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O Anticristo já veio?


Capítulo 10 - Maçonismo


Capítulo 10 - Maçonismo 1

I. O sonho de JC 3

II. Primeira etapa da realização desse sonho: seleção entre a generalidade de membros do Grupo 3

A. Seleção no campo das idéias 3

1. O aceso a certas notícias, assuntos e reuniões 3

2. Sentido esotérico dos comentários de JC 6

B. Seleção no campo do simbolismo : o aceso a certas cerimônias 7

c) do Dr. Mário Navarro: 8

Eu vi o pessoal beijar o coração dele. 8

C. Seleção no campo das tendências e estados de espírito 8

D. JC tem, desde há muito tempo, um “mapa ideológico” de todas as unidades da TFP, inclusive do Exterior 10

III. Segunda etapa da realização desse sonho: seleção entre os joaninos 11

A. Alguns são alvo de desconfiança e de acusações 11

B. Alguns tem aceso a certas notícias, assuntos e reuniões 12

C. Após as reuniões, há conversas “en petit comité” onde JC “interpreta” ou “aprofunda” aquilo que já tratou 14

D. Na medida em que os joaninos tem mais contato com os eremos de S. Bento e Praesto Sum, menos “defasados” e desinformados estão 15

IV. Terceira etapa da realização desse sonho: seleção entre os eremitas de São Bento e Praesto Sum 16

A. Uns são informados antes que outros; certas notícias se divulgam gradualmente e em locais alheios aos êremos 16

B. Uns entendem certas palavras, outros não 17

C. Uns policiam a outros 17

D. Uns acusam a outros de não serem fiéis a JC 19

V. Dados sobre o regime interno, os costumes e o ambiente dos êremos São Bento e Praesto Sum 22

A. As cerimônias 22

B. Ordo do êremo de São Bento – Uma “TFP” dentro da TFP 22

C. Benquerença de JC em relação aos eremitas 24

D. Subordinação dos eremitas a JC, não a Dr. Plinio 26

E. Veneração da pessoa de JC, antes do 3 de outubro de 1995 29

F. Fuxico - Teoria dos envelopes 31

G. Mistério e segredo hermético 32

H. Infestação - Dr. Plinio percebeu demônios no êremo de São Bento 33

VI. Confissões gerais em presença de terceiros 34

A. No contato com pessoas de fora 34

B. No são Bento I 34

C. Nos retiros 36

VII. A Sempre Viva 36

A. JC, encarregado da Sempre Viva? Ou grande mestre de uma sociedade iniciática? 36

B. Independentemente de que o SDP morresse ou não, JC teria usurpado a chefia da Sagrada Escravidão 41

C. Em público JC disse que a Sagrada escravidão está fechada. Por debaixo do pano corre entre alguns que está aberta 42

D. Tornar-se escravo do “SDP” nas mãos de JC virou moda 43

1. Andreas Meran 43

2. Nelson Tadeu 43

3. Outros 47

E. O misterioso sequestro de Santiago Canals 49

VIII. A “graça” nova e seus correlatos 50

A. Depoimento insuspeito da permanência de JC nos Estados Unidos, em setembro de 1996 50

B. Cerimônia do lava-pés 53

C. “Conversas da meia noite” 54

D. JC afirma que, se estivesse em Lourdes e fosse tocado pela graça, o demônio o poderia iludir, fazendo-o acreditar que as graças vinham através da imagem de Nossa Senhora 54

IX. Analogias com as seitas de assassinos? 55

X. Analogias com os "grupos proféticos"? 57


I. O sonho de JC


Reunião na Saúde, 26/12/95:


Como é que eu entrei para o Grupo? Eu entrei para o Grupo assim:

Eu queria fundar uma associação, queria fundar uma instituição que pegasse os rapazes, que fosse uma associação cultural, uma associação com o objetivo de evitar que a pessoa entrasse pelas vias do crime e do pecado, que tivesse estudos, conversas, conferências, etc. Uma coisa assim bem cultural.


Conversa de JC com eremitas de São Bento – Praesto Sum, 31/3/96:


Em 75 o que se deu foi o seguinte: Eu estava numa crise espiritual tremenda, eu me encontrava nas últimas das amarguras, porque eu tinha um desejo enorme, mas enorme, dentro da alma de constituir um êremo lo que se dice. Meu sonho era constituir um êremo, mas um êremo de escravos, guerreiros, monges, exorcistas, todos eles nas mãos do Sr. Dr. Plinio como espadas flexíveis e prontas para o que der e vier. Meu sonho era uma instituição perfeita, acabada, ilibada, sublime, extraordinária.


Reunião na Saúde, 9/4/96:


Eu queria constituir um êremo perfeito, um êremo extraordinário, um êremo de São Bento de primeira linha, primeiro escol (...).


Quem constitui uma instituição é o fundador da mesma. Em 1975 JC sonhava ser fundador de um êremo. Mas não de um êremo qualquer, como os fundados por Dr. Plinio antes de 1975. JC queria fundar um êremo perfeito, ilibado, sublime, extraordinário, de primeira linha, de escol ...

Por supuesto”, os integrantes desse “êremo perfeito” seriam escravos de Dr. Plinio...





II. Primeira etapa da realização desse sonho: seleção entre a generalidade de membros do Grupo


A. Seleção no campo das idéias


1. O aceso a certas notícias, assuntos e reuniões


Trechos do relatório do Sr. Paulo Emílio de Carvalho (5/5/98), a respeito de sua estadia no Rio de Janeiro, entre maio e setembro de 1996, onde esteve coletando donativos junto com o joanino Guilherme Cavalcanti:


Percebia-se que [o pessoal do JC] estava trabalhando o Sr. Guilherme Cavalcanti para um endurecimento com a Diretoria da TFP, pois quando havia um feriado prolongado , como Semana Santa e Corpus Christi, ele era convidado a fazer um ‘recolhimento’ no êremo de São Bento, e quando retornava dizia que sabia de coisas confidenciais, que não poderia me revelar (...).

Quando estourou o caso dos EUA, estávamos em Niterói, (...) o Sr. Célio Casale (...), que aliás estava em total conluio com Sr. Meram, mandou uma série de relatórios, com a nítida intenção de dar uma versão dirigida do caso, dando recomendação expressa de eliminar o relato, após leitura. (...)

Ressalto também o papel do Sr. Amaury Moreira César, junto às duplas [de coleta de donativos], pois em todas as estadias em São Paulo, ele reunia o pessoal para dar jornal-falado da situação [interna do Grupo] (...). Lembro-me de uma vez que ele estava inseguro para começar a conversa; quando perguntei se era pelo fato da minha presença, se fosse eu sairia da sala, [e] que ele ficou desconcertado, tocando a conversa com mais prudência. Também dizia que tinha assuntos reservados, que não poderia contar, dando a entender que estes eram assuntos ventilados em São Bento, criando certa expectativa.


*


Grafonema de notícias”, distribuído meio por debaixo do pano pelo pessoal de São Bento Praesto Sum, a respeito da viagem de JC a Miracema em maio de 1996:


No dia seguinte, 18 de maio, 29 aniversário da Sempre Viva, o Sr. JC fez uma reunião às 11:30 hs, num salão enorme, com umas 900 pessoas presentes. O tema não podia ser outro: o Sr. JC deu a primeira reunião da SV para eles! O entusiasmo e o fogo era total! Essa reunião foi tão puxada que parece que nem vai circular ...


Quer dizer que, textos de reuniões que JC fez em Miracema, para bases do Pe. Olavo, não podem circular dentro da TFP?


*


Trecho de grafonema do André Dantas para o Sr. Gugelmin, 30/10/96:


O Sr. João pediu para o Sr. enviar o grafonema anexo a todos os que receberam o texto da reunião dos veteranos do dia 15/10 pp. (...)


*


JC faz reuniões especiais para convidados especiais - "Jour-le-jour" 13/11/96:


O senhor ouviu, não é, Sr. Araújo? O senhor chegou atrasado, mas nós vamos ter reunião amanhã à tarde, sexta-feira às 7h e domingo às 7h, além do JxJ da manhã. Mas só para os convidados.

(Araújo: Vai ser aqui no horário...)

Aqui. Porque antigamente se fazia JxJ de manhã e fazia JxJ à tarde. Então nós vamos fazer um JxJ de manhã para omnes populi, todo o mundo que quiser vir pode vir, não há problema nenhum. Agora, o JxJ à tarde como são assuntos parâmicos...

(Araújo: [Inaudível]?)


Não, não, quinta-feira, amanhã, tem reunião às 9h no auditório. Nós vamos ver numa hora aí fazer uma outra reunião.

(Araújo: Então vou pegar os horários todos aí...)

Todo o dia às 7h da noite, com exceção da terça-feira que tem Saúde e sábado que tem o alardo aqui. Então é segunda, quarta, quinta, sexta e domingo.

Domingo é um dia especial. Ouviu, Sr. Araújo, domingo é um dia especial, e nós... os assuntos mais especiais, menos gerais, mais específicos.


*


JC seleciona textos especiais para auditórios especiais - “Jour-le-jour” 31/12/95:


Eu não trouxe textos de São Paulo, julgando que ia receber textos aqui. Mas não recebi nada ainda. O que eu trouxe é matéria especialíssima para certos auditórios mais determinados.


*


Na intimidade e no meio de poucas pessoas, JC “se mostra mais” ... - “Jour-le-jour” 12/1/97, parte II:


Estamos poucos, portanto, estamos mais na intimidade. Tanto podemos fazer uma reunião expondo algum tema, como os senhores, se os senhores quiserem, podem fazer perguntas. Não sei, escolham.


*


"Jour le Jour" II 30/3/97, Domingo:


Nós estamos em Domingo de Páscoa, domingo à tarde, hora da reunião mais tranqüila, mais serena, mais comunicativa, mais dialogante, mais cheia de confidencias.


*


A respeito das fitas das reuniões de JC, é preciso registrar que não circulavam em todas as Casas da TFP. E dentro das Casas onde circulavam, nem todos tinham aceso a elas.





2. Sentido esotérico dos comentários de JC


No “Jour-le-jour” 23/2/97, período da manhã, JC fez um comentário --que em si não tem nada de censurável-- a respeito do trato que deve reinar entre membros do Grupo.

Mas ao considerar as genuflexões dos joaninos diante dele --“em reverência ao Sr. João, flectate genua!”-- , os ósculos de seu peito, a afirmação de que no seu interior mora a Santíssima Trindade, etc., percebe-se que esse comentário “explica” esses atos de culto.

Em outros termos, aí JC não está falando de como um membro da TFP deve relacionar-se com outro membro da TFP, mas com o próprio JC:


O normal é que a gente chegue neste auditório e encontrando X, Y, Z, W, seja quem for...

-- Mas fulano me deu uma cotovelada. O outro fez não sei o quê contra mim.

Não interessa, é um filho de Deus, é uma pessoa em estado de graça, é alguém que participa da natureza divina. Uma vez que ele está em estado de graça, nele estão --como nós veremos-- inabitando Deus Padre, Deus Filho, Deus Espírito Santo. Este aqui é um tabernáculo da Santíssima Trindade.

Eu se entrasse na capela faria uma genuflexão. A vontade que eu tenho é de fazer uma genuflexão diante de fulano porque aí está realmente presente Deus Padre, Deus Filho, Deus Espírito Santo, está realmente presente Deus ali. Está como pai e está como amigo, além de estar como Criador, como sustentador.

É uma noção de sacralidade do nosso convívio. E o nosso trato deveria ser um trato inteiramente cordial, afável, cheio de benquerença, cheio de adoração à Santíssima Trindade que se encontra ali naquele tabernáculo.

Alguém diria:

-- Mas chega até lá?

-- Pois claro.

Já não me lembro mais um Tertuliano qualquer dos primeiros tempos da Igreja que foi encontrado osculando o peito de uma criança, mas várias vezes, e nem era filho dele. Ele osculando o peito da criança e lhe perguntaram:

-- Mas o que é que está acontecendo? O que é que houve? Por que esse afeto todo?

-- Não é afeto, é adoração.

-- Mas por que isso?

-- Essa criança acabou de ser batizada, aqui dentro está Deus Padre, Deus Filho, Deus Espírito Santo. O que é isso? É uma graça mística que ele recebeu e que levou ele a esse estado. Nós deveríamos ser portadores dessa graça mística, uns em relação aos outros, e nós deveríamos nos olhar com benquerença extraordinária, porque somos templos vivos do Espírito Santo, somos templos vivos da Santíssima Trindade. Portanto, deveríamos ter uma noção sacral a respeito dos outros.





B. Seleção no campo do simbolismo : o aceso a certas cerimônias


Cerimônia de recepção de capas e de consagração a “Nosso Senhor Jesus Cristo” como escravos, através de “Nossa Senhora” , “só para enjolras”, no ANSA, 16 de dezembro de 1995:


Nós vamos realizar uma cerimônia de enjolras. Mais ainda do que de enjolras, de enjolríssimos. Mais do que enjolríssimos transenjolras.

Acontece que o comandante aí veio me avisar que faltava um. Eu disse:

- Não tem nada, começa sem esse um.- Tem o problema da marcha.- Deixa o lugar vazio.

Mas ele verificando mais a fundo o assunto, percebeu que não falta um, mas faltam três. Acontece que esses três comungaram e estavam fazendo a ação de graças encima e nem se deram conta de que a cerimônia estava começando. É uma nova era histórica, é um novo...

Então, eu disse: “Vá correndo pegá-los, traga-os, enquanto o senhor sobe eu digo alguma coisa a respeito da cerimônia que vai ser realizada”.

Essa cerimônia não faz parte do ciclo. Eu até me equivoquei e coloquei num grafonema que tinha enviado a todos os grupos, de que haveria esta cerimônia enquanto fazendo parte do ciclo das homenagens feitas ao Sr. Dr. Plinio. Ela está fora. Porque obrigar pessoas que tem compromissos os mais variados, depois de um alardo, depois de um jornal falado com vídeo, com slides, com não sei quanto; depois de uma missa longa a permanecer aqui até não sei que horas, porque de repente atrasa, como de fato atrasou. Então, nós resolvemos dar por terminadas as cerimônias todas com o audiovisual anterior e agora fazermos um novo ciclo. O ciclo anterior constituiu de uma homenagem coletiva de todo o grupo que estava em São Paulo e unido a todos os outros que estão pelo mundo.

(...)

Há qualquer coisa em nós que desce sobre nós, há uma graça toda especial que a Providência nos concede, quando estamos juntos, que Ela não dá só pelo simples fato de estarmos unidos. É preciso estar juntos. (...)

Por isso então, eu quis que esperassem a chegada --chegaram?-- por isso que eu quis que esperassem a chegada dos três que estão faltando. Se faltasse um, ele logo pegava o bonde andando, mas três não vai dar, porque os que estão aqui já não recebem as graças que iam receber e os outros três já não recebem e tudo se fraciona. Então, é preciso estar juntos. Eles treinaram juntos, tem que estar juntos. Vão receber as graças juntos.

(...) Chegaram todos, nós então vamos começar as cerimônias. (Cfr. texto 951216EX-CER)


Comentários:

Na realidade:

Afirmamos isto com base nos seguintes depoimentos:

a) do Sr. Abel Campos:

Aquela [cerimônia] que houve no ANSA, eu presenciei, porque o Amaury era o encarregado de fazer a manobra: "olha, fica aqui porque vamos esperar os mais velhos saírem, para fazer a cerimônia".

E nessa cerimonia [houve] ósculo de pés, de mãos. Um ou outro não fez, mas a maioria fez osculo de mão e às vezes de pé [de JC].

b) de Dom Bertrand:

[JC] fez todo mundo sair [do Praesto Sum], São Bento também saiu, os Provecto saíram, todo mundo foi embora, os outros deram uma volta, voltaram e fizeram a tal consagração a ele, através dele.

c) do Dr. Mário Navarro:

Eu vi o pessoal beijar o coração dele.





C. Seleção no campo das tendências e estados de espírito


Conversa de JC com os eremitas de São Bento – Praesto Sum, 22/10/95 (texto 951022-CSB) – JC determina o estado de espírito que devem espalhar dentro do Grupo seus agentes. Quem não aderir, fica à margem:


Nós temos que nos organizar para irmos enfrentando a festa de fim de ano e também os encontros que haja, de neocooperadores, de correspondentes e esclarecedores e qual é a impostação (...) qual é a nota, qual é a impostação que nós devemos dar nos encontros, nas reuniões que são feitas, peças, audiovisuais, etc.

A nota que tem que ser dada é de que agora é mais. (...) Nós devemos dar idéia de que é mais o quê? É mais a ação [do SDP], é mais a ligação com ele, é mais a presença dele, é mais o discernimento dele, é mais a penetração dele, é a mais a assistência dele, é mais a eficácia dele, é mais, é mais, é mais tudo... Percebe-se que a missão dele será muito maior, muito mais ampla, muito mais profunda, muito mais brilhante, muito mais grandiosa post mortem, do que durante a vida. E que ele, durante a vida fez um oferecimento, para não pedir, para ser vítima, para depois, na eternidade, poder pedir com mais eficácia, aquilo que ele faria na terra. Então, tudo é dele.

E nós precisamos insistir muito no que eu disse hoje de manhã, a respeito da fé em que ele está mais presente e mais perto de nós do que estava antes. (...)

Nós temos que insistir nisso. Insistir que nosso auxílio, nossa proteção, nossa disposição de alma, nosso ânimo, portanto; nosso entusiasmo agora são maiores do que eram antes. (...)

