Vamos dizer, por exemplo, eu não considero que haja verdadeiro entusiasmo na igreja de São Pedro. A basílica de São Pedro diz a quem a vê o seguinte: olhe-me perfeita e acabada, e entusiasme-se. E o homem não pode se entusiasmar inteiramente pela criatura perfeita e acabada. Ele precisa algo que remeta para Deus, que só aí é que as coisas são perfeitas e acabadas.
Ora isso o gótico faz. A basílica de São Pedro dá idéia da estabilidade desse mundo.
(Aparte: Um Parthenum do batizado, não é?)
Exatamente, o Parthenum do batizado. É para alegria definitiva da humanidade, da vida terrena. (...)
Veneza tem tudo aquilo, etc., mas a remissão para o céu não é tão... pára um pouco, ouviu?
(Aparte: É um pouco horizontal).
É um pouco horizontal. E a igreja de São Marcos que é tão bonita --ela é, aliás, muito mais bonita, não sei se concordam comigo, por fora do que por dentro-- ela é um dos ornatos de Veneza, mas ela não é propriamente o ápice da Praça, nem o ápice da cidade.
(...) O auge do entusiasmo, que é uma beleza, é o Te Deum. Sabem como é que dizem que foi composto, não é? Num diálogo entre Santo Ambrósio e Santo Agostinho. E de fato tem o aspecto de um diálogo o Te Deum. E o Te Deum grandioso, cantado quando tocam os sinos, não é?
Aqui entra a nota romana da coisa, hein? Que o Te Deum no auge do entusiasmo tem uma espécie de solidez, estabilidade, que ele nunca vai além de uma gama de sons, nem aquém de uma gama de sons. Ele não é nem Verdi, nem Puccini. Ele se desloca pouco ou pelo menos relativamente pouco, em relação a um certo eixo. Mas leva aos extremos.
*
Despacho sobre CCEE, 25/10/90. Dr. Plinio analisa um Encontro recente de CCEE. Ao comentar o estado de espírito dos correspondentes na sessão de encerramento, distingue entre o entusiasmo pelas metáforas e o entusiasmo pela matéria em si. Essa distinção importa assinalar neste trabalho, pois o “entusiasmo” pelas metáforas é precisamente o que JC estimula:
No [auditório do hotel] Hilton não havia aquela torcida de todo mundo pelas respostas como havias [nos encontros] anteriores. As respostas que mais calaram foram a descrição da garça e não sei que outra coisa. Puras metáforas! Foi o brinquedinho da coisa, mas o entusiasmo pela coisa, pelo tema, pela matéria, muito menos.
*
A seguir, vejamos o que Dr. Plinio ensina no Despacho 4/7/84. O Leitor perceberá que, a pessoa à qual Dr. Plinio se refere: a) é muito chegada a ele; b) considera que o sucesso de uma reunião está no entusiasmo; c) pensa que a gente pode travar a luta RCR sem precisar estar a par dos acontecimentos; d) e acha que, na luta RCR, prejudicar o adversário não é tão importante quanto fazer um bonito papel
Quer dizer, Dr. Plinio se refere a JC?
Tudo indica que sim. Tanto mais que ninguém pode negar que JC, “n” vezes, ao longo de anos, censurou a “áridez” de determinadas Reuniões de Recortes, e desprestigiou as Reuniões de Recortes baseadas nos noticiários.
Coisa caraterística: eu fiz aquela reunião sobre o ponto onde caiu o mundo contemporâneo, no Encontro; duas ou três pessoas me perguntaram o seguinte, mas perguntaram com amizade: "por que o senhor resolveu na reunião de hoje, do Encontro, dar a essa reunião a mera caraterística de uma Reunião de Recortes?"
Aparte: Mera ...
Pois é, mera. Você está vendo o que ele queria. Discurseira com aplausos, como foi a última reunião, com aplausos, todo mundo entusiasmado, etc., é o êxito. A coisa séria, que contunde, que cria problemas, que entretanto é terreno ganho: "uma mera reunião de recortes". Mera.
Dom Bertrand: O senhor ganhou a batalha do Encontro na primeira reunião.
Mas o fato é que eu tinha que fazer aquilo! Não tem mera nem não mera. Mas é para compreenderem até que ponto gente chegada a mim e que me quer bem tem uma ótica diferente em certas coisas. Uma mera RR.
Quer dizer, as RR são um rebotalho sempre que elas não entusiasmam. Pôr as pessoas ao par do que acontece no mundo de hoje não tem importância, as pessoas podem travar a batalha no mundo de hoje sem saber o que está acontecendo, ou seja, pode-se fazer tiro ao alvo sem olhar para o alvo, contanto que o tiro seja de fogo de artificio.
Num despacho concedido ao Sr. Mário Navarro, em julho de 1984, o Sr. Dr. Plinio indica duas etapas no processo de conversão: o período das primeiras impressões e o período dos raciocínios; ou, em outros termos, a fase do maravilhamento e a fase da análise.
O documento denuncia o jogo da Anônima Joanina. Pois para JC, o que deve predominar ao longo de todas as fases da vida espiritual são as impressões, e a análise racional sempre deve ocupar um papel secundário; e em lugar de alimentar a admirabilidade da TFP, gosta de falar das lacunas e infidelidades cometidas dentro da TFP.
Nós devemos distinguir uma dificuldade na vida espiritual, quer de uma pessoa, quer de um grupo, nós devemos distinguir 3 coisas:
Uma dificuldade que cria apenas uma situação mais difícil e que decorre da natureza das coisas; de uma dificuldade que decorre de uma tentação; e depois de uma dificuldade que decorre de um mal hábito que representa várias tentações que, habitualmente, foram ... a pessoa se sujeitou.
O caso deles [NB: os CCEE norte-americanos que vieram pela primeira vez a um encontro] é de uma etapa que tem alguma dificuldade no desenvolvimento, mas que é inerente às coisas. Eles vieram já no ano passado aqui e tiveram o primeiro flash do conhecimento da TFP. Aí a primeira surpresa, etc., etc., primeiro encanto.
É claro que, quando a pessoa vai pela segunda vez, gosta muito, mas o encanto já não é o mesmo. É como quem vai, por exemplo, a Notre Dame ou Saint Chapelle: o primeiro encanto não se repete nas outras visitas, mas é substituído por uma sensação mais profunda, mais razoável, mais estável, etc., em que a dedicação aumenta.
A questão não é tanto aumentar o entusiasmo. É aumentar o fervor.
Se a questão fosse aumentar o entusiasmo, eu compreendo o embaraço do meu querido LAF. Porque, como é que se pode aumentar o entusiasmo de uma pessoa? Às vezes é possível, às vezes não é. Depende de mil circunstâncias. Mas o fervor se pode aumentar. Em que sentido?
É fazendo com que depois da primeira impressão que eles tiveram, na segunda impressão seja dado a eles aos poucos --não assim entrouxado tudo de uma vez-- mas seja dado uma espécie de análise ordenada da maravilha que eles viram, para eles compreenderem pelo raciocínio o que já tinham admirado pelas impressões, pelos sentidos, por assim dizer.
Então seria preciso, por exemplo, acentuar o contraste --para o espírito deles tudo deve girar na base desse tema-- o contraste entre a TFP e o século XX. Seria preciso tomar as maiores aberrações do século XX; depois a indiferença das pessoas que não aberram em relação a isso, portanto, uma espécie de semi-consentimento dado a isso pelas pessoas. Daí deduzir quanto a TFP é realmente o lírio que nasce do lodo durante a noite e debaixo de tempestade. Então, o que é que há de admirável nisto. Isso é uma consideração da TFP como um bloco.
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Ensinamento de Dr. Plinio reproduzido no “Diretório das duplas de conexão”:
Erra muito quem pensa que é só ir entusiasmando, entusiasmando. Entusiasmar é uma grande coisa, mas não basta. É preciso marcar com o vinco da convicção, como obra durável, de tal maneira que, mesmo quando o indivíduo não esteja entusiasmado, ele tenha na cabeça a convicção bem posta.
Trechos do fax de Regina Helena e Juliane a JC, do dia 12/9/96:
Ah, Padrinho (...) nossas almas clamam pelo dia em que pudermos ser tais como pedimos na Consagração ao Espírito Santo: ‘Que meu amor a Jesus seja perfeitíssimo, até chegar à completa alienação de mim mesmo, aquela celestial loucura que faz perder o senso humano de todas as coisas, para seguir as luzes da Fé e os impulsos da graça’. Algo disso já estamos sentindo se realizando com esta graça nova fenomenal, com o convívio com o senhor. Mas vivemos em função do dia em que isso se dê inteira e radicalmente!
Jornal-falado de Andreas Meran a respeito das visitas que fez a residências particulares, no Rio de Janeiro, levando uma imagem de Nossa Senhora de Fátima - ANSA, 22/12/96:
Eu quando comecei, tinha uma pilha de nomes assim, eu pensei: "Bom, eu agora como vou começar? Para quem eu vou telefonar primeiro?"A gente pedia para o Senhor Doutor Plinio escolher realmente pessoas que ele tem interesse em fazer apostolado (1). Incrível que praticamente todas as vezes que a gente telefonava, chegava no endereço de uma pessoa que era fervorosa da campanha, entusiasmada com a coisa toda e aí começou todo o desenrolar.
(...) eu acho que se [algum membro do Grupo] tiver assim um tempo livre, deveria pedir licença e dizer:
-- Olha, aqui nós temos uma dupla.
Eu estou certo de que em qualquer capital, em qualquer cidade maior dá para constituir uma ou duas duplas dessas (...). O Senhor Doutor Plinio está dando graças, a pessoa não precisa saber nada:
-- Não, eu não sei fazer apostolado.
Não precisa nada, precisa só de um livrinho, cantar "A Treze de Maio", e o resto o Senhor Doutor Plinio faz. [Risos] (2).
Eu vi isso, eu vi muitas vezes, tinha vinte pessoas e tinha que falar alguma coisa, aí eu:
-- Iiihh! o que eu vou falar?
Ademais eu não era brasileiro --de repente ajudava-- então, o que é que eu vou dizer?
Então a gente sentia que o Senhor Doutor Plinio ajuda. (...) Então queria terminar com isso e fazer o apelo para todos aqueles que tenham vontade ou que queiram que se alistem também para essa campanha.
Comentários:
Escolher os nomes das pessoas a serem visitadas, não é uma operação tão difícil que de si exija recorrer à ajuda sobrenatural.
Segundo Andreas Egalité, para constituir uma dupla de cooperadores, que levem a imagem de Nossa Senhora de Fátima às casas particulares, não é preciso nenhuma preparação intelectual. É só apelar para o “sobrenatural”, que tudo se arranja.
a) Foto de Nossa Senhora do Bom Sucesso chora e muda continuamente de lugar; dois arco-iris aparecem no céu: silêncio no auditório
"Jour-le-jour" 10/8/97, parte I:
Eu convido os senhores para hoje à tarde, na reunião da tarde, às sete horas, para estarem aqui para assistirem vídeos, filmes, relatos, etc., de um caso que me parece impressionantíssimo, dos mais impressionantes que tenha acontecido na história do Grupo.
O Sr. Caio Newton em janeiro deste ano, mais ou menos, eu creio, por insistência de um padre (...) esse padre insistiu com ele que queria muito uma estampa de Nossa Senhora do Bom Sucesso porque ele tinha conhecido a imagem lá em Quito e queria erigir uma paróquia na cidade dele, construir uma igreja, etc., em louvor a Nossa Senhora do Bom Sucesso e ele queria já ir começando a difundir a devoção a ela.
Então o Sr. Caio Newton tomou aquela foto de Nossa Senhora do Bom Sucesso com o manto azul. (...) ampliou num tamanho X que não sei dizer qual e mandou de presente para o padre.
O padre colocou num quadro, no dia 2 de fevereiro ele abençoou o quadro e começou a fazer peregrinação nas casas. Há seis dias atrás, estando essa estampa numa casa, ela começou a lacrimejar. (...) Mas a lacrimação é inteiramente fora do comum: não é da estampa que saem as lágrimas, porque senão tomaria toda a foto, as lágrimas saem do vidro, bem na altura dos olhos. Elas brotam do vidro na altura dos olhos.
Causou tal burburinho na cidade, que o bispo local evidentemente confiscou a imagem. (...)
Eu não sei se é preciso mais algum sinal a respeito da proximidade dos castigos, da proximidade da Bagarre. É Nossa Senhora do Bom Sucesso, é a foto que o Sr. Dr. Plinio mais gostou dEla, é a mais portanto ligada ao Sr. Dr. Plinio.
"Jour-le-jour" 10/8/97, parte II:
Caio Newton: O fato todos já conhecem, que é a lacrimação de um poster de Nossa Senhora do Bom Sucesso. Realmente, como fato sobrenatural eu não vi uma coisa assim impressionante. Vai ser passada a fita e os senhores vão ver as lágrimas saindo de dentro dos olhos de uma foto, atravessarem o vidro e por debaixo do vidro não tem nada úmido (1). Quer dizer, elas saíam pelo vidro e escorriam.
(...) Na primeira lacrimação que foi no dia 7 o padre foi avisado e a primeira coisa que ele fez foi telefonar para mim, que era quem ele conhecia da TFP, para avisar que a imagem estava lacrimejando.
A coisa foi mais ou menos às onze e meia, até que as pessoas chegaram na casa dele, ele foi lá ver, voltou, e à uma da tarde ele estava ligando para Jasna Gora para avisar que a imagem estava lacrimejando.
Portanto, me parece que nisso daí já é uma coisa é evidente que é o Sr. Dr. Plinio, é Nossa Senhora dizendo: "É para vocês. Ouçam, vejam".
Todo o mundo com quem nós tivemos contato e que viu a cena estavam com uma expressão de quem tinha assistido um fenômeno sobrenatural e todos diziam a mesma coisa. (...)
[O padre], ao contar a lacrimação, ele falou o seguinte: “E não é a primeira coisa que essa imagem faz”.
Desde o dia 2 de fevereiro cada quinta-feira Ela muda de casa.
Eles vão, rezam um rosário e na primeira quinta-feira do mês celebram uma missa e rezam um rosário. Nas outras quintas-feiras apenas rezam o rosário.Ele contou que um dos sitiantes falou para ele o seguinte: “O que é que acontece com essa imagem? Porque eu coloco Ela num quarto e na manhã seguinte ela está no outro? Quando eu vou buscá-La, Ela está no outro. Eu procurei, peguei a minha família e não tem ninguém fazendo isso” (2).
(Francisco Tost: Uma coisa que me parece muito interessante, algo de benfazejo, foi quando saímos daqui, que foi bem muito cedo. Paramos no caminho, mais ou menos sete e quinze, sete e meia da manhã, para tomar café, num lugar muito bonito da estrada, um lugar muito interessante de montanhas, mas um lugar aberto. Quando estacionamos o carro via-se dois arco-íris monumentais, exatamente frente ao carro. Um muito grosso, nítido, como eu não lembro de ter visto outra vez igual.)
JC: (...) é uma noite pungente, em que a gente fica com o coração partido de ver Nossa Senhora chorando desta forma. Mas também é uma noite cheia de esperança, porque se chegou ao auge, significa que a vitória dEla também está próxima. (...) de repente Nossa Senhora vem e diz: "Meus filhos, essas lágrimas significam que o castigo está próximo. Estando próximo o castigo, está próxima a vitória".
Quem sabe se essas lágrimas não significam que o castigo vem e que, no auge do castigo, quando nós não parecermos não agüentar mais vem ele, vem ela, vem Ela, vêm Eles, e aí a gente vai dizer: "Valeu a pena ter esperado". De maneira que é uma noite muito importante esta, de marcar a história de cada um de nós.
Comentários:
Acima JC disse que as lágrimas não saiam da foto, mas do vidro. Aqui Caio Newton afirma o contrário: saiam da foto, e não do vidro.
A foto muda de uma casa para outra, e dentro de cada casa muda de um quarto para outro ...
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b) Icone de Nossa Senhora transuda permanentemente: euforia no auditório - "Jour-le-jour" 29/8/97:
Durante a segunda-feira, a terça e a quarta (três dias consecutivos), de forma mais ou menos permanente, uma estampa pequena, colocada numa moldura com vidro por cima, transudava. Transudava das mãos do Menino Jesus, das mãos de Nossa Senhora e de outras partes, um bálsamo que atravessava o vidro e se localizava no vidro como uma espécie de película, com bolhas, etc., e o líquido é muito odorífero.
Trata-se de uma fotografia, de um ícone que esteve na Grécia e depois foi para a Rússia. Este ícone é, segundo dizem, o mais miraculoso de toda a Rússia. (...)
A seguir, JC lê um artigo do “Catolicismo” sobre esse ícone:
[Nesse ícone], a Mãe de Deus é representada tendo em seu braço esquerdo o Menino Jesus (...). A harmonia, a doçura que se depreendem da pintura --toda feita de cores, em que predomina o vermelho e o dourado, mas suaves e matizadas-- são contrariadas violentamente ao observarmos nela alguns furos ocasionados por balas de fuzil. Percebem-se marcas claríssimas de fuzilamento, tanto no rosto da Mãe quanto no do Filho!
Este fato tão insólito encontra sua explicação em passado ainda recente. Sua data? Treze de maio de 1917!
