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O Anticristo já veio?


CAPÍTULO 2 - Processo DA INSURREIÇÃO

CAPÍTULO 2 - Processo DA INSURREIÇÃO 1

Frase tirada da revista “Dr. Plinio”, ano 2, nro. 13, abril de 1999, artigo “Dr. Plinio – Produto autêntico da sapientia christiana”, p.4: 69

“Dr. Plinio” acaba de transpor o limiar de seu primeiro ano de existência, contente por ter levado a cabo durante 12 meses sua finalidade: tornar mais conhecida [a pessoa de Plinio Corrêa de Oliveira]. 69

Foi graças à iniciativa e esforços de um amigo nosso muito dileto --e discípulo entusiasmado de Dr. Plinio-- que tal objetivo pode ser alcançado. A feliz idéia deste mensário ele a expôs numa reunião de integrantes da obra de Dr. Plinio em 23 de março de 1996. Circunstâncias diversas fizeram adiar por dois anos a concretização de seus desígnios”. 69

***


I. previsões de Dr. plinio


A. Estamos nas vésperas da traição


SD 3/6/94:


Nós poderíamos comparar a situaçäo da humanidade do mundo de hoje, mas näo só do gênero humano, mas também de cada naçäo, de cada grupo social, no fundo, de cada indivíduo, com uma cidade antiga, digamos por exemplo Tróia nas vésperas da traiçäo (...).

Entäo, nós poderíamos começar por dizer que há dentro de cada uma dessas entidades --Humanidade, gênero humano, naçäo, grupos sociais, indivíduos-- um cavalo de Tróia. Ou seja, há um inimigo que foi introduzido em nossa alma, ou no grupo que pertencemos, etc., etc., enquanto dormíamos, como o cavalo de Tróia foi introduzido em Tróia enquanto os troianos dormiam. (...).

Tróia era uma grande cidade antiga no Oriente Próximo (...). Ela se encontrava num conjunto de cidades que naquele tempo tinham muita importância (...) no conjunto da vida do gênero humano, pela cultura, pela civilizaçäo, por uma porçäo de circunstâncias. Entretanto, apesar do florescente, do progredido, do cheio de promessas dessas entidades, um cavalo de Tróia estava em cada uma delas. Também em cada um de nós existe um cavalo de Tróia.

O que é que é aí o cavalo de Tróia?

É o seguinte: nós temos tudo, o mundo contemporâneo tem tudo, mas no meio de tudo aquilo que ele tem, ele tem a negaçäo de tudo quanto é positivo, de tudo quanto é vida, ele tem a Revoluçäo.

E o mal que há nesta atitude, é que o homem, no caso concreto o troiano, näo quer despender o esforço de fazer um pequeno raciocínio:


"O que haverá dentro desse cavalo? Esse cavalo enorme que nos foi dado de presente, esse cavalo deve ter alguma coisa para a nossa ruína. Nós devemos desconfiar desse cavalo simplesmente porque ele existe, simplesmente porque ele nos foi dado por nossos adversários mortais, que cercam há tanto tempo as nossas muralhas, que têm provocado a morte dos nossos melhores heróis, e que visivelmente tentam incendiar a nossa cidade na próxima ocasiäo em que o vaivém da luta em torno dela proporcione isto, eles nos darem um cavalo, uma obra escultural desse tamanho, e que provavelmente dada a arte dos gregos, era um bonito cavalo, esse cavalo eles tentam nos dar até com rodas debaixo dos pés, pelo desejo evidente que levemos o cavalo para dentro" (1)


Se um troiano tivesse um espírito atilado, ele sobretudo desconfiaria (...). "Esse cavalo näo deve ter gente dentro? Se näo tiver gente, o que é que tem?" Naquele tempo ainda näo havia pólvora. Mas näo haveria alguma outra coisa nociva para os homens e que deveria acabar com Tróia? Se era presente dos gregos tinha que ter. Mas tinha absolutamente que ter. Se eles abrindo o cavalo com um valoroso serrote näo encontrassem nada dentro, o cavalo fosse maciço, de madeira, era o caso deles mandarem pedir a paz. Porque se os inimigos deles estavam fazendo um tal presente, é porque a inimizade tinha cessado. Entäo mais valeria a pena estabelecer a paz do que continuar a guerra ...

Mas ai do miserável que pensasse em paz na hora em que as circunstâncias estavam impondo guerra, esse seria um traidor da pátria.

Há muito tempo que näo leio a história de Tróia, (...) mas é plausível que tenha havido em Tróia duas correntes: uma que era a favor do cavalo e outra contrário ao cavalo.

Uma era a corrente dos otimistas e queriam ver tudo pelo melhor, pelo mais simples, pelo mais cômodo. Esses deviam achar que os gregos estavam querendo se entregar aos troianos. Ou que estavam ao menos querendo propor uma paz e que começavam as negociaçöes de paz por meio de um presente.

(...) Mas o partido do otimismo venceu. E eles cogitaram de levar os gregos para dentro. O resto os senhores conhecem: incêndio de Tróia; Priamo --o rei de Tróia, o velho rei-- que foge carregado nos ombros por Eneas (...).

Ora, o que é que há conosco?

(...) os quinta-colunas recomendam a (...) atitude fácil, a atitude mole, a coisa que näo exige esforço, que näo exige previsäo (...). Essa aí é a posiçäo psicológica, é a posiçäo de entrega que nós vemos täo freqüente em torno de nós.

(...) quem debaixo de alguns pontos de vista é um guerreiro perfeito, mas debaixo de outro ponto de vista é um mole que entrega a guerra diante de qualquer ilusäo, neste eu näo confio. Para ter a minha confiança, é preciso que um homem näo se entregue nunca, que näo tenha preguiça jamais, que näo lamente de estar guerreando jamais; que pelo contrário, no campo de batalha e na hora do risco, diga: "oh beleza, eu vou viver e vencer, ou eu vou lutar e morrer, em qualquer dos casos eu terei vivido como Deus quer" (2). [aplausos] (3).

(...) Isto é o que existe dentro de nós na medida em que nós näo queiramos ser de acordo com a solicitaçäo de nossa vocaçäo, filhos de Maria, feitos para o combate, vivendo para o combate e no combate, e vendo que fora do combate a vida näo tem razäo de ser. [aplausos]


Comentários

  1. Não é exatamente assim que as bases menos entrossadas de JC vêem o “cavalo de Tróia” que a Estrutura obsequiou a seu chefe?

  2. O parágrafo se aplica perfeitamente a JC: grande batalhador durante uma época, mas que depois, na hora do risco, entrou em negociações com a Estrutura.

  3. Quem aplaude é o público habitual dos Santos do Dia: eremitas de São Bento e Praesto Sum, bem como enjolrras da Saúde. Joanistas portanto.







B. “As coisas caminhavam para azedar de um modo muito grave” - “Muita coisa anda mal onde estava habituado a ver que andava bem”


MNF 2/12/94:


Essa distinção entre nós e o mundo é o que há de mais essencial, importante, não há dúvida nenhuma. Mas que na medida em que nós estamos com os nossos defeitos pouco distanciados do mundo, nós somos de algum modo partícipes do mundo e, portanto, também objeto de algum modo dos castigos do mundo (1). E acho que a correr a coisas como estão, a TFP talvez sofra algumas lascas ou algumas centelhas do castigo do mundo. E não me espantaria demasiadamente isto.


(...)


Na nossa história há dois episódios.

Um episódio é [que] nós na nossa infância e na nossa inocência já éramos chamados e tínhamos começos de vocação. (...) Seria exagerado levar a amabilidade a ponto de dizer que todos nós a partir desse momento tivemos uma fidelidade ininterrupta à vocação, seria um exagero muito grossão até. Acontece que nós, portanto, tivemos um chamado e recusamos.


Depois veio o segundo chamado que nos tirou do pântano e chamou para a TFP. A este segundo chamado nós respondemos com outra meia infidelidade. Para falar só em meia, que eu acho que é uma expressão também amável. É uma infidelidade muito grossa.

No meu modo de entender --eu naturalmente vou-me abrir aqui e falar mais do que costumo falar-- as infidelidades foram crescendo com o tempo. Em vez de, pelo contrário, diminuírem com o tempo e crescer a inocência, foram crescendo as infidelidades e foi diminuindo a inocência.


A profecia do Pe. Palau chegou-nos no momento em que as coisas caminhavam para azedar de um modo muito grave (2). Constituía para mim uma preocupação “nocte et diae” e era atenuada pelo fato da confiança, graça de Genazzano, etc., sem o que eu não agüentaria. Veio esta terceira chamada, que é a chamada do Bem-aventurado Palau. Quantas chamadas Nossa Senhora está disposta a suportar?


(JC: É, esse é o problema. Até onde vai, não é?)


Eu não sei. Eu não sei, não sei, não sei. A tal vinda pressuposta de Elias, esta vinda é uma vinda que eu pressuponho saneadora de um passado que sem um grande ato de misericórdia acompanhado de manifestações de justiça tremendos não resolve o nosso caso.


De maneira que haveria, então, uma espécie --é tudo hipóteses porque eu não tenho prova de nada do que eu estou dizendo-- de um primeiro castigo, um primeiro feeling, a trovoada, e muito grosso. Depois Deus veria como é que a esta última chamada nos reagíamos, e então nos selecionaria (3). (...)


(Dr. Adolpho: Só para compreender melhor a coisa. Por que é que o senhor achava que antes do Beato Palau a coisa estava chegando num estado ...? Porque dir-se-ia que com a difusão do livro [da nobreza] toda a TFP tinha adquirido uma espécie de entusiasmo, executando a obra muito bem, quer dizer, havia um trabalho uníssono com o senhor que dava a impressão das coisas estarem indo bem. Por que é que o senhor acha que a coisa estava piorando?)


Pelo seguinte: A graça que o Livro estava produzindo era uma graça que tinha qualquer coisa de efêmero. Ela levantava os entusiasmos, mas bastaria a gente passar dez dias --se tanto-- sem falar do Livro e todo o mundo se esquecia. Esquecia para voltar ao ponto que estava anterior ao Livro.


(Dr. Adolpho: O senhor acha que estava continuamente piorando?)

Continuamente piorando, essa é a minha impressão. Para exprimir o meu pensamento na íntegra nós não podemos pensar na TFP como sendo só nós. Fazem parte do comboio os enjolras todos, tudo isso é a TFP.

(JC: É no mundo inteiro, no mundo inteiro).

No mundo inteiro. Eu tinha razões --nem ao João eu disse o que eu vou dizer agora-- para recear que dentre os melhores da TFP começasse, à medida deles chegarem a certa idade, um certo corneamento com características psicológicas um pouco diferentes das nossas (4) ...


(Sr. G. Larraín: O senhor diz os melhores de que? Melhores dos menores ou dos melhores dos maiores ? De toda a TFP?)


Não, eu estou falando dos enjolras. E que isto desse no seguinte: que os melhores não piorassem, mas estancassem alguns tantos dentre deles. Se isto se desse, começava a contagiar os outros.


(JC: Como, aliás, foi no Grupo anteriormente).

Exatamente. Porque eles ao menos dão uma esperança de que os dias antigos não estão extintos. Na bondade de Nossa Senhora, na alegria que Nossa Senhora teve conosco e tal, os dias antigos não estão extintos. Mas tinha receio, olhando certas coisas e vendo ... Vocês sabem que eu me encontro muito com eles nos chás, etc., com coisas rápidas, mas que encontro. Naturalmente eu tenho impressão que eles não percebem que eu os analiso tanto. (...) Bem, seja com for, eu tinha muito receio de isso azedar também. Foi quando o Bem-aventurado Palau apareceu, quer dizer, apareceu o caso Palau.

(JC: É impressionante).

É natural o que eu digo agora, que chegue um momento de seleção. Eu acho que é natural, é preciso escolher, não tem remédio (...). Eu estou dizendo que é razoável que haja uma seleção. Não estou propriamente afirmando que haverá, mas digo que é razoável. E é mesmo a meu ver mais do que razoável.

Este seria o “pusillus grex”, o grupo pequeno do qual Nossa Senhora diria: "Estes sim. Com estes construirei o meu reino" (5).


(Dr. Adolpho: A Bagarre é seletiva também).

A Bagarre é seletiva.

(Sr. G. Larraín: Mas isso é pré-bagarre. Ou não?)


Isso é uma pré-bagarre seletiva para a bagarre (6).


(Sr. G. Larraín: Sim, mas seletiva dentro do Grupo só ou também fora?)

Não, dentro do Grupo. (...) não faria bem para o Grupo que isso transpirasse. Faria mal para o Grupo que isto transpirasse, colocaria as pessoas numa espécie de sobreaviso “gauche”. Na hora que Nossa Senhora quiser, Ela fará isto chegar ao conhecimento deles. Não é o momento de nós mexermos nisso a não ser internamente entre nós para determinados efeitos.

Eu creio que aí poderá dar-se também uma coisa que eu não sei bem como Nossa Senhora faria, mas poderiam dar-se substituições. Quer dizer, alguns não é propriamente que jogue no Inferno, mas Ela põe de lado, ensabugam (7) (...)


Quando começou o Fernando Gonzalo a desenvolver toda aquela leitura dele sobre aquele caso, quando aconteceu isso eu prestei naturalmente atenção -você pode imaginar- ao que ele dizia, ao mérito do que ele dizia, mas também prestei muita atenção nele e no auditório, e vi o seguinte: o auditório começou a acompanhar aquilo, no começo sem recusa nem aceitação, como quem ouve --se abriam para nós dias novos e que tudo ia ser novo. Isto, se eles abrissem bem a alma para o que eles estavam ouvindo, modificaria tudo nas almas deles.

Mas se introduziu no espírito deles uma qualquer voz ruim que dizia no espírito deles o seguinte: "Não é bem assim. Está no sentir meu da ordem atual de coisas --dizem eles, não sou eu-- que ela tem uma espécie de felicidade terrena intrínseca que a protege contra qualquer derrubada colossal, qualquer catástrofe imensa etc., que ela está vacinada. Há uma qualquer coisa nela que faz com que Deus a mantenha incólume. Esse pessoal aqui não percebe, e vive falando de Bagarre, não sei o quê, não sei o quê. Eles não vão “saisir” isso, eles não apanham essa incolumidade dessa ordem de coisas, de maneira que entre nós e eles existe isto de cortado: é que eu acho que nós somos imortais --dizem eles-- e eles acham que nós somos mortais" (8).

Essa posição foi-se endurecendo à medida que a leitura foi-se fazendo. No fim, estava completamente endurecida na seguinte posição: "Eu não recuso o que o Beato Palau disse, não tenho em relação a ele nenhuma resposta irreverente, nenhuma recusa com insolência; mas se eu já percebo que ele anda bem diante disso, tudo isso direito etc., eu percebo também que entre nós há um gérmen de bondade, um gérmen de saúde nas coisas da Revolução (9) que farão com que os últimos extermínios não se darão. Portanto, eu vejo que o que Beato Palau diz vem de Deus, mas acho que é preciso conciliar com outra coisa que vem de Deus, que é esse sentimento interior de invulnerabilidade do segredo (10)".

Então ficou uma espécie de amálgama entre a recusa e a aceitação muito ao gosto deles (11). (...)


(D. Luiz: O Beato Palau diria que isso já é uma possessão coletiva pelo mantenedor, não é?)


É, eu acho que tem qualquer coisa do mantenedor dentro disso, mas é posterior a nós termos feitos a nossa recusa. Nós recusamos e o mantenedor entra (12).


Comentários:

  1. A Revolução Joanina se resume em três palavras: abertura ao mundo. Daí sua participação naquilo que o mundo hodierno tem de caraterístico: o democratismo, o igualitarismo, o feminismo, o ecumenismo e o pentecostalismo.

  2. A série de reuniões sobre as profecias do Beato Palau foram em outubro de 1994.

  3. Esse primeiro castigo, muito grosso, após do qual Deus nos selecionaria, não terá sido o passamento de Dr. Plinio? Note-se que, os que tomaram o partido de JC na revolta, são praticamente os mesmos que aplaudiram, gritaram “fenomenal” e propuseram cantar o “Magnificat” quando Dr. Plinio morreu; e os que não tomamos o partido de JC, somos os que ficamos chocados, entristecidos e choramos quando Dr. Plinio faleceu.

  4. Esse corneamento com caraterísticas novas, não corresponde ponto por ponto ao endurecimento totalmente irracional que os enjolrras joanistas manifestam nas atitudes disparatadas que vem tomando ao longo da insurreição?

  5. Uma vez operada a seleção, ficaria um grupo pequeno. Os que não prestam seriam portanto a maioria.

  6. A seleção operar-se-ia antes da Bagarre Vermelha propriamente dita.

  7. Esses que ensabugam, antes desse momento não eram sabugos, eram portanto “fervorosos”, “radicais”, “arqui Plinios”...

Aí há um corte, mas foi narrado por Andreas Meran no "jour-le-jour" 4/12/94:

"Na grande batalha, todos os que iriam ser cavaleiros, de repente alguns passam a ser escudeiros. Eles que eram chamados a ser cavaleiros, passarão a trabalhar nas estrebarias lavando os cavalos sendo [inaudível] e coisas desse gênero e os outros entrando na batalha, na guerra e ouvindo os canglores da guerra. Todo mundo era chamado a ser guerreiro, mas alguns vão ficando nas estrebarias. E, depois, nas estrebarias, entre lágrimas, vão começar a limpar os cascos de cavalos escovando com uma escova forte, enquanto, de longe, se escuta os canglores das batalhas. Isso aqui é uma filosofia dos fatos".

  1. Os que ensabugaram e prestaram ouvidos à voz do demônio, acreditam que a atual ordem de coisas --o mundo-- , é imortal. Daí seu “aggiornamento” e sua reculsa aos “rumos antiquados” (Cfr. Carta Hagop aos Bispos) que a Diretoria da TFP vem seguindo.

  2. JC aproximou-se da Estrutura baseando-se nos germes de “saúde” que nela vê.

  3. Essa espécie de ecumenismo entre a a voz de Deus, que diz que o mundo vai ser destruído, e a voz do demônio, que diz que o mundo é invulnerável, não correspondente à posição ecumênica de JC perante o mundo contemporâneo e sobretudo perante Jezabel?

  4. Portanto, não se trata dos cooperadores que rejeitaram abertamente as graças do Beato Palau, mas de um veio numericamente maior, que em parte aceitou essa graça e em parte a recusou.

  5. Após da recusa, os que incorreram nisso, ficaram possessos?


*


Depois dessa reunião do MNF, no mesmo dia Dr. Plinio continuou desenvolvendo o tema no almoço, ao qual Andreas Meran assistiu.

"Jour-le-jour" 19/1/97, parte II:


Dia 2 de outubro de 94. Esse almoço é muito interessante, (...) o principal do almoço perdeu-se no que diz respeito à gravação. Mas o Sr. Andreas Meran tomou notas durante o almoço e [conta que Dr. Plinio disse]:


Tudo isso parece significar que para esse longo período de contemporizações veio um basta.


Ou seja, contemporizações dele para conosco, da Providência para conosco, essas contemporizações todas tiveram um basta.

Chegou o momento em que Deus exige atitudes.Eu fui muito claro [na RR de ontem], eu lancei claramente uma maldição para os que fazem com negligência o serviço de Deus. Já nas outras reuniões eu fiz isso.

Tenho impressão que o demônio está tentando contra nós o que ele lançou individualmente contra Jó. Ele está tentando para o mal muitos dos bons. Eu nunca antes lancei uma maldição interna assim e nessa última RR eu fiz isso. Eu fiz isso porque eu senti que os bons estavam sendo tentados pelo mal.

Lancei a maldição porque me dava o receio de que muita coisa anda mal onde estava habituado a ver que andava bem (1). (...)


Aparte: na guerra há um princípio de código penal, um para a paz e outro para guerra. O Sr., Dr. Plinio, teria por assim dizer mudado para a guerra esse código penal?

Exatamente isso, eu mudei o código penal para a guerra, dentro do Grupo.


Comentário:

  1. Clara referência de Dr. Plinio a JC e aos êremos S. Bento – Praesto Sum.


*


No 24 de maio de 1995, dia da morte do Sr. Horácio Black, Dr. Plinio prevê uma renovação: gente que se vai, outros que se afundam, outros que sobem, pessoas que se voltam contra a ordem ... Narração do insuspeito JC ("jour-le-jour" 17/9/95):


Nesse dia houve um jantar. Jantar que eu não posso transmitir aos srs. na sua totalidade, por ser ele confidencial em vários de seus pontos. Mas eu dou o que o Senhor Doutor Plinio comenta a respeito do sonho que ele teve a respeito da morte do Sr. Horacio.


SDP: Eu estava deitado em minha cama fazendo sesta...

O sonho mostrava ele em Amparo com aquelas toras que tem o teto do quarto dele.

... e assim entre acordando e dormindo eu ouvi rangerem todas essas traves que suportam o teto do meu quarto, mas como se rangessem porque umas forças dentro delas se voltavam contra a ordem ... enfim, vamos dizer que elas eram voltadas assim e passavam a ser assim, uma coisa dessas. Um ranger horrível.

Daí a pouco batem na porta: "Morreu o Sr. Horacio Black e queríamos saber o que fazer". Pouco depois!


Aí vêm uns comentários parâmicos...


E exatamente eu me perguntei se essa torção no teto com a morte do Horacio Black não tinha algum significado nessa direção:


Palavras ipsis vocabulis do Senhor Doutor Plinio:


"Prepare-se porque tudo isso vai ser renovado".


Numa conversa com os eremitas de São Bento e Praesto Sum, “Confidencial”, em 3/9/95, Domingo, JC fornece mais dados a respeito disso:


O Senhor Doutor Plinio estava fazendo sesta. Sonhava ele que estava no quarto de Amparo. O quarto de Amparo tem umas vigas no teto. E que havia um ruído esquisito, que dava a impressão de que as vigas estavam sendo retorcidas. Ele diz: "O que é isto?" Quando D. Bertrand bate à porta do quarto dele na Alagoas, entra e diz: "Dr. Plinio, o Horácio acaba de morrer." O Sr. Dr. Plinio diz: "Mas o Horácio?" Aí ele deu a interpretação depois. Qual é a interpretação?


(A. Meran: Ele dizia: Será que isto não significa que haverá uma grande renovação?)


Dentro do Grupo. Mudança de quadros. Gente que se vai, outras que se afundam, outras que sobem...





C. “As coisas” caminhavam para uma cissão, para uma possessão coletiva e para uma insurreição coletiva


Conversa de JC com os novatos da Saúde, 18/10/94:


(Fernando Luís: Sr. João, o Senhor Doutor Plinio havia dito numa conversa com o Cel. Poli que com a aproximação da "Bagarre", como que Deus ia permitir que o demônio tentasse mais os membros do Grupo, não é? E que o Senhor Doutor Plinio está preocupado com uma desunião que talvez haverá no Grupo (...).


*


Despacho 13/10/94, sobre o Beato Palau:


(Sr. Guimarãens: (...) Eu gostaria de perguntar se o Sr. Fernando Gonzalo teria alguma descrição do Pe. Palau de exorcismos coletivos que ele fez).


(Fernando Gonzalo: (...) ele diz que o exorcismo para o possesso não é só uma batalha da Igreja para fazer bem a uma alma ou a uma família, é uma batalha que tem repercussão em todo o corpo místico do demônio. E como a Igreja Militante tem que exercer o exorcistado como a vanguarda do seu exército para travar a luta contra o corpo místico nos energúmenos. Não é só a questão de curar doenças, é a luta militante contra o corpo místico do demônio).


(...)


SDP: Se isto é verdade, então é certo que o demônio não tem meio mais eficaz para infestar e para perder do que a TFP.


(JC: E que, portanto, a ação do demônio sobre a TFP não é pequena).


Não é pequena. E nós devemos estar muito desconfiados de que de algum tempo para cá essa ação entrou numa fase mais ativa, mais decisiva e que exige de nossa parte que nós concordemos em discernir isto, primeiro ponto; e, em segundo lugar, odiemos isto, portanto, quase que por uma espécie de direito natural de legítima defesa, cada atacado tem o direito de se defender.

Se tivéssemos à nossa disposição exorcistas, deveríamos recorrer a eles. Não tendo, pode se perguntar se o nosso anjo da guarda não tem poder exorcista aos quais nós devemos recorrer.


(...)


(Sr. Gonzalo Larrain: O senhor diz pedir esse auxilio para cada um ser defendido dos próprios ataques que sofre dos demônios, mas também contra outros, não é?)


Também, também.


(Sr. GL: Se uma, por exemplo, faz mal a um membro do Grupo, pedir que o anjo da guarda dê um jeito).


Sobretudo em fazendo mal a um membro do Grupo, porque uma coisa é a defesa que a pessoa toma de si, outra é a defesa que toma da TFP e da Causa Católica. Em se tratando de uma defesa de uma tentativa de possessão coletiva que abranja quase completamente os membros todos do Grupo, então não se poderia pedir a vinda dos exércitos celestiais?


(...) Tenho impressão que o pecado de Revolução traz consigo um certo começo de infestação, e que já para um indivíduo entrar na TFP ele teria que passar por um certo exorcismo. (...)


Há uma espécie de intercomunicação desse pecado de Revolução entre todas as pessoas, exceto aquelas que rompam completamente. Mas no completamente está o problema (1).


Há uma coisa meio parecida com certas trepadeiras que não dão nas paredes, mas dão no chão. Então você, por exemplo, planta 5 mudas disto no chão em lugares diferentes, elas vão crescendo e se tocam umas às outras de tal maneira que se interpenetram. Você vai ver, partindo de um ramo ou de um galho da trepadeira que saiu da semente A, ela de tal maneira se intercomunicou com outras, que ela passou a constituir um só com o galho da semente Z, depois da semente M, e tudo acabou numa confusão porque é tudo uma trepadeira só. Isto é o mapa da Revolução atual no mundo.


No recebimento do indivíduo na TFP há um robustecimento de uma coisa que ficou nele ou que entrou em determinado momento e que, na sua alma possuída, é um enclave da inocência inteiramente puro: aqui está o Tau. Esse enclave desperta uma reação contra a porcaria da trepadeira revolucionária parecida com a reação que Santa Joana d’Arc desenvolveu contra os ingleses: quer dizer, é para pôr fora, põe fora e a porcaria tem que sair.

Na medida em que o indivíduo recebeu esse enclave bom --o Tau portanto-- e fez um ato de amor muito puro a esse Tau, matou dentro do enclave os restos que havia de Revolução (...).


Há ocasiões em que o demônio consegue da parte de um ou dois sabugos um encolhimento do diâmetro do enclave bom. Isto produz um avivamento dos demônios em todos os outros sabugos, e pode vir a encontrar-se na presença de uma ofensiva coletiva (2) de sabugos, que tenha o valor e o alcance de uma insurreição de sabugos.


Comentário:

  1. Em outros termos, o problema está no ecumenismo, nas componendas.

  2. Aqui cabe lembrar que os joanistas atacam a TFP coletivamente, não individualmente.


*


Almoço 30/10/94:


SDP: Sabem uma coisa que me deixou muito pensativo? É o número de infestações no Vale do Roncal.


(Dr. P. Brito: No Vale do Roncal? O Pe. Palau dá essa?...)


(A. Meran: Numa aldeia 1.600 pessoas possessas).


(Dr. P. Brito: Aí a gente vê como o exorcismo é mais do que necessário, não é? Porque se naquele vale, que era um pingo de civilização cristã, havia 1.500 possessos, imagine nas cidades).


Na Quinta Avenida.


(...)


Aliás, o Beato Palau teve ontem uma frase digna de atenção. É a seguinte: "Ai dos habitantes das grandes cidades". Ele tem essa frase.


(Dr. Eduardo: E as grandes cidades do tempo dele, em 1870, não são o que são hoje).


Nem de longe. Agora, o negócio do Vale do Roncal tem um lado por onde pode ser visto que é consolador.

O Fernando Gonzalo teve o critério e a habilidade de me trazer, junto com esses documentos que ele está lendo, um álbum com várias fotografias, um álbum grosso, atinentes a essas revelações. Então ele põe nesse álbum fotografias bem numerosas do Vale do Roncal.

A gente vê e tem uma impressão de inocência, tem uma impressão favorável do Vale do Roncal. Mas, se numa aldeiazinha assim preservada isto é assim, não será porque o demônio tem preferência e lhe é tolerada essa preferência de infestar os lugares que são melhores?


(D. Luiz: É curioso que nos lugares de peregrinação freqüentemente se vê sujeitos tortos, errados, que a gente tem impressão de possessos. O senhor não teve essa impressão?)


Tive. Já me aconteceu de ver.


(D. Luiz: Em vários lugares).


E nesse caso tanta coisas que nós deploramos na TFP não será efeito de?





D. “As coisas” caminhavam para substituir a Dr. Plinio por uma pessoa que, quanto pior fosse, mais entusiasmo e maior submissão despertaria


Na CSN de 5/11/94, fazendo uma análise da situação crítica em que se encontrava o mundo e a TFP, o Senhor Dr. Plinio não deixa dúvida de que ele é o Moisés da Lei da Graça e que, em relação a ele, muitos membros do Grupo não tem interesse e propendem a revoltar-se.

Por tratar-se de assunto confidencial, Dr. Plinio não permitiu que essa reunião fosse gravada. Os trechos abaixo transcritos foram extraídos do texto composto com as notas tomadas por vários dos participantes:


Apesar de tudo fica a possibilidade de um "Pentecostes". Esse "Pentecostes" não seria apenas um Grand Retour, mas muito mais. Seria Nossa Senhora dar algo que ainda não deu. As conferências do Beato Palau seriam uma amostra.

Pelo Moisés da Lei da Graça não se interessam. É claro, isso exigiria um sacrifício muito maior. É certo que vai haver uma figura assim, e eu ficaria muito espantado de não ser eu. Eu tenho proporção com isso. Se fosse um outro ficariam perfeitamente submissos.

Em última análise, a maior figura da História. Teria a proporção de um grande Profeta. Esse não é o modo de sentir de muitos. Não é que neguem, porém não afirmam (1). Por exemplo, os comentários que tenho feito a propósito do Beato Palau, na maioria são muito bons. São coisas muito novas que ninguém disse e ninguém dirá. São coisas muito boas, porém não promovem negócios


Comentário:

  1. Mais uma vez, ecumenismo. É um ecumenismo entre negar e a afirmar que Dr. Plinio é o Moisés da Lei e da Graça.


*


Três semanas depois, na CSN 26/11/94, Dr. Plinio retoma o assunto:


Eu imagino, por exemplo, o seguinte: que as revelações do Pe. Palau em vez de falarem de mim --não falam de mim, mas, enfim, você entende o que eu estou dizendo-- falassem de outro dentro do Grupo, como daria um entusiasmo a esse outro!


(Sr. Poli: Quanto pior, mais entusiasmo).


Quanto pior, mais entusiasmo. Então daria um entusiasmo comovido, empressé: "mas é claro, imagine, eu já devia ter percebido, é isso mesmo" e viva, toda forma de submissão, tudo, tudo o que se possa querer se apresentaria. Agora, basta que fale a meu respeito que isso não produziu.

Eu analisei cuidadosamente as reações a esse respeito, eu graças a Deus não notei ninguém que deixasse transparecer dúvida sobre o fato de que as revelações do Pe. Palau se referem a mim.


(Edwaldo Marques: Já seria pecado contra o Espírito Santo).


É, a gente vê que as pessoas, mesmo as mais rebarbativas a esse respeito, concedem sem dúvida nenhuma que aquilo me concerne. Mas isto deveria trazer uma modificação de atitude afetiva, de sensação de proximidade, de confiança, de uma porção de coisas dessas.

Eu notei com cuidado; esta modificação de atitude eu não notei em absolutamente ninguém, mas absolutamente.

Quer dizer, o efeito que essas revelações tiveram foi de cimentar, de abrandar uma porção de pequenas ou meias dúvidas que havia a respeito do conjunto das teses que o Bem-aventurado Palau consolida, isto sim. E naturalmente isto faz um certo bem para a alma. Um bem que sob certo ponto de vista é até precioso, mas daí às conseqüências lógicas que se poderiam inferir absolutamente não. Não, não e não, e está acabado.


*


Na ceia de passagem do ano 94 para 95, o Senhor Dr. Plinio também deixa claro que ele é o Moisés da Lei da Graça, mas que há pessoas dentro do Grupo que desejariam ser dirigidas por outrem.

Respondendo a uma pergunta sobre o Beato Palau e a via profética da TFP, o Senhor Dr. Plinio divide em duas partes sua luta: a primeira seria a denúncia profética feita por ele durante mais de 50 anos e cujo acerto se verifica com o cumprimento de suas previsões; e a segunda seria o poder que a Providência lhe daria para conduzir os acontecimentos durante a Bagarre propriamente dita.


O Bem Aventurado Palau descreve uma série de acontecimentos. E esses acontecimentos que se deram depois de ele morrer sem que ele pudesse conhecer nada --portanto profecia clara-- desfecham na previsão de uma coisa que terá sua probabilidade ou terá sua certeza confirmada no seguinte:


Ele fala num Moisés da Lei da Graça. Esse Moisés da Lei da Graça faz aquilo que nós toda a vida esperamos que a TFP fizesse, e o que a TFP não fizesse, o próprio Deus faria, que é [virem] catástrofes, cataclismas, coisas desse gênero que nós nunca colocamos entre as nossas esperanças que fossem feitas pela TFP. Isso não considerávamos que pudesse ser ordenado e posto em movimento, por vontade de Deus, por um agente da TFP.


Aí há um acréscimo, portanto, que a profecia do Bem-aventurado Palau traz ao resto, que será confirmado.

Existe aí a seguinte coisa: é que considerando --mas eu falo com toda a franqueza-- o que um dentre nós, “non estimantur merita, sed venia”, fez para a realização daquela parte primeira, parece indicar que o curso natural dos acontecimentos leva a dirigir os acontecimentos na parte segunda, ou seja, a operar as ações que é novo para nós que um ser humano pudesse fazer na Bagarre.


(...) Mas a pergunta é a seguinte: com esse conjunto de circunstâncias está provado que a pessoa que foi focalizada pelos acontecimentos como tendo realizado a parte primeira, é o Moisés da Leis da Graça, isto está provado?


Eu digo o seguinte: me parece muito provável. Provado no sentido estrito da palavra não me parece que sim, porque não se pode saber se a Providência, de um momento para outro, não resolve melhorar os seus instrumentos, e portanto, remover do campo um indivíduo e pôr um outro.


(Aparte: Desculpe, Senhor, mas há coisas que são tão evidentes e fazem parte dos “cimientos” [alicerces] de nossa vocação que não se pode nem pensar).


Aqui vem exatamente o lado forte da questão. É que, para alguns, a vocação não seria fácil de conceber-se com outra pessoa, por ser evidente que sendo essa pessoa como é, está habilitada a fazer isto. Para outros a coisa não se põe assim, mas, pelo contrário, seria possível --e talvez desejável-- que a Providência mudasse o dirigente do carro.





E. Confirmação insuspeita de que dentro do Grupo havia um processo de decadência que ia dar em atrito com Dr. Plinio


"Jour-le-jour" 12/10/97, parte II:


[No ano 95, Dr. Plinio] via alguns acontecimentos com muita clareza. De um lado ele via o avançar da Revolução. Por outro lado, ele discernia que Nossa Senhora não dava nenhum sinal de que iria intervir. Também ele percebia que a Revolução em determinado momento se autodestruiria, não há a menor dúvida. Mas a que altura do processo revolucionário podia se dizer que a Revolução atingiu um tal clímax, que era a hora portanto de ela se autodestruir? Isso ainda demorava um tanto.

(...) Ele notava, por outro lado, o fundo da alma de cada um daqueles que o cercavam e de todos os seus filhos no mundo inteiro, e via que estava estabelecido um processo que à la longue ia dar em atrito com ele (1).

Chegou a dizer dentro dessa cabine aqui para uma pessoa no final de uma reunião isto:

- Fulano --filho muito querido dele-- passa a reunião inteira discutindo comigo. No fundo dizendo o seguinte no seu interior: "Se fosse eu, eu faria um comentário melhor sobre isso. Se fosse eu, eu diria uma coisa superior em tal ponto. Se fosse eu, se fosse eu, se fosse eu". Seu senhor já não sabe o que fazer, porque seu senhor tem comentado o mínimo possível na presença dele para justamente evitar que haja essa comparação.

Ele é profeta, então ele via aonde é que cada um de nós ia dar.

O senhor pode fazer esse cômputo geral: processo revolucionário, não intervenção de Nossa Senhora, de um lado; de outro lado, o nosso processo também se acentuando, depois morre um, morre outro; ele, às tantas, pelo profetismo dele, discerniu a morte dele,

Então no que é que ia dar tudo? Como é que ele vendo este caminhar da Revolução, o alheamento de Nossa Senhora, a ação do demônio mantenedor, os filhos dele, este, aquele, aquele outro, que vão flectindo... A obra dele vai se esboroar?


Comentário:

  1. Ou seja, a atual revolta contra a Diretoria da TFP era irreversível; mesmo que Dr. Plinio não tivesse falecido, a insurreição teria estourado e teria sido incomparavelmente mais grave --pois atingiria diretamente a ele. Quem sabe se aqui está uma das razões pelas quais Nossa Senhora chamou a Si a Dr. Plinio?






F. Caraterísticas do traidor


Almoço 28/1/87:


Quando eu já não estiver vivo, é preciso que esse conselho prevaleça. É o seguinte: há um certo tipo de gente que é feita assim, é uma coisa especial. Que eles nascem e se incrustam nos meios bons (1). E eles são de um certo jeito que a gente tem a impressão, não propriamente que eles sejam fervorosos, mas que tudo neles leva, desde o interesse até a psicologia com que nasceram, leva-os a serem entusiastas da causa que a gente está defendendo. E pelo todo deles, ficaria muito bem para a nossa causa que eles fossem esses entusiastas.

E como eles pertencem ao nosso meio, a gente cai numa espécie de pecado de otimismo e diz: "Não, ele ficaria tão bem em tal cargo, e ele é tão afim com tudo isso, que provavelmente ele está à altura disso" (2). E vou e nomeio. Bem, quando um sujeito está nessas condiçöes, pelo amor de Deus não nomeiem!! Porque se a coisa não começou, começa nele!


(Sr. F. Antúnez: O senhor poderia dar um exemplo?)


Eu dou um exemplo. Do ponto de vista da arquitetura das coisas, seria muito bom que no Reino de Maria houvesse em alguns grandes cargos eclesiásticos figuras que fossem a própria personificação da piedade, da Contra-Revolução, e do zelo de Nossa Senhora (3). E que a gente colocando ali pareceria "the right man in the right place".

Bom, e há [imaginemos] precisamente um prelado nascido na Bahia, com um jeito muito típico de baiano, mas muito bom orador, muito bom... um conhecedor das antiguidades da Bahia como ninguém, homem jovem, de trabalho. Com ar, não propriamente com a cara casta, mas com ar no qual não se vê os traços da impureza --o que não é a mesma coisa de ter uma cara casta (4).

E esse homem seria o decano dos cônegos da Bahia. Em todas as manifestações de bom espírito ele está presente (5). Tem jóias episcopais muito bonitas; aparece muito representativamente. Daria um arcebispo da Bahia muito representativo. Escreveu uma conferência muito aplaudida pelos que ouviram a respeito, por exemplo, de minha biografia, que já teria morrido (6). E umas coisas assim.

Esse homem, ficaria ultra-decorativo colocar como arcebispo da Bahia. E quase que o cargo fica vacante se não se nomear ele (7). Não há nada contra esse homem, ele nunca disse nada contra ninguém, nada (8). Por que não nomear? Será uma festa geral se ele for nomeado (9) porque se verá a bonita estátua colocada no bonito lugar . Não sei se estou descrevendo?

Bom, o resultado: precisa quem dispuser de influência junto à Santa Sé para esta nomeação não cair no otimismo de dizer: "Não, mas com certeza é ele". Porque este vai para o lugar, e pela inércia no promover os melhores (10), vai fazer emergir o partido dos tíbios.

Bom, o resto é miséria!...


(...)


Porque um homem que está a tão pequena distância de nós, e que não está na nossa dianteira, crava o punhal nas costas! (11) Porque ele tem no fundo reservas que ele não diz, ódios, pecados ocultos (12). Porque esse gênero de gente é muito boa para conservar pecado oculto, pecados ocultos.

Então, nunca favoreçam ninguém que é decorativo e contra o qual nada se tem. Porque isso não basta! Não vão na onda (13).

Ou então, se se trata da ordem temporal, embaixador do Brasil junto à Santa Sé. Um sujeito que descende de tal homem, que foi embaixador no tempo do Império, que fez não sei mais o quê, e que depois é um diplomata finíssimo, que dará uma alta idéia do Brasil no Vaticano... homem piedoso! Ele todos os anos comunga e confessa! (14).

Cuidado! Sobretudo não esse! Nomeie qualquer birichino que está andando descalço na água que corre na sarjeta. Nomeie esse se for preciso, mas não nomeie esse decorativo, porque é a cobra que nós vamos pôr no nosso peito! Isto é assim!


(Sr. F. Antúnez: Se ele não é "ardito" puxador do bem etc., não...)


Não, nem é o "ardito". Entre os "arditi", não é dos chefes? Não merece! É preciso, não tem remédio... Não tem remédio porque é assim. É melhor ter uma equipe de... [vira a fita] ... [do que] um pelutrica que, a gente vai ver, não combate nada! "Raus"! [...] (15).

Então é um outro qualquer que, dos que estiverem vivos nessa ocasião, é o que tem mais tempo de militância na TFP. Um benemérito... Não é benemérito! Não é por tempo de militância que se mede o mérito. Mede-se o mérito pelas açöes que praticou (16): "Você esteve na frente, você foi dos arditis? Você enfrentou obstáculos internos? O que é que você fez?"


(JC: Praticou a virtude da caridade?...)


Hahaha, exatamente.

Não, é... E olhe: pelo amor de Deus, não se esqueçam disso! Porque o otimismo leva ao contrário.


(Sr. F. Antúnez: A gente vê na História: ao lado dos grandes líderes aparecem homens super valorosos, "arditi", enfrentam uma porção de coisas, etc. Vai ver, são todos traidores!)


A questão é a seguinte: é uma ilusão .../...

(...) A pessoa ter, ela mesma, bastante zelo para sentir na carne viva a Causa Católica. De maneira tal que ela percebe como que em si mesma quais são os pontos sensíveis em que a Causa Católica não podia ser objeto nem sequer do menor relaxamento, porque aquilo é de vida ou de morte!

Bem, quando a pessoa tem essa espécie de conúbio espiritual com a Causa Católica, que a bem dizer toda a susceptibilidade que os outros têm para seu próprio egoísmo, um homem assim teria para a Causa Católica, há uma transferência dos egoísmos ... Propriamente seria uma forma de você definir as trocas dos corações, seria você dar o seu egoísmo a Nossa Senhora, de maneira que você tenha por Ela todas as susceptibilidades, todas as intransigências, todas as perspicácias, todas as... tudo o que um de nós tem como seus próprios interesses. E sentir, portanto, na carne viva tudo o que toca a ela. E o que toca a nós... vai se for possível. Bem, e esta pessoa ou estas pessoas assim, essas pessoas sim estão em condições de dirigir... (17)

(...)

...se não for assim, ainda que não queiram, traem! (18)


(Sr. F. Antúnez: Mas como se percebe que a pessoa não é assim e quando é falsa?)


Sr. J. Clá: O senhor ia completando uma frase quando o Sr. F. Antúnez fez a pergunta...


É, eu respondo a sua pergunta, na minha frase vai a resposta (19). A gente sente numa pessoa quando o indivíduo é interesseiro. Porque há uma forma de calor de interesse pessoal, calor... às vezes é um frio inexorável, mas a presença do interesse pessoal, todo o dinamismo do interesse pessoal que você sente.

Bem, e quando se sente isso transferido para a causa da Igreja, aí você tem a coisa feita (20). Enquanto não sente isso, diga o seguinte: "Pobre da Santa Igreja, porque Ela não tem condestáveis! Você vai para uma Igreja e ofereça a Nossa Senhora sua vida em expiação para que a Igreja tenha um Condestável!!! Compre um Condestável oferecendo a sua vida!" Mas é assim que tem que ser! (21).

Agora, aí, essa é a frase que eu ia dizer, aí D. Luiz, D. Bertrand e vocês podem calcular a responsabilidade com que nós arcamos no seguinte: nós devíamos ser assim.


(D. Bertrand: Nós temos um assim diante de nós, graças a Deus).


Mas... nós devíamos ser assim. E nem sequer está inteiramente claro para nós que nós devíamos ser assim. Esta definição que eu dei do amor de Deus, em termos mais bonitos, mais elevados, você encontrará numa porção de tratados de moral. Mas esse é o termo concreto, pão-pão, queijo-queijo, com que o amor de Deus se define! E é ali que você mede bem o grau da doação do sujeito.

Porque vem dizer: "Olha aqui, ele me comove! Ele é visto toda noite, quando todo mundo foi deitar, ele ainda está rezando o seu terço..." Estas coisas a mim me comovem pouco (22). Você também, todos nós vemos quanta contrafação vai nisso, ainda que o sujeito não tenha vontade de tapear. É só porque foi mais relaxado do que os outros e deixou o terço dele para depois. Não é nada de dizer "altas horas da madrugada ele só rezava o terço", [mas sim:] "Por que durante o dia não fez isto? Paspalho!"

- O que é isso?! O que é que tem de extraordinário?!"

Nada disso! É esta posição que é a posição perfeita.

Se D. Luiz, D. Bertrand, vocês, no Reino de Maria, quando eu não estiver vivo --me desculpem a franqueza do que eu vou dizer-- mas não tiverem esta mentalidade... todos os que estão aqui na mesa, são seis pessoas, esses seis por exemplo, acabam fazendo o papel do tal arcebispo primaz da Bahia (23).

De um jeito ou de outro acabam! E para D. Luiz e para D. Bertrand é uma coisa tremenda, porque não podem deixar de ser o que são, e aí ou é esta doação completa ou é o Inferno! Não pode deixar de ser o que é, o caminho é esse; ou se dá inteiro ou abre campo para a conspiração. Não deu inteiro, abriu o campo para a conspiração! Pronto, acabou![...] (24).

Mas é assim. Bem, e os que fazem --há quatro aqui-- parte do MNF, têm nisso uma responsabilidade especial (25). Quantas coisas viram, quantas coisas pelo menos poderiam ter ouvido, poderiam ter acompanhado, poderiam ter assimilado... [o Senhor Doutor Plinio faz gesto com as mãos significando que nada disso foi feito]

Bem, resultado, em certo momento nos são pedidas as contas: "Preste tuas contas!" Aiiiii!!!

Está bom... Digamos... "vá para o purgatório!"

O que é meu Fernando? Com a cara muito pouco satisfeita? Muito pouco, o que há?


(Sr. F. Antúnez: Não... depois eu falo com o senhor).


Voilá l'affaire! Bem, vamos andando. Vamos rezar.


Comentários:

  1. O conselho que Dr. Plinio dá para o período posterior à seu falecimento é a respeito do tipo de gente que não deve ser nomeada para dirigir uma instituição contra-revolucionária, e no fundo a TFP. Sua primeira caraterística é: eles nascem e se incrustam nos meios bons.

  2. O interesse, a psicologia, o temperamento de JC, leva-o a parecer entusiasta da Causa. Seu todo é o de um entusiasta. Suas bases sustentam que ele fica bem na Presidência da TFP, é afim com o cargo e está à altura do cargo.

  3. Dr. Plinio exemplifica com um homem que, pelo seu todo, ficaria bem ser nomeado para preencher um grande cargo eclesiástico, mas que na realidade é quem por excelência não deveria ser nomeado: Apresenta-se como a personificação da piedade, da Contra-Revolução e do zelo de Nossa Senhora. É o caso de JC. Suas bases o afirmam continuamente. Por exemplo José Coutinho, segundo o qual JC “encarna o bom espírito dentro do Grupo” (cfr. carta a JC, 29/2/96)

  4. É conhecedor de “fatinhos” de Dr. Plinio, bom orador, jovem, ativo, sua cara não é propriamente casta. É o caso de JC.