Então, nós precisamos marcar muito bem as reuniões que façamos, os audiovisuais, as peças de representações, tudo com esta nota. Isto está bem claro?


(Claríssimo!)


Agora, neste fim de semana o outro, nós temos primeiro a missa na sexta-feira, às 11:30 da manhã. É a missa de trigésimo dia. (...) Virão correspondentes de fora e terão uma reunião à tarde, na sexta-feira e uma reunião no sábado. Mas, eu acho que valeria a pena que uma das reuniões fosse feita pelos senhores. Os senhores combinarem entre si e fazerem uma reunião. O ideal seria em que se mostrasse a vida do último período do Senhor Doutor Plinio, o sofrimento dele e tomando as teses do “jour le Jour” de hoje, mostrando como ele agora está dando maior assistência do que antes. O ideal seria pegar nos arquivos, cartas de gente que escreve dizendo isto, dizendo aquilo, dizendo aquilo outro, que vem do Exterior e passar para eles e fazer um jornal falado do efeito que está produzindo no mundo, a morte dele.

Eles têm que sair daqui com a conclusão seguinte: Se antes eles dedicavam dez para contentar o Senhor Doutor Plinio, eles agora precisam ter uma dedicação de cem. “Ça va”, isto?

(...) os senhores com isto se localizam bem e sabem perfeitamente como é que tem que escrever, como é que tem que fazer o audiovisual, como é que tem que fazer a conferência, como é que tem que se portar com os outros, como é que vão conversar num dentista chamado Dr. José Mário, como é que vão para um ônibus para uma fronteira, um conversando com o outro. A clave é essa: Agora é mais.

(...)

O que eu estou dando aqui é uma série de elementos que constituem a clave na qual nós devemos nos movimentar daqui por diante, quer seja nos livros, quer seja nos audiovisuais, quer seja em qualquer coisa. Daqui por diante, nós temos que trombetear de que agora é mais, a ação dele é maior. (...)

Eu estou insistindo nessa tecla, que é para ficar na cabeça dos senhores e os senhores adquirirem uma segunda natureza a esse respeito, porque o Grupo será constituído por aqueles que têm essa fé. Os que não têm essa fé, quando muito participarão da ordem terceira do Grupo. Está bem claro?





D. JC tem, desde há muito tempo, um “mapa ideológico” de todas as unidades da TFP, inclusive do Exterior


Muitos dos que atualmente estamos do lado da legitimidade --isto é, dos Provectos--, não fomos procurados, em nenhuma oportunidade, pelo pessoal de JC, para nenhuma das reuniões ‘confidenciais’ deles, nem para a reunião dos dois Patrícios, nem soubemos da existência do abaixo-assinado do Pedro Paulo, etc.

Ou seja, os agentes de JC já tinham todos os membros do Grupo perfeitamente catalogados. Sabiam a quem propor determinadas coisas e a quem evitar.


*


A “entourage” de JC tem também um mapeamento das posições dos sócios e cooperadores das TFPs do Exterior. Com efeito:

A propósito da expulsão de Ramón León, vários grupos do Exterior protestaram pela medida disciplinar tomada pelos Diretores da TFP. Um desses grupos foi o de Uruguai. Mas com uma particularidade: os que assinaram o documento não eram todos os membros dessa TFP, mas apenas alguns. O insuspeito Manuel Burone dá a seguinte explicação: acontece que aos outros “no se les dió conocimiento [da carta de protesta] por falta de tiempo y porque ya sabemos quiénes no firmarian, (...) hasta en São Pablo ya saben quienes no firmarian”.

(Cfr. fax enviado a Dr. Eduardo, em 29/11/97, pelos uruguaios que não se solidarizaram com a revolta de Ramón León).


*


Esse “mapa ideológico” já existia na década de ’80, segundo se depreende do seguinte depoimento do Sr. Dufaur, 26/8/96:


[Por volta de 1988-1989], na camáldula de Jasna Gora, fui chamado pelo Sr. Fernan Luis Lecaros, então encarregado de disciplina. (...)

Disse-me ele (...) que o Sr. Dr. Plinio tinha cambiado de idéia a respeito da Missa e que o Sr. João Clá Dias já tinha feito uma reunião no Praesto Sum para eremitas mais veteranos, com a finalidade de ir preparando o ambiente (1). Acrescentou ele que a fita dessa reunião estava circulando em Jasna Gora entre alguns (2) e perguntou-me se queria ouvi-la. Eu não pude conter minha surpresa que externei na hora, mas disse que queria ouvi-la. Ele percebeu minha reação e disse que me a daria, após ser ouvida por outros que estavam na fila. Passaram-se os dias e não recebi a fita, pelo que voltei com ele. Ele disse-me que a fita tinha sido recolhida e que não estava mais em Jasna Gora, que ele acreditava que eu já a tinha ouvido (3).


Comentários:

  1. Por “eremitas” entende-se, na linguagem corrente do Grupo, os moradores dos êremos São Bento e Praesto Sum, conhecidos por serem os “fervorosos” entre os adeptos de JC. O fato dessa reunião ter sido exclusivamente para “eremitas mais veteranos”, indica que existe uma espécie de elite dentro desses “fervorosos”.

  2. Quem eram esses “alguns”? Outra elite, integrada por gente de confiança de JC?

  3. Fernan Luiz estava sondando ao Sr. Dufaur: conforme for a sua reação, teria aceso à fita.





III. Segunda etapa da realização desse sonho: seleção entre os joaninos


A. Alguns são alvo de desconfiança e de acusações


Em carta para JC, 16/2/97, dos senhores Gilberto Ghioto e Fábio Cardoso, encarregados do apostolado em Campos, falam do relacionamento entre Hailton, líder da revolta dos CCEE no norte fluminense, e José Coutinho, clérigo neurótico muito chegado a JC:


As acusações e desconfianças, que correm por todos os lados, entre cooperadores, correspondentes, e até entre os padres amigos, fizeram da palavra ‘fumaça’ moeda corrente. Até o Sr. Hailton nos contou recentemente que foi chamado de ‘fumaça’ pelo Sr. Coutinho.


*


Trecho de grafonema do Sr. Oberlaender para Kallás, 22/2/97:


Fiquei sabendo que o Roland, há algum tempo atrás, vinha acusando muitos cooperadores da Sede Turris Eburnea, taxando-os de “fumaça”. Não só os que não assinaram o abaixo-assinado [pró JC, organizado por Pedro Paulo Figueiredo], mas também os que assinaram (a grande maioria), poupando somente alguns que faziam parte de sua “panelinha”.


*


Grafonema para Moisés Machado (Londrina)

Remete: Hermes Engelmann

Torre da Angélica, 24/10/1997 - 1:51 PM


(...) Acabei de ler seu gfn. e aqui vão algumas linhas para lhe tranquilizar. É bom saber que os grupos do exterior tem conhecimento do que se passa nesses dias de Bagarre Interna, - bem diferente do "apostolado" de nosso antigo ED - por falar nele... (1). O Sr. talvez já saiba, mas Dr. Ramon está morando em um hotel, aqui nos arredores de Santa Cecília, não sei exatamente onde. Para encher o tempo ele entrou numa academia de Ken do, um estilo de luta no qual se usa bastão. Enfim, ele tem ido à Consolação, onde, creio eu, não está proibido de ir. Peço que reze por ele, apesar de tudo (2), nós não devemos esquecer o aspecto sobrenatural da TFP. Que Nossa Senhora de Coromoto continue a ajudá-lo e a nós também.

Tenho notícias que tocam ao Sr. Alexandre Veloso, mas não é bom falar por gfn. Se ele fosse radicalmente definido... (3).


Comentários:

  1. Refere-se a Ramón León.

  2. O joanino pede a seu comparsa para rezar por Ramón León, “apesar de tudo”. Quer dizer que entre os próprios joanistas corre uma série de informações desabonadoras de Ramón León?

  3. Alexandre Veloso é o encarregado do grupo de Londrina. É da facção JC, assinou o processo contra a TFP. Mas nos arraiais joanistas é tido como não radical e pouco definido. “Não é bom falar por grafonema”: aquilo que Hermes tem para lhe contar a Moisés, a respeito de Veloso, só pode ser comunicado pessoalmente.





B. Alguns tem aceso a certas notícias, assuntos e reuniões


Depois que JC fez uma reunião na Saúde, na quarta feira 13/9/95, houve uma conversa entre ele, Boldrini, Humberto Goedart e Alexandre Tavares, que o acompanhavam no automóvel de volta ao êremo de São Bento.

O cabeçalho do texto respectivo (950913- C REL 7039) disse: “estritamente confidencial”. Ou seja, só alguns podiam ter aceso a esse gênero de notícias. Que tipo de pessoas seriam estas? Tudo indica que seriam aquelas que, dentro das fileiras do joanismo, não só não se cristalizariam com a narração, mas progrediriam na “vida espiritual”.

O relato elaborado pelos eremitas Goedart e Tavares é transcrito e analisado no Capítulo 25, III, E.


*


No final da reunião para os veteranos de 6/8/96, sobre o apostolado feminino e a “justificação” das manifestações de entusiasmo em relação a JC, o impostor disse:


Tudo que nós tratamos aqui era impossível tratar no auditório [Na. Sra. Auxiliadora]. Mesmo esse tema aqui, no auditório eu acho que não pegaria porque tem muita gente nova. Eu acho que tem certos temas que são para nós.


Chama a atenção que JC diga que esses temas não são para “gente nova”, pois precisamente os mais novos constituem o “grosso” e o escol das bases joanistas.


*


Trecho de grafonema “confidencial” de Humberto Goedart para Matthew Schibler, de 20/10/96:


Lembro-me agora de que o senhor Gabriel veio-me um dia perguntar a respeito de um medalhão ... Pensei ter pedido ao senhor que não contasse a absolutamente ninguém e não havia outra pessoa aí que soubesse da existência dele ... Isso pode dar problemas muito e muito sérios.


*


Grafonema enviado por Celio Casale (encarregado da propulsão das duplas de coleta de donativos) a um coletor de donativos:


Caríssimo Sr. Juarez,

Salve Maria!

Como o sr. vê, este grafonema é estritamente confidencial, e não está sendo mandado para todas as duplas. Ele deve ser destruido 72 horas após o seu recebimento e não deve ser comentado com outros (nem mesmo mostrado) (1) sem combinação com este e. de M.

Que Nossa Senhora o ajude muito.

In Iesu et Maria


ESTE GRAFONEMA É CONFIDENCIAL E DEVE SER LIDO SOMENTE PELO SR. CÉLIO CASALE.


GRAFONEMA PARA O SR. CÉLIO CASALE - TORRE DA ANGÉLICA

* * * CONFIDENCIAL * * * REM: JOSÉ MARIO - LISBOA, 8 DE MAIO DE 1997.

Caríssimo Sr. Célio,

Salve Maria!

Desejo ardentemente que este gfn, ao chegar, o encontre sob a especial protecção de MSS e da SDL!

O motivo desta mensagem é agradecer-lhe o seu último grafonema e enviar-lhe algumas notícias da estadia no nosso caríssimo Quidam em terras de Santa Maria.

Por razões óbvias peço-lhe por favor não divulgar estas notícias: daí o havermos colocado "Confidencial" no início do gfn.

Hoje, 5a. feira, soubemos que ele está em Veneza e amanhã deverá descer para Roma e Genazzano. Portanto, acho que dentro em breve ele já estará de volta a SP e as reuniões diárias retomarão o seu hábito. (...) (2)


Comentários:

  1. Praticamente todos os integrantes das duplas de coletores de donativos são joanistas “enragées”, assinaram o processo contra a TFP, abriam processos trabalhistas, etc. No entanto, não tem aceso a um relato da estadia de seu senhor em Portugal nesses dias ...

  2. Aí segue um relato que por brevidade não transcrevemos. O que JC fez e disse nessa ocasião é menos, bastante menos “sopleteante” daquilo que fez e falou quando viajou à Colômbia em janeiro de 1998 (Cfr. Capítulo 14, I, E, 3).


*


Grafonemas “confidenciais”, enviados por um joanisno anônimo, desde Madri, onde JC estava, para os joaninos que habitavam a “torre da Avenida Angélica”, e que foi encontrado nos computadores da TFP que estes usavam:


a) de 6/11/97:


Entro direto nos relatos para ganhar tempo, infelizmente terei que escrever com uma certa dificuldade devido ao fato de este computador não ter teclado portuguës, portanto não se assuste com a ortografia destas linhas, sobretudo no caso das "ss" que são realmente assustadoras.

Como notícia fresca conto o café da manhã que acaba de terminar a poucos instantes, foi muito abenssoado e comessou com só um assistente (pego de surpresa), o que foi uma grassa de initmidade única.

Ele [NB: JC] primeiro pergutou para quem iam dirigidos os relatos que este fazia, ao ser respoondido ele disse que não havia problema com tal de que não circulasse fora do público das respectivas sedes (São Bento, Praesto Sum e Saúde).


b) de 8/11/97:


Logo desceu e para a conversinha da noite (que é o contato mais abençoado do dia pelo fato de haver pouca gente). Ele comentou um sonho (...).




C. Após as reuniões, há conversas “en petit comité” onde JC “interpreta” ou “aprofunda” aquilo que já tratou


Reunião no ANSA, 29/9/97:


Eu queria fazer uma comunicação, porque terminada a reunião de ontem do JxJ de manhã nós fizemos uma conversa aqui, como normalmente acontece, e o Sr. Paulo Martos levantou um problema por onde eu via que ele não tinha entendido uma afirmação feita pelo Sr. Dr. Plinio. Depois, conferindo, outros também não entenderam.


Nos domingos há dois sessões do “Jour-le-jour”, uma na manhã e outra à tarde. A da manhã termina ao meio dia. Nessa hora, enquanto a maioria dos que assistiram à reunião vão almoçar, alguns ficam. Esses que ficam, recebem normalmente, de JC, aprofundamentos especiais ou esclarecimentos especiais a respeito daquilo que JC já tratou em público.





D. Na medida em que os joaninos tem mais contato com os eremos de S. Bento e Praesto Sum, menos “defasados” e desinformados estão


Num relatório enviado a JC, em 17 de novembro de 1995, Andreas Meran descreve o “apostolado” que fez em Ponta Grossa e analisa ao joanino Katzumi, encarregado desse grupo:


Ele tem duas facetas. Uma muito timido (1) quando se encontra em S.P. não se encaixa em nenhum lugar e vae morar na FMR, quando chegam visitas na sede --membros do grupo-- ele desaparece.

Quando está com os apostolandos parece uma outra pessoa, animando, fazendo perguntas para serem respondidas pelos rapazes, etc.

E verdade que não deve ser facil tratar com estes gauchos, mas ele os tem num regime, para ser amavel, bem apertado, em que não sempre aparece claramente o trato católico, ou pliniano, portanto aquicatólico.

Ele é o único dentro deste grupo que ainda não fez nenhum Retiro, e nisso fica um pouco defazado com os outros (2).

Por outro lado, comigo estava muito aberto, conversamos longamente, mas no qual percebi que em muitos assuntos ele estava desinformado, por falta de convívio com “São Paulo” (3).

Mostrou inteira prontidão para se pôr sob suas ordens, até pedindo. E praesto sum para se deslocar para Curitiba se o Sr. o desejar ou outro lugar (4).

Ao lado destes aspectos orientais não sempre comprensiveis, ele organisou com muito dinamismo a reconstrução da sede, as assinaturas de CAT, etc., portanto tem uma certa folga finaceira para apostolado, que também é gasto para isto sem mineirismos. Seria esta uma vantagem eles abrirem uma especie de embaixada em Curitiba, pois poderiam sustentar assim esta empresa no começo.

(...) Tem um outro ponto que ia esquecendo, mas porque não sei se se deve ao trato nem sempre facil com os gauchos. Mas parece-me que é muito centralisador, não distribuindo suficientemente as funções e com isto impedindo que os mais novos tomam responsabilidades próprias e maturem. P.ex. reuniões para os apostolandos, aulas de catecismo, encarregado de compras, etc. Enfim o tão amado princípio de subsidiariedade de Nosso Pae e Fundador.

A respeito dos eremos me dicia que sempre foi apostolo itinerante e nunca passou algum tempo num Eremo (5).


Comentários:

  1. A ortografia e gramática do texto é transcrita aqui tal e qual a redação de Andreas Meran.

  2. Na enumeração dos defeitos psicológico-morais do Katzumi, Andreas Egalité inclui o fato de não ter participado de nenhum “retiro” de JC. Katzumi ficou “defazado” em relação aos cooperadores que participaram dos “retiros”. Não sabe coisas que só nos “retiros” são ensinadas.

  3. Por falta de convívio com gente de JC, Katzumi está desatualizado em muitos assuntos. Portanto, dentro da TFP brasileira há uma série de informações às quais os encarregados de grupos só tem acesso desde que se relacionem com gente do São Bento e Praesto Sum.

  4. Ao considerar que o encarregado dos grupos do Brasil é adepto de JC --Roberto Kallás--, como interpretar que um subordinado dele tenha mostrado “inteira prontidão” para se pôr sob as ordens diretas de JC, e até pedido isso? Se Katzumi não confia em Kallás, quer dizer que entre os adeptos de JC uns não confiam nos outros?