Sim. Enquanto em Fátima Nossa Senhora aparecida pela primeira vez, dando início a uma série de manifestações em que profetizava a expansão dos erros da Rússia pelo mundo inteiro, como açoite pelos pecados do gênero humano, e prometia o triunfo final de seu Coração Imaculado, em Moscou essas profanação era cometida durante os distúrbios que precederam a revolução bolchevista.
(...) Uma das cópias da imagem encontra-se em Moscou, em uma capela perto da "Porta da Ressurreição".
[Aplausos.]
JC retoma a palavra:
(...) Agora, como se trata de um bálsamo, eu pedi (...) ao Sr. Jiménez que fizesse uma pesquisa sobre a palavra bálsamo, dentro da Opera Omnia de São Tomás, para vermos um pouquinho o que significa bálsamo; o que Nossa Senhora quis nos fazer entender com o bálsamo que Ela distribuiu esses dias. (...)
O sentido da palavra bálsamo é: boa notícia de Deus, que se difunde por todo lugar.
Então, o bálsamo tem esse significado: é a boa notícia de Deus que se difunde por todo lugar.
[Aplausos.]
E por causa disso, como visível aparição do Espírito Santo, foi figurado na língua de fogo.
Então, a aparição invisível do Espírito Santo foi figurada pelas línguas de fogo que estiveram sobre a cabeça de Nossa Senhora e também dos apóstolos e discípulos.
Por isso que a matéria da Confirmação é o óleo embalsamado.
Então, a matéria da Confirmação - ou seja, do sacramento que simboliza a descida invisível do Espírito Santo sobre o crismado... Para poder simbolizar a descida do Espírito Santo, ou seja, [para os nossos efeitos,] o Grand-Retour...
[Aplausos.]
Para que o óleo pertença à consciência, convém que tenha líquido aqueles que se constituem confessores da fé divina.
O bálsamo diz respeito à fama.
Só pode usar o bálsamo quem tem boa fama. Então, também só se dá bálsamo de presente, segundo o costume oriental, a quem tem boa-fama.
[Aplausos.]
O bálsamo diz respeito à fama que convém difundir pelas palavras e pelos fatos dos confessores da fé.
Ele significa a incorrupção, que se põe no Crisma.
Então, um certo sentido de que virá uma graça, de que Nossa Senhora dará uma graça, de que nos protegerá no sentido de impedir que nossas almas se corrompam com o mundo, com o pecado, com a Revolução ... (1). Pode ser.
No bálsamo, porém, por causa do odor, se mostra a boa-fama, porque é necessário que tenhamos boa fama, enquanto nós tratamos com os mundanos.
Tenhamos boa-fama enquanto tratamos com a Revolução.
Para que possamos confessar de maneira pública a fé de Cristo.
Para que possamos confessar de maneira pública a fé de Plinio.
[Aplausos.]
(...)
Por causa do odor, vem que o Apóstolo diz que devemos ter o bom odor de Cristo.
Eu acho que mais uma já está bom, porque todos entenderam que bálsamo não é água. E depois é muito bonito que Nossa Senhora, em alguns cantos deite lágrimas, sem perfume; e aqui era perfumado mesmo e oleoso; tão oleoso que, passado o algodão para poder limpá-lo, ele ficou todo com uma camada de óleo.
(Aparte: Agora São Tomás fala de uma árvore chamada Siprus, que produz um líquido chamado bálsamo. Aí ele continua:)
Diz respeito à ressurreição do esposo, como se a esposa dissesse: O meu esposo está posto para mim na ressurreição como o bálsamo que está dentro da árvore e depois vem afora.
Quer dizer, o bálsamo é o símbolo da ressurreição do esposo. (...) Aqui nós temos, em 91, o Sr. Dr. Plinio dizendo o seguinte:
O que é que Nossa Senhora fará para nos tirar dessa... bem, eu acho o seguinte: que mais ou menos agora, começa para nós uma economia da graça completamente diferente. Que a era do milagre nós estamos entrando nela, e que nós devemos contar com o milagre, de um jeito ou de outro, de um modo ou de outro, nós devemos contar com o milagre. (...) nós devemos achar que o milagre não se faz preceder habitualmente por arautos, nem por sinais precursores, ele vem quando a gente menos esperar. (...)
Nós tivemos, nesse período curto, uma notícia de aparição da Srª Dª Lucilia na Argentina. Depois Nossa Senhora do Bonsucesso em uma foto que verte lágrimas de uma forma impressionante -- atravessa o vidro-- e em quantidade.
Agora vem esta estampazinha, que é quase um cartão postal, que vem transudando bálsamo. Então, vamos preparando os nossos corações para mais. E agradeçamos a Nossa Senhora pedindo mais.
Agora, eu creio que todos teriam vontade de ouvir as duas testemunhas, que viram o fenômeno, explicarem.
É uma coisa curiosa: eu lhes comunico que tanto ele quanto a mãe querem, de livre e espontânea vontade --eles fazem questão-- que essa estampa fique na capela da Saúde. E já está.
[Aplausos.]
Bem, mas eu chamo a atenção dos senhores para o seguinte: é que tanto a mãe do rapaz quanto o rapaz vão manifestar um certo temor, tanto o fenômeno não era para eles. Porque quando chegou para nós, não houve temor; houve encanto, entusiasmo, alegria! Mas a gente vê que o fenômeno se deu e eles foram inspirados pelos anjos ou pelo próprio Espírito Santo, para que levassem à sede. E no dia em que eles levaram o quadro para a sede, fizeram então esta entrevista, que foi de cinco horas. Nós vamos começar agora e vamos terminar... [Risos] ... daqui 35 min, porque foi feito um corte e só tem 35 min de filme. (...)
Bem, não há o que dizer depois de tudo isso. Está tudo tão claro, tão patente, tão impressionantemente maravilhoso diante dos nossos olhos! Os senhores puderam acompanhar perfeitamente as gotas de bálsamo no próprio vidro; depois todo o relato feito pelo rapaz. Emociona e os senhores aplaudiram a gosto. Ele dizer que não tinha onde deixar... Deixar com que padre? Vão querer fatiar a estampa... Então, o único lugar que ele via provável, possível de se levar aquela estampa [era a Saúde].
(...) Nós devemos ter um profundo sentimento de gratidão, por Nossa Senhora se manifestar mais uma vez junto a nós, com tanta benevolência, com tanta benquerença, com tanta maternalidade. E no momento em que nós estamos órfãos, no momento em que estão para se completar dois anos da ausência do Sr. Dr. Plinio; quantos para o retorno nós [ainda] não sabemos. Mas no momento em que nós estamos assim como que sem rumo, como que desamparados, de repente Nossa Senhora vem e nos faz essa visita, e quer, depois desses acontecimentos, Ela quer estabelecer-Se na nossa casa, na sede do Sr. Dr. Plinio, e quer viver junto a nós.
(...) E o Sr. Dr. Plinio nos ensinou que a melhor forma de gratidão é nos pedirmos mais. Então, peçamos mais. Não é que nós não estejamos contentes; é que nós precisamos de mais, nós somos miseráveis. Então, peçamos mais e mais e mais (2). (...) Nós precisamos tomar um cuidado. Em vinte dias, dois fenômenos, um impressionando por um aspecto, outro por outro aspecto. E eu creio que não vai ser o último. (...) Então, não nos habituemos, não endureçamos os nossos corações com essas visitas que Nossa Senhora nos faça (3).
Porque começou assim: primeiro era uma foto a cinco horas (de automóvel) daqui. Essa foto foi parar nas mãos do bispo e sumiu. Já agora, não: é uma foto bem próxima da sede da Saúde, e essa não foi parar em mão de bispo. Então, Ela está se aproximando cada vez mais. É preciso que nós não endureçamos os nossos corações, e saibamos ter o coração flexível, aberto para mais e mais e mais.
(...) Eu creio que valeria a pena acrescentar um Magnificat no final das orações para, coletivamente, agradecermos a Nossa Senhora essa dádiva que Ela nos faz.
Comentários:
A frase não está clara. Dá margem à seguinte interpretação: os joaninos teriam uma graça de estado em virtude da qual, sem nenhum perigo para suas almas, poderiam meter-se no meio do mundo e da Revolução.
JC aproveita mais uma ocasião para estimular, indiscernidamente, tudo quanto é fenômeno místico.
A única precausão aconselhada por JC é a respeito, não dos desvios que com tanta frequencia acontecem em matéria de mística, mas da banalização desse tipo de fenômenos: é preciso não se habituar a ver essas coisas como se fossem comuns.
*
c) "Jour-le-jour" 14/9/97 - Enquanto JC lia previsões sobre a Bagarre, feitas por Dr. Plinio no ano 92, e que estão se cumprindo ponto por ponto, à las tantas caraterizou o estado de espírito com que os joaninos estavam acompanhando a leitura:
Novamente abatimento. O auditório passa de entusiasmos a abatimentos, de abatimentos a entusiasmos. Mas é que é a realidade.
*
d) Mais um icone Nossa Senhora transuda: euforia no auditório - "Jour-le-jour" 16/9/97:
Mas se a reunião termina aqui, eu não deixo terminar a reunião, sem mostrar aos senhores como Nossa Senhora já está também se manifestando. Nós contamos aqui dois casos de manifestação de demônio. Mas nós precisamos também conhecer como são as manifestações de Nossa Senhora. (...) É um fax do Sr. Mariano Legeren. Tinha-me dito isto por telefone, ontem de manhã, hoje ele passa um fax.
Apesar de que enviarei um grafonema mais detalhado e circunstanciado ao senhor amanhã, julgo que o senhor sentirá a mesma alegria do que nós, me antecipo, por meio desse fax, o mais substancial do que lhe enviarei, que constatamos só agora ao chegar ao êremo.
Viemos, o Sr. Valente, o Sr. Bonelli e o Sr. Celemin e eu trazendo um algodão embebido em bálsamo dado pelo livreiro em Lourdes para nós e que pensamos enviar ao senhor.
Aconteceu isso [que] ele me contou ontem, pelo telefone: Eles foram a uma livraria comprar um livro que um deles estava precisando. Então foram lá, entraram, começaram a procurar o livro. O Sr. Mariano serviu de elemento de ligação para eles, foi conversar com o sujeito da livraria. O Sr. Mariano é muito falador, e conversando com o homem, em Lourdes, o homem conta a ele:
- Olhe, eu estou aqui com uns algodões impressionantes! O senhor veja. E deu para ele sentir o perfume.
Ele sentiu um perfume e disse:
- Mas o que é que é isso?
- É um ícone de Nossa Senhora da Porta do Sol. Passaram aqui um padre e um senhor, e me deixaram esses algodões de presente.
É um ícone que exatamente nos mesmos dias que Nossa Senhora de Íver transudou, esse ícone transudou na Europa.
[Aplausos]
Essa foi a conversa com o livreiro. Eles pegaram o algodão, me telefonaram e disseram: "Olha, o senhor precisa ver, tem um perfume [colossal] e nós queremos mandar para o senhor, para o senhor conferir o perfume, para ver se é o mesmo, etc.".
Agora ouçam:
O livreiro, para mais prolixidade, colocou-o num envelope e colocou nesse envelope uma reprodução, do tamanho um pouco maior que um selo postal, do ícone de que se tratava, e ao qual ele tinha se referido como "Nossa Senhora, Porta do Céu". Acontece que chegando aqui, nós encontramos no quadro de avisos uma foto enviada da Saúde de Nossa Senhora Iverskaia. E comparando uma com outra, impressionadíssimos, constatamos que se trata da mesma imagem.
[Aplausos]
Ou seja, o algodão que nós trouxemos está embebido de um bálsamo brotado, há três semanas, de um ícone de Nossa Senhora Iverskaia. O Sr. Fernando Luís Lecaros, que cheirou o bálsamo da imagem da Saúde, disse que é exatamente o mesmo.
[Aplausos]
Eu me lembro que eu dei a ele a sentir o odor, nas escadarias do São Bento, da caixa do sino. Me lembro perfeitamente.
Sinteticamente, sem querer antecipar-nos aos dados que darei amanhã, quero dizer-lhe que se pode sintetizar o fenômeno desta forma: Um padre francês há poucos dias deu o algodão a este livreiro dizendo que se tratava de um bálsamo que brotava da mão de uma imagem dessa devoção.
Também das mãos, tal qual o outro fenômeno. Impressionante!
Este livreiro além disso nos disse que o dono da imagem era um espanhol. A imagem original, claro, foi esfaqueada por um muçulmano. Esse bálsamo jorra há três semanas, o que coincide com a data do fato da estampa da Saúde. O livreiro falou, em meio de outras coisas, que a imagem original existe no Canadá e também falou que a devoção é "Porta do Céu".
(...) Parece-me que o nome "Porta do Céu", refere-se, com alguma troca de palavras, à "Porta da Ressurreição" do Kremlin, onde esse ícone original estava.
O certo é que se trata de um fenômeno, e o azeite inclusive se nota no envelope transparente que está conosco, idêntico ao dia da mesma invocação.
Aí ele termina dando... Mas é impressionante. Então os senhores vêem que nós começamos a reunião com aparições do demônio, e terminamos a reunião com manifestações de Nossa Senhora. (...)
(A. Grinsteins: O senhor poderia dar uma interpretação, digamos?)
Mas eu dar a interpretação? Eu não sei. A interpretação que eu dou é essa: vamos esperar acontecer os fatos, para depois ligar as previsões aos fatos. Parece ser um sorriso de Nossa Senhora (1), dizendo-nos que tenhamos confiança, que estejamos com devoção acesa, com certeza da vitória. É verdade que nos falta a presença física dele, mas, afinal de contas, um ícone que estava na "Porta da Ressurreição", este ícone nas suas reproduções, uma na Europa, outra aqui no Brasil, bem próximas de nós... Como é possível que tenha acontecido que o Sr. Mariano Legeren chegue numa livraria e tome um algodão dessa outra estampa que também transudou? Não é possível, é uma coisa que... É muita coincidência, muita coincidência!
É como que, Nossa Senhora dizendo: "Olha, eu sei que alguns ainda estão um pouquinho na dúvida ... (2). [Para] os que estão com muita certeza, vai mais um reforço da certeza".
[Aplausos]
Não sei o que mais dizer, porque é tanta bondade, tanto... E depois a delicadeza de ser bálsamo, porque bálsamo perdura. Se fosse uma água de colônia, durava 24 horas e adeus. Eu já pus um algodão dentro de um relicário fechado hermeticamente, para guardar todo o bálsamo e todo o perfume, até o momento em que a gente estiver nas últimas das últimas, não tem mais, aí. [O Sr. João faz um gesto de quem abre o frasco e inspira o perfume].
Enfim, guardei. Mas ele estava dentro de um saquinho plástico e eu guardei o saquinho plástico também. Não é que o saquinho plástico está cheirando até hoje? São três semanas, e até hoje ainda tem o odor do bálsamo.
É uma espécie de delicadeza de Nossa Senhora, como que dizendo: "Olhe aqui, eu lhes deixo meu perfume, meu odor aqui para garantir que por enquanto é um sinal que entra pelas narinas. Se bem que também os olhos confirmem, entra pelas narinas. Mas espere e confie um pouco mais". (...)
Comentários:
Num dos fenômenos místicos anteriores, Nossa Senhora chorava. Agora Ela sorri ...
JC refere-se a pessoas que ainda não tomaram seu partido. E as pressiona subtilmente valendo-se desse fenômeno místico suspeito.
*
e) Lâmpadas estouram, um rapaz cai da cadeira, um terceiro ícone de Nossa Senhora chora: risos no auditório - Reunião na Saúde, 9/10/97 (1):
(Marcos Francisco Bueno: Atualmente vem acontecendo vários fatos extraordinários, raros, que não aconteciam. Por exemplo, aquelas lâmpadas que estouraram no auditório em circunstâncias estridentes.)
É verdade.
(Marcos Francisco Bueno: Depois, o rapaz que caiu da cadeira, que eu não sei quem é.)
Era o Sr. Marcial.
[Risos]
(Marcos Francisco Bueno: Alguém podia dizer que era por acaso que aconteceu, que estourou a lâmpada ou que ele caiu. Mas depois também os acontecimentos fora...)
Sobretudo, sobretudo! Três estampas de Nossa Senhora de Iverskaia...
(Todos: Três?)
Três! Uma outra, chilena, levada para Niterói, em Niterói também -- quase que ao mesmo [tempo] também, ou um pouco antes -- transudou três dias seguidos. É a terceira imagem, terceiro ícone.
(Marcos Francisco Bueno: E também os fatos mesmo na natureza, o "El Niño" e esses tremores na Itália.)
Tudo!
(Marcos Francisco Bueno: Eu perguntaria ao senhor: como é que nós podemos saber se são fatos preternaturais ou se é Nossa Senhora, o Sr. Dr. Plinio, que estão começando a agir? Se o senhor pudesse relacionar também com a lágrima do Sr. Dr. Plinio, que escorreu na face do Sr. Dr. Plinio, qual a importância e o alcance que tem dentro e fora do Grupo.)
Perfeitamente! O senhor deve se lembrar de um episódio que está narrado por Nosso Senhor no Evangelho a respeito dos sinais que virão para o fim do mundo. Já não me lembro de cor, infelizmente, mas diz: "Quando acontecer isso, quando acontecer tal coisa, quando acontecer tal outra, lembrem-se de que o fim está próximo!". (...)