  5. JC estava presente em todas as manifestações de bom espírito.

  6. As conferências e escritos de JC sobre a vida do SDP são muito aplaudidos.

  7. As bases de JC sustentam que a Presidência da TFP fica vacante se não se nomear a seu chefe.

  8. Os joaninos sustentam que não há nada contra seu senhor e que Dr. Plinio nunca o censurou em público. Pelo contrário: só o elogiava.

  9. É certo que os discípulos de JC fariam uma festa se seu senhor fosse nomeado Presidente da TFP.

  10. A respeito deste trecho, no "jour-le-jour" 7/4/96, JC disse: “Porque, uma autoridade tem que saber promover os melhores, porque se ele não promove os melhores, mas promove os tíbios, ele acabou com a instituição”.

  11. Todos os adeptos de JC sustentam que seu chefe é, entre todos os membros do Grupo, quem esteve --e está-- mais perto de Dr. Plinio. Por exemplo, o Pe. Olavo: “o senhor [JC] foi a pessoa que teve mais convívio com o Sr. Dr. Plinio, mais intimidade” (Cfr. reunião para CCEE, em Campos, 14/4/96).

  12. Ao olhar a crise no ano 1999, não se pode negar que JC tem, em relação a Dr. Plinio, reservas que não diz, ódios, pecados ocultos.

  13. A onda é a favor de JC.

  14. JC tem fama de diplomata finíssimo, sobretudo em se tratando do relacionamento com o Vaticano. Também é tido como piedoso. E comunga diariamente.

  15. No "jour-le-jour" do 7/4/96, JC disse que não se lembra desse trecho onde vira a fita e comenta: “Quer dizer, é melhor, então, ter uma equipe de gente que não é representativa, mas que tenha... - imagino que seja isso - do que um pelutrica que a gente vai vê, não combate nada”. Ora, uma das caraterísticas de JC e de sua tropa é precisamente essa: não combatem nada, excepto a TFP. Eles cessaram de ser militantes. Apresentamos uma amostra:

Carta de Sra. Betânia S. Teodoro (Varginha, MG) a dona Maria Henriqueta Azeredo, 16/10/98, a respeito da visita de um joanista:

(...) disse que o ideal que eles pregam (o lado do seu João Clá) é o entusiasmo e não mais o combate contra a imoralidade, pelo contrário, até criticou o trabalho dos diretores contra os sem-terra”.

  1. No texto difundido pelos agentes de JC, esse trecho está sublinhado, dando a entender que aqui se trata de uma alusão de Dr. Plinio aos Provectos.

  2. O critério para escolher quem deve dirigir é a troca de egoismos. Quer dizer, aquele que merece dirigir percebe como que em si mesmo quais são os pontos em que a Causa Católica não pode ser objeto nem do menor relaxamento; é susceptível com tudo o que diz respeito à Causa, não com o que diz respeito ao amor próprio.

Ora, JC não tem essa vinculação com a Causa, pois relaxou tanto, que até um jornalista comunista ficou pasmo ao comparar o JC da época em que participou das campanhas na Faculdade de Direito com o JC de hoje:

Lembrava-me, outro dia, de uma bela manhã da primeira metade da década de 60, em que meus colegas tefepistas da Faculdade de Direito (...) berravam no pátio do largo de São Francisco uma parodia da ‘Jardineira’, exigindo que a esquerda respondesse um manifesto deles, ‘Dez afirmações anticomunistas’. (...)

[Recentemente] fiquei nada menos que estupefato. Caiu-me nas mãos um manifesto de uma dissidência de 80% dos membros da TFP. Eles exigem na Justiça ‘direito de voto a todos os membros da entidade’, (...) defendem as mulheres porque ‘senhoras e moças’ trouxeram ‘um grande florescimento do setor de correspondentes da TFP’. Como ter raiva deles?

Onde está a pureza dos grandes ideais anticomunistas? Cadé o olhar esgazeado, a voz cheia de ódio com que gritavam ‘comunistas!’, quando pedíamos a anistia dos presos políticos? O desprezo que dedicavam às mulheres que queriam subir no mesmo elevador? A condenação enfática da reforma agrária? O repúdio raivoso até mesmo à Doutrina Social da Igreja do papa João XXIII (...)? Uma TFP liberal me soa como um nazismo democrata, um escravagismo sem senzala, um ajatolá que perdoa ou uma feijoada de soja. (...)

(Cfr. Revista “Caros amigos”, 17/8/98,artigo “Cadé dos radicais?”).

A participação de JC nas célebres campanhas na Faculdade de Direito é atestada por Dr. Plinio no Encontro para CCEE de 28/7/91.

Por outro lado, JC é tão susceptível com tudo o que toca sua pessoa, que é capaz de sacrificar a TFP inteira em proveito de seu amor próprio. Veja-se, por exemplo, os famosos telefonemas ao Sr. Luiz Antônio Fragelli (cfr. Capítulo 18), nos quais ameaça “por fogo na casa inteira” se não se cessa de “falar mal” dele.

  1. Profecia do SDP: se não tiver troca de egoísmos, a pessoa trai. Aplica-se a JC. Ele traiu, ele vendeu-se a Jezabel.

  2. A intervenção do Sr. Fernando Antunez não podia ser melhor: como distinguir entre a pessoa que verdadeiramente trocou seu egoísmo com a Causa, e a pessoa que aparentemente fez essa troca? Mas antes que o SDP responda, JC intervêm e tenta desviar. O SDP atende ao Sr. Fernando Antunez.

  3. O indivíduo que aparentemente trocou seu egoísmo com a Causa é interesseiro, conserva interesse pessoal. O dinamismo de seu interesse está voltado mais para si próprio do que para a Causa. É o caso de JC.

  4. Quer dizer, quando nenhum dos candidatos trocou seu egoísmo com a Causa, é preciso que alguém se ofereça como vítima expiatória, para que apareça uma pessoa que realmente mereça o cargo. JC ofereceu-se como vítima expiatória pela TFP? Ou ofereceu a TFP como vítima expiatória por ele?

  5. Os joanientos argumentam que seu senhor deve governar a TFP porque ele os comove e tem fama de devoto.

  6. Um dos presentes era JC.

  7. A frase aplica-se ou não a JC?

  8. JC fez parte da Comissão do MNF.


*


No Santo do Dia 23/1/85, Dr. Plinio fornece mais um critério --que no fundo é o mesmo ao acima enunciado-- para saber quem presta para desempenhar o papel de chefe: é aquele que, tendo que desempenhar o papel de súdito, se conforma com isso.

O documento permite analisar a atitude de JC, que se revoltou por não querer se conformar com o “estatus” de subordinado:


Um livro tem capítulos, os capítulos costumam começar por uma bonita letra maiúscula ornada e depois tem as letras comuns, que constituem o texto.

Às vezes a gente é levado na vida a fazer o papel de letra maiúscula e tem que saber fazê-la. As vezes não, a gente é levada a fazer o papel, não da letra inaugural de um capítulo, mas de uma maiúscula de uma frase. Tem que fazê-lo. E outras vezes é levado a fazer o papel de uma simples letra. E às vezes de um ponto ou de uma vírgula.

É de todas essas coisas que se compõe um texto. Uma vírgula [ou] um ponto colocado em lugar errado no texto pode desfigurar a intelecção de um capítulo. Nós temos que apresentar então todos os pontos, os pontos e vírgulas e os sinais gráficos, as letras minúsculas, as letras maiúsculas, as letras de abertura de capítulos, nós temos que apresentá-las todas no esplendor próprio de cada uma delas.

Qual é o esplendor de um simples ponto? É estar na ordem, com a carga de colorido e com a forma indicada para ser um ponto. Um ponto é um ponto redondo e preto colocado no lugar que indica: a frase terminou. É [seu] papel.

Alguém dirá: "mas Dr. Plinio, eu nasci para letra maiúscula de abertura. O senhor até agora não percebeu, o senhor não sabe que lindo capítulo eu abriria". Digo: meu filho, quem sabe se foi seu anjo da guarda que me impediu de ver que você era letra maiúscula de um capítulo, porque não sei que vigarista você teria sido, se fosse assim.

Só serve para ponto aquele que, se fosse letra maiúscula de abertura de um capítulo, se conformasse bem com o trabalho de ponto. Esse serve para ponto, esse serve para letra maiúscula. Do contrário não serve para nada.


*


O cerne do "jour-le-jour" 20/2/94 foi a leitura da célebre reunião de MNF de 18/2/94, na qual esteve presente o carismático, e onde Dr. Plinio profetiza a crise da TFP.

As intervenções de JC durante esse MNF figuram em letra itálica. Os comentário dele feitos durante o "jour-le-jour", figuram em letra normal.

Observe-se que, em ambas ocasiões, ele se coloca diante das previsões de Dr. Plinio como aplicáveis a terceiros, mas não a ele:


O MNF de sexta, é meio fora de série (...) é inteiramente profético, é fora de série. (...) Ele tinha tido um encontro com D. Bertrand no escritório, do qual participaram Sr. Gugelmin e eu, em que D. Bertrand levantou o assunto do Lyautey, etc., e começou uma conversa toda com base no Lyautey, e que o SDP continuou embaixo. (...) Então ele diz:


O Lyautey, pela vaga impressão que eu tenho da fisionomia dele, é o tipo de pequeno burguês do interior da França, feio, anguloso, com muita personalidade, e um homem feito para tomar pólvora de campo de batalha no rosto, para toda espécie de heroísmo sem belezas com plumas, etc., de D'Artagnan e de tudo mais. É um plebeu. Mas é um plebeu feito para todos os heroísmos e todas as rusticidades. (...)

Ele não era, portanto, nem um pouco, uma pessoa individualmente representativa como era o arquiduque Otto. Nem de longe. Nem de longe.

Mas --aqui vem a tese-- todo o mundo tem uma figura ideal que teria se correspondesse à graça, que não é nem um pouco a figura do arquiduque Otto, mas que é o extremo do próprio sujeito, se ele se santificasse, em última análise. E com essa figura, ele conduziria um tipo de apostolado que é muito maior do que todas as outras formas de apostolado que o indivíduo pode conduzir.


"Maior apostolado!" Maior! Mais do que fazer grandes estudos, mais do que ser um habilidoso sujeito que consegue fazer não sei que livros e que jornais e que revistas e que não sei quanto. Mais do que o sujeito ser um ator de primeira que é capaz de representar cinco papéis numa mesma peça, mais do que tudo isso.


E ter, por exemplo, uma figura assim é muito mais importante --ter e pô-la em evidência-- do que ser um grande orador, ou de ser um grande ministro, ou de qualquer coisa. Porque esta figura é o por onde o sujeito simboliza a Deus.


Então, meus caros, o maior apostolado que nós possamos fazer é simbolizar a Deus. Esse é o maior.

Então se alguém lhe disser:

-- Olha, foi descoberto um método de apostolado agora, é de nós conseguirmos entrar na Universidade de Harvard, nos EUA. Porque ali tem um centro de gente extraordinariamente conservadora e através de lá nós podemos fazer um movimento político extraordinário, etc.

Saibam que enquanto nós não formos aquilo que fomos chamados a ser, não adianta de nada. Apostolado é isso aqui, ou seja ...


E, portanto, se o Lyautey simplesmente tivesse resistido a Leão XIII, internamente ele não se teria deixado destroçar. Foi onde ele “manqua sa vie”, foi quando ele se deixou destroçar. Foi pelo murro de Leão XIII. Mas se ele tivesse continuado, voltado para os ideais que o Otto representava, ainda que o Otto fosse o que é, isso tem uma importância histórica secundária para o Lyautey. Se ele fosse inteiramente o ideal da personificação de si próprio, sendo um homem de grande personalidade e um grande general, etc., ele realizaria uma coisa que é incalculável.


Pura e simplesmente sendo. E sendo o quê? Santo.


Essa tese que eu acho muito importante, eu nunca vi pregador nenhum desenvolver nem acredito que desenvolvam. Mas eu acho que para nosso apostolado é muito importante, inclusive para combater a megalice. Porque o sujeito quando não sabe o que ele deve representar, ele não sabe quem ele é, no fundo, ele começa a escolher no vácuo coisas que lhe ficam cômodas representar. Ou que ele acha bonitas, proveitosas, etc.


Não é interessante isso? Então é assim, ele que não sabe que foi chamado a ser um santo e um grande santo, então aparece um janota. (...) Super-gravata, super-camisa, um super-óculos que quando olha para esquerda acende uma luz, olha para direita e acende outra. Depois com cinto não sei o quê, com suspensório não sei quanto, etc., e um revólver que tem esse tamanhozinho assim que ele põe no bolso daqui, mas que quando aperta fica um 38 para 45, e não sei o quê e não pesa nada. Depois uma carteira que ele tira e já tem máquina de calcular, e que quando ele tira o dinheiro já faz a soma do que ficou e daquilo que vai entrar, etc., etc.

Por quê? Porque ele quer representar um tipo que não é o que ele foi chamado, ele foi chamado para muito mais do que isso, isso é menos. O demônio está iludindo a ele, está dizendo a ele que ele vai ser um grande homem com esses berloques todos. Mentira! Ele está sendo um homem pequeno, ele está sendo um beldruegas, um qualquer. E na realidade chamado a ser santo (1).


(JC: Em geral é menos do que aquilo que ele foi chamado).


Evidente, evidente. É isso.


(D. Bertrand: A tese do Sr. Paulo Brito é que ninguém é mega de suas próprias qualidades).

(...)


(D. Bertrand: A megalice é sempre um modelo falso).

(JC: Para carregar as próprias qualidades é preciso ter um espírito de cruz tremendo).


Isso. Sem espírito de cruz não vai (2). E o que faltou ao Lyautey, homem heróico em campo de batalha, foi ter o espírito de cruz de internamente dizer: Leão XIII não quer tal ideal, ele não quer, portanto, que eu seja de tal maneira, mas esse ideal é o verdadeiro, e eu vou ser segundo esse ideal. Ainda que Leão XIII não faça o que ele deve fazer ou não pense como ele deve pensar, e que o arquiduque Otto e que não sei quem e não sei quem não façam e não pensem, eu vou fazer. E acabou-se.


A terrível dureza: carregar o próprio papel, carregar as próprias qualidades.

(...)

Os senhores estão vendo que o MNF começou assim e ele tem endereço, mas não tem rumo. É muito endereçante, extraordinário (3).


(Sr. Gonzalo: O que o senhor está falando a D. Bertrand está muito ligado à reunião de ontem).

A todo o mundo, meu filho, o que falta é holocausto.

(JC: Esse é o problema).

(Sr. Gonzalo: Mas também essa arquetipia certa).

Arquetipia certa que deve conduzir a discernir a cruz certa e deitar-se em cima dela. Com panache quando é a hora do panache. E sem panache --porque Nosso Senhor Jesus Cristo morreu sem panache-- quando é hora sem panache. Às vezes a exigência do panache para representar uma grande coisa, é um modo de disfarçar a aparência de derrota. Às vezes a gente tem que se deixar derrotar... deixar! tem que aceitar a derrota, mas derrota feia, derrota que você é derrotado aos pontapés, por um adversário vil, frágil, burro, enquanto o povo aplaude: "que gênio é este homem, etc.". E olha para nós e diz: "que fracasso, ele quando era moço era tão inteligente" (4).


(...)

Aí começam a lembrar a Paixão de Nosso Senhor.

(D. Bertrand: A escolha entre Nosso Senhor e Barrabás, a hipocrisia de Pilatos de dar essa escolha para tentar ainda qualquer coisa...)


(Dr. Paulo Brito: Os judeus sabiam qual era o lado fraco).

Bom, estes são os Lyauteys do crime. Quer dizer, eles levam a representação do que eles têm de ruim e não de bom, até à última expressão do nojo (5).


Há gente que toma a representação do lado mau e leva até os seus extremos.

Judas Iscariotes é o arqui, arqui, arqui-arquétipo, não é? Ele escolher... "Àquele a quem eu der um ósculo, Este é". Ele vai e oscula a Nosso Senhor. E Nosso Senhor pergunta: "Judas, com um ósculo trais o Filho do homem?". É uma coisa ... (6).


(Sr. Gonzalo: É de morrer na hora).

Ou de sair andando louco pelas ruas, e se não encontrar Nossa Senhora no caminho, passar uma corda no pescoço. Nada justifica a corda no pescoço, mas eu quero dizer que em certo momento, se o sujeito não é fiel a uma última graça, é o que ele faz.

Se algum dia Nossa Senhora, para nos provar, permitir uma grande crise na TFP, e a vaidade de um homem tiver uma responsabilidade ponderável nessa crise --já não digo a responsabilidade como a de Judas, porque Judas fez tudo, mas uma responsabilidade ponderável-- os senhores já imaginaram a velhice desse homem? (7)


(Sr. Gonzalo: É melhor pedir que Nossa Senhora leve logo).


Não, é uma coisa de ficar louco. Então pensar as sedes que se esvaziam, as pessoas que se dispersam, os objetos que se vendem a vil preço, as pessoas que naquela noite mesmo estão em casas de prostíbulo (8). E o homem (9) que fez tudo isso, para tentar, sem certeza, de dominar a situação (10), este homem sozinho em casa com os pés estendidos sobre um tamborete, comodamente sentado, mas um cômodo que não adianta nada, porque se ele estivesse incômodo, ele ao menos podia pensar uma coisa: "como está incômodo isto". Mas ele está perfeitamente cômodo e não tem nada que pensar a não ser no crime que ele praticou (11).

Lembro-me de um dos salmos que diz: “Quoniam iniquitatem meam ego cognosco: et peccatum meum contra me est semper”. É uma coisa terrível: "A minha iniqüidade eu conheço, e meu pecado está sempre de pé diante de mim". O sujeito que faz uma porcaria dessas...


(Andreas Meran: E por vaidade).

Por vaidade. E depois sabe que a Contra-Revolução não se apresentou contrária à Revolução como um exército garboso em ordem de batalha, e atraindo a si muita gente, etc., porque ele quis ser chefe do Grupo de tal cidadinha (12). E assim ficou. Há misérias dessas, hein!


(JC: É uma coisa misteriosa, porque às vezes a Providência faz depender toda uma obra de um minúsculo ato de humildade de um só, ou de um ato de vaidade).


É! Você tem toda razão.

(JC: A Escritura está cheia de casos assim. Eu não sei se foi D. Bertrand de quem eu ouvi aquele caso da Revolução Francesa em que um chouan... Conte, D. Bertrand).


Aí D. Bertrand passa a contar. É o caso do Príncipe de Talmont. (...) o Príncipe de Talmont é preso e havia uma pessoa que estava ligada aos “chouans”, que estava na “entourage” dos que estavam prendendo o Príncipe de Talmont. Jean Chouan pediu a este sujeito que mandasse uma mensagem a ele, para saber quando é que seria a execução, porque eles iriam fazer uma emboscada próxima à execução para salvar o príncipe e dali partir em luta ferrenha contra a Revolução.

Em determinado momento chega uma mensagem no exército “chouan”. (...) Não sabiam ler, todos. Entretanto, havia um entre eles que tinha fama de leitor, que sabia ler. Então chamaram este um e disseram a ele:

-- Quer ler esta mensagem, para ver o que é que é?

-- Ah não, isso aqui não é nada, é apenas um recado sem importância nenhuma -- e devolveu.

O Príncipe de Talmont foi morto sem que Jean Chouan soubesse. (...)

Vejam, é possível que ele tenha cometido um pecado de vaidade venial. Porque é possível que ele, não sabendo ler, ele não sabia a gravidade da mensagem, e é possível que ele tenha feito aquilo por uma vaidade superficial. Um ato de vaidade venial mudou a história da França. A responsabilidade do pecado de um só, e venial.


Que coisa!

(JC: Pode ter sido um pecado leve de vaidade que mudou o rumo da história).


É isso.

(Andreas M.: Por que Nossa Senhora coloca dentro do Grupo a possibilidade de destrui-lo com coisas pequenas que os inimigos de fora não fazem? É misterioso que o Grupo possa ser destruído só por dentro e não por fora).


Eu pergunto a você o seguinte: a Paixão não seria muito menos pungente se...

(Andreas M.: Está tudo dito).

Está tudo dito, não é? A questão terrível é a seguinte: é que um de nós fica com essa hipoteca pesando sobre si. Quem sabe se Judas assistiu essas coisas, conversas dessas, também achou que era horrível, e depois pun! Foi ele quem fez (13).

(Sr. Gonzalo: Nossa Senhora aconselhou muito a ele.[...]

(JC: O trato de Nosso Senhor com os apóstolos no Evangelho é de uma grandeza e de uma bondade até o fim, até o último momento. Até quando Ele prevê que São Pedro vai negá-lo três vezes).


Nosso Senhor ter a paciência de, para São Pedro, profetizar a questão do canto do galo para lembrar a São Pedro --equivale a dizer isto... Como é a história?


(JC: "Antes que o galo cante três vezes...")

Equivale a dizer "antes que eu te dê três avisos, você me trairá". Você pode imaginar São Pedro ouvindo o canto. Sabe como eu imagino a coisa? É que São Pedro só se deu conta da questão dos galos, quando o terceiro galo cantou.

(D. Bertrand: O Evangelho diz isso).

Diz isso?

(D. Bertrand: Que ele caiu em si quando ouviu o galo cantar).

Sim, mas podia ser a primeira vez, segunda, terceira. Por que três vezes? (14)


(...)


É uma coisa realmente impressionante. É uma análise da realidade impressionante, impressionante. O Sr. Gonzalo, na pergunta que faz, repete um pouco o que veio antes, de modo que quem ouvir a fita vai pegar isso.

(Aparte de P. Morazzani durante o "jour-le-jour": Não dá para dizer em tese?)


O que eu digo aqui, os que forem intuitivos pegarão (15).Ele diz:

Na hora da Bagarre eu tenho impressão que serão todos de novo convidados.

(...)


Não sei se D. Bertrand percebe, mas penso que percebe, que essa conversa tomou uma “tournure” que está com ar de conversa profética. E que é dessas conversas que está nessa série dessas reuniões que eu fico com a impressão --eu não estou fazendo uma afirmação-- mas fico com a impressão de que a hora da Bagarre já soou. Não começou ainda. Soar para avisar que vem o almoço, não quer dizer que o almoço está servido.


(...)


(Andreas M.: [...] Uma das cenas mais tocantes, mais emocionantes foi quando fizeram no terço no pátio do Praesto Sum com tochas, fanfarra, etc., cenas ao vivo. Então teve primeiro São Domingos que aparecia com o rosário, etc. Então todos se dirigiam de estação em estação dos mistérios dolorosos. Então para cada mistério era lido o texto de uma Via Sacra do senhor, e depois eles faziam uma encenação em silêncio que dava muita impressão. Era muito pungente para mostrar toda a história do senhor também. Eu entendia que às vezes o senhor intervém, e às vezes nas maiores tragédias, nas coisas mais evidentes o senhor fica como Nosso Senhor. Então, por exemplo, toda essa problemática das camadas endurecidas, muitas vezes eu pensei: "mas por que não disse nada? Será que não adianta dizer nada? Ele é profeta, ele vê tudo, ele sabe, etc. Eu vejo que durante tempos enormes ele fica como Nosso Senhor e deixa-se fazer tudo". Isso é só para imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo ou isso tem alguma profundidade na linha da direção das almas? [...] O que tem por detrás de tudo? É para comprar alguma graça ou isso faz parte de um certo modo dirigir profundo das almas?)


Meu filho, a coisa é a seguinte: essa conduta é uma conduta para seguir as intenções da Providência, conhecidas através das análises do fato concreto. A Providência está querendo que a gente faça uma coisa, ou está querendo que faça outra, o fato concreto é que deve levar a pessoa a ver o que é que a Providência quer.

Então a pergunta se desloca: por que é que a Providência está querendo aquilo? Não é por que eu estou querendo, mas porque o sinal da vontade da Providência se torna evidente para mim e me leva a fazer o que a Providência quer. Quer dizer, às vezes --aliás, você já me conhece há anos já, você está falando disso, que eu muitas vezes no dizer e às vezes no fazer, sou muito truculento. Com os adversários nossos, sou muitas vezes muito truculento. Basta pensar no manifesto da Resistência.

Agora, por que é que de repente a conduta é inteiramente outra, face a outra pessoa?

É porque a gente fica conhecendo o que é que a Providência quer.

Agora, como é que fica conhecendo? Aqui é que está a questão.

É que com esses que ficam assim congelados, a Providência deixa que fique brilhando neles um resto de thau de uma qualidade que é ímpar e que a Providência conserva na pessoa, ainda que ela possa fazer o que faz. Mas a Providência conservando nele aquele resto de thau, que não é dado aos que entram depois --isso é a coisa misteriosa-- a gente fica sabendo que com aquele não pode mexer. Porque vê que se mexer com ele, ele se revolta, ele apostata e faz qualquer espécie de crime. Mas a gente vê nele que a Providência quer que a gente ature aquilo porque em certo momento Ela o fará voltar (16).


Comentários:

  1. A prevaricação de JC explica-se, em alguma medida, por aí: ele foi chamado a desenvolver uma forma “major” de apostolado, mas se iludiu e preferiu representar o papel de um grande orador, aplaudido pelas multidões. Se ele tivesse continuado voltado para os ideais que a TFP representa, ainda que a TFP fosse o que é, ele não teria degringolado.

  2. O que faltou a JC foi espírito de holocausto. Se ele tivesse aceito a cruz, a TFP não estaria dividida.

  3. JC chama a atenção de seus ouvintes: Dr. Plinio está mandando “envelopes”, recados, a um dos presentes na reunião do MNF. E dá a entender: o destinatário não sou eu.

  4. Uma das razões pelas quais JC recusou carregar a cruz, foi porque viu que ela pedia para ser carregada sem panache --isto é, ela lhe tiraria a oportunidade de brilhar aos olhos de terceiros.

  5. JC foi convidado a levar a representação do que ele tinha de bom até a última expressão do holocausto. Mas optou por levar o que ele tem de ruim até a última expressão do nojo.

  6. O tal abraço que JC deu a Dr. Plinio no momento de expirar, talvez tenha algo de parecido com o beso de Judas a Nosso Senhor.

  7. Dr. Plinio profetiza a atual situação da TFP: a) sua envergadura: uma grande crise; b) sua finalidade: para nos provar (note-se que em toda provação há uma depuração e seleção) ; c) sua origem: a vaidade de um (mais abaixo vai ficar claro que não se trata de várias pessoas, mas de uma).

  8. A profecia confere exatamente com o que está acontecendo: a) muitas sedes se esvaziaram; b) bastantes membros do Grupo se dispersaram, apostataram, ou pior ainda, conspiram para destruir a TFP; c) muitos bens da TFP --como por exemplo os automóveis que recuperamos das mãos dos sediciosos-- tem sido vendidos a preço vil. Quanto à frequentação de casas de perdição, não temos dados, nem queremos ter.

  9. Dr. Plinio fala em singular: “o homem”.

  10. Na crise na qual imergiu a TFP a partir da hospitalização de Dr. Plinio, a “mensagem” subjacente em todas as atitudes que JC tomou foi: eu domino a situação.

A respeito disto, cabe registrar o que o próprio JC contou no inicio desse "jour-le-jour" (20/2/94). No dia anterior (19/2/94), um rapaz apareceu no auditório, se acercou a ele e lhe disse: “eu sonhei que o SDP tinha morrido, e que estava tudo numa confusão, que o Sr. não conseguia tocar as coisas”. O sonho do moço se compõe de três elementos: a) o falecimento de Dr. Plinio; b) uma confusão dentro do Grupo; c) JC não consegue “tocar as coisas”. Ora, o fato de não conseguir tocar as coisas pressupõe que chamou a si a missão de dominar a situação.

Observe-se que, dentro da grande crise que Dr. Plinio está profetizando, a pessoa dele está ausente. A quem cabia solucionar essa grande crise, era a Dr. Plinio. Mas ele não está presente. Outrem chama a si essa tarefa e faz as vezes de “alter Plinio”...

  1. Há indícios de que JC costuma ficar sentado numa poltrona, na torre do São Bento, comendo nozes e olhando para o horizonte.

  2. Mais dados da previsão que conferem impressionantemente com a realidade atual: a TFP está sendo vista pela opinião pública como um exército sem garbo, dentro do qual também penetrou o caos, atraindo a si pouca gente, por causa de um que quis ser chefe do Grupo.

  3. Entre os presentes nessa reunião de MNF, um dos que acharam aquilo horrível, seria o fautor da traição.

  4. Talvez haja aqui mais um dado a respeito do prevaricador: ele, no momento em que Dr. Plinio está profetizando sua traição, não se dá por aludido e esquece a previsão. É só depois de certo tempo e de certos acontecimentos, que ele cai em si.

  5. É difícil saber exatamente no que é que consistiu a pergunta de Morazzani, nem a resposta de JC. Mas pode se conjeturar que Morazzani tenha pedido a JC que indicasse o nome do prevaricador. Ora, quem pergunta isso a JC, implicitamente exclui da lista dos suspeitos a JC. O que por sua vez reforça a tese que estamos sustentando, isto é, que JC apresentou essa previsão como aplicável a outrem, não a ele.

  6. A pergunta de Andreas Meran é a respeito do procedimento de Dr. Plinio em relação aos membros mais antigos do Grupo. Mas a resposta de Dr. Plinio também elucida seu procedimento em relação a JC: Dr. Plinio viu com antecedência que JC vinha há anos preparando a insurreição, mas não era o caso de intervir, por algum desígnio da Providência. Se tivesse intervido, quem sabe se a presente crise não teria sido muito pior?

Aliás, algo parecido se pode dizer a respeito da conduta de Nosso Senhor em relação a Judas: é inegável que o Divino Redentor percebeu desde o princípio que Judas O trairia, mas preferiu deixar as coisas correr. Por que? “Beatitudo incomprensibilitatis”. “A priori” deve-se afirmar que Jesus procedeu perfeitamente.

O caso de Lucifer também ajuda a compreender o problema. Deus Pai sabia que ele se revoltaria e levaria inúmeras almas para o inferno, mas apesar disso o criou, fez dele um “esplêndido anjo, dos primeiros junto ao trono de Deus, portador da luz” (Cfr. Encontro de CCEE, 23/10/83) e pôs sob suas ordens incontáveis anjos. Procedeu bem ou mal? “A priori” sustentamos que agiu de modo perfeitíssimo!


*


Quase dois meses depois desse MNF, num Chá para os membros do ENSDP, mas realizado no Praesto Sum em 6/4/94, e no qual JC estava presente (conforme depoimento dos eremitas do ENSDP), Dr. Plinio retoma o tema:


Imaginem que aparecesse agora, aqui, um anjo, olhasse para nós e desse uma proibição formal de qualquer um sair da sala.

"Enquanto --diria o anjo-- eu permanecer na sala, ninguém pode sair. (...) Qual é a coisa mais terrível, a hipótese mais tremenda que eu posso lhes anunciar, que vai acontecer a um dos senhores? Porque eu vim anunciar aqui que a um dos senhores vai acontecer de fazer a coisa mais vil que um homem possa fazer. Ele será um traidor, e é um dos senhores!

"(...) Ó infame que está aqui, meça você, meça o tamanho da infâmia que você vai fazer.

E eu, que estou falando sem mencionar nomes, sei que a pessoa de que eu estou falando sabe que eu estou falando dela. Ela sabe que eu sei que ela traiu e por quanto ela traiu, e que ela está fazendo parte do movimento dos senhores.

Todos estão se voltando para um e para outro, e dizem: Serei eu? Serás tu? Esse miserável está também dizendo: Serás tu ou serei eu?

Homem torpe, ser imundo que, não contente em praticar esses pecados todos, terminará a sua vida com um pecado supremo: ele se suicidará. Também ele poluirá a face da Terra, porque o seu cadáver vai ficar suspenso a uma corda, na qual ele se amarrou a si próprio, e em determinado momento a corda se desfaz e ele cai no chão. E nesse momento a sua víscera podre... ele é todo podridão, nele não há o que não seja podre, no sentido físico e no sentido moral. Ele cai, as suas vísceras se rompem na terra e a imundície dessas vísceras se espalha sobre o chão com o seu odor asqueroso. É o ponto final de uma vida de pecado. A alma dele está ingressando neste hora para o Inferno, com toda a forma de infelicidade possíveis, com toda a forma de asquerosidade possível e para todo o sempre.

"Agora pergunto: miserável! se tu tens coragem de viver à vista de Deus-Homem que está aqui, levante-se, estenda-se no chão, peça perdão. Ou você, que merece todo o desprezo do mundo, é entretanto vaidoso, é entretanto faceiro, e não quer fazer isto para não dar uma má impressão a seu respeito?

"O que pode te resgatar é um pedido de perdão. Peça! Ponha-se de pé, miserável! Atire-se ao chão, vá escorregando como uma lesma até aos pés divinos, que se você tiver a coragem de oscular, num ósculo tua alma será salva.

"Olhem como ele é. Ninguém se aproximou, ninguém se levantou, ninguém se arrastou até aos pés divinos para pedir perdão. Entretanto, esse miserável está aqui.

"Mais uma vez, miserável! Tenha pelo menos a coragem de, com o teu olhar, procurar o olhar dEle; pelo menos a coragem de, com o teu olhar, mendigar um minuto de atenção daqueles ojos claros serenos que te olharão até ao fundo, te desvendarão a teus próprios olhos a tua própria infâmia e com isso te purificarão. Vá, faça! Preste para alguma coisa.

"Se eu quisesse te reduzir a zero, diria agora para o culpado: `Querem saber quem é? É fácil. Olhem todos para os olhos de Nosso Senhor. Aquele que não tiver coragem de olhar, este é ele’."Mas há duas coisas que não quero. Não quero de tal maneira levar longe a justiça, que não caiba um grão de espaço de misericórdia no que eu vou fazer. E, portanto, em vez de te desafiar desta maneira, eu vou deixar um pouquinho de ar respirando nos teus pulmões. Respirando uma respiração de infame, uma respiração de traição, de torpeza, mas, enfim, um pouco respirarás. Até ao momento em que você mesmo terá tal nojo de si, que se suicidará."


Aqui é oportuno lembrar uma frase que JC gosta muito de repetir: “[O SDP] era um homem que não dava ponto sem nó. O não dar ponto sem nó é um provérbio que existe entre nós que significa que tudo ele fazia com objetivo. (...) não dava ponto sem nó, ele procurava sempre fazer apostolado com as pessoas que tinha diante de si” (Cfr. reunião para CCEE, 15/6/96).

Observe-se as caraterísticas do traidor: Ele está presente nessa reunião (Dr. Plinio repete esta idéia 3 vezes); é vaidoso, faceiro e não quer dar má impressão a seu respeito.

Se Dr. Plinio quisesse, poderia o reduzir a zero facilmente, mas é tão misericordioso que lhe dá mais uma oportunidade de se arrepender.


*


Depoimento do Sr. Renato Vasconcelos (maio de 1998), sobre uma reunião de Dr. Plinio para o Êremo de São Miguel, na Sede do Reino de Maria, do ano 1973, na qual esteve presente:


Discorrendo sobre o perigo que a falsa-direita representa para a verdadeira direita e citando os Lusíadas do grande poeta Camões, na cena em que este descreve o martírio de São Tomé, morto pelo ódio assassino dos falsos sacerdotes de um culto pagão na Índia –-“Inimiga não há tão rude e fera, que a piedade falsa da sincera”-–, Dr. Plinio afirmou que tinha a impressão de que em certo momento a TFP passaria pela maior provação de sua história, pois iria surgir um líder arqui-falsa-direita, um homem com capacidade de desviar totalmente o Grupo de sua missão e que a maior parte de seus membros seriam fortemente tentados a tomar um novo rumo.

Este líder falsa-direita seria um homem dotado de especiais carismas para atrair, um indivíduo reluzente de coruscações, de “miroitements”, com uma capacidade extraordinária de seduzir, possuidor de uma lábia invejável, um demagogo de primeira ordem, que subiria no primeiro poste que encontrasse e bradaria: ‘Sigam-me!’ E aí então se daria esta grande provação para toda a TFP, já que a maioria de seus membros seria tentada a acompanhar o “carismático” demagogo.

Dr. Plinio não especificou de que quadrante viria este líder falsa-direita ou como ele apareceria. Apenas afirmou que tinha a forte impressão de que em determinado momento surgiria um falsa-direita com as características acima mencionadas, sem contudo precisar se ele apareceria dentro ou fora das muralhas da TFP.

Naturalmente, a atenção dos membros da TFP se voltavam sempre para o plano externo, acostumados como estavam por uma longa experiência de combate às contrafacções que lhe disputam as bases junto à parcela conservadora da opinião pública.

Ninguém, porém, levantou a hipótese, assaz penosa, de que o líder do desvio e da deformação da figura da TFP pudesse surgir de dentro de suas fileiras. Contudo, nada de mais lógico. Pois quem teria a força suficiente para atrair e aglutinar uma tão grande parcela de membros da TFP, senão quem se apresentasse como o “spearhead”, a ponta de lança do entusiasmo, do fervor, da dedicação aos ideais que nos congregou em torno da personalidade ímpar do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira?






G. Antes que viesse a Bagarre, era arquitetônico que acontecesse o que está acontecendo dentro da TFP


Comissão Médica, 27/11/88:


Segundo os nossos critérios humanos, segundo os meus critérios pessoais, o normal era que a Bagarre tivesse vindo em 1930. (...)


Agora, é preciso bem reconhecer que vai se revelando no curso dos acontecimentos que Deus quer deixar claro para os homens, não só até onde chega a infâmia humana quando se afasta dEle, mas até que ponto essa infâmia pode escavar a própria Igreja Católica. E a debilidade daquilo que nós podemos imaginar que seja melhor, mais excelente, mais forte. O que redunda numa glória redobrada dEle com a vitória dEle.










II. previsões das Forças Secretas


"Jour-le-jour" 23/1/96:


[Antes do falecimento de Dr. Plinio], os próprios médicos, os próprios entrosados do outro lado, viam, analisavam e percebiam que o Sr. Dr. Plinio tinha uma saúde já muito minada, muito arruinada. (...) Mas eles do outro lado contavam com a morte dele.

Contando com a morte dele, eles --pelas informações que tinham do Grupo, pelo que o demônio conhece a respeito do poder do mal dentro do Grupo, do poder daqueles que têm mau espírito--, o demônio e as forças do mal contavam com uma desintegração do Grupo.

(...) Seria muito longo contar aqui --depois nós teríamos que tratar de assuntos os mais reservados possíveis-- para provar que as forças do mal tiveram um sobressalto com a morte dele e estavam, portanto, numa expectativa muito grande a respeito do futuro do Grupo, do que é que ia acontecer com o Grupo.


*


"Jour-le-jour" 13/1/96:


Com o caso do Sr. Santiago [Canals] configurou-se mais clara a questão da perseguição contra nós e do estrondo. Porque durante o caso dele ficou patente que Mons. Corso meteu-se pelo caso adentro e ia fazer um estouro contra nós. Quer dizer, ia haver um estouro em Barcelona, depois esse estouro tinha como pièce maîtresse, como a principal figura, a principal matéria o Mons. Corso.

(...) O Sr. Dr. Plinio, então, saiu por cima dele a cavalo, o sistema da corte medieval. O assunto do Mons. Corso é conhecido dos senhores, não preciso descrever aqui. Com isso o estrondo ficou um pouco abalado, um pouco adiado.

No momento em que o adversário estava preparando toda a infantaria deles com a cavalaria, houve um tremor de terra, a terra se rachou, uma parte da cavalaria afundou, tudo se arruinou (1). Então atraso no estrondo.

Ora, nesse atraso chega a notícia, para eles, já em setembro, eles ficaram sabendo antes do que os senhores, que o Sr. Dr. Plinio estava com câncer.

O Sr. Dr. Plinio levou o trabalho do Mons. Corso até o dia 18 [de agosto]. Dia 19 ele fez aquela Reunião de Recortes no auditório e ele trabalhou até o dia 18. Dia 21 de agosto foi para Amparo, e aí começou o drama do 21 de agosto até o dia 2 de setembro. Quando ele chegou no hospital no dia 1 de setembro à noite, os médicos, já com os primeiros exames, primeiras apalpações, viram que o caso dele era gravíssimo. Sábado de manhã, dia 2, com ultra-som e radiografia viram que o caso dele era questão de, no máximo, dois meses.

Isso foi diretamente para os ouvidos dos nossos adversários. Então eles ficaram sabendo antes do que os senhores. Aí, então, houve um arrefecimento, os senhores devem ter percebido que tudo parou: "Vamos ver o que é que irá acontecer".

Aliás, já em julho (2), coisa curiosa, um bispo brasileiro (3) disse para não sei quem (...):

- Não, não, quanto à TFP não se preocupe, porque o Plinio vai morrer logo. Morrendo o Plinio, vai haver uma divisão interna pelo poder muito grande, a TFP vai se esfacelar e está resolvido o caso da TFP.

Eles, então, ficaram à espreita. (...) Eles ficaram observando, com notícias muito exatas a respeito de como é que estava o ânimo do nosso pessoal. Porque se tivesse havido um abatimento colossal, desânimo, portanto, total, de um lado; e, de outro lado, se tivesse havido dissensões internas a respeito de quem é o sucessor...

(...) eles tinham preparado [um] estrondo já em vida do Sr. Dr. Plinio. Julgavam que era mais conveniente, mais vantajoso para eles aproveitarem-se da ocasião do nosso desânimo, da nossa derelictio, do nosso desfazimento interno, para deixar com que nós sumíssemos na história. Inclusive, se algum fosse um pouco mais resistente, oferecer alguns trinta dinheiros: "Olha, aqui tem tal carreira, tem tal coisa. Você do que gosta? Olha, aqui tem isto".

Como eles percebem que isto não vai, então eles vão adiante em matéria de estrondo.

(...) O Sr. Dr. Plinio já nos disse inúmeras vezes: "A TFP só é destrutível por dentro, por fora não dá".


Comentários:

  1. Trata-se da destituição de Dom Corso do cargo de Bispo de Campos.

  2. Três meses antes do passamento de Dr. Plinio.

  3. É precisamente a Bispos como esse que JC mandou dizer, através de seu portavoz Hagop Seraidarian, que tem o “firme propósito” de apoiar, colaborar, e ter contatos mais estreitos com eles. (Cfr. Carta circular do Presidente da Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima, aos Bispos do Brasil, de 18/1/99).


*


Conforme se deduz dos dois documentos acima analisados, bem como das palavras de Dr. Plinio abaixo transcritas, as esperanças dos “entrossados do outro lado”, dos agentes do “poder do mal dentro do Grupo”, da Estrutura e dos que se verão “coagidos à maior violência para obter nosso estancamento”, convergem num mesmo desígnio.


Almoço 28/7/95:


(Sr. Poli: Se as coisas continuarem como estão, até ao fim do ano essa correspondência [NB: mailing de Fátima] deve dobrar, nós devemos ter de quatro a cinco mil cartas por dia até ao fim do ano. Eu digo isso para ver se o senhor tem alguma orientação a dar, alguma...)

SDP: Não. É ir vendo e agindo conforme as circunstâncias.


(Sr. Poli: Está bem, senhor).


Naturalmente eu não posso deixar de fazer essa reflexão seguinte, que entra pelos olhos:

É que isto, de um modo ou de outro, nossos inimigos acabam tendo conhecimento, e que eles não podem deixar que isso continue assim. Portanto, sai de um momento para outro qualquer novo caso... Como é que chama aquele nosso baixinho?


(A. Meran: Santiago Canals).


É, Santiago. (...) Chegará a um ponto em que eles se verão como que coagidos à maior violência para obter o nosso estancamento.

(...)


(Sr. Poli: Não, não, a minha matéria está tratada. O senhor tratou do assunto, é fabulosamente formativo, mas o senhor estava falando do "feeling" profético no momento atual como é que o senhor vê).


(A. Meran: Dos "mailings" em concreto).


(Sr. Poli: O nível da TFP já está no ponto de sofrer essa reprimenda? [...]


Eu acho, meu filho, que no momento atual nós não podemos ir para trás. Porque já que ficou visto até onde nós podemos chegar, que eles achavam que nunca poderíamos, eles acham que... Eles devem esperar com avidez a minha morte.


(Sr. Poli: Ainda esperam?)


Eu acho que ainda esperam.


(Sr. M. Navarro: O D. Lorscheider disse isso no outro dia, não é? (...) Alguém foi falar com ele e ele disse: "Não, o problema da TFP está resolvido, é um problema de tempo. Quando morrer o Plinio acabou").












III. Propensões, previsões e ações de JC


Em data indeterminada:


Certa ocasião, enquanto Dr. Plinio estava diante do espelho, disse qualquer coisa a respeito dos inimigos que iam destruir a TFP. O Sr. Amadeu, que estava perto, comentou: Dr. Plinio, a TFP só pode ser destruída pelo JC. Quando o Sr. Amadeu terminou de dizer isso, pensou “bom, agora vou levar um aperto”. O SDP ficou longamente parado, mais ou menos como pensativo, e não disse nada.


*


Entre 1991 e 1992 - Depoimento do Coronel Poli, 29/4/99:


Em 1992, 1991, não lembro bem, foi analisada a situação da TFP em S. Paulo, como estavam caros os aluguéis, estávamos com a vida apertada, e então procuramos um lugar onde pudéssemos transferir nossos serviços a preço mais barato. Eu procurei e vimos que na região de Santana do Parnaíba, ou Pirapora os aluguéis eram bem baratos. Estive em Pirapora, onde existe um seminário grande, prédio bonito, e havia perspectiva de comprar por 80 mil dólares. Era muito bom negócio. Começamos a mexer no caso. JC se interessou. Quando o Sr. Dr. Plínio soube que JC estava interessado em comprar o seminário, ficou alarmado e me disse: arranje um jeito disso não sair porque o que ele quer é levar o pessoal dele para lá, fazer um polo lá e dividir a TFP.


*


No 19/9/94 – Trecho do almoço desse dia:


SDP: Quer dizer, se está na ordem das coisas que Deus admite como prováveis arrebentar de repente com tudo, ou vocês acham que a coisa ainda vai a fogo lento? Opine você.


(JC: [...] Eu não sei por que às vezes eu tenho a impressão de que tem alguma coisa já tremendo para estourar que eu não sei o que é. Por outro lado a gente vê que não acontece, que demora...)


Ahahahah! Que gesto! Ahahahah! Meu Fernando. (...) E o Mário, você pressente algo?


(Sr. M. Navarro: Eu já há algum tempo vinha tendo um certo pressentimento de proximidade de algo, sobretudo no retiro eu recebi muitas graças nessa linha de uma mudança nos acontecimentos que não é necessariamente, eu acho, a vinda da "Bagarre" já-já, mas é alguma mudança na vida do senhor e no Grupo que eu sinto. Se bem que eu nunca tive feeling nem pressentimento nem nada e, portanto, isso não quer dizer nada. Mas o senhor tendo perguntado eu digo o que sinto. E sinto que estamos numa fase de transição já).


Para o acontecer?


(Sr. M. Navarro: Para o acontecer).


E o Dr. Eduardo Brotero?

(Dr. Eduardo: Eu já senti mais do que hoje sinto).


Achou que estava mais perto do que está?


(Sr. M. Navarro: Não,que já sentiu mais do que sente agora).


(Dr. Eduardo: Já senti mais uma proximidade de algum acontecimento...)


Exatamente. Portanto, a Bagarre na sua estimativa, você já sentiu mais próxima do que sente hoje.


(Dr. Eduardo: Na minha estimativa não, mas nesse feeling, imponderável, sensitivo, etc.)


E aqui Herr Graf?


(Andreas M.: Eu sinto uma coisa parecida com o Sr. Mário, que alguma coisa que falta não fora, mas dentro que está por acontecer. (...) sinto que alguma interna está para acontecer. Explosão e graça. São duas coisas).


(JC: Aliás, não se excluem, não é? Porque é possível que haja uma ação da graça concomitante com uma explosão).


(Andreas M.: Eu acho que aquela hipótese, eu acho que dessa vez vai estourar. Mas não fora, eu acho que dentro).


A monarquia?


(Andreas M.: É. Não fora, eu acho que dentro. Mas acho que dentro vai ter um "crack" e uma graça também. Eu sinto que alguma coisa interna, que o senhor vai ainda mostrar... eu não sinto tanto fora, eu sinto dentro...)