  5. Daí sua “defasagem” e desinformação.





IV. Terceira etapa da realização desse sonho: seleção entre os eremitas de São Bento e Praesto Sum


A. Uns são informados antes que outros; certas notícias se divulgam gradualmente e em locais alheios aos êremos


Na conversa “confidencial” com eremitas de São Bento e Praesto Sum, realizada no 2/10/95, JC fala da difusão gradual da notícia do gravíssimo estado de saúde de Dr. Plinio. Aquilo é compreensível. Mas quem pode garantir que esse método de difusão das informações entre os joaninos se circunscreve apenas a esse ponto?


... permitiu a hipótese que possa acontecer uma coisa dessas e que de repente... Com o Sr. Dustan, lá no dia em que fizemos a reunião na Alagoas. Não estavam todos lá. Nós fizemos uma reunião porque eu quis preparar aos poucos --gota de azeite. Então o Sr. Dustan... Não é?


(Pedro Henrique: Depois se o senhor pudesse explicar qual o princípio de sabedoria que o senhor aplicou. O senhor foi bem aos pouquinhos, não é?)


Sim, claro. Porque... É puxado! A coisa é muito puxada. É preciso ir bem de pouquinho, bem devagarzinho, senão quebra a máquina, quebra as almas. (...) Mesmo para uma pessoa que está em situação de risco de vida, o senhor não pode chegar e dizer direto: "Olhe, o senhor vai morrer." Tem que chegar e dizer: "Olhe, é preciso ter muita confiança. Veja, tal pessoa como saiu de tal doença, tal outra... Não é porque a doença é grave que a gente precisa ficar preocupado. O senhor está de fato com uma doença com risco, mas é preciso ter confiança que... Vamos rezar, hoje eu pedi para celebrar uma Missa. Tátátá."





B. Uns entendem certas palavras, outros não


Conversa no São Bento, 29/9/95:

(Nota: O primeiro colchete é nosso; os outros são de autoria do datilógrafo do S. Bento)


O que para mim é uma coisa impressionante é que, havendo essa graça [de confiança], é mais um sinal indicativo de que bem pode acontecer que ... Porque senão, não tinha sentido a graça.

Essa Missa [que treinamos], por exemplo, ter dado certo. Nunca uma Missa para nós deu certo tão rápido assim. [ininteligível] está tão bem adiantada, tão encaminhada que eu me ponho o problema: "Puxa, será que a Providência que não [ininteligível]".


(Pedro H.: Foi redução, senhor.)

Foi redução?! Só agora é que me diz isso. Imagine só.

[Percebem-se algumas críticas ao Sr. Pedro H. pela intervenção.]

Não, está bem boa. Tem só aquela questão do [metro?], não?


[Algum dos circunstantes pergunta ao do lado o que significa o termo que o Sr. João empregou.]


Isso é uma linguagem que o senhor não vai entender. Na eternidade o senhor entenderá. Só que na eternidade o senhor vai pensar em ampliação e não redução.


[Exclamações.]





C. Uns policiam a outros


Depoimento do Sr. Edson Neves, setembro de 1998:


[Antes de entrar no assunto, gostaria de fazer uma introdução].

Em 1962, a situação política no Brasil estava muito perigosa, tinha muita agitação comunista, etc. Dr. Plinio mandou colocar, no apartamento dele na rua Alagoas, uma porta a prova de bala. No meio dessa porta era preciso pôr um “olho mágico”, aquele furinho por onde a gente olha para ver fora e a pessoa de fora não ver a gente.

Dr. Plinio me chamou: olha aqui Edson, v. vai ter que fazer uma coisa que, pelo amor de Deus não deixe mamãe desconfiar que é porque ela está correndo risco, porque com o problema do coração que ela tem, ela morre. O Adolphinho trouxe esses 4 tipos de olho mágico aqui, que é para v. escolher qual é o que fica melhor para mamãe, a qual ela se adapta mais, para pôr na porta lá. Amanhã cedo v. vai para lá, mexe lá com os livros, e quando mamãe levantar, quando ela puxar a prosa com você, você sai por aí: Ah Dona Lucilia, foi bom a senhora ter aparecido, porque Dr. Plinio tem dado aula sempre e tal, e sempre ele acha que aqui pode entrar um ladrão, um vagabundo e vinha aqui e ia amolar a senhora quando não tem ninguém em casa; então ele quis trocar a porta, para ele não pensar no problema. É para ele não se preocupar mais com a senhora, tá certo?

Ela falou: ah claro que está certo. Concordou na hora.

Falei: é que Dr. Adolpho conhece essas coisas e mandou isto aqui para eu mostrar para a senhora, qual que fica bem para a senhora, a qual a senhora se adapta melhor?

Nisso eu tinha que conversar com ela, perto da porta, para marcar na porta a altura do olho dela, porque se ficasse baixo não tinha problema: ela baixaria para ver, mas se ficasse alto, não dava para ela.

Quando terminou tudo, ela parou um pouquinho, olhou bem para mim e disse:



Eu falei: bom, se é parente, não tem importância; mas se for um bandido, a senhora nem faz sinal de vida, não abre a porta, fica quietinha.



Eu: não Dona Lucilia, evidentemente que se fosse uma coisa com a intenção de espiar para o outro e o outro não ver, evidente que não pode. Não pode. Mas aqui o caso é um problema tático, de defesa da sua casa. O indivíduo que vier aqui, o bandido que vier, não ver a senhora para não atirar na senhora. A senhora não acha que está certo?



Mas ela ficou um tempão explicando que não estava certo. Ela ia fazer aquilo mas a contragosto. Porque não era leal, não era direito.

Bom, isso mostra que uma alma reta até na hora de defender a vida se põe o problema se é leal ou não é leal.

Bom, o João pôs no São Bento vários eremitas da “entourage” mais íntima dele para fazer observação dos outros, especialmente dos encarregados de disciplina do São Bento, para espionar a pessoa. Espionar entre si e fazer os relatórios --que ele dizia que era o método que Santo Inácio tinha adotado para preservar a infiltração de inimigos na Companhia de Jesus. Então os mais novos na Companhia podiam fazer relatórios e críticas de qualquer um dos mais velhos e dar para Santo Inácio, que não era considerado uma revolta. Eu nunca vi esse texto, mas acho que existe.

Bom, até aí está tudo bem, Santo Inácio estava lá (...), ele tinha que se defender, e depois na época dele o negócio estava feio mesmo. Mas não quer dizer que a mentalidade de Santo Inácio era de por exemplo espionar até a vida íntima da pessoa na toilette, no banho, como ele [JC] mandou fazer.

Teve um eremita, o Sr. ........ , fazendo ginástica no banheiro. Um eremita que JC mandou ver o que o Sr. ........... estava fazendo, olhava pelo buraco da fechadura, por uma fresta qualquer, para ver como é que o Sr. .......... tomava banho.

Então o sujeito escreveu o relatório: o Sr. ....... é um narcisista porque fica diante do espelho fazendo isso, fazendo aquilo, sem roupa, despido.

Como é que está olhando?

(...) Tem um relatório de um eremita servidor, o ............, que conta como era isso com os servidores [do São Bento].


*


O Sr. Henrique Fragelli contou que certa vez, conversando com JC, à las tantas este lhe mostrou um dossier de relatórios contra ele, elaborados pelos melhores amigos que ele tinha dentro do êremo.





D. Uns acusam a outros de não serem fiéis a JC


Documento encontrado num dos computadores da TFP que Walmir Bertoleti usava na “torre da Avenida Angélica”. “AJ”, segundo tudo indica, é Antônio Jakosh; “eess” é abreviatura de “eremitas servidores”:


14-IV-1994Caríssimo Sr. JoãoSalve MariaÉ com grande alegria que vejo o sr. AJ empenhando-se no preparo das refeições para o sr. Espero muito, estar isso aliviando, um pouco, as pesadas preocupações, que tanto o sr. tem ajudado o Senhor Doutor Plinio a carregar. Queira a Senhora Dona Lucilia tornar estável e contínuo tal serviço.

Conhecendo bem de perto o temperamento explosivo do Sr. AJ e uma espécie de vulcão de ódio que ele carrega contra tudo e contra todos, talvez por descender de certa raça, tenho procurado tirar todos os impecílios do seu caminho, mostrando-me super solícito a qualquer coisa que lhe possa facilitar o trabalho.

Apenas foi usada uma tática, para mais engajá-lo, e atender a um expresso desejo do sr., não deixando nenhum eremita servidor encarregado fixo de levar a bandeja, sendo pêgo qualquer um, geralmente o Gilberto, o Geraldo ou o Gregório. Isso faz com que o Sr. AJ se sinta o único responsável e não vá, aos poucos, abandonando o serviço nas mãos de um e. servidor, como já aconteceu inúmeras vezez no passado.

Ele parece estar gostando desta situação, e de fato tem assumido por inteiro o encargo. Que Nossa senhora o conserve nessa perseverança!

Movido por uma apreensão e julgar ser um dever de consciência passo a relatar os fatos que seguem:

1- O sr. AJ sempre teve entrada livre na cozinha com uso da palavra totalmente aberta, o que facilita longas conversas com os eess. É seu costume já de anos, fazer críticas a pessoas junto aos mesmos, às quais, algumas vezes, provocam um certo escândalo. Quando estes vêm me contar (pois com frequência são a respeito deste e. m.) procuro desinflar a coisa, dizendo que é uma questão de temperamento, que não deem importância, e que o tratem bem, para que ele não se indisponha, pois o prejudicado seria o sr.

Sinseramente não ligo para estas críticas, pois se tornaram tão rotineiras... que ainda que o Sr. AJ quisesse escarrar-me no rosto de manhã, à tarde e à noite, todos os dias, contanto que o sr. fosse bem servido, me daria por bem pago.

2- Fazendo crítica a várias pessoas recentemete, diante de um e. s., dizendo que ninguém prestava, este último tentou salvaguadar a reputação do Eremo, afirmando que aqui não era assim. O sr. AJ manifestou ser essa consideração uma ingenuidade do e. s., pois no Eremo só há um eremita que presta... e nomeava este (pessoalmente digo ao sr. de quem se trata), dando a entender que nenhum outro prestava.

3- Terminado o nosso retiro, portanto há uns 25 dias atrás e antes do sr. AJ assumir a função atual, ocorreu um fato mais digno de nota.

Como havia possibilidade do sr. P.Henrique fazer o retiro na segunda turma o sr. AJ começou a assumir alguns serviços para as refeições do SDPlinio, querendo utilizar para isso o material comprado para o sr. Então e. m. disse que ele podia usar dessa vez, mas que visse com o sr. PH os meios para esse efeito, afim de favorecer a reta ordenação das coisas.

Isso foi suficiente para ele reunir 5 a 6 eess na casa S. José fazendo uma conversa acalorada (pelo que me contaram, mais parecia uma reunião de sindicato de operários, onde o sr. AJ fazia o papel de "Menegueli") de mais de uma hora, onde teceu vários comentários:

Que e.m. é contra o Senhor Doutor Plinio e contra o sr. Ele pensava que com o retiro isso mudasse, mas não aconteceu de modo nenhum. No retiro o sr. havia se referido ao sr. Dustan querendo radicalizar a vida interna, e se dirigindo a um eremita que se opusera a isso, o increpara, e ele tinha certeza que era para e.m. que o sr. falava, pois e.m. seria contra o bom espirito.

A coisa chegou ao ponto de um e.s que não estava na conversa, ao passar, ser interpelado se não concordava. Este tentou defender, dizendo que e.m queria apenas ordenar as coisas do sr. e ele, sr. AJ, também ficava furioso quando se tocava nas coisas que ele cuidava. Este disse:

- Então quer dizer que você está do lado do sr. fulano? E começou a cair sobre o e.s., instigando assim os outros que também o fizessem.

A conversa prolongou-se nesse nível por uma hora, mas o que chegou aos ouvidos deste e.m. foi esse sucinto relato, aliás há dois ou três dias. É preciso dizer também que quando o fato se deu, e.m. estava no exercício da função de ED, portanto exercia a autoridade não só sobre os que ouviam, mas também sobre o que falava.

Como já disse anteriormente, no que se refere à pessoa de e.m. não dou a menor importância a essas críticas, por conhecer o colérico temperamento do Sr. AJ que perdoo sem nenhum recentimento. Aliás, depois que soube disso, tenho procurado intensificar o bom trato e a solicitude, chegando a dizer-lhe mais de uma vez, que se precisar de algo ou tiver alguma dificudade, diga para e. m. logo resolver, etc. Isso tudo com vistas a não dar-lhe nenhum pretexto para abandonar o serviço das refeições do sr.

Apesar disso, tem ele espalhado nos últimos dias a ee.ss. que e.m. é um impedimento ao bom andamento do serviço feito para o sr., etc...

Sr. João, sinceramente, não vejo em que.

Quanto às acusações, não consigo ver nelas, nenhuma semelhança com a verdade. Até tomei e tomo atitudes em sentido oposto. Ele teria tanta coisa verdadeira de que me acusar... elás... entretantanto dizer que sou e faço coisas contra o sr., perdoe-me, mas, não vejo em que. Peço por misericórdia, se o sr. notou ou nota algo nessa linha, que talvez por bronquisse de espírito e. m. não tenha percebido, diga-me e estarei disposto a retratar-me publicamente e cumprir a penitência que o sr. queira impôr.

Talvez seja uma boa solução, o sr. tirar e.m. da função. Esta, como todas as outras que exerço no Eremo estão a disposição do sr., para passá-las a outros eremitas quando achar conveniente.

Torno a dizer, que tudo está muito calmo, com muita concórdia, apesar dele estar continuamente instigando os eess contra a autoridade.

A única coisa a temer, é que quando ele começar a abandonar o serviço (espero que não aconteça), saia alegando que não dá porque fulano... etc.

E. m está evitando absolutamente dar-lhe qualquer pretexto nesse sentido, mas como a noção que ele tem do 8° mandamento não é das mais nítidas...

Queria aproveitar esta ocasião para externar minha gratidão por tudo o que o sr. tem feito, não só por este e. m. mas também pelos Eremos e toda a obra do Senhor Doutor Plinio. Sobre os retiros, especialmente este último, não há palavras suficientes para manifestar a imensa divida que temos para com o sr. Só no Juizo Final e na eternidade poderemos medir a extensão desses benefícios.

Que a Senhora Dona Lucilia proteja especialmente o sr. nesta fase tão delicada - que entrevemos - pela qual o sr. passa no momento.

In Jesu et Maria

Walmir





V. Dados sobre o regime interno, os costumes e o ambiente dos êremos São Bento e Praesto Sum


A. As cerimônias


JC fazia questão que a Sagrada Imagem não estivesse nas cerimônias de S. Bento porque “atrapalhava” - Na reunião do "jour-le-jour" que fez para o Grupo da França em 22/1/96, contou que o SDP disse para ele --na época do estrondo Fedeli-- o seguinte:


Pois é, meu filho, nós podíamos ter agido de outra forma. Aliás, X me contou que você fazia questão de que a Sagrada Imagem não estivesse nas cerimônias do São Bento e do Praesto Sum, porque atrapalhavam as cerimônias. Isto não é bom, não é de acordo com o meu espírito.





B. Ordo do êremo de São Bento – Uma “TFP” dentro da TFP


Texto encontrado nos computadores da TFP usados pelos joaninos que moravam na "torre da avenida Angélica":

Da Obediência:

Das Autoridades:

Para efeitos do presente Ordo, o Superior Geral é o Senhor Doutor Plinio.

Por designação do mesmo Senhor, haverá um Intermediário Mediato (Diretor Geral), e vários Intermediários Imediatos ou Diretores Particulares (Encarregados da Disciplina do Êremo, Encarregado da Disciplina dos Camaldulenses e Encarregados de Dispensas) os quais também poderão ser designados pelo Diretor Geral (1).


Das Ordens:O Senhor Doutor Plinio, o Diretor Geral e o Encarregado da Disciplina devem ser obedecidos pelos eremitas que militam na TFP brasileira, no que diz respeito às matérias relacionadas com a finalidade do Êremo, ou a própria santificação.


Das Dispensas Concedidas pelo Senhor Doutor Plinio:As dispensas, licenças, autorizações ou ratificações referentes a qualquer parte deste Ordo, não deverão ser pedidas diretamente, ou por interposta pessoa, ao Senhor Doutor Plínio, sem comunicá-lo previamente - sempre que possível - ao Diretor Geral ou ao Encarregado da Disciplina (2).

Normas disciplinares

Não se pode falar com o Sr. JC, a não ser através do cerimonial de costume (como com o ED)


Cerimônia de recepção de estagiáriosInterpelação aos eremitas sobre os impedimentos do candidato

- Eis que chega o momento da solene recepção de um novo estagiário neste êremo da Despretensão e da Santa Proeza de Nossa Senhora. Aqui está, diante do Santíssimo Sacramento, um homem concebido com pecado original e que vem de um mundo imerso em pecados gnósticos e igualitários (3). De um mundo sem barreiras, de uma vida na qual não há prova.

Cavaleiros! Vós que conheceis a vida quotidiana nesta fortaleza, que tende o trato com os anjos que nela habitam e que sabeis as exigências do fundador que a rege e governa! Se algum de vós tem conhecimento de um só ato ou palavra infamante que possa impedir sua recepção, que se levante e diga.

(Pausa)


Interpelação ao candidato sobre seus desejos ao entrar no êremo- Futuro cavaleiro (4), não tenhais ilusões! Tendes bem presente o abismo que vai do ambiente profano em que transitáveis ao ambiente sacral e guerreiro que entre estas paredes habita? (5)

- Resposta: Sim, eu o tenho.

- Tendes presente que as falsas liberdades que no mundo desfrutáveis, doravante estarão suspensas? (6)

- Resposta: Sim, eu o tenho.