Há uma série de profecias que dizem: "Quando o inverno não for mais inverno, quando o verão não for mais verão, quando não houver mais invernos, quando não houver mais verões..." Os senhores têm passado por verões e invernos aí de uma hora para a outra, e os senhores vêem que o clima está meio louco.
Na Itália o próprio Sr. Juan Miguel comenta isso.
De maneira que tudo isto são cartões de visita da Providência. São sinais de que o fim está próximo (2).
Comentários:
Observe-se a data: são os dias em que o motim de Jasna Gora caminhava para o trágico desfecho.
Nessa enumeração de sinais de que o fim está próximo, o adivinhador esqueceu citar o que estava tramando em Jasna Gora precisamente nesses dias.
*
f) A imagem de Nossa Senhora que chorou é recebida no ANSA pela fanfarra; é ovacionada por prolongados aplausos, brados, e com o Magnificat. JC proibe compunsão - Cerimônia do 17/10/97 6ª feira:
Eu lhes vou dar uma notícia que acho que todos já sabem:
Aquela estampa de Nossa Senhora do Bom Sucesso que verteu lágrimas durante um bom período, e que foi presente do Sr. Caio Newton a um padre de Monte Alto, foi recolhida pelo bispo. (...) E o bispo, pressionado pelo padre, pressionado pela opinião pública da paróquia, etc., acabou devolvendo o quadro para o padre.
E (...) o padre emprestou-nos a estampa, até sexta-feira que vem. [Aplausos.]
Eu compreendo que os senhores aplaudam. Eu só não aplaudi porque estou com as mãos ocupadas, mas também teria feito o mesmo que os senhores fizeram, porque é de encher a alma que Nossa Senhora tenha essa condescendência para conosco. Ela que verteu lágrimas, diz: "Quero lhes visitar, para ser um pouco consolada." E Ela vem, então, durante uma semana, buscar consolo junto a nós.
(...) É uma estampa de Nossa Senhora, que chorou; vem nos visitar. É a mesma coisa que uma rainha que tenha chorado. Nós não vamos recebê-la chorando! Não tem sentido que a Rainha venha nos visitar, uma vez que Ela chorou em uma cidade, e nós a recebamos com choro (1) (2). Nós devemos recebê-la como Rainha, antes de tudo.
Então, por isso eu convoquei a fanfarra para que fosse feita uma entrada d'Ela, solene. E depois então, em vez de reunião, nós ficássemos aqui, em oração, e Ela deve passar a noite aqui, nesse auditório.
Especialmente devem ser escalados os eremitas do Praesto Sum para fazerem vigília. Mas depois nós precisamos combinar com os encarregados de várias sedes, e dividirmos os horários até sexta-feira para ela passar por todas as sedes que queiram. [Aplausos.]
E assim possa dar-se, entre nós, o que Ela espera. Ou seja, uma reparação, da nossa parte, um afeto filial de nossa parte, uma manifestação de devoção, de piedade de nossa parte, em relação a Ela. (...)
[Ao som da fanfarra e precedida por uma marcha de alabardeiros, entra solenemente a imagem, ovacionada por prolongados aplausos e o brado. Canta-se o Magnificat.] (3)
Comentários:
Se JC pressiona seus ouvintes a não chorarem, deve ser porque percebeu neles pelo menos algum pendor nesse sentido.
Nossa Senhora vem a procura de consolo e JC proibe que os membros do Grupo compartilhem a dor dEla e dessa forma A consolem? Por que não tem sentido receber em prantos uma Rainha que esteve sofrendo? E por que os prantos são ruins em se tratando de Nossa Senhora, e são bons em se tratando do público que assiste às apresentações da banda joanina?
Esse colchete não é nosso.
Depoimento do Sr. Francisco Machado, 21/9/99:
Telefonou ontem para o Buissonets, de Londrina, um senhor dizendo que era padrasto de dois rapazes que pertenciam à Associação dos rebelados, mas que haviam saído e voltado para casa. As razões que deram à mãe e a ele não convenciam. E me perguntava o que tinha havido. Respondi que não sabia por que eles abandonaram a TFP. Ele insistia. Eu disse que ele telefonasse para a Associação, não entendia porque telefonava para nós. Ele respondeu: é porque na TFP nós confiamos. Acrescentou: “estou com dois homens inúteis em casa agora, um tem 22 e outro 21 mas estão inúteis. Voltaram e estão com problemas neurológicos”.
No SD 26/5/73, Dr. Plinio descreve como é que, os que acham que a TFP é uma seita, imaginam que são as nossas reuniões:
Esse pessoal que está aí fora imagina que as reuniões da TFP são reuniões de embombamento, que .............. o frenesi percorre a sala, todos tomam como que deliberações incendiárias.
Eu acho que eles ficariam muito surpresos se vissem como é uma verdadeira reunião da TFP: calma, séria, distendida. Eminentemente raciocinada e dando aos senhores mil oportunidades de conhecerem as razões pelas quais nós agimos, e de aderirem por um ato de assentimento interior a essas razões, em virtude de motivos prolixamente explicados a cada um.
Ora, o “grosso” dos eventos joaninos coincide perfeitamente com esse perfil: são de embombamento; não são calmos, sérios, nem distendidos; as pessoas, sob pretexto de fervor e de entusiasmo, ficam frenéticas e tomam deliberações descabeladas; e quando aderem a algo, procedem movidas mais pela emotividade e pela pressão do pátio, do que pelo raciocínio.
“O Estado de S. Paulo”, 20 de julho de 1997 - Entrevista ao padre José Oscar Beozzo, “um dos mais respeitados estudiosos da história da Igreja no Brasil”:
OESP: Como o senhor vê os carismáticos?
Padre Beozzo: Há pessoas que acreditam que os carismáticos são dóceis e obedecem cegamente à hierarquia da Igreja. Podem estar enganadas (1). Eles têm uma estrutura leiga, na qual qualquer pessoa pode ter autoridade, a partir do momento que recebe o Espírito Santo. Ela pode falar línguas diferentes, não porque o bispo pôs a mão sobre ela, mas porque o Espírito Santo fala por meio dela. Os carismáticos guiam-se, como o nome diz, pelo carisma e não pela hierarquia (2). Outra característica é que eles valorizam muito a dimensão do individuo, o que é muito moderno. Toda nossa modernidade é construída sobre a idéia de autonomia individual. Eles afirmam que cada pessoa tem direito à sua experiência espiritual única (3). Eles insistem na revelação individual, ao passo que a CEB defende revelação em comunidade. Outra diferença visível é que nos cultos carismáticos há uma valorização extremada da emoção, enquanto a CEB vai para o lado oposto, de um racionalismo muito forte.
OESP: Com essa valorização da emoção eles atraem muitas pessoas.
Padre Beozzo: Vivemos uma época em que as pessoas querem ter emoções, não querem raciocinar muito. Eles sabem captar isso.
OESP: Na CEB existe espaço para a ação do Espírito Santo?
Padre Beozzo: Sim. Mas certamente não é com toda a efervescência dos carismáticos. A CEB tem um espaço muito grande para o social, para o compromisso, que é mais árduo e empolga menos. Ela navega na contracorrente.
Comentários:
Os carismáticos estão em relação à autoridade hierárquica da Igreja, como os joaninos em relação à Diretoria da TFP.
Os joaninos tem uma estrutura paralela, à margem dos Estatutos da TFP, na qual qualquer um --até mesmo uma moça-- pode ter autoridade a partir do momento que é abençoada por JC e na medida em que é prestigiada por JC. Os joaninos guiam-se por sonhos, revelações, visões, etc.
Os joaninos hiper-valorizam, não própriamente o indivíduo, mas a autonomia --entendida como o direito de fazer o que quiser.
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“O Estado de S. Paulo”, 21 de julho de 1997 - CEBs inspiram-se em carismáticos para crescer:
Em São Luís, onde acaba de encerrar-se o encontro nacional de comunidades [eclesiais de base] de todo o país, foram analisados os métodos com os quais cristãos pentecostais --católicos ou evangélicos-- conquistam cada vez mais adeptos. A conclusão foi a de que nas celebrações dos carismáticos há mais espontaneidade, envolvimento, gesticulação e alegria.
Atentas, as comunidades preparam-se para mudar. Alguns testes foram feitos em São Luís. Ao final de uma oração animada com palmas, gestos e uma pequena banda, no ginásio de esportes do Colégio Marista, o teólogo jesuíta João Batista Libânio parecia contente. "Coisas deixadas de lado no passado, como abraços e manifestações de alegria, estão sendo recuperadas". Um dos pensadores da base teórica das CEBs, Libânio observou que até recentemente alguns dirigentes viam o simples toque físico como sinal de alienação. "Creio que isso foi herdado de militantes de esquerda do passado".
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“O Estado de S. Paulo”, 6/10/98:
Em vez do canto dos passarinhos, que os despertava nas manhãs de domingo, os moradores do Jardim Campo Grande, um bolsão residencial na região de Santo Amaro, agora acordam com a cantoria de milhares de fiéis, acompanhados de uma banda, palmas, batidas de pés no chão e o som ensurdecedor de alto-falantes. Vizinhos, desde junho, do Santuário do Terço Bizantino, ligados à Igreja Católica Carismática, estão pagando todos os pecados. (...)
“Desde que o paraiso se instalou aí ao lado, passamos a viver num inferno”, diz o administrador de empresas Vicente B. Neto. (...)
[Os vizinhos] queixam-se que o bolsão de residências (...) virou estacionamento para lotações, carros e ônibus. E dizem que é inútil fazer reclamações à Companhia de engenharia de Tráfego (CET). (...) Segundo a assesoria de imprensa da CET, é impossível controlar as manifestações e eventos religiosos que causam transtornos ao trânsito.
[Referindo-se ao padre Rossi], o micro-empresário Augusto Oleinik, de 52 anos, morador há 10 anos no condomínio, (...) diz: “estranho que ele não pratique o que prega (...)” (1).
Como num show de Daniela Mercury, os fiéis que acompanham as missas do padre Marcelo [Rossi] sabem de cor canções e coreografias e o seguem com ardor de fãs. [O padre] empolga a platéia predominantemente feminina (2). (...)
A missa é longa (3). Duas horas e a platéia pede bis (4).
[Segundo o padre Antônio Keller, pároco da igreja de Santo Antônio, no Limão, que fica na frente da igreja pentecostal “Deus é amor”, os carismáticos] “gritam, gemem, repetem as palavras, batem cadeiras; é insuportável”.
“Às vezes parece que é briga ou que o prédio vai cair”, conta Sandra dos Santos, copeira de um restaurante ao lado do templo.
Comentários:
JC também não pratica o que prega.
Os auditórios de JC --pelo menos em se tratando de reuniões para CCEE-- são predominantemente femininos.
As cerimônias joaninas são longas.
Nas apresentações da banda de JC, seu público costuma pedir “bis”.
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Revista “Veja”, 4/11/98: Uma estrela no altar – Jovem, bonito e carismático, o padre Marcelo Rossi atrai multidões e renova a Igreja católica no país
Suas missas, no Santuário do Terço Bizantino, um galpão de 20 mil metros quadrados, (...) reúnem até 60 mil católicos. Por mês, os fiéis em frente ao altar somam meio milhão de almas. (...) Espremem-se para ver de perto os louvores do Pe. Marcelo.
[O Pe. Rossi] irrompe no palco, quer dizer no altar, sob aplausos e assobios da platéia (1) (...). Cada celebração é um mega-espetáculo. (...) Canta, dança, prega de forma didática (2). Abusa das parábolas e dos diálogos com a platéia. Nada que lembre o ar sisudo de boa parte das missas convencionais (3).
Acompanhado pelos músicos da banda Ministério de Libertação, o padre engata uma música atrás da outra (4). Vai para frente do altar, rodeado por 6 coroinhas, e começa o que chama de ‘aeróbica do Senhor’. São coreografias que lembram o filme ‘Mudança de hábito’, em que um grupo de freiras agita multidões com gingados moderninhos. O padre balança os braços, levanta as pernas, dá voltas e pulinhos. Os fiéis saem da missa como espectadores de um concerto de rock. “Fico exausta e feliz (...)”, diz a comerciante Maria Cláudia de Almeida, 39 anos (5). (...)
O padre Marcelo é um grande comunicador, fala de maneira simples (...) (6).
A façanha mais recente do padre Marcelo é a conquista do mercado fonográfico. Com o disco ‘Músicas para louvar o Senhor’, lançado ha pouco mais de um mês, (...) já vendeu 450 mil cópias (7).
É alegre (...). (...) hipnotiza as multidões (...) (8).
[Palavras do Padre Rossi]: “Eu comecei a fazer celebrações da palavra dentro da creche e os fiéis adoraram. Desde então não tive dúvidas de que deve haver um equilíbrio entre o trabalho social e o espiritual. A Igreja estava voltada demais para os problemas sociais” (9).
Comentários:
Apenas JC ingressa no auditório, seus fãs aplaudem e gritam “fenomenal!”
JC também prega de forma didática e canta. Não sabemos se dança –mas ninguém se surpreenderia que o fizesse.
As reuniões de JC não lembram, absolutamente em nada, as de Dr. Plinio enquanto raciocinadas. Pelo contrário: são vazias de pensamento.
JC é acompanhado pela ”Banda sinfônica internacional Nossa Senhora de Fátima”.
É exatamente o mesmo tipo de comentários que as pessoas emitem nas apresentações da banda joanista.
No órgão de imprensa costa-rricense “Nación Digital – Revista Viva”, de 28/10/98, o prócer é apresentado nestes termos: “Juan S Clá Dias (...) eximio formador da juventude, orador capaz de transmitir entusiasmo, dirigente dotado de um eficaz carisma de atração (...)”.
JC também lançou um CD de música gregoriana. Segundo a “Folha de São Paulo”, 16/7/99, pág. 13, está à venda, além de outros locais, nas “Lojas do Gugu” --famoso personagem de programas pornográficos na TV--, e na Editora Vozes --da Estrutura. A propaganda respectiva diz o seguinte: “Você se sente impotente diante de tantas dificuldades e crises desse mundo moderno? Isto lhe traz estresse, agitação, fadiga, tensão e problemas nervosos? Queremos lhe oferecer o melhor remédio natural já lançado no mercado contra esses males: o Canto Gregoriano. Ouvir uma música que restabelece o equilibrio interior, recupera a calma e nos traz a paz, nesses tempos conturbados, é uma terapia indispensável”.
JC banca de alegre e fascina centenas de pessoas.
Para JC, também a TFP está voltada demais para os problemas político sociais.
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“Folha de S. Paulo”, 30/11/98, editorial - A fé na mídia:
Note-se ademais certa semelhança entre os megacultos em estádios da Igreja Universal e as megamissas rezadas pelo padre Marcelo Rossi. Ambos parecem mobilizar uma energia física capaz de produzir sobre multidões inteiras um efeito catártico que também os aproxima de outros eventos coletivos, característicos da sociedade de massas deste século, como se sabe nem sempre benignos.
As mega-reuniões e mega-cerimônias do mega JC movilizam eflúvios capazes de fazer delirar auditórios de centenas de pessoas.
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“O Globo”, 30/11/98 - Emoções fortes:
Dias atrás, girando canais, encontrei na Vinde TV o pastor Caio Fábio numa apresentação de 1996, falando em público no Centro do Rio de Janeiro. Era o pastor no auge da sua eloqüência: a palavra fácil, a mensagem de solidariedade aos oprimidos. Mas a marca mais forte era a emoção, que lhe embargava constantemente a voz.
Num segundo approach, podia-se distinguir um toque de triunfalismo, no aviso enfático de que a sua igreja era a que mais crescia, a que mais conquistava adeptos, a mais coesa etc.
(...) Tratando-se de líderes religiosos, a emoção pode levar o candidato a profeta à convicção de que ele está efetivamente em linha direta com Deus --quando, em alguns momentos, ele estará apenas explorando os desvãos da sua subjetividade.
(...) O jovem padre [Rossi] trabalha com esse mesmo ingrediente: a emoção. Vai ter agora a cabeça virada, quando se torna objeto de disputa das redes de televisão?
Uma primeira advertência, segundo se conta, foi feita pela sua própria mãe, que teria dito: "Enquanto Jesus Cristo for o centro do que você faz, está tudo certo. Quando o centro for você, está tudo perdido".
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“Diário do Nordeste”, Fortaleza, 10/12/98 - Celebrações católicas ganham nova forma:
Tem gente que é fã de cantor. Outros não conseguem parar de pensar no artista de televisão favorito. O que não podia se esperar é que um padre se transformasse no maior ídolo do momento, capaz de movimentar multidões em espetáculos de fé. Assim é o padre paulista Marcelo Rossi. Um jovem com rosto bonito, corpo atlético e muita disposição para celebrações das mais animadas, utilizando inclusive "rocks" e aeróbica. No Ceará, outro integrante da Renovação Carismática da Igreja Católica segue os mesmos passos e consegue sensibilizar um rebanho cada vez maior.
O padre Severino Cheregato tem levado centenas de pessoas às suas missas na capela da Base Aérea. (...)