O crack por causa dessa história, eu nunca deixei de sentir, ouviu? Que está se preparando, etc., etc. E é uma coisa pior do que tudo, é quando esse crack e essas coisas assim parecem servidos por uma felicidade, por uma bênção [de Deus?], e então por exemplo um fato... Não está gravando, está?


*


No 29/11/94 - Conversa de JC com os novatos da Saúde:


(Maxwell: Este e. M. ouviu uma coisa que é fenomenal, mas queria confirmar com o senhor se é verdade mesmo, ou se é boato. Parece que o senhor disse que estas são as últimas cerimônias do aniversário do Senhor Doutor Plinio, antes da "Bagarre").


*


Antes de julho de 1995:


Soube-se que Dr. Plinio, a propósito de um telefonema que teve com o Wellington --“astro” das proclamações e cerimônias do São Bento e Praesto Sum-- , teria comentado para uma pessoa X que ele caminhava para dividir a TFP.

Essa pessoa, ao ouvir isso, pensou imediatamente em JC, que estava por atrás do Wellington.


*


Setembro - outubro de 1995:


Nítida ameaça de rompimento já foi insinuada por JC nos últimos dias da agonia do SDP no hospital. Com efeito, enquanto conversava com o Sr. Fernando Antunez, se pôs a falar mal dos Provectos, e à las tantas disse mais ou menos o seguinte: "se os mais velhos não me deixarem fazer o que eu quero depois do falecimento de Dr. Plinio, eu vou com os meus para EEUU".


Quase uma semana após o passamento de Dr. Plinio, JC passa um recado do mesmo gênero às suas bases. Referindo-se à “graça” que recebeu o Grupo por ocasião da morte do SDP, o impostor “prevê” o descolamento entre “sabugos” e “fervorosos”, bem como o surgimento de “heresias”, dentro e fora do Grupo, tudo girando em torno de sua pessoa - Conversa com os eremitas de São Bento e Praesto Sum, em 11/10/95:


Esta graça que está num começo, pode ir num crescendo, cada vez mais, como pode ser que a Providência, por uma razão qualquer, ou ele [SDP], determine em consonância com a Providência, com Nossa Senhora, num conciliábulo, num concílio no Céu, ele determine:

Acho muito difícil, mas pode acontecer.Então, o que se passará? É que essa graça passe por uma deflexão e na deflexão perseverem os convictos e os não convictos se vão.

(...) Então, analisando a vida interna o que pode acontecer é isto: a graça pode ir num certo crescendo e num certo momento ter uma deflexão. Essa deflexão, se houver, sempre virá pelos elementos mais sabugos. Os sabugos começam a pôr resistência, a pôr dificuldade, começam a não aparecer, começam a se desligar e vão constituindo uma espécie de crosta à margem de um movimento que tem que continuar.

Porque nós precisamos levar em consideração o seguinte: a Providência quer o Reino de Maria e se queria, agora com o oferecimento feito por ele quer mais ainda. Ela conta com este trunfo nas mãos, que é o oferecimento feito por ele e esse trunfo que está nas mãos da Providência, a Providência vai jogar em cima de Satanás e vai dizer a ele:

- Você tem tantos dias, seus dias estão contados, você até tanto tempo pode agir, depois disso acabou, porque meu Jó, o Varão de Minha Destra se entregou assim, assim, e eu agora tenho sobre você esse poder. Faça o que quiser durante esse período, de resto pertence a Mim.

De modo que, como tem que vir o Reino de Maria, como tem que vir o Grand-Retour e tem que vir a Bagarre, este movimento de graça que os Srs. analisaram, vai continuar. O único problema é que nós não sabemos se ele continua no conjunto inteiro e pegando mais gente, ou se há uma deflexão por onde alguns se vão.


(Pedro Morazzani: O Sr. tinha dito numa conversa no São Bento que o Senhor Doutor Plinio falecendo, os sabugos seriam varridos pelos acontecimentos. Mas seria, apesar disso, [ininteligível]


É o que eu ia dizer daqui a pouco. Isto é o que diz respeito a esse movimento da graça. Este movimento da graça tem que continuar, porque se ele morrer, morreu a santidade do Senhor Doutor Plinio na opinião pública; se esse movimento morrer, a figura dele se desfaz e nós vamos ter Reino de Maria só através de um milagre colossal que é de Deus fazer nascer das pedras outras criaturas e começar uma coisa totalmente nova.

Parece-me que a Providência não quer começar algo de totalmente novo, mas quer servir-se de nós. Tudo indica que. A ser assim, esse movimento de graça continua. Se bem que para alguns comece a deflexionar, deflexionar e somem.

Eu não creio que comece a haver gente no auditório que venha especialmente para dormir, para fazer campanha contra, para ronronar contra, porque não vão agüentar, porque à medida que o amor por ele, o entusiasmo por ele for crescendo, essa gente não agüenta e essa gente fica na sua chacuniere, vai para o seu canto, etc. etc.

À margem disso, existem alguns que vão ter tentações. Tentações de inveja, tentações de nó, tentações de orgulho, tentações de megalice e que vão discordar de um ou de outro ponto e que vão criar teorias próprias. Isto existe. Heresias.

Estiveram --porque estão muito desativados no momento-- mas estiveram. A primeira heresia era de que o Senhor Doutor Plinio não vai morrer e que eles eram os únicos que tinham perseverado. Portanto, o Grupo perseverava na pessoa deles. Tendo falecido o Senhor Doutor Plinio, então "o Senhor Doutor Plinio faleceu por causa dos pecados do Grupo" e que agora tudo ia começar a afundar e que esse entusiasmo durava só dois meses.


(A. Meran: "O Senhor Doutor Plinio teria dito que o João conseguiria segurar o Grupo por seis meses, depois não tinha mais nada." Estou dizendo gagueira, mas tinha se espalhado).


Então, acabou o Grupo. Depois, mais: Se eu morrer amanhã, a Providência dá um jeito; se os Srs. morrerem também dá um jeito. A Causa não depende de nós em nada.

Mas é bom que o Sr. diga, porque é preciso que os Srs. tenham de forma clara na cabeça, para que quando os Srs. ouvem isto aqui, lá e acolá, o demônio não deixem os Srs. abalados.


(A. Dantas: Exatamente isto, Sr. João, talvez o Sr. não vá concordar, mas é evidente que é uma graça, não tem dúvida nenhuma, mas quem recebeu uma graça especial para conduzir esse movimento foi o Sr. Tanto é assim que as pessoas que não estão sob a autoridade direta do Sr., de outros grupos, etc., tem procurado para querer um conselho, querer um auxílio, querer alguma coisa, querer participar dessa graça, querer sob alguma forma estar sob a autoridade do Sr., para poder participar dessa graça. É uma coisa impressionantíssima).


Desde que o Sr. frise bem que é uma graça que não tem nada a ver com meus méritos, aí não tem dúvida, "que fui eu que conquistei, que fiz um esforço..." Não é isso.

De fato, já vem desde a época da Sagrada Escravidão. Depois, sobretudo, com o Desastre do Senhor Doutor Plinio foi se criando um relacionamento de alma com ele, por onde a graça me mostrava que o que existe de essencial na minha vida é pô-lo no centro.


(A. Dantas: Os que derraparam agora durante a doença do Senhor Doutor Plinio e tudo o mais, pode ter sido por várias razões, mas parece que o principal foi por nó pela direção que o Sr. estava dando).


Ou pelo menos, por uma admiração muito grande a si próprio e querendo determinar que os acontecimentos fossem de acordo com os desejos que cada um tinha; com os planos. A Providência não pode se sujeitar a isso de jeito nenhum.

(...).

Acho que o mesmo fenômeno vai se passar fora. Com o que o Sr. conta dos lugares onde o Sr. esteve, esses dois advogados que escreveram para a Saúde e daí por diante. Quer dizer, a Providência vai a propósito dele [SDP] preparar as almas que Ela quer separar para o Reino de Maria.

(...) Eles de repente começam a tocar a vida deles, e daqui seis meses eles estão com uma série de mentalidades, de visualizações, de problemas internos, de impostação de espírito, de modos de ser, etc., etc., completamente diferente daquilo que existe em São Paulo. E assim cada grupo. Dentro de um ano ou dois anos nós teríamos uma série de TFPs que já não se imbricam mais.

(...)

Agora, então, eu ponho o problema para os Srs. Como é que os Srs. resolvem?

(A. Dantas: Para nós pelo menos, está claríssimo. Não se trata de uma graça que vem do Espírito Santo, que vem para todo mundo, sem nenhum intermediário e distribuída igualitariamente. [ininteligível] reuniões do "Jour le Jour" que o Sr. tem feito).


Comentários:

  1. à medida que a “graça” nova --isto é, o culto a JC enquanto sucessor-- foi subindo, foi aumentando a cristalização de bastantes membros do Grupo; e à medida que estes foram cristalizando-se, foram tomando distancia da nefasta influência do guru;

  2. sócios e cooperadores que não estavam sob a autoridade de JC, foram se pondo sob o tacão dele. Não de “motu propio”, mas pressionados pelos agentes de JC, pelo “pátio” e por uma onda preternatural que houve nesse sentido;

  3. houve também uma seleção fora da TFP, quer entre correspondentes, quer entre doadores;


*


Março de 1996:


As tendências divisionistas de JC continuam fervilhando. E bem a seu estilo, acusa os outros de incorrerem no crime que ele está cometendo.

Com efeito, no dia 19 desse mês, ele ditou a minuta de uma carta, que pretendia enviar ao Dr. Eduardo, mas “depois desistiu” “por receio de azedar o relacionamento com os membros da Martim” (cfr. "E Monsenhor Lefevre vive?" pp.185, 186):


Parece-me que atualmente há dentro do Grupo uma forte tendência a esquecer a figura de nosso Pai e Fundador. Isto está se dando sobretudo em certos setores do Grupo de São Paulo, muito mais do que no Exterior, como tive oportunidade de verificar pessoalmente em minhas viagens.


Logo de enumerar queixas contra Dr. Plinio Xavier, Dr. Paulo Brito, Dr. Luiz e Coronel Poli, ordenou a seus agentes procurar mais dados nesse sentido:


Aqui contar outras coisas na mesma linha (1), e depois dizer:

Outros setores há em que os respectivos encarregados não se preocupam em manter viva a imagem de nosso Pai e Fundador. Também pudera, os exemplos partem do topo da pirâmide! (2)

Desse modo, é preciso que os Provectos tenham o máximo cuidado. De nada adianta repetirem que desejam a coesão da TFP, ao mesmo tempo em que trabalham pela dissolução do espírito do SDP dentro do Grupo e, portanto, para que a TFP se desfaça (3). Palavras sem obras de nada valem, são simples “flatus vocis”. Também não adianta frequentar o túmulo ou ir rezar no primeiro andar.

Se não cultivarmos em nós, cada vez mais, um espírito de amor, um espírito crescente de devoção a ele e a ela, e um desejo de identidade de espírito (4), colocaremos em risco gravíssimo o enorme e sublime legado de nosso amado Pai e Fundador (5).

(Cfr. "E Monsenhor Lefevre vive?" pp. 185, 186)


Comentários:

  1. Na linha de pôr de lado a pessoa de Dr. Plinio. Mas o imparcial e retíssimo JC esquece o discurso de Andreas Meran, na ceia de Natal de 1995 em Jasna Gora, onde achou bonito sustentar que não sente nenhuma falta de Dr. Plinio --tese aliás inculcada até a saciedade por JC nos "jour-le-jour".

  2. JC acusa à Diretoria da TFP.

  3. É a mesma acusação que um ano e meio depois Ramón León repetirá no libelo subversivo “Quia Nominor Provectus” (página 193).

  4. Quem determina se uma pessoa tem autêntica devoção a Dr. Plinio e a Dona Lucilia, e deseja assumir o espírito de Dr. Plinio, é JC ...

  5. JC ameaça dividir a TFP.


*


21 de março de 1996: Ao meiodia, o Coronel Poli entrega a JC uma carta-memorandum dos Provectos, da qual extraímos os seguintes pontos:

É por um imperativo de consciência e de fidelidade ao que cremos ser o que o Sr. Dr. Plinio quereria de nós, que nos sentimos na contingência de reafirmar nossa convicção de que as TFPs não podem ceder nos três pontos que constituem parte vital do legado de nosso Pai e Fundador, ou seja, a posição do Grupo face à Missa Nova, ao Concílio Vaticano II e à preservação de sua legítima e inalienável autonomia face às autoridades eclesiásticas. (...)

(...) é muito possível, caríssimo Sr. João, que estejamos mal informados ou, mesmo, que estejamos vendo tempestade em copo d’água. Sabemo-lo muitíssimo ocupado e com a saúde não boa, e compreendemos que por causa disso --talvez em parte por nosso fechamento velho-paulista-- a intercomunicação entre nós não tenha sido tão ampla e fraterna quanto gostaríamos. Com uma melhor e mais frequente comunicação, é muito provável que as coisas tivessem corrido mais facilmente, e que alguns malentendidos nocivos à uniao de todos em torno de nosso Pai e Fundador não tivessem sucedido.

Por isso mesmo, nós desejamos, ardentemente, sermos esclarecidos pelo Sr., e que qualquer prosseguimento de iniciativas referentes aos três pontos acima seja precedido por pleno consenso entre todos nós.


Às 15:25 desse mesmo dia, JC telefona para o Coronel Poli, que assim descreve o estado de espírito do demiurgo:

Começou ele dizendo, em tom cordial que já tinha lido tudo. (...) Disse que a carta estava perfeita e que conrodava com ela; depois acrescentou que estava redigida em termos muito amáveis. Porém o memorandum a partir da página “x” --não fixei qual-- era uma bomba (...).

[Ele disse que era contrário à Missa Nova, a favor do livro de AX sobre a Misa e contrário a um reconhecimento canônico da TFP].

A seguir, o Sr. João Clá mudou o tom, assinaladamente. Ele vinha aos poucos se exaltando no telefonema, mas a partir desse momento tomou um tom agressivo. (...)

Num clima de exaltação o Sr. João Clá continuou dizendo: que a tentação que teve era de tocar a vida com o que lhe fora deixado por MSS; (...) que tinha recebido uma grande paulada e que a vontade que tinha era fazer as malas e ir para outro canto.

Como o Sr. João falasse torrencialmente e muito exaltado, não me foi fácil refutar o que ele dizia, sem o exaltar ainda mais.


*


Alguns dias depois, provavelmente fins de março, as tendências divisionistas de JC começam a passar para o terreno dos fatos, pois já tem pronto um comunicado de imprensa noticiando sua ruptura com a Diretoria da TFP - Relato do Dr. Mário Navarro (ENSDP, abril de 1998):


Ele exigiu que este e.M. viesse logo. Quando cheguei o André Dantas foi ao aeroporto. Quis passar pelo São Bento para cumprimentá-lo, mas ele estava nas suas ablusões matinais e falou comigo pelo telefone. Ele já quis assustar tanto este e.M. quanto os Provectos. Logo de saída: "olha, estou muito preocupado com isso tudo, mas é bom que eles compreendam que eu já tenho inclusive o comunicado de imprensa pronto".


*


Abril de 1996:


Nos primeiros dias deste mês, JC ameaçou rasgar a Obra de Dr. Plinio. Referindo-se à observância das diretrizes de Dr. Plinio sobre o assunto Missa Nova, o impoluto disse o seguinte aos Provectos:


Advirto-lhes de que, se os senhores não seguirem as normas táticas dadas tão claramente por nosso Pai e Fundador a esse propósito, bem poderá ser que não levem atrás de si aqueles que os senhores imaginam. (Cfr. “Juizo Temerário”, p.174)


Da mesma forma como JC chamou a si determinar quem é bom e quem é mau dentro da TFP, quem tem Tau e quem não tem, quem é membro do Grupo e quem não é, pode se duvidar que também não assumiria a tarefa de decidir se essa observância estaria sendo fiel e autêntica?


*


Entre março e abril de 1996, os joaninos mais entrosados já sabiam que seu chefe ia cindir a Instituição - Depoimento do Sr. RM (?), durante reunião nos EEUU, post 15/10/96:


Num telefonema enviado pelo Marcos Faes ao Sr. RM (da TFP Americana), entre março e abril de 1996, Faes contava que a situação em São Paulo estava muito quente, que os Provectos não estavam entendendo o JC, e que JC era capaz de se separar do Grupo, junto com suas bases; “e acho que é o que ele vai fazer”.





IV. Fases e técnica da insurreição


A. Visualização em função do relacionamento entre os membros do Grupo


Ao analisar as reuniões de JC entre setembro de 1995 e novembro de 1997, percebe-se claramente que falou muito sobre a união que deve reinar entre nós até mediados do ano 97; e que a partir de então, esse tema entrou em franco declínio.


*


Numa segunda fase, passou a falar de como conviver com “os inimigos” por enquanto ... Eis uma amostra, reunião na Saúde, 17/6/97:


(Godofredo Tsujinaka: como nós somos filhos de Na. Sra., como deve ser o nosso convívio, no dia-a-dia, sabendo quem é o inimigo? Como tratá-lo, levando em consideração que agora não se pode fazer nada contra ele? (...)


Diz Santo Agostinho que a Providência quer que o joio viva no meio do trigo, até o momento da colheita, em que se separa o joio do trigo. Mas enquanto nós estamos neste mundo, estamos em meio aos inimigos, em meio aos maus, e somos obrigados, portanto, a levar uma vida em que não podemos fazer uma separação: inimigos de um lado, e amigos para o outro. Não dá. Isso é no colégio, é às vezes na própria família, é nos mais variados ambientes, onde a gente é obrigado a viver com inimigos.

Se a gente é obrigado a ter um trato de cordialidade, um trato normal para com os inimigos, a gente deve fazê-lo, se as circunstâncias obrigam. Mas, interiormente deve haver uma separação completa de afetos: "Esse aqui, não! Sendo inimigo de Deus, sendo inimigo da boa causa, não é meu amigo. Não sendo meu amigo, ele merece o meu ódio. E, interiormente, ódio."

Se às vezes formos obrigados a sorrir, sorrimos com os lábios, mas não com os olhos. Há um modo de sorrir com os lábios sem fazê-lo com os olhos. E o inimigo não pode reclamar que estamos tratando mal, porque nós estamos sorrindo. Mas os olhos não estão sorrindo.

Então, no fundo de nosso coração, deve continuar aquela rejeição. Se externamente nós somos obrigados a conviver, por razões de trabalho, por razões de estudo, por razões as mais variadas, nós convivemos. Mas esse convívio é um convívio separatista. Separatista de coração, separatista de afeto, separatista de ideal.

Dois amigos, como se definem? Ambos olham para o mesmo ponto, caminham para o mesmo ponto e amam o mesmo ponto. E por isso são amigos. Dois que vivem juntos e são inimigos, cada um olha para um ponto diferente, ama um ponto diferente, e caminha para um ponto diferente. Não há nem união de cogitações nem de vias; há uma separação. (...)


(Godofredo Tsujinaka: Como deve ser o nosso estado de alma ante a justiça e a maldição?)


O senhor tem a resposta já na primeira parte. É esse estado interior de rejeição. Constantemente rejeição, rejeição; se for sorrir, é só com os lábios. Não tem sorriso com os olhos. E até, se se trata de um inimigo ferrenho da Santa Igreja, amaldiçoá-lo também, não tem dúvida, como estava no cerimonial lido ontem à noite (1).


Comentário:

  1. Trata-se da maldição lançada pela Igreja a quem tentar desviar uma freira de sua vocação.


*


Terceira fase: JC conclama à revolta.


a) Trechos de "Quia nominor provectus", libelo subversivo de autoria de Ramón León e de uma equipe de eremitas de São Bento – Praesto Sum, publicado em 19/11/97, com “imprimatur” de JC:




b) Grafonema-circular dos membros da “Hipoteca” (Kury, Rodrigues, Alonso, Carlos Viano, Marcos Dantas), 23/11/97:


- Diante da gravidade da presente situação, sentimo-nos no dever de defender empenhadamente a obra do Fundador ora ameaçada, sem quaisquer implicações pessoais.


- Os que desejam manter inteiramente acesa a chama do fervor entre nós e a TFP nas vias do Fundador precisam se unir para impedir que a destruição da obra do Senhor Doutor Plínio prossiga



c) Proclama de Andreas “Egalité”, no ANSA, no 25/11/97:


Se vier a concretizar-se o “alijamento” do Sr. João Clá da TFP brasileira, (...) será uma questão de honra que todos quantos --por desejo expresso de nosso Pai e Fundador-- estão sob sua autoridade ou influência se solidarizem com ele ignorando qualquer determinação em sentido contrário. (...)

Deveríamos permitir então que os acontecimentos seguissem o seu curso, esperando de braços cruzados uma intervenção milagrosa do Fundador? É certo que devemos confiar no Fundador. Porém, o exemplo que ele nos deu foi o de, na ordem da ação, tudo fazer como se a Providência não interviesse, se bem que convictos que tudo depende da intervenção sobrenatural.

B. Visualização em função do conceito da autoridade


Nos documentos exarados por JC ou por pessoas que lhe são chegadas, houve uma progressiva evolução no que diz respeito à concepção da natureza e dos limites da autoridade dos Provectos:

Numa 1a fase reconheceram que a autoridade suprema, de toda a família de almas TFP, cabe aos Provectos; que “o espírito de Dr. Plinio os assiste”; que são “relíquias vivas de nosso Pai e Fundador” e que, em consequencia, todos os membros do Grupo devem-lhes “reverência, veneração e obediência”, como numa ordem religiosa. (Cfr. Declaração do 17/4/96, aceita ‘ut toto corde’ por JC; palavras de JC no ANSA em 15/8/96; "jour-le-jour" 23/4/96).

Numa 2a fase afirmaram que os Provectos eram simples detentores de uma autoridade “histórico moral”, obrigados a dar plena autonomia aos “porta-estandartes da radicalidade” (Cfr. abaixo-assinado promovido por Pedro Paulo Figueiredo, 27/11/96).

3a fase: a autoridade dos Provectos é puramente moral, baseada na sua antiguidade e prestigio. (Cfr. cartas do Pe. Olavo a Dr. Caio e a Dr. Plinio Xavier).

4a fase: os Provectos possuem na TFP uma posição transitória de honra e de destaque (Cfr. idem).

5a fase: os Provectos não tem nenhuma autoridade sobre o conjunto da família de almas e da obra do SDP (Cfr. idem).

6a fase: são incapazes física e moralmente de dirigir nossa família de almas (Cfr. reuniões dos dois Patrícios, julho de 1997).

7a fase: não tem direito de intervir nem mesmo na vida interna da TFP brasileira (Cfr. versão joanista da expulsão de Ramón León, outubro de 1997).

8a fase: são uns tiranos. Os joanistas pedem ao Poder Juridicial a reforma das estruturas da TFP (Cfr. processos abertos contra a TFP em novembro de 1997).





C. Analogias com a demolição da Realeza


Na reunião de 8/9/97, o insuspeito prof. Martini, faz uma correlação entre Lady Diana e Maria Antonieta, e discorre sobre o método usado pela Revolução Francesa para destruir a monarquia e que coincide ponto por ponto com o método usado pela Revolução Joanina para destruir a TFP:


Eu queria trabalhar um pouco com isso [NB: a Revolução Tendencial] e exemplificar com o que o noticiário do jornal, que me parece muito importante, aliás, nessa semana que passou, com a morte da Diana (...) parece que o que se passou lá foi realmente uma revolução. Quer dizer, uma revolução muito séria. (...)

Esse é um jogo tendencial que se faz. Isso pode ser feito num dia, conforme as coisas tem que ser feito num ano, conforme as coisas tem que ser feita em dez anos. Diz o Sr. Dr. Plinio: "A Revolução não tem pressa. Ela não quer perder um minuto, não quer perder uma ocasião, mas, uma vez que aconteceu, vamos lá!"

Não sei se está entendido esse ponto aqui? Então eles começam: eles estufam, no começo batem palmas [NB: para Maria Antonieta], etc., etc., depois, às tantas, começam: "Mas, olha, ela vai para Paris à noite". O negócio começa a ir para o outro lado. "Mas ela tem o amor dela lá, aquelas casas que ela construiu lá, e vai ela só com as damas dela para lá, cinco ou seis. O que é que essa Maria Antonieta faz lá com cinco ou seis mulheres só? Que gosto é esse para companhia de mulheres?"

Chega o irmão do Rei, o Conde d'Artois, entra um dia de improviso numa dessas casinhas do amor lá, e encontra a Maria Antonieta se despedindo de uma duquesa. Ele diz: "Nossa, o que é que eu vi aqui!" Ela estava abraçada se despedindo. "Olha, o que é que eu vi: Maria Antonieta abraçada com essa fulana!" No dia seguinte, Paris inteira sabia que Maria Antonieta tinha abraçado uma fulana.

Não sei se os senhores estão vendo a coisa? E máfias para aqui, para ali, máfias para acolá. Às tantas, o caso do colar que dá unidade à tudo isso e aí é o começo do fim. Quer dizer, o jogo tendencial, 1784, 1785 já estava feito. Dado o ponto, marcado o alvo. "É esse, aquele e aquele outro, isso aqui tem que ser liquidado".

No começo, era Maria Antonieta. Luís XVI até deixavam de lado, sobretudo Maria Antonieta que eles sapecavam. Às tantas entrava Luís XVI pelo meio, porque a Maria Antonieta é mais representativa até do que ele. Depois, num determinado momento, eles, apontada a vítima, começam o trabalho de sacrifício dela, que vai acabar na guilhotina depois.

Ela deu pretexto para isso. Mas vão conseguir levar na guilhotina, porque a opinião tinha sido formada naquele “entonces”. Olha que do caso do colar até o estouro da Revolução, vão quatro ou cinco anos ainda. Eles tem que fazer ainda uma série de coisas.

Mas então, eles apontam primeiro uma mulher. Depois é a instituição que essa mulher representa, é uma família que ela representa. O país dela: Austríaca, Habsburg. Depois, é a realeza. Tem que acabar com essa realeza. Depois não é só a realeza, é todo esse negócio de aristocracia de diferença, de desigualdade, precisa liquidar com isso.

Então, os senhores vejam: começa num elemento tendencial, da pessoa, exagera a qualidade, exagera o defeito. Depois eles passam para a questão da instituição. Ali, por exemplo, uma família. Família de Windsor aqui, no caso [de Lady Diana]. E depois, mais do que isso: a instituição monárquica, é preciso acabar com a monarquia. E mais do que isso: com todo esse mundo que representa essa monarquia aqui. É o que me parece que, esse enterro dela, teve um pouco o significado disso.

(...) Então: caso pessoal, destempero em matéria de qualidades e defeitos. A propósito disso, eles fazem um ataque à instituição que ela representa. Depois cria um caso político, e é preciso mudar o regime por causa dessa coisa.

O senhor acha que vai, Sr. João?

(JC: Muito, muito!)

Eu vou escrever aqui... É um caso pessoal. Essa pessoa tem virtudes, qualidades... Põe os adjetivos que quiserem aqui do lado bom, e tem defeitos. Então se trata aqui no caso de destemperar isso daqui. Destemperar qualidades e defeitos também. Depois, feito isso, eles passam do caso pessoal, para um caso (...) transforma o caso pessoal num caso institucional. Quer dizer, não é mais o indivíduo que entra em foco, mas é a instituição que ele representa. Em terceiro lugar, do caso pessoal, caso institucional, eles passam para um caso político. Quer dizer, é preciso, em razão disso, mudar toda uma forma de governo.

Aqui então, mudar forma de governo. Não só forma de governo, mas até toda uma mentalidade, todo um modo de pensar que se fazia antes (1).


(...)

(JC: Eu quero apenas dizer uma coisinha que é a seguinte: não cabia mais no mundo de hoje uma monarquia hirta --segundo o conceito deles-- uma monarquia, se bem que anglicana, etc., etc., nos moldes da monarquia inglesa. Então, era preciso destruir. E a princesa Diana, que tinha sido chamada, segundo análises feitas pelo Sr. Dr. Plinio logo no começo, por um carisma, por um dom, o Sr. Dr. Plinio chegou a levantar a hipótese de ela, de repente, converter-se ao catolicismo, ela tinha sido chamada à tomar a monarquia antiga e dar-lhe ainda mais brilho. E vê-se, pelas notícias todas, que o Prof. Martini está lendo e comentando, etc., que ela não correspondeu à essa vocação. E, pelo contrário, ela se transformou no oposto daquilo que deveria fazer. E ela, portanto, de uma princesa feita para fazer brilhar o antiigualitarismo, acabou se servindo do charme, dos dons que a Providência tinha lhe dado --sem levar em consideração que ia se perverter ao muçulmanismo-- ela aproveitou esses dons todos para fazer Revolução, ou seja, para defender o igualitarismo (2).


É isso mesmo. Muito bem observado. E é sobre o que o Sr. João acaba de dizer, as notícias continuam ainda nesse sentido aí.(...) O senhor vê que vai destruindo. Só o senhor ler essas coisas todas. Ela mesmo, quanto ela fez mal para a monarquia, para a instituição que ela representava? Essas coisas se destroem por dentro (3). Tinha que ser ela para fazer isso. Tinha que ser um aristocrata para fazer esse negócio aqui. Os senhores desculpem, não tenho segunda intenção, mas o Sr. Dr. Plinio dizia isso: "O que vai ser da TFP no fim do mundo? Se as instituições só se destroem por dentro, só alguém de dentro é que pode destruir a TFP". Está no "O que somos nós", [são] palavras dele (4).


Comentários:

  1. É precisamente esse o método usado na Revolução Joanina:

  1. primeiro exaltaram as qualidades dos Diretores da TFP (são “retos, dignos, nobres”, “pessoas de muita categoria e de muito valor”; Dr. Luiz é muito bondoso, manso e luciliano; Dr. Paulo Brito é descido do mundo dos anjos, muito puro, dotado de uma inteligência privilegiada, etc. (Cfr. carta de JC a Dr. Eduardo 1/3/96; fax de JC a Dr. Luiz 15/11/96; Reunião para CE, 4/11/95; "jour-le-jour" 28/11/95);

  2. depois assestaram os holofotes sobre suas carências e fraquezas pessoais;

  3. numa terceira etapa, os difamaram e caluniaram enquanto pessoas;

  4. quarta etapa: os difamaram e caluniaram enquanto detentores da autoridade;

  5. quinta etapa: “questionam” a estrutura da TFP;

  6. sexta etapa, abrem um processo judicial para mudar a forma de governo da Instituição;

  7. sétima etapa: JC impõe a suas bases uma mentalidade nova, novos símbolos, nova vestimenta, novos costumes, novo linguajar, novas idéias, etc.

  1. Analogamente, JC tinha a vocação de dar mais brilho à TFP; não correspondeu a esse chamado; se transformou no oposto do que deveria ser --tentou arrasar o mito da TFP-- ; e acabou se servindo dos dons e carismas que a Providência lhe deu para tentar introduzir a Revolução --o igualitarismo-- dentro da TFP.

  2. Martini se refere à aristocracia enquanto instituição: só é destruível por dentro.

  3. Martini não é burro, sabe perfeitamente que só alguém de dentro da TFP pode destruir a TFP. No entanto, aderiu a JC ...


*


O ódio dos joanistas não é contra aquilo que se poderia denominar a TFP histórica, mas contra a TFP mythica, e é análogo ao ódio dos revolucionários franceses contra a Maria Antonieta mythica - EVP do ano 1974, lido e comentado por JC no "jour-le-jour" de 17/11/96 (parte I):


Há uma Maria Antonieta feérica que acompanhava a Maria Antonieta histórica (...). O que foi guilhotinado, foi Maria Antonieta histórica. Foi contra ela que o povo se levantou, ela morreu porque ela tinha esse feérico e não por causa dos aspectos não feéricos que ela tinha.

Quer dizer, houve uma revolta da Revolução contra o feérico de Maria Antonieta. Não era porque tinha a história do Fersen, a história do colar, a história do não sei quanto, não é nada disso não. É porque ela tinha por cima dela o feérico e eles queriam era acabar com o feérico.

Quando uma revolução é feita com sanha e inteiramente desproporcionada com o personagem histórico que está em questão, essa revolução sanhuda visa não acabar com o personagem histórico, mas ela visa acabar com o feérico que está por cima do personagem histórico.

(Aparte Pe. Olavo durante o "jour-le-jour" : E os revolucionários vêm muito bem isso.)

Os revolucionários, diz o Padre Olavo, vêem muito bem isso. Eles têm uma intuição profética com sinal negativo. Eles batem os olhos, percebem perfeitamente, e por isso querem acabar.


(Aparte durante o EVP: : Morreu a Maria Antonieta feérica.)

A histórica também foi morta.

(Aparte durante o EVP: : Mas o ódio era contra a feérica.)

Contra a feérica. E todo o como que martírio dela é porque ela foi morta pelo que ela tinha de feérico; o que dá num como que martírio. Nem sei se se deveria dizer o "como que".

(...)... bem, e a substância da ação de presença de nossa congregação, é apresentar um feérico por detrás. E mais ainda, é o despertar do feérico no mundo. (...) O que é que é o Grupo? É o que é oficial no Grupo? Porque ele tem aspectos pedestres pavorosos. Mas ele, em si, como instituição, está continuamente chamando para o feérico.


*


Para as Forças Secretas tentarem destruir a TFP, precisavam confiar a liderança da insurreição a um membro do Grupo; e, fracassando essa tentativa, precisavam aviltar a Instituição. Eis o que se deduz do que Dr. Plinio comentou na Reunião de Recortes de 24/8/85:


O Globo”, 11/8/85: Futuro da Câmara dos Lords, uma discussão sobre nobres e plebeus – Londres. Lord Guitford, nobre de inconfundível estirpe (...), tem na vida um objetivo: acabar com a Câmara dos Lords, a sua Câmara, discutível conclave de não-eleitos da democracia parlamentar britânica, santuário resistente às transformações que sacodem o país nesta segunda metade do século.


Aqui cabe uma observação: a liderança da luta pela demolição da Câmara dos Lords ser confiada a um Lord. Isto é caraterístico da força das instituições que a Revolução só consegue atacar quando, pelo menos isto, na parceria dos que a atacam há alguns que pertencem a ela. Quer dizer, é uma instituição tão forte que só braço de Lord derruba a Câmara dos Lords. Como mais ou menos em todas as revoluções anti-clericais, alguns clérigos ...


(...) Nos dias de hoje, é provável que até mesmo o Partido Conservador da Primeira Ministra Tatcher não vertesse lágrimas, na hipótese altamente improvável, pelo menos à luz dos fatos atuais, de um fim para esta Câmara que legisla sem o sufrágio popular (...).


Quer dizer, eles mesmo reconhecem que a Câmara dos Lords muito improvavelmente [será] extinta.

Agora outro método caraterístico da Revolução: quando ela não pode derrubar uma instituição que ela gostaria de derrubar, ela se serve da instituição para as finalidades dela, a primeira das quais é aviltar a instituição. Então [o recorte] diz o seguinte:


[A Cámara dos Lords] vota contra o Governo sem qualquer cerimônia, mas tem também a caraterística excepcional de fazer sentar, lado a lado, nobres de fato com plebeus --em muitos casos ex operários e ex dirigentes sindicais aos quais foi concedido o título de Lord por graça da Rainha (...)

(...) Que se criasse uma elite operária altamente qualificada e com um quê de micro-lordoso, de mini-lordoso para os operários, é uma coisa que feita com tacto, eu julgaria muito aconselhável, muito a propósito. Isso é muito diferente de se tomar um líder sindical --em geral um Lula-- e promover a Lord. Isto é altamente degradante.


(...) Os Lords ajustaram-se também, nos últimos tempos, a inovações a que a Câmara dos Comuns continua resistindo (...)


Isto é fantástico! Quer dizer, eles levam a Câmara dos Lords a ir mais longe do que a dos Comuns.





D. Analogias com a demolição da Igreja


Trechos do opúsculo 'Grupos ocultos tramam a subversão dentro da Igreja', publicado no "Catolicismo" 220-221, abril-maio de 1969, de autoria de Dr. Plinio:


[Segundo os “grupos proféticos”], cumpre conscientizar o laicato para que, em luta com os Hierarcas, exija as reformas de estrutura na Igreja, que A democratizem. Em suma, o remédio está na luta de classes dentro da Igreja.

Essa luta deve ser feito por etapas:

a. Campanha de descrédito contra a Igreja "constantiniana";

b. Insuflação do desejo de reformas de estrutura na Igreja;

c. Agitações, greves;

d. Capitulação da Hierarquia e implantação das reformas (Cfr. pág.8, III,2).


*


[A] inoculação [subversiva] tem duas fases. Na primeira, procede-se à difamação gradual da Igreja "constantiniana". Na segunda, ateia-se o fogo aos espíritos, fazendo-os desejar as reformas que transformem a Igreja "constantiniana" em Igreja Nova.

Esse trabalho começa lentamente, por pequenos sarcasmos lançados aqui e acolá, por frases soltas, por slogans cuidadosos. Os membros que corresponderem favoravelmente a esses estímulos subversivos irão sendo promovidos ao conhecimento de maiores horizontes revolucionários. Os outros serão postos em estagnação, emudecidos ou alijados (Cfr. pág.8,IV,3).


*


O conjunto destes fatos cria um clima de terrorismo publicitário contra os recalcitrantes, que isola deles amigos e até familiares e desse modo reduz ao mutismo quase todos os que estariam dispostos a reagir.

Esse terror --nos lugares onde há "grupos proféticos"-- é preparado com longa antecedência por estatísticas e inquéritos sociais tendenciosos, elaborados e divulgados pelos "grupos proféticos". Estes conseguem, assim, fazer crer que a imensa massa dos fiéis deseja as reformas na Igreja, que tal é o espírito irrefragável dos tempos, e que opor-se às reformas é o mesmo que querer deter com as mão a maré montante. (...) Graças ao alarido dos "grupos proféticos", a subversão eclesiástica, obra de uma minoria, parece corresponder assim aos anseios mal contidos de multidões inteiras enfurecidas por se julgarem alienadas (Cfr. pág.8, V).





E. Táticas utilizadas nos estrondos anti-TFP


Fala JC, “Juízo Temerário”, p.60:


Uma das táticas que nossos adversários utilizavam contra o SDP [era] fazê-lo perder tempo com questiúnculas levantadas pela “máfia” nos “estrondos”, impedindo-o assim de se debruçar sobre temas realmente importantes e de levar avante a luta contra a Revolução.


É exatamente essa a tática que JC está utilizando: nos fazer perder tempo com questiúnculas, de maneira a nos dificultar a luta contra a Revolução. Os numerosos processos trabalhistas, abertos pelos joanientos contra a TFP, não são senão uma amostra neste sentido.


*


E nos próprios processos que abriram contra a TFP Brasileira, os joanistas utilizam a mesma tática que as organizações anti-seitas usaram no estrondo Canals contra a TFP Espanhola: denegrir a Instituição e travar uma polêmica jurídica desleal.

Trecho do documento apresentado pelo advogado que defendeu a Santiago Canals (lido no ANSA, reunião do dia 9/12/95):


[O] escrito de demanda que mais bem se parece a uma legenda negra de meu representado e da associação à qual ele pertence, do que a uma sucinta enumeração de fatos de relevância jurídica (...).


No processo aberto contra a TFP Brasileira através do Escritório de advocacia Arruda Alvim, Nelson Tadeu e 51 litisconsortes (“e compris” JC), não se limitaram a sustentar a invalidade da regra estatutária segundo a qual só os sócios fundadores e os sócios efetivos que componham a DAFN tem direito a voto. Mas aproveitaram a ocasião para denegrir o mytho da TFP e apresentar aos Diretores da Entidade como tiranos.

E no processo que tentaram abrir através do Escritório de Advocacia Strenger, usaram uma tática tão esperta quanto a anterior, ou mais ainda: apelaram ao Poder Judicial apoiando-se, não em “causa efetiva, concreta, plausível”, mas em “mera conjetura” de “possíveis ilegalidades a serem perpretadas” pelos Diretores da TFP no futuro! (Cfr. Decisão do Juiz da Nona Vara Cível do Foro Central, 24/11/97)


*


Palavras de Dr. Plinio, Despacho CCEE 9/1/85:


O método de discutir dos adversários da Causa Católica hoje em dia está cada vez menos sendo a argumentação e cada vez mais sendo a difamação. Ainda que na aparência eles tratem alguma coisa de argumentação doutrinária, de fato é o ataque pessoal.

O caso da Venezuela [foi] nessa linha.


Exemplifiquemos com Varne de Andrade:

Considera-se vítima de uma “imjustiça gritante”, de “uma perseguição”, de um “tratamento desumano e degradante”, de um tratamento próprio a “criminosos”, alvo de uma “ofensa pessoal” por parte dos Diretores da TFP. Fala do “frio, formal e persecutório trato que a atual diretoria vem dando a mim”, bem como do “caráter fechado, arbitrário e ditatorial da nova diretoria”. Afirma ter sido destituído da atividade que exercia no mailing “aos berros e com o dedo em riste” (Cfr. carta de Varne ao Cel. Poli, 14/1/98).

Ele, junto com o resto de rebelados do ENSDP, coloca-se como vítima de “uma nova imposição” e de “mais uma humilhação”, de uma “feroz e implacável retaliação” da Diretoria, a qual quer confiná-los na Serra do Japi, reduzindo-os “a uma situação semelhante à de prisioneiros em cárcere privado” (Cfr.carta conjunta dos amotinados do ENSDP ao Coronel Poli, 3/5/98, pp. 2, 3 e 5).





F. Outras táticas


No elenco das estratagemas usadas na Revolução Joanina também podem ser incluídas:







[O Sr. JC] age sorrateiramente (...) Faz-me lembrar a RCR quando trata da guerra psicológica. De um lado ‘iludir e adormecer paulatinamente os neutros’ (1) e de outro ‘dividir e bloquear os adversários’ (2). Não é o que temos presenciado dentro do Grupo?


Comentários:

  1. Por aí se explica as inúmeras referências à “união” nas reuniões do líder da conspiração.

  2. Outrora Átila Guimarães era um dos maiores adversários de JC. Talvez até o maior. No entanto, repentinamente passou a ser seu adepto. Isso quanto a dividir os opositores. Quanto a bloqueá-los, exemplificamos com a campanha de difamação que JC, ao longo de anos, fez contra todas as autoridades intermediárias no Grupo.










V. Preparativos remotos


A. Enfrentar a autoridade, é algo inteiramente anômalo, que não surge repentinamente ...


Fax de JC para o Sr. Fernando Antunez, de 25/11/96, p.2:


O Sr. Edmundo Bianchini, ao atender um telefonema meu, embora eu fosse seu superior legítimo, foi logo me dizendo que não adiantava eu pretender falar com alguém lá [nos Estados Unidos], ‘pois estavam todos unidos em torno do Sr. Mário Navarro’. Uma situação inteiramente anômala e que, convenhamos, não surge da noite para o dia.





B. Amostras de uma campanha para colocar o maior número possível de membros do Grupo sob a autoridade de JC


Por volta de 1988, Patrício Amunátegui esteve fazendo proselitismo em favor de seu senhor. Travou uma série de conversas com um cooperador X – que por enquanto quer manter-se no anonimato – , sustentando que iria haver uma divisão no Grupo, que de um lado ficaria Dr. Luiz e doutro JC, mas que tendo que optar entre o “mundanismo” do primeiro e a “radicalidade” do segundo, era preferível o segundo – apesar de ter indiscutíveis defeitos.

Há indícios de que desempenhou o mesmo papel junto a outros membros do Grupo.


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Depoimento do Sr. Bértoli, 17/4/99:


No ano 1988, no final de um estágio de 8 meses no êremo de São Bento, fui capitulado. No fim do capítulo, que demorou uma hora, me apresentaram para assinar o ordo do êremo, junto com um papel --que não saberia dizer se fazia parte do texto do ordo, ou se era um adendo ao ordo. O documento era um voto de obediência ao Quidam do êremo de São Bento até o fim do mundo ...


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Depoimento do Sr. João Carlos Luzitano, 22/4/99:


Em ‘89, ‘90, não me lembro bem, depois posso tirar a limpo, o Walmir [Bertoletti] esteve em Amparo com o texto do ordo do São Bento para fazer o pessoal de Amparo assinar. Geraldo Curzio chamou todo mundo e na conversa foram surgindo os vários pontos do ordo, e um dos pontos que deu polêmica foi o ponto em que dizia que, para ser atendido pelo SDP, era preciso passar pelo João Clá. Isso deu muita encrenca.

Depois o Queiroz, para endossar o que o Walmir dizia, disse que aquele ordo era o ordo oficial da TFP.

Aí Walmir disse: não, não é o ordo oficial da TFP, mas é um ordo que tem todo o “placet” do SDP, o SDP deseja que se estenda por todo o Grupo; mas propriamente dizer que é o ordo oficial da TFP, não se pode dizer.

(...) Depois de um certo tempo, o SDP indo a Amparo, o Queiroz fez uma pergunta, daquelas perguntas longas dele, dizendo: Dr. Plinio, aqui está havendo um certo descompasso, há várias opiniões, porque uns querem “sãobentizar” o êremo, outros acham que devem fazer uma vida semi-eremítica, tal, tal. E perguntou ao SDP qual era a opinião dele, o que é que o SDP teria a dizer a respeito disso.

O SDP respondendo disse o seguinte: para eu responder essa pergunta eu preciso dizer preliminarmente que a TFP é semente de um mundo, que quando eu pintei o ideal da camáldula --porque o Queiroz dizia que Dr. Plinio era um camaldulense, que ele leva uma camáldula em torno de si-- eu dei a tintura mãe da camáldula, mas com o tempo, sem nada de chicana, de acordo com duas coisas --primeiro, o sopro da graça na alma das pessoas, e de acordo com as vocações específicas existentes dentro do Grupo--, essa tintura mãe foi se diluindo para os estados dentro da própria camáldula, legítimos, todos legítimos. Então, aqueles que se sentem chamados para um estrito isolamento, devem ser respeitados; os outros também; por causa dessa diversificação de vocações, por esta razão não é necessário uma só regra para a TFP inteira. Isso está no texto.

Isso para mim foi uma luz.

Aí, depois dessa reunião, a reunião ficou engavetada e eles diziam, dias depois dessa reunião, não circulou a fita, então diziam o seguinte: o SDP respondeu aquilo por causa de “fumaças”, pessoas que não aceitariam se ele dissesse a verdade, etc., etc.


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Depoimentos do senhor Abel Campos e Dr. Mário Navarro, abril de 1998:


Sr. Abel Campos: A manobra do ordo é um capítulo escabroso. Muito antes de Dr. Plinio falecer. Quando o Amaury chegou aqui para o Japy, ele fez todo mundo assinar o ordo, dizendo que os Solimeos tinham levantado pontos [do ordo] que não podiam ser, e que para blindar o ordo contra as máfias, JC tinha pedido o Pe. Vitorino rever esse ordo, e que era um ordo i-mexível, porque se mexia já não era ordo do Pe. Vitorino. Quando li o ordo, percebi que a ligação única com Dr. Plinio estava desaparecida. Depois, fazia-se, não no ordo, mas no compromisso de assinar o ordo, no fundo um vinculo não a Dr. Plinio mas à “Casa”. No meu caso, eu faria com o ENDSP. [A gente está vendo] que no fundo era com o J.

Procurei o Amaury: "como é isto? Meu voto é a Dr. Plinio, não ao ordo". Aí o Amaury: "não, o consultor do ordo é o Jimenez, passe uma carta para ele".

Aí perguntei [ao Jimenez]: "sempre se entendeu dentro do Grupo que o ordo valia em vida do Dr. Plinio, e que toda vinculação feita ao ordo no fundo era ao Dr. Plinio; pergunto se isto está sub-entendido no ordo que estava me sendo proposto". Não veio essa resposta. Infelizmente não guardei cópia disso, mas fiz um documento, mandando um bilhete para o Sr. Fernando Antunez.


Dr. Mário Navarro: [Há também o] caso do Sr. Fernando Antunez com o Jimenez. Doutor Plinio pediu o ordo do São Bento. E Jimenez disse [ao Sr. Fernando Antunez]: "eu obedeço à autoridade imediata, intermediária".