- E que, pois, só fareis a vontade de Nossa Senhora, ainda quando indiretamente representada por intermediários? (7)

- Resposta: Sim, eu o tenho.

(...)

- Quereis, pois ser um autêntico escravo de Maria? (8)

- Resposta: Sim, eu o quero.


Aceitação do estagiário- Alegrai-vos, então cavaleiro! (9) Sendo estas as vossas disposições, a Virgem Santíssima vos aceita entre os d'Ela (10). Que as bençãos de Nossa Senhora da Despretensão e da Santa Proeza desçam sobre vós e sobre todos nós (11).


Comentários:

  1. Nessa enumeração das pessoas que tem autoridade sobre os eremitas de São Bento estão completamente excluídos os membros do Conselho Nacional.

Na proclamação que Andreas Egalité leu no ANSA o dia 25/11/97, para tentar justificar a ruptura, os revoltados sustentam que os Diretores da TFP não podem “interferir” nos êremos joaninos: “Os mais velhos (...) tomaram a decisão de usar da autoridade que acreditam possuir para, interferindo até mesmo nos Grupo de fora do Brasil e na vida dos êremos e das camáldulas (...)”

  1. O poder está concentrado na pessoa de JC.

  2. Os “candidatos a estagiários” provêm de outras unidades da TFP, mas são considerados como vindos “de um mundo imerso em pecados gnósticos e igualitários”. Quer dizer que as outras Casas da TFP fazem parte do “mundo gnóstico e igualitário”? E quem não é eremita de São Bento não é verdadeiro membro do Grupo? Para responder essas questões, tenha se presente a arrogância e desprezo com que os eremitas de São Bento sempre olharam ao resto de sócios e cooperadores da TFP.

  3. Futuro cavaleiro? Quer dizer que o candidato, membro de outras unidades da TFP, não é ainda cavaleiro? E só a gente se torna cavaleiro após o estágio no São Bento?

  4. A Casa da TFP ou êremo de onde provêm o “candidato a estagiário” é um “ambiente profano”?

  5. O local de origem do “candidato” é tido como parte do “mundo”.

  6. Por “intermediários” entenda-se JC.

  7. Os que não moramos no São Bento não somos “autênticos escravos de Maria”?

  8. Uma vez que o “candidato” aceitou passar a morar no São Bento e fazer a vontade de JC, automaticamente virou “cavaleiro”...

  9. Antes disso o membro do Grupo não era filho de Nossa Senhora?

  10. Não sobre os que não fazemos parte do êremo de São Bento.





C. Benquerença de JC em relação aos eremitas


Reunião do Sr. Henrique Fragelli, SRM, 16/12/97:


JC me colocou com encarregado de disciplina do Praesto Sum. Até hoje não entendi por que. Tenho suspeita de que ele quis me comprar. Tenho a impressão. Porque este EM tem inúmeros defeitos, nem precisa dizer, mas --o termo é baixo-- “lambe-bota” dele nunca quis ser, nunca fui de ficar reverenciando a ele, aquelas atitudes de veneração que já havia nos êremos em relação a ele, ficava sempre de longe, porque era ridículo, era óbvio que o homem não tinha virtude para ... Tinha estouros temperamentais, umas coisas.

Bom, ele me [nomeou] ED. Como eu sabia que ele era uma pessoa ruim, maldosa, eu fazia as consultas todas por escrito, para ele responder também por escrito. À las tantas ele passou a não responder mais. Claro, porque por escrito ele não tinha como ... Mas não fazia pergunta, consulta oral não fazia. Ele passou a não responder mais as consultas e começou a ficar impossível governar o êremo.

Então uma série de coisas secundárias começamos a fazer. Consultávamos o importante e o secundário, porque ele tinha controle sobre tudo (1).

Eu me lembro uma consulta concretamente que era sobre o jardim do PS, queríamos reformar o jardim do PS, Dr. Plinio tinha dito que aquilo era um matagal, que refletia a desordem da alma do brasileiro. Então fizemos um levantamento, o mais profissional possível, de quantas árvores tinha no PS, tinha 27 tipos de árvores diferentes, tudo misturado: tinha um pinheiro, um coqueral, depois um repolhão vermelho, tudo junto. Era a desordem. E bambuzal do lado. O mato crescia, a grama não crescia, então tiramos aquele mato e tal, o bambuzal arrancamos, uma série de coisas.

Como não tinha sido consultado a ele, não tinha vindo a aprovação dele, ele às tantas me manda uma carta caindo em cima: “isto aqui é um absurdo! eu estou querendo fazer um jardim inglês, isso não é o espírito do SDP”. O que é o espírito do SDP em matéria de jardim? Não sei se ele saberia definir.

E aí ele disse --eu guardei essa carta por um tempo, porque não acreditava que ele tinha me escrito isso--, ele se dirigia ao Sr. Frizarini e a este EM, os dois estávamos fazendo essa reforma: “eu só não os amaldiçoo porque os senhores são filhos do SDP”. É a bemquerença dele, que ele fala tanto.


(Aparte: Ele abandonou o PS, depois que houve a mudança do êremo, pelo menos dois anos de abandono completo ................ havia todo o problema de auditório, não-auditório, Ludwig, todo um caso, nós estávamos completamente abandonados, não tínhamos nem xícara para tomar café. Bom, ele chegava no PS, e tinha um arbusto que tinha sido retirado por exemplo, ele: “quem tirou esse arbusto daqui?! Não foi consultado!” 15 minutos de deblateração contra uma coisa que abandonou. Ele nunca ia lá).


Em matéria de comida era de uma exigência ... uma coisa inacreditável. [Comida] para si. Bom, quem conseguia aguentar ser encarregado da comida dele? Pouquissimos. Não se aguentava. Era de uma exigência ... Um eremita fazia um prato assim para ele, com todo esmero, toda dedicação, ele chegava, olhava assim: “não tem nada enlatado aí?” Nunca vi o SDP tratar assim.


Comentários:

  1. Corroborando o depoimento do Sr. Henrique Fragelli, transcrevemos um trecho de um Grafonema “CONFIDENCIAL”, de 13/7/96, encontrado num dos computadores da TFP que era usado pelos joanientos da “torre da Avenida Angélica”. É dirigido a JC, por Walmir Bertoletti, Célio Casale, Filipe R. Dantas e José A. Dominguez: “Não hesitamos em afirmar não haver unidade do Grupo onde a autoridade seja obedecida de forma tão absoluta como nos Êremos”.





D. Subordinação dos eremitas a JC, não a Dr. Plinio


Reunião na SRM, dada pelo Sr. Henrique Fragelli, 16/12/97:


Estive 6 anos no São Bento e 9 anos no Praesto Sum. No final da minha estadia aqui (...) este EM começou a discordar, a questionar com alguns eremitas mais velhos a questão de nossa vocação. Eu dizia para eles que achava que nós não estávamos cumprindo com a vocação, porque a única coisa que nós fazíamos --não é a única, mas ...-- nós vivíamos em cerimonial, cerimonial, fanfarra e coro ... o SDP convocava uma campanha e todos nós sentíamos que éramos incapazes de argumentar na rua por exemplo, e JC dizia para nós “não se preocupem, a graça cobre”. Coisas dessas os senhores viram à vontade.

O SDP convocava uma campanha e ele retirava os eremitas da campanha, ou dizia para o SDP: “SDP, se eles forem para a campanha eu perco os eremitas”. Ele nos contou isso várias vezes. (...)

Um dia a coisa foi se agravando e tudo o mais, eu procurei JC na torre (...): “Sr. João, eu queria conversar com o Sr., entre o Sr. e eu tem alguma coisa, eu não concordo com uma série de coisas que acontece aqui, o regime, o modo de o Sr. ser, eu vejo que o Sr. faz de uma maneira, o SDP faz de outra”, ta-tá.


(Dr. EB: O Sr. via a contradição entre a posição de Dr. Plinio e a posição dele?)


Sim. Era flagrante inclusive.


(Aparte: O Sr. poderia dar alguns exemplos dessa contradição?)


Era principalmente em relação às campanhas. Por exemplo a campanha da Lituania. O SDP queria os eremitas na campanha e ele retirou, bem no começo da campanha. Nós fizemos campanha por um mês mais ou menos, e ele, a pretexto de glorificar o SDP, retirou da campanha o coro, a fanfarra e os proclamadores --que era quase todo o êremo. O SDP ficou muito desgostoso, como os senhores sabem.

Então nós perguntamos para ele: “mas por que isso?” E tudo o mais.

Ele dizia: “não, o SDP não pode defender a própria glorificação, esse é nosso papel, portanto mesmo que seja contra a vontade dele nós precisamos fazer, porque se não ninguém vai fazer”.


(Aparte: Lembro um chá no PS, quando a fanfarra estava começando, o Sr. chegou perto do SDP, na frente de todo mundo, disse: “............ da fanfarra, porque são 6 horas de treino diário”, etc. O SDP olhou para o Sr. e disse: “isso está de acordo com a nossa vocação? Precisamos conversar depois”. A partir daí o SDP insistia que não era para ter 6 horas de treino da fanfarra por dia).


Me lembro uns fatos mais ou menos semelhantes, eu tinha me esquecido, o Sr. Fernando Antunez me lembrou outro dia, que foi o SDP, nós levamos um hábito, uma coisa assim, para o SDP ver, uma amostra, e o SDP daria a opinião dele, como é que devia ser. (...) Mas quem começou a decidir como deveria ser ou como não deveria ser, foi JC; ele impôs a vontade dele.

Eu fiquei assim ... Quando o SDP saiu, comentou com o Sr. Fernando Antunez que não entendeu. Porque ele (JC) pediu a consulta e quem decidiu foi JC.

E assim ele fez inúmeras coisas. Poderíamos dar inúmeros exemplos.


(Aparte: E outros eremitas do SB-PS também notavam essas coisas?)


Isso para mim é um mistério até hoje. Porque ...


(Sr. Richard Lyon: Eu percebia coisas, mas a gente sabia que, tentar opor qualquer resistência ao homem, imediatamente seria tachado de “mau espírito”. Nem se poderia levantar a dúvida. Já levantar a dúvida, por mais respeitosa que fosse, a gente passava a ser “suspeito”. E percebi instintivamente que haviam essas coisas --depois posso contar o caso da Comissão Americana, para mim isso foi o caso mais caraterístico--, em que a gente por comodismo não queria enfrentar. Porque sabia que comprava uma briga e no fundo acabaria sendo expulso do êremo e aí seria o fim da pessoa como membro do Grupo: estava tachado como um leproso para o resto da vida).


(...)


Ele foi sempre contra o apostolado universitário, abertamente. Ele dizia. No PS me lembro: “Dr. Plinio fala do apostolado universitário, mas na prática como é que vamos fazer? Ninguém entrou! Quem é que entrou pelo apostolado universitário? Levantou o Sr. José Antônio da Silva. “Tá vendo! E mesmo assim é o único caso”, não sei o que, pa-pa-pá. Assim, contestando uma ...


Sr. M. Vargas: Eu ouvi essa fita.


Para mim era um mistério como é que essas coisas não iam acumulando na cabeça dos outros eremitas. Era um choque direto.

Os americanos tínhamos o privilégio de ter um telefonema semanal com o SDP, era raro quando o SDP não perguntasse pelo apostolado universitário.


(Sr. RL: Recentemente ouvi do Sr. Fernando Nunes, que está escrevendo todos esses telefonemas, conta que ficava assustado: mas quanta insistência do SDP, e por iniciativa do SDP. Cada vez era: então, e notícias do apostolado universitário? Como é que vai andando? A ponto de ficarmos embaraçados, porque não se procedia como se devia, porque ele sabotava. Lá ele dizia: não, pode deixar. Ele não queria apostolado universitário).


*


Documento encontrado nos computadores da TFP usados pelos joaninos da “torre da Avenida Angélica”


Grafonema de Walmir para Sr. Arturo L. ([Liebniken ?]Êremo de São Bento, 22/11/1993 11:45 AMCaríssimo Sr. Arturo Salve Maria!(...) Com o sr. já deve ter sabido, a cerimônia do pátio da Glória de Nossa Senhora, por decisão do SDPinio não [vamos] realizá-la. Comentou que não podemos pensar em comemorações quando se está no campo de batalha. Ele não quer diminuir em nada a campanha e também não quer que venha nenhum dos eremitas que estão no from (exceto casos especiais) e para lá se mande outros. Para o sr. ter uma idéia, perto de 20 eremitas foram em missão para a campanha do livro do SDPLinio e não virá ninguém esse fim de ano de fora. Ele quer que todos fiquem nos respectivos países fazendo campanha.

Entretanto serão realizadas inúmeras cerimônias.. Como são as graças e a vontade de NOssa Senhora que fazem o brilho e a verdadeira glorificação, peçamos a Ela por meio da SDL, que cubra com seu manto as nossas mazelas, para oferecermos a nosso pai e Fundador, algo que ao menos tenha um pouco de proporção a tudo que ele merece.










E. Veneração da pessoa de JC, antes do 3 de outubro de 1995


SRM, 16/12/97, reunião do Sr. Henrique Fragelli:


(Aparte: O Sr. disse que havia manifestações de veneração no êremo, quais eram?)


Não havia ainda o que houve depois, de ósculo.


(Aparte: Após do 3 de outubro sei, quero saber de antes).


(Sr. Valdis: Muito antes do SDP morrer, já tinha relíquias dele, nos êremos, no PS alguns tinham relíquia do homem).


(Sr. Richard Lyon: Uma vez eu vi um eremita do PS, Alexandre Tavares, dizer assim: “olha, eu rezo para que Nossa Senhora conceda a graça a JC para que ele seja um dos fiéis, dos que vão permanecer fiéis até o fim do mundo, dos que vão ter o dom da perpetuidade, que nunca vão morrer”. Se via como perfeito discípulo, e quem não fosse para as reuniões dele na Saúde era “sabugo”).


As atitudes de veneração a ele eram de uma solicitude... estar ali, para ... [tratar de perceber] qual é a vontade dele, interpretar a vontade dele e fazer na frente. Isso existia já no PS e no SB.


(Aparte: começou com fazer girar a vida dos eremitas em torno dele: o que ele tinha dito, o que ele não sei o que, etc. Daí para o que há hoje ... )


(Dr. Mário Navarro: Não houve um salto qualitativo brusco).


Eu notei isso e alguns eremitas da época confirmam que notaram, eu não tenho prova, mas foi notado. Na mudança de atitude de alguns eremitas em relação a ele. E nós suspeitamos que houve uma cerimônia de escravidão no SB, por volta de 85, 86, pouco depois dos [primeiros] retiros. A partir de certo momento, alguns eremitas (...) começaram a tomar uma atitude de escravo em relação a ele. Tudo aquilo que está na Sagrada Escravidão, fazer gato e sapato. Aí está. A atitude de um número crescente de eremitas em relação ele, era o que o SDP fala de gato e sapato. E ele pintava e bordava. Era uma obediência cega, de ditador romano.


(Aparte: O segundo retiro foi só para o SB, acabou o retiro ele reuniu os dois eremos, começa a reunião e no meio da reunião disse: “bom, vou contar um fato aqui. Um dia, no horário da meditação alguém toca, eu mandei abrir, era um eremita pode me acompanhar? – posso. Aí acompanhei a ele, [até] o quarto dele, no quarto estava [fazendo] confissão. Ele entra aí e disse: eu quero me confessar e quero que o Sr. assista à confissão. O eremita então confessou a vinda inteira, contou a vida inteira, tudo.

Aí JC disse: “por uma pessoa dessas a gente faz qualquer coisa!” Era uma insinuação evidente que todos tinham que fazer isso).


(Sr. Valdis: Era muito bem visto fazer isso depois dos retiros. Só não fazia mais porque ele não aguentava. Então passava 3, 4, confissões e ele já saia fora do combate. Senão teriam feito todos [os eremitas].


(Dr. Paulo Brito: Tenho impressão que isso não tem precedentes dentro da Igreja. A pessoa que faz a confissão geral de sua vida perante um outro, nunca ouvi falar disso).


(Dr. Mário Navarro: Este EM (...) nessa época, na metade dos anos 80, sentiu uma inspiração de fazer um voto de obediência a ele, e então pedi licença ao SDP para fazer isso, e o SDP negou. Mais tarde o SDP começou a fazer comentários sobre ele. Nessa época o SDP ainda não tratava do assunto, então ele não fez maiores comentários, apenas disse: “não, eu não quero”. O curioso é, como é que ele podia inspirar uma coisa dessas? (1)


Por volta de 84, me lembro com muita clareza um fato que me marcou, um fato fora de série. Ele nunca falava de si mesmo, os eremitas mais antigos se lembram disso, nunca, pelo menos em público, falava sempre do SDP. Houve um dia, numa reunião para os eremitas de SB-PS, lá na sala do SDP em cima, em que ele disse: “eu sei que não se deve falar de si mesmo, só se deve falar do SDP, mas às vezes fica mais fácil para a prática da virtude que os senhores tenham um exemplo de um irmão ... e eu queria dar aos senhores um exemplo de como deve ser o relacionamento entre os senhores”. Então começou a dar exemplo de si mesmo: “vejam como eu cuido de cada um dos senhores, como eu atendo quando os senhores estão doentes, eu me interesso por cada caso”, etc.

Para mim foi um marco, porque ele nunca tinha falado de si mesmo, foi a primeira vez. Acho que aí mais ou menos começou [a crise dele], até no final que ele contava os sonhos dele, e nos EEUU ele não conseguia falar do SDP, [só]contava fatos de si.