As igrejas católicas estão ficando mais cheias. Fiéis levam fotos de parentes que precisem de ajuda, esperam por milagres em série e dançam, pulam, gritam, entram em catarse coletiva. "Acreditamos que a pessoa possa ser católica e alegre, por isso animamos as celebrações", justifica o padre Cheregato, que assim como o padre Rossi, garante não estar desobedecendo a nenhum preceito da Igreja nem tampouco a hierarquia estabelecida.
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Na reunião realizada na Sede do Reino de Maria em 28/1/99, foi projetado um filme da missa que o Padre Rossi celebrou no Anhembi, por ocasião do aniversário de São Paulo. O vídeo começa quando o Padre entra no palco no meio de enorme gritaria da platéia:
Pe. Rossi: Hoje, com certeza, é um dia abençoado e será uma noite mais abençoada ainda. Vamos combinar algo? Está bem apertado aí, não está? Abraça quem está ao seu lado e diga: você agora vai participar da missa com todo carinho. Diga "seja bemvindo, qual o seu nome", acolhe com carinho. Agora não é hora mais de fumar, de comer, para que voce possa participar da santa Missa. Mas abraça mesmo o que está ao seu lado
[A câmera mostra todo mundo se abraçando na plateia. Jatos fortes de luz percorrendo o publico. No palco, luzes fortíssimas de neon].
Que Deus abençoe todos que estão acompanhando pela Rede Vida, você não vai assistir televisão, você vai participar de coração dessa missa, peço que Deus abençoe... Viva Jesus Cristo!.... Nós somos católicos, somos felizes por sermos católicos... Viva Nossa Senhora.... Abra as mãos, abra as mãos, vamos preparar esse coração para essa missa...
[O Padre Rossi começa a cantar com voz insinuante]: quero mergulhar [gritaria geral...] nas profundezas do espírito de Deus
[O Padre volta-se para o palco onde estão instalando instrumentos musicais]
Como é, já dá para começar? Dá o tom aí, que eu vou deixar elas cantarem... "quero mergulhar ...
[A plateia canta, todos levantando as mãos e se requebrando. Em todo início de estrofe ele canta alto para dar o tom...]
(...) Com carinho vamos continuar cantando (...). Vamos saudar Dom Claudio, o nosso pastor... vamos louvar o Senhor cantando "Gloria, glória aleluia, louvemos ao Senhor". Vamos lá...
[Ao cantar aleluia, entra um destempero frenético. No palco os músicos transpiram, batem desperadamente os pratos, os bumbos e a platéia toda se contorce, bate as mãos.]
(...)
Sermão de Dom Claudio: meus irmãos, minhas irmãs, todos vocês que vieram a essa celebração, os jovens que são tantos os que vieram, e que deveriam ter o aplauso muito especial porque os jovens são o presente e o futuro desse país e dessa igreja. [Gritaria e aplausos] As crianças, os adultos que aqui estão dando o seu exemplo à juventude e à infancia, e a toda essa cidade. Os idosos que estão se alegrando vendo esse fé renovada desse povo. Eu sei quantos idosos hoje choram de alegria por ver renovada a fé do nosso povo católico [aplausos, assobios]. A todos vocês, bem vindos, a nossa homenagem, a nossa saudação. (...) Nós nos sentimos felizes e quero aqui dizer aqui que eu apoio plenamente todo esse trabalho, porque é importante fazer com que as pessoas possam celebrar a sua fé, se alegrar com sua fé, sentir-se felizes por serem católicos e levar sua felicidade a outros para fora para que mais e mais se unam para louvar a Jesus Cristo.
[gritaria, aplausos].
(...)
[Após distribuição da Comunhão os bispos se retiram do palco, ao que parece para não atrapalhar a "aeróbica do Senhor"].
Pe. Rossi: vamos chamar os anjos de Deus mais uma vez... Já dançaram? Vamos lá... "Erguei as mãos"
[Mesmas cenas do início todos se requebrando, batendo as mãos ao alto, o padre dá pequenos saltos no palco, gritos].
Comentários:
a) de Dr. Luiz:
Pela avaliação da mídia, foram apenas 30 mil que estiveram lá. Ora, [nas] manifestações dos antigos tempos, o número era muito maior. Só as comemorações de Corpus Christi, ultrapassava muito esse de 30 mil. Portanto, isso para a São Paulo de hoje, é um número inexpressivo.
Isso é fruto de toda a catástrofe do liturgismo: sob o pretexto de modernizar, eles vão juntando apenas minorias que aderem e fazendo que elas façam malabarismos que só entusiasmam a si mesmas. Há muito campo para agir, mas eles fecham o circuito e por mais que dancem e cantem, fazem acreditar que isso é muita coisa, mas não é. Isso é próprio das coisas do demônio, fazer uma grande mitificação que numericamente falando não pega. Se os pastores exercessem sua missão, eles ajuntariam, na linha da tradição, um número enormemente maior.
(...) o método deles, é juntar uma minoria e querem dar exemplo de colossismo. Não é. Se quiserem exemplo mais vivo disso é a técnica do JC: ele vai fingir que é muito expressivo, vai fazer muita movimentação, mas vai acabar acurralando os seguidores num circuito fechado, com tendencia a enclausurar-se.
b) de Dom Bertrand:
Num filme de vídeo que assisti no Auditório Nossa Senhora Auxiliadora havia um movimento dos correspondentes que levantavam as mãos aclamando Nossa Senhora que é muito parecido com esse que vimos aqui. Em outra ocasião, o JC estava regendo o coro e em certo momento ele se voltava para o público e convidava a todos para cantarem, e num instante todo aquele público cantava como se soubesse e tivesse treinado antes. Também naquele bufet Humberto, durante um Encontro de CCEE, aconteceu isso, e toda a platéia entrava num frenesi horrível. Já era esse demônio que estavam entrando na TFP.
*
Artigo "Pentecostalismo católico: perplexidades, apreensões e suspeitas", publicado no "Catolicismo" 296/298, agosto/outubro de 1975:
O assim chamado pentecostalismo clássico surgiu no século passado, nos Estados Unidos. (...). [Pretendia] pregar uma religião viva, em contraste com as religiões institucionalizadas. (...)
Encontram-se também insertos na tormenta progressista que aflige a Santa Igreja, com suas características comuns de detrimento da fé em favor da sensibilidade, super-ecumenismo, anti-institucionalismo, etc. (...)
Os autores pentecostalistas insistem muito em que não constituem um movimento, no sentido de uma organização institucionalizada. O Pe. Baruffo observa a esse respeito: "Empregamos esse termo movimento em sentido lato, já que a Renovação carismática não se acha institucionalizada em quadros de organização e estrutura precisa como outros movimentos, nem surgiu com fins e métodos específicos. Pretende antes ser um modo de viver, profunda e seriamente, a vida cristã na comunidade eclesial. Poder-se-ia falar em movimento no sentido de que ele consiste numa multidão de gente que se move numa mesma direção geral e mutuamente se influencia. (E.D. O'Connor, The Pentecostal Movement in the Catholic Church, Notre Dame Indiana, V ed.,1973,33).
No mesmo sentido escreve o Cônego Caffarel, comparando-o com o franciscanismo, que é um modo de viver o Evangelho, sem se confundir, necessariamente, com a Ordem Franciscana.
Em 1971, Mons. Timothy Manning, Arcebispo de Los Angeles, hoje Cardeal --que não pode ser apontado como tradicionalista-- publicou uma Carta Pastoral de advertência aos fiéis católicos, assinalando que "o excessivo emocionalismo, credulidade e pretensiosos espetáculos carismáticos questionam a autenticidade da atividade do Espírito". (...)
Até o liberal episcopado canadense (...) apontou o excessivo relevo dado à sensibilidade, a escassa reflexão bíblica e doutrinária, e a evasão da realidade.
(...) O raciocínio é combatido pelos pentecostalistas: "Não há lugar para discussões depois das lições", revela a pentecostalista Terry Malone. (...) As diversas formas da prudência --a circunspecção, o raciocínio, a constância, etc.-- estão completamente ausentes da espiritualidade pentecostalista. Tudo se faz sem medida, sem conselho, com precipitação e indiscrição. Esta é a raiz do vida espiritual pentecostalista: um Espírito sem fé e sem razão.
Francis Hittinger, ex-membro da comunidade, que era o encarregado [das] sessões, recebia de um dos dirigentes todo um dossier com informações sobre o passado pessoal e familiar do membro "que estava causando problema", bem como de suas fraquezas psicológicas, etc. Uma noite, sem aviso prévio, o indivíduo em questão era arrancado da cama pelo "coordenador" e devia-lhe fazer uma confissão geral desde a infância e reconhecer os seus erros. O coordenador o exorcisava e às vezes queimava seus livros e suas roupas, depois de lhe extorquir promessas humilhantes (como a renúncia aos títulos universitários) e de faze-lo jurar que jamais contaria a um Sacerdote o que acabava de ser feito com ele. Os defensores alegam que abusos desses limitaram-se a algumas comunidades, mas que não afetam o movimento pentecostalista em seu conjunto.
(...) O regime de disciplina interna não é exatamente o da mansidão evangélica. (...)
Uma vez que caraterizamos como pentecostalista o movimento de JC, e que o comparamos com o pentecostalismo hodierno, cumpre estudar suas origens.
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Artigo "Pentecostalismo católico: perplexidades, apreensões e suspeitas", publicado no "Catolicismo" 296/298, agosto/outubro de 1975:
Os Cursilhos (...) aparecem significativamente nas origens do chamado pentecostalismo católico, e a doutrina carismática não é senão a exacerbação dos pontos de partida cursilhistas, pelo que é oportuno transcrever algumas passagens da famosa "Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade", do insigne Bispo de Campos, D.Antônio de Castro Mayer, a esse respeito: "Com efeito, mais do que sobre o papel do conhecimento intelectual da Revelação, insistem eles [os cursilhistas] sobre a vivência, ou seja, a experiência, o contacto vivo, a atração entusiasta". "Se vê que os Cursilhos procuram a conversão, mediante uma via predominantemente alógica, que chamam de vivência". "Nossa apreensão aumenta, amados filhos, pelo fato de que a minimalização do papel da inteligência, na conversão do indivíduo, vem acompanhada de muita ênfase dada ao fator emotivo". "A importância que Cursilhos dão às emoções e impressões levou muitos a aproximarem o tríduo cursilhista de uma lavagem de cérebro".
(...) Mons. Críspulo Benitez, Arcebispo de Barquisimeto e Presidente da Conferência Episcopal da Venezuela --aliás simpatizante do movimento-- vincula o pentecostalismo à grande corrente do progressismo, desde suas origens: "Creio que a renovação carismática é a conseqüência do Cursilho, que, por sua vez, vinha do movimento da Ação Católica".
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MNF, 24/6/92:
O que eles [NB: os que dirigem a Revolução] quereriam que tivesse sido a Ação Católica, acaba sendo o Movimento Carismático.
(Dr. Paulo Brito: (...) os cursilhos também foi uma tentativa deles).
A própria Ação Católica foi uma tentativa deles.
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Reunião de Recortes, 29/12/74:
Em 1943, 44, 45, 48, 1950, quando nós estudávamos muito os documentos da ala mais ardida da Ação Católica, do Liturgicismo, e da Democracia Cristã de São Paulo, nós chegávamos sempre à conclusão de que eles eram milenaristas que esperavam o Messias.
Nós temos isso escrito em nossos arquivos, pode-se consultar. O Billy Brandt sempre me pareceu um homem que tinha qualquer coisa de messiânico em torno de si. Não que ele fosse o "messias", mas que ele tinha qualquer imantação messiânica em torno de si. Os grandes auditórios que ele reúne em torno de si, os discursos que ele faz, o gênero de alegria otimista que ele espalha em torno de si, é alegria messiânica de quem anuncia um reino novo que não é o Reino de Maria. É o reino daquele a quem Maria esmaga debaixo de seus pés.
Recorte número 12.197: “Paulo VI abriu o Ano Santo de 75 exortando os cristão a fazer do jubileu um tempo de renovação e reconciliação, para que a paz volte a reinar sobre a terra”.
A finalidade do Ano Santo é realizar a tal paz que o tal "messias" deve trazer. Porque está claro que é o "messias" que deve trazer a paz. O Ano Santo é para isto. Então é um Santo Ano jubilar que está sendo aproveitado, ou que pode vir a ser aproveitado como elemento de preparação para a vinda do anticristo.
(...) Aqui eu sou levado a me perguntar: quando Paulo VI reconheceu que a Igreja estava entregue ao misterioso processo de autodemolição, primeiro ponto; quando ele reconheceu, em segundo lugar, que a fumaça de Satanás tinha penetrado dentro da Igreja; quando pessoas admiradoras de Paulo VI que vêm de Roma dizem que ele está sofrendo enormemente com as condições atuais da Igreja, porque a Igreja está num caos que não tem solução, terceiro ponto, a gente é levado a se perguntar se Paulo VI não acha também que esse "messias" vai resolver o problema interno da Igreja, que o próprio Concílio não resolveu.
E eu avanço um pouco: se o fracasso do Concílio já não era previsto e intencional no seguinte sentido: foi feito pela Igreja o possível para dentro da economia comum da graça resolver seus próprios problemas. Não conseguiu. Pelo contrário, a própria solução por Ela excogitada com a aprovação da maior reunião de bispos da história não foi capaz de resolver os seus próprios problemas. Então precisa vir o "messias".
Isso seria uma hipótese então a meu ver muito coerente: o "messias" tendo uma ação interna na Igreja, como aliás também nas outras igrejas, uma ação saneadora, salvadora, e bem entendido unificadora.
Se o Messias, Nosso Senhor Jesus Cristo, vier de novo morar no mundo, o Papado perde a razão de ser. É claro. O Papa é o procurador de Nosso Senhor Jesus Cristo. Onde está Nosso Senhor Jesus Cristo, para que o Papa? Onde o sol brilha, as estrelas não são mais visíveis. É evidente.
Então, esta autodemolição misteriosa da Igreja não poderia ser interpretada como um sinal de que a Igreja já vai demolindo em si como caducas certas estruturas que com a presença do Messias já não tem razão de ser?
Bem, e que nós caminharíamos para a vinda do Messias, para uma Igreja não jurídica, uma Igreja espiritual que os pentecostalistas e os grupos proféticos querem.
Esse "messias" vai se apresentar como uma pessoa que ou é Nosso Senhor Jesus Cristo, ou que tem os poderes que Nosso Senhor Jesus Cristo teve na sua vida terrena?
A questão é a seguinte: pode apresentar-se um indivíduo que se diga Nosso Senhor Jesus Cristo, e que faça um certo dano, nem por isso ele é necessariamente o anticristo por excelência. Pode apresentar-se um homem que nem sequer se diga diretamente Nosso Senhor Jesus Cristo, mas um eleito de Deus cheio de carismas, etc., etc., etc., e fazendo as vezes de Deus aqui na Terra.
Todas essas hipóteses eu englobo, por comodidade de linguagem, na designação portanto muito flexível de anticristo. E jogo com uma hipótese ou outra para abreviar. Mas por comodidade de linguagem. Eu não sei que ente será esse que ele está prevendo. A meu ver há um ente em preparação.
(...) Eu acho que há uma ação preternatural, ação diferente da ação preternatural tradicional no seguinte sentido: é como numa espécie de voz carregada de sedução que se faz ouvir no interior da alma, e que solicita-a, arrasta-a.
*
Os oradores e apóstolos da Ação Católica incorreram nos mesmos desvios e erros dos pentecostalistas e dos joanistas. Com efeito, uns e outros:
- em lugar de procurar exclusivamente a salvação das almas e a aprovação de Deus, ambicionam os aplausos e aclamações de seus ouvintes (Cfr. “Em Defesa da Ação Católica”, 2da. Edição, São Paulo, 1983, Artpress, p.228);
- acham que a popularidade é a consequencia necessária de todo apostolado frutuoso e, reciprocamente, que a impopularidade é a nota distintiva do apostolado fracassado (cfr. idem, p.229);
- consideram que para fazer apostolado é preciso estar sempre alegre (p.240);
- em decorrência dessas concepções, assumem uma fisionomia --e no fundo um tipo humano-- jovial e transbordante de contentamento (p.239); um “sorriso apostólico” perpetuamente esboçado em seus lábios (p.232); bem como um estado de espírito delirante de entusiasmo (p.240);
- confundem a conversão sincera e profunda de um homem ou de um povo com os sinais de uma popularidade de superfície (p.293);
- confundem a alegria da alma tocada pela graça, com a “alegria falaciosa e turbulenta dos maus, quando certos apóstolos ingênuos lhes apresentam, estropiadas e mutiladas, algumas verdades parecidas com os erros da impiedade. Neste caso, os aplausos não significam um movimento das almas para o bem, mas o júbilo que experimentam por supôr que a Igreja não as quer arrancar do mal. São aplausos de quem se alegra de poder continuar no pecado, e significam um embotamento ainda maior no mal” (p.310);
- tentando o possível e o impossível para ser popular, a esse anelo sacrificam até os princípios (p.293); negligenciam a pureza da doutrina para ser universalmente estimados (p.312);
- e de tal maneira se apegam aos aplausos humanos que, se o povo que ontem os aplaudiu for atraído por pregadores menos austeros ainda, “eles se arrastam atrás dos que os abandonam, diluindo princípios, corroendo e desfigurando verdades, diminuindo e barateando preceitos a fim de salvar os últimos fragmentos dessa popularidade de que, inconscientemente, eles fizeram um ídolo” (p.312).