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No 13 de dezembro de 1995, Severiano de Oliveira e Jurandir Bastos, comprometeram-se, “para toda a vida”, a cumprir o Ordo do Eremo de São Bento ou do Praesto Sum.

No documento respetivo, consta que, para efeitos desse Ordo, “o Superior Geral é o Sr. Dr. Plinio” --que já tinha falecido ...-- e o “diretor geral” é JC ...

Os outros rebelados da DAFN assinaram idênticos compromissos, mas em datas posteriores: Romualdo em 1/1/96, Carlos Alberto em 5/1/96, Edson Siqueira em 10/1/96, Masahaki em 3/2/96, Mário Hirano em 15/3/96, Mário Kuhl em 22/4/96, Vicente Nunes em 17/5/96, Emerson Matos em 26/11/96 e Ruy Coelho em data indeterminada.


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Depoimento de Dom Bertrand, abril de 1998:


Nos anos 89, 90, os enjolrras do Grupo da Argentina vieram para São Paulo sem comunicar nada a Dr. Plinio nem a mim --que era o encarregado. Tiveram uma reunião com JC no São Bento, que fundou um eremo novo, Pilar II, e fez que assinassem o ordo do São Bento.

Quando soube disso, procurei ao SDP e lhe contei o que tinha acontecido.

Dr. Plinio disse: manda pedir esse ordo que eu quero examinar.

Veio o ordo: a autoridade suprema era JC.

Dr. Plinio: “modifica isso, porque é absolutamente inaceitável por tais e tais razões”. O SDP modificou vários pontos. E depois me perguntava sistematicamente: “já foi a modificação para o êremo do Pilar?” Eu mandava grafonema para Argentina: “Dr. Plinio está perguntando se já foram feitas as modificações no êremo do Pilar”. Fiz 2,3,5 grafonemas.

Daí ha pouco veio um grafonema patético assinado pelo Marcos Faes e José Antônio Tost: “não, não foi feito, porque se tocar nesse assunto de JC, todos os eremitas apostatam”. Uma chantagem.

Então apelo ao SDP para rever o ordo.

Dr. Plinio mandou pedir o ordo e disse “vou re-examinar”. Dr. Plinio pega o ordo, re-estuda tudo, mantêm as modificações e ainda aperta mais. Aí ditou uma carta lindíssima para os eremitas explicando por que tinha modificado o ordo. Depois, no dia seguinte, no MNF, ele suspendeu o MNF na metade: “agora quero trabalhar com DB, para corrigir uma carta”, para ver todo o cuidado que ele pôs na carta. A noite, no despacho, ele mais uma vez: “DB, quero ver mais uma vez a carta”.

Ele revê a carta, “agora mande”. A carta não foi comunicada aos eremitas do Pilar. A carta foi por grafonema. O grafonema não foi comunicado, não foi feita a modificação do ordo do êremo do Pilar. Nunca o Faes nem o Tost iriam interceptar uma carta do SDP sem autorização de JC.

Quando há o caso CVB, o SDP queria saber concretamente o que é que está no ordo do êremo do Pilar.

Houve uma tapiação, apresentava um, apresentava outro, tapiaram da forma mais escandalosa.

Dr. Plinio no fim disse: “esses rapazes, não vêem que uma coisa dessas pode matar um homem de minha idade?”





C. Conquista do maior número possível de postos-chave dentro da TFP


Ao longo de anos, e mais ou menos a partir de 1988, JC foi colocando pessoas fiéis a ele em muitos dos postos de comando, de influência e de confiança nas diversas unidades e setores da TFP, quer no Brasil, quer no Exterior.

No Secretariado de Dr. Plinio, pôs a André Dantas. Na Comissão “Quis ut Deus”, meteu uma dupla rotativa de eremitas de São Bento – Praesto Sum. Na DAFN seu principal agente era Severiano de Oliveira. No Departamento Jurídico, Enrietti. O Grande Fichário estava em mãos de Walmir Bertoleti. O Setor de Comunicações --grafonemas-- era controlado por Bernardo Glovacki. No setor dos donativos, Amaury Moreira César era o encarregado de disciplina; enquanto pessoas como Varne, Hollman, Gilberto, etc., cuidavam dos fichários. Na Comissão do Movimento tinha um escravo: Roberto Kallás. Nos Eremos Itinerantes, Orlando Kimura. Em Jasna Gora, seus sequazes eram Fernando Larrain e Ramón León. No êremo de Amparo, Geraldo Curzio e Queiroz. Na Comissão de Leitores, Guy de Ridder. O encarregado da Comissão Padre Anchieta --de contatos com o clero-- era Caio Newton.

No Exterior, os “quidams” dos Grupos eram, em muitos casos, eremitas de São Bento. Na França, seus agentes tinham acesso aos fichários e arquivos.





D. Montagem de um arquivo de “rabos de palha” contra eventuais adversários


Desde muitos anos atrás JC veio pedindo relatórios aos subalternos a respeito da conduta dos intermediários. Baseava-se num costume que --segundo ele diz-- havia na Companhia de Jesus. Só que JC, não sendo a autoridade suprema, chamou a si essa tarefa. E não utilizou esse recurso para manter a coesão da TFP, mas para destruir a Instituição - Reunião no Praesto Sum, 24/3/96:

Santo Inácio estabeleceu um sistema -- que dura até hoje, eu imagino, pelo menos esse Fülîp Miller disse que sim -- por onde os subalternos da Companhia de Jesus, são obrigados a mensalmente fazerem um relatório a respeito das autoridades que eles têm acima de si para a autoridade suprema. Depois disso vem todos os castigos, os apertos, as correções, e com isso a ordem tem uma coesão interna colossal.







VI. Preparativos a prazo médio


A. Preparativos da massa de manobra


1. Surgimento de autoridades paralelas


Fax de Dom Bertrand para os Provectos (26/12/96):


Enquanto encarregado e responsável desde longa data do assim chamado ‘cone sul’, venho notando com apreensão que de algum tempo para cá, uma sutil ação se está exercendo sobre esses grupos visando solapar esta autoridade, que me fora conferida pelo mesmo SDP. Daí decorre o surgimento, pela via dos fatos consumados, de autoridades paralelas, não oficiais mas efetivas, que vão substituindo, na prática, as legítimas e passam a dirigir os grupos, imprimindo o rumo a sua vida interna, ao apostolado e à ação pública das TFPs. São não só os relatórios e abaixo-assinados que circulam sem conhecimento do encarregado (...), mas sobretudo à sombra desta autoridade paralela se tenta dar uma orientação diferente daquela que em consciência e para a maior glória do Meu Senhor e eficiência da Contra-Revolução, julgo conveniente.

[Tomei] conhecimento, por vias totalmente transversas e ocasionais, que o Sr. Dustand está sendo enviado ao Chile para um simposium que realizarão nos primeiros dias do ano. Simposium esse, aliás, sabe Deus com quem combinado e para tratar de que temas ...

Acresce que, no caso concreto do Sr. Dustand já há um precedente desagradável por ocasião de um retiro que orientou no Equador e que resultou na consagração de todo o Grupo, até mesmo dos mais impreparados, na Sempre Viva, exatamente numa hora de estrondo em que o SDP fazia declarações públicas em sentido contrário. Alertado pelo encarregado daquele Grupo, o SDP viu-se na contingência de admoestar ao Sr. Dustand e orientar aquele Grupo no sentido de desfazer-se a imprudência. Infelizmente o Sr. Dustand depois disso, em vez reconhecer o seu erro, nos pátios fez pesadas críticas ao encarregado do Grupo, o que atinge o princípio de autoridade.

A respeito de Dustand, vejamos o que figura no "jour-le-jour" 5/1/97, parte II. Na ocasião pediram a JC que comentasse uma fotografia de Dr. Plinio:


Não consigo vê-la à distância. Pronto, o Sr. Araújo tem uma aqui. (...)

O que eu acho é que nesta foto o fato de ele estar com a mão praticamente posta no queixo, e a mão esquerda posta no queixo é o que transparece aqui, e ao mesmo tempo que ele põe a mão no queixo, ele está com uma certa abertura de lábios, uma certa configuração de lábios, e o olhar também... O olhar, a configuração dos lábios e a mão no queixo, isso forma um conjunto só que dá uma nota característica, um imponderável, que é o seguinte:

Ele está com um pensamento de uma surpresa: "Agora eu entendi, agora está claro. Entendi a fundo e bem a fundo, está tudo claro para mim. Mas não me surpreende: esta era uma das muitas hipóteses que eu tinha na cabeça. A única coisa que me surpreende é que tenha se verificado esta hipótese das muitas que eu tinha na cabeça. Mas está totalmente explicado, eu vi bem, eu compreendi bem. Agora, já que a coisa vai por aí, eu fico com um certo pé atrás".

Ele está com um pé atrás qualquer nessa fotografia. Não sei o que é que é, qual é o tema que está sendo tratado com ele, o que é que está acontecendo no momento. Ele está com um certo pé atrás.

Esta foto podia ter o nome que o Sr. Jiménez gosta muitíssimo: cautela.

Ele diz: "Ah, é por aí? Então eu preciso tomar todos os cuidados possíveis".


Paulo Eduardo R. Cardoso: Ouvi dizer que esse olhar que o Sr. Dr. Plinio está dando é para o Sr. Dustan.





2. Cooperadores que não estavam sob a alçada de JC, abandonam as autoridades que Dr. Plinio lhes designou e se colocam sob o tacão do usurpador


Na conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, de 11/10/95, a certa altura da reunião André Dantas tomou a palavra e, referindo-se à “graça” que houve no Grupo por ocasião do falecimento do SDP, disse:


Exatamente isto, Sr. João, talvez o Sr. não vá concordar, mas é evidente que é uma graça, não tem dúvida nenhuma, mas quem recebeu uma graça especial para conduzir esse movimento foi o Sr. Tanto é assim que as pessoas que não estão sob a autoridade direta do Sr., de outros grupos, etc. tem procurado para querer um conselho, querer um auxílio, querer alguma coisa, querer participar dessa graça, querer sob alguma forma estar sob a autoridade do Sr., para poder participar dessa graça. É uma coisa impressionantíssima.


A movimentação desses cooperadores não foi espontânea. Procederam assim por causa da pressão exercida sobre eles pelos agentes de JC, pelo pátio e ... pelo demônio.

Afirmamos isto com base no seguinte depoimento do Sr. Enrique Loaiza e lembrando que JC desatou uma campanha de estímulo a tudo quanto é sonho, aparição, visão, etc.

Para cabal intelecção do que vou narrar, devo dizer que só percebi a envergadura da crise da TFP no 3 de outubro de 1997, ou seja, quando tudo já estava a ponto de estourar. Pelo fato de ser camaldulense, mas também por temperamento, por princípios e por tudo, vivia alheio ao diz-que-diz interno. Evidentemente alguma coisa chegou aos meus ouvidos, mas nem de longe suspeitei que fosse algo tão grave.

Mais ou menos em fevereiro de 1997 tive o seguinte sonho: me encontrava dentro de uma capela pequena --tipo capela de Mater Bonii Consilii, no êremo de São Bento--, ajoelhado e rezando diante do trono de Dr. Plinio, a um metro de distância. Não havia luz no local, a não ser uma espécie de holofote que só iluminava o trono de Dr. Plinio. Eu estava de hábito. Ao lado direito tinha uma janela em forma de ogiva, muito bem desenhada, mas sem vitrais nem vidros, de maneira que a gente podia ver perfeitamente o que tinha fora. Fora havia uma espécie de parque muito bonito, muito bem cuidado, muito limpo, muito calmo, fresco, com pouca gente. Tinha qualquer coisa do parque do Praesto Sum.

Bom, enquanto rezava a Dr. Plinio, de repente, do lado esquerdo da capela, se abre uma porta pequena e entra uma pessoa vestida de hábito marrom completo, com o capuz sobre a cabeça, e se coloca exatamente entre o trono de Dr. Plinio e eu. Fixei a vista no rosto da pessoa, para ver de quem se tratava. A pessoa puxou o capuz para trás e vi quem era: JC.

Aí então JC se sentou no trono de Dr. Plinio --não com “humildosa”, mas como quem tem pleno direito-- e estendeu suas botas em direção a mim, como que dizendo “oscule meus pés”.

Simultaneamente ouvi uma voz, vindo de uma espécie de alto-falante, dizendo: “obedece a este tal e qual obedecerias a mim mesmo; te dou um prazo de 6 meses para que perguntes a ele o que quiserdes; depois disso poderás vir a morar aqui, e usar hábito branco”.

Não recordo se essa voz era a de Dr. Plinio ou não.

Imediatamente acordei. Eram quase 8 horas da manhã. Estava perturbadíssimo, talvez como nunca na vida estive. A perturbação durou várias horas, até que decidi não tomar nenhuma medida concreta, rezar, e tocar a vida normalmente.

Tempo depois, talvez um mês, tive um segundo sonho: me vi de repente no pátio de um local desconhecido, onde estavam construindo um prédio gótico, meio fortaleza, meio igreja, estilo inglês, com paredes de tijolo. Os pedreiros eram joanistas, transportando areia de um lugar a outro, pedras, cimento, etc. Lembro ter visto que um deles era o Araujo.

Enquanto observava as obras, veio entrar, rodeado por uma espécie de séquito de engenheiros e arquitetos --todos joaninos-- , a JC. Ela trazia nas mãos os planos do prédio. Os engenheiros lhe estavam consultando onde pôr uma janela, onde pôr uma porta, etc.

Ao acordar, fiquei pensando no que é que poderia significar aquilo. E me passou pela cabeça o seguinte: não será JC está “construindo” uma ordem religiosa, à margem da TFP, e Nossa Senhora --tendo pena de mim-- me está convidando para aderir a ele?

Um ou dois meses depois, novo sonho: eu estava passeando pela rua São Domingos de Silos --isto é, perto do êremo de são Bento. Ao passar em frente ao São Bento, vi que JC estava fechando o portão. O cumprimentei, mas sem me acercar, e continuei caminhando. Mas JC me chamou: fulano, Salve Maria!, não quer dar uma passadinha pelo êremo? – Tá bom, respondi, sem entusiasmo mas também sem desgosto.

Apenas transpusimos o portão, me vi dentro do refeitório do êremo. Num lado da mesa se sentou JC e noutro lado eu.

Então ele toma a iniciativa e me pergunta: “fulano, não quer me fazer alguma pergunta?”

Pensei: olha, não tenho nada para perguntar a ele, mas “pro bone pacis” vou ver o que é que lhe posso perguntar. Então inclinei a cabeça, como quem quer se concentrar para excogitar uma boa pergunta: ah! Já sei o que lhe vou perguntar! Vou lhe pedir que me diga o que é realmente está acontecendo dentro do Grupo.

Aí levantei a cabeça e ao olhar para JC percebi que ele, do colarinho para baixo era um ser humano comum e corrente; mas do colarinho para cima era ... um robô! Seu rosto, em lugar de olhos, nariz, boca, etc., estava cheio de botões, parafusos, luzes que acendem e apagam, antenas girando de um lado para outro, etc.

Esclareço que esse série de sonhos não foi o fator determinante na posição que tomei na crise.


*


Ao tentar justificar essa movimentação, um sofista joanino, cegado pelo fanatismo, reconhece que aquilo acabou constituindo uma desobediência a Dr. Plinio:


[Atualmente, isto é, após a ruptura], alguns grupos e setores ficaram mais livres e independentes do que antes. É que deixou de pesar sobre eles o fardo de certos intermediários que eles antes vinham suportando a pedido de nosso Pai e Fundador, o qual tinha boas razões para isto.

(Cfr. "E Monsenhor Lefevre vive?" p.160)





B. Preparativos psicológicos


1. Os que se revoltaram sofreram um transbordo ideológico e mental inadvertido


Vicente de Paula Nunes Torres entrou na TFP no início da década de 60. Desde então mostrou-se idealista, cheio de zelo apostólico e muito dedicado às atividades da entidade.

Cursou a Faculdade de Farmácia, sendo perseguido na universidade por sua adesão à TFP. Foi católico praticante numa época em que a juventude era pouco afeita à religião. Por isso Vicente praticou hauterofilismo para poder defender-se das chacotas de colegas ímpios.

Participou quase de todas as campanhas públicas que a TFP desenvolveu a partir dos anos 60.

Cumpre notar que em várias dessas campanhas Vicente, como todos os outros membros da TFP que delas participaram, enfrentou riscos diversos, inclusive de vida, provocados por parte dos adversários da entidade. Por exemplo, em 1969, quando membros da TFP saiam da Igreja da Boa Viagem, em Belo Horizonte, e foram violentamente agredidos pelos esquerdistas. Nessa ocasião Vicente foi o primeiro a ser atacado.

Além da dedicação que continuava a dar a TFP, tornou-se também doador financeiro da entidade.

Sua adesão aos ideais da TFP era patente e clara a todos que o conheceram, pelo menos até novembro de 1997 ... Pois embarcou de cheio na revolta.

Como explicar essa mudança radical no seu comportamento?


*


O seguinte depoimento de um ex-cooperador mostra que, o fato dele ter saído da TFP anos atrás, o preservou de ter embarcado na insurreição. E que ao longo do período que ele passou fora --portanto, no meio de influências revolucionárias de todo tipo--, aqueles que hoje urdem a destruição da TFP, enquanto rezavam o terço, cantavam ofício, participavam de cerimônias, etc., estavam sendo objeto de uma como que lavagem cerebral. No terreno do patente, pareciam fervorosos e até davam a impressão de estarem progredindo na vida espiritual; no terreno do latente, estavam recebendo influências revolucionárias mais subtis e piores que as que se recebem fora da TFP.

Relato do Sr. Luiz Orlando Salino Dias, 1/7/99:


Telefonou de Uruguaiana um rapaz que diz ter pertencido ao Grupo durante 5 anos e depois se afastou. Viu na Rede Vida uma apresentação dos revoltosos e estranhou que a fisionomia do maestro estava muito diferente da que ele tinha conhecido e que o leão tinha sumido, substituído pelo medalhão de Nossa Senhora de Fátima.

Como ele pertence ao mailing de Fátima telefonou para saber o que estava havendo. Não sabia da dissidência, do processo. Quando lhe falei, começou a chorar. Achou tudo um absurdo –-a conversa durou uns 45 minutos e ele não queria terminar. À medida que eu falava, ele comentava: isso é Revolução Francesa, o Sr. Dr. Plínio sempre foi contrario à Missa Nova, o Sr. Dr. Plínio nunca quis mulheres na TFP, aproximação com a Estrutura? Isso é um escândalo, etc. Disse que estava completamente arrasado. Depois, disse: eu me lembro que o Sr. Dr. Plínio profetizou a divisão da TFP, que tinha assistido uma reunião na qual o Sr. Dr. Plínio disse isso mas que ninguém acreditou na época.

(...) Disse: mande-me os documentos porque eu quero ler e conversar com os meus amigos porque se eu disser tudo isso sem mostrar os documentos, eles não vão acreditar.

Quando ele citou o nome da banda disse: esse nome não tem o tônus da TFP, não é nosso, essa gente não é fiel ao Sr. Dr. Plínio!

Ao falar das ações trabalhistas ele ficou escandalizado e disse: eu quando entrei para a TFP foi por voluntariado e todo mundo entrou como voluntário. Como agora vão fazer isso?


*


Conforme depoimento insuspeito --e que já vimos em outro Capítulo-- de um eremita de São Bento, os "jour-le-jour" operam mudanças psicológicas profundas na cabeças das pessoas:


(Luiz Henrique: Me deu a impressão de que com o "Jour le Jour" de ontem, houve uma mudança na cabeça das pessoas, o aspecto cruz do Senhor Doutor Plinio, muito mais do que se tinha antes. Antes, se falava de cruz, ficava meio teórico. Sobretudo com a reunião de ontem, se consumou qualquer coisa na cabeça, me parece do conjunto não sei se analiso bem por onde se via muito mais a cruz na vida do Senhor Doutor Plinio. Uma coisa que passa por cima do resto. Isto produz uma mudança psicológica profunda.

(Cfr. Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 11/10/95)





2. Os que propendiam a ficar neutros sofreram pressões morais


Segundo se depreende da carta que Varne de Andrade dirigiu ao Coronel Poli em 14/1/98, em vários ambientes circularam, de modo subreptício e certo tempo antes da ruptura, vários pareceres de moralistas europeus visando despertar um problema de consciência em quem hesitasse assinar o processo contra a TFP:


Eu pensei muito, antes de assinar a minha procuração. Estudei toda a matéria, tomei conhecimento das várias consultas feitas a moralistas europeus, conversei com amigos que sempre fizeram o jogo do bom espírito dentro do Grupo, fiz uma confissão geral e uma promessa particular a Nossa Senhora.

Cheguei à conclusão de que era a única saída para preservar a UNIDADE do Grupo, dentro do espírito de nosso querido Pai e Fundador.

Caso contrário, caminharíamos para o alijamento de nossas fileiras, através de expulsões, pressões financeiras, etc., de todo um filão de membros fervorosos e de larga visão do Grupo. (...).

Imagine o drama de consciência no qual nos meteríamos se tivéssemos ficado neutros diante de inocentes atacados! A Moral católica é muito clara: há que defendê-los.

(...) eu considerei um dever de consciência juntar-me a muitos outros irmãos de ideal em legítima defesa da ala, grossamente majoritária, que sustenta, em primeiríssimo lugar, que devemos estar voltados para o espírito e os princípios de nosso Fundador.


*


Proclama lida por Andreas Egalité, no ANSA, o dia da ruptura, 25/11/97:


Uma vez que os estatutos da TFP brasileira dão, na prática, todo o poder aos membros do Conselho Nacional, (...), não nos restou outra solução a ser a de (...) obter a alteração de certas cláusulas dos estatutos (...).

Diante de uma tão grave decisão foram consultados moralistas de muito peso que não só afirmaram ser legítimo tomar esse tipo de medidas, como julgam até ser obrigação moral fazê-lo.





3. as bases receberam com antecipação recados que atenuaram o impacto causado pela divisão


Em reunião confidencial para os veteranos, 2/4/96, JC lhes avisa que pode haver uma cissão interna --de um lado ele e doutro lado os Provectos:


Eu mesmo estou metido num estrondo interno --não é externo, é interno-- que está me dando um trabalho, eu já estou no décimo primeiro dia pelo menos. Me mandaram trinta e duas páginas (1) e agora para responder eu sou obrigado a responder em trezentas ou quatrocentas.


(Vicente Nunes: Engaveta e ...)


Mas não posso, não posso porque sou obrigado a explicar: "Não é bem assim, isto está errado, tal coisa não foi bem vista, isso aqui é boato. Não se pode julgar uma pessoa através de boato, porque quem toma um boato e faz um julgamento a respeito da pessoa em função de boato peca por juízo temerário, porque o juízo verdadeiro deve ser baseado no fato concreto e não no fato imaginado".

São coisas que o demônio faz para atrapalhar a vida da gente, isso não tem por onde.

Eles, que são poucos, não têm repercussão, não têm penetração. O que é mais perigoso, isto sim, é a respeito de problemas que o Sr. Dr. Plinio disse que eram explosivos já em vida. As pessoas começarem a dizer: "Não, eu acho que é assim; não, eu acho que é assado". Aí, sim, mais perigoso do que fumaça é isto, porque aí, sim, pode haver de fato uma cisão interna, porque uns podem fixar-se numa opinião, outros noutra e o manto se rasga.


Comentário:

  1. Refere-se à carta - memorandum que os Provectos lhe enviaram em março de 1996, sobre a inconveniência de mudar a posição do Grupo perante a Missa Nova e de pedir um reconhecimento canônico à Estrutura.


*


Em mediados de abril de 1996 JC passou por Campos. Ao responder uma pergunta sobre como ele via o futuro do Grupo, disse que haveria uma acomodação de terreno, uns abaixando, outros se levantando ... (Cfr. carta do Sr. Ghioto ao Pe. David, 24/5/97, p.5).


*


Nos primeiros dias de junho de 1996, JC fez uma reunião no Praesto Sum sobre uma divisão que estava notando no Grupo: de um lado, os que estavam recebendo a “graça nova” (os que tinham entusiasmo por ele) e doutro lado os que recusavam essa “graça” (os que ficavam com um pé atrás em relação a ele).

Para explicar a situação, à las tantas, JC colocou uma mão em cima da outra e disse que a mão superior simbolizava o primeiro grupo, e a mão inferior o segundo ...





C. Preparativos jurídicos


Proclama de Andreas Meran, no ANSA, 25/11/97:


Cerca de 250 sócios e cooperadores da TFP brasileira deram adesão à abertura de um processo judicial, em que são pedidas medidas urgentes, numa primeira etapa, para fazer cessar as arbitrariedades praticadas pela atual diretoria estatutária, tais como expulsões, ou chantagem financeira.


Ora, de um dia para outro ninguém é capaz de levantar um processo daquele tamanho, pesquisar a documentação da DAFN e conseguir que 250 sócios e cooperadores se comprometam num empreendimento tão grave. Quer dizer, aquilo foi excogitado, decidido e elaborado com meses de antecipação.










D. Preparativos sofísticos


1. Quanto ao libelo subversivo "Quia nominor provectus"


O panfleto “Quia nominor provectus”, no qual os joanistas pretendem justificar a revolta, foi publicado em 19/11/97, praticamente um mês depois de Ramón León ter sido expulso da TFP por grave ato de indisciplina e motim caraterizado. Mas é certo que estava sendo preparado com bastante antecedência. Porque é impossível que em 37 dias o autor tenha conseguido estudar, selecionar e aproveitar citações:






2. Quanto à proclama subversiva feita por Andreas Egalité no ANSA o dia da ruptura


Um ano e meio antes da cissão da TFP, mais exatamente em 26/3/96, numa reunião para os veteranos, JC menciona o mesmo texto que o dia da ruptura foi a “piece maitresse” da proclama que Andreas Meran fez no Auditório Nossa Senhora Auxiliadora tentando justificar a insurreição:


Eu deixei em cima, porque é tanta coisa, mas, por exemplo, num almoço de começo da década de oitenta ele dá as normas de como deve ser a nomeação das pessoas para os cargos e para as funções no Reino de Maria. E ele diz: "Não nomeie tíbios, por mais que sejam figuras representativas, porque o tíbio é um traidor em potencial quando ocupa um cargo. Peguem alguém da sarjeta, mas que tenha entusiasmo". Tudo delineado, tudo estudado, tudo previsto.


O texto desse almoço foi analisado acima (Previsões, I, F). De fato Dr. Plinio sustentou aquilo, e caraterizou perfeitamente esse tipo de tíbios como pessoas dotadas de todas as aparências de um fervoroso, com fama de radicais, mas cheias de amor próprio.





E. Elaboração da revista “Dr. Plinio”


Frase tirada da revista “Dr. Plinio”, ano 2, nro. 13, abril de 1999, artigo “Dr. Plinio – Produto autêntico da sapientia christiana”, p.4:


Dr. Plinio” acaba de transpor o limiar de seu primeiro ano de existência, contente por ter levado a cabo durante 12 meses sua finalidade: tornar mais conhecida [a pessoa de Plinio Corrêa de Oliveira].

Foi graças à iniciativa e esforços de um amigo nosso muito dileto --e discípulo entusiasmado de Dr. Plinio-- que tal objetivo pode ser alcançado. A feliz idéia deste mensário ele a expôs numa reunião de integrantes da obra de Dr. Plinio em 23 de março de 1996. Circunstâncias diversas fizeram adiar por dois anos a concretização de seus desígnios”.


*


Conversa de JC com eremitas de São Bento e Praesto Sum, 24/3/96:


Já essa semana devem ficar prontos dois livretos para os senhores. Um sobre Elias, tirado do Cornélio a Lápide, e outro sobre o Pe. Ramiere (...). Elias nós vamos ler e comentar juntos, o Pe. Ramiere também. Não dá para os senhores fazerem mera leitura do Pe. Ramiere, é preciso que nós leiamos e comentemos juntos.


(P. Henrique: E o jornal "Plinio Corrêa de Oliveira" o senhor vai levar adiante?)


Sei não, sabe? Eu tenho vontade. Vontade eu tenho.

Mas é interessante a idéia, hein! Esqueci de trazer. Precisam me lembrar para eu trazer para mostrar para os senhores como é o negócio. É bem interessante.

Tem uma freira agora, não é? Conte aí, Sr. André, o negócio da freira. A freira que escreveu para o Sr. José Francisco, na Espanha. Ela dizia como é que nós tínhamos que fazer. É fazer uma revista dele.


*





Reunião no PS, domingo, 24/3/96:


Aliás, eu esqueci de portar comigo hoje aqui para mostrar aos senhores, exibir aos senhores, o que se faz na Europa com alguém que morre em fama de santidade. Eles fazem uma revistinha, em geral, com o nome do falecido. Uma revistinha assim de oito páginas, doze páginas, que se chama Plinio Corrêa de Oliveira, sempre com uma foto dele na capa que vai variando e dentro vem histórias a respeito dele. Então, ele na infância fez isto, houve tal fatinho, não sei quanto, em tal circunstância ele comentou tal coisa assim e vem um pensamento dele, em tal jornal ele lançou tal artigo e vem um artigo dele. Depois a obra dele se espalha pelo mundo, então vem a plaquete do Sr. Santiago, vem a obra da Sra. Da. Lucilia.

Isto é mensário. As pessoas, então, recebem este mensário, vão se adentrando no conhecimento da pessoa do Sr. Dr. Plinio e vão pedindo graças, vão pedindo milagres, vão obtendo ao longo de sua vida favores extraordinários e vão escrevendo: "Olhe, hoje aconteceu que Dr. Plinio me conseguiu tal coisa. Milagre que se passou em tal hospital, estão aqui os documentos". Tudo isso vai sendo juntado para mais tarde poder se abrir o processo de canonização.





F. Criação da “Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima”


Vários meses antes da ação judicial que moveram contra a TFP em novembro de 1997, os joanistas já estavam dando os primeiros passos --à sorrelfa, na sombra e silenciosamente-- para a constituição da ACNSF. Com efeito, ela foi fundada juridicamente em 23 de agosto de 1997. Mas evidentemente estava sendo matutada antes dessa data.

O boletim “Ecos de Fátima”, da “tfp” espanhola, outubro de 1998, pág.4, informa que o “criador” dessa entidade foi JC.





VII. Preparativos próximos e “legitimização” da divisão


Oito meses antes da ruptura, JC sustenta e espalha que a crise interna que germinava na TFP naqueles dias poderia acabar dando bons frutos - "Jour le Jour" II, 30/3/97, Domingo:


Eu quero mostrar um cartão que me mandaram muito interessante.

É todo branco por fora e embaixo vem: "Mesmo nas situações mais difíceis é sempre bom ser otimista".

O Sr. Dr. Plinio dizia que era preciso a gente ser muito pessimista. Mas enquanto efeito propagandístico é muito bem pensado, porque o sujeito pensa: "Mesmo nas situações mais difíceis é bom ser otimista. Hum! Espera um pouco".

Aí abre-se e tem uma super ostra com uma pérola. Embaixo vem uma coisa que se aplica à nossa vida interna: "Lembre de que a pérola é o resultado da crise interna de uma ostra". [Risos]

Não é interessante?

Então às vezes uma crise interna redunda numa pérola. É muito interessante isto.


*


Dois meses antes do “crach”, JC leu no auditório Nossa Senhora Auxiliadora uma compilação de extratos de MNF a respeito da luta, dentro das fileiras do Bem, entre o muito bom e o menos bom. Os textos aparentemente favorecem ao líder subversivo, mas na realidade se voltam contra ele.

Seus ouvintes aplicam esses trechos às relações, não entre Dr. Plinio e os membros do Grupo, mas entre JC e os membros do Grupo. Quer dizer, para eles, o paradigma do contra-revolucionário é JC, não Dr. Plinio.


Jour-le-jour”" 24/9/97:


Aliás, foram alguns enjolras que apanharam MNF's vários do Sr. Dr. Plinio, de várias épocas, e tiraram de dentro desses MNF's o tema --que também foi escolhido por eles, um pouco orientados, é verdade, pelo Sr. Fernando Gonzalo, mas um tema sui generis-- e que é: "Profetismo e História".

Fizeram três volumes e eu trouxe aqui para os senhores verem. (...) eles fizeram uma junção, fizeram uma colcha de retalhos, é praticamente uma colcha de retalhos. Foram pegando trechos aqui, trechos lá, trechos acolá e puseram em ordem lógica, o que é muito do sangue argentino (1). (...) Mas eu, assim, abrindo um volume, abrindo outro, tirei de dentro três assuntos que poderiam servir para hoje à noite.

O primeiro diz respeito à "Teologia do Post Scriptum da História".

O segundo é: "A conspiração de Jezabel rumo ao pecado imenso". Então, toda a teoria que ele vai explicitando aqui, lá e acolá a respeito do bem e do mal, como é que os bons devem se conduzir, como é que é a relação entre os ótimos, os bons e os menos bons, etc. É toda uma teoria de governo fora do comum. Entende-se melhor como decaiu a Idade Média e entende-se melhor como deve ser a nossa conduta no Reino de Maria. (...)

Olhem o que ele [Dr. Plinio] vai dizer:


O bom, desde que se mantenha na crista da fidelidade, é invencível. Ele, e naturalmente os "doze apóstolos dele".

Ele concebe aqui que o bom, todo bom, como no caso dele, por exemplo, que é bom por excelência, é o excelente, todo bom tem "doze apóstolos", digamos assim, como quê. O bom e os "doze apóstolos" dele, são invencíveis.


Se esse corpo é fiel, os bons não são derrotáveis.

Basta que o bom com os dele sejam fiéis.

Se esse corpo é fiel, os bons não são derrotáveis. E aqui é a difícil e nobre arte de ser bom, que é a arte de ser ótimo.

Portanto o fato de às vezes parecer que a Providência abandona os bons é explicável, pelo fato de que os bons não tiveram o grau de bondade que a delicadeza da Providência, concedendo a eles aquelas graças, supunha.

Exemplo: A transparência dos anjos nos chouans é uma coisa fantástica. Mas em determinado momento a camponezada, no seu conjunto, deu um passo que não devia dar, um passo "nhonhô", retardando uma renúncia até então legítima.


Quer dizer, era uma renúncia que eles deveriam fazer, e que não fizeram, mas que era legítimo eles ficarem onde estavam. Era legítimo, mas a Providência chegou em certo momento e quis dele mais. E eles não deram, retardaram.

E aí começou a degringolada.

(...) Quer dizer, algo que eles conservaram até aquele momento de forma legítima. Mas a Providência exigiu que eles dessem um passo renunciando aquilo que eles tinham e que tinham legitimamente. Eles deram um passo "nhonhô" e não entregaram (2).


(...)


(Paulo Martos: Pugnemus pro Domina! Será que o senhor poderia, depois, fazer a aplicação para o Grupo?)


Eu tenho receio porque é tão decidor, que...

(Paulo Martos: Cada um pode tirar as suas).

É só o senhor sublinhar, não é?! Eu poderia, não sei, pegar um grupo talvez. Mas que grupo? Um grupo que os senhores [não] conheçam, porque os grupos que todos conhecem, desses a gente não pode falar. O senhor vai ver. O senhor ouça a doutrina que... é muito bonita a doutrina. [Risos] (...) O que tem aqui dentro é impressionante! O que ele diz a respeito de governo da opinião pública, não sei mais quanto, é do outro mundo! Nem na "Comissão B" tem coisas que tem aqui. Não tem! (...) Os senhores vêem os princípios que estão aqui, extraordinários! (3) (...) Vou ler tudo de novo, porque é tudo muito denso e isto para ser mais assimilado, precisaria ser muito esmiuçado.


Isaías dá a descrição da decadência lançada contra os bons por maldição e que arquetipicamente se dará no episódio da Escritura, mas que se repete na História e que é: Deus se retira do bom e, com o retirar-se, sai do bom não propriamente o bem, mas a fortaleza, e o bom passa a ser mole e fraco. Então é como um vidro de perfume destampado: o bom odor vai saindo. Em certo momento, em causas segundas, o adversário achata o bom. O processo das causas segundas, mais as interferências de Deus extraordinárias, formam a História. Exemplo: São Pio X tinha mãos com vigor, mas que procuram sustentar a Igreja para a qual ninguém tinha vigor para a sustentação. Para os semibons vêm uma série de catástrofes dentro da Igreja que dá no Concílio do Vaticano II.

E quando a Escritura diz que Deus, porque o povo era ruim, lhes mandou maus pastores, não é que Deus tenha induzido o pastor ao pecado, mas é um estado de fraqueza do bem, onde Deus não dá graças extraordinárias a um povo para ele enfrentar o mal, os maus avançam, os bons cruzam os braços, o mau pastor se senta na cátedra da verdade, Deus permite que o mau pastor abuse de seus poderes e que faça o mal, e depois destrói aquele que permitiu o mal. Quer dizer, aí, o principal culpado é o pastor [que] deveria resistir ao pecado e se deixa levar, mas o ponto de partida do pecado é o rebanho, que traz como castigo a decadência do pastor.


É porque o povo não foi fiel, é porque os subalternos não foram fiéis, que o superior decai.

Os senhores têm isso inclusive no campo da arte até. (...)

É a mesma coisa que se dá com as instituições que devem lutar contra o mal. Se essas instituições começam a dar menos, os pastores vão dando menos. E dá no processo que está aqui. (...)


O lapsus se diz habitualmente do homem que teve medo e fugiu.

Quer dizer, prestou culto ao deus e foi para o deserto.

Mas a coisa é mais profunda, pois na deliberação que ele tomou, houve previamente uma crise de amor, a qual, como tudo dentro do homem e nas correntes, os [laivos] das atitudes dos homens tem uma História.

É a História do filão do falso guelfo, que está, conserva as proporções, como São Pedro está para São Paulo.


Vamos esquecer a História do filão do falso guelfo, porque está mal anotado aqui, me parece. Não pode ser que o Sr. Dr. Plinio diga uma coisa assim, ex abrupto, sem ter relação com o que vinha antes, nem com o que vem depois.Vamos ficar com a relação entre São Pedro e São Paulo, Como São Pedro está para São Paulo.


Quer dizer, entre dois muito bons, sempre um é melhor e o outro é menos bom.


É de uma genialidade profética! Os senhores não têm em livro nenhum de sociologia, os senhores não têm em livro nenhum de política, de filosofia da política, de filosofia da sociologia, o que os senhores queiram. Não tem, não vão encontrar em lugar nenhum, não há. (...) Não tem! Isso é completamente novo. É enriquecimento da doutrina da Igreja.

E o convívio entre eles representa uma relação que é uma luta entre o bem e o mal, [que] está prefigurada.


Quer dizer, a luta entre o bem e o mal já está prefigurada entre os dois bons. Só que um é melhor e o outro é menos bom. Nesse relacionamento entre esses dois está toda a prefigura da luta entre o bem e o mal. É impressionantíssimo!

Quando o menos bom se deixa levar pelo outro, sabendo que o papel dele é este ato feudal de fidelidade, deixando-se levar pelo melhor, os Céus todos brilham...


[Aplausos] (4)


Eu compreendo que os senhores tenham aplaudido, porque é bonito mesmo. É lindíssimo, lindíssimo! (5)

Quando o menos bom se deixa levar pelo outro, sabendo que o papel dele é este ato feudal de fidelidade, deixando-se levar pelo melhor, os Céus todos brilham, enquanto que quando isto de algum modo não se dá, todos os anjos choram, pois embora o menos bom esteja em estado de graça, já se esboçou algo à maneira de Revolução e Contra-Revolução.


Eu sei que os mais novinhos não acompanham isto que está aqui, e eu fiquei reservando isso aqui para um dia, quando nós estivéssemos entre nós mais da nossa idade mesmo, para que nós pudéssemos degustar isso (6). Mas é uma coisa extraordinária. Agora os senhores ouçam o que vem depois.


Depois, há uma certa forma de Damiães e de Pedros que pode dar facilmente origem a um subproduto ainda correto, mas já pronto a "dar no pé", caso o perigo seja maior.


São Damião, que relação tinha com São Pedro? Não sei também. Não consegui alcançar.Deve ser que ele está aqui --pelo que ele vai dizer depois-- mostrando uma relação que deveria existir entre São Pedro e São Paulo. São Pedro era bom, mas São Paulo, por ter sido levado por Nosso Senhor, em certo sentido fazia o papel do "bom-melhor". E São Pedro deveria se deixar levar pelo fluxo do espírito de São Paulo. A tal ponto que São Paulo, às tantas, resiste em face à São Pedro, no que dizia respeito ao apostolado com os gentios.

Ele diz que nessa relação São Pedro e São Paulo está a matriz da luta entre o bem e o mal (7).

Agora ele fala em Damião. Ele diz que o fenômeno deve ser repetir, pelo que eu entendi aqui:


Depois, há uma certa forma de Damiães e de Pedros que pode dar facilmente origem a um subproduto ainda correto...

Quer dizer, ainda haverá uma série de outros que estão dependendo do menos bom, que estão em estado de graça e que estão corretos, mas pelo fato de não ter havido aquela submissão do menos bom ao bom, que faria o Céu brilhar, pelo fato de não ter havido esta submissão, o que acontece é que esta gente toda que vem abaixo está pronta a fugir e a se transformar em lapsus na hora da perseguição. (...) Então, quando o perigo for maior, esse subproduto que vem de uma infidelidade do segundo em relação ao primeiro, o resto se enfraqueceu (8). Por causa da teoria que vem antes, de que Deus se retira e retira justamente a fortaleza.


Esse dégradé [encadeamento] é acompanhado de erros doutrinários...

A partir do momento que o menos bom se levantou contra o melhor, a partir daí começam erros doutrinários.


ainda que subconscientes e vivenciais, tendenciais e doutrinários (9). Essa é uma teoria da História das tendências, tirada da moral da Igreja.

Agora ele vai dar um exemplo histórico:

Foi essa mesma família de almas que levou a Constantino a agir mal, que levou a Igreja do Império do Ocidente a não resistir à invasão dos bárbaros e tudo o mais. E a atitude análoga toma a "heresia branca" diante dos males de nossa época. Agora, as grandes vitórias do bem são seguidas por um cortejo eclético...

Os senhores vão ver coisa completamente inédita, mas que uma vez dita, por causa do Tau que está na nossa alma, há uma consonância. O Sr. Dr. Plinio diz isto e nós não colocamos a menor objeção. A gente diz: "É isso!" e imediatamente a gente vê uma série de situações com clareza.


As grandes vitórias do bem são seguidas por um cortejo eclético de Paulos como de Pedros e que fazem parte do cortejo triunfal. E não se pode pôr fora o Pedro não só porque é Papa, mas porque é bom, mas para ser estaqueado. E isso vai numa gradação até os que chegam até o pecado (10). E quem carrega o peso do mundo, sem desmerecer a São João, que ele mesmo luta na transesfera, é o Paulo. É ele que avança. Agora, há um dinamismo neste cortejo por onde cada um se pendura no outro que é um pouco melhor e em que tudo anda bem na medida em que São Paulo é ouvido, o qual recebeu um espírito, que entretanto fa-lo dobrar ante São Pedro. Mas então, é a luta interna de São Paulo para agir, no que [diz] respeito a São Pedro, quando São Pedro não é confirmado em graça.


Muito bonito! Então ele imagina uma situação onde, no Colégio Apostólico, São Paulo tivesse sido confirmado em graça, São Paulo tivesse tido todo o sopro do ensinamento dado por Nosso Senhor Jesus Cristo em corpo glorioso, durante três anos no deserto com ele. E São Pedro, que conviveu com Nosso Senhor durante a vida mortal de Nosso Senhor, que não teve todas aquelas graças que teve São Paulo, e que nem foi confirmado em graça. Então ele tem dificuldade de admitir São Paulo. Diz ele, então:


É a luta interna de São Paulo para agir, no que [diz] respeito a São Pedro, quando São Pedro não é confirmado em graça.


(subtítulo) Luta entre os guelfos e o leme da História


É axiológico que nesta Terra, apesar de ser Terra de exílio, o prestígio pertença a quem tenha o direito e a razão.


É um princípio. Claro, quem tem direito e quem tem razão, esse tem que ter o prestígio.


Diante disto, os guelfos bons têm a seguinte política: "Isto é verdade, mas nós não existimos para ter prestígio, mas para na ofensiva ou na defensiva, vingarmos tais princípios. Secundariamente, se nós não nos incomodarmos com o prestígio deles e no mais mínimo, cumprirmos o nosso dever até o fim, as formas de prestígio verdadeiras confluirão para as nossas mãos e durarão séculos. Pelo contrário, se nós quisermos fazer nosso o tipo de prestígio deles, nós montamos o corcel deles o qual nos leva onde nós não queremos e nós vamos participar do prestígio fátuo deles".

Agora, há a política do guelfo podre que sempre pensa ganhar a partida cavalgando o prestígio do adversário. Desta maneira, para nós, ou é a busca do dever cumprido antes de tudo...


Porque ele diz em cima: "É axiológico que nesta terra, apesar de ser terra de exílio, o prestígio pertença a quem tenha o direito e a razão". Então ele diz:


Desta maneira, para nós, ou é a busca do dever cumprido antes de tudo, ainda na maior das derrotas humanas e a intransigência [prestigiogênica], ou os guelfos podres tomam conta e começa haver entre os guelfos uma luta (11).


Em toda a História, pelo que ele diz aqui, sempre os bons estão na seguinte situação:

Alguns dizem: "Olha aqui, prestígio deles, nunca. O que importa é cumprir o dever e manter os princípios".

Outros dizem: "Olha, quem sabe se a gente pega o prestígio deles, a gente dá uma rasteira neles, e os derruba no chão." (12).


Nessa luta a Providência ainda protege a instituição na medida em que esta tem um tanto por cento de laivo de guelfo bom, mas com o adversário cada vez crescendo mais e ameaçando mais a instituição. Se o guelfos bons não conseguem subir de novo, a Providência em certo momento dá tudo nas mãos do inimigo.


E essa é a história de todas derrotas das ordens de cavalaria, de todas as derrotas de todas as instituições da Igreja que feneceram (13).


Há porém o princípio expiatório, por onde cada filão constitui uma espécie de corpo místico, dentro do qual há os expiadores, que são os que resolvem lutar apesar de tudo, contra tudo, sem nenhuma esperança, até o último alento, ainda que não dê nada. Eles pensam que não estão fazendo nada, mas estão pondo azeite nas lamparinas dos anjos que defendem esta causa perante Deus. E o resultado é que das mãos deles a causa renasce de um jeito ou de outro.


Daí o problema dele, face ao oferecimento como vítima expiatória. (...)


De vez em quando a corrente podre é cortada, no meio de tragédias, com raios fulgurando, etc. E os guelfos bons são depurados dos ruins. É o guelfo bom que agüenta a tempestade no peito, continuando a enfrentar a vida, quando ele mesmo percebe está amanhecendo de novo e começa uma nova aurora (14). E é o elo das lutas e da guerra que vai seguindo.

Um trabalho histórico no Reino de Maria só vai ter interesse verdadeiro para efeito de saber quem foi o guelfo podre, mas para glorificar quem foi o guelfo fiel. E aí se fará justiça.


(Subtítulo) Luta entre os guelfos e a RCR no Reino de Maria


Deverá ser tirado no Reino de Maria, o fio RCR dentro da dinâmica interna do Reino de Israel pois então será o momento em que os eleitos serão o mundo inteiro e se repetirão em nível mundial os problemas do povo eleito, com a diferença que o Reino de Maria vai ser um longo período de glória, em que essa gente vai ficar esmagada. Mas a extensão desse período de glória já será na proporção de que os gloriosos tenham conhecimento dessas coisas. Porque a RCR no Reino de Maria será o manejo dos falsos guelfos. A matriz de pecado dos guelfos ruins é o guelfo bom que cometeu o pecado de olhar e não ver. Daí vem o resto.


Eu achei impressionantíssimo. (...)


(Subtítulo) O falso bom é o requinte de perseguição ao bem


Uma espécie de requinte de requinte de perseguição ao bem é: para que eles não possam ficar no panorama como os bons e os outros como os maus, façamos nós um falso bom, que seja apontado à terra inteira como um revoltado contra o mal, até que atirem pedras contra ele e ele sangre. Ele depois tira do seu próprio bolso uma pedra que ele joga contra os verdadeiros bons.