(Aparte: Me lembro que em julho de 79 já havia os primeiros bajuladores: Wellington, João Bernardo, que começaram a fazer elogios a ele e me lembro do momento em que ele: “Pare com isso, aqui eu só sou o irmão mais velho”. Ele se manteve mais ou menos nessa posição até mais ou menos 84. E a partir de 84, ele debandou).



Comentário:

  1. Se por volta de 1985 o Dr. Mário Navarro --do qual não se pode dizer que seja uma pessoa sem personalidade ou imatura-- pensou fazer um voto de obediência ao guru, com base na teoria do “iceberg” não é absurdo conjeturar que outros membros do Grupo tenham pensado fazer o mesmo e que, independentemente de oficializarem esse voto, tenham embarcado na história, estabelecendo na prática vínculos de escravidão a JC.





F. Fuxico - Teoria dos envelopes


Reunião na SRM, dada pelo Sr. Henrique Fragelli, 16/12/97:

Ele tinha aquela teoria dos envelopes, [segundo a qual] o SDP durante os SD mandava recados para as pessoas. E ele [JC] então passou a interpretar esses recados. Chegava depois do SD e dizia: “os senhores perceberam aquele envelope que o SDP mandou foi para fulano de tal?” Então começava aquele ambiente de ... No final, os comentários do SD no êremo ficaram reduzidos a isso, unicamente.


(Sr. Valdis: A frase introdutória era sempre a seguinte: “O SDP não dá ponto sem nó. Então vejam ... ta-tá”.)


Então, chegava no final do SD, os eremitas se reuniam em torno dele. Primeira pergunta: “Sr. João, quantos envelopes hoje?” Era assim.

- Hoje foram várias!

O pessoal: “quantas? Quantas? Para quem?”

Assim um ambiente de ... horrível.

Vinha aí também criticas aos mais velhos que ... “aquele ali foi para DB, foi pa-pa-pa, assim”.

Criava um ambiente de guerra interna dentro do Grupo que era uma coisa ...


(Aparte: Fuxico).


Sim. Era um dos pontos de discussão com o Sr. Pedro Morazani. Eu dizia: Sr. Pedro, mas o SDP não é capaz disso. Se ele quiser corrigir um membro do Grupo, pode ser que ele faça isso, mas faz com boa intenção, com amor, porque não conseguiria dizer de uma outra maneira; ele não está querendo ... ele não está empezinhado.


(Sr. Richard Lyon: Ele fez desde o inicio. Falar mal dos outros foi uma constante).


(Aparte: uma vez num almoço no SB, um chileno perguntou para ele: “qual é a diferença entre os eremos e o resto do Grupo?” Resposta: “é que aqui a gente fala mal mesmo! E tem que falar mal porque a nossa missão é corrigir o resto do Grupo, e para corrigir é preciso pegar o ponto ruim do sujeito e explorar, nós vamos falar mal, vamos, vamos, vamos”).


Está bem na linha. Ele era assim.


(Sr. Bidueira: Quem conheceu o Grupo da década de 60 via o ambiente interno, de família de almas, e comparando com o Grupo na década de 70 e 80, [nota que houve] um quebra-quebra desse espírito de família de almas. Ele acabou com o Grupo enquanto família de almas).


Depois que ele saiu dos EEUU, a vida de Grupo --eu nunca tinha conhecido, não sou do tempo dos senhores-- passou a ser outra. O Sr. João Carlos é testemunha disso. O ambiente de convívio interno, é uma coisa que eu nunca tinha experimentado aqui em São Paulo. Não existia mais quando vim para cá.





G. Mistério e segredo hermético


Depoimento de Dr. Luiz, 14/9/99:


A respeito dos eremitas, o Sr. Dr. Plínio, em 1995 me disse que queria fazer um apostolado pessoal com eles. Utilizou o fato de estarem sendo feitas algumas reformas do 3o. andar da Alagoas e que faziam muito barulho, para ir dormir vários dias no ESB, enquanto JC estava fora, nos Estados Unidos cuidando de sua saúde. O Sr. Dr. Plínio disse: eu quero dar apoio a eles e ficando perto deles ver se descubro o segredo do ESB, porque lá tem um segredo.


*


É sabido que o ordo do São Bento prescreve que os eremitas não podem contar nada do que acontece dentro desse lugar a nenhum membro do Grupo alheio a essa Casa.

Também determina que:


Toda correspondência a ser enviada para fora do Êremo, assim como toda correspondência que for recebida de fora do Êremo, deve passar pelos encarregados respectivos. Esta norma é válida para todos os eremitas que estão morando nos Êremos, mesmo quando o eremita não esteja no terreno do Êremo. As correspondências só podem ser retiradas dos Buissonets pelos mesmos encarregados.


O que pensar disso? Para responder, nada melhor do que recorrer a palavras do Dr. Ramón León:


Por que tanto segredo? Que negócios escusos estão sendo urdidos? Quais as suas intenções últimas? Como confiar em pessoas que se recusam a dar qualquer explicação razoável sobre o fundamento de suas atitudes? Quem tanto se esconde é porque algo teme...

(Cfr. "Quia nominor provectus", p.143)





H. Infestação - Dr. Plinio percebeu demônios no êremo de São Bento


Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, realizada no São Bento em 1/4/96:


[O Sr. Dr. Plinio] fez aqui uma reunião com os franceses um dia de manhã. Terminada a reunião, depois do almoço, ele foi para a sesta e me chamou. Eu estava deitado no quarto porque não participei da reunião. Ele disse:

- Eu fiz uma reunião com os franceses agora nesse salão e eu vi inúmeras vezes entrar e sair demônio pelas janelas. Não haveria um meio -- porque eu vou continuar a reunião com eles à tarde -- de você esborrifar, mas em quantidade, de água benta o salão? (...) Não, não é amuleto, são demônios que têm um poder sobre a sala, que entram e saem da sala por alguma razão qualquer, mas não é amuleto.

(...) Então eu falei com o Sr. Jiménez, o Sr. Jiménez trouxe o Pe. Gervásio, o Pe. Gervásio pegou o Santíssimo aí e limpou o prédio.

Quando o Sr. Dr. Plinio chegou, ele subiu aqui no salão para o jantar, porque ele veio jantar aqui, eu estava a sós com ele e disse:

- Sr. Dr. Plinio, foi feito isto assim e assim. Quero saber o que é que o senhor acha.

- Já quando eu desci do automóvel lá embaixo eu notei que o prédio estava limpo.

Tinha havido uma Reunião de Recortes aqui, porque ele estava gripado. Ele fez a Reunião de Recortes ali e foi uma Reunião de Recortes que não pegou, péssima. Ele ficou horrorizado, fez toda a espécie de críticas e comentários, e houve gente que veio para cá com ódio e com inveja.

(...)


(Arturo: Nos retiros também, que o senhor...)


Que eu mandava jogar água benta antes, porque os demônios vinham atrapalhar.







VI. Confissões gerais em presença de terceiros


A. No contato com pessoas de fora


Grafonema de André Dantas para Marcos Faes, 19/11/96, p.5:


[Conta o Pe. Olavo --com certa simpatia-- que, em virtude de uma graça extraordinária], é muito comum que os cooperadores da TFP sejam forçados a ouvir verdadeiras ‘confissões gerais’, e até de pessoas do sexo oposto, nos contatos de apostolado. E para não prejudicar esse apostolado, não lhes cabe outra alternativa senão ficar ouvindo (1). (...) Isso acontece com frequência até com correspondentes que estão fazendo visitas de apostolado. Em S. João del Rei uma correspondente jovem de 21 anos, teve que ouvir uma ‘confissão geral’ de uma mocinha (...).


Comentário:

  1. Numa ocasião Dr. Duncan contou a Dr. Plinio que, enquanto uns cooperadores faziam campanha, foram abordado por uma pessoa que lhes pediu a benção, e que não tiveram outro remédio senão dar. Dr. Plinio não gostou nada. Em se tratando de “confissões gerais”, “a fortiori” não gostaria.





B. No são Bento I


Jour-le-jour” 28/12/95, realizado nos EEUU:


Existia no São Bento a acusação de faltas. Também era muito querida e institucionalizada por ele [SDP]. Era um escravo chegar para o outro, colocar as mãos postas diante do outro, fazia uma vênia e dizia olhando para os olhos:- Simus ad invicem subjecti. Sejamos sujeitos um ao outro.

O outro colocava as mãos postas, fazia uma vênia também e dizia: ”Amen”.

Esse que disse “amen” saía na frente e ia para a Sala da Destra de Maria, que é a atual capela, entrava, o outro entrava atrás. Ele então fechava a porta. Se ele era o feitor da semana --porque não existia o termo quidam, nem encarregado de disciplina-- ele ia para a estala onde está agora a imagem de Nossa Senhora do Juramento. Se ele não era o feitor, ele ia para a estala que fica em frente. Fazia a sinal da cruz, sentava-se e o outro se ajoelhava diante dele. Olhos baixos, o outro também olhos baixos e este que tinha pedido para se acusar, ia e às vezes se acusava de faltas de confessionário: faltas veniais ou então problemas da vida passada. "Em minha vida passada eu fiz assim..." Ou então, faltas contra o ordo. Quando eram faltas morais que a pessoa se acusava, o Sr. Dr. Plinio disse que dava uma bênção dupla.

No final, ele dizia:

- São estas as acusações que este escravo gostaria de fazer a MSS, na pessoa de P. Fulano.

Depois de dito isto, ele batia no peito e dizia:

- Misere mei sacralem domine meus. "MSS, tenha misericórdia de mim".

- Secundum magnam misericordiam vestram. "Segundo a vossa grande misericórdia".

Osculava o chão dizendo isto e ficava esperando a penitência.

- Pelo amor e pela graça da Santíssima Virgem e por ordem de MSS, P. Fulano deverá cumprir como penitência: ta-ta-tá...

- Amen.

Osculava o chão e depois dizia:

- Pelo amor e pela graça da Santíssima Virgem e por ordem de MSS, este escravo deverá cumprir tal penitência.

Levantavam-se os dois, faziam genuflexão, meia-volta e cada um ia para um canto.

Isto houve durante muito tempo em São Bento. Até o fim, até quando começou a entrar gente que não era da SE.

Capítulo, Santa Franqueza major, Santa Franqueza minor, acusação de faltas. Mais: o Sr. Dr. Plinio incentivou a que depois de certos atos, as pessoas pudessem acusar suas próprias faltas, querendo, de público. Sobretudo faltas contra o ordo, contra a regra.

Então terminava, por exemplo, o cortejo do almoço, ia-se para a Sala da Destra de Maria e dali se partia para o cortejo final. Alguém interrompia:

- Pugnemus pro Domina!

- Quis ut Virgo?

- Este escravo quer fazer uma acusação.

- Pode.

- Este escravo andou mal porque, durante a refeição ficou preocupado pensando nos sapatos que estão no sapateiro para serem consertados e não prestou atenção direito na leitura, e seria por causa disso, agora, incapaz de repetir os trechos mais importantes da leitura. Este escravo se dá conta que com isto cometeu uma falta contra MS, porque o texto era de MS, assim, assim, assim.

Aliás, quando dizia: "Pode", ele ia para o centro, fazia a acusação no centro, de joelhos. Ele usava a fórmula também: "Misere mei Domine meo". O outro: "Secundum magnam misericordiam vestram. Pelo amor e pela graça da Santíssima Virgem e por ordem de MSS, o escravo tal deverá, durante a sesta, ler três vezes o texto que foi lido durante o almoço."

Todo mundo ia para a sesta e ele ficava lá.


Independentemente de saber se Dr. Plinio autorizou e incentivou isto, o fato concreto é que, narrando isto, JC está incentivado que hoje se faça o mesmo.





C. Nos retiros


Na apostila usada por JC nos retiros, no item “Raízes do pecado – Orgulho” (pág. 14), ele discorre sobre os 7 graus interiores de humildade: o 1o é temor de Deus; o 2o a obediência; o 3o a obediência aos superiores, por amor de Deus; o 4o a obediência paciente. Ao chegar ao 5o grau, estimula os retirantes a narrarem a ele próprio seus pecados.

Sob o epígrafe “confissão das faltas secretas”, encontram-se as seguintes palavras do velhaco:


Não a sacramental, mas ao superior. Isso dá um extraordinário brilho à minha humildade. Freio poderoso à ação do demônio. Código de Direito Canônico, c. 530: “É proveitoso para os súditos ir ter com seus superiores, com filial confiança, e expor-lhes as dúvidas e ansiedades de sua consciência”.


*


Quando nos retiros se chegava aos tais problemas de consciência, as pessoas procuravam a JC com problema como este: “tenho 20 reais no bolso, que faço?” Resposta: “Pode ficar tranquilo, mas o SDP disse para mim tal coisa assim e assado a respeito do Sr., não disse para o Sr. porque ficaria com nó dele, então eu posso dizer”...

Um conselho que ele deu uma vez ao Sr. Leonardo Mourão foi o seguinte: “a solução para o Sr. é procurar uma pessoa mais velha e lhe contar todos seus pecados” ... . O Sr. Leonardo evidentemente não contou, e dois ou três dias depois procurou o SDP, que lhe disse: “meu filho, ele não tem o direito de fazer isso com você”. Aí ele gelou com o Sr. Leonardo.

Era comum nos retiros os eremitas pedirem para fazer confissão geral com JC presente na confissão. Quando aquilo aconteceu por primeira vez, JC fez os maiores elogios a essa pessoa, e lançou a moda.





VII. A Sempre Viva


A. JC, encarregado da Sempre Viva? Ou grande mestre de uma sociedade iniciática?


Reunião para a Saúde, 20/9/95:


(Robson: Sr. João, são duas perguntas. [...] Uma das graças que o Sr. Dr. Plinio está comprando agora é a SV? E a segunda pergunta é se o senhor poderia explicar a delegação que o Sr. Dr. Plinio fez ao senhor dessa graça.)

O que houve? O que os senhores andaram contando aqui?


(Foi o senhor mesmo quem contou, na reunião passada.)


Eu contei?!


(Sim.)


Eu sou um imprudente mesmo!


JC lava-se as mãos no tocante à difusão desse fato, bem ao estilo dele.


*


Conversa de JC com seus íntimos, ao que parece no S.Bento, 20/9/95 – O enganador fala da autorização que Dr. Plinio lhe teria dado para se encarregar da Sagrada Escravidão. A “graça” vai indicar se é o momento de receber alguém. E quem vai discernir essa “graça” é JC ...:


(...) sabendo eu que existia a hipótese da morte, eu disse a ele:- Sr. Dr. Plinio, eu tenho um pressentimento qualquer que, de repente, passa o Profeta Elias aqui, uma coisa qualquer e o senhor some e nos deixa só. Se isto é assim, eu queria pedir ao senhor o seguinte: De que, se o senhor me autoriza a dar "ad referendum" do senhor, dar autorização às pessoas que me pedirem ser escravos do senhor in articulo mortis e in articulo periculis, se o senhor autoriza.

- Não quero outra coisa.

- Nós vamos precisar renovar as cerimônias de Sagrada Escravidão, para poder manter a lembrança do senhor, não sei mais quanto. O senhor permite que a gente renove de vez em quando as cerimônias.

- Não quero outra coisa.

- Notando-se que alguém está visivelmente tomado pela graça da Sagrada Escravidão, pode-se recebê-lo em nome do senhor, o senhor recebê-lo?

- Não quero outra coisa.

Está gravado isto no vídeo. De modo que a porta ficou fechada, mas não ficou trancada. É preciso esperar o momento, etc. de a gente pôr a maçaneta na porta e abrir. Mas esse momento é a graça quem vai indicar. Porque uma vez que eu fico responsável por dizer: "é a hora", "não é a hora"; eu não posso dizer "é a hora" antes da hora, e não posso dizer "não é a hora" depois da hora; eu preciso esperar a hora.


*


Reunião na Saúde, 26/12/95:


(Aparte: Assim como no "Jour le Jour" de domingo vários [cooperadores] se levantaram e contaram várias graças, manifestavam o desejo de serem escravos do Sr. Dr. Plinio, automaticamente ligavam com o Sr. Dr. Plinio e ele aceitava, mas ficava a cerimônia para uma outra data, poder-se-ia dizer que o que aconteceu no auditório foi isso?)


Hahahaha! (...) O senhor imagine o seguinte:

Vamos supor que o senhor sonha com conhecer a Sainte-Chapelle, conhecer Notre-Dame, conhecer Paris (...) O senhor tem a fase do sonho. (...)

Mostram para o senhor alguns slides e o senhor ainda se encanta mais com aquilo tudo que constitui o sonho do senhor. (...)

Chega alguém e diz para o senhor: “Olhe, se o senhor quiser eu consigo para o senhor uma passagem para Paris. (...) O senhor tem passaporte? (...) Olhe, eu vou lhe arrumar a passagem, hein!”

(...) Existe uma [outra] etapa que é do sujeito chegar com o passaporte e a passagem, dá para o senhor e diz: “Está aqui. Pode partir amanhã”.

(...) Existe [uma outra] etapa, que o senhor chega lá e vê diretamente. (...)

Os senhores estão na fase de que os senhores já receberam a promessa da passagem e já entregaram o passaporte. Mas os senhores não subiram no avião ainda.

Está claro, ou não?


(Aparte: Nesse sentido, quanto nós estamos longe do que o senhor disse no auditório hoje? Se pode dizer que nós somos escravos?)