- sua sede imoderada de expansão (p.183), os levam a, de um lado, menoscabar o apostolado junto às elites (p.196), e de outro lado, a recrutar grandes massas de modo tumultuário e rápido, sem base numa levedação lenta, gradual e segura. Daí a rapidez de seu crescimento. Mas como seu entusiasmo é fictício, essas massas se dissolvem facilmente, sem que seus elementos tenham melhorado de modo ponderável (pp. 165, 166).
- daí o “cunho acentuadamente anti-intelectualista” (p.272) e “nivelador” (p.269), da formação de seus membros.
A respeito do recrutamento dos membros da Ação Católica e dos membros dos eremos joaninos, permita-se-nos registrar entre parênteses uma analogia. Se bem o “grosso” do proselitisimo da Ação Católica era com a massa, alguns elementos de elite também eram arrebanhados. Naquela época, as associações auxiliares do apostolado leigo prestavam à Ação Católica “o duplo concurso de nela inscrever seus melhores elementos, e cooperar resolutamente com suas atividades gerais”(p.180). Mas a Ação Católica acabou fazendo uma “drenagem abusiva dos elementos de escol das associações auxiliares” (p.181). Exatamente o mesmo fenômeno se deu no relacionamento entre os eremos joanistas e os grupos do interior do Brasil.
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"Jour-le-jour" 26/2/97 - JC lê e comenta uma parte de “Em Defesa da Ação Católica”:
Hoje nós temos a última das aulas dadas pelo Sr. Dr. Plinio no Curso Joseph de Maistre sobre Teologia da História. Com a leitura das aulas dele de hoje fica encerrado o Curso Joseph de Maistre da década de cinqüenta. (...)
O Sr. Jiménez me tirou alguns textos daqui, de dentro, mas eu nem vou ler para os senhores porque estes textos não atacam o liturgicismo enquanto gnose. Eles não pegam o aspecto gnose porque era uma tese para o Sr. Dr. Plinio muito arriscada e muito violenta. Era já jogar o liturgicismo no campo da heresia a mais formal e categórica possível, e isso ele não fazia.
Ele é muito delicado. Posso pegar algum trecho aqui assim muito [a esmo]. Olhem o cuidado da linguagem dele:
É vão e destoa dos ensinamentos da Igreja o propósito de ver na sagrada liturgia uma fonte de santificação automática, que dispensa o homem de qualquer mortificação, do esforço da vida interior, da luta contra o demônio e as paixões.
Porque os liturgicistas defendiam essa tese: basta o sujeito estar dentro da liturgia que, pronto, ele se santifica automaticamente (1).
Com efeito, por mais eficaz que seja a oração oficial da Santa Igreja e por mais superabundantes que sejam os méritos infinitos da Santa Missa, "é necessário que os homens completem, cada qual em sua própria carne, a Paixão de Jesus Cristo, já que tendo embora o Senhor Jesus sofrido por nós, nem por isto estamos isentos de chorar e expiar nossas faltas nem autorizados a expiá-las com negligência" (Pio XII).
Comentário:
Embora fale como se fosse uma pessoa que não incorre nesse erro, JC defende uma tese similar: basta ter entusiasmo, que a pessoa se santifica automaticamente.
"Jour-le-jour" 12/1/97, parte I:
O Pe. Olavo está lembrando que o Sr. Dr. Plinio tinha isso desde a infância. Ele quando muito menino fugia das crianças febricitadas, açodadas, que gostavam do pula-pula, do corre-corre. Ele gostava da calma, da serenidade, e ele não queria a nenhum preço perder essa serenidade.
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"Jour-le-jour" 10/3/97. JC lê as anotações --feitas provavelmente por ele, porque esteve presente na ocasião-- de uma reunião que não foi gravada, na qual Dr. Plinio descreve como se processava, dentro de sua alma, a admiração:
a) Serenidade: A serenidade interior, que [no SDP] era temperante, era a condição fundamental e indispensável para a manutenção da Sabedoria: a serenidade era mais do que uma condição para resguardar a Sabedoria, a boa ordenação interior. Era a projeção nele, da ordem externa solidária com ele.
b) Amor à serenidade leva à compreensão profunda das coisas e à Sabedoria:
Percebe que esta é mantida pela hierarquia e que a hierarquia é um exemplar da Sabedoria.
c) Contraposição com a trepidação dos outros: Percebia nos outros um quadro contrário com os seguintes corolários:
- trepidação excessiva- agitação excessiva- tendência à brutalidade, à mentira, ao "bluff" recíproco, à desonestidade.
Logo ao primeiro contato com a impureza ele percebeu que era contrária à Sabedoria no seguinte ponto: o prazer sexual tem sua essência num frenesi e conduz a uma espécie de paroxismo de agitação e trepidação. Percebeu que a impureza quebraria, por ser excitante, escravizante, prosaica e simiesca, o compasso da Sabedoria, que queria acima de tudo. Assim explicitou a conexão da Sabedoria com o puro, o limpo, etc.
Não está dito aí, mas inclusive com certas formas de governo, que os senhores têm no livro dele sobre a nobreza (1).
(...)
Bem, agora ele vai analisar o divortium aquarum, a divisão das águas, a separação das águas. Como é que se dá a rejeição da admiração nos outros? Como é que as pessoas rejeitam esse dom de Deus chamado admiração?
II - Como se dá a rejeição da admiração nos outros: "divortium aquarum"1. Toda pessoa tem um tesouro interior, primeiro fruto da graça batismal. Esse tesouro é constituído por um ego interno conforme uma graça interna recebida. Preservá-lo e mantê-lo de forma supereminente é que é viver.
2. A guarda desse tesouro se deve sobretudo à manutenção de uma serenidade e temperança interiores.
Senhores, non in comotione Dominus. O Senhor não está na agitação, o Senhor não está na trepidação. Mantenham a todo custo o estado de alma sereno, mantenham a qualquer preço o estado de alma temperante. Dentro da serenidade e da temperança, os senhores terão condições para guardar a inocência. Fora da serenidade e fora da temperança, nada.
-- Mas é que fulano...
-- Deixa fulano se enforcar ou, se quiser, lhe enforcar, mas seja enforcado com serenidade que o senhor vai para o Céu. Não tem problema. (...)
É fenomenal na teoria. Eu quero ver na prática. Tem que praticar (2).
(...) não é possível que nós levemos este papel para casa, este esquema para casa, para as sedes, para a respectiva cela e não ponhamos isso em prática, achemos isso uma coisa muito interessante mas para o Sr. Dr. Plinio, não para nós. (...) De acordo? Alguma dúvida? Se não têm dúvida, têm que pôr em prática. Os senhores se comprometeram. Aqui é mais ou menos como Bossuet dizia num discurso que ele fez: todos os senhores vão sair daqui julgados. Se os senhores tomarem o que aprenderam e puserem em prática, ótimo, os senhores terão o prêmio; se os senhores tomarem o que aprenderam e esquecerem, castigo.
Comentários:
A democracia. JC tem razão. E sua conduta confirma a tese.
JC pratica essa teoria?
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No MNF, 24/6/92, encontramos mais um dado a respeito do modo de ser de Dr. Plinio:
Eu detesto multidões, ouviu?
(JC: Qualquer um detesta).
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Grafonema-circular enviado por JC em 17/10/88, durante a viagem de Dr. Plinio à Europa:
Depois de uma série de perguntas, ele [o SDP] afirmava: (...) “Esta minha missão de Elias Profeta sobre os escombros da nação eleita, nossa gente não quis compreender inteiramente, manifestando-se alegretes, satisfeitos dentro do ocaso, julgando-se um prodigio de fidelidade simplesmente porque não batiam palmas ao ocaso. É muita coisa não bater palmas ao ocaso, mas assim mesmo, viver alegrete dentro dele não é ter levado a fidelidade ao ponto de estabilidade necessário”. (...)
Houve um certo silêncio no automóvel e logo depois ele quebrou o silêncio dizendo o seguinte: “Vocês chegam a se fazer idéia do que é que estas sementes poderiam ter dado se tivesse havido fidelidade?” Depois outro silêncio e ele disse: “Pode brotar de nós um Reino de Maria se formos alheios a esta tristeza? Não era o caso de aprofundarmos esta tristeza?” (...)
Ele dizia: “Estas reflexões são proprias a nossa vocação eliática e jeremiática”. É a primeira vez que ouço ele usar a palavra “Jeremias” dentro das lamentações dele. Mas ele de fato a usou e até explicou dizendo que (...) enquanto que Elias tem previsões para o futuro, tem ações para o futuro, Jeremias pelo contrário fazia lamentações sobre o que estava acontecendo nos dias dele. Depois ele passou um certo periodo lamentando não conseguir transformar as almas do Grupo para esta dor. (...) Ele dizia (...) que nós precisariamos nos revestir do manto que foi o manto de NSJC antes da Paixão. Este manto tinha um nome, era o manto do escárnio. (...) Que nós deveriamos carregar este manto, que este manto nos tornaria alheios a todos, nos tornaria isolados de todos, mas era preciso vestir este manto e é preciso sofrer.
Despacho concedido por Dr. Plinio para a comissão Pe. Anchieta (integrada pelo Sr. Emetério, Caio Newton e José Cyro), 31/10/94:
(Sr. Emetério: O grande problema do momento é o problema dos carismáticos).
Isto eu concordo.
(J. Ciro: Estão produzindo uma devastação, SDP).
E devastação no que poderia ter sido nosso. (...) Aí eu quereria muito que os Solimeos, por exemplo, nos fizessem um trabalho a respeito de carismáticos. (...) Fazer uma coisa [como o livro contra as CEBs] para a gente rever e atacar como outrora atacamos as CEBs, atacamos os Cursilhos e ir por cima dessa gente. Não tem outro remédio.
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Agora vejamos a posição de JC. Reunião deste com Caio Newton, Kimura, David Francisco, 24/4/96:
(Kimura: Os carismáticos (...) estão muito abertos a nós).
Fechemos os olhos. Vamos aceitando, e depois a gente vai transformando.
Observe-se que, enquanto a posição de Dr. Plinio em relação aos carismáticos é de combate, a de JC é de assimilação. Essa assimilação comporta o seguinte processo: primeiro, fechar os olhos aos erros do pentecostalismo --aos erros dizemos, porque não teria sentido fechar os olhos a algo bom ou neutro--; segundo, aceitar gradualmente gente pentecostalista nas nossas fileiras; terceiro, “transformar” essa gente em “contra-revolucionários” ...
”Revolução e Contra-Revolução”, Parte III, cap. 3, “A IV Revolução que nasce”, quarta edição em português, Arpress, São Paulo, pp.181-187:
Nas tribos, a coesão entre os membros é assegurada sobretudo por um comum pensar e sentir, do qual decorrem hábitos comuns e um comum querer. Nelas, a razão individual fica circunscrita a quase nada, isto é, aos primeiros e mais elementares movimentos que seu estado atrofiado lhe consente. ‘Pensamento selvagem’, pensamento que não pensa e se volta apenas para o concreto. Tal é o preço da fusão coletivista tribal. Ao pajé incumbe manter, num plano místico, esta vida psíquica coletiva, por meio de cultos totêmicos carregados de ‘mensagens’ confusas, mas ‘ricas’ dos fogos fátuos ou até mesmo das fulgurações provenientes dos misteriosos mundos da transpicologia ou da parapsicologia. É pela aquisição dessas ‘riquezas’ que o homem compensaria a atrofia da razão.
(...) Nesta perspectiva estruturalista em que a magia é apresentada como forma de conhecimento, até que ponto é dado ao católico divisar as fulgurações enganosas, o cântico a um tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu e fetichisticamente crédulo com que, do fundo dos abismos em que eternamente jaz, o príncipe das trevas atrai os homens que negaram Jesus Cristo e sua Igreja?
(...) Falamos da esfera espiritual. Bem entendido, também a ela a IV Revolução quer reduzir ao tribalismo. E o modo de o fazer já se pode bem notar nas correntes de teólogos e canonistas que visam transformar a nobre e óssea rigidez da estrutura eclesiástica, como Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu e vinte séculos de vida religiosa a modelaram magnificamente, num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e paróquias sem circunscrições territoriais definidas, de grupos religiosos em que a firme autoridade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo ascendente dos “profetas” mais ou menos pentecostalistas, congêneres, eles mesmos, dos pajés do estruturalo-tribalismo, com cujas figuras acabarão por se cunfundir. Como também com a tribo-célula estruturalista se confundirá, necessariamente, a paróquia ou a diocese progressista-pentecostalista.
Nesta perspectiva (...) certas modificações de si alheias a esse processo poderiam ser vistas como passos de transição entre o ‘status quo’ pré-conciliar e o extremo oposto aqui indicado. Por exemplo, a tendência ao colegiado como modo de ser obrigatório de todo poder dentro da Igreja e como expressão de certa ‘desmonarquização’ da autoridade eclesiástica, a qual ‘ipso facto’ ficaria, em cada grau, muito mais condicionada do que antes do escalão imediatamente inferior.
Tudo, isto levado às suas últimas consequencias, poderia tender à instauração estável e universal, dentro da Igreja, do sufrágio popular, que em outros tempos foi por Ela adotado às vezes para preencher certos cargos hierárquicos; e, num último lance, poderia chegar, no quadro sonhado pelos tribalistas, a uma indefensável dependência de toda a hierarquia em relação ao laicato, suposto porta-voz necessário da vontade de Deus. “Da vontade de Deus”, sim, que esse mesmo laicato tribalista conheceria através das revelações “místicas” de algum bruxo, guru pentecostalista ou feiticeiro; de modo que, obedecendo ao laicato, a Hierarquia supostamente cumpriria sua missão de obedecer à vontade do próprio Deus.
MNF 24/6/92:
Eu recebi do Celso Pedroza uma gravação de uma reunião carismática, e dá muito claramente a idéia de como de um modo gradual e pela mão da Igreja --porque esse é o ponto essencial-- o demônio vai entrando.
(Dr. Adolpho: Não é no caminho da Teologia da Libertação.)
A Teologia da Libertação corresponde ao período em que havia problemas sociais, mas como eles já estão caminhando para uma época em que praticamente não haverá sociedade, e que se dissolverá com a autogestão, etc., etc. Então, os problemas sociais já estão de lado, envelheceram. Vão continuar a existir para os retardados que não são capazes de ver mais do que isso, então isso vai continuar. É o tal negócio dos aquários de que falava o Gonzalo. Mas a questão já é de uma sociedade centrada não mais em torno de necessidades econômicas porque o miserabilismo terá feito reduzir ao máximo os problemas econômicos, mas é centrada em torno dessas aparições e dos fenômenos de caráter místico. Quer dizer, os fenômenos de caráter místico vão passando para o centro da cena e os outros vão agonizando conforme for agonizando o resto do mundo atual.
Bem, mas então a gente vê lá nessa audição (...) a gente percebe pelas reações "Ohs!", etc., etc., que se está num recinto vasto e que nesse recinto uma multidão está correspondendo ao que o padre diz; ele trata todo mundo de você, naturalmente, "senhor, senhora" acabou, não é?
Então:
-- "Vocês precisam compreender que é preciso falar com Deus para que Deus fale a vocês. Se vocês quiserem ouvir a voz de Deus, Deus ouça a voz de vocês. Então vocês falem alto, e falem claro, falem a Deus o que todos vocês tiverem na... Você lá! diga o que é que você tem na sua alma para dizer para Deus?"
E uma pessoa grita lá:
-- "Tal coisa assim, etc."
-- "E você lá, o que é que você tem?" O outro não responde.
-- "Você não tem parentes doentes? Você não tem amigos que estão precisando de arranjo para os negócios? Vocês não tem não sei o que, não sei o que?" O sujeito responde.
-- "Então vamos todos cantar."
Na hora da canção é que entra a coisa propriamente preternatural, tão engajante --que eu confesso a você-- que eu mandei parar porque eu estava cansado e tarde da noite, e não queria fazer o esforço de segurar isso, de me recusar a isso.
(Dr. Adolpho: Para cânticos religiosos comuns ou o que é que era? o que é que eles cantam?)
São as canções clássicas, são canções que valem mais pelo som do que pelas palavras. A palavra formal, por exemplo, "Deus eu te peço..." existe no começo mas depois vai se diluindo e é "Oôôhh! Aaah! Êêêhh! Iiihh!
(JC: É uma espécie de mantra.)
Mantra. Já são expressões implícitas da pessoa. Eu ao menos senti --e olhe que eu não sou muito de sentir coisas dessas-- um tal engajamento, que eu estou resolvido, se isto for passado hoje à noite ou então 6ª feira, se eu notar que o auditório está se deixando pegar pela coisa, não a cortar mas dizer que quem estiver sentindo indisposto ou mal à vontade e quiser sair, que é meu conselho formal que saia e que não fique. Porque é evidente, não é?
E vocês vão ver o que é o amanhecer do demônio, porque no começo são palavras explícitas e que são coisas que a gente entende mas depois o padre continuando a cantar começam sopros imponderáveis na sala. E aí... é preciso ter ouvido para compreender o que é que é.
São fenômenos de aparição discreta e gradual dele em que ninguém pensa que é ele porque tem um padre fazendo entrar. Quer dizer, se não houvesse um padre lá e alguém de repente dissesse: "Cuidado é o demônio!" era capaz de haver uma fuga geral, mas como vai pelo padre não há fuga geral. Tanto mais que eu tenho a impressão que o padre, ele próprio, é um pouquinho possuído...