Exemplo: Monsenhor Lefèbvre se destaca de dentro da "Estrutura" como sendo inconforme e ele se incumbe da perseguição dos verdadeiros, em nome do mel mais doce e da flor de farinha que há na Igreja, com o que ele parece (15).

Desde que eu nasci, nunca imaginei uma forma de perseguição tão requintada. É preciso ser um satanás para excogitar uma coisa destas. Sem isto nossa história fica ininteligível.


Bem, isto tudo foi um conjunto de vários números arábicos, que veio do subtítulo: "Introdução: sobre a causa da vitória do mal na História". (...)


(Edwaldo Marques: Isso que o senhor leu antes, corresponde a um princípio que o Sr. Dr. Plinio dava: "Quanto mais próximo, pior o inimigo").


Dr. Edwaldo está lembrando aqui que o Sr. Dr. Plinio deu um princípio e tudo que foi dito aqui, da parte do Sr. Dr. Plinio, pode se resumir nesse princípio que o Sr. Dr. Plinio dava. Se não for inteiramente fiel, se não for inteiramente dócil, se não for inteiramente submisso: "Quanto mais próximo, maior o inimigo" (16). (...)


Comentários:

  1. Mentira. Essa apostila pertence ao Secretariado do MNF, não foi feita por um argentino, nem orientada por Fernando Gonzalo.

  2. Isso se aplica como luva na mão aos revoltados, e sobretudo a seu chefe: em determinado momento foi lhes pedida uma renuncia, recusaram, aí começou sua degringolada.

  3. Ao louvar e exaltar a apostila, JC implicitamente se coloca como favorecido pelo seu conteúdo.

  4. Os aplausos foram porque os joaninos interpretaram o trecho lido como aplicável às relações entre JC e os membros do Grupo.

  5. JC concorda com a interpretação dada por seus adeptos a esse trecho. Está ávido de receber um ato de fidelidade feudal por parte de todos os membros do Grupo. Quem recusar tornar-se seu vassalo, “é mau”, faz o jogo da Revolução dentro da TFP ...

  6. JC já conhecia esses textos sobre a luta entre o muito bom e o menos bom, mas os estava reservando para um dia mais propício. Pouco tempo depois houve o motim de Jasna Gora ...

  7. Mas se a matriz das relações entre o muito bom e o menos bom é a relação São Paulo – São Pedro, e se JC está para os Provectos como São Paulo para São Pedro, essa matriz, longe de justificar a atitude de JC, a condena. Com efeito, São Paulo:

  1. em nenhum momento contestou a autoridade de São Pedro;

  2. menos ainda chamou a si o governo da Igreja;

  3. resistiu em face” a São Pedro (Gal., 2,11), quer dizer, procedeu com lealdade e retidão; enquanto JC é o paradigma da hipocrisia e da duplicidade;

  4. não apelou para o sanhedrin, nem para César; enquanto JC apelou para a Estrutura e para o Poder Judicial.

  1. Mais uma vez, o “primeiro” aí, na ótica joanina, não é Dr. Plinio, mas JC. Note-se que, a interpretação certa --isto é, que Dr. Plinio é o primeiro--, elucida a gênese da crise: pois a partir de certa infidelidade de JC a Dr. Plinio, se desencadeou um processo de apodrecimento na pirâmide de almas que está sob sua influência, e que acabou dando na insurreição.

  2. Os erros doutrinários de JC --por exemplo, o igualitarismo, a democracia e o ecumenismo-- num primeiro momento da crise estavam subjacentes; com o decorrer do tempo, vão se tornando cada vez mais explícitos.

  3. Mas desde anos atrás, corre entre os joaninos que, começando a Bagarre, tudo quanto é “sabugo” –isto é, quem não beija os pés a JC--, deve ser morto.

  4. Ou seja, o objetivo do contra-revolucionário autêntico é fazer prevalecer os princípios contra-revolucionários; para ele o prestígio é secundário e vem por acréscimo. O objetivo do contra-revolucionário podre é obter o prestígio; por isso transige em matéria de princípios.

JC faz parte deste segundo grupo de gente. Pois acima de tudo gosta de ser aplaudido e incensado; e se para isso for preciso participar em Missas Novas e aderir ao Concílo Vaticano II, não há problema.

  1. A política de JC com a Estrutura consiste em aproximar-se dela, de tal maneira que, compartilhando seu prestígio, a acusação de seita se torne inviável; destarte, a gente dá uma rasteira nela, e acaba derrubando-a no chão ...

Note-se que, quem se encarregou de dar aparências de seita à fisionomia da TFP, foi JC. E quem chamou a si a tarefa de evitar a acusação de seita, foi também JC.

  1. Implicitamente JC se coloca como guelfo bom dentro da TFP.

  2. Segundo Dr. Plinio, para depurar as fileiras da Contra-Revolução é preciso expiação e holocausto. Segundo JC, é preciso fazer uma Revolução.

  3. JC foi dentro da TFP o que Monsenhor Lefevre dentro da Igreja. Com efeito, as pedras que Fedeli e outros do gênero jogaram contra JC, acabaram levantando o mito de JC como modelo de fidelidade a Dr. Plinio; depois JC se incumbiu de, em nome da glorificação a Dr. Plinio, atirar pedras contra a obra de Dr. Plinio.

  4. Isso se aplica como luva na mão ao caso de JC: foi muito chegado a Dr. Plinio, mas não foi inteiramente fiel, nem dócil, nem submisso; por isso sua felonia é a pior que houve na história da TFP.


*


Jour-le-jour”" 5/10/97 – JC dá a entender que ele é uma pedra de escândalo dentro da TFP porque nele brilha e reluz a participação com Dr. Plinio:


Eu quero transmitir aos senhores algo de muito antigo, para os senhores verem como o Sr. Dr. Plinio enquanto profeta, enquanto homem da Destra de Maria Santíssima, enquanto um homem todo feito de grandeza, todo feito de luzes para enxergar o futuro e para orientar-nos em relação ao futuro, este homem desde 1969 lutava já contra os seus (1). (...)

Eu fiz uma longa introdução, perdi um tempo colossal, pensei que fosse mais rápido, peço perdão, mas nós vamos aproveitar essa circunstância chamada Bagarre para sacudir aqueles que devem passar para o Reino de Maria e para separar os que devem passar para o reino de Satanás. Ou seja, é preciso que nós nos compenetremos de nossa vocação: nós fomos chamados a ser pedras de escândalo das profecias de Plinio (2). [Aplausos] Eu estou no ano de 1969. Diz ele:


Eu acho, entretanto, que o Grupo não está maduro para a Bagarre. Isso eu acho. E eu tenho tido ocasião de dizer a uns e outros que no momento, o fator mais dinâmico para o Grupo não estar maduro para a Bagarre é que eu noto da parte de Grupo uma espécie de atitude assim, para falar português bem claro: levou um certo tempo para o Grupo ter a respeito do meu papel a visão que deveria ter.


Então, condição para estar preparado para a Bagarre é ter em relação ao Sr. Dr. Plinio a noção clara que se deve ter sobre a pessoa dele. [Aplausos] Ter uma visão torta, ter uma visão apoucada, ter uma visão inadequada a respeito dele significa levar um tombo de costas e quebrar até o nariz. Não ter esta visão é não estar preparado para a Bagarre.


O tempo que isto levou não deixou de ser um certo retardamento. Digamos que esta visão esteja um pouco mais ou menos esboçada, eu encontro, entretanto, uma outra dificuldade, que é a seguinte: os membros do Grupo, sobretudo os que são membros de cúpula do Grupo, eles devem estar para mim --e eu quando digo Grupo eu inclui Fidúcia e Cruzada-- eles devem estar para mim pouco mais ou menos como os pares de Carlos Magno estavam para Carlos Magno. Quer dizer, participantes da glória de Carlos Magno, formando com Carlos Magno um todo só.

Eu não posso ser visto como naquelas montanhas do caminho de Teresópolis, que são montanhas assim: sai do chão sem ter nada em volta, perpendiculares ao chão, uma delas até chamam "Dedo de Deus", porque dá a impressão de um dedo que sai perpendicularmente do chão.

Eu não posso ser visto assim: "Bem, está lá o Doutor Plinio, e depois em volta umas formiguinhas que se movem, e umas pessoinhas, e umas coisinhas", isso não está de acordo com a realidade dentro da vida do Grupo (3).

Os membros do Grupo devem persuadir-se dessa participação (4). E sentir que eles foram tocados pela água do sobrenatural, que eles foram chamados para a vocação pessoal enorme, que certamente é participante da minha, não é uma vocação autônoma da minha, mas que participa.

E que lhes deveria dar uma compenetração de que vive neles uma espécie de santuário de Contra-Revolução o qual é uma espécie de prolongamento daquilo que há em mim, e que lhes deveria dar uma outra vivência, dia e noite, de que eles são heróis e os paladinos e os pares da Contra-Revolução. [Aplausos] (5).


Os senhores vêem que eram reuniões pão-pão, queijo-queijo, claras (6).


Aparte: Doutor Plinio, para ter esta compenetração, nós teríamos que ter confiança plena da participação, da compenetração com sua vocação, que deve fazer a pessoa do Grupo para..., o senhor pode dar umas normas gerais? (7)


A primeira coisa é rezar. E aumentar o quanto possível a devoção a Nossa Senhora.


Hoje nós podemos dizer: e aumentar o quanto possível a devoção a ele, à Sra. Da. Lucilia e a Nossa Senhora.

Porque Ela é Medianeira de todas a graças e isto tudo são graças que vêm dEla, e sem pedir nós não obtemos.Mas nós devemos nos convencer de que o que eu digo é tão claro e representa, sem ter nenhum conteúdo sacramental, nem de longe, porque o único sacramento que nós temos é o do Batismo, isto representa algo de tão consistente que nós devemos estar convencidos de nossa dignidade neste sentido, da dignidade dessa missão e dessa participação, como um padre e um Bispo está convencido habitualmente, estavelmente, de que ele é um padre e um Bispo (8).

De maneira que ele comunica uma dignidade episcopal, ou sacerdotal --ou pelo menos deveria comunicar, falando de um bom padre, de um bom Bispo-- ele deve comunicar uma dignidade sacerdotal ou episcopal a todas as suas ações.


Isto é que é preciso. Eu no começo dizia que [NB: na Bagarre] vai ser necessário que nós falemos [NB: do SDP], porque “fides ex auditu”. Mas vai ser necessário que nós sejamos, porque não é só ouvir a palavra que nós transmitiremos, é ver em nós algo que é dele, é ver em nós essa participação, é ver em nós essa missão que está profundamente, intimamente ligada à dele (9).


(...) Bem, nós devemos ter a convicção dessa inabitação dessa graça em nós, nós devemos ter isto dia e noite. Como um padre e um Bispo tem da sua. A deles é uma graça sacramental, de uma natureza inteiramente diferente da nossa, eu estou aplicando uma mera analogia, eu não estou identificando as duas situações, mas como analogia eu posso usar sem desrespeito para com o sacramento da Ordem.

Eu acho mais ainda. Eu acho o seguinte: que quando um membro do nosso Grupo --falemos dos três [Grupos] como se fossem um coisa só-- quando um membro do nosso grupo está inteiramente compenetrado disto, algo há nele que irradia nos outros, nos de fora, e que causa nos de fora enorme atração ou enorme repulsa. Mas causa mesmo. E que é o nosso mais valoroso meio de apostolado. [Aplausos] (10).


Eu gostaria de frisar que o Sr. Dr. Plinio não diz "é preciso ser inteligente", o Sr. Dr. Plinio não diz "é preciso ser culto", o Sr. Dr. Plinio não diz "é preciso ter uma personalidade extraordinária", o Sr. Dr. Plinio não diz "é preciso vestir-se muito bem e de uma forma extraordinária, a la inglesa e de forma perfeita". Não diz isso. Ele diz que é preciso ter esta compenetração, ele diz que é preciso ter a convicção da grandeza da missão. É dentro dessa compenetração, dentro dessa convicção, dentro desse encanto pelo Sr. Dr. Plinio, dentro desse enlevo, dentro dessa veneração, dessa ternura pelo Sr. Dr. Plinio que nós aí seremos. Aí nós somos emissores de algo, nós vamos irradiar algo que divide os campos. E ou nos aceitam com entusiasmo, ou nos rejeitam com um ódio do outro mundo. Preparem-se para receber no peito o crivo do ódio (11), porque quem procura ter esta compenetração, esta convicção, passa pelas ruas e acontece com ele o que o Sr. Dr. Plinio dizia uma vez descendo da Rua Pará para a Rua Alagoas, a pé, com um membro do Grupo.

Descendo os dois, ele dizia: "Nós estamos descendo, essas janelas todas estão fechadas, estamos aqui conversando e nós julgamos que não estamos causando nenhum efeito sob os lugares que nós estamos passando. Entretanto, Seu Senhor tem certeza absoluta de que por detrás dessas janelas, de várias delas, há gente nos observando. E há gente que tem ódio, porque se tivesse simpatia abria a janela para nos cumprimentar. Não abrem porque estão se comendo de ódio atrás da venezianas".

Então está aqui. Eu repito ainda:


(...) quando um membro do nosso grupo está inteiramente compenetrado disto, algo há nele que irradia nos outros, nos de fora, e que causa nos de fora enorme atração ou enorme repulsa. Mas causa mesmo. E que é o nosso mais valoroso meio de apostolado.

Na medida que eu possa, eu procuro quanto possível na minha pessoa, simbolizar isto. Eu procuro ter a consciência noite e dia da vocação que eu tenho.

Ele é fundador. Se é fundador, é modelo, e nós devemos imitá-lo neste ponto. Noite e dia nós devemos ter consciência da vocação que nós temos.


E não tomar um copo de água, e não molhar uma vez um dedo numa esponja que não seja uma coisa movida pela idéia da dignidade que me compete. [Aplausos]

E eu tenho certeza que o ódio que os nossos adversários me têm, vem em grande parte disso.

Porque através deste modo de ser, eles sentem algo que lhes causa horror, e que é exatamente o contato com a vocação destinada a derrubá-los.

Ora, eu quisera, que a idêntica convicção dessa participação fosse viva nos elementos nossos. E há uma espécie de coisa assim: "Não, Doutor Plinio é tudo, faz tudo, mas nós não somos nada", que é uma coisa errada.

São uma participação de mim mesmo, seria mau espírito dizer que a graça que algum dos senhores tem é autônoma da que eu tenho, é uma extensão daquela que eu tenho. [Aplausos] Mas essa extensão existe, e para ter noite e dia essa convicção, é uma coisa que multiplicaria o nosso Grupo por mil. (12)


Se nós tivéssemos essa convicção noite e dia, o Grupo estaria multiplicado por mil.


Bom, isto não quer dizer, que a gente deva imediatamente começar a fazer uma cara séria, fazer isso ou aquilo, e menos ainda me imitar (13).

Não é a cara séria, nem é comprar uma supergravata, também não adianta.


Essas coisas todas para serem autenticamente reproduzidas devem ser inspiradas e nunca imitadas porque essas coisas não têm cota de imitação, elas têm inspiração, mas à maneira --inspiração no sentido natural da palavra, não no sentido sobrenatural-- bem, ela tem inspiração.

E eu digo mais, muito do meu modo de ser ainda é limitado, lixado, circunscrito pela necessidade de viver dentro do mundo de hoje. Porque meu modo de ser traduz uma série, traz uma série de velames, de véus para o mundo democrático de hoje não se assustar demais. Mas de fato, na ordem real das coisas, é assim que nós devemos ser.

Não sei se minha resposta responde à sua pergunta. Alguém mais quer me perguntar algo?


Aparte: Doutor Plinio, para o que devemos a graça de vir a São Paulo, e de compenetrarmos disso (...) pedir a graça dessa compenetração (14).


Você sabe, acontece que as nossas doutrinas vão se explicitando ao longo do tempo, não é? Em grande parte na Comissão do MNF e em outra parte por elucubrações de caráter individual. Há aí uma coisa que eu não sei ainda explicitar, mas que é o seguinte:

Uma posição inteiramente antiigualitária, uma atitude de espírito completamente antiigualitária diante das coisas, traz consigo uma espécie de adesão filial e embevecida daquilo que é superior, uma aceitação fraterna daquilo que é igual, uma aceitação paterna daquilo que é inferior na ordem do lícito, e uma rejeição violenta, categórica, meticulosa, agressiva, daquilo que é ilícito (15).

Bem, há qualquer coisa no fundo deste estado de espírito que eu ainda não consigo explicitar bem, que ao mesmo tempo tem algo, é uma superexcelência da virtude da Fé, e ao mesmo tempo é uma superexcelência da virtude da Pureza (16).

E é esse algo difícil de definir, porque ainda não consegui explicitar, é este algo que é o toque de sino mais profundo dentro de nossa própria alma e que se tendo e se desenvolvendo, é como uma luz que vem de dentro para fora em nós e que nos dá toda atitude contra-revolucionária. Mas é uma coisa que eu ainda não sei exprimir bem o que é e como é que é. Isto é que se trata de pedir.

Quebrando restos de "democratice" -- e eu falo da democracia não só como forma de governo -- mas eu falo até sobretudo como complacência com as coisas vulgares e triviais, como os modos de ser banais, com o modo de ser --eu não sei se a palavra existe em castelhano, não sei como é que vocês traduziriam para o castelhano-- chulo. Chulo, é o vulgar, mas o vulgar mais degradado. Vulgar degradado, vulgar deteriorado, que está tão freqüente em nossa democracia e que encarna e que penetra tudo.

Bom, há uma espécie de pureza a adquirir nesse ponto (17), que eu acho que é um dom de Nossa Senhora. Permitam-me dizer, mas num momento de expansão, é um dom também de se procurar muito a união comigo, e que aqui tem qualquer coisa de fundamental e que é o toque, é propriamente a aurora do Reino de Maria, é isto.

Então, essa união com ele é a aurora do Reino de Maria propriamente.

Mas infelizmente como vêm, eu não sei dizer e não sei se eu consigo exprimir a coisa. (...) Há qualquer coisa dentro disto que eu não consigo exprimir, mas que é a quintessência, é a aurora do Reino de Maria. É uma dignidade cheia de força, uma força cheia de suavidade, uma suavidade por sua vez revertendo em fortaleza, uma distinção simplicíssima e distintíssima. Mas que não é um simplicíssimo pobre, mas é o simplicíssimo das coisas que ainda tendo uma grande variedade tem uma porção de unidade, e aqui é que está a verdadeira simplicidade. É uma amenidade, uma calma, uma confiança na Providência, ao mesmo tempo uma previdência e uma força na ação, que tudo isso se reduz a um quid que eu ainda não sei dizer o que que é. Mas que evidentemente é algo ligado à virtude da Sabedoria.


Comentários:

  1. O tema desse texto é a compenetração que devemos ter da vocação, não a luta de Dr. Plinio “contra os seus”.

  2. Como não ver nessas palavras alusões à divisão? JC é essa pedra de escândalo: quem vê nele um “alter Plinio”, passa para o Reino de Maria; quem não vê, vai para o inferno.

  3. É precisamente essa a apresentação que JC faz de Dr. Plinio: um ser meio divino, colocado no píncaro de uma linha perpendicular; e os membros do Grupo, sobretudo os de cúpula, como formiguinhas, pessoinhas, coisinhas colocadas na base dessa perpendicular.

  4. Ontem, sob pretexto de combater o desvio do “canal necessário”, JC persuadiu muitos cooperadores de que essa participação não só não existe, mas é má. Hoje, os agentes de JC espalham que o único que tem essa participação --aliás, em grau absoluto-- é JC; e que o resto de membros da TFP, máxime os Provectos, são nulidades.

  5. Os joaninos aplaudem as palavras de Dr. Plinio porque as interpretam como aplicáveis exclusivamente a seu senhor, e “nullo modo” aos Provectos. Tanto assim que, uma semana depois, instigados por JC, e em nome da fidelidade ao espírito contra-revolucionário, amotinaram-se em Jasna Gora contra a autoridade constituída --ou se solidarizaram com o motim-- , e um mês depois atacaram violentamente a estrutura hierárquica da TFP acusando-a de absolutista.

  6. Como explicar que palavras de Dr. Plinio, pão pão, queixo queixo, muito claras, ao mesmo tempo que estão sendo lidas, são objeto de uma interpretação forçada, abusiva, parcial e que não corresponde à realidade? Que fenômeno parapsicológico JC produz na mente de seus ouvintes por onde ouvem uma coisa e entendem o contrário?

  7. Qual foi a política de JC nesse sentido? Ao longo de décadas contestou que os membros do Grupo, e sobretudo as autoridade intermediárias, tenham essa participação e essa dignidade. Mas pouco depois do 3 de outubro de 1995, começou a desenterrar e difundir tudo quanto é reunião de Dr. Plinio sobre a participação no seu espírito.

  8. A missão do membro do Grupo --sobretudo os de cúpula--, bem como sua participação no Tau de Dr. Plinio, tem algo de sacramental, e enquanto tal tem algo de indelével.

  9. JC e seus adeptos tem extrema dificuldade para ver isso em nós. Mas se o adorassemos, passariam a ver automaticamente e com a maior nitidez ... Quer dizer, para eles, o membro do Grupo é capaz de refletir a Dr. Plinio na medida em que esteja unido a JC...

  10. Os joaninos aplaudem porque consideram aquilo uma alusão ao brilho de seu senhor e uma prova de sua fidelidade. De fato, a uns JC fascina, e a outros causa asco. Também o demônio divide os campos, mas não por isso vamos a afirmar que ele é bom.

  11. JC está preparando os espíritos para não se cristalizarem no momento da cissão da TFP.

  12. Portanto, o Grupo não é mil vezes maior, devido --entre outros fatores-- ao “apostolado” de JC.

  13. JC imita a Dr. Plinio. Por exemplo, quando Dr. Adolpho chegava atrasado a um "jour-le-jour", JC macaqueava o modo com que Dr. Plinio o introduzia nas reuniões de MNF.

  14. Na resposta vai ficar claro que o pergunteiro pede a Dr. Plinio que descreva seu espírito.

  15. O ponto de partida de uma série de caraterísticas do espírito de Dr. Plinio é o anti igualitarismo. JC é igualitário, por mentalidade e por princípio. Em relação a Dr. Plinio, em teoria se considera inferior; na prática se considera igual. Em relação aos que tem mais ou menos o mesmo escalão hierárquico que ele, e aos que são inferiores a ele, quer ser seu pai espiritual.

  16. Quem não tem a virtude da pureza em estado de super excelência participa do espírito de Dr. Plinio?

  17. Para se unir a Dr. Plinio a pessoa precisa quebrar a democratice, enquanto elemento de suas idéias e enquanto elemento de sua mentalidade. Precisa adquirir uma pureza nesse ponto.





VIII. O motim de Jasna Gora


A. Os fatos


No 6/10/97 Ramón León é informado que deve abandonar o posto de encarregado de disciplina de Jasna Gora e trasladar-se para outra sede da TFP, devido à falta de sintonia entre ele e o Quidam dessa Casa, Dr. Luiz. Um mês e meio antes, Dr. Luiz já tinha enviado a RL uma circunstanciada exposição de motivos mostrando essa dissonância.

Na ocasião, RL reconhece com naturalidade a falta de sintonia, e acrescenta que sairá por uma questão de honra.

24 horas depois, após ter consultado a JC, RL muda de atitude e se coloca em estado de aberta revolta.

Passam-se os dias: RL não cumpre a ordem, nomeia um substituto e alicia pessoas de Jasna Gora para que pressionem às autoridades no sentido de que ele permaneça nessa Casa.

Diante do motim, a autoridade intervém: é dado um prazo a RL para que se retire de Jasna Gora. RL se nega peremptoriamente a cumprir a ordem, afirmando que só sairá pelo uso da força.

A Diretoria da TFP confirma o prazo acima indicado, sob pena de expulsão da entidade, por grave desobediência, ato de aberta rebeldia contra a autoridade constituída e motim caraterizado.

Os amotinados fazem guarda junto ao quarto de RL.

Compelidos a fazerem respeitar o princípio de autoridade, os Provectos intervém, de maneira que, por fim, no dia 12, RL se retira de Jasna Gora. Determinam que ele não poderá ser acolhido em nenhuma sede do Brasil, nem do Exterior, sob pena de por-se “ipso facto” em estado de rebeldia. E esclarecem que essa instrução é válida até segunda ordem, enquanto RL não fizer “amende honorable” compatível com a gravidade de seus atos.

Os Provectos tomaram essas medidas severas movidos pelo desejo de que a ordem e a hierarquia sejam escrupulosamente respeitados no seio das TFPs.

(Cfr. fax de Dr. Plinio Xavier a JC, 12/10/97; e Instrução dos Provectos à Nossa Família de Almas, 14/10/97).


*


No grafonema que JC enviou a todas as unidades e setores da TFP Brasileira e TFPs do Exterior, narrando à sua maneira o motim, afirmou que quando Dr. Plinio Xavier ordenou a RL deixar o cargo de encarregado de disciplina de Jasna Gora e abandonar essa sede, “o Sr. Ramón não opôs resistência, pois percebeu que, naquela circunstância, fazer qualquer arrazoado contra uma determinação tão peremptória e intransigente, só poderia ainda piorar muito a situação”.

Quer dizer que JC, dependendo das circunstâncias, contesta ou respeita a autoridade. Para ele, os princípios não existem.





B. Estado psíquico de JC uma semana antes do motim


Reunião na Saúde, 9/10/97:


Várias noites dessa semana eu dormi muito pouco e eu não posso forçar mais uma noite ainda, porque daqui a pouco a corda estica.





C. Hipocrisia joanina uma semana antes do motim


Jour-le-jour”" 6/10/97 - Foto de Dr. Plinio chora numa sede e JC disse que isso é muito simbólico, mas não sabe por que motivo Dr. Plinio estaria chorando de dor ...


Eu lhes reservei para agora a notícia mais grave de toda a história do Grupo, depois da morte do Sr. Dr. Plinio.

O que terá se passado hoje? Em que parte do mundo houve algo de grave para que tivesse acontecido este fato que é inédito em nossa história?

Nós vimos aqui um vídeo trazido pelo Sr. Caio Newton, de um pranto de uma estampa de Nossa Senhora do Bom Sucesso; nós tivemos, entre nós --quantas e quantas vezes!-- a imagem de Nossa Senhora de Fátima Peregrina, que chorou 13 vezes em Orleans; nós tivemos notícia da estampa de Rocca Corneta que também chorou; tivemos notícia de Nossa Senhora Iverskaia que transudou bálsamo --tanto aqui quanto na França. Mas uma notícia como esta, não tivemos até agora. Notícia impressionante, assistida e testemunhada pelo Prof. Martini e por 25 pessoas vindas de outras partes que estão em Londrina.

Eu acho o ato de sumíssima gravidade, porque já nos toca inteiramente na pele. [Troca a fita.] O que se dará para que tenha acontecido isso? Ouçam:


Relato pelo telefone - 6/10/97Um fato que se deu aqui no simpósio que está sendo dado pelo Prof. Martini para os apóstolos de Cuiabá, Londrina e Maringá.

No intervalo agora às 17h40, nós íamos colocar na sala da reunião, um quadro do Sr. Dr. Plinio, de hábito, cópia do que existe na sala do troneto do SB. E aí, um enjolras mais novo que ainda não fez consagração, foi pegar o quadro para o outro apóstolo, Sr. Wolney, medir atrás, para ver se cabia no prego da parede.

E aí, quando ele pegou o quadro, o Sr. Wolney mediu e quando ele olhou para a foto, estava escorrendo uma lágrima do olho do Sr. Dr. Plinio. Ele exclamou (Nossa! Fenomenal!) e chamou outros, e aí apareceu o Sr. Tiroli, o Sr. Wolney. Chamaram o Prof. Martini e a mim, e disse: "Olha, um milagre na sede, o quadro do Sr. Dr. Plinio está chorando” (1).

Fomos lá e vimos uma lágrima do olho direito escorrendo até a altura dos lábios, mais ou menos.

O prof. Martini pegou um algodãozinho e enxugou uma lágrima e depois foi secando.

Então, é a primeira foto que assim, tão publicamente, chora. E dentro da sede! Não é mais em cidade de não sei quanto, na casa de um ex-abordado da Saúde: é dentro dos nossos domínios. (...) Enfim... Não há o que comentar, a não ser esperar, saber se aconteceu algo de grave por alguma região do Grupo, por essa hora, ou neste dia, ou que está para acontecer. Esperemos. (...) essa lágrima, que explicação tem? Nós não sabemos por enquanto. Talvez venhamos a saber. Mas ela nos deixa, de fato, muito pensativos. E não é o caso de nós, de fato, ouvirmos a voz da Srª Dª Lucilia, no sonho, e redobrarmos as nossas orações?


Comentários:

  1. O joanino vê o quadro de Dr. Plinio chorando e se rejubila?


*


Na reunião na Saúde, 9/10/97, JC retoma o assunto:


É o sinal mais impressionante e mais importante que nós já recebemos até hoje, porque foi dentro de casa. Nunca nenhuma imagem, nunca nenhuma estampa em nossas mãos e em nossa casa chorou. Nenhuma estampa de Nossa Senhora, nenhuma imagem de Nossa Senhora entre nós chorou. Este é o primeiro quadro, na história do Grupo, que dentro de casa chora. E uma lágrima que lhe sai de um olho só.

Por que um olho só? Por que uma lágrima só? E por que nessa estampa de hábito?

Por exemplo, podia ser este quadro que tivesse chorado, perfeitamente. Não, mas é um quadro de hábito. É um quadro de hábito que chora, num olho só uma lágrima que escorre do vidro, de alto abaixo.

Isto é símbolo de algo.

Eu posso imaginar o que seja, eu posso elucubrar: "Será isto ou será aquilo?", mas nós não temos ainda uma interpretação oficial de alguém que, com toda segurança, possa dizer: "É isto assim!".

Eu acho que é prenunciativo de algo.

Prenunciativo de quê? Eu não sei ainda.

Esperemos acontecer, esperemos com grande expectativa, com grande ansiedade, porque é algo que vai acontecer e que tem muita relação com este fenômeno impressionantíssimo que é uma lágrima do Sr. Dr. Plinio (1).

É como ele dizendo para nós: "Eu se estivesse na terra, estaria de hábito, e, de hábito, eu estaria chorando com o olho direito, deixando uma lágrima do olho direito meu rolar. E rolar de dor".

Por que essa dor? Esperemos.

Esperemos, mas esperemos com o coração cheio de amor por ele, cheio de desejo de reparar o que está sendo feito e que o faz sofrer, cheio de desejo de consolá-lo (2), como se ele estivesse aqui na Terra nós quereríamos consolá-lo por uma lágrima que ele derramasse.

Ele, entre nós, chorou algumas vezes. Todas as vezes que ele chorou comoveu muito as pessoas que estavam presentes.

O que significará esta lágrima dele? Esperemos.


Comentários:

  1. Com espantosa hipocrisia JC finge não saber o que está por acontecer: 3 dias depois de dizer isso, ocorreu o motim de Jasna Gora, instigado por ele.

  2. Enquanto está tramando aquilo que Dr. Plinio tanto quis evitar (*), JC fala do amor por Dr. Plinio, de reparação e do desejo de consolá-lo!

(*) Reunião para CCEE 4/8/85, palavras de Dr. Plinio: “Se [a TFP] recebesse um golpe de morte de dentro para fora, seria um golpe, por exemplo, interno, seria uma modificação interna das disposições dos ânimos por onde ficassem tíbios, ou até maus, e portanto, se voltassem contra a causa que eles defendem, eu, possivelmente, morreria de desgosto”.





D. Hipocrisia joanina no dia do motim


No próprio dia em que, instigados por JC, os amotinados de Jasna Gora e Ramón León consumavam sua rebeldia contra a autoridade constituída, no ANSA, JC comentava --enlevado, enternecido, entusiasmado-- palavras de Dr. Plinio a respeito da necessidade do holocausto para manter a TFP! Da análise do que disse se desprende que, ou a sua duplicidade e hipocrisia é satânica, ou o que ele entende por “Causa da Contra-Revolução” diverge totalmente da concepção pliniana. Ou ambas coisas - “Jour-le-jour”" 12/10/97, parte II:


Eu nem tive tempo de preparar a reunião, porque foi uma correria à tarde e às cinco para as sete é que eu peguei os textos na mão para vir para cá, chegando com um pouquinho de atraso, porque outras coisas me impediram de estar aqui à hora (1). De modo que eu vou, a esmo, fazer uma reunião de improviso (...) se bem que os textos que estejam aqui estão todos vistos, que a gente tirando dali de dentro qualquer coisa a esmo, sai uma reunião extraordinária. (...) Qualquer expositor que seja, desde que ele saiba enfiar a mão dentro de um mar de textos --um milhão de páginas ou coisa que o valha-- e puxar, sai uma coisa interessante. Eu enfio a mão dentro de um mar de textos, puxo e vejo aqui um almoço (2).


Eu acho que por cima da política internacional, etc., existe uma luta diante do trono de Deus entre os bons e os maus.


Aqui, senhores, está a grande Política, política com P maiúsculo, aqui está a grande Diplomacia com D maiúsculo. A Diplomacia está justamente nisto: é que por cima da diplomacia e da política internacional, dos jogos todos de interesses que existem no mundo inteiro, acima disso há uma luta diante do trono de Deus entre os bons e os maus. (...)


Mas os bons e os maus são em geral pessoas que a gente não sabe quem são, ou pelo menos não sabe que eles estão diante do trono de Deus lutando.

Eles também não sabem. Mas é o sacrifício feito por um deles que chega até esse ponto, que dá à coisa a sua última expressão. E são as almas que dão tudo não recusando nada, nada, nada. Quando uma alma chega ao heróico nesse ponto, ela espatifa uma porção de coisas do lado de lá [Aplausos]. E quando um outro chega ao infame, espatifa do lado de cá.


Porque também tem mais isso. É a luta entre os bons e os maus.

Isso que é o bombardeio das almas decisivas (3).


Os senhores me perguntarão: "Como participar de forma mais decisiva, de forma mais entranhada, de forma mais total da Contra-Revolução, da obra do Sr. Dr. Plinio?". É dar tudo, não recusar nada, nada, nada, chegar ao heróico nesse ponto.

É 1990, portanto, há sete anos atrás e cinco anos antes da morte dele. Ouçam.


Agora, eu acho que para a TFP no momento presente estão sendo necessárias almas assim.


Se isto era assim no ano de 90, calculem no ano de 97 (4).


E acho que se nós fôssemos ambiciosos, o que nós deveríamos querer para nós era uma função nesse supremo cenáculo dos sacrifícios decisivos.


Diante de Deus.


Aí é que nós deveríamos nos apresentar e ter coragem.

Mas acho que sem isso é difícil manter a TFP de pé, no teto de si mesma, sem que hajam sacrifícios heróicos assim.


É uma afirmação profética impressionante.


Então, no momento presente, se houvesse alguns sacrifícios heróicos assim, a TFP podia virar a mesa.


Qual é a fórmula ideal para que a TFP vire a mesa? Ter almas assim, ou seja, dispostas ao sacrifício heróico, de dar tudo, não recusando nada, nada, nada, nada.


Aparte: Mas o senhor diz sacrifício como o do Sr. Lúcio, de oferecer a vida e Nossa Senhora aceitar?


É.


Não é simples, mas categórico.

Aparte: É isso, ou é mais do que isso ainda: um desapego total, absoluto?


Não. É um desapego tal que chega a esse ponto: "Se Nossa Senhora quiser, eu estou de acordo com que Ela leve minha vida".


Vejam só, foi Nossa Senhora que escolheu o texto. (...) Nossa Senhora quis esse texto para os senhores e esse texto foi encaminhando assim. Está aqui para que os senhores se movam. Outros que ainda vão por aí por este mundo afora percorrer os olhos sobre este texto, ou então ouvir esta fita, ou coisa que o valha, lembrem-se do que o Sr. Dr. Plinio está dizendo: que é preciso almas assim. Com almas assim a obra dele virará a mesa, ou seja, derrota completamente o outro lado. Ele já fez isto, ele aceitou. O que Nossa Senhora quis dele, ele aceitou.


Bom, mas agora você precisa notar o seguinte. Não é eu morrer assim: "Eu estou sentindo que eu estou dando minha vida, que eu sou uma alma decisiva." Não. O Pe. Arintero explica isso muito bem: a alma decisiva tem uma objeção pela qual ela não acha que é alma decisiva.


Havia uma mística que era dirigida pelo Pe. Garrigou-Lagrange, dirigida espiritualmente, e aconteceu tudo de desastroso para com ela. (...) Ela resolve, jovem, com seus dezoito, dezenove anos ou coisa que o valha, ir para Roma e fundar uma congregação. (...) [A] congregação começa a se desenvolver.

Às tantas ela é tomada por uma graça, resolve se oferecer em holocausto a Deus como vítima pelo fruto da obra dela e oferece-se.

Passa-se o tempo, começam os desastres. Ela fica doente das tireóides e tem uma doença que se chama Basedoff (...).

A partir daí outros desastres: A diretoria da congregação se reúne e resolve colocá-la fora da congregação, expulsá-la da congregação. Ela estava no auge da doença, perturbada e de repente chega a notícia de (...) que o pai e a mãe tinham morrido, a fazenda dela tinha pegado fogo e que ela não tinha mais bens nenhuns no Rio de Janeiro. Ela não tinha mais bens, estava doente e estava sendo expulsa da congregação que ela tinha fundado, então não tinha para onde ir, não tinha onde cair morta. Aí o sofrimento chegou ao auge (5). (...)


Não. O Pe. Arintero explica isso muito bem: a alma decisiva tem uma objeção pela qual ela não acha que é alma decisiva. Senão ela não ofereceu tudo.Agora, o duro é isso: às vezes Nossa Senhora não quer a vida. Quer esse tudo que custa mais do que a vida.


(...)


Agora, a Providência como que está suplicando que a gente queira dar-se nessa medida. Mas, é difícil, não é?Vocês precisavam ver o que é a gente chegar no Escorial e ver o túmulo do Lúcio. (...)

Querem ver aonde é que vai a tal história de dar tudo quanto Nossa Senhora quer? Eu acredito que haja na Espanha muitas almas que estejam dispostas a dar a vida para salvar a Igreja.


De fato há.

Mas, não basta isso. É preciso, para salvar a Igreja, ter essa forma de integridade que, vendo o Escorial transformado num antro da Complutense, veja nisto a dor e a miséria de Deus. E fique com pena de Deus, como ficaria com pena de Nosso Senhor Jesus Cristo caído debaixo da cruz. E dissesse: "Para acabar isto, eu me dou assim!" Mas, que percebesse onde é que Nosso Senhor está sendo esbofeteado, onde é que Ele está sendo injuriado, onde é que Ele está sendo traído, o que é que acontece ou não acontece -- percebesse isto! Os homens não percebem... A mesma freira que é capaz de dar a vida por uma coisa assim, é capaz de ser uma freira que acompanha nas secções dos jornais o progresso da aeronáutica. O tipo de avião novo que foi fabricado, que fica entusiasmada, etc. Essa é a verdade pura, nua e crua.

Quer dizer, então, mais vale a pena a gente ter descoberto a miséria da Complutense do que a gente ter dado a vida. Deu mais de si quem descobriu isso do que quem deu a vida. (...)


(...) Aí termina o almoço. Os senhores não acham isso extraordinário?

(Todos: Sim.)

Comentários:

  1. Estava tele-dirigindo o motim, e coordenando a seus agentes no Exterior para que contestassem a medida disciplinar tomada pelas autoridades da TFP Brasileira.

  2. Será verdade que tirou esse texto à esmo? Não parece, porque aquilo se presta muito para sustentar aos rebeldes no seguinte sentido: “olha, não cedam, vão para frente, vejam o que Dr. Plinio diz a respeito da importância do holocausto, vejam todo o bem que podem trazer para a Causa”...

  3. É a teoria dos pólos. As almas decisivas, quer dentro da CR , quer dentro da R, são as que tem mais espírito de holocausto.

  4. JC reconhece que, sobretudo nesses dias, a TFP estava precisando desse tipo de almas...

  5. Que coincidência com o “sacrifício” de São Ramón León! No 6 de outubro, as dissonâncias dele com o Quidam de Jasna Gora chegam ao auge; é destituído da função de encarregado de disciplina desse êremo; e reconhece que constitui questão de honra sair dessa Casa. No 7 de outubro, informa que não quer sair de Jasna Gora --apesar de lhe ser oferecida qualquer outra sede de sua escolha--; ele mesmo nomeia seu substituto; alicia pessoas para pressionar as autoridades. No 11 de outubro recebe ordem de sair da Casa; disse não ter para onde ir; é-lhe oferecido a Torre da Av. Angélica ou o apartamento dos franceses, mas ele recusa; se nega a cumprir a ordem, afirmando que só sairá pelo uso da força. No 12 de outubro é expulso da TFP por grave ato de rebeldia contra a autoridade constituída e motim caraterizado.





E. Hipocrisia joanina após o motim


Jour-le-jour”" 14/10/97 - JC fala de um tema “fundamentalíssimo para nossa vocação”, indispensável para a “união com Dr. Plinio”, “extraordinário”: o amor à hierarquia, o desapego, a lógica, a coerência, a harmonia!


Eu tenho outras matérias, essa menos intransigente em matéria de fazer com que os senhores prestem mais atenção, se esforcem. Entretanto, é matéria fundamentalíssima para a nossa vocação, fundamentalíssima mesmo. Sem uma noção clara a respeito desse assunto, nós não temos uma união inteira com o Sr. Dr. Plinio.

(...) Eu me lembro que quando tive a primeira conversa --foi a segunda ou terá sido a terceira?-- em que eu perguntei ao Sr. Dr. Plinio o que é que me movia, se ele não podia definir um pouco o que é que estava por detrás da minha mentalidade, ele me disse, assim na hora. (...) Eu era muito --claro, com o sangue andaluz pelas veias-- encantado por touradas a cavalo, por touradas a pé, encantado por cavalo, encantado por pára-quedas, encantado por aviação, depois encantado por briga também.


(Todos: Fenomenal.)

Desde que seja por amor de Deus é fenomenal. Quando a gente tem amor pela briga, mas por amor de Deus, é fenomenal, porque quando Deus exige da gente a paz, a gente está disposto a dar a paz (1). Enquanto que quando é por amor próprio, se for preciso usar da paz, essa paz não sai.

Eu tinha esses gostos todos, mas não tinha a menor idéia de que isto tivesse alguma coisa por detrás, algum ponto por detrás. E o Sr. Dr. Plinio disse:

-- Você tem uma atração por um mito.

Eu disse: Bom, até lá morreu o Neves. É evidente que eu devo ter uma atração por um mito, mas qual é esse mito é que eu não sei, não tenho idéia.

-- Você tem encanto pela flecha que sai do arco com toda a velocidade, que vara todas as distâncias e que chega o quanto antes certeira no alvo.


(Todos: Fenomenal.)

Os senhores dizem fenomenal e eu não entendi. Eu disse: “Uma flecha que sai do arco e que vai para o alvo? Não entendi direito, mas não vou dizer para ele que não entendi, porque senão vai ficar meio mal”, e deixei passar (2).

Mas aí comecei a observar e aí eu fui me dando conta de que, de fato, na vida comum de todos os dias eu queria chegar logo às últimas conseqüências, chegar logo, e fui me dando conta de que havia por detrás algo que me movia. Era um ponto vivo (3). Nessa época ainda ele não tinha dado a teoria do ponto vivo. Só mais tarde é que ele veio a defender a tese de que todo homem se move por um ponto sobretudo --um ponto, que é o ponto vivo-- que movimenta a vida espiritual toda dele, e é em função desse ponto que todas as ações dele, todos os pensamentos dele, todos os desejos dele, tudo se orienta.

(...) Então o livrinho de bolso que os senhores têm aqui trata a respeito do ponto vivo do Sr. Dr. Plinio. Os senhores querem tratar disso ou de outros temas?


(Todos: Sim.)

Então vamos tratar sobre o ponto vivo, perfeito. (...) Bem, vem logo uma primeira frase no início que se não me engano foi aconselhada pelo Dr. Edwaldo até, que é tirada de uma CSN de 11 de março de 95.


Aqui há uma coisa que vocês deveriam sentir com certeza que está no que se poderia chamar a espinha dorsal do meu pensamento; e que traz consigo um amor graduado a tudo quanto é verum, bonum e pulchrum. Esse amor graduado constitui o elemento fundamental por onde eu me uno à Santa Igreja Católica. É porque eu conheci a Igreja como foco dessa atitude de alma e como aconselhando essa atitude de alma de todas as maneiras e a todo propósito, que eu amei de tal maneira a Igreja. Mas é porque eu amei esse princípio originariamente. Isso dá à alma muita ordem e também, naturalmente, muito desapego, porque com essa ordem vem o gosto de amar todas as coisas sem ser pela relação que elas tem comigo, mas pela relação que elas têm em si com Deus.

É a prática do amor de Deus.


Está extraordinária a frase (...). Então vem aqui um almoço em Amparo de 7/4/87, terça-feira. (...).


Aparte: Qual é o ponto vivo do senhor? Como é o thau do senhor?

Eu nunca me pus essa pergunta quanto a mim mesmo. (...)Eu, na minha primeira infância, portanto até o momento de entrar no Colégio São Luís, eu vivia num ambiente muito harmonioso,...


É muito importante aí --por isso foi bom ter colocado em negrito-- as três palavras ‘ambiente muito harmonioso’, porque isto vai ser fundamental para compreendermos o resto. (...)

... em que a harmonia de todas as coisas, quer dizer, harmonia das pessoas entre si, harmonia de todos os modos de vida deles, harmonia inclusive até das peças de mobiliário e de uso pessoal com o conjunto da decoração da casa, do estilo da casa, etc., tudo, tudo, tudo, tinha o bom odor de uma vida naturalmente harmônica, e até harmonicíssima!

O bando de meninos --primos e primas-- a que eu pertencia, era excepcionalmente harmonioso. Eram buliçosos, brincávamos, etc., mas numa harmonia tão perfeita, que eu não me lembro uma só vez que houvesse briga entre nós. Ao longo de toda uma infância! Não lembro uma só vez. O número de meninos era preponderante. Era natural que saísse tapa, pontapé... nunca! Nunca, nunca, nunca conosco. Podia sair discussão, isso sim. Mas discussão muito civil, muito cortês... sobretudo, até essa entrada no São Luís, tudo um modelo de harmonia.

E essa harmonia dizia, eu não percebia, mas essa harmonia tinha muita relação com o feitio do meu espírito, muito desejoso de lógica em tudo!


Claro, a harmonia é muito lógica porque é a relação ordenada entre seres distintos. (...)


Os senhores vêem que com o favor de Nossa Senhora, em qualquer matéria que eu entre, eu entro com a lógica, procuro a coerência disso com aquilo, aquilo outro, etc., etc. E só me sinto à vontade depois da lógica estar inteiramente instalada lá dentro.

Também a harmonia no trato. Eu detesto o trato desarmonioso; invectivas, picuetadas, intrigas, invejas, ciumeiras, etc., etc., eu abomino! Enquanto toca a mim, enquanto até onde pode ir meu braço, e até onde vai meu olhar, o que impera é a harmonia!

Pode acontecer que haja desarmonias. O pátio entretém desarmonias! O pátio é fundamentalmente rivalizante, cheio de diz-que-diz e de beliscões (4). Mas é por isso também que --eu não vou dizer ele e eu, eu vou dizer eu e ele em relação-- eu e ele somos distantes! E ele não se constitui em torno de mim! (5)


Muito bonita a definição de pátio: pátio é o ambiente de desarmonia no centro do qual não está o Sr. Dr. Plinio (6).


Em tudo quanto eu procuro, nas relações, etc., é muito difícil, eu acho que não há o caso, de os senhores terem entrado na minha sala, e percebido ou notado que ali está reinando o ambiente de discórdia, de invectivas... Ali está reinando o ambiente de harmonia!

E esse desejo de harmonia vem em parte de um outro aspecto de meu espírito, que é o seguinte:

Eu gosto muito dos panoramas gerais, da doutrina abarcando grande amplitude de temas, de às vezes uma grande quantidade de matérias; esta matéria, aquela matéria, relaciona com outra assim, etc. Lá vem as reversibilidades.