Veja, eu vou dizer o preto sobre o branco sobre o assunto.A essência-essência, ou seja, quando o senhor deu o seu passaporte, o sujeito disse que vai lhe dar a passagem, que está chegando com a passagem nas mãos, já entrega para o senhor a passagem e o passaporte, de si está tudo amarrado para que o senhor viaje.

Foi o que aconteceu. Ou seja, entregues nas mãos do Sr. Dr. Plinio os senhores estão.

Não foi uma imposição oficial que ele fez, não foi uma delegação inteiramente amarrada por um contrato, em que ele disse: "Você, João, vai cuidar do São Bento, do Praesto Sum e da Saúde". Ele não disse isto assim, mas as coisas se fizeram organicamente, e aconteceu que nós cuidamos da Saúde, do Praesto Sum e do São Bento.

Por outro lado, aí foi uma delegação concedida por ele, a pedido mas foi concedida por ele, de que nós poderíamos consagrar a ele, a Nossa Senhora, a Nosso Senhor, quando ele fosse para a gruta ou quando ele desaparecesse. Ele disse: "Não quero outra coisa".

Então o que foi feito anteontem, foi dizer para os senhores: "Dêem-me os passaportes". Os senhores deram os passaportes, enfiei dentro a passagem, dei o passaporte de cada um e disse: "Está aqui a passagem e os passaportes". A essência está feita, mas acontece que os senhores não passaram pelo que eu disse hoje de manhã.

Quando é que os senhores vão passar? Eu também não sei, porque delegação para fazer uma cerimônia existe, mas o senhor compreende que é uma coisa tão séria, de uma tal gravidade, de uma tal profundidade, tal força, tal grandeza, que nós precisamos de um sinal. Sem um sinal...

O senhor dirá: "Mas qual é o sinal?"

Não sei. O sinal poderá ser qualquer um, mas que seja um sinal autêntico, patente, concreto, desses que não deixa dúvida.

Havendo um sinal, não tem dúvida.

Eu quero mais. Eu quero que o sinal seja a respeito deste em concreto, daquele em concreto, daquele outro em concreto. Nós não podemos fazer uma cerimônia coletiva “sin más”, tem que ser em concreto.

Então falta os senhores subirem no avião e chegarem a Paris. Só isto. Mas a substância já está. (...) Que Deus nos livre e guarde que um dos senhores falecesse hoje à noite. Já estão consagrados. Esse negócio do articulo mortis não existe para os senhores porque os senhores já estão nas mãos dele. Articulo periculis, não existe isso, já estão.

Evidentemente que precisaria concretizar isso de uma forma solene, clara, por onde, uma vez concretizado, aí não resta dúvida.

O senhor viu pelos termos todos da cerimônia que nós fizemos a coisa mais simples possível, se bem que foi feita a essência. Mas essa essência comporta cada acidente!...

A figura central do quadro está pintada. Falta pintar o resto e pôr a moldura.


(...)


(Tokura: [...] Como o senhor nos consagrou ao Sr. Dr. Plinio, como seria esse tratamento de escravo para escravo, como se fosse um Plinio para outro Plinio? E também essa pergunta: como seria uma cerimônia da SE na "Bagarre"? Sobretudo sendo o Reino de Maria o alicerce onde permaneceria a SE, o cortejo de abertura do Reino de Maria certamente seria com cerimônia da SE.)


(...)


Eu vejo que a Providência vai fazer conosco mirabilia. Nós vamos passar por maravilhas na linha do sobrenatural que nós não imaginamos, nós não fazemos idéia. (...) Quem de nós podia imaginar que fosse feita a consagração anteontem? Nenhum de nós. Quem podia imaginar que nosso Pai e Fundador ia morrer como morreu e que viriam tantas graças como estão vindo? Ninguém podia imaginar. Mas isso é apenas o começo, é apenas o preâmbulo.

(...) Por exemplo, eu imagino numa hora nossa de aflição todos nós rezando, (...) nós estamos num salão qualquer e ouvimos alguém que bate, mas de uma forma diferente. (...) É Enoc e Elias. Chega Elias e diz: “(...) Nós viemos aqui porque chegou a hora. Nós aqui vamos agora proceder --e nós temos essa delegação-- à consagração de todos os que estão aqui individualmente e vamos mudar o nome de todos. A cerimônia deve ser assim e assim”.


(...)


(Amorim: Esse passo que o senhor deu, nos pegou pela mão para fazer a Consagração. Para o senhor ter feito aquilo, evidentemente, o senhor discerniu alguma graça, que era o momento de fazer. Por mais que não seja a cerimônia em si, (...) Para dar esse passo, o senhor sentiu uma graça. A gente vê que o senhor é assistido por essa graça. Não sei se é possível perguntar para o senhor, como nosso Pai e Fundador tem agido no íntimo da alma do senhor.)


(...) Eu posso dizer ao senhor o que é que aconteceu naquela noite. (...) Eu já tinha visto as graças que tinham sido dadas na recepção de hábito, as graças que tinham sido dadas na recepção de capa. Com estas graças ainda que foram dadas nessa reunião de domingo, eu disse:

- Olha, eu não sei o que é que vem pela frente. Daqui a pouco eu vou viajar. Pode ser que durante minha viagem estoure alguma coisa e é preciso que essa gente toda já esteja inteiramente posta nas mãos do Sr. Dr. Plinio. Interiormente, eu já fiz, mas uma vez que ele delegou, por que não fazer? Se você fizer, pode ser imprudência, se você não fizer você vai responder depois, pelo fato de não ter feito.

Entre a dúvida de fazer ou não fazer, de ser imprudente e ser responsável, portanto correr um risco no que diz respeito à minha responsabilidade, eu disse:

- Quer saber de uma coisa? Se houver imprudência, eu peço à Sra. Da. Lucilia que cubra com o manto dela, mas eu não quero carregar essa dor de consciência para os lugares onde vou.

Então, vamos nos lançar.

O senhor vê que não é assim: bater os olhos e de repente discernir no ar uma certa figura que então significa que a graça que está pairando sobre as cabeças e aí então... É um dilema, no qual a gente se põe e que a gente tem que pedir o auxílio da graça para resolver e que pede dessa forma e resolve dessa forma.

(...) Eu vi os meninos diante de mim. Eu vi que os meninos têm vocação mesmo, tem Tau. Vi que eles são os chamados de última hora e percebi que eles precisavam já de um estímulo muito grande, porque eles vão ser provados nos albores da vocação, nos albores do entusiasmo deles. Percebi também que para estimular os outros, era preciso dar um nome a eles que fosse ousado e que arrebatasse ainda mais os outros do que a eles. Porque no arrebatamento dos outros, eles ficariam impressionados e se deixariam arrebatar também.


Houve então, em dezembro de 1995, uma cerimônia de consagração, como escravos, de rapazes da Saúde e de sedes congêneres, através de JC.

Na ficha anterior, o derviche diz que aquilo dependeria de uma indicação da “graça”. Agora diz que isso não dependeu da “graça”, mas de um cálculo feito por ele e com vistas a “arrebatar” aos outros e despertar emulações.

Note-se que a cerimônia ainda precisa ser completada por outra, mais adiante ... Nada indica que, a segunda cerimônia, por sua vez, não precise ser completada por uma terceira. E assim sucessivamente.


*


Jour-le-jour” 29/12/95 (nos EEUU):


(Sr. Mathew Carlson: No Natal o senhor teve a bondade de consagrar todo o mundo ao Sr. Dr. Plinio. Não sei se todo o mundo aqui sabe exatamente o que aconteceu. Talvez pudesse explicar um pouco, mas aí explicar...)


Mas é que os que estão aqui também foram consagrados. Há de se lembrar disso.


(Sr. Mathew Carlson: Sim, sim. Mas não sei se eles sabem o que aconteceu.)


Todo o mundo sabe, isso circula pelo mundo inteiro.





B. Independentemente de que o SDP morresse ou não, JC teria usurpado a chefia da Sagrada Escravidão


Reunião na Saúde, 26/12/95:


Eu lhes revelo pela primeira vez que, quanto perguntei ao Sr. Dr. Plinio se ele indo para a Gruta ou desaparecendo, porque a gente não sabia como era o futuro, etc., se ele concordava em que a gente renovasse. Primeiro, para sondar um pouco, disse se ele concordava que a gente renovasse os cerimônias da SV, ele disse:

- Não quero outra coisa.

- Inclusive, se houver gente nova com graça, etc. que a gente perceba que estão preparados, poderia ser feita a cerimônia para recepção?

- Não quero outra coisa.

Quando eu fiz essas perguntas todas, já ainda antes, nos Estados Unidos --para ver a coisa de onde vem-- eu sabia que ele caminhava para a cegueira, infalivelmente. (...) Eu tinha receio que a visão dele se apagando, as cerimônias de capa, de hábito, tudo o mais, ficasse pelos ares. Então, eu lá nos Estados Unidos, criei uma situação por onde foi possível fazermos duas cerimônias, com autorização dele. Ficou estabelecido o princípio de que era possível fazer cerimônias em outros lugares onde ele não pode chegar, onde ele não está presente. Porque eu previa que de uma hora para outra --não previa a morte, isso não, posso garantir aos senhores que não-- mas previa que podia acontecer uma coisa dessas.


O Sr. Paulo Campos é testemunho que Dr. Plinio concedeu aquilo muito a contragosto.

Observe-se as razões alegadas nessas duas ocasiões: a) em setembro de 1995, receando que Dr. Plinio morresse, JC pediu para ficar encarregado da Sagrada Escravidão; b) antes disso, talvez em 1994, receando que Dr. Plinio fique cego, JC criou uma situação por onde implicitamente teria ficado encarregado da Sagrada Escravidão. Quer dizer, JC pretendia substituir a Dr. Plinio quando Dr. Plinio estava vivo entre nós e deu passos nesse sentido.





C. Em público JC disse que a Sagrada escravidão está fechada. Por debaixo do pano corre entre alguns que está aberta


Jour-le-jour” 5/11/95:


(Sra. -: O senhor disse que as portas da Sagrada Escravidão estão abertas.)


No sentido não da instituição, mas no sentido de que estando ele [o SDP] no Céu, nós podemos tomar a ele como mediador de nossa consagração a Nosso Senhor Jesus Cristo como escravos perfeitamente.


(...)


(Sra. -: Mas é preciso dar um nome, não é?)


Aí... espere, vamos por parte. O nome significa instituição, e esta não há delegação a ninguém, é só ele quem poderia dar o nome e é só ele quem poderia, neste contrato bilateral desta instituição chamada Sempre-Viva, só ele é quem poderia dizer: "Eu recebo, não recebo, de fato está preparado, tem graça, não tem graça”, como ele fez com Plinio Maria, Sr. Petersen, antes da morte. Ele não o recebeu “in articulo mortis”, já tinha recebido antes.


Na cerimônia de consagração que houve em dezembro de 1995, anteriormente referida, consta que JC deu nomes aos recipiandiários. Agora afirma que nem ele tem delegação para dar o nome.


*


Depoimento do Sr. Armando Santos, 30/6/98:


No dia 4 de outubro [de 1995], me lembro que eu estava no velório [de Dr. Plinio], na primeira fila, e chegou o Sr. Renato Vasconcelos, e começou a chorar. Imediatamente o Isoldino, que estava bem atrás de mim, o pegou, o puxou para trás -–como eu estava na frente ouvi toda a conversa dos dois-- e disse assim: “não Sr. Renato, não é para chorar, o momento é de alegria. Está tudo muito bem, as coisas estão indo bem, o Sr. João já foi reconhecido pelos mais velhos. E a coisa vai continuar. Não chore”.


Nessa ocasião, Isoldino acrescentou mais ou menos o seguinte: Não fique aflito, Sr. Renato, porque o Sr. está na lista das pessoas que vão ser recebidas na Sagrada Escravidão ...





D. Tornar-se escravo do “SDP” nas mãos de JC virou moda


1. Andreas Meran


Assim termina um relatório de Andreas Egalité, dirigido a JC, no 17 de novembro de 1995 --ou seja, pouco tempo apôs o passamento de Dr. Plinio (uma cópia foi enviada por AM ao Coronel Poli):


Tendo-me consagrado a Nossos Santos Fundadores (segundo o método de S. Luiz MG de Montfort), passei a ser propriedade deles, mas o Sr. está com o uso, uso este induvitavelmente concedido por Nosso Pae e Fundador.

Assim disponha e utilise como e quando lhe parecer melhor, para a maior glória de Nossos Santos Fundadores.





2. Nelson Tadeu


Grafonema para Sr. João Clá de Nelson Tadeu

Eremo de São Bento, 27 de Setembro de 1996 - 4:36 PMCaríssimo e Venerado Sr. João

Salve Maria!


Há dias tento encontrar um meio de exprimir tantas e tantas impressões a fim de agradecer ao Senhor a enorme graça de ter podido participar do abençoadíssimo Retiro que se deu entre as sacrais paredes deste Eremo (1).Estou certo de que o Sr. André e o Sr. Santiago já lhe terão escrito, mas de fato em muitíssimas ocasiões me perguntava se não eram meditações gravadas pelo Senhor após a entrada no Céu de nosso Pai e Fundador, tais eram as aplicações.A celebração diária de duas Missas, no início e no término do dia, teve evidentemente um papel enorme. Se em todos os Retiros isso fosse possível, não tenho dúvida de que seria de um proveito enorme. Aliás, inúmeras foram as "coincidências" entre o texto da liturgia e as meditações.

Cada um dos objetos do relicário literalmente emitia uma luz nova, e essa graça tomava cada recanto do andar superior do prédio. Até a temperatura acabou favorecendo o recolhimento.O que, entretanto, ninguém poderia imaginar é que um tal encerramento estivesse sendo preparado: numa palavra, não poderia ser mais pliniano (2). Toda a matéria dada pelo Senhor sobre o cultivo dos flashs, realmente foi uma dádiva mandada do Céu por nosso Pai e Fundador através dos lábios de seu escravo.

De outro lado, ao longo do retiro senti como nunca a necessidade de pedir perdão, de me arrepender (3), pois se tivesse aproveitado com seriedade tudo quanto me era oferecido no convívio com MS e - porque não dizer? - com o Senhor, estaria em outríssimas condições para enfrentar tantas provas e tentações (4) a que Nossa Senhora tem tido a misericórdia de submeter-me. Quantos pecados, quanta maldade e quantas misérias há muito já teriam sido deixadas para trás se tivesse abraçado a Cruz como MS sempre e sempre me ensinou!O que disse em anterior bilhete ao Senhor aqui o reafirmo: meu desejo é de que Nossa Senhora me conceda a graça de poder colocar meu passado nas mãos do Senhor, ainda que por escrito (5). Tenho a sensação muito viva de que alguns demônios só serão exorcizados definitivamente no dia em que se possa dar-se (6). E juntamente com essa "confissão geral" (7) peço que a Senhora Dona Lucília me alcance a graça de poder receber das mãos de Plinio Fernando aquelas sacrais bofetadas tão regeneradoras, tão purificadoras, tão exorcizantes (8).Tenho certeza de que a humildade de MS que habita a alma de Plinio Fernando lhe permite ver inequivocamente todo o bem que as bênçãos, os ósculos das mãos e as benditas "cruzinhas" infundem nas almas de seus "irmãos mais novos". Quanto e quanto bem ainda nosso Pai e Senhor não faria através das mãos do Senhor se nos fosse dada a graça dessas bofetadas? (9)Enfim, MS que em tudo vos assiste, inspirará o momento em que afinal isso se possa dar (10).Uma outra graça queria ainda pedir (11):O Senhor bem vê, em meio a toda espécie de misérias e maldades que carrego, quanta devastação produz a vaidade, o desejo de aparecer, e as mil concessões que tive a desgraça de fazer em matéria de pureza (12).De outro lado, o demônio do desânimo tem alcançado sobre mim muitas e muitas vitórias. Uma delas talvez tenha sido a última fase que atravessei, e da qual espero na misericórdia de nosso Pai e Senhor ter saído com este bendito Retiro.Há, porém, um ponto no meio de todo esse aranzel, infeccionado com a pata do demônio. Tenho a impressão muito nítida de que em diversas ocasiões este e. de Maria mereceria uma correção, um aperto, uma penitência ou uma chamada pública de atenção. Mas para evitar de contundir uma suscetibilidade exacerbada, o Senhor fica impedido de o fazer. E tenho muito receio das conseqüências a que isso possa acabar levando.Se não estou novamente imaginando coisas, pediria ao Senhor a caridade de "não poupar a vara" a este "seu irmão mais novo" (13). Se "o sangue" correr não será melhor? Enfim, ao Senhor foi dado o discernimento dos espíritos e o que melhor convirá fazer (14).Lamentavelmente não consigo ser sintético. E se fosse continuar a tentar o exprimir a multidão de sentimentos e impressões que me enchem a alma (15), iria roubar o preciosíssimo tempo do Senhor.