(...)
(...) Se você admitir que sessões dessas não se façam apenas num grande salão mas se faça numa salinha depois de que numa casa de família, seis ou sete pessoas acabaram de comer. "Bom, agora vamos cantar!" e todos cantam. E vão cantando da sala de jantar para o living, por exemplo, passa a ser comum. E mais ou menos para todos os episódios, situações da vida, você pode então esperar uma participação diabólica.
Essa participação tende a uma marmelada em que os limites entre o preternatural e o natural, já não existem. Constantemente está a coisa meio preternatural e meio natural; haverá depois pontos auge em que é o puro preternatural ou a 5ª Revolução, o demônio diz, “ecco me”, aqui estou e se manifesta.
E com as pessoas inteiramente habituadas, viciadas, etc., e tal.
(...)
(JC: É uma transformação da Igreja Católica em espiritismo.)
(...)
(Dr. Paulo Brito: Em geral todo mundo de mãos dadas e estabelecem a cadeia.)
Sim, sim, em certo momento o padre manda. "Vamos dar as mãos!" Isso pode dar-se numa mesa, por exemplo, de família.
"Vamos agora pedir ao Espírito Santo que venha! Vinde! Vinde! Vinde!"
(...)
(Sr. Guerreiro: No Irã foi assim, eles tinham um rei e mandaram embora esse homem para colocar um aiatolá, que no fundo era um feiticeiro. Destruindo toda hierarquia e estrutura antiga do Estado para colocar uma hierarquia paralela tocada por esses feiticeiros.)
Exatamente isso, mas tal e qual isso.
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Comissão Médica, 21/4/91:
(...) há uma outra coisa que vai muito profunda e que é a penetração anunciada, por exemplo, pela pastoral da CNBB, a penetração já direta de uma vida mística dentro da Igreja Católica que é a coisa mais corrosiva que, desde os meus 30 anos, quando comecei a estudar a situação da Igreja (...) Desde aquele tempo até hoje, eu não vi nada de tão corrosivo quanto está nas decisões da CNBB a respeito da tal mística que deve entrar para substituir a falta de religiosidade que eles batem o peito e dizem o "mea culpa" que tiveram, pela hipertrofia da preocupação social e pelo minguamento da preocupação piedosa.
Evidentemente que para interpretar a advertência de JPII [aos bispos] em termos católicos, a conclusão seria a seguinte: voltem ao passado, organizem procissões, organizem bênçãos do SSmo. Sacramento, organizem Vias Sacras, enfim, construam o que destruíram e destruam o que construíram, é o único caminho. Esse é o caminho da penitência e da emenda, e a não ser esse não há nenhum caminho.
Não, eles fazem outra coisa. Já que o Papa recomenda o incremento da piedade, eles não vão voltar atrás, eles vão para frente e dão um passo a mais na Revolução. É preciso estudar os carismas e entrar na época dos milagres.
E realmente o que eles querem é na linha de Medjugorge, uma coisa assim, da Iuguslávia, e na linha de outras coisas assim. É cultivar os milagres, cultivar os carismas, cultivar coisas dessas, pseudo milagrosas –-sobre isso eu teria uma coisa a dizer, especial, pseudo -milagrosas.
Mas não pensem logo em truque, porque haverá talvez alguma charlatanisse pelo meio, mas o grosso não é, não. Pensem de outra maneira: como não é milagre de Deus, de alguém esse milagre é.
(...) Agora, há outras coisas que não são milagres. É um uso da natureza por um poder preternatural do demônio, pelo qual ele se serve da natureza para produzir coisas extraordinárias na aparência, que são coisas naturais. Por exemplo, o demônio conhece, como puro espírito que é, muito melhor do que qualquer um de nós, inclusive os médicos, muito melhor as plantas que há e as virtualidades curativas dessas plantas. E vê, por exemplo, uma pessoa que se tomasse um copo d'água com um pouquinho dos filamentos de uma planta de tal lugar, sararia. Não custa nada para ele, que tem poder sobre a matéria, pegar um pouco dessa planta, levar e pôr no copo de água de alguém que vai beber. A pessoa bebe e se sente sarada. Não percebeu que o demônio colocou alguma coisa dentro.
Foi milagre? Não. Foi uma ação dele, preternatural, que não violou nenhuma regra da natureza. Ele agiu como ótimo médico, que diagnosticou perfeitamente e encontrou o remédio adequado. E coisas dessas o demônio pode fazer em quantidade.
Como, por exemplo, também, sugestionar as pessoas e fazer com que, por meio da sugestão, a pessoa se sinta curada e de algum modo saia curada de lá. São coisas que podem acontecer.
E esses carismas, essas coisas, a meu ver, que estão sendo postas aí em movimento, não são carismas santos, não são coisas vindas de Deus, mas são coisas feitas pelo demônio.
Olhem que é certo que gente não católica pode ter esse carisma. Isso faz parte do catecismo. Mas eu acho... Não é porque são os protestantes que fazem isso que eu nego a autenticidade desse carisma. Eu nego a autenticidade desse carisma porque eu vejo que isso é feito para o mal, que redunda para o mal das almas, redunda para o desenvolvimento de uma piedade que é no fundo uma espécie de espiritismo; que quer tratar com Deus, quer tratar com as coisas de Deus mas sem pensar em Deus. Com as forças esparsas da natureza, captando-as e utilizando-as, mas num movimento de espírito que afasta essas pessoas de Deus e que as jogas numa outra religião, panteísta ou seja o que for. E onde o fato extraordinário é utilizado para demolir e não para construir. E, portanto, não pode ser um carisma vindo do Espírito Santo (1). Mas é uma força dessa natureza que se coloca em movimento para produzir determinados efeitos.
(...) Mas, agora, vamos analisar bem a coisa. Isto é, em última análise, a penetração do demônio no culto. (...) Mas é, então, o demônio que entra. E isto é já de uma vez a 5ª Revolução. (...)
Mas, é preciso notar que não vem só o milagre. Esse milagre é feito para coonestar doutrinas: doutrina panteísta, doutrina... enfim, "n" coisas. Para coonestar um estilo de vida tribal, um estilo de vida primitivo, um estilo de vida completamente amoral, em que a autoridade temporal não existe mais e existe apenas a autoridade do guru, a autoridade do feiticeiro que, em nome dos milagres que pratica, dirige os acontecimentos humanos (2). (...)
Eu tenho a impressão de que, em certo momento da Bagarre, o demônio vai imitar uma ressurreição dos mortos. (...) Bem, no fundo eu tenho a impressão de que eles querem chegar a esse extremo de o demônio tomar material como o anjo Rafael fez com Tobias. Tomar material da terra e modelar um boneco, e esse boneco falar e mover-se, etc., etc., totalmente como um homem.
E eles tomarem material assim e fazerem "homens" aparentemente saídos das sepulturas, e mortos ressuscitados ao longo de cerimônias de cemitério mas que depois chegaria a manhã e o boneco continuaria a funcionar como se fosse homem. E que começaria a fazer coisas cada vez mais próximas de coisas diabólicas e horrendas. Simulando um ato de ressurreição de mortos talvez até coletivo. E enchendo assim o mundo de demônios embonecados mas que no seu embonecamento fossem deixando transparecer os caracteres demoníacos cada vez mais. De maneira que em determinado momento eles dissessem: "Nós somos os demônios mesmo!" Mas eles já teriam jantado nas casas, já teriam dormido, já teriam fassurado, já teriam casado, já teriam feito de tudo com as pessoas que quisessem. E aí nós teríamos uma quantidade de demônios misturada com os homens, tão grande, que seria difícil a gente excogitar qual seria o número desses demônios. E aí teria depois a gradual manifestação dos demônios com homens já inteiramente habituados.
(...) Quer dizer, uma transformação assim em que entraria o Movimento Carismático fornecendo numerosas pessoas que têm o hábito de chamar os demônios, de convocar... Porque no fundo, essa coisa carismática, no que tem de autêntico, é demonismo.
(...) Essa verossimilhança me parece que existe, e que seria eventualmente o desfecho do Movimento Carismático.
Comentários:
Aqui Dr. Plinio fornece um ótimo critério para analisar a mística joanina. Os fenômenos que não procedem verdadeiramente do Divino Espírito Santo: a) redundam no desenvolvimento de uma piedade que é no fundo uma espécie de espiritismo; b) aparentemente aproximam as pessoas de Deus, mas na realidade as afastam de Deus e as jogam numa outra religião; c) são instrumentalizados para demolir, não para construir.
É a tese da “gracio-cracia” sustentada pelos joaninos: a autoridade estatutária da TFP deve ser substituída pela autoridade carismática.
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Corte da Reunião de Recortes de 11/7/92:
Eu acho que pode haver coisas muito delicadas que eu ainda não levantei aqui, mas é na linha, por exemplo, de falsos profetas. No seguinte sentido:Os Papas conciliares e post-conciliares não foram tidos por santos, e não iludiram ao povo sobre a sua santidade. O prestígio da santidade é um prestígio extraordinário. Mas se nos aparecer um falso santo dentro disso, quem ele não levará? Que dificuldades criará? Que pseudo milagres fará? Imaginem um Papa todo metido no movimento carismático e que, portanto, consiga aparições e visões, etc., em plena basílica de São Pedro, etc., etc., até onde irá?
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No Capítulo 13 “Mística”, tratamos da campanha que JC desenvolveu no Grupo para estimular tudo quanto é visão, aparição, locução, etc. Fruto dessa campanha, foi a proliferação dos sonhos como tema das conversas entre sócios e cooperadores. A respeito disso, Dr. Plinio comenta o seguinte (almoço, 21/6/92):
Já o movimento carismático é uma irrupção das fronteiras entre o mundo visível e o invisível, e tomando como uma coisa inteiramente natural. (...) De maneira que, ao cabo, vamos dizer, de 5 anos do movimento carismático se desenvolver como está, será corrente uma pessoa estar sentada ao lado da outra e dizer para a outra:
Você recebeu alguma revelação hoje?
Eu estive domingo na Missa, eu não tive nenhuma revelação, mas fulano teve e disse assim.
(...) [Isto] é tomado pelo pessoal que não está no movimento, como também pelo pessoal que está no movimento, como a coisa mais natural do mundo.
(...) Essa entrada assim do demônio como um interlocutor com quem muitos conversam e cujas palavras, ditos e coisas são ... Ele faz parte da roda, se bem que não visível para todos, tem pessoas ali que tem essa conversa com ele e que são tomadas como pessoas inteiramente normais, comuns, e o recado que essas pessoas trazem também é normal e comum. Isto é uma coisa que está se acelerando, digamos que é [como] uma mancha de azeite que vai-se avolumando, ganhando extensão, ganhando superfície com muita rapidez.
Encontro CCEE 8/10/89:
Em matéria política a autogestão é representada idealmente pela democracia. É a nação que se exprime através dos eleitores (...), e essa nação para exprimir o que ela quer elege deputados, senadores, governadores de Estado, Presidente da república, que apresentam seu programa e a nação escolhe. Os vários grupos da nação escolhem aqueles que tem o programa de sua própria preferência. A maioria da nação representa a nação inteira. E então o que a maioria escolheu vai administrar o país de um modo autogestionário no sentido que ele vai fazer a vontade do povo. A democracia seria portanto a autogestão política. (...)
Que relação há entre a taba de índio e o grupo autogestionário? (...) A taba vive como pode sob a direção de um guru. Guru é um que recebe manifestações do alto --ou do baixo-- e que com essas manifestações que são sinais mais ou menos autênticos que de que realmente um ser estranho está se manifestando, ele dá uma orientação que os índios julgam conveniente seguir (1). (...)
Se os senhores vão estudar as transformações pelas quais a Igreja tem passado a partir do concílio até nossos dias, os senhores não encontram uma transformação que não seja num sentido paralelo à democratização e depois à autogestão. Quer dizer, o mesmo impulso toca a Igreja. (...) A autogestão é o ponto para onde a Igreja caminha, ou senão a Igreja as aspirações religiosas admitidas impunemente e largamente dentro da Igreja, que se poderiam chamar de igreja carismática e outras coisas assim, esta caminhada é uma caminhada que conduz a grupos religiosos autogestionários.(...)
Bem, de outro lado nós vemos a independência afirmar-se cada vez mais na Igreja:
As CNBBs, as Conferências Nacionais [constituem] pequenos governos locais que se julgam no direito de entestar com a Igreja Católica. E muitas vezes o Papa dá orientações, já as dá timidamente porque tem medo de que uma ou outra Conferência Nacional não obedeça. E o desacordo fica meio tapado enquanto o público não se habituar à idéia do desacordo de fato. Mas as coisas caminham para que, na ordem concreta dos fatos, as Conferências Nacionais governem as Igrejas locais, e o Papa fica uma espécie de superestrutura por cima das Conferências Nacionais.
Mas depois (...) assim como os bispos formam um colegiado com o Papa para governar a Igreja, assim também os padres devem formar um colegiado com o bispo para governar a diocese, e os fiéis devem formar um colegiado com o padre para guiar a paróquia.
É em última análise um governo participativo que se substitui ao governo monárquico que tinha a Igreja em todas essas conseqüências desenvolvidas até a pouco.Bom, e isto trás, por sua vez, como conseqüência, algo que, como os senhores vêem, caminha para a autogestão. Por exemplo, em concreto: uma paróquia tem bens materiais. A gestão desses bens materiais deve ser feita por um órgão colegiado eleito pelos paroquianos, e o padre é membro desse colegiado. Os senhores estão vendo que o que está entrando pelo meio é a aplicação à Igreja dos mesmos princípios de ordem niveladora, de ordem igualitária que por toda parte os senhores vêem. (...)
Agora, o que tem isto que ver com o pentecostalismo (...)? São formas de culto nas quais a presença Divina se tornaria efetiva não por meio de um sacerdote ou pelo menos não só por meio de um sacerdote que recebeu de Deus os poderes do sacerdócio e, portanto, pratica um ato que tem valor ex opere operato. Por quê? Por causa do poder que Deus deu àquele sacerdote. O sacerdote dizendo, a coisa fica feita. Então, o sacerdote consagra e se opera a transubstanciação; NSJC renova o seu oferecimento no alto do Calvário, etc. O sacerdote absolve e fica absolvido. Quer dizer, nós não notamos, não aparece em fogachos, não aparecem estrondos, não se ouvem cantos de anjos; mas apenas no silêncio da Igreja, os fiéis todos prosternados, com o tilintar da campainha, se ouve o padre que ajoelha, pronuncia a fórmula da consagração, que eleva as Sagradas Espécies, que anuncia ao povo que aquele pão agora é o Corpo e Sangue de NSJC, que aquele vinho é o corpo e sangue de NSJC e depois continua o sacrifício. Recolhimento enorme! Devoção colossal! mas sem milagres. (...) Bem, então, isto é o modo tradicional do culto católico se desenrolar.
Está bem, o que é que é entre carismáticos, entre pentecostalistas, etc., etc.? Entre os carismáticos, é a idéia de que um certo carisma existe em todos os fiéis, que eles tocando pelas mãos, por exemplo, circundando um altar e pronunciando fórmulas, etc., o Espírito Santo baixa neles, e algum diz uma coisa que é dita pelo Espírito Santo, eles sentem uns fluídos etc., etc. (3)(...)
Nos pentecostalistas é o mesmo gênero, mas apenas que se fala mais, em que se dizem coisas "reveladas pelo Espírito Santo", coisa mais ou menos desse gênero. O papel dos sacerdotes fica muito menos importante. O papel do fiel fica muito mais visível, ele é o conduto do Espírito Santo, ele é um pajé, ele poderia chefiar uma tribu.
O que nós temos nesses pequenos grupos carismáticos, grupos pentecostais, são tribozinhas eclesiásticas que vão se formando, nas quais eles querem esfarelar o bloco majestoso, mas indestrutível da Santa Igreja Católica Apostólica Romana (4).
Comentários:
Os joanistas também vivem sob a orientação de um guru, que recebe constantes manifestações “místicas” e que se apresenta como “porta voz” de “Dr. Plinio”.
O mesmo impulso toca os joanistas.
Esses fluídos que os carismáticos sentem nas suas reuniões correspondem exatamente ao que os joanistas sentem quando estão tomados pelo “entusiasmo”.
O “acordo” proposto por Aloísio Torres a Dr. Plinio Xavier em 7/6/98, equivale exatamente a um esfarelamento da Obra de Dr. Plinio: as diversas TFPs seriam autônomas, e dentro de cada TFP as diversas unidades, setores e Casas também seriam autônomas.
“Sob o signo da confusão e da esperança”, Plinio Corrêa de Oliveira, "Catolicismo" n. 13 - janeiro de 1952
Lancemos os olhos para o mapa ideológico do mundo [no ano de 1951].