Mas tudo isso são harmonias. (...)

E daí veio, em relação à harmonia, uma propensão enorme a compreender e ter devoção ao Sagrado Coração de Jesus e o Coração Imaculado de Maria.


Então, o ponto de partida de devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria foi o amor à harmonia que ele teve desde a infância.


Havia na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, uma invocação que me tinha chamado muito a atenção, e que eu evoco agora aqui com veneração, com adoração, mas também com saudades, porque me lembra muito os tempos: Sagrado Coração de Jesus, Rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós!

Esse apelativo me parecia simplesmente magnífico!

Quer dizer, em função dEle, quando todos o reconhecem como Rei, e quando todos convergem para Ele, de maneira que Ele é o Rei e o centro --o que Ele é por direito, mas se torna de fato para nosso reconhecimento-- de todos os corações, reina a tal harmonia de que eu gosto (7).


A partir da harmonia é que ele tem o Sagrado Coração de Jesus como centro, e é a partir do amor à harmonia que existe nele que nós devemos ter a ele como centro.


E pelo contrário, na medida em que as pessoas se afastam daquilo, é inútil, a desarmonia entra forçosamente (8).

(...) Tudo isso constituindo um entusiasmo da minha parte, que no tocante ao Sagrado Coração de Jesus chegava e chega até a adoração.

Os senhores não tem dificuldade em compreender que tinha que gerar no temperamento, no feitio de espírito lógico e afirmativo, tinha que gerar o oposto. Era o ódio ao contrário! Era intolerável! É preciso combater ...

Então, fazem parte do elenco dos meus pontos vivos, além dessa harmonia entendida assim e portanto no seu sentido mais moral e mais religioso, além disso o entusiasmo por algo que parece o contrário da harmonia, que é a luta ideológica, que é a guerra ideológica em defesa do bem!


E em certas outras circunstâncias, outro tipo de combate também (9).


A guerra e a luta legítimas, feitas em legítima defesa são a defesa da harmonia contra a desarmonia! A defesa da pureza contra a impureza; a defesa de tudo quanto é bondade de coração contra a maldade do coração.

E com os maus é preciso ser implacável, quando eles o são também (10). E é preciso investir então... Fazendo, assim, parte desse conjunto a implacabilidade na luta, e o entusiasmo pela luta!


Agora ele vai tratar do tal enquanto tal, mas de uma forma também sui generis.


Decorrência disso --os senhores estão vendo que é uma concatenação lógica-- nessa concepção, nessa posição existe evidentemente algo que, por onde a pessoa se dá conta facilmente que esse espírito leva, esse estado de espírito leva a amar, admirar e querer que sejam amadas e admiradas todas as verdadeiras superioridades.

Porque se eu gosto do harmônico, eu devo gostar do mais harmônico, a harmonia tem degraus. Se eu gosto do elevado, eu devo gostar ainda mais do que é mais elevado. É evidente. E eu devo, portanto, ser um entusiasta de tudo quanto é hierarquia, hierarquia justa, hierarquia proporcionada nos seus devidos lugares, como condição para haver o resto.

Não pode haver harmonia se não haver hierarquia.


Isto se dá sobretudo quando se passa para o campo sobrenatural. Se dá de uma forma tão apertada, tão exigida pela Providência, que está determinado pela doutrina católica que aquele que inveja a graça de um outro irmão seu comete um pecado tão grave que é caracterizado como um dos pecados contra o Espírito Santo. E os senhores sabem que os pecados contra o Espírito Santo não têm perdão. (...) É o pecado de Revolução (11).


Eu lhes dou uma idéia das coisas. Os senhores tomem a sala São Luís Grignion. Os senhores se lembram da estante, daquele grupo de poltronas de couro; depois mais adiante duas outras poltronas de couro, umas mesinhas para colocar cinzeiros, pequenos objetos, etc. Depois na estante uma série de livros e bibelôs. Na parede, quadros.

(...) aqueles móveis estão colocados segundo uma certa ordem. Mas se os senhores perceberem, aquela ordem tem uma hierarquia. E o que dá a nota dominante daquela hierarquia é aquela estante. É o centro da sala. A sala toda se articula em torno daquela estante. E ali toda a coisa se põe na sua ordem, nós temos a ordem atual da sala. Os senhores podem imaginar uma ordem diferente, não encontrarão. Não tem outra ordem, com aqueles móveis, não tem outra ordem para pôr aquela sala. É em função de um ponto hierárquico --constituído pela estante--, e depois de pontos hierárquicos menores (12). (...) [Vira a fita] [O que é isso?] Amor à hierarquia!

Eu não custei em perceber que o ponto fraco por onde eles pensavam em desarticular tudo --estão desarticulando tudo!-- é exatamente acabando com a hierarquia, caçoando da hierarquia, falando mal da hierarquia, dizendo toda espécie de coisas da hierarquia.

Então eu compreendi o seguinte: aquela hierarquia estava para o resto da ordem como no chafariz está o jato central da água. Em torno daquilo tudo se constrói! (13) Ah, então... viva a hierarquia! (14)

Qual é a luz primordial aí? É algum desses pontos? Não. Isso aí forma um vitral de pontos vivos! E é este vitral de pontos vivos que forma como que um ponto vivo!

Isto é um Tau!


Aqui os senhores têm a definição do vitral de pontos vivos do Sr. Dr. Plinio, do thau do Sr. Dr. Plinio.


E em cada um dos senhores eu acho que o Tau só está constituído com toda a amplitude que deve ter, na medida em que vá, proporcionado com as idades, etc., vá tendendo para esse conjunto, e vá vendo esse conjunto (15). Porque esse conjunto tem esse lado específico que isso não é um ponto dentro da alma humana: isso é a alma humana inteira.

Quer dizer, todos os gostos, todas as preferências, todos os hábitos das pessoas, são orientados, atraídos, e dinamizados por esse Tau. Um Tau assim. Regra!

(...) Os senhores já devem ter ouvido falar de uma religiosa muito virtuosa, muito nossa amiga, Soror Letícia, fundadora das Redentoristinas de Campos. (...)

Uma vez ela foi visitar a Sede do Reino de Maria da Rua Pará, que ela ainda não conhecia. E eu estava explicando para ela a Sede e subimos até a Sala do Reino de Maria, (...) e eu comecei a explicar (...). E ela disse (...): Dr. Plinio quando chegar ao céu vai contemplar com especial gosto Deus enquanto criador da Ordem do Universo! (...)

Então [meu ponto vivo] é a preocupação dessa ordem no sentido superior da palavra, e depois é fácil os senhores perceberem que confere com uma porção de aspectos, de coisas minhas que eu faço, que eu digo, e que vão se encaixando assim.

Em última análise está a divina monarquia do Criador de todas as coisas! “visibilium omnium et invisibilium” -- de todas as coisas visíveis e invisíveis (16). Sendo que as coisas invisíveis, em via de regra, são mais perfeitas do que as visíveis.


Comentários:

  1. JC está dando um recado e ameaça agravar a crise interna.

  2. Portanto procedeu deslealmente em relação a Dr. Plinio.

  3. Mais um recado: cuidado comigo, porque propendo a ir logo até as últimas consequencias.

  4. Dr. Plinio apontou uma outra caraterística do “pátio”, muito nesta linha de desarmonia: é persecutório (Cfr. arquivo do MNF, índice do período 1980-1990, verbete “TFP”).

  5. Os “patiosos” bancam de “pliniocêntricos”. No entanto, segundo o que o próprio Dr. Plinio ensina, são falsos. Observe-se que, o que separa a Dr. Plinio do “pátio”, é o fato deste entreter desarmonias. Quer dizer, para distinguir entre um “pliniocentrico” autêntico e um “pliniocentrico” inautêntico, o critério consiste em perceber se a pessoa propende a criar desarmonias.

  6. Compreende-se por que razão JC, em lugar de deter-se a analisar o que Dr. Plinio diz a respeito do “pátio”, se limite a fazer esse comentário superficial.

  7. Entre a devoção que Dr. Plinio tem ao Sagrado Coração de Jesus e a que JC diz ter, há muita diferença. Porque enquanto a primeira é correlata com a ordem monárquica e com a harmonia, a segunda é correlata com a democracia e com a desarmonia. Quer dizer, a espiritualidade joanina não é autenticamente pliniana.

  8. Bem a seu estilo, JC insinua que os fautores da crise interna somos nós, não ele --porque ele tem a Dr. Plinio no centro ...

  9. Está se servindo das palavras de Dr. Plinio para justificar o motim de Jasna Gora.

  10. Idem.

  11. Dr. Plinio está se referindo à hierarquia em todos os campos. O velhaco desvia a atenção dos ouvintes para o campo espiritual. E ao falar da inveja, tenta tirar partido do que Dr. Plinio disse.

De maneira que, na ótica de JC, os revolucionários seriam os Provectos, que não tem espírito de hierarquia, e invejam o carisma que o Espírito Santo lhe concedeu.

Mas esse carisma foi-lhe dado pelo Espírito Santo? Que provas apresenta?

Qual é esse dom do Espírito Santo que disse ter e que o facultaria para liderar a Contra-Revolução? É o dom de profecia? Ele é profeta? Que provas apresenta?

Digamos que tenha esse dom: o usa em proveito da Revolução ou da Contra-Revolução?

Se o usa em prol da Revolução, isso não lhe confere o direito de exigir submissão dos contra-revolucionários, e menos ainda de chamar a si a direção da TFP. Seria um absurdo.

Se o usa em prol da Contra-Revolução, e JC é autêntico contra-revolucionário, como explica ter assinado um documento (o processo contra os estatutos que Dr. Plinio nos deu) no qual assume a igualdade enquanto princípio? Sobretudo, como explica a aliança com Jezabel?

  1. Note-se o critério pliniano da hierarquização da sala: não é nenhum objeto religioso --por exemplo, aquela espécie de medalha de S. Luis Grignion--, mas a estante. Segundo a criteriologia joanina-pentecostal, teria que ser um objeto religioso.

  2. O ponto chave, por onde a Revolução desarticula tudo, e por onde a Contra-Revolução articula tudo, é a hierarquia.

Entre os vários modos de os revolucionários acabarem com a hierarquia, Dr. Plinio indica dois: caçoar dela, falar mal dela. Mas haveria um terceiro modo --extremamente subtil e que corresponde ao modo joanino-pentecostal de bombardear a hierarquia--, que consistiria em implantar como critério supremo e único para hierarquizar tudo, a “santidade”: quem manda na família não deve ser necessariamente o pai, mas quem tiver maior “virtude”; quem manda na sala de aula não deve ser necessariamente o professor, mas quem tiver maiores “graças”; quem manda na fábrica não deve ser necessariamente o patrão, mas quem receber maiores dons do “Espírito”; quem manda no reino, não deve ser o Rei, mas o “santo”. Nessa ordem de coisas “teocrática” e globalizada, tudo se ordenaria em função do grau de “virtude”, e portanto o governo de tudo no mundo estaria nas mãos de um “místico”, de um omniarca profetizado pelo Beato Palau, perfeita prefigura do Anticristo.

  1. Enquanto Dr. Plinio --que por temperamento é plácido, calmo, tranquilo-- exclama cheio de alegria “viva a hierarquia!”, JC --que por temperamento propende a manifestar suas emoções-- não exclama nada nem comenta nada. Por que será?

  2. Ótimo critério para medir o grau de sanidade do Tau das pessoas.

  3. Se Dr. Plinio tem mentalidade monarquista, como é que JC, que disse ter assumido a mentalidade pliniana, pretende estruturar igualitáriamente a obra de Dr. Plinio, a TFP?






F. Após o motim, JC atiça os ânimos


Três dias depois da rebelião de Ramón León e do motim de Jasna Gora, JC leu uma série de textos de Dr. Plinio --aliás, muito bonitos-- sobre “ódio ao mal”, desejo de punição suprema, desejo de vingança sagrada, etc., com o intuito evidente de lançar o maior número possível de sócios e cooperadores da TFP contra as autoridades da Instituição. No meio da leitura, houve relâmpagos ...

Essa coletânea de trechos, tirados de reuniões que vão desde 1967 até 1995, foi feita “na hora”, pegando textos à esmo, ou JC já a tinha preparada com bastante antecipação para um momento oportuno?


Jour-le-jour”" 15/10/97:


Então vamos tratar deste Santo do Dia. Logo de início, fazer a leitura deste texto do Sr. Dr. Plinio, de 1967. É uma ficha. (...) Ele então lê a ficha:


Urbano II foi Papa de 1088 a 1099. (...) O Concílio de Clermont tinha como finalidade principal, discutir a Cruzada. (...) Urbano II dirigiu-se a todos:

"Ide irmãos, ide com esperança ao assalto dos inimigos de Deus (...)”

Às palavras do Pontífice os fiéis responderam unanimemente: "Deus o quer! Deus o quer!"

E Urbano II acrescentou: "Esse vosso brado não seria unânime se não fosse inspirado pelo Espírito Santo! (...)”

A partida da Cruzada foi marcada para 15 de agosto, festa da Assunção de Maria.


[Aplausos.] (1)


Quem sabe se não está próxima uma data para nós partirmos em cruzada também, hein! (2) (...)

Quanta beleza esta cena oferece! Quanta beleza em comparação às tristezas de nossos dias.

Em primeiro lugar, o Concílio de Clermont (...).

Diante daquela multidão impressionada, o Papa tem algumas frases que a nós causaram impressão. (...) Mas eu tomo esse pensamento do Papa: "O Santo Sepulcro está em poder dos infiéis. Vós não podeis ir lá, para devidamente cultuá-lo. Vós o vedes de posse dos adversários da Igreja".

E ele pergunta: "Qual é a face que, ante o que está dito aqui, pode conservar a sua serenidade, pensando nisto?"

Quantas faces serenas nós encontramos pela rua!

Mas hoje passam-se coisas incomparavelmente piores do que o Santo Sepulcro dominado pelos infiéis!

Para só falar do que se pode dizer, e para não falar do que não se pode dizer e que é incomparavelmente mais amargo, pensemos apenas nas nações comunistas opressas por uma tirania atéia. Isto não é muito pior do que [ver] o Santo Sepulcro dominado pelos infiéis? Não há termo de comparação.

Entretanto, quantas faces tranqüilas! Faces que deveriam estar dentro do templo, junto ao altar chorando. Como elas estão alegres, piadísticas, desanuviadas!

Nós mesmos! Como estão nossas faces?

Quantas vezes nossas faces se contraem pela preocupação de nossos interesses? Quantas vezes elas se contraem pelo zelo da Santa Igreja Católica?

Aqueles Cruzados não conservaram a face serena, porque eram seguidores verdadeiros de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eles tinham a Igreja Católica verdadeiramente viva em suas almas. Eles eram presididos por um santo! (3). Diante de um mal -um mal menor do que o que sofremos com tanta moleza, com tanta displicência-, diante desse mal, eles se moveram como um só homem e puseram a Cruz na copa de suas espadas, nos estandartes, nos escudos, no peito! E começou a mover-se aquela imensa avalanche para retomar o Sepulcro de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Hoje em dia, quão poucas coisas são assim!No entanto, o Papa Urbano II, diz uma coisa que a nós deve entusiasmar e afervorar. Ele diz que a unanimidade com que a massa resolveu tomar a Cruz, provava que era o Espírito Santo que estava falando. E indicava bem que os grandes movimentos de alma da Cristandade não se fazem sem grandes moções do Divino Espírito Santo.

Nós podemos pedir, nós devemos esperar que, in extremis, um sopro do Espírito Santo percorra a terra e que sejam muitos os homens acordados do seu letargo, capazes de lutar contra o inimigo que está pronto a dar o último golpe.


É muito bonito, ele dizer isso. Porque nós devemos pedir e devemos esperar que esse sopro virá. Esse sopro foi previsto por ele quantas e quantas vezes! (...) Então, a primeira convicção é de que o sopro do Espírito Santo baterá sobre a Terra, e acordará aqueles que estão em estado letárgico, e os porá em marcha para uma grande cruzada, que será a cruzada de toda a História. Esta é a primeira convicção. Agora vem a segunda que também é importante:


E nossa missão é exatamente de sermos o ponto de detonação, o estopim dessa grande explosão (4).

Este é outro ponto que ele mesmo previu, ele mesmo anunciou, e ele crê até o fundo. (...) Então, diz o Sr. Dr. Plinio:


Nós devemos dizer as palavras, nós devemos ter os gestos, nós devemos alçar o estandarte que produza este efeito numa hora de aflição (5), numa hora --talvez, para muitos fora daqui-- de desespero que se aproxima...


Vejam que o que eu dizia não é nas nuvens (6). Eu parei na frase exata para dizer o que eu disse, para ajudar aos espíritos céticos. Porque eu, tendo dito o que disse, um espírito cético diria: "Eeeeeeeh, está indo longe demais; ele está com aquela fogosidade dele já lançando o bastão lá não sei aonde, para depois..."

(Que horrooooooooor!)

É um horror mesmo, porque é o Sr. Dr. Plinio quem diz isso.

Então, nós devemos pedir a Nossa Senhora:

Olhem a oração!

"(...) Para que não aconteça, minha Mãe, esta desventura que seria a desventura das desventuras: no dia em que Vós me pedirdes que eu tenha um ânimo varonil, um espírito decidido, um braço forte, eu não esteja pronto para o encontro conVosco; no dia e na hora em que aparecerdes diante de mim pedindo-me que lute!

"E o meio que existe para que esta desventura não suceda, é pedir-Vos precisamente que Vós façais de mim um prolongamento de vossa pessoa, que Vós me comuniqueis vossas virtudes e prepareis a minha alma.

"(...) Ó Coração Imaculado de Maria que sois uma fornalha ardente de caridade, a exemplo do Coração Sagrado de vosso Divino Filho, comunicai-me todas as chamas de vosso zelo, para que Vós --cujas preces conseguiram que a água insípida, fria e banal se transformasse num vinho saboroso, generoso e forte-- façais de mim pecador, um apóstolo dos últimos tempos".


É uma oração de fogo, uma oração partida de um coração todo ele abrasado de amor de Deus, mas de ódio ao mal. E ele diz:

É isto que devemos pedir a Nossa Senhora na gravidade das horas e dias que se aproximam.


(...) Passamos agora para o ano de 89. É um MNF:

(...) o espírito de Cruzada era um espírito de indignação diante de um tipo de pecado que tinha sido cometido pelos judeus contra Nosso Senhor; mas que depois, com uma dureza quase igual, os maometanos cometeram também, e contra os quais já Nosso Senhor empregara inutilmente todos os meios de suavidade.

E essa dureza suprema provocava um trabalho da graça nos homens, para despertar neles um desejo de punição também supremo.

Daí vem então o desejo de reparação contra a injúria feita ao Santo Sepulcro, e, portanto, a Nosso Senhor Jesus Cristo. É o desejo da justiça, além da reparação; quer dizer, não era só reparar a Nosso Senhor diante da falta de amor, mas era preciso quebrar aquilo que se arrogou um papel que não tinha. Então, a punição fazia parte do espírito de Cruzada.

O espírito de Cruzada tinha por isso uma espécie de particular combatividade e de particular dureza, por estar em presença de um pecado também de uma particular malícia e refratário a todos os apelos. Chegou um determinado momento em que Deus descarregou a sua cólera, e essa cólera de Deus eram as Cruzadas.

O defeito dos cruzados e das Cruzadas que fracassaram, não foi só que alguns deles eram comerciantes e não faziam isto com verdadeiro espírito de Fé, mas é exatamente que eles não tinham o espírito de cólera necessário para ganhar esse gênero de guerra.

Eles tinham um furor insuficiente, que não exprimia inteiramente o furor de Deus --o que na primeira Cruzada houve--, de maneira que, não tendo esse furor, eles não eram considerados por Deus instrumentos aptos para vencer por Ele.

Essa tese de que a falta do furor sacral...


Senhor! Onde é que os senhores leram isso? Furor sacral! Nem em São Bernardo os senhores encontram isso.


Essa tese de que a falta do furor sacral é a causa mais profunda da derrota das Cruzadas, e, portanto, das derrotas que sucessivamente vieram a ter as várias coisas ultramontanas; a tese da onipotência do furor proporcionado ao castigo supremo, é uma coisa sobre a qual valeria a pena insistir, porque ela tem todo o alcance que os senhores estão vendo.


O que eu vou dizer agora não tem no texto dos senhores. Nem podia estar, porque a Comissão SPV viria de flecha em cima de mim, se eu deixasse:


Quer dizer, esse gênero de guerra supõe uma cólera, uma oposição e um desejo de vingança sagrada, próprio àquele que se sabe o braço exterminador de Nosso Senhor desencadeado para punir ...


É muito bonito! (...) E vamos agora a uma RR em que os senhores estavam presentes, os senhores ouviram, os senhores assistiram, são testemunhas dela. Mas não se lembram mais dessas palavras. Ouçam:


Eu resolvi consagrar uma grande parte da reunião de hoje à exposição e ao comentário desses fatos [sobre a autodemolição da Santa Igreja].

Agora, o que é que noto? Eu noto que este auditório talvez seja o público mais reativo do mundo a essas infâmias. Mas eu devo dizer que essa reação é muito menor, mas muito menor do que eu quereria.

Normalmente falando, sinto que se eu desse expansão a toda a minha indignação, a todo o meu furor e a toda a minha inconformidade, eu nem sei o que diria!


Foi a penúltima RR da vida dele.

Os senhores sabem que, pelo favor de Nossa Senhora, se há uma coisa que não sou é um conformista! Eu sou inconforme!

Desde que os meus olhos se abriram para a vida, eu compreendi que ela estava organizada contra [Deus], e ela toda tinha todos os defeitos necessários para conduzir à ruína; e que, portanto, era preciso ser contra o contra [Deus].

E contra o contra é a Contra-Revolução!

Os senhores compreendem que, a partir dessa convicção --que se formou em mim, pela graça de Nossa Senhora, desde muito cedo--, a inconformidade, a indignação, a vontade de entrar em luta com, de me opor a, e de dizer em altos e bons termos que é preciso ser contra! Tudo isso constitui a medula de minha vida! [Aplausos.]

Graças a Nossa Senhora eu vejo os senhores baterem palmas com fervor a essa tomada de posição, à qual os senhores mesmos entregaram sua vida e seu entusiasmo.

Na realidade, porém, eu devo dizer: alegram-me essas palmas, mas debaixo de um certo lado elas me entristecem, porque elas deveriam ir muito além! E, portanto, uma reunião destas deveria ser a reunião da indignação, a reunião da efervescência! Seria preciso que nós pensássemos em colocar aquele véu sobre a face da imagem, não para significar apenas tristeza, mas para significar furor e para pedir ao Céu que se enfureça, que faça descer sobre os pecadores a chama do seu calor e de sua indignação, e que mude a face das coisas! [Aplausos.]


Não quero fazer comparações, porque a Igreja proíbe de comparar santo com santo, mas os senhores acham que Urbano II diria uma coisa mais...? É a penúltima reunião dele! E vejam a alma dele aqui refletida nessas palavras. É uma coisa impressionante.


Ora, os senhores todos estão de acordo comigo de que isto não é assim. Nós não chegamos até esse extremo e, portanto, onde há o melhor do melhor, não existe o ótimo.

Isto significa, em última análise, um ponto que é o seguinte: a deliberação de lutar contra o mal, mas lutar contra o mal com todo aquele extremo que ele merece; lutar contra o mal de maneira a fazer com que ele seja o grande derrotado do século XX, [essa deliberação não existe.]

O século XX está acabando, e todo o mundo vê que o mal é o grande vitorioso.

Que situação, que reflexão, que atitude de alma isto produz nos bons?

É aquele furor sacrossanto, debandado, desatado de Elias Profeta? Nós temos o desejo de imitar a Elias Profeta? Nós temos o desejo de fazer com que o calor da fúria dele transborde para todos os lados e os homens compreendam o que é afinal o santo furor de um santo amigo de Deus?

Os senhores compreendem, a partir disso, que não pode deixar de ser assim: que cada vez mais o bem vai amolecendo, cada vez mais ele vai se enfraquecendo, cada vez mais ele vai se abobando; enquanto o mal vai crescendo. É uma coisa evidente.

E sendo assim, o que é que pode haver?

Só pode haver um crescimento cada vez maior do mal, até o momento em que o espírito de Elias tome conta [novamente] da humanidade.

E é por isso que eu introduzi aqui nas nossas reuniões, essa jaculatória tão magnífica, tão magnificíssima: "Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae" - "Meu Deus, mandai o vosso espírito, que é o Divino Espírito Santo, que é o espírito de Elias; et creabuntur, e afinal as coisas serão criadas de novo, afinal o mal será esmagado, afinal o bem sairá vitorioso, afinal nós veremos a face da terra completamente mudada, porque sobre ela reinará o Espírito Santo!"

E é por causa disso que eu recomendo aos senhores que rezem sempre nessa direção: "Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae" - "Enviai o vosso espírito que é o Espírito Santo; et creabuntur, e afinal de contas as coisas serão recriadas: tudo o que está morto, tudo o que está dormindo, tudo o que está traindo, tudo o que está fugindo, tudo o que está se empalidecendo, tudo o que está morrendo, afinal seja levado à nova vida; e por esta forma Vós, Senhor, e só por esta forma e não por outra, renovareis a face da terra".

(...) Bem-aventurado aquele que me dissesse: "Dr. Plinio, o que o senhor disse é muito pouco. Seria preciso mais dois mil furores, duas mil indignações! E nem isto bastaria ainda! Seria preciso pedir a Nossa Senhora que trancasse no inferno todos os filhos das trevas que andam soltos por aí e que Ela soltasse não sei quantas legiões de Anjos para desbaratar completamente os filhos das trevas." É isso que é preciso.

Como sobre certas coisas se coloca um véu --não o véu santo da pudicícia, mas o véu da vergonha-- é preciso dizer as coisas como são, claramente.

Existe entre muitos de nós... .


[Vê-se, pelas portas do auditório, um relâmpago.]

É! O relâmpago confirmou o que ele dizia aqui:

Existe entre muitos de nós a vergonha de ter ódio...

[Novo relâmpago. Aplausos.] (7)


Eles não compreendem, não querem compreender o verdadeiro ódio, ódio santo, ódio bom: "perfecto odio, oderunt te" - "eu te odiarei com um ódio perfeito".

Isto é um pensamento, é uma atitude de alma muito pouco freqüente, talvez esporadicamente adotada --talvez!-- por um ou outro, mas não é uma atitude estável e definida da alma diante da imensidade da Revolução (8).

(...) se algo é tão ruim e tão contrário a Deus, e Deus é tão Santo e é tão Perfeito como Ele se mostrou morrendo na Cruz por nós, então só há uma solução: é ir de lança em riste por cima desse mal para destruí-lo. Não há outra solução.

Essa história de dizer:

- "Bem, mas ele tem tal lado que é bom ..."

- "Ah, tem tal lado que é bom? Odeio-o mais ainda! Porque o lado bom dele é uma tapeação. E o tapeado, bobo, é você. Os ladinhos de qualidadezinhas, que estes ou aqueles mostram em tais ou tais oportunidades, são apenas ilusões" (9).

A verdade é que há uma posição tomada pelo homem diante do mundo de hoje, posição pela qual ele não odeia muitas coisas que são odiosas, e não odeia porque ele simpatiza com aquelas pessoas em coisas que merecem ódio. E esse ódio ele não tem.

E é preciso quebrar isto. É preciso rachar isto, é preciso calcar isto aos pés, "reduzir a pó per fogo" --como diziam os antigos portugueses-- e jogar no mar as cinzas disso, para que isto nunca mais exista na história.

É este o estado de espírito que nós devemos ter diante do mal (10).

Parece-me que nós já estamos perto do fim da reunião... mas encerramos com o olho fixo, a mão em ordem e o passo firme, olhando para a Santíssima Virgem, ou para os inimigos dEla, e dizendo: Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae! (11)

É com esta intenção de renovar a face da terra, ou seja, de jogar toda a cacaria velha da Revolução nos lixos do Inferno, para fazer nascer daí um outro mundo, com outros céus e outras terras.

Isto é o ponto de vista, é o modo de ver e de ser com que nós devemos ir caminhando para este fim de século e fim de milênio.

Bem, aí começa o SD dessa noite.


Assim como o amor pode ser inefável, é de rigorosa lógica que o ódio possa ser inefável também.A Revolução tem um ódio inefável à Santa Igreja Católica.Se nós pedíssemos para um dos chefes revolucionários dizer com quanto ódio eles odeiam a Igreja Católica, ele responderia: "É inefável!"

A palavra que o ódio deles encontraria, o nosso ódio encontra. E é uma inefabilidade que se atira contra a outra:- "Seu ódio é inefável? Arranje-se! No contato com o meu você vai ver o que é fável!"O único modo pelo qual o ódio, o ódio inefável e perfeito, se exprimiu e se definiu na história da Igreja e na história da humanidade, foi naquele momento tremendo em que Nosso Senhor Jesus Cristo estava nas últimas respirações de Sua dor. (...) Mas nAquele que tudo não era senão dor, é preciso dizer que havia alguma coisa que não era apenas dor. Esse sentimento que não era apenas dor se chamava: ódio.


Nenhum exegeta vai dizer isso aos senhores. Entretanto, é irrefutável.

Ele (...) predisse o que ia acontecer com a cidade de Jerusalém, o que ia acontecer com o povo judaico. Tudo isso também foi terrível e se realizou à risca. (...) E a cidade outrora bendita, depois do deicídio ficou maldita, coberta pelo ódio de Deus, abandonada. E a maldição de Deus pesou sobre todos aqueles bandidos.Isso é ódio.Não houve só ódio. Houve momentos de compaixão de Deus para com esse ou para com aquele. Mas a nota dominante é o ódio!Por quê? Porque o que tinha se passado... Meu Deus! Era o assassinato do Filho de Deus!.Isso não desperta ódio?! Então desperta o quê? (12) (...)(Obediência da semana.)Os senhores peçam para ter em português esse salmo que foi cantado agora aqui, e rezem todos os dias.(Salmos CXXVIII, 21 e 22; CXL, 1; LIII, 7.)"Porventura não odiava eu, Senhor, aos que Vos odiavam?E não me consumia por causa dos vossos inimigos?Com ódio perfeito eu os odiei, e eles se tornaram meus inimigos.Senhor, a Vós clamei, ouvi-me.Atendei à minha voz quando eu Vos clame.Fazei voltar os males sobre meus inimigosE na vossa verdade destruí-os!"



Chá de 82:

A velocidade de minha cólera é supersônica. Se há uma forma de execração total, rejeição inteira, oposição completa, que não cessa, não dorme, não se interrompe, não se cansa, não se excita, não se deprime, nada, [é a minha].Tudo vai na mesma linha: Destruirei! Ainda que me desgaste inteiro na destruição, a última coisa que restar em mim ainda será um ato de destruição.Não há compatibilidade, acordo, contemporização (13); a todo o momento, a toda a hora, de todo o jeito, é o estudo e a análise da execrabilidade da Revolução.Nossa pressa da Bagarre deve ser pelo desejo, pela vontade ardente de uma punição glorificante, que pelo estralo da cólera chegue ao brilho da Justiça e produza o esplendor da Ordem.


(...)A alma humana é cheia de potencialidades; a alma humana tem uma série de capacidades que precisam ser exercidas: é o afeto, é a benquerença, é o desejo do bom trato, é talvez o bom apetite, o bom sono, o bom repouso, é isto, é aquilo. Mas há também uma potencialidade na alma humana que exige de vez em quando uma expansividade.Eu me lembro de uma primeiríssima cerimônia no São Bento II que, terminada, o Sr. Dr. Plinio (...) dizia isto: "Há certas potencialidades na alma humana que, se não se explicitam e não se externam, se guardadas dentro da pessoa por infidelidade, elas apodrecem, viram bichos, e comem a pessoa por dentro."Então, os senhores, ao ouvirem essas descrições todas feitas aqui, os senhores sentem que há algo dentro dos senhores --porque faz parte da nossa vocação-- que pede isto. Nós necessitamos disto. E passarmos uma noite onde a gente recorda isto, faz bem à alma, faz bem à saúde.Comentários:

  1. Os joaninos aplaudem, não porque a data da partida dos cruzados coincide essa festa de Nossa Senhora, mas porque coincide com o aniversário de seu senhor.

  2. Está preparando os espíritos para consumar a divisão interna, um mês depois, no dia da abertura do processo jurídico contra a TFP.

  3. Não é descabido pensar que algum dos presentes no auditório, ouvindo essa frase, a tenham “sublinhado”: assim como os cruzados eram presididos por um santo, nós também somos presididos por um santo: JC.

  4. Antes de ler essa frase de Dr. Plinio, JC a ressalta. Também depois da leitura.

  5. Por coincidência, nesses momentos a TFP estava numa hora de extrema aflição.

  6. Cienter et volenter” fala. “Cienter et volenter” escolhe os textos das reuniões ...

  7. Os joaninos vêem nisso um sinal do “Céu” corroborando o acerto de seu senhor.

  8. Segundo Dr. Plinio, é preciso ter estavelmente um ódio perfeito diante da Revolução. Segundo JC, diante da autoridade.

  9. Isto se aplica como luva na mão aos joaninos e a seu senhor: é verdade que tem lados “bons”, mas precisamente por isso são mais censuráveis.

  10. É este o estado de espírito que JC inculca nas suas bases contra os detentores de autoridade na TFP.

  11. Se, como JC insinua, os inimigos de Nossa Senhora são os Provectos, quer dizer que ser inimigo de Nossa Senhora é sinônimo de ser inimigo de JC. Portanto, JC se identifica com Nossa Senhora.

  12. Ontem, antes, durante e depois da morte de Dr. Plinio, a tônica dos sermões de JC eram aconselhando resignação; e praticamente não estimulou os cooperadores a odiar a Revolução --e ele sustentava que Dr. Plinio entregou sua vida para comprar a derrota da Revolução. Hoje, em se tratando de seu amor próprio ferido, aí sim JC conclama ao ódio.

  13. Excepto em relação à Estrutura ... diz JC.



IX. Vésperas da ruptura – Contentamento de JC - “Fundamentação mística” da divisão da TFP

A seguir, uma série de grafonemas trocados entre os joanistas em novembro de 1997, descrevendo a estadia de seu senhor na Espanha. Foram encontrados nos computadores da TFP que eles usavam na “torre da Avenida Angélica”. A ortografia não é nossa.


*

Grafonema para Sr. Hamilton de Nelson Tadeu************ C O N F I D E N C I A L *************** URGENTE - URGENTE - URGENTE ***Eremo de São Bento, 5 de novembro de 1997Caríssimo Sr HamiltonSalve Maria!Envio-lhe aqui algumas notícias frescas que acabaram de me chegar às mãos. (...)In Jesu et MariaNelson TadeuSede San Pedro de Arbués, 04/11/1997 - 12:37 PMEstimado D.Salve María!Antes de todo no sean tiroleses, háblen por teléfono las noches, para cuando Don Juan esté dando alguna palabrinha (1). (...)La pregunta fue hecha por la Saude, via grafonema, sobre el castigo que Dios dió a los judios que se revelaban contra Moises, y el porque Dios quiso solo un medio para encontrar la cura (2).Aparecieron serpientes ARDIENTES, que mandaba la Providencia para punir los pecados de reveldía contra Moises. Las pesimos judios-serpientes-reveldes, después de poco tiempo de haber sido picados por estas serpientes punidoras, morian.Moisés pidió a Dios por ellos, y la solución no fue acabar con las serpientes. Dios quería dejar palpable el pecado de revolta. Por eso tenían levantar sus ojos y ver el Calllado de Misés, o mejor la Serpiente de Bronce que estaba sobre este Callado. Mirando para la Serpiente de Bronce, que era la prefigura de NSJ, se humillaban, y encontraban la redención de su pecado de revolta. Allí, después de humillarse, eran curados. Era también una prefigura de la confesión.Dios no les dijo "miren mis ojos y encontrarán la salvación", ni siquiera miren para Misés (3)."muchas veces nos revelamos contra el profetismo del SDP, o pactamos con algo de la Rev.". Y para ello el SDP nos dejó a la SDL, mirando para Ella, que fue el bastón del SDP, encontramos la cura (4).(..)......El SDP quiere que estémos profunda, e intimamente unidos a El.....¨El bastón de la vejéz?, el bastón ayuda a que descansar las piernas de alguno que necesita apollo. Es un apoyo mutuo, y es lo que el SDP no puede dejar de querer.(....) Aquí viene cosas que no me permite el tiempo y otrs cosas transmitir.Comentário:

  1. JC estava na Espanha. Aconteceu que, tempo depois do motim de Jasna Gora, em carta de 3/11/97 os Provectos lhe perguntaram qual era sua posição a respeito da natureza e limites da autoridade na TFP. E o neo-incorruptível, sob pretexto de fazer exames de saúde, saiu do Brasil ... Sua resposta foi a abertura do processo contra a TFP.

  2. Entende-se a pergunta considerando o contexto: eram os dias da “revolta” dos Diretores da TFP contra JC.

  3. Analogamente, no nosso caso a salvação não consiste em olhar para Deus, ou para Dr. Plinio, mas para JC ...

  4. Uma vez que Dr. Plinio faleceu, nos deixou à Sra. Dona Lucilia? Mas ela também não faleceu? Na realidade, a sigla “SDL” é um código, significa JC. Tanto assim que o próprio embusteiro espalha que Dr. Plinio teria dito que ele era o “bastão de sua velhice”.


*

Grafonema de 6/11/97, 11:28 AM :Entro direto nos relatos para ganhar tempo, infelizmente terei que escrever com uma certa dificuldade devido ao fato de este computador não ter teclado portuguës, portanto não se assuste com a ortografia destas linhas, sobretudo no caso das "ss" que são realmente assustadoras.Como notícia fresca conto o café da manhã que acaba de terminar a poucos instantes, foi muito abenssoado e comessou com só um assistente (pego de surpresa), o que foi uma grassa de initmidade única.Ele primeiro pergutou para quem iam dirigidos os relatos que este fazia, ao ser respoondido ele disse que não havia problema com tal de que não circulasse fora do público das respectivas sedes (São Bento, Praesto Sum e Saúde) (1).Lhe foi comentado que os senhores aí estão passando por uma sequía de notícias ao que ele concordou e fez uma fisionomia de pena, disse que os senhores vão ter uma surpresa do outro mundo dentro de 15 dias, e que não fazem idéia do amplio do tema (2).Depois comentou que havia dormido apenas 6:00, pois tinha se acostado à 1:30 hs de ontem para levantar-se às 7:30 hs. Dormiu super bem, e levantou-se de contentamento e já não conseguiu dormir mais (3).também comentou a mudanssa de clima aqui pela Espanha, um clima bem diferente daquele céu azul que havia quando ele chegou, atualmente estamos com uma onda de tormentas, a parte central da Espanha está em estado de alerta devido às trombas de água, também passou ontem um furacão por Lisboa e as rádios tanto de lá como de aqui aconselham às pessoas a não sair de casa nestes dias.Agora mesmo estão fazendo uns 4 graus o que representa um frio fora de época para o país.Ele comentou que isto é sintomático e que está muito relacionado com a bagarre interna no Grupo.Também manifestou o desejo de ir ao túmulo do Plinio Jonatas já que ele não tem podido ir à Consolassão desde o último 21 de abril, pelo fato de eles estarem a esperando-lhe com máquinas fotográficas etc..., (4) sobretudo no 15 de agosto dia em que ficaram "merodeando" o SB nesta intenssão.Comentaram então que ele quando voltasse a SP precisaria de ir com alguns guardas costas, e ele disse que isto é verdade, mas que já está tudo pensado nesta matéria, pois ele tem bem presente que eles querem matá-lo (5).Ele continua falando dos 15 dias isto tem sido uma constante em quase todas as conversas, lhe perguntaram se tem alguma relassáo com o que vai repercutir na próxima terssa-feira, ele disse que o da terssa é a primeira fase do tema mas que daqui a 15 dias é que vai ser a fase final.Inclusive disse que rezássemos para que eles não o expulssem antes dos 15 dias, pois é preciso que todas as fases destes 15 dias se cumpram sem que a expulsão dele se dê, Porquê será?...Lhe foi perguntado se ele via aproximar-se algo na linha de uma "Noite de São Bartolomeu", mas ele disse que por enquanto não, mas se fõr em defesa própria não há problema pois aí não é crime.Também ele disse que ontem se encontrava dentro de uma consolassão muito grande e que o desejo deles era de que ele estivesse consternado e (encontrei só agora o "ç" deste teclado) de cabeça baixa entáo comentou com enfase que cabeça baixa só para rezar (6).Por último ele comentou sobre um fax enviado ontem às 12:00 hs pelo FA [NB: Sr. Fernando Antunez] no qual este último se demitia da função de conselheiro e administrador do caixa do Grupo da Espanha alegando que o Grupo aqui tem atuado contra os principios dele cito apenas alguns fatos que ele expunha no fax:- o fato do altar de Toledo ser móvel.- de se chamar de "fumaça" aos fumaças.- 30% dos membros do Grupo não cumprimentam aos fumaças.- excaça (7) assisencia às reuniões (de quinta creio).- excaça presença de publico na inauguração do quadro na SRM.- exclamações em Toledo quando se cita a morte dos "provectos".etc.Ao final este FA diz que ele tem um grafonema de MSS a um encarregado de Grupo no qual o SDP atacava os movimentos de base dentro do Grupo etc. e que por razões de consciencia não podia mais estar ajudando ao Grupo daqui, e que se lamentava de não haver feito esta demissão antes.(...)Ele não tem feito mais cortes nas gravações de vídeo pelo fato de que elas vão chegar aí para os senhores depois da famosa terça-feira que vem, portanto ele disse que não há problema, até nas perguntas ele tem respondido quase direto tudo o que não seja operacional.Ele começou respondendo a uma pergunta que fala sobre a posição de alma que ele descreveu como "Alegro ma nom Tropo", que é a posição daquele que está dedicando-se a uma causa mas quase sem dar-se conta não percebe que não se está entregando inteiramente, e que como consequëncia pode ser que numa hora crítica ele toma uma posição "terceira força" em relação à boa causa (8).Ele disse que por este desvio uma pessoa pode até chegar a fazer o mal com a certeza de que está fazendo o bem.Isto se dá pelo fato da pessoa não ter inteiramente integra a inocencia que Deus nos dá quando nascemos.Ele sitou como exemplo o caso do "Mutuca", que luta contra o SDP com a convicção de que está fazendo algo bom.Ele disse que nesse caso a pessoa só pode cair em sí através de uma graça, que vem de alguma conversa com alguém intimo ou então um capitulo ou alguma manifestação do céu, e que para que nós não caiamos num desvio como este devemos pedir a MSS aquilo que o cego pediu a Nosso Senhor no Evangelho "Domine, fac ut videam".Também ele comentou que é mais fácil chegar de 0 a 99, do que de 99 a 100, apesar de que não depende de um esforço nosso,1 e que a santidade só vem para a pessoa quando o Espirito Santo assim o quer.Mas que nós não devemos deixar de rezar, pois derepente o Espirito Santo ve nos trazer a santidade e nós não estamos preparados para recebê-la, nesse caso ficamos sem a santidade.Como a reunião foi gravada em vídeo e os senhores poderão vê-la na integra, apenas vou dar uma pincelada nos temas para adiantar algo e depois passo a descrever o resto do dia que foi fenomenal.Ele respondeu uma pergunta dizendo que MSS desde o colégio S.Luiz tinha claro a obra que ele ia fundar e de como levar a OP, bem como os membros do Grupo.Então MSS deu ao sr. João um caderno que ele tinha escrito a pulso nos anos 40 e que continha a regra e costumes para a Ordem de Cavalaria que ele queria fundar (9).Algum dia ele disse que nos vai mostrar, é só esperrar os 15 dias.Uma coisa interesante é que o passo de marcha inventado pelo sr. João foi visto pela primeira vez numa cerimonia em Amparo. MSS comentou que aquele é o passo de marcha ideal e que era justo o passo que inventaria MSS.Então ele afirmava que as regras já estáo estabelecidas e o espírito já está explicitado, só faltam a circunstãncias para que a Ordem se funde.Também comentou que quando começou toda a perseguição contr ele depois do 3 de outubro, que ele foi até a Consolação e apoiou a frente sobre o túmulo pedindo um sinal claro do que estava acontecendo e que depois de haver sentido uma consolação muito intensa, algo lhe disse que o que está acontecendo é um problema da temática do caminhar ou não caminhar na direção da Ordem de cavalaria (10).E que o SDP é o modelo perfeito de cavaleiro em toda a História e portanto quando ele voltar ele virá com uma espada de verdade e fará uso eficaz dela.Na última parte da reunião ele comentou de como existe um ódio acentuado contra a Sra. Da. Lucilia e de como há pessoas que chegam a rasgar fotos dela de tanto ódio, sobretudo dentro da familia dela.E que o SDP em 94 chamou-lhe e disse coisas impressionantes sobre ela mas que ele deu uma obediencia sub-grave e que o sr. João só poderia revelar tudo isto no caso de que fosse necessário e dentro processo de canonização dela.Depois do jantar ele desceu ao salão e deu uma pequena palavrinha, ele estava visivelmente contente e lhe perguntaram o porque disto.Então ele contou a metáfora de uma pessoa que teve que ficar por 40 com o corpo todo engessado, e que derepente num dia ele estanado na cama do hospital, escuta aos médicos dizerem que por fim já está no ponto e que dentro de 3 dias poderá ser tirada a armadura de gesso que lhe cobre o corpo inteiro.O momento de espera desde que a pessoa ouviu a notícia até o momento da retirada do gesso é mais duro do que os 40 esperando, e ele disse que isto acontece com a almas do purgatório, que os últimos momentos e que sáo os mais próximos da liberação delas são mais doloridos pelo fato de que a pessoa tem que se conter até chegar a hora esperada.Mas por outro lado vai ser por fim a retirada do famos gesso, e que quando este for retirado não será preciso fazer fisioterapia que a pessoa já vai estar pronta para atuar.Depois lhe perguntaram quais vão ser os primeiros movimentos depois de que a pessoa se veja livre do gesso.Ele respondeu que não podia dizer, mas que um deles seria o de apalpar bem as mãos e usá-las.Perguntaram o que seria feito depois com o gesso, com os médicos etc... ele respondeu com evasivas.

Comentários:

  1. Portanto, entre os joanistas, uns tem aceso a certas informações, e outros não.

  2. Trata-se do processo jurídico movido por ele e por 51 litisconsortes contra a TFP em 25 de novembro desse ano.

  3. Ao acordar estava muito contente. Na hora do jantar também --como consta mais abaixo. Qual era a razão do contentamento de JC? O fato de dividir a Obra de Dr. Plinio era para ele motivo de alegria? Não é de estranhar, pois também no passamento de Dr. Plinio ele esteve consoladíssimo.

  4. Máquinas fotográficas” no jargão joanista significa arma de fogo.

  5. Mentira. JC espalha isso para desprestigiar aos que não o adoramos.

  6. O estado de espírito de JC, nas vésperas de dividir a Obra de Dr. Plinio, era de muita consolação, sem consternação nenhuma e de cabeça erguida.

  7. Escassa!

  8. JC está se referindo aos revolucionários de velocidade lenta que aderiram à sua facção.

  9. Em outras ocasiões JC disse que se tratava da Regra de uma ordem religiosa que “Dr. Plinio” queria fundar.

  10. Depois de experimentar uma consolação muito intensa. JC recebeu uma comunicação mística de qual seria o cerne da crise interna. Com base nisso, ele tocou para frente a revolta.