Assim, e para resumir ao máximo tantos desejos e seguir o conselho dado por MS: quero colocar-me nas mãos do Senhor como o Senhor colocou-se nas mãos dele. Que a Senhora Dona Lucilia me alcance essa graça de amar a MS como vós o amais (16). Vosso coração não é senão instrumento da Santíssima Trindade, que habita em vós, para glorificar e servir o Varão da Destra de Maria Santíssima (17). Que eu possa ser tão dócil, fiel e ardoroso escravo de MS como vós o sois: um outro ele mesmo (18).Para caminhar nessa direção vos faço uma última súplica: na vida mortal nosso Pai e Senhor vos concedia habitualmente milhões de bênçãos todos os dias.Não por merecimentos, nem de longe, nem por altura de vocação, mas por misericórdia pura e simples, ser-me-ia possível pedir-vos uma extensão desses milhões de bênçãos diárias?Creio que só assim as manchas de meus talvez milhões de pecados possam ir se apagando, os flashs recobrarão vida e poderei chegar àquela unidade com MS tão desejada por ele (19).Perdão, Sr. João, por ter lhe roubado tanto tempo. Que nosso Pai e Senhor e a Senhora Dona Lucília restaurem por completo, íntegra e definitivamente a saúde de seu uso, e o quanto antes tenhamos a alegria de poder vê-lo adentar as paredes deste sagrado Eremo.

Pedindo muitas e muitas orações, bênçãos e "cruzinhas" para todos os vossos "irmãos mais novos", despeço-meEm Plinio e Lucília

In Jesu et Maria

Nelson Tadeu


PS/ Hesitei muito se acrescentava ou não este post-scriptum. Parecia-me melhor apresentar pessoalmente a fim de evitar mal-entendidos. Mas como tenho impressão de que qualquer consulta pessoal está inteiramente fora de possibilidades, resolvi escrever, embora receie não conseguir exprimir adequadamente o que me vai na alma sobre o assunto. Confio que a Senhora Dona Lucilia conduza ao fim desejado por nosso Pai e Fundador.

Um dos pontos sobre os quais refleti durante o Retiro é relativo aos Congressos de neo-cooperadores, Encontros, etc. Com certeza o Senhor entrevê a que quero aludir: ocasiões para mandar, aparecer, falar, etc. De outro lado, não posso negar que foram ocasião também de caudais e caudais de graças, tanto nas preparações quanto nas realizações dos mesmos. O uso que fiz dessas graças já é outra coisa. Até mesmo do ponto de vista de uma certa maturidade e seriedade no considerar as coisas, uma certa noção de responsabilidade, tenho impressão de que acabou entrando na alma.

Em todo caso, e para ainda falar de outras ocasiões, creio ter obrigação de levantar mais dois pontos: a função de encarregado da disciplina e os "discursos" nas apresentações.

Quereria ser inteiramente dócil, tanto quanto o Senhor o é a MS (20), e poder deixar ou tomar essas funções com todo desapego. Se dever continuar, ser apenas um instrumento de MS, com todo o empenho e abnegação. Se dever deixar, sem nenhuma perturbação.

Tenho certeza plena de que seja num caso ou noutro, pelo fato de seguir a orientação de Plinio Fernando só poderá ser ocasião de novas graças, obtidas por MS.

Se o Senhor me permitir, acrescentaria a este post-scriptum um último pedido, na linha do cultivo dos flashs: caso o Senhor julgue possível, gostaria muito de ter as fotos de MS na cerimônia de recepção de hábitos em 78. São 4 ou 5 fotos ainda em preto e branco.

(Cfr. Texto NYJC27SB)


Comentários:

  1. Então, houve um retiro no êremo de S.Bento. Nelson Tadeu não encontra palavras para exprimir as numerosas impressões que teve aí. Ele não fala de convicções.

  2. Não fica claro qual é o fundamento para Nelson Tadeu qualificar aquilo de “pliniano”. Parece referir-se ao ambiente reinante nesse recinto.

  3. Ele propende a pedir perdão e se arrepender, movido por um sentimento, não por um raciocínio.

  4. Se ele tivesse aproveitado o convívio com Dr. Plinio e com JC, estaria mais apto para tocar adiante a vida espiritual. O relacionamento única e exclusivamente com Dr. Plinio é insuficiente.

  5. Nelson Tadeu deseja colocar-se nas mãos de JC. Anteriormente já fez um pedido neste sentido, através de um bilhete. Agora é através de um longo grafonema. E mais ou menos dá a entender que o pedido poderá ser, mais adiante, verbal e numa cerimônia.São “démarches” sucessivas, graduais e em ascensão.

  6. Ele tem uma “sensação muito viva” --não uma convicção-- de que alguns demônios serão exorcisados definitivamente no dia em for aceito como escravo de JC. Quer dizer, para progredir na vida espiritual, é preciso relacionar-se intimamente com JC.

  7. Parece que um dos quesitos para ser recebido como escravo de JC é fazer a ele, ou em presença dele, uma confissão geral.

  8. Nelson Tadeu considera uma graça poder ser esbofeteado por JC. Aquilo regenera, purifica, exorcisa. E portanto faz bem para a vida espiritual.

  9. Os discípulos de JC osculam suas mãos, lhe pedem a benção e ele desenha “cruzinhas” nas suas frontes. Isso infunde graças nas suas almas. Isso tem portanto o caráter de sacramental.

Mas se eles fossem esbofeteados por JC, suas almas receberiam maiores graças.Quer dizer, há dois estágios na vida espiritual dos adeptos de JC: no primeiro são afagados --bençãos, cruzinhas, etc.--; no segundo --e mais elevado-- são esbofeteados pelo seu “irmão mais velho”.

  1. De tal maneira Nelson Tadeu considera sagrado o momento em que afinal seja esbofeteado por JC, que acha que Dr. Plinio enviará a JC um aviso místico a respeito disso.

  2. Nelson está se dirigindo a JC enquanto mediador da graça.

  3. Nelson Tadeu confessa seus pecados a JC com a naturalidade com que recorreria a um sacerdote. JC é tido portanto, não só como canal da graça, mas também como confessor.

  4. Nelson Tadeu tem a impressão que, para progredir na vida espiritual, precisa ser corrigido, apertado, penitenciado, chamado publicamente a atenção, etc., por JC. JC fará um ato de caridade “não poupando a vara” a Nelson Tadeu.

  5. JC tem discernimento dos espíritos e saberá determinar se, com vistas ao progresso espiritual de Nelson Tadeu, é o caso de fazer correr seu “sangue”. Quer dizer que na escola espiritual joanina, por cima da fase do esbofeteamento, há uma fase na qual o adepto verte o sangue?

  6. A multidão de sentimentos e impressões que enchem a alma de Nelson Tadeu o levam a querer consagrar-se como escravo de JC. Não invoca princípios, convicções nem raciocínios.

  7. Nelson Tadeu pede a intercessão de Dona Lucilia para conseguir esse vínculo com JC. Os papeis portanto se inverteram: não é JC que conduz a Dona Lucilia, mas Dona Lucilia que conduz a JC.

  8. A Santíssima Trindade habita em JC; e utiliza o coração de JC como instrumento para glorificar e servir a Dr. Plinio. A Santíssima Trindade visa glorificar e servir a Dr. Plinio???!!! E JC é de tal maneira um canal necessário, que até mesmo a Santíssima Trindade precisa dele para glorificar e servir a Dr. Plinio? Esse tipo de teses nem nas piores seitas são formuladas.

  9. Se JC é um “alter Plinio”, o rigor da lógica leva a concluir que a Santíssima Trindade também visa glorificar e servir a JC.

  10. Única e exclusivamente através do relacionamento com JC, é que Nelson Tadeu conseguirá apagar seus pecados e progredir na vida espiritual. JC é canal necessário.

  11. Faz parte da meta da vida espiritual de Nelson Tadeu haurir a docilidade de JC.




3. Outros


Trecho de “grafonema confidencial”, “sob segredo de confissão” (difundido em grafonema circular, de 27/2/98, de autoria de Roberto Marcos Ferronatto) enviado pelo Sr. ....... a JC em fins de 1995 ou começos de 1996:


Quero pedir ao Sr. a graça de poder entrar na Sempre Viva nas mãos do Sr. (1), ou seja ser escravo de Meu Senhor Sacral nas mãos do Sr. (...) Imagino que não sou o primeiro a fazer tal pedido, pois algo me diz que já desde o 3 de outubro o Sr. já tem recebido pedidos como este. (2). De fato estou bastante atrassado, o que mostra minha sabuguice (3), e por isso necessitado mais ainda da misericórdia do Sr. (4) (...) Também peço as preciosas bençãos e orações do Sr.


Comentários:

  1. A “graça” de tornar-se escravo de “Dr. Plinio” é concedida, não por Dr. Plinio, mas por JC?

  2. Houve portanto uma “onda” nesse sentido.

  3. O que mostra o sabuguismo de um membro do Grupo, não é sua desvinculação de Dr. Plinio, mas de JC?

  4. Não pede a misericórdia de Nossa Senhora nem de Dr. Plinio, mas de JC.


*


Nos Estados Unidos, em fevereiro de 1996 --quatro meses depois do falecimento de Dr. Plinio--, enquanto JC fazia uma reunião, recebeu um telefonema da Espanha. A certa altura da conversa, JC disse a seu interlocutor:


Diga ao Sr. Octávio Almendros que não lhe posso atender quanto à Sempre Viva, tem que esperar (...)

(Cfr. “Jour-le-jour” 6/2/96)


Se Octávio Almendros aguarda, JC o recebe na Sagrada Escravidão. A recepção portanto não depende da graça, mas do tempo.


*


Jour-le-jour” 15/11/96:


Acabo de receber uma carta dele [Luis Antônio de Paula] que o senhor me trouxe, toda lacrada, toda fechada, eu tive que meter a tesoura dentro para poder abrir a carta de tanto ... Eu abro a carta: "Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, pelas mãos de Maria, da Sra. Da. Lucilia, do Sr. Dr. Plinio e do Sr. João Clá". [Risos]


Não se trata de uma consagração a Dr. Plinio pelas mãos de JC, mas a Nosso Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Maria, da SDL, do SDP e de JC. No primeiro caso, JC seria mediador em relação a Dr. Plinio; no segundo, é colocado “taco a taco” junto com Dr. Plinio e Nossa Senhora.


*


O Sr. Reinaldo Ferreira Mota (cfr. relatório do 24/11/97), presenciou, no mês de agosto de 1997, uma pessoa do êremo de Amparo redigindo uma consagração a Nossa Senhora pelas mãos de JC.


*


Em 16 de fevereiro de 1998, o Sr. João Luiz Vidigal encontrou-se em Lisboa com Roberto Marcos Ferronatto. No meio da conversa, este último declarou ter-se consagrado como “escravo do SDP nas mãos do Sr. JCD”, devendo a esse toda obediência e submissão.

(Cfr. Relatório do Sr. João Luiz Vidigal, de 17/2/98).


Embora Ferronatto negou ter dito isso ao Sr. João Luiz (cfr. grafonema circular de sua autoria, de 27/2/98), nos computadores da TFP Brasileira retomados pela Diretoria em fevereiro de 98, foi encontrado o texto dessa consagração (Cfr. Declaração do Sr. João Luiz Vidigal, 24/2/98).









E. O misterioso sequestro de Santiago Canals


Jour-le-jour” 6/2/96:


Eu não sei se os senhores têm interesse em ouvir o que diz essa senhora [a mãe de Santiago Canals] para os bispos e para os... É uma coisa do outro mundo! Ela faz um relato mentiroso de tudo o que aconteceu com ela e com o Sr. Santiago. Ela mente. Vejam só:


Cuando rezábamos el rosario en familia, se ponía nervioso, movía las piernas, sudaba, se levantaba para ir al lavabo, pedía agua. Nunca quiso llevar él el rosario y menos leer las letanías.

Nos hizo unas demostraciones del karate aprendido en la TFP y de como derribar a una o dos personas.

Quiso visitar el Cristo de Lepanto. Ante el altar de la Purísima, preguntó que que Virgen era aquélla. En TFP se conoce mucho la Virgen de Fátima y se tiene la visión de Fátima en un aspecto apocalíptico.

Quiso visitar también la capilla de los jesuitas en la calle Caspe, en donde se encuentra la espada de S. Ignacio de Loyola. Apoyado en el altar de la espada, pasaba el rosario con rápidez, rezando unas jaculatorias. Poco le importó la misa, a la que prestó apenas atención. Después de la misa quería quedarse ante la espada de S. Ignacio, hasta que cerraran.


Claro, ele estava sabendo que estava sendo raptado.

Finalmente logramos convencerle para salir.

Ele sabia que estava sendo raptado.

Não se entende por que razão Santiago Canals, exímio praticante de karatê --capaz de derribar uma ou duas pessoas--, que sabia perfeitamente que estava sendo raptado, não fugiu ao sair à rua para conhecer o Cristo de Lepanto e a capela dos jesuítas.

E parece que ele teve mais de uma oportunidade de escapar. Pois quando no ANSA relataram seu sequestro (1995), foi contado que andando ele com sua mãe pelo centro de Barcelona, à las tantas encontrou uma campanha da TFP nas ruas. Ele se acercou de um cooperador e lhe disse “socorro!” Perfeitamente podia ter fugido. Mas não fugiu. Por que?

O que o prendia a ficar junto à mãe nessas ocasiões, não era um fator físico, mas psicológico, exercido sobre ele por um terceiro.

A respeito disso o Sr. Alejandro Bravo perguntou a seu irmão Andrés: “Por que é que o homem foi se entregar dessa forma? É absurdo. Já tem 20 tantos anos, como vai fazer uma coisa dessas?” Resposta do joanista Andrés Bravo: “não, o Sr. Santiago Canals tinha que fazer isso, há uma questão que eu não posso contar, que o Sr. João contou sub grave na Espanha, por onde ele não tinha outra coisa a não ser se entregar”. Quer dizer, devia haver pelo meio algum rabo de palha grosso, ou alguma ameaça brutal, para que ele se entregasse.




VIII. A “graça” nova e seus correlatos


A. Depoimento insuspeito da permanência de JC nos Estados Unidos, em setembro de 1996

Grafonema de Humberto para os Eremitas de São Bento e Praesto Sum *** CONFIDENCIAL - CONFIDENCIAL - CONFIDENCIAL *** Hermitage Sedes Sapientiae, 08/9/1996 - 11:28 PM


(...) Por volta das 10:00 horas o Sr. João tomou o café da manhã. Poucos eram os que estavam presentes. (...) Afirmou também que as graças das apresentações são uma pequena amostra das graças de conversão que veremos no início da bagarre cruenta. (...)

O almoço foi todo conversado, sobre os temas mais diversos, com afirmações curtas e muita graça de convívio. Tratou-se de tudo e de nada ao mesmo tempo. A vontade era mesmo de ficar somente venerando em silêncio. Mas como poderia parecer um pouco estranho para alguém que passasse, as palavras saíam aos poucos, suavemente, comunicando o pensamento muito menos que os olhares... (1)

De passagem digo que infelizmente não tenho aqui o mesmo acesso a ele que nos outros países, pois as refeições em conjunto no êremo, bem como o silêncio, às vezes nos impedem de tomar conhecimento de todos os detalhes de seu dia-a-dia (2). Enfim, continuemos.

Como está tomado pela gripe e não querendo mudar muito de temperatura, nem pegar ventos, para surpresa de todos não pode comparecer à cerimônia realizada no final da tarde. Isso fisicamente, pois muitos comentavam depois que sentiam o Sr. João vivamente em todos os cantos da capela e que se ele não estivesse ali presente não teria havido nem metade das graças que houve. De fato foi uma das cerimônias mais abençoadas que já assisti (3). (...)

A ceia também foi muito abençoada com conversas todas na linha da graça nova. Não há pessoa que deixe de perguntar como são os cumprimentos em São Paulo, como se faz, como se pede, como se agilizar os fatos... (4). Bem no final do banquete chegou a notícia para alguns, que os três eremitas que estavam servindo o Sr. João haviam recebido a benção dele (5). Sorrateiramente um a um foram se levantando os componentes daquela mesa. Ao chegarem junto à porta da sala de refeições do Sr. João perceberam que ele já havia entrado para o escritório e na companhia do Sr. Mário e do Sr. Fragelli. Ficaram então aguardando a saída dos mesmos para também pedirem a benção e outras coisas mais (6). De repente ouve-se a escada tremer e uma multidão subindo às pressas (7). Era o plano que estava descoberto (8). Literalmente quase arrombaram a porta do quarto do Sr. João. Após uma cantoria que fazia lembrar Miracema, lentamente a porta se abre. Por pouco que mais uma alma santa não sobe também aos céus. Após muito empurra-empurra (9) consegue sentar-se sobre uma cadeira de sua mesa de refeições. Fez uma palavrinha de 20 minutos aonde contou o que havia feito no período da tarde. Era interessante ver como todos o ouviam mas no fundo o que queriam era cumprimentá-lo e por outro lado ele, com a "experiência da vida", percebia aonde todos quer ... Disse ter dado um telefonema ao Praesto Sum (do qual estou ancioso em ter notícias) e que recebeu 10 páginas de fax de todas as partes do Brasil, contendo inclusive a carta de algum grupo de correspondentes, que nada mais era que uma das cartas da Senhora Dona Lucilia ao Senhor Doutor Plinio, com certas modificações (10). Comentou ter lido em uma revista a existência de um canal ligando Pádua a Veneza, no qual se vê incontáveis palácios da época dos Dodges, sendo este um passeio interessantíssimo que leva no total 9 horas de barco. Ao dizer isso levantou as sombrancelhas e deu um longo sorriso (11), como que a dizer que da próxima vez já tem um programa de viagem definido, em sua ida à Itália. Contou ainda que uma manifestação da bagarre no mundo é esse caos climático que está se dando em diversas regiões. Na Europa, por exemplo, chegou uma onda de frio, baixando a temperatura para 12 graus. Aqui via-se hoje farpas de pássaros que voavam para o sul, demonstrando que o inverno já está próximo. A intervenção do Moisés da Lei da Graça, por fim não há de tardar! Nessa palavrinha a sala estava tão cheia que as lentes das câmeras se embaçaram completamente (12) e nada foi gravado ... A temperatura chegou a tal ponto que o Sr. João resolveu retirar-se, pois tinha receio em piorar da gripe. Aí foi o auge do dia de festas! Primeiro pediram a benção por todos os meios. Ele só deu a da "graça velha"! (13). Pediram para cumprimentá-lo, o que ele também não consentiu (14). Então, até com os anglo-saxões, a força bruta demonstrou que às vezes é mais necessária que a força da persuasão. De tal forma nosso venerável Quidam ficou sem reação que nem teve condições de dar "proibições"... Depois de ele ter entrado, todos bradavam "fenomenal" , olhando-se uns aos outros para ver se aquilo não tinha sido um sonho, felicíssimos e quase meio levitando (15). As fisionomias estavam completamente iluminadas e todos pareciam anjos! Foi uma cena belíssima e mais uma vez demostrou como essa graça do Senhor Doutor Plinio é santamente avassaladora! (16)

Bem, amanhã é dia de médico e tenho esperanças em poder acompanhá-lo.