De um lado, no Ocidente, continuou a grande investida das tendências religiosas modernas contra a Igreja. O católico que ainda veja no protestantismo ou no espiritismo os principais adversários da Fé nos grandes centros cultos e desenvolvidos, estará atrasado como alguém que supusesse que os automóveis disformes e canhestros do ano de 1900 constituem o que de mais eficiente e estético se conhece em matéria de locomoção. O verdadeiro adversário está no panteísmo, em suas múltiplas formas. Arranhe-se qualquer sistema filosófico com ares de novo, qualquer forma mais ou menos recente de "espiritualismo", e, logo abaixo do verniz, encontrar-se-á o panteísmo. O universo é divino, e a humanidade, parte integrante do universo, também é divina. A felicidade do homem consiste em tomar consciência de seu caráter divino, excitando dentro de si a sensação vivida da sua própria divindade, o que consegue por uma série de exercícios mentais ou fórmulas litúrgicas mais ou menos mágicas, cujas modalidades variam de sistema a sistema, e em geral --como de direito em toda a magia-- são conhecidas somente por uns poucos iniciados. Esta manifestação das energias divinas no íntimo de nosso ser, além de nos prestar toda a sorte de serviços psíquicos interiores úteis e deleitosos, também é muito proveitosa para o próprio cosmos. Com efeito, quanto mais excitamos em nós as energias divinas, tanto mais elas se ativam nos outros seres. E, à medida em que se ativam nos outros seres, progride todo o universo cujo desenvolvimento consiste, em essência no desdobrar das energias divinas que se encontram neles mais ou menos como o vento no espaço.
Este sistema traz, evidentemente, a morte da inteligência. Se o homem quer conhecer Deus e comunicar-se com Ele, não deve estudar nem pensar. Basta-lhe conhecer os métodos aptos a suscitar nele a experiência sensível da presença e da ação das energias universais e divinas dentro de si mesmo.
Também a vontade perde sua razão de ser dentro deste sistema. Não há propriamente uma união com a divindade por meio do esforço da vontade aplicada em praticar o bem e evitar o mal. Basta que o homem consiga despertar dentro de si por meio de métodos adequados a sensação experimental de que seu ser está naturalmente impregnado de forças divinas; o que aliás não é tão difícil pois todo o iniciado conhece tais métodos e nele se pode exercitar.
Está claro que nada disto teria capacidade de sedução, nem encanto, se não se envolvesse nos véus do mistério. Assim, a magia ressurrecta do século XX inventou não só vocábulos mas vocabulários inteiros, novos e complicados, todo um sistema literário cheio de figuras esfumaçadas e vistosas, em que estas afirmações fundamentais, variáveis aliás de escola para escola quase ao infinito em seus pormenores, vão sendo postas em circulação para uso da pobre Cristandade diluída, narcotizada e insensível do século XX.
Reunião de 19/12/73:
Na Idade Média começaram a chegar as especiarias vindas do Oriente (...). Então, aqueles medievais tomavam aqueles temperos, empanturravam a comida de tempero que era uma coisa tremenda. Mas hoje se tornou mais claro para mim (...) que já era um começo da I Revolução eles quererem sabores tão explosivos; que as figuras de Fra Angélico, se nós a representássemos em carne e osso, não iriam querer sabores tão explosivos, nem São Luís, por exemplo, mas que o gosto da sensação superintensa, em qualquer linha que seja, é um começo de intemperança; que a verdadeira temperança consiste na harmonia das sensações não muito intensas; que a harmonia delas tem uma intensidade que corresponde às necessidades do homem, muito mais do que sensações unilaterais superintensas.
Por exemplo, uma música à qual se deve objetar muito a falta do senso sobrenatural, mas que tem apreciabilidade por alguns lados, é Mozart. Mas, não se pode negar que Mozart tenha qualquer coisa de casto, de cândido, de cristalino. É uma coisa que não é possível negar. E não se pode negar também que, neste sentido, Mozart é muito temperante, porque é uma música que atrai muito, mas que não fascina, não escraviza. A gente pode cortar Mozart a qualquer hora para fazer alguma outra coisa, porque ele não nos escravizou. Que é uma alta qualidade exatamente não escravizar. É o contrário do espírito moderno que diz que alguém ficou cativo com alguma coisa, e é quando a coisa o escravizou.
(...) quando todas as coisas harmoniosas e ordenadas estão encaixadas num equilíbrio --Mozart é muito equilibrado, porque ele é o músico do equilíbrio, é o equilibrado sem senso sobrenatural-- então, quando alguma coisa é encaixada num equilíbrio que lhe dá seu fecho superior, uma espécie de plenitude, de impressões fortes que o homem tem, se satisfaz. Mas se satisfaz com a síntese. Não se satisfaz com cada elemento em particular. E que isto é que enche o homem. (...)
Então, a meu ver, tomem qualquer fachada gótica de boa lei, o que a gente nota é o seguinte: que os elementos dela todos são muito bonitos, mas nenhum desses elementos produz o conjunto das impressões que a fachada gótica produz. O que produz propriamente o entusiasmo e aquele vigor que a alma varonil quer, é a meu ver, neste sentido, Notre Dame. É explosiva, porque é uma síntese que caminha para cima, que leva para cima; a Catedral de Colônia, com aquelas torres, quantas outras coisas do gênero são propriamente explosivas neste sentido: é uma síntese que explode de fusão, da harmonia de vários elementos. Bem, esta explosão é uma explosão casta e uma explosão temperante, leva para cima.
Há um tipo de sensação onde começa a intemperança, que é a pura degustação de uma coisa isolada, que o sujeito gosta enquanto isolada, e em que ele começa então a se tornar maníaco daquilo, mas só daquilo e de mais nada, e para ter o gosto que a síntese não dá, ele começa a tornar aquilo cada vez mais forte. Aquilo vai desequilibrando a alma dele e vai gerando a intemperança.
(...) O gosto da equitação é temperante na medida em que [é] o gosto de um todo, [de] um conjunto de valores dentro do qual a equitação se insere, e que a pessoa goste da equitação como uma nota que lhe é mais acessível para chegar ao conjunto desses valores. Então, vamos dizer, tem a equitação, mas é o traje de caça, é o toque da caçada, é a própria caçada, é o castelo, é o Bois de Boulogne, é um conjunto de valores que a pessoa gosta mais do que a equitação. Pratica a equitação, pratica com esmero, mas vendo naquilo um elemento de um conjunto. (...) Bem, se ele não tiver em vista a síntese na qual a equitação se insere, e não estiver exercendo a equitação com vistas a essa síntese, acaba tomado por aquilo, procurando naquilo uma alegria que aquilo não pode dar, uma plenitude que aquilo não pode dar. Ele então vai procurando requintar: superpratica montar, superpratica fazer tal coisa, superpratica fazer tal outra coisa assim, e como ele não encontra a verdadeira plenitude, primeiro ponto, ele requinta; segundo ponto, ele começa a exacerbar sua própria apetência para ver se frui. E aí entra outro estágio da intemperança.
É quando o homem cavalga a sua apetência para ver se toma o regalo da coisa, e cria em si uma espécie de impressionabilidade exagerada, de coisas fragmentárias, para substituir aquele entusiasmo de conjunto a que ele renunciou.
Aqui já entra uma coisa pior, que o homem começa a se transformar a si mesmo num instrumento do seu próprio prazer (1). Ele começa a torcer, a se apaixonar, a se apaixonar para gostar, fabricar sua própria paixão para gostar daquilo, que é uma coisa pior, é quase um ato torpe no sentido psicológico da palavra que ele pratica consigo mesmo, para sentir o prazer e fruir. E vai caindo. A intemperança vai aumentando.
Depois, é evidente que isso não basta, e a coisa acaba desfechando na sensualidade. Eu não sei se tenho razão, mas eu tenho a impressão que as piores formas de sensualidade, devem ser quando a sensualidade perdeu o gosto e o sujeito ainda fabrica a sensualidade dentro de si, imaginariamente, para ver se ele cavoca um gosto que ele está perdendo. Deve ser, e eu suponho assim em oblíquo, que as prevaricações nascem daí. Formas quintessenciadas para ver se acende um braseiro que está se extinguindo. Para conseguir aumentar a própria sensualidade, começa a recorrer às perversões.
(...) A coisa vai passando, e aí vai nascendo um tipo de intemperança que é ruim até quando se exerce em coisas boas. E eu diria que é ruim até quando se exerce em coisas santas.
Por exemplo, um vitral da Idade Média é uma coisa muito santa. Que o sujeito seja apreciador de um vitral pelo vitral, só com a preocupação do vitral, e indiferença [em relação] a uma catedral, ou indiferente ao contexto pelo qual o vitral nasceu, eu tenho a sensação de que ele está engajado nesse processo (2). (...)
(Aparte: Isso é muito bom para nos lembrar da procura do arquétipo, que não é uma figura esquemática, que se deve procurar diretamente. O senhor procura primeiro paralelos harmônicos para formar todos. E aí começa a subir.)
Isto é um verdadeiro complemento ao MNF. O arquétipo não pode ser admitido isolado. Em geral, é fruto de conjuntos harmônicos.
(Sr. -: De totalidades.)
De totalidades, a expressão me agrada muito, de totalidade, de conjunto. (...)
Eu vou dar o defeito da Basílica de São Pedro, que eu estou certo de que todos vão concordar que tem: é uma igreja que é feita para ser vista fora do contexto da respectiva cidade.
Vejam o seguinte: no século XIX tiraram de volta de Notre Dame e de outras igrejas góticas, todo um casario que havia para fazer praça; hoje são contrários a isso, achando que o casario dava melhor perspectiva à igreja, porque a igreja de Notre Dame não rompia com o casario que estava em volta, porque ela não era olímpica. Celeste, sim; olímpica, não. Como, por exemplo, não desdoura um castelo ter a mais humilde das aldeinhas perto, pelo contrário. Com a Igreja de São Pedro, não. Ou a pessoa olha abstraindo da cidade que está em volta.
(...) E essa intemperança foi crescendo cada vez mais. E sabem o quê é que acontece? Que acabou criando em alguns dentre nós uma posição de alma tal que, mesmo quando a gente gosta das coisas até santas, gosta com as tais unilateralidades, sem apetências das harmonias, sem apetência dos imponderáveis e do sobrenatural.
Quer dizer, toda nossa alma está posta nessa linha. E se nós quiséssemos ter uma verdadeira identificação com a TFP ou identificação da TFP com sua própria vocação, nós deveríamos ter como fruto dessas nossas reuniões aqui, um meio de formar nessa linha os mais novatinhos, até eles.
Comentários:
A respeito deste ponto, no "jour-le-jour" de 12/9/96 JC disse: “O que vai acabar acontecendo é que o sujeito vai pôr-se no centro da própria vida e ele vai ficar, ele, o centro dos seus próprios flashs. Vai acabar dando em que ele vai se olhar no espelho, ele vai se achar bonito, ele vai se achar interessante, ele vai se achar um colosso (...) [vai pôr-se] no centro de todas as coisas”.
JC se gaba de admirar única e exclusivamente a Dr. Plinio, e não liga para o conjunto do qual Dr. Plinio faz parte. E dentro da imensa gama de aspectos de Dr. Plinio, aprecia apenas um ou dois --por exemplo enquanto religioso. É absolutamente cego para o vôo metafísico de Dr. Plinio --daí suas escassas e pífias intervenções na época áurea do MNF. E incompatível com o aristocratismo de Dr. Plinio --daí seu empenho em democratizar a TFP.
Aliás, Dr. Plinio comentou que JC é uma pessoa muito lúcida, sim, mas apenas para o que consegue enxergar através do buraco da fechadura.
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Reunião de Recortes, 8/2/92:
Leitura de um recorte: (...).
[Nota do resumidor do recorte: a seguir o articulista descreve cerimônias feitas pelos carismáticos, entre as quais:] “Chega-se depois à Comunhão, e nela os fiéis se dispõem em três filas, cada um põe a mão no ombro do que o precede e assim, tendo um contato físico”.
Civilização da imagem, do pegar, uma reflexão sobre o que vai ser feito, nada; meditação, nada! Sensação, sensação, sensação.
(...) É o caos, a mistura, a sensação, a emoção e a aparição. Porque quem procura encontra e quem facilita vai no arrastão. E é claro que nessas coisas todas o que entra afinal é o demônio.
CSN do ano 87 (lida no "jour-le-jour" 1/12/96):
Sempre que uma impressão dessas estimula-nos inteiramente para o bem, tornando fácil, fazendo com que o demônio se cale, com que tudo que nos leva para o mal fique diminuído no seu alcance, e tudo que nos leva para o bem fique acentuado no seu alcance, é a confirmação de que é uma ação da graça, porque a ação da graça existe para isso. A graça é dada para isso, esse é o efeito próprio da graça, quando ela é sensível. Mesmo quando ela é insensível, ela existe para isso, para fazer com que nós sejamos conformes à lei de Deus, ao espírito de Deus, à santidade.
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EVP, 22/8/76:
A graça nos convida para a calma, para a paz, para a ordem normal, tranqüila, etc., etc..
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“Sob o signo da confusão e da esperança”, Plinio Corrêa de Oliveira, "Catolicismo" nro. 13, janeiro de 1952:
A lógica, a coerência, a harmonia, a clareza são distintivos necessários de todo ambiente em que age o Espírito Santo.
Dr. Plinio comenta um livro do Pe. Ramière, no Curso “Joseph de Maistre”:
O Pe. Ramière ensina que dessa dupla condição material e espiritual vem para o homem duas dignidades diversas, duas hierarquias diversas.Há no mundo --e nisto ele tem razão-- a hierarquia da santidade e do mérito. Mas como a santidade e o mérito são invisíveis, acontece que não se pode instituir no mundo uma hierarquia baseada só na santidade e no mérito. Existe então, uma hierarquia baseada em elementos visíveis e que atende à natureza material do homem, que é a hierarquia da autoridade e do poder, a dignidade pessoal de quem pode mandar, etc.
Isto se pode aceitar perfeitamente.
(Cfr. "jour-le-jour" 12/2/97)
São Francisco de Salles, “Oeuvres”, t.26, Opuscules V, Sixième série, “ascétisme et mystique”, XLIII, p. 355:
Uma das mais censuráveis condições das criaturas é de não terem espírito de mortificação, isto é de estarem sujeitas a diferentes humores: ora contentas, ora melancólicas, ora encolerizadas, ora risonhas, ora sérias, ora [com fisionomia de quem] censura. Pelo contrário, é uma inestimável perfeição ter um humor doce, estável e que faz boa cara a qualquer hora e a qualquer tempo que seja. (...).
O espírito de paz e de tranquilidade, suavidade e estabilidade, é o espírito de Deus e de edificação que eu vos desejo de todo coração, e que ele permaneça sempre convosco.
O insuspeito Lamartine, autor do “Boletim de notícias do apostolado”, janeiro de 1998, descreve como procedia o demônio numa peça de teatro encenada no VII Congresso de neo-cooperadores: “o demônio ia gritando, ora gargalhando, ora chorando alternadamente, como um hipernervoso que é”.
Fala JC:
- "O Senhor não está no meio da convulsão". Se está convulso é porque tem demônio (Cfr. "jour-le-jour" 26/10/95).
- Non in commotione Dominus. O Senhor não está no meio da perturbação, e onde está a perturbação não está Deus (Cfr. jour-le-jour" 28/9/97).
Pontifica JC:
- Para termos um flash é preciso a gente criar condições, evidentemente, não pode ser no meio de uma correria, no meio de uma perturbação, tem que a gente estar calmo, tranqüilo. Aí o flash pode se dar (Cfr. "Jour-le-jour" 1/12/96).
- O Sr. Dr. Plinio dizia isso, que é conditio sine qua non para que uma pessoa receba um flash que ela não esteja agitada, porque a agitação é contra a ambientação própria a um flash. É preciso que ele esteja num ambiente de calma, numa tranqüilidade, ou seja, recolhido. Aí, sim, de repente o flash a toma. Mas é preciso recolhimento (Cfr. “jour-le-jour" 26/5/97).
Mas os joaninos afirmam estar “enflashados” precisamente quando ficam frenéticos. Quer dizer então que o fenômeno místico que experimentam não é um flash verdadeiro? E se não é autêntico, o que é? Uma possessão diabólica?
Segundo relata Steven Schmieder, quando a TFP Americana redigiu “o último fax ofensivo ao Sr. João”, “o ambiente daquele noite ... estava uma gritaria, uns aplausos que só se podem comparar com a Revolução Francesa. Isso foi na noite que foi mandado o fax. Alguém estava lendo algo, fazendo uma declamação lá dentro, e aplausos e gritaria. (...) Uma coisa incrível é que com todo esse ambiente de infestação, depois da reunião todo o mundo foi comungar”.
(Cfr. grafonema de André Dantas para Marcos Faes, de 19/11/96, pp.14,15).
Sábia advertência do Padre Royo Marin:
Levadas até o exceso e quebrantando as forças corporais, as austeridades indiscretas exponen também aos extravíos do espírito, transformando os sonhos da imaginação em favores divinos ou em assaltos diabólicos. Os mestres da vida espiritual são unánimes ao fazer esta observação. Uma comprida inanição --afirma o Cardeal Bona-- , os ajunos frequentes e as vigilias imoderadas consumem o cérebro e excitam nele as vãs e confusas representações, às quais a alma ilusionada se adere obstinadamente como se fossem revelações divinas.
(Cfr. “Teologia de la perfección cristiana”, BAC, Madrid, 1960, p.808).