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Grafonema de 8/11/97: Ele comentou um sonho que teve um enjolraz da Saúde chinezinho que é afilhado dele.No sonho o rapaz via no nosso Quidam fazendo uma reunião no ANSA, derepente na cabine apareceu MSS que vinha com uma caixa cheia de espadas e que começou a distribuir as espadas a cada um, depis apareceu a SDL trazendo hábitos e foi feita a imposição destes nos que ainda não o tinham, (...) bem o resto do sonho ele não deixou gravar, mas como o sr. já conhece não faz falta escrever (1).(...) O sr. João acaba de sair para as orações como estava frio ele pediu o abrigo e pois a boina depois pediram para ele tirar uma foto e ele quiz tirar junto ao sr. Pedro Paulo e com a boina posta, disse que era para enviar ao LN [NB: Dr. Luiz].Também comentou que as coisas se estavam acelerando demais aí por SP e que ele usaria uma tática para que eles andem mais lentos, infelizmente não dá para dizer qual é a tática, mais vamos ver se para frente conseguimos.Comentários:

  1. Seria descabido pensar que o resto do sonho consistiria numa matança de tudo quando é “fumaça”?

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Grafonema de 9/11/97:Hoje o dia amanheceu soleado e com o céu práticamente limpo, ele acordou sobre às 9:00 depois de ter falado com o sr. André Dantas até as 2:00 hs. da manhã.Depois de pronto saiu para comungar às 10:30, logo voltou e o café foi a portas fechadas com D. Pedro Paulo, já no final pudemos entrar (...)A fisionomia dele hoje já era tão descansada como os outros dias (1) (...). ele comentou que o tempo daqui funciona justamente o oposto da situação, que quando está clima chuvoso e fechado, a situação nos fica favorável, mas quando o clima é ensolarado a situação fica desfavorável.(...) No final ele rezou um Memorare com todos na intenção de que os nossos Santos Fundadores nos auxiliem nestes momentos e que Ela prepare as nossas almas para que estejamos resignados aos aparentes fracassos e para que tenhamos a confiança necessária para estes momentos.(...) Então ele voltou de novo à metáfora do gesso e foi um pequeno desabafo da situação dele no dia de hoje.Ele disse que quando tudo caminhava para uma retirada total do gesso (e que ele já via por fim a realização da obra de MSS), derepente os médicos se voltam para ele e dizem que o gesso estava mole e que portanto em vez de tirá-lo eles teriam que jogar por cima umo outra capa de gesso mais dura ainda, e que então a pessoa tinha que se resignar e não perder a calma mas sim aceitar os designios da Providencia.(...)NOTICIAS QUENTES(...) O sr. João disse que está havendo filtração de noticias importantes para o lado de lá (por isto tome muito cuidado com as notícias que lhe envio), mas já se sabe mais ou menos quem são as goteiras.Ele afirmou de novo que quando chegue ao Brasil eles vao dar 24 horas para expulsar-lhe do grupo (2). E então ele volta par cá...Palpite pessoal sobre a situação totalmente subjetivo:Creio que eles tem controlado definitivamente a questão juridica.Comentários:

  1. JC estava a ponto de dividir a Obra de Dr. Plinio e entretanto não tinha remorso nenhum. Ao longo de toda sua estadia na Espanha, estava com fisionomia descansada.

  2. JC inventou essa história para justificar a abertura do processo contra a TFP.


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Grafonema de 10/11/97:Hoje ele amanheceu um pouco mais contente apesar de que a situação continua no mesmo pé que ontem (1), não sei quantas horas ele dormiu mas ele se acostou às 2:30 hs. e já antes das 9:00 hs. se encontava de pé.(...) Terminou contando que quando alguém ia ser armado cavaleiro, se fazia a vigilia de armas onde se depositava sobre o altar, o elmo, as perneiras, a cota de malha e a espada, e que ele indo agora a Genazzano ele faria justamente isto, ou seja depositar sobre o altar de Nossa Senhoa as armas com as quais ele vai entrar na luta... (2).Ele antes já tinha dito que todos os livros que MSS produzia ele sempre levava antes a Genazzano para depositar aos pés do altar.(...) Peço oraçÎes para ver se consigo ir junto com ele para Genazzano, em principio iria como filmador, mas a sede de Roma ele comentou que é como um liquidificador onde entram os bons e os fumaças e é todo mundo batido junto na mesma máquina.

Comentários:

  1. Nos dias anteriores JC estava contentíssimo e sem remorso nenhum. Hoje acorda mais contente ainda.

  2. JC tem a ousadia de depositar sobre o altar de Mater Boni Consilii as "armas" com as quais vai dividir a TFP!

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Grafonema de 11/11/97:Hoje já são bem menos as notícias que tenho para contar-lhe, o dia amanheceu nublado, e sobretudo para nós parecia mais cinza do que os outros (...).Sobre a fachada da sede um raio de luz rompe a densa barreira das nuvens, com sua claridade e seu calor aviva e acolhe a nosso Quidam que apesar de haver dormido depois das 2:00 hs e ter tido um exaustivo horário no dia anterior, já as 8:00 estava de pé, pegando mais uma vez a todos de surpresa.(...) Assim foi que quando a maioria do pessoal que habita esta sede se levantou o sr. João já estava despachando os seus assuntos e preparando as malas para a viagem a Genazzano.Depois saiu às 10:00 para a comunhão e na volta conseguimos pegar-lhe quando subia a escada, um português tirou uma foto dele e ele queixou-se em broma, D. Pedro Paulo defendeu ao rapaz dizendo que era preciso ter um "recuerdo" destes días, então ele quiz ter um "recuerdo" de D. Pedro Paulo e mandou o rapaz tirar uma foto de D. Pedro Paulo e mandar-lhe depois, o rapaz obedeceu a ordem e D. Pedro Paulo ficou sem jeito em meio as acalmaçÎes de todos, enfim ele nunca passa aperto (1).No café da sede D. Pedro Paulo nos contou um pouco mais da situação e a viagem a Genazzano, disse que há um leve receio de que passe algo (...).Também nos contou D. Pedro Paulo que foram enviadas fotos do Beato Palau e de Garcia Moreno, e os comentários do padre (2) são exaamente iguais aos de MSS, com isto se os comentários sobre o Beato Palau, encaixam e os comentários sobre Garcia Moreno encaixam, logo o que ele disse da situação atual não pode falhar (3).E o que o salesiano diz da situação atual?Que se faça a GUERRA, pois o fundador está com ele e os demais serão desbaratados (4).Comentários:

  1. Nas vésperas da divisão da TFP, JC e seus adeptos brincam.

  2. Trata-se de um padre “místico” encontrado na Costa Rica e que tem manifestado muita afinidade pelo seu congênere. Num grafonema anterior, de 9/11/97, há mais dados sobre o personagem:

Depois lhe perguntaram [NB: a JC] sobre as revelações do salesiano de Costa Rica ele contou que já antes do SDP subir ao céu este homem através de uma foto de MSS disse que ele havia tido um derrame na vista, sendo que só o sr. João e Dr. Edwaldo sabiam disto.E perguntaram que relação tinha a visão que ele [JC] teve de S. João Bosco (recentemente) com o homem de Costa Rica ele disse que na visão S.J. Bosco como que lhe dizia: "faça caso do que diz o meu salesiano".Lhe perguntaram porque é que o SDP não lhe aparecia diretamente e dizia as coisas, ele disse que é para aumentar os méritos dele na confiança.

  1. Embora possa acertar, antes de obedecer a esse padre, seria preciso tirar a limpo se ele é realmente um místico ou um agente do demônio.

  2. O conselho desse padre se contrapõe ao dado por Dr. Plinio na última Reunião de Recortes no sentido de nos manter unidos. Logo, esse “místico” está fazendo o jogo da Revolução, e no fundo do demônio. JC, “discípulo perfeito” de Dr. Plinio, “fundamenta” a ruptura no aviso desse sujeito.




X. A ruptura - JC e os seus contestam abertamente a estrutura jurídica que Dr. Plinio deu à TFP – 1998, “ano das vinganças”


A rigor, a ruptura foi o 21 de novembro de 1997, dia em que foram ajuizadas duas ações cautelares, movidas por JC e seus sequazes contra a TFP. Mas a notícia só chegou a conhecimento dos Provectos na quinta-feira 25 através de um oficial de justiça. Poucas tempo depois, eles comunicaram o acontecido aos membros do Grupo que aguardavam na Sede do Reino de Maria, na sala São Luis Grignion, o início de uma reunião. Nessa sala, onde quase dois anos antes se tinha realizado o velório de Dr. Plinio, à pedido do Coronel Poli, rezou-se um terço em reparação a Dr. Plinio.

A primeira ação, patrocinada pelo escritório Arruda Alvim, foi distribuída para a 3a Vara Cível do Foro Central de São Paulo. A segunda, patrocinada pelo escritório Strenger, foi distribuída para a 9a Vara Cível.Praticamente, ambas tinham a mesma argumentação, as mesmas queixas, as mesmas finalidades e a mesma adesão à igualdade enquanto princípio. Mas os assinantes eram diversos.Quer dizer, eles se dividiram em dois grupos --um de 51 litisconsortes e outro de 181-- para diminuir os riscos. Pois se uma ação fosse recusada numa das Varas, a outra poderia ser aceita . E foi o que aconteceu. Segundo os inconformes, uma série de “arbitrariedades” “vem sendo praticadas ao abrigo de um Estatuto nunca antes utilizado contra os sócios”, “ que fere normas legais”, não reflete “a vida da TFP” e possui “um forte conteúdo de intolerável discriminação contra categorias de sócios e demais componentes da entidade”. “Não só as discriminações constantes dos Estatutos, mas muitas outras, que vão ainda muito além do que até mesmo esses estatutos leoninos facultariam, passaram a fazer parte do cotidiano da TFP”.“As normas estatutárias são absolutamente leoninas em favor dos sócios fundadores (...)”.Em consequencia, os rebelados solicitam ao Poder Judicial “o reconhecimento da nulidade dos artigos do Estatuto Social que ferem o direito de todos os sócios participar das assembléias gerais, de votar e ser votado (...), bem como a nulidade dos artigos que importem em cláusula potestativa pura”.No fundo, aquilo que JC e seus asseclas vêem como censurável no nosso Estatuto é seu caráter hierárquico e militante. E o que “questionam” não é tanto a pessoa dos Provectos, quanto a forma de governo que o Sr. Dr. Plinio instituiu para a TFP.

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Isso posto, cabe lembrar o que Dr. Plinio disse dos Estatutos da TFP no Santo do Dia 7/2/87, no qual JC e os enjolrras da Saúde, Acies Ordinata, São Bento e Praesto Sum estavam presentes:Nossos estatutos foram redigidos por mim mesmo com muito cuidado, com muita seriedade ...(Fenomenal, fenonemal!)... portanto com muita autenticidade.

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Conforme se deduz de um grafonema enviado por José Manuel Jiménez a Walmir Bertoletti, em dezembro os eremitas de São Bento e Praesto Sum estavam espalhando, entre os joanistas de base, teses que de alguma maneira justificassem a iniciativa que tomaram. O documento foi encontrado no computador da TFP que usavam os amotinados da “torre da Avenida Angélica”:GFN. PARA O SR. WALMIR BERTOLETTI, NA ANGELICA, DE JOSÉ MANUEL JIMÉNEZ31/12/1997 - 10:16 AMCaríssimo sr. WalmirSalve Maria!(...) Entremos mais a fundo na profecia do Bemaventurado Palau:"La Internacional proseguirá su obra, la llevará adelante, y antes que aparezca a los ojos del mundo oficial como señora de todas las naciones, antes que arroje de su seno oficialmente al Papa, al Papado, a la Iglesia y á sus ministros, antes que de oficialmente al catolicismo el golpe de Estado que tiene proyectado, Dios en los altos designios de su providencia enviará á la Iglesia los novisimos apóstoles, reorganizarán todos los elementos que restán fieles a Dios, y preparada la Iglesia le presentará batalla."No será la revolución que quien se prenunciará oficialmente contra la Iglesia, sino que esta acometerá a aquella, prenderá su rey, el principe que le dá la fuerza, la anatematizará, dividirá los dos campamentos, y sabiendo los demonios que su obra va a tierra, reunirán bajo una cabeza, bajo un sólo príncipe todos los poderes políticos que están en el mundo á su mando, y he aqui la persecución de la iglesia."Palavras proféticas que ficaram empoeiradas nas memórias de muitos, e agora saem à luz pública para nos animar neste momento da batalha.O Senhor Doutor Plinio, prevendo o futuro, não deixou de nos chamar atenção sobre isso.

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Em janeiro de 1998, os joanistas falam de uma série de “misis” contra a Obra de Dr. Plinio, a serem detonados ao longo do “ano das vinganças”. O depoimento interessa enquanto indício da existência de um “arsenal” anti-TFP, preparado com antecipação. GRAFONEMA PARA: Don. CELIO CASALERemite: CARLOS A. INSAURRALDE ************ C O N F I D E N C I A L ************Eremo N. Sª. del Rosario de Lepanto, 02/1/1998 - 11:15 PMEstimado Don Celio: Salve María!(...) El día 1 de enero, a las 4 de la mañana, tuvimos una gratísima sorpresa, suena el teléfono y lo atendió un enjolra argentino y escucha una voz que le pregunta si ya habíamos terminado la cena, a lo que le respondió afirmativamente. El enjolra sospechó que se trataba del Sr. João y le preguntó quien era, allí se identificó el propio Sr. João, y pidió para hablar con don Pedro Paulo, el cual lo atendió lo más rápidamente posible. Trajeron para la eventualidad un teléfono de manos libres, que tiene parlante incorporado, y pudimos escuchar su saudosa voz.Comentó que acababa de hablar con el grupo de Portugal, y no quería dejar de rezar en el comienzo de ese día con el de España.Todos impresionados con semejante apostolado bradaban de entusiasmo.No hubo un tema fijo, fueron simplemente palabras de bien querencia, pero lo más interesante fueron las intenciones que puso para el brado. Por ejemplo, la de la prontísima resurrección y glorificación del SDP y de la SDL, también para que NPF intervenga en los acontecimientos internos y externos. Allí pidió para que (...) [no hace falta mucha imaginación para saber que significan esos ...] los que estaban atrapallando la obra. También puso otra varias intenciones pero en el momento se me escapan.(...) Bueno Don Celio, disculpe lo largo de este GFN, espero no haberlo aburrido, como vio, este tiene un poco más de olor a pólvora que los otros, esto es por ser 1998 el año de las venganzas. Hoy o ayer debe haber salido otro misil en Brasil, cuénteme las repercuciones.





XI. Outras amostras de insubordinação antes e depois da ruptura

A. JC afirma que não tem que dar nenhuma satisfação a ninguém (inclusive às autoridades da TFP) a respeito do tempo que dedica ao apostolado

Carta de JC ao Sr. Cônego, 20/7/96:Não concordaria o Sr. Cônego que pessoas pertencentes à TFP e mais ainda as que estão fora de seus quadros nada tem a ver com o tempo que Deus me concede para tocar adiante o meu apostolado? A meu pobre ver esse assunto pertence única e exclusivamente a meu relacionamento direto para com Deus. A ninguém mais deveria eu dar satisfações a esse respeito, não é verdade?

B. Em Jasna Gora

A propósito das tratativas para a compra de Jasna Gora (alguns meses antes do motim) e das idas e vindas respectivas, Ramón León confessa que se dirigiu a Dr. Plinio Xavier “em altos brados”, acusando-o de estar “sabotando a compra da propriedade”. (Cfr. "Quia nominor provectus", p.141).E no processo aberto contra a TFP, os renegados sustentam que: “o Dr. Ramón comportou-se sempre com inteiro respeito para com tais diretores”.

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SRM, 19/1/99, resumo dos depoimentos do Coronel Poli e senhores Dufaur e Silvério:Em Jasna Gora, além dos sócios e cooperadores, tem empregados e servidores que moram lá; não são cooperadores da TFP, mas simpatizantes. Eles não gostam dos amotinados, que os provocam sempre. Eles tem instrução nossa para não reagir. Depois que os amotinados receberam cartas da Diretoria da TFP transferindo-os para outro local, os amotinados passaram a fazer continuas provocações, molecagens etc. Uma dessas era a filmagem de tudo, procuravam as pessoas para discutir, gravavam tudo, tiravam fotografia provocante bem perto do rosto da pessoa, etc.No ultimo sábado, estavam jantando normalmente, acompanhados pelo Sr. Plinio Solimeo, encarregado de disciplina. De repente entram quatro amotinados na sala, trazendo filmadora, máquina de fotografia, gravador e fechando as duas portas de saída. E começaram a discutir com Sr. Solimeo por que os servidores amotinados não podiam jantar nesse horário. O Sr. Solimeo respondeu que esse não era o horário deles, que aguardassem o horário de costume deles, e que no total não estava obrigado a dar nenhuma explicação. Depois de uns minutos de tensão, um dos empregados não agüentou essa pressão dos amotinados, bateu a mão na mesa e disse: isso não pode continuar! Levantou-se e os outros empregados o acompanharam. Disseram ao Eurico que estavam fartos dessas provocações e pediram a filmadora. Não quis entregar. Recebeu um safanão, resistiu, recebeu uma cotovelada. Eurico soltou a máquina, o empregado jogou-a no chão, pisou em cima. Ficou tão destroçada, que na Delegacia não se conseguiu descobrir a marca e modelo!Do outro amotinado que tinha máquina de fotos, tiraram e jogaram a máquina deslizando pelo chão e outro empregado pisou-a e quebrou-a. Tudo isso não durou mais de dois minutos. Aí, calmos, um disse: agora vamos terminar de jantar.Os amotinados estavam querendo um incidente destes. Saíram imediatamente para a Delegacia, denunciando que "estava acontecendo um roubo com reféns".

O delegado contou que era tal a excitação dos amotinados quando foram fazer a denuncia que ele chegou a comunicar a central dizendo que havia refém, e ficassem com helicóptero à mão para ser acionado se fosse necessário.O delegado, conhecido nosso, chegou em 10 minutos com tropas de elite, com fuzis curtos, com máscaras, entraram na operação convencidos que a TFP estava sendo assaltada por bandidos.Uma vez que entraram os policiais em Jasna Gora, Emílio Juncá ia gritando: “pega aquele lá, aquele lá”. Os policiais iam obrigando a estes a se deitarem no chão, mãos na cabeça, apalpavam para descobrir as armas, e perguntavam se tinham drogas, se estavam fumando drogas, etc. Quando responderam: “não, eu moro aqui há quatro anos já”, os policiais surpresos diziam: “Ah, desculpe, você é da casa!”

Os policiais começaram a ver que não havia nada de anormal. Apareceu o Sr. Solimeo, explicou o que estava havendo.Emílio Juncá estava junto ao delegado. Quando chegou o Sr. Solimeo, Juncá queria que ele se deitasse. Aí o delegado, já desconfiado de alguma coisa, disse ao Juncá: onde está o refém? – Lá dentro. Era o Schonart que se tinha escondido no próprio quarto ...Quando os policiais perceberam o engano, ficaram com pena dos nossos, cumprimentavam os servidores, os empregados, pediam desculpa. Eurico e Juncá gritavam que tinham sido roubados. O delegado mandou ficarem quietos e levou-os todos para a delegacia para fazerem declarações. Os amotinados foram em carro de polícia e os nossos em carros nossos.Na delegacia, houve acareação dos envolvidos com o delegado. Eurico dizia que tinha sido roubado. O delegado mostrou a máquina em pedaços sobre a mesa e explicou que isso não era roubo!Diz o delegado aos amotinados: “vocês fiquem sabendo que induziram a autoridade ao erro -- porque diziam que havia roubo quando não houve, que havia refém quando não havia--; com essa denuncia que fizeram, nessas circunstancias de nervosismo e pressa, bem poderia ter saído tiro, haveria mortos e os responsáveis seriam os Srs. Por exemplo, se na hora de correr alguém pusesse a mão no bolso, eu atiraria e matava. Os Srs. seriam os responsáveis”.O delegado disse várias vezes que, mesmo dentro daquela casa tão bonita etc., o ambiente que os amotinados criavam, "tenho experiência, vai sair morte".Os nossos, na delegacia, estavam muito compostos e calmos, mesmo os empregados. Os amotinados estavam com postura insolente, tomando atitudes provocativas e contra os interesses deles, gravando as perguntas do delegado. O delegado dando conselhos e eles não aceitavam. Quando mais falavam, mais em contradição entravam. O Juncá disse que eram obrigados a fazer o que os advogados mandam para colher provas.





C. No ENSDP

Anualmente, no mês de dezembro, realiza-se um simpósio para as duplas de coleta de donativos, no êremo Nossa Senhora da Divina Providência.Os sediciosos Acurcio, Ademir da Luz e Guilherme Cavalcanti, procuraram o Coronel Poli --encarregado do ENSDP-- na sua residência para exigir, em nome das duplas, em tom atrevido, que as reuniões fossem feitas por pessoas da facção joanienta (Cfr. relato do simpósio das duplas do ENSDP, 27/12/97).O Sr. Abel Campos assim descreve a reunião do dia 29 --na qual esteve presente:O Sr. Acurcio, numa atitude flagrantemente contrária ao respeito que se observa em relação aos superiores dentro da TFP, e contrária ao ambiente de harmonia que sempre reinou em nossa família de almas, interpelou ao Coronel Poli, antes mesmo deste dar por aberto o simpósio, se a reunião seria sobre temas de trabalho ou sobre os problemas da vida interna.O Coronel então disse-lhe para se sentar, pois iria enunciar o tema em seguida.Sr. Acúrcio, sem atender à determinação do Coronel, permaneceu de pé e insistiu no uso da palavra dizendo querer saber sobre o tema.

O Coronel reitera a ordem para que ele se sente.Sr. Acúrcio torna a desobedecer, cortando a palavra ao Coronel e diz que, se a reunião for sobre vida interna da TFP, ele iria gravá-la.O Coronel, invocando o princípio de autoridade, diz que ele, enquanto encarregado do ENSDP e das duplas, é que decidiria se a reunião poderia ou não ser gravada. E que proibia tal gravação.Sr. Acúrcio então ameaçou sair da reunião.Aí o Coronel disse que o simpósio era para duplas de donativos e que era obrigação do Sr. Acúrcio permanecer. Mas que, se ele quisesse sair, o Coronel Poli não o impediria. Entretanto, frisou que tal ato ficaria caracterizado como contestação à autoridade.

A respeito desse incidente, os rebeldes enviaram ao Coronel uma carta, em 7/1/98. Nesse documento qualificam de “desequilibrado” e “injustificável” o “comportamento” do Coronel, de “descabidas” e “destemperadas” as suas “afirmações”, de “totalitárias” as “idéias que presentemente o animam”, bem como de grosseiro.

Afirmam que “a mente” do Coronel está passando por uma “profunda alteração” e “é governada pela idéia de que os membros da TFP não fazem juz aos mais elementares direitos humanos”.

O modo como o senhor nos tratou é profunda e radicalmente igualitário, revolucionário”. “O senhor se apresenta, de uns tempos para cá, como o ‘encarregado do ENSDP’”. O fato de o senhor ter “determinado os assuntos e os expositores que devemos ouvir” no simpósio, constitui “mais uma intromissão do senhor”. As matérias do simpósio “o senhor trouxe à baila”. O senhor “se imagina detentor de uma ilimitada autoridade religiosa?”

O senhor já imaginou, também , que suas atitudes tendem a nos desanimar e dão justo motivo a que cessemos de imediato as atividades que realizamos?”

Medite um pouco, Coronel Poli, e veja se suas atitudes são coerentes”.

As “graves irregularidades, praticadas pelo senhor e pelos membros do Conselho Nacional”, em lugar de diminuirem, estão exacerbando-se.


*

Resumo de depoimentos feitos em 13 e 15/4/99:Pouco tempo depois do processo, os 13 revoltosos que habitavam no êremo de Nossa Senhora da Divina Providencia adotaram o costume de sair cedo da Casa todos os dias, e voltarem só para dormir, à meia-noite. Entre fins de março e mediados de abril de 1999, desapareceram completamente. Um dia, de repente apareceram 6 deles. Na ocasião, lhes foi entregue cartas determinando que mudassem para a Sede de São Bernardo, e aceitaram.Os outros 7 revoltados apareceram um ou dois dias depois, se negaram a trasladar-se à Sede de São Bernardo e protagonizaram uma verdadeira cena de Revolução Francesa, enfrentando aos gritos ao Coronel Poli, encarregado do êremo. Na hora do almoço, sentaram-se à mesa, e enquanto conversávamos percebemos que um deles estava gravando. O Coronel lhes advertiu que era proibido gravar conversas alheias, sob pena de processo criminal. Na hora do jantar, se apresentam novamente. O Coronel os mandou jantar na segunda turma, pois ia tratar assuntos internos com os eremitas. Houve um bate-boca e se viu que estavam gravando. Mas acabaram saindo.No dia seguinte, ficaram dois deles no êremo. Na hora do almoço, vieram e se sentaram logo ao lado do Coronel, junto à cabeceira, tomando lugar dos mais antigos. O Coronel os mandou afastar-se para obedecerem a ordem hierárquica. E disse que saíssem porque comeriam na segunda turma. Reagiram como os anteriores: “discriminação”, “se comermos depois, não sabemos o que vão colocar na nossa comida” ...Os revoltosos tentaram, pela via jurídica, permanecer no êremo. Argumentaram que queriam continuar no Japy por ser lugar ideal para a saúde deles, agradável etc. Só que eles não ficam lá, o grosso do tempo passam fora.O Juiz não aceitou o pedido dos sediciosos e mandou dois oficiais de justiça ao ENSDP para abrir as portas dos quartos dos revoltosos e recolher o material particular de cada um. Os quartos estavam imundos, sujos, mau cheiro, restos de comida jogados pelo chão, uma desordem completa que espantou os próprios oficiais de justiça. Até marimbondos havia no quarto de um deles.




D. Na DAFN e na Sede da Avenida Angélica

Em 3 fevereiro de 1998, a Diretoria da TFP empreendeu uma reforma administrativa. Nesse sentido, dispensou de suas funções vários sócios e cooperadores --mas sem suspender a moradia e manutenção de todos eles--; resolveu trasladar alguns arquivos, móveis e computadores; e separar as Sedes da DAFN --num lado a destinada a trabalhos burocráticos, e noutro lado a destinada a alojamento. Como medida de segurança, ficou estabelecido que os antigos titulares cessariam de ter acesso ao respectivo material de trabalho de propriedade da TFP --mas seus objetos pessoais lhes foram devolvidos.Nessa ocasião, o joanista Severiano de Oliveira proferiu injúrias e grosserias contra dois Diretores, visando provocar um conflito. Chegou a qualificar esses Diretores como “escoria do Grupo”.Posteriormente, em 19/2/98, os chefes dos revoltosos da DAFN enviaram aos Drs. Plinio Xavier e Eduardo Brotero uma carta, na qual consignam seu “protesto e inconformidade” pelas “medidas tirânicas e arbitrárias”, “violação intolerável [e] inaceitável”, “sanha persecutória e retaliatória” de que estariam sendo vítimas. E instaram a Diretoria a “fazer cessar de imediato” aquilo.Segundo eles, “nenhuma razão de ordem técnica justificava” dita reforma administrativa.Dão a entender que, o fato de o prédio da DAFN ter sido “tomado de assalto em 3/2”, não tinha razão de ser, pois eles são “dedicados”, “ardorosos”, eficientes e idealistas membros da Instituição.Mas reconhecem que, no sábado 7/2, opuseram-se fisicamente ao traslado dos bens da TFP para outro local: “um caminhão da empressa Brasil Storage foi carregado de caixas com material que estava sendo retirado da Sede. (...) Três dos nossos --os senhores Masahaki, Vicente Nunes e Edson Siqueira-- se postaram diante do caminhão, para impedir a saída” (Segundo testemunhas oculares, Vicente Nunes pendurou-se no estribo do caminhão, e acompanhou o veiculo, nessa ridícula posição, até que chegasse ao lugar de destino).Também reconhecem que nos computadores da TFP que estavam sendo usados por eles, guardavam certos arquivos que precisavam recuperar ou apagar. (Cfr. Carta aos Doutores Plinio Xavier e Eduardo Brotero, de 19/2/98, assinada por Masahaki e Severiano). Evidentemente, esses arquivos eram comprometedores e não convinha que as autoridades da TFP conhecessem seu conteúdo.Em 9/3/98, Severiano, Masahaki e Ermelindo foram convocados a comparecer à DAFN, para lhes ser entregue os bens pessoais de cada um. Nessa ocasião, Severiano, elevou a voz até aos gritos e até mesmo passou a injuriar ao Coronel Poli. (Cfr. relatório do Coronel Poli, 9/3/98).


Por sua vez, os sediciosos localizados na Sede da Av. Angélica, desconheceram as faculdades da Diretoria da TFP para tomar as medidas supra citadas, chegando a trancar um Diretor e membros da comissão encarregada de fazer cumprir essa norma.

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A seguir um grafonema encontrado num dos computadores da TFP que os joanistas usavam na “torre da Avenida Angélica”. Os autores levantam uma tempestade contra o Coronel Poli a propósito de assuntos banais, de coisas corriqueiras, de fatos insignificantes e de ninharias, nas quais quem deveria ceder não são eles (isto é, os subordinados), mas o Coronel (isto é, o superior) ... Além do mais, o Coronel chegou ao extremo inaudito de dar ordens diretamente às duplas de coletores de donativos sem ter consultado previamente aos intermediários ... E é subversivo ... No final do documento, os semvergonhas reconhecem terem feito uma verdadeira chantagem:Gfn confidencial para o Sr. Célio CasaleRem. Dominguez - 29/7Walmir BertolettiCélio CasaleFilipe R. DantasJosé A. DominguezSão Bento, 13 de julho de 1996 Caríssimo Sr. João Clá:Salve Maria!Da parte do Cel. Poli, há uma atitude constante de desconfiança em relação aos superiores intermediários; um afã em controlar todas as minúcias do trabalho de propulsão, que impossibilita dar um passo sem ter de lhe pedir autorização; autorização essa que, quando dada, o é frequentemente após levantar mil objeções, sendo necessário quase arrancá-la, em assuntos absolutamente banais e corriqueiros, criando assim um clima de tensão no dia a dia (...).Da parte do Cel. Poli, o respeito aos superiores intermediários é quase nulo. Com freqüência ele pura e simplesmente os ignora, chegando a dar normas diretamente às duplas, sem qualquer comunicação prévia à propulsão, e às vezes contradizendo normas dadas por esta. Não é preciso dizer que isso aniquila o respeito devido à autoridade intermediária, cujo primeiro interessado em garantir deveria ser o superior. Não foi esse o exemplo que nos deixou nosso Pai e Senhor? Quantas vezes não chegou ele ao extremo de pedir licença a um superior intermediário para tomar esta ou aquela deliberação, a respeito da qual, de direito, ele poderia agir sem consultar ninguém?(...) é preciso ressaltar como isso constitui uma verdadeira subversão do bom ordenamento interno.(...) É preciso fazer notar, nesse método de governo do Cel. Poli, a desproporção entre os meios utilizados para impôr a sua vontade, no exercício da respectiva autoridade, e a insignificância dos fatos.(...) Foram comprados alguns guardanapos, porque não os havia. Escândalo, por terem sido comprados sem autorização. E as argolas? Proibido fazer qualquer gasto. Gentilmente, o Cel. Poli cedeu as antigas do 2° andar.É preciso comprar regularmente material de escritório. Onde guardá-lo? Obviamente no apartamento. Não pensa assim o Cel. Poli. Quer guardá-lo na DAFN para evitar sua utilização inadequada. Seria necessário então, de cada vez que se quer fazer uma impressão, ir buscar o papel na DAFN? Por fim, acabou por ceder ante a inviabilidade da idéia. Mas, francamente, ter que perder tempo em ninharias desse gênero... A repetição freqüente de episódios deste tipo foi criando um profundo desgaste psicológico nos membros da propulsão, com grande prejuízo para o trabalho.(...) Um dos episódios em que mais se manifestou a animosidade do Cel. Poli em relação aos Êremos foi no respeitante à transferência mensal dos donativos, da Auxilior para a Caixa de S. Bento, bem como na concessão de áreas novas para a coleta de donativos.No tempo em que a inflação era muito alta, superando 30% ao mês, a Auxilior só transferia os donativos do Êremo quase 20 dias depois de terem sido cobrados, originando assim uma perda bastante considerável, num orçamento já muito apertado. O encarregado da Caixa, na época, verificando haver essa demora indevida, solicitou que os Êremos tivessem o mesmo tratamento que a Tesouraria Geral, uma vez que a propulsão também era a mesma. Naquela época, a quantia em questão era da ordem de mil dólares, ou talvez mil e quinhentos, por mês. No entanto, por mais que fosse evidente quanto era justificado o pedido do encarregado da Caixa de S. Bento, foi preciso fazer um verdadeiro drama e fazer ao Cel. Poli a ameaça de que os eremitas de S. Bento abandonariam a propulsão dos donativos do ENSDP, caso esse pedido tão razoável não fosse atendido. Depois disso o Cel. Poli, não obstante não ter nenhuma razão para levantar tantos obstáculos àquilo que era uma questão de justiça, ainda se queixou a terceiros da "injustiça" sofrida, afirmando nunca tinha sido tão maltratado dentro do grupo.




E. Restituição da Sede dos Buissonets

Resumo de relato do Sr. Paulo R. Campos, 2/12/98:Os Buissonents ficaram durante meses tomados pelos rebeldes, que se amotinaram naquelas sedes, não permitindo mais a entrada de qualquer membro da TFP --sequer o Coronel Poli, diretor da TFP, lá pode entrar. Só abriam o portão para os componentes da ACNSF.Cartas foram enviadas aos amotinados, pedindo que entregassem à Direção da TFP aquelas sedes. Eles recusaram. Então a TFP foi obrigada a pedir em juízo a reintegração de posse das 3 casas que eles ocuparam. Mas eles souberam disso e solicitaram à Juíza que arquivasse nosso pedido, pois prometiam entregar as casas. A Juíza atendeu o pedido deles.Às 17 horas de hoje, o Coronel Poli, acompanhado de uma comissão, mais nossa advogada, compareceram nos Buissonets para a verificação dos imóveis e móveis. Lá aguardavam os sediciosos, mais dois advogados e alguns penetras liderados por L.F. Beccari, eremita de S. Bento, com o evidente intuito de criar algum caso.A advogada da TFP pediu que se retirassem todos os que não moravam nessa Sede. Eles se recusaram a sair. A advogada respondeu que então iria receber as chaves em juízo, no dia seguinte. E foi embora. Pouco depois, os rebeldes a chamaram de volta --pois pediram que os penetras se retirassem.Foi uma humilhação para eles, particularmente para o eremita de S. Bento, tido como “radical”.Começou então a verificação: cada casa era um chiqueiro, tanto pela sujeira, quanto pelo cheiro. Tudo quebrado: paredes, móveis, chuveiros, até o teto estava arrebentado. Quadros arrancados das paredes, deixando pregos com pedaços de reboco. Deixaram um poster da comissão que esteve na Praça Vermelha, na época da campanha pela Lituania, mas com as fisionomias rasgadas. Tiraram as imagens, deixaram os “jardins” crescendo mato, con latas vazias pelo meio, etc.Mesmos os advogados dos joaninos não entendiam como era possível morar naquelas casas naquele estado.





F. Restituição da Sede de Barbacena

Reunião na Sede do Reino de Maria - 7/1/99 - 5a. feira, informação do Sr. Gugelmin:Foi mandado carta ao Jayme Ribeiro transferindo-o para Belo Horizonte, marcando prazo. Ele não saiu. No dia marcado, apareceram a dona da casa, a representante da Imobiliária e nosso representante Sr. Israel. Logo que viu o estado da casa, a proprietária começou a chorar e dizer: destruíram minha casa, destruíram minha casa. Criou-se um clima tenso e pesado. O Jayme discutiu com a dona, com a representante da imobiliária e com Sr. Israel. Fizeram vistoria pela casa e aqui vem uma relação de objetos quebrados e roubados:Varanda: pintura geral, pedra de escada quebrada, pedra ardósia quebrada, escada com degrau quebrado, fechadura arrebentada;Quintal: pedra da jardineira quebrada, pedra de mármore na janela da cozinha quebrada, cômodo de depósito sujo;Banheiro de empregada: trocar chuveiro ducha, colocar tampo do vazo, consertar azulejos arrancados;Sauna: porta externa faltando puxador e chave, dois vidros quebrados;Sala de estar: faltam dois interruptores, faltam lâmpadas, reinstalar estante do bar, balcão e arandelas;Lavabo: tampa do vaso danificada em acrílico, falta saboneteira;Sala de Som: pedra de ardósia quebrada, falta trilho de cortina;Quarto um: faltam puxadores dos armários, faltam lâmpadas;Banheiro da suite: falta espelho de tomada, danificadas dobradiças do box, quebrada folha do box, faltam 5 lâmpadas, estragada ducha de inox;Quarto da suite: faltam espelhos das tomadas;Cozinha: fogão continental 2001 (fogão grande de 6 bocas) e sugar totalmente danificados, com ferrugem, quebrados, faltando peças, torneira danificada, os 5 espelhos de tomadas estão danificados;Estado geral: o imóvel precisa pintura geral nas paredes e grande faxina. Tivemos de entregar 2.000,00 para a imobiliária pagar serviços de pedreiro e pintura.




G. Restituição da Sede de Montes Claros

Sede do Reino de Maria - 10/7/99 – sábado - Jornal falado Sr. Paulo Henrique: A família do proprietário e nós ficamos chocadíssimos com o estado da casa, ou melhor, com os destroços que encontramos. Nada melhor que as fotos para os Srs. acreditarem. Os revoltosos saíram da casa e disseram que o imóvel foi destruído pela ventania ... Foto mc03: Para entrar na casa, tivemos de ir pelos fundos. Aqui se vê como eles quebraram o muro. O próprio dono da casa, que tem 93 anos, teve de entrar por aí.Foto mc04: aqui já visto de dentro do nosso terreno. O mesmo muro com o buraco. À esquerda, em cima, parte do telhado destruído. Também destruída parte da parede da casa.Foto mc05: aqui se vê que a metade do telhado foi destruído. Ao fundo a caixa d’água, coberta com folha de zinco. Se tivesse havido ventania, essa folha seria jogada fora daí.Foto mc06: o que sobrou do teto. Porta arrancada, parede rasgada.Foto mc11: grade e janela jogada longe. Não foram ladrões, porque essa grade vale dinheiro e teria sido levada embora.Foto mc12: no jardim, obras queimadas: Fátima, Catolicismo, Via Sacra.Foto mc13: resto do que sobrou do livro Declaração do Morro Alto, também queimado.Foto mc17: Via Sacra no piso da toiletteFoto mc18: Idem.


H. Restituição da Sede de São Carlos

Sede do Reino de Maria – 25/2/99 - 5ª feira, informação de Dr. Luiz:O Sr. Edson Neves, que esteve em S. Carlos para ajudar a recolher os objetos da TFP, contou que a situação da sede é de uma sujeira impressionante. Não havia camas, os colchões jogados pelo chão, sem a menor ordem (...). Almofadas rasgadas e a espuma aparecendo. Quando mexeram no fogão, caiu grande quantidade de arroz e feijão velhos espalhando-se pelo chão, dando idéia de falta de limpeza há muito tempo.




I. Restituição de duas Sedes de Belo Horizonte


Depoimento do Sr. Paulo Henrique, 10/7/99, a respeito da devolução de uma sede de apostolado de Belo Horizonte:[A casa] os revoltosos tiveram de abandonar depois de ação judicial de reintegração de posse, movida pela TFP. Foto BH 11 – fundos da casa do qual arrancaram o telhado e os caibros. Quando estávamos examinando o local chegou a vizinha. Perguntamos a ela pelo telhado. Respondeu: um dos rapazes me disse que se vocês perguntassem era para dizer que não havia, mas eu não posso mentir, e já que me perguntam eu conto: eles arrancaram e levaram.

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Depoimento do Sr. Edson Neves, 21/9/99, a respeito da devolução de uma sede de hospedagem:


Em Belo Horizonte a atitude dos rebelados causou muita cristalização. O motorista do caminhão que transportou os móveis [da sede] até à Serra da Piedade ficou muito chocado. Não só ele, mas a proprietária também. Estava tudo combinado que os rebelados ficariam usando a casa depois de a TFP rescindir o contrato de aluguel. Marcou-se o horário de 11 horas para o encontro no local.

Quando foi 10 hs., Dr. Picanço telefonou à proprietária dizendo que não poderia comparecer e que não estavam mais interessados em alugar a casa para a Associação, e que ela se arranjasse com os da TFP que iriam lá as 11 horas. Ela ficou surpresa, não entendeu, mas foi ao local do encontro que era na própria casa alugada.

Em vez de nós irmos as 11, resolvemos chegar as 10 hs, sem saber de nada, apenas para ir adiantando as combinações. Quando chegasse a proprietária seria só assinar a rescisão. Ao chegar, vimos um caminhão e vários rebelados, calculo umas 15 pessoas, carregando objetos para dentro do caminhão. Procurei o motorista e (...) ele me disse que esta era a última viagem, pois o grosso dos móveis já foram em viagens anteriores.

(...) Fui examinando as salas, vi que tudo tinha sido tirado, as camas desapareceram, os moveis também. Na cozinha um mau cheiro horrível. Cortaram e levaram até um cacho de bananas, tirando-o da bananeira. (...) Saíram a toda pressa.

Aí chegou a proprietária. Ficou o Queiroz para falar com ela. Nesse meio ela entendeu o que se passou e não quis falar com ele. Disse claramente que eles tinham tirado todos os movei da TFP que estavam na casa e abandonaram o imóvel. Não tinha nada mais que tratar com eles.

Entrou na casa e ficou chocada com a sujeira que encontrou na cozinha. Havia lôdo em baixo do fogão. Destruíram completamente o fogão da casa. Ela comentou: tenho nojo de colocar a mão na fechadura depois do que vi aqui dentro. Não compreendo como se podia comer aqui dentro.

Numa das salas chegou a apodrecer o piso que ficava embaixo de um estrado, porque entrava água e não cuidavam. Dos armários que não puderam levar, arrancaram as portas. Trabalho de gente ordinária.

Nós fomos, então, à delegacia policial lavrar o boletim de ocorrência. Levei uma lista dos objetos. O policial que atendeu ficou pasmo e chocado com a atitude dos rebelados.

(...) O motorista do caminhão foi chamado na delegacia para prestar depoimento. Disse que “eles usavam um broche aqui no peito que para mulher já é enorme, mas para homem fica muito pior”. (...). “Se fizeram passar por padres. Foram rezando o terço o tempo inteiro. Eu pensando: rezando e roubando ao mesmo tempo! Me enganaram. Pensei que eram padres (...)”. Ao sair da delegacia, disse: “na hora de chamarem esses ladrões, podem me convocar novamente, porque eu estou indignado com eles”. Aliás, o próprio delegado se referia ao José Eduardo como safado. Usava ainda outro adjetivo que não me lembro. Chocado pelo fato de os rebelados fundarem uma associação com o nome de Nossa Senhora e procederem dessa maneira.

Além disso, eu soube por minha irmã que uma kombi cheia de rebelados apareceu em casa de meu pai em Lavras e pediu pousada. Era costume isso. Mexeram na disposição dos móveis para distribuir colchões pela sala. Embora tivessem rompido com a TFP, não disseram nada e foram lá. Meu pai os recebeu sem saber de nada. De manhã, as 8 horas, começaram com uma barulheira, um tocando piano e outros flauta, atrapalhando a vida da casa. Minha irmã me telefonou desagradada com isso e perguntando o que estava havendo pois isso nunca fizeram antes. Expliquei tudo. Puseram eles para fora.





J. No eremo de amparo

Sede do Reino de Maria, 20/3/99, resumo de depoimentos de Dr. Celso, Dr. Luiz e Sr. Diogo:Em Amparo há 16 residentes dissidentes. Entramos com o processo de reintegração de posse há duas semanas, o juiz marcou audiência para ontem. Quando esperávamos no fórum, aparece o Bruno na cadeira de rodas, acompanhado de advogada --aliás, presidente da loja maçônica de Amparo. Nós prevenimos o juiz que o personagem não era réu no processo e que provavelmente pensavam em algum show. Na frente de todos, entra o Bruno, e todos numa animação muito grande, a advogada alegre etc. O juiz chamou um por um e disse: estou vendo que Bruno não é réu e deve se retirar. Aí levaram um baque com que não contavam.O juiz propôs 20 dias para eles saírem e aceiteimos. Lamartine perguntou: “e como ficamos, vamos sair, não temos recursos, como vamos fazer?” O juiz disse: “estou vendo que todos aí, graças a Deus, são fortes, válidos e cada um segundo a capacidade de sua cabeça pode trabalhar e ganhar a vida”. Ficaram quietos.A advogada deles perguntou se podiam ir para a Sede de São Bernardo. Respondimos que não, porque se recusaram a ir para lá quando nós oferecemos; a TFP não tem mais nenhuma obrigação na manutenção deles. Eles entraram com nariz alto e saíram na baixa.

JC mandou que eles alugassem uma casa em Amparo e trabalhassem para manter a casa.



K. Devolução dos bens da TFP que estavam no São Bento

SRM, 1/5/99, resumo das informações de Dr. Plinio Xavier, Dr. Paulo Brito e senhores Trivelato e Sepúlveda:No 30/4/99, Dr. Plinio Xavier, Dr. Celso, o Coronel, acompanhados pelos Srs. Diogo, Hirata, Trivellato, Sepulveda e Sandro fomos ao São Bento para entregar o prédio a eles, rescindir a locação e retirar os bens da TFP e os objetos pessoais nossos.Estavamos preparados para tudo, algum show, fanfarra, coro, moçoilas, etc. Chegamos às 14 horas, com Dr. Perissé e Dra. Maria Lucia. O advogado deles Dr. Verry esperava na porta, junto com André Dantas. Na galeria do prédio velho, percebia-se que os lustres tinham sido arrancados, como também o móvel que ficava no fundo da galeria, com a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso. A capela estava desfeita. Tinham retirado o altar, as estalas, mesa de comunhão, harmônio, vitrais, estrados. Buracos nas paredes denunciavam que os objetos foram arrancados. Os lustres tinham sumido também.Assim estavam todas as demais salas. Da sala do Sr. Dr. Plínio tiraram o trono de Santo Eduardo, os estrados, a copia da Sagrada Imagem, as poltronas usadas pelo Sr. Dr. Plínio, os abat-jours, os cavaleiros franceses, sineta, vidro de água de colônia, as cadeiras de couro verde. Até a porta da sala, na qual estava esculpido o leão, foi arrancada e desapareceu.O quarto do Sr. Dr. Plínio foi desmontado totalmente: sumiram a cama, criados mudos, abatjours, o guarda-roupa, as cadeiras de couro, tapete, oratório, quadro grande da Sra. Da. Lucília, as relíquias que estavam no antigo toilette, o hábito do Carmo do Sr. Dr. Plínio, hábito da TFP que o Sr. Dr. Plínio usava, sapatos, tudo. Ficou apenas um cesto de lixo e um crucifixo ...

Nos quartos do prédio novo, tudo desmontado, demolido, colchões pelo chão, um que outro quarto montado somente.A capelinha desmontada, tiraram o altar, o crucifixo, as relíquias, o quadro de Nossa Senhora, castiçais. Ficou só a porta de ferro e o teto. Penduraram um quadro pequeno de Nossa Senhora de Genazzano.Sumiram também as duas imagens de Nossa Senhora Auxiliadora e Nossa Senhora das Graças. Via-se bem o pedestal vazio.

Devolveram balança Filizola toda enferrujada, aparelhos de ar condicionado --aliás, bons, não havia como não devolver pois estava relacionado no nosso patrimônio--, leitora de microfilmes, micro computador, impressoras. Esse material todo é cacarecada. Vai inclusive ser preciso ver se não estão queimados. Ao entregarem, os rebelados diziam: "placa tal está queimada, monitor está queimado”, viravam de cabeça para baixo e diziam: “carcaça”, “disco rígido: queimou”, “microcomputador: lixo", etc. Monitor sem base, máquinas de cozinha absolutamente sujas, imundas, velhas.