Pedindo orações a todos e prometendo pedir recomendações, pois parece que estamos passando de “graça velha” para “graça nova”...

In Jesu et Maria.

Humberto


Comentários:

  1. Como essa veneração em silencio à pessoa de JC poderia “sopletear” e cristalizar a alguém, JC teve que falar pelo menos alguma coisa. Mas suas palavras transmitiam muito menos o pensamento dele do que seus “olhares”.

  2. Há qualquer coisa de religioso nessa sede de conhecer pormenorizadamente todo o relativo a JC.

  3. Embora JC não comparecesse à cerimônia, muitos “sentiam vivamente” sua presença “em todos os cantos da capela”, a tal ponto que, se ele não “estivesse ali presente”, não teria havido “nem a metade das graças que houve”.

Do Santíssimo Sacramento, presente num local, entende-se que irradie imponderáveis; também se entende de uma pessoa particularmente unida a Deus Nosso Senhor ... ou particularmente unida ao demônio.

  1. Enquanto nos EEUU os agentes de JC apontavam ao Brasil como modelo da “graça nova” --isto é, o culto tributado a JC--, no Brasil apontavam para os EEUU como paradigmas da mesma “graça”...

  2. Aquilo constituiu “notícia para alguns”, para outros não era novidade. Quer dizer, em matéria de “graça nova”, uns estão mais adiantados do que outros. Estes mais adiantados muito provavelmente foram os mesmos que ensinaram os outros os primeiros passos do ritual.

  3. Esperaram que saíssem as autoridades da TFP Americana, para cultuarem a JC, pedindo-lhe a benção “e outras coisas mais”...

  4. Numa primeira etapa, só 3 eremitas veneraram a JC. Depois foram os componentes da mesa. E numa terceira etapa, a multidão.

  5. Plano? A revelação gradual dos ritos da “graça nova” a levas cada vez mais numerosas de pessoas obedecia a um plano? Aquilo foi induzido? A frase “o plano foi descoberto”, parece indicar que a terceira leva se precipitou antes da hora.

Aliás, quem foi o autor do plano?

  1. Essa multidão que subiu às pressas a escada, fazendo-a tremer, que perante o quarto de JC cantava e tentava arrombar a porta, e que no quarto de JC se empurrava muito, realmente lembra os episódios de Miracema, como também das apresentações do coro e da fanfarra. É a mesma barbárie.

  2. JC falou durante 20 minutos de seu dia-a-dia, auto-promovendo-se.

  3. Os joaninos estão atentos até mesmo ao movimento das sobrancelhas e à longitude do sorriso de seu senhor. O que diz respeito à opinião pública e à luta RCR, nem de longe lhes interessa tanto.

  4. Esse ambiente, repleto de gente e com pouca ventilação, também lembra uma das visitas de JC o Norte Fluminense, onde transpirou tanto que seu hábito, de tal maneira estava umedecido, que podia manter-se em pé sozinho.

  5. Pediram a benção por todos os meios”: quais são esses “meios”? Uns pediram a JC a benção de joelhos, outros prosternados. Qual é a benção da “graça velha”? É aquela que JC dá invocando a Dr. Plinio? Então a benção da “graça nova” é a que JC outorga sem precisar invocar a Dr. Plinio?

  6. A levar em consideração o culto tributado a JC na Colômbia, em janeiro de 1998, a palavra “cumprimentá-lo” aí pode significar: abraçá-lo, oscular seu coração, oscular seus pés, ou tudo isso junto.

  7. Quem empregou a força bruta? JC bateu nos jovens? ou os jovens bateram em JC? Na primeira hipótese, como explicar que os jovens, depois de terem sido golpeados, exclamem “fenomenal!” e aparentem estar felizes?

Olhavam-se uns aos outros, porque embora cada um sentisse “ad intra” repugnância por aquilo, “ad extra” temia discordar do que imaginava ser a opinião do conjunto. Daí o fato de aparentar felicidade.

O seguinte depoimento do Sr. James Dowl, durante uma reunião feita por Dr. Luiz, nos Estados Unidos, pouco depois do 15/10/96, elucida o fenômeno:

Este EM se convenceu de que deveria pensar, analisar as coisas e chegou à conclusão de que ele [J] estava errado, mas demorei muito. Pensei que estava sozinho, que o Sr. Mário Navarro, Sr. Luiz Antônio Fragelli, todos estavam a favor do Sr. JC e pensei ‘eu estou fora dessa coisa’. (...) Eu tinha medo de dizer às pessoas que eu achava que ele estava errado, achava, não que seria expulso do Grupo, mas tratado com desprezo por todos”.

  1. Realmente, a pressão do pátio é muito avassaladora, inclusive pode escravizar o

indivíduo.





B. Cerimônia do lava-pés


Reunião na Saúde, 25/2/97:


Quando a gente entra para o Grupo, quando a gente está no começo da vocação, a gente tem, em relação aos outros, uma admiração impressionante: a gente olha para este e se encanta, olha para aquele e encanta, olha para aquele outro e se encanta. Todos parecem para nós, santos. E são, hein! São mesmo. A gente tem vontade de ficar contemplando os outros.

De repente a gente entra num êremo e vê um cortejo: "Ahhh, olha, um cortejo!" Depois a gente olha para este, olha para aquele e diz: "Puxa, todos santos!" E é a visão verdadeira, essa é a visão real.

Então, nosso trato deveria ser um trato em função dessa admiração que nós temos pelos outros, enquanto reflexos de Deus. Aí, se o senhor faz uma genuflexão, se o senhor faz um "lava-pés", se o senhor faz o que seja [como cerimonial], isto é secundário; o que é primordial é esta impostação de espírito, por onde a gente analisa cada um.


Comentário:

No que consiste “fazer um lava-pés”? Será que entre os adeptos da seita joanina, uns osculam os pés de outros? Nessa hipótese, cabe perguntar quem serão esses “outros”: os mais entrosados? só JC? Não se sabe. E aqueles cujos pés foram osculados, depois, em reciprocidade, osculam os pés dos que lhes prestaram essa “homenagem”? E por que aquilo é uma cerimônia? Terá algum caráter religioso?





C. “Conversas da meia noite”


Assim termina o grafonema enviado por Humberto Goedart e Mathew Schribler, em 20/10/96:


Bem, a adoração [do Ssmo. Sacramento] já está terminando e tenho que voltar ao programa [do eremo]. Pedindo mais uma vez perdão no atraso da resposta, mas lembrando que estou sempre rezando pelo senhor, despeço-me com muitas saudades das conversas da meia-noite.


O que serão essas “conversas da meia-noite”, das quais Humbeto Goedart tem “muitas saudades”? E por que se realizam nesse horário?

D. JC afirma que, se estivesse em Lourdes e fosse tocado pela graça, o demônio o poderia iludir, fazendo-o acreditar que as graças vinham através da imagem de Nossa Senhora


Numa estadia na França, enquanto discorria sobre as virtudes teologais, às tantas JC disse o seguinte:


Eu, por exemplo, vou a Lourdes, sou tocado por uma graça, resolvo ficar ali rezando um terço junto com o pessoal e resolvo fazer a consagração ali na gruta à noite com o pessoal.

O que é isso? Uma virtude, virtude da fé, virtude da esperança, virtude da caridade.

Fé porque eu creio que Nossa Senhora apareceu realmente ali; fé porque eu discirno que está ali uma presença sobrenatural; fé porque eu sei que meu pai e meu senhor que está no Céu gostaria de estar ali se ele estivesse vivo. Estando no Céu está ali e quer que eu esteja, e eu vou ali, então, por causa da fé.

Esperança porque eu tenho a esperança de que com aquelas orações que eu faça vou obter as graças que estou pedindo.

Caridade porque eu tenho um tal amor por meu pai, por meu senhor, por Nossa Senhora de Lourdes, que eu faço aquilo com carinho, com afeto, com apreço.

Eu olho para o lugar da imagem e a imagem não está, está a gruta vazia. Eu, então, concebo a idéia, que me vem da fé, vem da esperança, vem da caridade, de que a imagem foi retirada dali para um conserto, mas que coincidiu com a minha ida, que, portanto, tem relação com a minha ida, e se a imagem foi retirada, foi porque meu pai e meu senhor quis que ela fosse retirada para que eu tivesse noção da presença dele mais intensa ainda do que se tivesse a imagem, porque se tivesse a imagem o demônio ainda me iludiria que aquelas graças vinham da imagem e não do ambiente e da presença dele.

(Cfr. “Jour-le-jour” 20/1/96)






IX. Analogias com as seitas de assassinos?


Trecho do programa de uma cerimônia, encontrada no computador que Célio Casale e Walmir Bertoleti --eremitas de São Bento-- usavam na “torre” da Avenida Angélica. Texto JDWB17SB.NT:


IV- Primeira marcha

V- Incensamento:

Maldito aquele que não ensangüenta sua espada.

Emitte gladium tuum et extirpantur, et renovabis faciem terrae.

Contra toda a carne foi desembainhada esta espada e não voltará à sua bainha.

VI- Segunda proclamação:

PCO, gládio exterminador: repleto de todas as cóleras sacrossantas, vos transformais em fogo devorador da Revolução de seus infames sequazes.

PCO, gládio que multiplica ruínas: a onipotência de vossa intolerância aterroriza, desbarata e destroe de forma definitiva o maldito império de satanás.

PCO, espada reluzente: pela manifestação de vossa imensa grandeza, encadeais no inferno a demônios e precitos.

PCO, espada forte e poderosa: em vosso aço reunis a força avassaladora dos séculos de intransigência e o poder invencível do próprio Deus.

PCO, gládio inflexível que rompeis cetros e potentados com a sabedoria de vossa ação demolidora.

PCO, gládio afiado e erguido que dividis a História em dois e colocais de um lado os que amam vossos fulgores e de outro os que lavarão com seu sórdido sangue, vossa puríssima lâmina.

PCO, espada limada e ponteaguda que, atingindo o cerne inimigo, o desmascara, fere de morte e o relega ao mais completo e universal desprezo.

PCO, espada polida que, pela esplendoração de vossa inocente lâmina, perfeita e sacral civilização edificais.

PCO, gládio da grande carnificina: tendo conhecido o claustro santo e maternal da SDL, por bainha só tendes o ventre de vossos adversários.

PCO, pedra de escândalo, vaso de cólera, brado de guerra, odor de morte, perfume de destruição, taça de ódio sagrado, braço do Onipotente, raio devorador, florão da divina soberania.

Que seja duplicado, triplicado e centuplicado este gládio! O gládio da grande matança, que aterroriza e faz secar os corações!VII- Segunda marcha

*

Grafonema de Filipe R. Dantas para Pedro Morazzani, narrando o dia-a-dia de JC, na Colômbia, em 24/1/98:Depois da sesta ele passou rapidamente pela sede e fez uma palavrinha de 20 minutos onde todo o fogo de sua alma estava contido: "(...) Assim como o SDP chamou o Equador de santuário da Am. Latina, eu poderia chamar a Colômbia de arsenal da América! (...) Nós passaremos para o futuro como aqueles que vingaram a Deus, aos anjos e os fiéis, até o fim do mundo. (...) Ustedes são chamados para a Santa Vingança!!!(...) Faremos a mais bela guerra da história!!! (...)”.Neste momento, do país do arsenal, o presentearam com uma adaga colombiana, que ele em seguida levantou produzindo um entusiasmo sem precedentes.

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Para os adeptos do joanismo, quanto mais propensão tenha um rapaz para matar outras pessoas, mais Tau tem. Grafonema de Carlos Insaurralde para Celio Casale:

Eremo N. Sª. del Rosario de Lepanto [Espanha], 03/6/1997 - 12:11 AMEstimado Don CelioSalve María!(...) Bueno, para acabar este prolongado GFN, le cuento que tenemos en el Éremo varios indianos, 5 enjolras de 1ª, uno de ellos al ir a Toledo, quiso comprar una daga para usar en el hábito, ya que pasará 6 meses en Praesto Sum, y antes de convencerle que esperase a volver para ver si le alcanzaba en dinero, vio una catana verdadera que le gustó tanto que se la colocó en plena calle para ver como le quedaba colocada en el cinturón. Al otro día tuvieron una reunión sobre la gracia, y este enjolras, que parece que tiene buen tao, preguntó al miembro del grupo cuando era lícito matar. Impresionante! no?

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Grafonema de 6/11/97, redigido por um joanista anônimo que acompanhava o dia-a-dia de seu senhor na Espanha. O documento foi encontrado nos computadores da TFP que os revoltados da “torre da Avenida Angélica” usavam:


Lhe foi perguntado se ele via aproximar-se algo na linha de uma "Noite de São Bartolomeu", mas ele disse que por enquanto não, mas se fõr em defesa própria não há problema pois aí não é crime.

(...) Por último ele comentou sobre um fax enviado ontem às 12:00 hs pelo FA [NB: Sr. Fernando Antunez] no qual este último se demitia da função de conselheiro e administrador do caixa do Grupo da Espanha alegando que o Grupo aqui tem atuado contra os principios dele cito apenas alguns fatos que ele expunha no fax:

- o fato do altar de Toledo ser móvel.

- de se chamar de "fumaça" aos fumaças.

- 30% dos membros do Grupo não cumprimentam aos fumaças.

- excaça [NB: escassa!] assisencia às reuniões (de quinta creio).

- excaça presença de publico na inauguração do quadro na SRM.

- exclamações em Toledo quando se cita a morte dos "provectos".

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Depoimento do Sr. Munir, 17/7/97:


Sobre o congresso de neo-cooperadores, realizado nos dias 10, 11,12, 13 deste mês, observei o seguinte:

(...) Presenciei no jantar de sexta feira que numa mesa de rapazes bem novinhos da Saúde [estavam falando] da operação de Dr. Luiz Nazareno. Esse rapaz disse que se manifestaria contente se ele soubesse que Dr. LN morreu. E um outro rapaz mais novinho que estava a frente dele na mesa, estava em pé conversando antes das orações, na refeição propriamente, então um rapaz disse para ele o seguinte: não se pode desejar a morte para ninguém. Então o outro falou: não estou desejando a morte para ninguém, estou dizendo o seguinte, se ele morrer eu vou ficar contente, porque ele que está atrapalhando a coisa no Grupo.




X. Analogias com os "grupos proféticos"?

Trechos do opúsculo 'Grupos ocultos tramam a subversão dentro da Igreja', publicado no "Catolicismo" 220-221, abril-maio de 1969, pág.8, IV,2:

[A estrutura dos “grupos proféticos”] é flexível e muito adequada para promover a subversão na Igreja.Os "grupos proféticos" são verdadeiras células, de número variável de pessoas. (...) Dessas pessoas, nem todas se põem ao corrente, com a mesma profundidade, dos fins, dos métodos e das conexões do grupo. (...)Cada célula tem contacto habitual com outras do mesmo gênero, o que faz do movimento uma imensa engrenagem de uma miriade de pequenas peças.A essa unidade funcional se soma outra, mais preciosa: todas visam o mesmo fim, ou seja, a luta de classes para impor na Igreja uma reforma desalienante.Há que mencionar ainda a uniformidade com que empregam, quer para o recrutamento, quer para a subversão, os mesmos métodos complicados e subtis. (...)Todos esses fatores fazem dos "grupos proféticos", vistos em seu conjunto, um movimento impressionantemente uno.Terão eles como expressão dessa unidade, uma direção central suprema? (...) os dados (...) tornam impossível não responder pela afirmativa. Pois não se vê como conservar fiéis a uma doutrina complexa, manter uniformes em sua estruturação interna delicada, em seus métodos requintadamente especializados, uma tal miriade de corpúsculos existentes em países diversos e distantes. Quanto maior a multiplicidade e a variedade de um todo, tanto maior a necessidade de um vinculo estrutural forte para o manter unido. (...)Por que modo essa direção central mantém efetivo e ignorado o seu poder sobre as células? As aparências, respondemos, fazem pensar em um compromisso assumido por elementos mais graduados que, eles sim, seriam postos ao corrente da existência da direção central.Qual o motivo de se manter isto em mistério? A razão é simples. Os "grupos proféticos" se apresentam como fruto espontâneo de uma chuva de carismas a animar um laicato que uma evolução profundamente natural, e também espontânea, tornou adulto. Eles não podem, pois, tomar ares de um movimento organizado por uma pequena cúpula, astuta e eficiente.