MNF 23/4/92:
Se nós fôssemos prestar atenção no número de vezes, por dia, em que nós afastamos a graça de Deus, é uma coisa tremenda! E o modo pelo qual nós afastamos é nós nos colocarmos na mentalidade hollywoodiana. Concretamente para a nossa época é isso.Ontem à noite foi tocada uma dança muito bonita chamada, La pavane. A pavane durante algum tempo gozou na Europa de um prestígio fabuloso no tempo do rei Francisco I, e do imperador Carlos V, do Sacro Império. Era a dança por excelência. Mas essa dança é assim... é uma bonita dança até, vocês ouviram ontem com um certo ritmo que prenuncia de muito longe, é a quinta trisavó da valsa, mas tem alguma coisa de comum com a valsa.
Bem, é um ritmo que é um estilo de bailar que é o estilo de viver. Uma pessoa dançando freqüentemente aquela dança fica ávida de um certo modo, de um certo ritmo de conduzir a vida que deixa a pessoa louca, só quer saber daquilo! Isto, fica para o homem meio idêntico à felicidade, o viver dentro daquilo. E quando a graça toca, não toca para pavane. Resultado: o sujeito se sente convidado para uma não-pavane, e ele então recusa porque toda a tendência de sua alma vai para o outro lado.
Bem, o hollywoodismo é isto passado para as danças do tempo em que Hollywood estava no apogeu.
(...) Bem, aí nesse começo de tempo era o seguinte:
O sujeito ter saúde e sentir-se com saúde. E se não tinha saúde ele era um miserável que devia fingir que tinha saúde. E que tinha uma certa forma de alegria especial que a saúde comunica, e que o sujeito que não tem saúde não é capaz de haurir aquilo. Uma forma de saúde, de graça --mas não é da graça santificante não-- é do bom humor do espírito, conversa engraçada, jovial, etc. Uma disposição contínua para os esportes ligeiramente violentos e que cansam. E para os negócios ligeiramente ou muito arriscados mas que dão dinheiro. E a certeza moral, meio fetichista, meio supersticiosa de que possuindo este estado de espírito o indivíduo atrai a si não sei que “fatum” que faz com que de fato fique saudável, e ele de fato fique engraçado, de fato atrai os bons negócios e faz os bons negócios.
De maneira que o sujeito fica acreditando nessa lorota. Ele fica "ciente" de que ele metendo-se naquilo fica daquele jeito e atrai em seu favor próprio uma constelação de circunstâncias favoráveis. Meio fetichisticamente.
E então são os tais tipos de homens para quem tudo dá certo. Em qualquer lugar onde eles chegam, todo o mundo simpatiza com eles. Qualquer lugar onde eles queiram fazer um negócio, eles encontram o terreno certo, pelo preço baixo, posto à venda pelo corretor agradável, afável que sabe amolecer as dificuldades de parte a parte para que o negócio se passe, e que depois acabam amigões das duas partes. É possível que vão todos para um bar, para um “shopping” qualquer para dançar e para rir juntos lá, depois de feito o negócio. E depois se fazem amigos, chega na esquina, quando um vai deixar de ver o outro, volta para lá e: “"Hello! Hello!"“ e vai embora com o eco daquela alegria que soprou, etc., etc.
Eu acredito que isso não se passa sem alguma coisa que é a semelhança diabólica da graça mística.
(Dr. Paulo Brito: É como se fosse uma anti-graça, não é?)
Uma anti-graça, uma contra-graça, não é?Eu tive um parente longe que era assim, um rapazinho de minha idade (...) ele era o tipo do indivíduo agitado pela pretensão de se fazer valer por mais do que ele era. Mas ele sabia disfarçar isso sob a forma da alegria do espírito e do êxito. Ele tinha um êxito social comparável ao êxito comercial que outros possam ter. Ou êxito profissional, ou êxito oratório, ou o que você quiser, ele tinha assim êxitos...
E no fim da vida de solteiro dele, ele tinha -restavam só ele e a mãe, o pai tinha morrido e os outros irmãos tinham-se casado-, ele morava numa casinha da Rua Martinico Prado das mais apertadinhas e mais modestas porque não tinha mais dinheiro. Ele calculava a coisa assim, dentro de casa economia supina - nunca me constou que ele tivesse dívidas - mas haviam dois pontos pelos quais ele não fazia economia e esbanjava: eram roupas das melhores, das mais usadas por menos tempo, mais no dia em matéria de roupa. De maneira que podia acontecer que ele comprasse uma roupa e no dia seguinte viesse a notícia de uma moda nova. Ele usava aquela dois três dias e não usava mais, mandava fazer outra roupa para estar sempre no último dia. Automóveis, que eu acho que hoje não há mais, mas naquele tempo havia, automóveis de moço que eram automóveis assim, por exemplo, quase redondos com cores vistosas, cor de laranja, cor-de-não-sei-o-quê ... Mas automóveis que refolegavam juventude, alegria, etc. E saía para passear com aquilo nas ruas, que naquele tempo eram as melhores de São Paulo, as ruas desse bairro aqui. Ele morava no subúrbio desse bairro porque Martinico Prado é subúrbio de Higienópolis, não é? Ele chegou a ficar amigo íntimo do rapaz mais em evidência que havia em São Paulo que era o filho ... /...
... naquele tempo ainda se usava chapéu, e usavam uns chapéus redondos, igual ao chapéu que eu uso, por exemplo, mas o feltro era dobrado de um modo diferente de maneira a ficar redondo. E ele saía de casa depois de, no espelhinho do porta-chapéu, examinar com cuidado como é que o chapéu devia cair. Depois, ao descer do andar térreo da casa - o andar térreo ficava a uns degraus acima do jardim, um jardim minúsculo, dava para criar dois frangos no jardim ou plantar uma couve-flor - ele descia com ar de quem ia visitar um grande de Espanha, apenas fazia a suprema loucura de dar um peteleco no chapéu para ficar com a nota de “negligé” porque devia ser “negligé”. (...)
Bem, flutuava em torno dele uma atmosfera assim. Em certo momento a mãe dele, para a qual ele não ligava muito, morreu (...).
Ele não se casou e enquanto a mãe esteve viva ele morou com ela. E ficou solteiro, e ficou solteiro até tarde, creio que ele tinha uns 30 e muitos muitos anos, 37, 38 anos, quando a mãe morreu. Pouco depois ele se casou com a filha de um português riquíssimo da Avenida Paulista mas português “parvenu”, casado com uma pessoa de uma família muito boa, mas pobre. E este homem exigia que os filhos usassem como sobrenome deles, o sobrenome da mãe porque ele dizia que era muito importante fazer notar isto. Depois casou com esse, naturalmente, entrou mais um sobrenome e usava isso, aí nadava no dinheiro.
Um certo dia - porque é como terminam essas diversões - ele começou a sentir um certo mal-estar, chamam um médico, ele não sabia mas estava cardíaco em alto grau. Então tinha que trocar de vida, vida tranqüila, e sem preocupações, etc., etc., que ele não agüentava. E acabou antecipando a própria morte porque ele não podia viver numa atmosfera tranqüila como [seria a de um] sanatório. Ele nunca me disse isso mas eu vejo que nessa atmosfera ele julgava que todas as doenças cairiam sobre ele; ele perderia a fortuna e só lhe ficaria nas mãos a mulher. Está compreendendo?
Então, ele continuou nessa coisa, de repente, puff! no meio de uma distração morreu!
Onde foi parar a alma dele, só Deus sabe. Mas todos os receios são legítimos.
Mas, este tipo de pessoa é um tipo de pessoa que fascinava os de minha época, pelo êxito, e para as pessoas com quem ele resolvia abrir-se também pela inteligência, porque ele era muito inteligente. Bastante inteligente para compreender que ele não podia passar por homem inteligente sem atrair um azar sobre si. Porque os homens inteligentes eram azarados nesse tempo, e o burro brilhante era aquele que atraía sobre si todas as coisas boas.
Eu me lembro que ele conversando - ainda no Colégio São Luís - eu me lembro uma saída do Colégio São Luís, os alunos saem mas não se espalham logo, ficam formando tufos, inclusive entupindo a saída do Colégio, etc. Tinha um padre lá e uma roda conversando com o padre, e ele então falando, etc. O padre chegou a fazer uma coisa que eu nunca vi fazer com ninguém, disse o seguinte: que ele era inteligente ... (...)
... que ele não faz nada e tem ar de não fazer nada, mas que todo o mundo sabe que no fim dá certo.
Bom, é um indivíduo meio bafejado por uma "Providência" do demônio, que é a derrota de toda pessoa que tem qualquer grão de sabedoria em função da qual ele se encontre.
(...)
(Sr. Gregório: E o Sr. sentiu oposições dessas durante a vida, muitas, não é?)
Ah, de todo tamanho! Bem, mas de fato eu acho que uma das formas mais punientes da tomada de atitude da Providência diante dos homens é permitir que apareçam assim, homens com essas ou aquelas variantes, que a gente não duvidaria em chamar de profetas de satanás.
(JC: Assim como a Igreja tem exorcismos para os ratos, para os... não sei mais quanto, etc. Deveria haver um exorcismo para coisas dessas. Porque isso é muito mais daninho do que qualquer peste!)
Mas não tem nem comparação! Vamos dizer, por exemplo, o seguinte, é uma coisa que eu fico com vontade - ficava - hoje eu já... já vi tanto que não me estranhava. Era ver, por exemplo, padres, depois padres hoje não falam mais disso, falar contra os maus livros. Eles falavam mais contra os maus livros do que contra as más companhias. Bem, e as más companhias eram as companhias que arrastavam para os prostíbulos no conceito deles. É uma má companhia, é claro! É péssima, mas não é a pior; a pior é a que arrasta para o prostíbulo mas nesta perspectiva e numa visão da vida.
Estes tipos assim, fazem mais para a Revolução do que qualquer outro porque eles exatamente produzem aquela dureza de coração para com a graça, que é o seguinte, ele tem no momento tudo o que atrai. Ou seja, ele é um repositório de todas as contra-graças que o demônio espalha, e com isso ele se torna ímã de todos os outros. A tal ponto que se a gente estudasse bem a questão do exorcismo - se eu naquele tempo conhecesse a questão do exorcismo - eu trataria de aprender o exorcismo e saber se eu, um simples leigo, podia exorcizar. Porque se pudesse é o que eu faria, não é amaldiçoar - conforme o caso vá lá! - mas não é o ponto, é exorcizar. De maneira tal que esse indivíduo perdesse a sua possibilidade de contágio.
(JC: Na Comissão B o Sr. tem às tantas umas reuniões - poucas, não muitas - em que o Sr. trata sobre as vedetes como mola propulsora da Revolução.)
É isso! É o problema, é o tema. E agora eu estou tratando delas não tanto como molas propulsoras mas como figuras que expulsam a graça. Seria um exorcismo anti-Deus.(...) O que tem é que esse estado de espírito os que o portam, fingem que não percebem que esse estado de espírito existe. [Se o homem do chapeuzinho] ouvisse essa descrição, ele ficaria com raiva, dava risada e diria que não é assim, que isso não existe, que isso não é uma doutrina: "Imagine eu, agora, ter uma doutrina?! Vocês me acham com cara de doutrinador? Ahahah!" Bebe um gole de gin, de qualquer coisa.
Bem, mas é para fazer com que isto seja invulnerável aos ataques mais ou menos como um fantasma é invulnerável. Você pode dar tiro num fantasma, para ele não é nada, não é? Assim também você pode dar tiro dentro disso - que é uma posição doutrinária - você, fazendo reflexões e citando São Tomas de Aquino ou Aristóteles a respeito do peteleco no chapéu, você faz o papel de um homem ridículo. Não dá para fazer isso!
(...)
Quando tipos assim são, de repente, atingidos por uma desgraça desse gênero, dir-se-ia que a desgraça exorciza o sujeito. É engano! Ele se aferra a isso mais do que nunca.
(...)
O modo de contrariar isso, não é o modo de fazer passar, porque o modo de fazer passar só se passa assim: é como uma “écluse” não sei se diz em português, eclusa? Diz-se isso ou não? É uma barragem de metal, suspende e sai a água. Eclusa. Bem, então é como uma eclusa, quer dizer, se 100 anos antes foi aberta, ou 200, uma determinada apetência que desfechará no homem do tipo desse meu parente, do automóvel cor-de-laranja, isso não é evitável e chega até o fim através de gradações cada vez mais carregadas. Porque a apetência primeira que surgiu nas almas foi violentíssima, foi uma explosão! E antes de eles quererem cor de laranja para os automóveis, antes do automóvel ser inventado, eles já queriam o automóvel cor de laranja, é assim e não tem conversa.
(Sr. Gregório: É uma espécie de pecado imenso.)
É uma espécie de pecado imenso. Bem, o que se pode fazer é criar uma oposição contra eles porque a oposição, se ela, oposição, é bem calculada - precisa ser muito bem calibrada - ela cria um público que se detém na comparação entre um e outro. A vitória da Contra-Revolução é exigir de ser comparada, ter a força necessária para que procurem comparar ainda que seja para falar mal da Contra-Revolução. Porque quando pararam para analisar, uma parte desse fluxo vital sumiu.
(Dr. Paulo Brito: É uma espécie de denúncia lançando uma espécie de facho de luz que mostra a podridão, não é?)
É, e depois tem o seguinte, o estado de espírito analítico e comparativo faz o indivíduo sair de dentro da ebriedade contínua, que acabou desfechando no automóvel cor de laranja.
(Sr. G. Larrain: Ela não converte aos expoentes. Mas é a massa que olha os dois lados e compara, não?)
É, a massa também não se converte, mas ela pelo fato de fazer uma comparação e perguntar, ela hesita; e a hesitação diminui o ímpeto com que ela vai indo para a frente.
Por isso, por exemplo, no fundo... eu precisaria fazer uma reunião não sei de que tamanho para justificar o que eu digo, mas no fundo eu considero que a TFP levantando contra si esse vulcão de objeções, esse é o barulho da comparação que eles fazem. É o estrondo da comparação. E eu percebo que esse estrondo da comparação é um gemido da Revolução que sente que ela não goza mais daquele impulso no vento.
E isso não vai impedir a Revolução, note bem, de chegar ao seu termo.
Então, para quê? É que ela chega mais mole, chega mais devagar, e chega menos convicta de si própria, no fundo questionando-se a si própria. E ali está a faixa de êxito que nós podemos obter.
(Dr. Paulo Brito: Então isso prepararia na Bagarre quando viesse o homem de cabelos loiros no disco voador, a massa já está... Porque o que eles queriam é que quando chegasse o homem de cabelos loiros todo o mundo se prostrasse, não é?)
Isso, mas não vai obter. Ou se obtiver não será a apoteose que o demônio quer. Nós não evitamos de... aqui está a fórmula:
Nós não evitamos, salvo uma interferência especial de Nossa Senhora, mas que não se tem o direito de supor como provável, nós não evitaremos a vitória; nós evitaremos que essa vitória seja uma apoteose.
(Sr. Gregório: Uma vitória rachada, não é?)
Uma vitória rachada.
(...)
(Sr. Guerreiro: O Sr. não podia tratar um pouco como é que esse besuntamento, digamos de fluidos que havia nesses tipos na época em que o Sr. freqüentou a sociedade. Como é que esses tipos humanos que estão muito carregados com coisa do demônio, como é que isto se põe nos dias de hoje? Porque não é mais o tipo de sociedade, mas então como é que é este carregamento das pessoas para mover as outras em direção à Revolução? [...] eu me lembro que por volta de 20 anos o tipo humano mudou, o rapaz para ter um certo prestígio precisa ser um homem de empresa, um empresário.)
(...)
Nós estamos passando da era do prestígio para a era do não-prestígio; não se pode mais dizer que a pessoa tem certo gênero de prestígio. Porque você toma, por exemplo, um prêmio Nobel. O prêmio Nobel é muito noticiado nos jornais, mas não é um tipo humano que a gente procura imitar.
(...)
(Sr. G. Larrain: Mas esses fluidos... os gurus... [...])
Sim, mas você veja bem, hein! Você pega, por exemplo, o movimento carismático. É um imenso meio fechado dentro do qual existe o prestígio dos gurus do movimento carismático. Mas não é um tipo humano.
(Sr. G. Larrain: Aí é o quê então?)
É apenas uma função de ter contacto com [o transe?] que dá ao indivíduo uma certa importância, mas não é nada do que antigamente fazia nenhuma forma de prestígio.
*
Almoço 19/9/93:
(D. Bertrand: Se o Sr. pudesse pegar esse aspecto das pessoas símbolo em função desse plano implícito de Deus [...])
Inclusive o revolucionário que Deus permite que entre no Grupo com idéias republicanas ou pior que isso para fazer a Revolução e que tem que ser um símbolo da Revolução que Deus quer permitir para aguçar os contra-revolucionários.
(Dr. Eduardo: Patu, senhor.)
O Patu.
(Dr. Eduardo: Pode gravar?)
Pode!
(D. Luís: O senhor já tratou isso falando se na corte de Luís XIV aparecesse um nobre vendendo bibelots femininos demais, qual seria a ação profilática contra ele.)
É isso, exatamente.
(D. Luís: Não era pô-lo fora, mas inclusive fazê-lo viver mas encapsulá-lo.)
Encapsulá-lo. Exatamente.
(D. Luís: Numa redoma para ser visto por todo o mundo como contrafacção.)
E este é o verdadeiro dirigir. Esse é o verdadeiro dirigir.