Devolveram os paramentos que Pio XI usou e que a TFP americana deu para o Sr. Dr. Plínio.Mostraram Boletim de Ocorrência dizendo que quatro faqueiros Fracalanza, de 130 peças cada um, foram roubados ... Devolveram os dois castiçais de prata do Sr. Mário Navarro. Foi feita uma declaração, eles regimbavam, nós insistíamos, etc. O Dr. Verry assinou por eles. Tudo que não estava escrito no patrimônio da TFP, sumiu, sobretudo os objetos que eles roubaram do primeiro andar. O ambiente durante a visita: estava cheio de revoltosos. Umas 20 pessoas. No inicio ficavam fora, conversando; quando nós olhávamos para eles, se dispersavam. Com o tempo, começaram a fazer provocações. Três vezes, pelo menos, Dr. Perissé reclamou com Dr. Verry. Este chamava alguém e mandava parar, porque a combinação entre os dois advogados era que tudo seria feito de maneira civilizada. O Dr. Verry estava muito constrangido vendo o comportamento deles; ele não esperava que os revoltosos tivessem feito aquela besteira e que não havia mais possibilidade de consertar.O ambiente de provocações era generalizado. Miyazaki ficava nos fotografando em atitude agressiva, procurando pegar posições ridículas, para depois darem gargalhadas no auditório. O tônus deles era de desânimo, odiando muito. O pior era o Pedro Henrique. Yakosch empurrou o Coronel com o ombro.Quando saíamos, um deles disse "boa noite" para o Verry, para nós não. O Sr. Diogo disse: "até logo". Pedro Henrique respondeu: "até nunca mais".

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SRM, 15/6/99, resumo de informação de Dr. Eduardo:Quando se fez a ida ao ESB, fizemos uma relação de bens que eles deveriam devolver. Eles devolveram somente alguns bens. E agora eles fazem uma interpelação judicial a nós perguntando que documentos e provas temos que existem esses objetos que pertencem a nós e não a eles.

[Segundo norma da DAFN], os caixas poderiam vender objetos da TFP desde que não ultrapassasse 10 salários mínimos, ou seja, R$1.300,00. Eles "picaram" os objetos e venderam, fazendo avaliação falsa. Mas essa autorização era para bens que não interessavam mais à TFP, ou seja, porque estragaram, ou quebraram etc.





L. Devolução do Auditório Nossa Senhora Auxiliadora


Resumo de depoimentos de Dr. Celso, Coronel Poli, Senhores Pierre, Fausto, Montero e Afonso Faes, em 14, 16 e 21 de setembro de 1999:

O auditório pertence a uma associação chamada FLAPS na qual Dr. Plinio Xavier, Srs. Pierre e Fausto tem a maioria das ações.

A FLAPS tinha contrato de comodato com a TFP. Foi feita a rescisão do contrato com prazo de 24 ou 48 horas para a TFP entregar o imóvel. A TFP não cumpriu o contrato, ou seja, não entregou o imóvel. A advogada –-Dra. Fernanda Mazzolini-– da FLAPS entrou com processo de reintegração de posse. O juiz era um substituto e não quis dar despacho; disse que ia marcar audiência. Isso seria ruim para nós porque os rebelados provavelmente tomariam conhecimento do processo que entrou numa das varas de Santana. Mas poucos dias depois, chegou o juiz oficial e como ele não gosta da TFP --é um ex-padre casado-- ele concedeu o despacho para reintegração em caráter de urgência.

Tendo se passado tudo isso, foi combinada a ação para o 14/9/99 às 9 horas da manha.

Nesse horário compareceram no ANSA dois diretores da FLAPS – Srs. Pierre e Fausto – com a respectiva advogada, mais dois oficiais de justiça, Dr. Paulo Brito, Dra. Maria Sofia enquanto advogada da TFP, Dr. Celso, o Sr. Fernando Monteiro com máquina filmadora e o Sr. Sandro com máquina fotográfica.

Bateram no portão mas ninguém atendia. Após 30 minutos de espera, de repente aparece André Dantas, vindo do São Bento. O oficial de justiça perguntou: quem é este?

Dra. Fernanda respondeu: esse é o “Danton”. Ele ficou vermelho de ódio.

Aí ele disse ao oficial de justiça: eu quero conversar com o senhor.

Dra. Fernanda: pois eu quero falar também.

A. Dantas: eu não estou falando com a senhora.

Dra. Fernanda: é, você não tem mesmo educação para falar comigo.

O oficial de justiça mostrou para ele o mandado do juiz. Ele pegou o celular e ligou para alguém. Passados alguns minutos disse que seu advogado autorizava entrar.

Não foi preciso chamar a polícia.

Nesse meio tempo, eremitas do Praesto Sum foram filmados à distancia, do portão, retirando objetos do auditório e levando para o Eremo o postal grande da Sra. Da. Lucília, o altar de missa, material de missa, os gravadores etc. Ao sair do auditório quebraram 3 ou 4 vidros das portas e arrancaram a torneira de um lavatório de pura malícia.

Pouco depois que todos os que aguardavam no portão entraram no ANSA, chegaram dois advogados dos rebelados. O oficial de justiça permitiu que esses advogados entrassem, mas ordenou a André Dantas ficar fora. Ele reclamou mas o oficial respondeu: agora a FLAPS já está reintegrada na posse e você não precisa mais entrar, quem está mandando é a FLAPS.

A cabine do Sr. Dr. Plínio tinha sido tirada há bastante tempo. O local onde ela ficava estava bem encerado. Havia desaparecido o estandarte de couro, grande, que ficava em cima da cabine. No lugar, estava aquele estandarte de tecido que ficava no fundo do auditório. Recuperamos esse.

A sujeira era muito grande, folhas pelo chão do auditório, passarinho morto perto da porta. Estavam tão seguros que haveria reunião hoje que muitos deixaram cédulas de identidade nas cadeiras, marcando lugar. As poltronas estavam, na sua maioria, rasgadas. As cadeiras com braços quebrados, os assentos afundados. O fundo do auditório estava menos sujo que o corpo central, com o sinteko menos deteriorado.

Atrás daquele tablado representando uma cena de Veneza havia, no meio se muita sujeira, duas imagens de Nossa Senhora de Fátima, duas de Nossa Senhora Auxiliadora e uma estátua pintada de dourado de um hindu, com as pernas cruzadas e com uma bola de cristal entre as pernas (1).


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(1) É provável que a estátua desse hindu tenha servido em encenações teatrais. Mas quem pode garantir que aquilo não era uma espécie de buda, utilizado para atrair demônios nesse auditório onde tanto mal se fez à obra de Dr. Plinio?

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Também foi encontrado lá a ladainha à Sra. Da. Lucília; um chaveiro com foto do JC; várias fotos de JC, inclusive dele na primeira comunhão; um impresso da Associação Nossa Senhora de Fátima em que eles se comprometem a trabalhar sem vínculo empregatício para a associação, e embaixo a aceitação assinada por Hagop; e uma oração dirigida a Nossa Senhora na qual estava riscado o nome dEla e escrito JC.

Sinais nas paredes laterais e no teto do auditório indicavam que ventiladores e caixas de som tinham sido retirados há bastante tempo.

Ao lado do auditório, os lavatórios estavam sujos, inclusive o da sacristia. No incinerador havia restos queimados de estampas da Sagrada Imagem e várias estampas da Sra. Da. Lucília (igual às que estão na capa do álbum, com aquele tamanho)

Em certo momento apareceram perto da cerca de arame uns 20 eremitas, que começaram a gritar, vaiar, caçoar, provocar, aplaudir, etc. Diziam por exemplo: “vocês obedecem o que essa mulherica manda? Essa é a mais nova membra da TFP feminina, a maria soufeia? Quanto os Provectos estão pagando para isso? Hoje à noite vão passar um filme pornográfico? Quantas mulheres trouxeram para acompanharem vocês hoje à noite no auditório?”

O oficial de justiça procurou o advogado deles e disse que se não parassem ele chamaria a policia para prende-los. Aí silenciaram.

André Dantas abordou o Sr. Sandro acusando-o de coisas pesadas na linha moral, e dizendo: “a TFP morreu”. Depois abordou o Sr. Fausto dizendo que queriam comprar o auditório; o Sr. Fausto o interpelou dizendo que estavam roubando a TFP, que traíram o Sr. Dr. Plínio, que aceitaram a missa nova, etc. AD respondeu: “o que tem isso?” E retornou a acusação: “vocês é que são uns ladrões!”

Em certo momento apareceu o Ricardo Gaspar, mentindo e tentando roubar ao máximo porque disse ao oficial de justiça que ia pegar alguns objetos pessoais e começou a levar peças da arquibancada dizendo que eram de Dr. Miranda --mas que tinham sido doadas pelo Sr. Pierre--; quis levar dois cestos grandes de lixo --também comprados pelo Sr. Pierre.

O Ricardo Gaspar falando com a advogada Dra. Fernanda usava frases como estas: “não querida, não é isso”, “mas o que é isso, querida?” A advogada chamou a atenção dele e ele respondeu com uma grosseria que ela nem quis repetir para nós. Ela procurou o oficial de justiça para reclamar e ele então foi proibir o Gaspar de continuar ali.

Quando o oficial de justiça proibiu de continuarem tirando coisas, acrescentou: “eu vi vocês tirarem coisas daqui enquanto esperávamos no portão”. André Dantas --que quando aquilo acontecia estava ainda no São Bento-- respondeu: “não, foi engano seu”. O oficial repetia: “moço, eu vi vocês tirando”. AD reafirmava: “o Sr. está enganado”.

Uma vez terminada a operação, ficaram 4 guardas particulares –-vigilantes-– cuidando do local. Tinham ordem de não deixar absolutamente ninguém, não conversar com os vizinhos e manter os holofotes do pátio acesos até amanhecer o dia.

À noite desse dia --14 de setembro-- houve uma reunião muito movimentada no êremo Praesto Sum; ao terminar esta, tudo voltou à “normalidade”. Por volta de 1.15 da madrugada, os vigilantes ouviram barulhos de folhas secas quando pisadas por alguém. Aproximaram-se da cerca e viram 40 pessoas agachadas que vinham andando em direção ao alambrado. Os 4 seguranças sacaram as armas e gritaram para não avançarem. Um deles levantou-se e disse que vinham oferecer jantar aos vigilantes... Os guardas responderam que já tinham jantado, que não se aproximassem da cerca e que se pulassem eles atirariam. Ao dizerem isso, tinham os revolveres apontados. Aí eles ficaram com medo e recuaram. Tomaram um ônibus que tinha ficado dentro do êremoe saíram.

Às 3.30 hs novamente o mesmo barulhinho de alguém que pisa em folhas secas. Mesma cena. Eram 7 rebelados. Novos gritos e avisos. Os rebelados disseram: “por favor, apaguem os holofotes do pátio porque está atrapalhando nosso sono, não conseguimos dormir; os cachorros estão soltos e vendo claridade estão latindo” ... A cada proposta, a resposta dos vigilantes era não. Os rebelados pediram licença para entrar nos toiletes que ficam junto ao auditório. Foi negado, evidentemente.

Dois ou três dias depois, o Coronel Poli foi ao auditório mais ou menos à uma hora da madrugada. Uns 10 rebelados, com caras péssimas, estavam aguardando dentro do êremo, provocaram ao Coronel tirando fotografias, perguntando se ele tinha ido passar revista às tropas, etc. Um deles, em plena rua, em plena madrugada, começou a proclamar em voz alta --como se estivesse numa das clássicas cerimônias joaninas-- os “pecados” dos Provectos.

Ao Sr. Afonso Faes --que tinha ido ao auditório para passar a noite de 18/9 vigiando o local--, eles fizeram um capítulo de culpas: “Sr. Afonso, o Sr. fez isto, fez aquilo, tem tal defeito, tal outro, etc.”

De 4a. (22/9) para 5a. feira (23/9) chegaram dois rebelados com um carro, buzinando com insistência diante do portão: “Abra, queremos entrar, somos diretores da TFP”. Os guardas não deixaram. Houve bate-boca. Em seguida saíram e do portão do Praesto Sum apareceram dois, que estavam de tocaia, entraram no carro e sumiram.

Na noite seguinte (24/9) azucrinaram a vida dos guardas pedindo que ficassem todos no mesmo lugar. Como se moviam, os cachorros ficavam latindo ... Quer dizer, queriam que os guardas não se movessem para eles poderem pular o alambrado.

Durante o dia derramaram adubo, ao longo do alambrado, para liberar mau cheiro quando esquentasse o sol. Compraram só para isso, porque o jardim do Praesto Sum está abandonado.

À noite de sábado (25/9) cortaram com facão o fio da luz, porque o poste fica próximo ao terreno do Praesto Sum.

Observando tudo isso, os guardas ficaram horrorizados. Disseram: “esses rapazes estão fanatizados, estão endemoniados”.

Uma vizinha disse a um dos guardas: “parabéns por terem feito a limpeza na bagunça que estava por aí”.




XII. Ensinamentos, advertências e maldição de Dr. Plinio a respeito da insubordinação

A. Pecado de Revolução e revolta contra a autoridade

Reunião para CCEE, 8/10/94:[Há um] pecado que em certo sentido é um pecado princeps, é um pecado que [é] o príncipe infame e sinistro de todos os outros pecados, o rei infame e sinistro de todos os outros pecados, este pecado é um pecado contra o qual especificamente luta a TFP. É o pecado de Revolução. E a TFP é a Contra-Revolução, ela é o contra esse pecado. E o é porque esse pecado encerra em si, incrementa, incentiva, confirma e difunde, este pecado difunde-se a si próprio e com ele uma quantidade imensa de pecados.(...) Qual é esse pecado? Eu já lhe dei o nome, é o pecado de Revolução. Resta nós nos lembrarmos, em poucas palavras, no que consiste esse pecado.Quem fala em Revolução movimenta dois conceitos fáceis de apreender.O primeiro é de uma autoridade, correlato com o conceito de súdito. Há uma autoridade e há súditos que querem desobedecer a esta autoridade, que querem negar esta autoridade, que querem destruí-la. Esse é o primeiro conceito.O segundo conceito é o conceito de que esses súditos empregam a força, chegam até à violência para no seu ódio destruir esse poder, destruir essa autoridade, e levar tudo para o caos, para a desordem. Porque quem não gosta da autoridade, não gosta da ordem, gosta do caos, gosta da anarquia, gosta da degradação. E para lá vai caminhando cada vez mais acentuadamente o mundo contemporâneo.Depois desses dois conceitos fundamentais vem o conceito de Contra-Revolução. Esse movimento que não se levanta apenas numa república contra o presidente de Estado, ou numa monarquia contra o rei ou o príncipe reinante, mas que em todos os estados, em todas as nações se faz sentir contra todas as autoridades, contra todos os poderes, que não quer autoridade, que não quer poder. Este se exprime formalmente, categoricamente numa posição ideológica da qual os senhores já terão ouvido falar muito e que é a anarquia.(...) Nossa posição contra-revolucionária [comporta] entusiasmo, amor, obediência à autoridade suprema e legítima da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. E respeito, obediência, dedicação ao que todas as autoridades legítimas --não qualquer aventureiro-- mandem e que não vá contra o que manda a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Pelo contrário, vai de acordo. Toda autoridade legítima e católica, se tem para com ela entusiasmo, veneração, carinho porque ela é como que uma vergôntea, como que um ramo que se destaca da Igreja Católica, como um galho de uma árvore se destaca do tronco sem romper com ele, mas de algum modo para prolongar o tronco. Assim também são os vários campos da vida humana em que o homem trabalha dentro dos princípios da Igreja, são a copa de uma árvore cujo tronco é a Igreja Católica. Essa é a sociedade humana.

B. Para sermos fiéis à Igreja e idênticos a nós mesmos, não podemos nos revoltar contra a autoridade. Nossa atitude revela qual é nosso espírito

Trecho da última reunião simpósio sobre o Novo Código de Direito Canônico, realizada no São Bento em 17/5/84. Estavam presentes, além de Dr. Plinio, o Sr. Gregório, os Padres Gervásio, Antônio e Olavo, bem como Atila Guimarães e Martini. Na ocasião estava-se tratando dos termos em que devia ser redigida uma denuncia profética a respeito da crise da Igreja.O documento se aplica não só a Átila Guimarães enquanto autor de uma série de livros furibundos contra a Hierarquia da Igreja Conciliar e Post-Conciliar, mas também a JC enquanto êmulo de Robespierre dentro das fileiras benditas da TFP.

Isto é o que nos parecia que devíamos dizer [a propósito do Novo Código de Direito Canônico]. (...) É uma coisa que teria como fecho um ato de submissão calorosa e incondicional à Igreja Católica Apostólica Romana e [a] quem dentro dEla exerce a legítima autoridade, com ordem à construção.

(ASG: Essa fórmula está perfeita. (...)(Sr. Gregório: O teor de tudo quanto foi apresentado aqui é tal que daria para se fazer de forma de objeção e de contrariedade. Agora, toda a forma que o Sr. deu é uma forma de pergunta. O que leva o Sr. a pôr a coisa nessa concepção?)

Várias coisas. Em primeiro lugar, o cumprimento de nosso dever. Nós devemos tomar uma atitude respeitosa e serena, se quiser até protocolar, tão longe quanto nós podemos, um amor à Igreja, um amor à ordem, etc., etc., o amor de Deus afinal, leva a isso. Nós portanto não nos devemos precipitar. Por princípio, para sermos fiéis à Igreja e portanto secundariamente idênticos a nós mesmos.Em toda essa saraivada que nós temos sofrido desde 43, invariavelmente nossa conduta tem sido de não entrar nos lados personalistas das coisas, não nos revoltar, nem nada disso, apenas defendermos a Igreja, a custa de nosso sangue, entre aspas, como tem sido, defendermos mas não passarmos a um ato de revolta nem de nada, nem uma picuetada que seja, nem nada.Isso tem sido nossa atitude e eu acho que Nossa Senhora tem abençoado.Agora, de outro lado, do lado estratégico, se há uma coisa que eu não quereria, é fazer um robespierrismo anti-robespierrista dentro da Igreja, gente que sai indignada –-os indignados me assustam--, gente que sai indignada contra isso, mas cuja indignação se exprima de modo revolucionário. Essa indignação que nós temos aqui --serena, fria, clara, vai até onde tem que ir--, essa é muito boa. Mas um que diga “eu também não aguento mais! Agora esses bandidos!”, isso ... efervescências não me agradam.

(ASG: Fazer protestantismo a propósito dessa crise ...)

É uma espécie de protestantismo contra protestante. Podem esperar sentados que não é conosco.

(ASG: Se é para salvar a Igreja, Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora, não tem nada de faniquitos, de excitação, “eu não sei o que, estou emocionado” ... guarde sua emoção no bolso).

E depois outra coisa: nessas indignações --é a miséria das coisas, mas é preciso dizer-- entra muitas vezes a vontade que a gente tem de se mostrar. Ele está numa roda de descontentes, então ele acha que ele levando o descontentamento até o último, ele arrebata os outros. É uma coisa miserável, mas o homem tende, a criatura humana vai até lá. E esses grandes homens é melhor manter à margem. Aí se diz bem o que dizia Voltaire, ouviu?, “que Deus nos livre de nossos amigos, que de meus inimigos eu me liberto”, desses falsos amigos Deus me livre.Bem, por fim, eu acho que desse jeito nós pomos assim de um modo simpático convidamos a concordar conosco todo mundo que tenha um germen qualquer bom e que esteja contundido com essas coisas. Vendo nossa atitude, verá qual é o nosso espírito.

(ASG: O respeito, submissão, posição discente de quem pergunta, tudo isso é muito bonito. Depois para eles fica muito mal de [dar] um golpe bruto. (...)


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Encontro CCEE 5/1/92:


Dada a crise na qual vive a Santa Igreja hoje, nós presenciamos muitas vezes gestos, atitudes da parte de sacerdotes, que nos entristecem. Mas nós devemos lembrar muito do seguinte: a Igreja não perde o seu caráter hierárquico nunca. Os sacerdotes, os bispos e o Papa formam, na Igreja, o que na ordem temporal foi a nobreza. Eles são o escol, e no píncaro está o rei da Igreja, que é o Papa. Nós podemos não estar de acordo com tal gesto, com tal deliberação, com tal coisa, mas não nos toca o direito de estar torcendo o nariz, de estar repreendendo, nem nada. Toca-nos tomar uma atitude de silêncio discreto, respeitoso, de quem não viu, de quem não percebeu, de quem não sentiu, ainda que a coisa esteja nos entrando pelos olhos. Mas é a única forma de desacordo que nos é justo manifestar.


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Este gênero de atitudes devem ser assumidas não só em relação à autoridade eclesiástica, mas também em relação à autoridade temporal, conforme palavras insuspeitas de JC e que deve ter aprendido de Dr. Plinio. Assim sendo, “a fortiori” deve-se proceder assim em relação à autoridade dentro da TFP.

Conversa de JC com os novatos da Saúde, 28/7/94:


Veja que Deus é muito exigente no que diz respeito à ordem constituída. A tal ponto que São Paulo, na época de um poder público pagão, um poder público que perseguia os cristãos, dizia que era preciso respeitar o poder público.

De maneira que o poder público uma vez constituído, ainda quando ele seja pecaminoso, tem que ser obedecido. Não obedecer ao pecado, isto não. Quer dizer, se ele mandar ao pecado, nós não vamos obedecer, mas nós nos levantarmos contra o poder público, enquanto ele tiver alguma constituição, isto não.

Por quê? Porque é ainda, ainda que ele peque, ele constituído como está é um reflexo do poder de Deus, e não se pode levantar contra ele.


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Agora retomemos palavras de Dr. Plinio - Encontro CCEE 3/12/88:Os senhores sabem por experiência própria até que ponto a TFP é legalista, e até que ponto, portanto, ela não convida ninguém para conspirações, a revoltas, para revoluções, para atentados. A TFP tem horror ao emprego dessas ilegalidades.





C. Pode espantar que pessoas muito chamadas tenham caído tão baixo?


Santo do Dia, 23/1/85 (JC estava presente):


A muitas pessoas Nosso Senhor chama para a prática da virtude que não é apenas a virtude comum, mas é a virtude heróica. Esta virtude heróica consiste em tender, a vida inteira, para a prática não só dos Mandamentos mas também dos conselhos evangélicos, de maneira que a pessoa pratica, segue, obedece a religião católica não apenas não pecando mas levando a virtude até a perfeição.


(...) Essas almas nós as conhecemos sobretudo quando chamadas para o estado religioso (...). [Mas] não são só os que entram nas ordens religiosas que tem esse chamado. Há muitos que não entram em ordens religiosas mas que recebem esse chamado de Deus ficando no mundo, ou no estado de celibato (...) ou casando-se (...).


E segundo a doutrina católica esses que são chamados para essa perfeição, eles são o esteio de todos os outros. (...) Eles fazem fermentar as coisas para o lado bom (...). [Levam] atrás de si a sociedade.


(...) A parte mais sensível e mais importante da vida de uma sociedade é das almas chamadas à perfeição. (...) Elas devem sacrificar-se, imolar-se, aceitar os sofrimentos, tomar os trabalhos, devem carregar com tudo, carregando não só as cruzes que todo mundo vê, mas as cruzes que ninguém vê. Elas são o eixo. Se essas almas não correspondem, está trincado o eixo.


(...) Se todos os chamados a isso fazem tudo quanto podem fazer, a Revolução está liquidada.


(...) Esses estão também na ponta de uma grande segurança e de um grande risco. (...) Ambas as coisas ao mesmo tempo. São Paulo diz “aquele que está de pé, tome cuidado de não cair”. A imagem não é minha, eu a li num documento eclesiástico: ”um homem que esteja de pé encima de uma esfera, se ele se mantiver inteiramente de pé, ele não tem risco de cair; mas como está encima da esfera, um pouco que ele se incline, psttt, ele derrapa”. Assim está a alma no estado de perfeição. Posição firmíssima enquanto estiver inteiramente de pé, posição não firme desde que ela resolva não dar tudo, resolva não fazer tudo, em um pouco que seja ela começa a cair. Ela é como uma torre de firmeza enquanto dá tudo; se ela dá tudo menos 0,1 ela ... Os senhores podem imaginar o que é uma torre que balança? É como uma bengala que foi colocada em pé e cai. Cai inteira e se estratela.


Então nós compreendemos que nessas sociedades, que por causa dessas almas são capazes de subir muito mais, (...), pela falta dessas almas elas podem cair, mas cair muito mais fundo, porque quem não conheceu a Nosso Senhor cai de um tombo daqui até o chão, quem conheceu a Nosso Senhor cai de um tombo como do Himalaia até o mais fundo buraco da terra quando O abandona.


E os senhores podem calcular isso pela situação horrenda do padre apóstata. (...) Não há situação a seu modo mais bonita do que o religioso que fez os 3 votos; não há situação mais horrenda do que o padre que abandona o sacerdócio e do que o religioso que abandona a sua ordem. (...).


Cai, cai por inteiro e cai no fundo. (...) O anjo quando caiu no que é que deu? Os anjos eram tanto mais do que nós, não há uma harmonia no fato de quando eles caíram, caíram tão fundo? E que logo o anjo da luz, Lucifer, caísse aonde ele caiu? (...) Pois bem, nós, que procuramos em graus e ...... ser os que levam a luz, quando cairmos para onde é que nós vamos?


(...) Qual é o homem mais infame que existiu na História? Judas Iscariote. De onde ele saiu? Do primeiro grupo de bispos, do primeiro grupo de apóstolos, (...) do primeiro punhado de apóstolos, pessoalmente convidado por Nosso Senhor. O auge da virtude, o auge da perfeição recusado, prepara as condições para o auge da infâmia.


Então está na ordem das coisas que nas terras abençoadas aonde a Igreja Católica floresce, ou há uma tendência continua para subir, ou se essa tendência cessa, explode uma Revolução pior do que em qualquer outra terra de qualquer outro lugar. (...)


A Igreja Católica dá origem ao florescimento de toda espécie de virtude, mas também de um gênero de infames em que causa arrepio pensar. (...)


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Conversa de JC com os novatos da Saúde, 9/8/94:


Se um membro do Grupo não for inteiramente fiel às graças que lhe são dadas, ele se torna o pior inimigo que há, porque ele quando não aderir entrará nele o mistério da iniqüidade que nós comentamos no começo da reunião e ele vai se tornar um odiento tremendo, não há ódio mais terrível

D. O primeiro ato de Revolução Francesa dentro do Grupo: o “cuartelazo” dos agentes de JC na Argentina em 1992 – Nexo com um fato simbólico ocorrido no canadá

Grafonema de Dr. Plinio para Sr. StorniSão Paulo, 1/3/92Querido Storni:Recebi ontem, por volta das 22 horas, seu grafonema, datado do E. do Pilar (...).Você se afirma dolorido pela situação em que vê posta a TFP argentina. (...)Dolorido estou, também, entre outras razões, porque desde a fundação da TFP brasileira em 1960, não me vi em situação cuja gravidade nem de longe se pareça com esta.Com efeito, segundo narra seu grafonema, a razão da crise de insegurança torrencial, na qual se encontram estes excelentes e queridos jovens são: 1) a presença do Sr. Martin Viano em Buenos Aires (com o risco de atritos que levem a uma impossibilidade de colaboração), e, 2) a ausência de Buenos Aires, do Sr. Marcos Faes. Ora, dir-se-ia diante de tal quadro que em torno destes dois pontos gira o universo.Com efeito, imaginemos que o Sr. Faes morresse (o que Deus não consinta) em um desastre de avião, o que seria então do êremo do Pilar? Dissolver-se-ia por insegurança dos seus queridos membros? Ou, pelo contrário, eles confiariam em Nossa Senhora, que saberia e quereria encontrar outrem que, designado por quem de direito, e assistido por graças análogas às que tem recebido meu caro Faes, haveria de continuar a obra deste?Quando eu morrer (acontecimento como este pode ocorrer a qualquer momento, dada minha idade), espero que nas TFPs ninguém de desespere, e que continue para frente na Contra-Revolução, confiante em Nossa Senhora (1).Acresce que concretamente a atitude de insegurança incontida dos meus queridos eremitas do Pilar, pode ser viperinamente interpretada por terceiros como um ultimatum para a remoção de algo ou de alguém que não lhes agrade. E, assim, pode entrar nos usos das TFPs o sistema de “pronunciamentos” (no Brasil isto se chama de “quartelazo”). Deformadas assim as TFPs teríamos chegado --oh dolor!-- ao fim da Contra-Revolução no Século XX.E este fim teria sido nossos amigos que o teriam causado. E isto por razões pessoais: sim ou não para este ou aquele detentor da autoridade, como Martim Viano. (...)

Comentário:

  1. Quando Dr. Plinio faleceu, nenhum joanista se desesperou. Quando a JC lhe foi pedido que fosse coerente com suas palavras de submissão, obediência e disciplina em relação às autoridades TFP, os joanistas não confiaram em Nossa Senhora, se desesperaram e se revoltaram ...

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No dia seguinte a esse grafonema, no Canadá aconteceu um fato simbólico que, segundo tudo indica, teria muita relação com o “quartelazo” dado pelos joanistas na Argentina.


SD 4/3/92


Quebec, 3 março 1992

Grafonema urgente de Fernando Bueno para Sr. Dr. Plinio

Caríssimo Senhor, Salve Maria!

(...) Escrevo este relatório para atender seu pedido de um breve aperçu do ocorrido no jantar de ontem, 2 de março.

Estávamos no jantar solene que precede a leitura do texto da Reuniäo de Recortes. (...) contava eu aos rapazes que quando entrara para a TFP ficara muito impressionado com uma peça feita entäo pelo grupo de teatro da TFP e que era baseada em seu magnífico artigo de 10 de maio de 1970, pitorescamente batizado "Näo encontrei título para este artigo".

Encontrava-me em plena descriçäo do conteúdo do artigo, quando de súbito ouvimos um barulho de vidro quebrado vindo da cozinha. O rapaz que servia foi ver o que era e nos trouxe um copo de vidro partido longitudinalmente em dois pedaços. Tratava-se de um copo que se encontrava sobre a mesa antes e que havia sido levado para a cozinha por ter sofrido um golpe na parte de cima o que ocasionara que uma pequena partícula, como soe acontecer normalmente com os copos que alguém emborque ao contrário sobre a pedra (fato este que pude observar várias vezes servindo a mesa no S.Bento, porque esta é de pedra), se destacara caindo no líquido que enchia o copo. Este fato se deu no início do jantar, quer dizer uma meia hora antes. O copo estara entäo em repouso durante este tempo, meia hora, sem que nada se houvesse observado de anormal.

Impressionado comecei entäo a contar-lhes que normalmente quando um copo se quebrava assim na história da TFP sempre algo de excepcional havia se passado. Estava contando o caso do desfile do Rio de Janeiro e o fato acontecido na ocasiäo da morte do ex-presidente Costa e Silva, quando os dois pedaços que neste momento se encontravam sobre nossa mesa de jantar se estraçalharam diante de nossos olhos sem nenhuma causa aparente. Quando vimos isto decidimos ligar ao sr. para contar-lhe o ocorrido e pedir-lhe que rezasse sobretudo para que nossos santos protetores pedissem a Nossa Senhora para afastar algum perigo que ameace ao sr. Estávamos ligando para S. Paulo e já em contato com o sr. F. Antunez que se encontrava no expediente do sr. quando o copo estala mais uma vez partindo-se em 64 pedaços.

Tiramos fotografia e fizemos tudo o que o sr. nos recomendou fazer.





E. Ai daquele que incorra em divisões e brigas internas

Em novembro de 1994, houve um simpósio com os dirigentes do Grupo da Colômbia. Para melhor entendimento do que Dr. Plinio disse nessa ocasião, cabe lembrar:a) que nessa época a vida interna dessa TFP estava difícil; b) que o encarregado, Carlos Tejedor, achava que a solução era independizar-se da autoridade do Sr. Alfredo Mac Hale e colocar-se sob o mando de JC, sob pretexto de que o primeiro tem defeitos e o segundo é santo; c) que Tejedor é extremamente patioso.a) Reunião do dia 24/11/94:O fato concreto é que apesar disto vocês receberam o chamado, aceitaram o chamado e começaram a andar, passaram pela caminhada meio parecida com a dos judeus no deserto, meus filhos, não me queiram mal, mas vários de nós fizemos infidelidades parecidas como as dos judeus no deserto e Deus castigou sempre, mas castigou sempre. (...) Olhemos bem, porque individualmente a cada um de nós espera que prêmio, mas espera que castigo! Não sei se eu continuo claro.

Aparte: Na proporção com o chamado.


Em proporção com o chamado. Sobretudo para aqueles dentre nós que no momento, em vista de tudo que está se passando, em vez de darem um passo generoso, nessa hora enquanto tudo, até uma voz do Céu como a do Bem-aventurado Palau clama e nos convida para novas generosidades, e quando nós estamos vendo que esse mundo está caminhando para comer o próprio vômito, nós olhamos, e tomamos o partido do vômito e não o partido do Céu. Que castigo uma coisa dessas merece?É melhor nem pensar, e não estranhe quem levar um castigo desses na cabeça. Quer dizer, não reclame comigo, porque foi avisado.Tudo quanto nós fizemos é irreformável e Ela não é mãe de misericórdia, Ela nos olha com um olho frio, assistindo a sublimidade da justiça divina descarregar-se sobre nós. Acabou-se.Eu acho que isso é uma coisa que nós não podemos perder de vista.(...) Vamos voltar para nossa consciência: nesse momento em que Nosso Senhor estava morrendo, nós o que é estávamos fazendo?Estávamos no botequim tomando pinga, nos embebedando com as coisas mundanas, cuidando de carreira, fazendo briguinhas, brigando uns com os outros nós mesmos, rivalidades, trança-pés, ressentimentos por questões pessoais, tudo quanto há de mais sujo nós estávamos fazendo nessa hora.O resultado é que a cidade maldita ficou punida e nós não seríamos dos que escapariam na hora de chegarem os romanos, pelo contrário, sofreríamos com os membros da cidade maldita. Era bem merecido. Nós estaríamos entre os que mais sofreriam, porque estaríamos entre os chamados, e que por causa de uma coisa dessas deixar Nosso Senhor morrer como morre um gato sem fôlego e fomos para o nosso prazer.Nesse ponto eu quando vejo que irrompem mais ou menos entre todas as TFPs divisões, panelinhas, brigas e carreirosas, eu fico pensando: "Mas esses meus filhos estão loucos? Eles endoidaram? Como é que se pode compreender que uma coisa se dê de tal maneira que eles chegaram a esse extremo?"Quando eu penso neles na aurora da vocação, como eles eram no ápice da vocação, os serviços que prestaram e vejo depois como eles decaíram, me vem ao espírito o gemido do Antigo Testamento, não me lembro em que parte: "Quomodo obscuratum est aurum? - De que maneira é que o ouro escureceu, ficou um metal vil?". Aí nós temos exames de consciência muitos duros a fazer, mas muito duros.Bem, meus caros, eu termino uma longa exposição na qual eu fui franco o tempo inteiro e quero terminar no ápice da minha franqueza.Esse exame de consciência é uma obrigação. Ai daquele de nós que não faça esse exame de consciência direito, porque tem que pagar!b) Reunião do 25/11//95:A TFP internamente, meu filho, é toda pulchra quando a gente entra. Mas o demônio vai trabalhando para que ela vá parecendo não pulchra no decurso do tempo. De maneira que no começo a gente olha para os companheiros de vocação e tem impressão que são Serafins. Ao cabo de algum tempo o demônio trabalhou de tal maneira, que eles acabam sendo para nossa sensibilidade o desapontamento, a frustração. A gente olha para aquele e para aquele outro: "Aquele tem tal defeito, aquele outro tem tal, aquele outro tem tal".Como é que explica que uma conjugação de tanta gente defeituosa faz uma coisa tão esplêndida? Como é que o efeito tem qualidades que não estão na causa? Não há que reconhecer que esses defeitos muitas vezes existem, é fato, mas que é uma grave injustiça em pensar que eles são o aspecto preponderante?A meu ver há nisso uma grave injustiça, o demônio desfigura.

(Sr. -: O que o senhor dizia na reunião de ontem, como em vez de ver esse lado de filhos de Nossa Senhora, de filhos do senhor, amar o que o senhor ama nos filhos do senhor, nós por uma ação do demônio ficamos vendo só os defeitos, as microlices, as infidelidades, só isso.)

Por uma ação do demônio.Eu noto porque muitas vezes eu ajudo a evitar choques e vejo que cada um dos dois está-se olhando meio deformadamente. Não é de modo inteiramente deformado, mas meio deformadamente. Nesta meia deformação entra o demônio.[Nota: Aí entra o Coronel Poli para avisar que estava na hora de começar a reunião no ANSA. O simpósio para o Grupo da Colômbia estava sendo numa sala do Praesto Sum]. Aqui uma coisa característica: eu não tenho certeza, mas eu desconfio que mandaram a ele aqui para apressar um pouquinho, porque estão desconfiando que a reunião vai longe e evidentemente eles não querem. É uma pessoa esplêndida, mas esplêndida, que me dá continuamente um contentamento de primeira ordem, pelo qual eu dei graças a Nossa Senhora não sei quantas vezes.Quem o mandou eu não sei quem é, não tenho idéia, mas se for o Fulano é uma pessoa esplêndida também.Um esplêndido levado por um defeitinho manda um outro esplêndido fazer uma coisa que não é esplêndida. Eu vou dizer: "Estão atrapalhando nossa reunião. Deus está dando graças bem aceitáveis nessa reunião e vem esta atrapalhação? Eu protesto!". O demônio pegou em você.c) Reunião do 29/11/94:[A propósito das profecias do Beato Palau, vocês tomaram a seguinte atitude]: "Ahmmm! Deixa! Está bom, todo o mundo está contente! Por que é que eu não vou estar contente também?"Eu fico com vontade de dizer: Todo o mundo vai para o inferno, você quer ir para o inferno também?Eu tenho impressão que algum era capaz de dizer: "Bom, se vai todo o mundo, vou eu também."Bem, isso vocês notam também dentro de um lado que é a punição disso, é reflexo na vida interna de quase todo o Grupo. Quer dizer, as questõezinhas pequenas dentro do Grupo passam a parecer questões grandes. E as questões grandes passam a parecer coisas pequenas.O caso do Padre Palau impressiona enormemente menos do que se por exemplo, alguém quebrasse um espelho ou um membro do Grupo quebrasse um automóvel ou qualquer coisa."Eu já falei, é um estouvado! Você soube que fulano quebrou o espelho? Mas é isto!"O espelho podia encher um mês de maldição para o Grupo. De maldição. Porque é uma maldição a pessoa estar dando esta importância a bagatelas quando estão se passando coisas de uma importância enormemente maior e que a pessoa não quer ver.(...) [No começo da vocação, o amor de Deus levava a pessoa] a considerar e a contemplar coisas muito bonitas, e que participam de alguma maneira da via mística. Eram consolações de caráter espiritual que levavam a pessoa a se sentir às vezes, como que no paraíso. Aos poucos isso foi se apagando por falta de correspondência, pelo gosto, pela vontade de ser como todo o mundo e não ser diferente dos outros, viver de alegrias e de entusiasmos que os outros não têm porque não são capazes de ter. Mas viver naturalmente de sacrifícios que os outros não fazem.Essa vontade de ser como os outros, de ser um com o papel da bobina que nós sabemos bem para onde rola, porque não podemos deixar de saber. Isto é uma coisa que mostra bem o castigo que tivemos. Aos poucos esse maravilhoso foi se apagando.E [o maravilhoso foi sendo] substituído por uma visão que já não é mais angélica, mas é satânica. E uma visão satânica do dia cotidiano, uma visão baixa, egoística, vendo tudo pelo lado mais obscuro, como se as janelas da sede estivessem todas pretas, de vidro preto, de repente, tudo se vê de um modo errado, de um modo defeituoso, como não deve ser, etc., etc.E naturalmente, com isto os egoísmos se acirram muito.Não sei se entendem a palavra acirram? Azedam muito.Bom, e é como feras cujas unhas se limam nas pedras e depois se atacam. E o Grupo fica parecendo quase um dos pontos mais obscuros da Terra. O sujeito tem impressão de que fora do Grupo tudo é alegria, tudo é ordem, tudo é ar livre, tudo é normalidade. E que dentro do Grupo tudo é anormal.É claro. O Grupo está semi-infestado. Tem uma ação preternatural dentro disso. (...)Eu vou insistir um pouco --se não estou insistente demais-- sobre a questão da infestação.O que é que se chama infestação? É diferente de possessão. A possessão é o demônio que entra numa pessoa e toma conta dela, nem sempre é um pecador que é possuído pelo demônio, às vezes é uma pessoa boa mas que a Providência para provar essa pessoa permite que ela seja provada por possessões do demônio. (...)O que é que é uma infestação? É por exemplo, o demônio --que Deus nos livre-- estar presente aqui nessa sala e começar a produzir fatos como por exemplo, esse abajur vir até o alto do teto e depois cair, depois risadas dentro da sala que a gente não sabe explicar, não tem ninguém rindo aqui; depois um começo de incêndio no tapete, essas coisas assim que indicam uma ação de um espírito malfazejo que está presente lá, que tem poderes por sua natureza muito grandes e a quem Deus permite, para provação nossa, que ele use esses poderes contra nós.Então, por exemplo, faz parte da infestação --e o Beato Palau desenvolve bastante isso-- as doenças. Certas formas de doença que tem certas pessoas, são doenças meio nervosas e meio reais, quer dizer, vamos dizer, o sujeito quando vai andar doem-lhe os pés. Isso pode ser um incômodo nervoso pequeno, pode ser sintoma de uma doença grave, pode impedir o indivíduo de andar, etc.Esse é um fenômeno natural que pode ser causado por "n" causas, mas também pode ser uma infestação do demônio, uma ação dele sobre dois membros do corpo humano que ele torna especialmente sensíveis, vai deitar o peso sobre esses órgãos e naturalmente dói, então não pode andar.(...) Sobretudo quando são doenças caprichosas que passam e voltam sem razão definida. Quando voltam, voltam como um tornado, como um vento que entra pela janela de repente e quebra vários objetos na sala. Quando sai, sai inopinadamente, a pessoa nem percebe que saiu. Horas depois de ter sarado ela diz: "Ué? curioso, hoje eu estou tão bem."Ela vai ver quando, nem percebeu quando saiu. (...)O demônio primeiro apaga todas as consolações que Deus põe no ambiente e o indivíduo passa a sentir aquilo um lugar que começa tornar-se banal, ele vai, mas vai sem entusiasmo porque aqueles entusiasmos dos antigos tempos que eram fruto da graça passaram. E depois de ir sem entusiasmo ele começa --pela repetição-- a achar o lugar cacete, e o demônio acende para ele certas coisas que são como flashs ruins.O sujeito está andando na rua e vê por exemplo, de repente um que foi colega dele e que está passando num carro oficial porque está ocupando um lugar importante.Vem na frente dois ou três batedores de motocicleta para abrir o trânsito para ele não perder tempo, etc., etc. Ele passa e não nos vê ou finge que não nos vê. Nós nos sentimos desprezados. Isso era no caminho de nossa casa para o Grupo. Isso não tem nada que ver com o Grupo, mas fica alguma coisa no temperamento que é parecido a cócegas ou então a dentadas, a pessoa fica com aquilo coçando ou dentadas:"Aquele tipo, mas também porque razão é que eu também não ocupo uma posição como ele? É porque eu estou fazendo apostolado, esse apostolado não rende nada, eu estou perdendo o meu tempo. O verdadeiro o que eu faria seria se eu procurasse também por homens eminentes para me vender a esses homens eminentes, seria muito bom."Judas fez carreira com isso. Até o momento de se matar ele ia fazendo carreira."Então, isso pode ser muito bom, etc."Chega no Grupo começa a conversa e o indivíduo se sente gratuitamente muito mais importante do que os outros, e começa a bancar o entendido. Ele entende por exemplo muito bem, vamos dizer, de agricultura ou de automóveis, ou de apicultura. Ele entende muito bem disso e um outro dá uma opinião, ele fica aborrecido porque vê que a opinião do outro é errada em algum ponto, ou ele supõe que é errada. Em certo momento ele explode e diz: "Não é assim. Você está falando sobre coisas que você não sabe. Eu --eu, hein! eu, eu!-- sei o que é, isso é assim, assim, assado."Às vezes nem é, hein! Quem está megalando é o próprio sujeito.Cria-se entre dois uma tensão que aparentemente ainda é insignificante porque parece que os dois acham que dentro de dias passa. Mas, de fato, aquilo fica, porque se repete por casualidade aquilo de outra maneira com a mesma pessoa. Ao cabo de algum tempo são dois inimigos. E esses inimigos custam a se ver.Eles esqueceram completamente que são irmãos em Nossa Senhora, que devem perdoar-se mutuamente, "perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores", esqueceram completamente disso.E se a gente for falar com ele: "Olhe tem isso: perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores", etc., a resposta: "Mas aquele tipo o Sr. não sabe quem é, aquele não há o que perdoe nem nada, com aquele tipo só vai a brutalidade. Se não fosse o receio de que ele saia do Grupo, ele haveria de ver comigo."Em certo momento esse sujeito que começou com a mordida ou a cócega de não estar no automóvel oficial do outro, começa a querer freqüentar fora do Grupo, porque ao menos ali não tem as mordidas que tem dentro do Grupo, não tem as cócegas que tem dentro do Grupo.É verdade. Tem até as pseudo-consolações do demônio. Eu concordo perfeitamente.Bem, mas isso aqui são características da ação do demônio, que é uma ação súbita que quando vem, vem numa espécie de força de impacto muito grande. Age sobre os sentidos e a imaginação com uma espécie de suspensão mais completa ou menos do senso crítico moral, do direito que tem os outros e os direitos que nós temos; sobretudo os deveres que nós temos, tudo isso se afrouxa no espírito produzindo no fundo tristezas, mal-estares, desesperos e vontade brusca de abandonar a casa paterna.(...) A situação parece uma situação --em qualquer Grupo infestado assim-- sem remédio. A pessoa emprega quando tem uma certa boa vontade uns pequenos remédios, por exemplo, de repente é mais amável com aquele seu "inimigo". Mas o inimigo está num mau dia e responde de um modo grosseiro: "Está vendo? Com aquele tipo eu só posso agir com brutalidade."Essas coisas fracassam, porque nós temos que compreender que não estamos na via ordinária, que nós estamos numa via extraordinária, que nós participamos de uma graça profética e que isto tudo nos leva para um terreno novo. Máxime agora que esse terreno se desvendou a nós, porque a graça profética foi-me dada, é verdade, mas foi dado aos srs. de participarem dessa graça profética --e eu explico daqui a pouco como é essa participação-- e a difundirem em torno de si, para combater o demônio e o expulsar do mundo.O verdadeiro exorcismo é os srs. trazerem em torno de si a atmosfera de alegria, de bem estar, que traz atrás de si o conjunto de graças da vocação.Bem, vocês dizem por exemplo, que tem dificuldade em fixar as pessoas. Num ambiente infestado, como fixar?Quando os srs. entraram para o Grupo o ambiente não era infestado, senão os srs. não se teriam fixado. É muito bom que procurem tornar a sede mais atraente, mais bonita, mais confortável, tudo isso é excelente, eu aplaudo e abençôo de toda alma. Mas não esquecendo o principal, o principal é essa presença de uma infestação para a qual nós damos nosso consentimento.(...) Os srs. fazendo parte da TFP e vivendo habitualmente nesse clima de santa alegria, de santo bem estar ou de santa resignação, mas resignação em paz e não resignação furibunda. Os antigos romanos, gregos, sei lá o que, representavam o furor por uma deusa em que cada fio de cabelo era uma cobra, então os cabelos todos... os srs. podem imaginar como.

(Aparte: Medusa)

Medusa, chama isso? Então, não é como medusas.Mas é com esta santa alegria, essa santa paz que vocês vêem nas pessoas que são verdadeiramente piedosas, que tem essa abertura de alma assim, etc. Que às vezes, vocês vêem que levam uma vida de sacrifício, hein! Mas vocês vêem que elas têm em si essa ação do Espírito Santo.Então, que olhando para elas vocês compreendem que elas participam da graça do profetismo.O que é que é o profetismo? É a função de guiar os outros segundo uma comunicação de Deus e para os fins de Deus. E o profetismo diz respeito não só a Grupos pequenos, mas a coletividades, a toda humanidade.Vocês têm essa graça, mas se não fazem uso dessa graça ficam especialmente vítimas do demônio, e fica-lhes muito mais difícil do que um outro, se desfazerem do demônio. E isto leva ao estado de espírito que nós estamos comentando.